Tabela 33. Principais variáveis do TCPE e respectivas interpretações 11 , 176 , 179 , 610 , 611 .
Parâmetros do TCPE | Sigla/abreviatura | Unidade | Interpretações |
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Consumo de oxigênio | VO2 | mL/kg/min | É definido como o volume de O2 extraído do ar inspirado em um determinado período de tempo. Pode ser obtido pela equação de Fick ( Figura 1 ). |
Consumo máximo de oxigênio previsto | VO2max previsto | mL/kg/min | Sugere-se utilização de tabelas de VO2max previsto por faixa etária e sexo, em população aparentemente saudável ou com cardiopatia ( Anexo 4 ). |
Consumo de oxigênio no pico do esforço | VO2pico | mL/kg/min | Nível máximo de VO2 medido durante o TCPE. Pode ser expresso como % do VO2max previsto (padrões de idade e sexo correspondentes). É considerado normal quando >20 mL/kg/min. Se >80% do previsto, indica aptidão cardiorrespiratória adequada. |
Consumo máximo de oxigênio | VO2max | mL/kg/min | Platô de VO2 obtido apesar do aumento da intensidade do esforço (esforço máximo). Pode ser expresso como % do VO2max previsto. |
Limiar ventilatório 1 /limiar anaeróbico | LV1/LA | mL/kg/min ou
% do VO2max previsto |
O LV1 corresponde ao valor do VO2 acima do qual a produção de energia passa a contar com crescente participação do metabolismo anaeróbico lático. Pode ser expresso como % do VO2max previsto (normalmente ocorre >40% do VO2pico). É o ponto a partir do qual ocorre aumento desproporcional de VEmin e VCO2 em relação ao VO2. |
Ventilação por minuto | VEmin | L/min | Ventilação (com base no volume corrente e frequência respiratória) durante o esforço. Em indivíduos saudáveis, o valor da VEmin é mais do que suficiente para manter a PaCO2 em qualquer carga de trabalho. Na insuficiência cardíaca, a perfusão pulmonar é alterada e a VEmin aumenta, o que se correlaciona com mau prognóstico. |
Equivalente ventilatório de O2 | VE/VO2 | - | VE/VO2 corresponde ao número de litros de ar que estão sendo respirados para cada litro de absorção de O2. |
Equivalente ventilatório de CO2 | VE/VCO2 | - | VE/VCO2 corresponde ao número de litros de ar que estão sendo respirados para eliminar 1 litro de CO2. Os valores normais são geralmente <30. |
Eficiência ventilatória (ventilação/produção de CO2) | Inclinação VE/VCO2 | - | Durante o TCPE incremental normal, a VEmin se correlaciona linearmente com o VCO2. A inclinação VE/VCO2 em indivíduos normais é de cerca de 25 a 30. Também chamada de eficiência ventilatória, aumenta na insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar e/ou doenças pulmonares intrínsecas e se correlaciona com o prognóstico. |
Inclinação da eficiência da captação do oxigênio | OUES | L/min | Relação logarítmica entre VO2 e VEmin durante o TCPE (VO2 = a log10 VEmin + b, onde a = valor de referência de OUES calculado). Quanto mais acentuada a inclinação, melhor a eficiência ventilatória. O valor de OUES depende da idade e da área de superfície corporal. Sugere-se expressar esse valor para a área de superfície corporal ou peso corporal. OUES/área de superfície corporal ≥1.200 ou OUES ≥35/peso corporal (kg) correlaciona-se com o VO2pico >80% do previsto. O valor de OUES diminui significativamente em crianças com CC e doença vascular pulmonar. |
Pulso de oxigênio | PuO2 | mL/kg/min/bpm | É obtido pela divisão do VO2 pela FC (VO2/FC), refletindo a quantidade de O2 que é transportada a cada sístole cardíaca, tendo relação direta com o volume sistólico, permitindo avaliar a função do ventrículo esquerdo. O valor absoluto normal do PuO2 é >80%. |
Quociente respiratório | QR | - | Também conhecido como razão de trocas respiratórias, corresponde à razão entre VCO2 e o VO2, permitindo identificar a intensidade do esforço e o macronutriente utilizado para gerar energia. O TCPE pode ser considerado máximo quando o QR é ≥1,10. |
Oximetria de pulso | SpO2 | % | Deve ser >95% ao longo do TE/TCPE. O declínio nos níveis de oxigenação da hemoglobina <90% indica capacidade prejudicada de aumentar adequadamente a transferência de oxigênio alvéolo-pulmonar para o capilar sanguíneo durante o esforço. A diminuição de ≥4% é considerada dessaturação, ocorrendo mais comumente em pacientes com anormalidade de difusão pulmonar. Outras anormalidades como shunts da direita para a esquerda ou incompatibilidade entre ventilação e perfusão, podem resultar em dessaturação associada ao esforço. |
Relação de consumo de oxigênio pela taxa de trabalho | ΔVO2/ΔWR | mL/min/W | Reflete a capacidade muscular de extrair O2 e gerar ATP. Em determinado momento do esforço, o achatamento da curva e/ou queda do valor do ΔVO2/ΔWR (<10 mL/min/W) sugerem problema no transporte de O2 (isquemia miocárdica/disfunção ventricular). |
Pressão parcial expiratória final de dióxido de carbono | PETCO2 | mmHg | Obtida a partir da medida da FECO2, refletindo a PaCO2. Durante o esforço, a PETCO2 aumenta de 3 a 8 mm e, subsequentemente, diminui levemente até o esforço máximo. O seu valor varia de 36 a 42 mmHg na ausência de doenças pulmonares. A PETCO2 medida no LV1 correlaciona-se com o DC, refletindo a gravidade da IC crônica. Valores reduzidos indicam incompatibilidade ventilação/perfusão e pior prognóstico. A PETCO2 <36 é encontrada na CC com shunt direita-esquerda, padrão ventilatório taquipneico e na IC com resposta atenuada do DC ao esforço. |
Ventilação voluntária máxima | VVM | L/min | É o volume máximo de ar em repouso mobilizado no esforço voluntário em um minuto. Pode ser calculada pelas fórmulas: no sexo feminino VVM = VEF1 X 35; no sexo masculino VVM = VEF1 X 40. |
Reserva ventilatória máxima | RV máxima | - | É a relação entre a VVM em repouso e a VEmin máxima no esforço. Crianças saudáveis têm uma RV de pelo menos 11 L/min ou 20 a 40% de sua VVM. RV máxima <30% sugere limitação ventilatória, sendo útil no diagnóstico diferencial de dispneia relacionada à IC e às doenças respiratórias crônicas. |
Volume expirado forçado no 1° segundo | VEF1 | % | VEF1 é o volume expirado medido no primeiro segundo durante a manobra de capacidade vital forçada (CVF – volume obtido em uma única inspiração máxima seguida de uma expiração também máxima). O VEF1 é uma das principais variáveis no diagnóstico de distúrbio ventilatório obstrutivo (asma esforço-induzido, broncoespasmo esforço-induzido etc.). |
TCPE: teste cardiopulmonar de exercício; O2: oxigênio; CO2: dióxido de carbono; PaCO2: pressão parcial de CO2; FC: frequência cardíaca; ATP: trifosfato de adenosina; VCO2: produção de dióxido de carbono; DC: débito cardíaco; CC: cardiopatia congênita; IC: insuficiência cardíaca; CFV: capacidade vital forçada.