Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
editorial
. 2024 May 7;121(3):e20240175. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20240175
View full-text in English

O Impacto Das Doenças Cardiovasculares Nas Perdas Econômicas

Fátima Marinho 1,2,
PMCID: PMC11081202  PMID: 38775560

As doenças cardiovasculares (DCV) são um problema de saúde pública que impacta a saúde e a economia da população. É a principal causa de morte no mundo 1 No Brasil, as DCV têm sido a principal causa de morte, sendo a Cardiopatia Isquêmica e o acidente vascular cerebral as causas mais comuns, exceto durante os anos de pandemia (2020-2021), quando a COVID-19 foi a primeira causa de morte em homens e mulheres. 2

Qual é o impacto no trabalho produtivo e na economia? Como prevenir as DCV e a perda de saúde da população?

As DCV impactam significativamente a produtividade do trabalho, resultando em uma perda anual de produtividade de US$ 147 bilhões nos EUA. 3 Indivíduos com alto risco cardiovascular experimentam mais horas perdidas de trabalho e custos indiretos mais elevados em comparação com aqueles sem eventos cardiovasculares. Na Austrália, a investigação sobre a prevenção das doenças coronárias durante dez anos revelou que isso salvaria muitas vidas e quase 15 mil milhões de dólares em produto interno bruto (PIB). 4 Na União Europeia, 5 as DCV também tiveram um impacto significativo, com custos estimados em perdas de produtividade ascendendo a 48 mil milhões de euros (17%).

Na América do Sul, onde o impacto das DCV é particularmente pronunciado, os esforços para quantificar as consequências económicas destas doenças têm sido limitados. O estudo de Bandeira et al., 6 fornece uma contribuição valiosa para preencher esta lacuna, estimando os anos de vida produtiva perdidos (AVPP) e os custos económicos associados à mortalidade prematura por DCV em 2019.

É importante notar que existem algumas limitações na utilização de dados relacionados às DCV, que são cruciais para as políticas de saúde pública. Nem todos os países dispõem de dados fiáveis sobre a mortalidade por DCV. Entre 156 países, apenas 70% das mortes foram registadas e, destes, apenas 52% tiveram causas clinicamente certificadas. 7 Isto torna necessário confiar em estimativas das causas de morte.

A pesquisa conduzida por Bandeira et al., 6 utiliza dados do Global Burden of Disease Study 2019 , que é um banco de dados abrangente e amplamente utilizado. O estudo tem como objetivo estimar a carga de DCV na América do Sul. Fornece informações valiosas sobre o impacto económico das DCV na região, utilizando um proxy da abordagem do capital humano para cálculos monetários de perda de produtividade e revelou algumas conclusões significativas.

Em 2019, a América do Sul registrou 754.324 mortes atribuídas a DCV, o que resultou em um AVPP associado totalizando 2.040.973. A perda permanente total de produtividade foi estimada em aproximadamente 3,7 mil milhões de dólares em paridade de poder de compra. Esse valor equivale a 0,11% do PIB. Estes números destacam a enorme carga económica que as DCV impõem à região. Portanto, são necessárias intervenções e políticas específicas para resolver esta questão.

A importância de medir com precisão a carga das doenças não pode ser exagerada. Vale a pena notar os desafios e limitações associados à estimativa da carga da doença. A variabilidade na qualidade e disponibilidade dos dados entre países pode afetar a precisão e a comparabilidade das estimativas. Apesar desses desafios, o estudo de Bandeira et al., 6 demonstra a robustez das suas conclusões em diferentes cenários, proporcionando confiança na validade dos resultados. Isto sublinha a importância de investir na colheita de dados e na infraestrutura de análise para melhorar a precisão e a fiabilidade das estimativas da carga das doenças.

Concluindo, o estudo de Bandeira et al., 6 destaca a necessidade urgente de ação para abordar o impacto econômico das DCV na América do Sul. Ao medir com precisão a carga da doença e compreender as suas consequências económicas, os decisores políticos podem desenvolver estratégias específicas para reduzir o impacto das DCV nos indivíduos, nas comunidades e nos sistemas de saúde. 7 É essencial priorizar a prevenção, a detecção precoce e o tratamento das DCV para melhorar os resultados de saúde e reduzir o peso económico destas doenças na América do Sul.

A atividade física regular pode ajudar a reduzir os custos com saúde e melhorar a produtividade dos trabalhadores. Ao prevenir DCV por meio de mudanças no estilo de vida e gerir condições médicas, podemos desfrutar de uma vida melhor e de ganhos econômicos. Os empregadores também podem contribuir proporcionando um ambiente de trabalho saudável para o coração. A prevenção de doenças cardíacas pode resultar em ganhos significativos no PIB e no aumento da produtividade.

A redução das disparidades sociais através do investimento pode promover significativamente a saúde cardíaca, prevenir o sofrimento familiar, limitar a perda de produtividade e reduzir a morbidade. As desigualdades são os principais determinantes da perda de saúde. A promoção da igualdade terá um impacto positivo na saúde. Melhores resultados econônimos e educacionais para as famílias melhoram a saúde. Os problemas de saúde crônicos e as doenças não transmissíveis reduzem o rendimento dos grupos familiares, e o baixo nível socioeconômico leva a estas condições. 8 , 9

Footnotes

Minieditorial referente ao artigo: Estimativa de Produtividade Perdida Atribuída a Doenças Cardiovasculares na América do Sul

Referências

  • 1.Roth G, Mensah G, Fuster V. The Global Burden of Cardiovascular Diseases and Risks: A Compass for Global Action. J Am Coll Cardiol . 2020 Dec;76(25):2980–2981. doi: 10.1016/j.jacc.2020.11.021. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Oliveira GM, Brant L C, Polanczyk CA, Malta DC, Biolo A, Nascimento BR, et al. Cardiovascular Statistics - Brazil. In SciELO Preprints . 2023 doi: 10.1590/SciELOPreprints.7707. [DOI] [Google Scholar]
  • 3.Song X, Quek RG, Gandra SR, Cappell KA, Fowler R, Cong Z. Productivity loss and indirect costs associated with cardiovascular events and related clinical procedures. BMC Health Serv Res . 2015 Jun 25;15:245–245. doi: 10.1186/s12913-015-0925-x. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 4.Savira F, Wang BH, Kompa AR, Ademi Z, Owen AJ, Liew D, et al. The impact of coronary heart disease prevention on work productivity: a 10-year analysis. Eur J Prev Cardiol . 2020 doi: 10.1093/eurjpc/zwaa037. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 5.Fernandez RL, Attaei MW, Gray A, Torbica A, Maggioni AP, Huculeci R, et al. Economic burden of cardiovascular diseases in the European Union: a population-based cost study. Eur Heart J . 2023 Dec 1;44(45):4752–4767. doi: 10.1093/eurheartj/ehad583. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 6.Bandeira TF, Mosegui GB, Vianna CM, Gil AJ. Estimativa de Produtividade Perdida Atribuída a Doenças Cardiovasculares na América do Sul. Arq Bras Cardiol . 2024;121(3):e20230521. doi: 10.36660/abc.20230521. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 7.Adair T, Mikkelsen L, Hooper J, Badr A, Lopez AD. Assessing the policy utility of routine mortality statistics: a global classification of countries. Bull World Health Organ . 2023 Dec 1;101(12):777–785. doi: 10.2471/BLT.22.289036. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 8.Niessen LW, Mohan D, Akuoku JK, Mirelman AJ, Ahmed S, Koehlmoos TP, et al. Tackling socioeconomic inequalities and non-communicable diseases in low-income and middle-income countries under the Sustainable Development agenda. Lancet . 2018;391(10134):2036–2046. doi: 10.1016/S0140-6736(18)30482-3. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 9.Malta DC, Duncan BB, Barros MB, Katikireddi SV, Souza FM, Silva AG, et al. Fiscal austerity measures hamper noncommunicable disease control goals in Brazil. Ciênc Saúde Colet . 2018;23(10):3115–3122. doi: 10.1590/1413-812320182310.25222018. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2024 May 7;121(3):e20240175. [Article in English] doi: 10.36660/abc.20240175i

The Impact of Cardiovascular Disease on Economic Loss

Fátima Marinho 1,2,

Cardiovascular diseases (CVD) are a public health concern that impacts the population’s health and economy. It is the leading cause of death globally. 1 In Brazil, CVD has been the leading cause of death, with Ischemic Heart Disease and Stroke as the most common causes, except during the pandemic years (2020-2021) when COVID-19 was the first cause of death for men and women. 2

What is the impact on productive work and the economy? How can cardiovascular disease and its loss of health in the population be prevented?

CVD significantly impacts work productivity, resulting in $147 billion in lost productivity in the US annually. 3 Individuals with high cardiovascular risk experience more work loss hours and higher indirect costs compared to those without cardiovascular events. In Australia, research on preventing coronary heart disease for ten years revealed that it would save many lives and nearly USD 15 billion in gross domestic product (GDP). 4 In the European Union, 5 CVD has also had a significant impact, with estimated costs on productivity losses making up €48 billion (17%).

In South America, where the impact of CVD is particularly pronounced, efforts to quantify the economic consequences of these diseases have been limited. The study by Bandeira et al. 6 provides a valuable contribution to addressing this gap by estimating the years of productive life lost (YPLL) and associated economic costs of premature mortality from CVD in 2019.

It is important to note that there are some limitations to using data related to cardiovascular disease (CVD), which is crucial for public health policies. Not all countries have reliable data on cardiovascular disease mortality. Among 156 countries, only 70% of deaths were registered, and out of these, only 52% had medically certified causes. 7 This makes it necessary to rely on estimates of causes of death.

The research conducted by Bandeira et al. 6 utilizes data from the Global Burden of Disease Study 2019, which is a widely used and comprehensive database. The study aims to estimate the disease burden of cardiovascular disease (CVD) in South America. It provides valuable insights into the economic impact of CVD in the region by utilizing a proxy of the human capital approach for monetary calculations of productivity loss and has uncovered some significant findings.

In 2019, South America saw 754,324 deaths attributed to CVD, which resulted in an associated YPLL totaling 2,040,973. The total permanent productivity loss was estimated at approximately US$3.7 billion in purchasing power parity. This amount is equivalent to 0.11% of the GDP. These figures highlight the enormous economic burden that CVD imposes on the region. Therefore, targeted interventions and policies are necessary to address this issue.

The importance of accurately measuring the burden of disease cannot be overstated. It is worth noting the challenges and limitations associated with estimating the burden of disease. Variability in data quality and availability across countries can affect the accuracy and comparability of estimates. Despite these challenges, the study by Bandeira et al. 6 demonstrates the robustness of its findings across different scenarios, providing confidence in the validity of the results. This underscores the importance of investing in data collection and analysis infrastructure to improve the accuracy and reliability of the burden of disease estimates.

In conclusion, Bandeira et al. 6 study highlights the urgent need for action to address the economic impact of CVD in South America. By accurately measuring the burden of disease and understanding its economic consequences, policymakers can develop targeted strategies to reduce the impact of CVD on individuals, communities, and healthcare systems. 7 It is essential to prioritize prevention, early detection, and treatment of CVD to improve health outcomes and reduce the economic burden of these diseases in South America.

Regular physical activity can help reduce healthcare costs and improve worker productivity. By preventing CVD through lifestyle changes and managing medical conditions, we can enjoy a better life and annual savings. Employers can also contribute by providing a heart-healthy working environment. Preventing heart disease can result in significant gains in GDP and increased productivity.

Reducing social disparities through investment can significantly promote heart health, prevent family suffering, limit productivity loss, and reduce morbidity. Inequalities are the primary determinants of health loss. Promoting equality will have a positive impact on health. Better economic and educational outcomes for households enhance health. Chronic ill health and non-communicable diseases reduce the income status of households, and low socioeconomic status leads to these conditions. 8 , 9

Footnotes

Short Editorial related to the article: Estimated Loss of Productivity Attributed to Cardiovascular Diseases in South America


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES