Dasein ser-aí |
Heidegger concebe o ser humano como um ser que existe no mundo, um ser existencial lançado no mundo. Esta determinação aponta para uma estrutura ontológica(14). O Dasein é concebido antecipadamente como algo que está aí, e é um ser possível (p.147). O ser-poder essencial do Dasein diz respeito às formas de lidar com o “mundo”, à preocupação com os outros e ao ser-poder em relação a si mesmo(14,15). |
Ser-no-mundo |
Contém em si a relação da existência com o ser em sua totalidade. Dependendo do momento, esse conceito tem diferentes aspectos: a análise em relação ao mundo em sua mundanidade, o ser-no-mundo como co-ser e ser-si mesmo, e o ser-em, como tal(14,15). O mundo tem um significado existencial, no qual ocorrem novamente diferentes possibilidades: mundo pode significar o mundo “público” de nós ou o mundo “próprio” e circundante mais próximo (doméstico)(14). |
Ser-no-mundo “com” |
O mundo do Dasein é um mundo em comum. Estar dentro é co-estar com os outros(14). |
Existência autêntica |
É o ser que assume adequadamente a sua existência, responsabilizando-o por todas as formas de perceber a sua presença no tempo(29). O existente autêntico é o ser que decide por si mesmo, não se deixa influenciar pelos outros. Ele sabe que vai morrer, aceita a morte e isso não o impede de viver, não se angustia pensando na morte. O autêntico ser-aí permite ao ser viver com mais alegria(30). |
Existência inautêntica |
É o ser que ainda nega que vai morrer. Aí ele se sobrecarrega de coisas para sufocar dentro de si a ideia de morte(29). O ser inautêntico ignora a morte, e a ignorância gera angústia. A negação neurótica da morte manifesta-se na irritabilidade e em outras doenças(30). |
Angústia |
É um estado afetivo, que permite ao ser abrir-se a uma parte da realidade. Segundo Heidegger, a angústia gera abertura ao mundo como tal, e essa realidade ultrapassa o ser-aí. É uma experiência humana e complexa em que todos os sistemas nos quais a vida encontrou sentido entram em colapso. Algo que faz com que o mundo seja percebido como sem sentido. Na angústia, o ser percebe que não tem um destino definido, não tem onde se projetar e toma consciência de que é um ser livre. A liberdade aparece e o ser pode escolher como se desenvolver(14,15). Junto à liberdade vem a responsabilidade, pois cada ser percebe que as ações têm consequências. A angústia, segundo Heidegger, conecta o homem com seu ser-para a morte. O fenômeno da angústia é diferente do medo, porque emerge do próprio Dasein. O elemento ameaçador não se encontra em lugar nenhum, não sabemos o que é que nos angustia, o medo, que por outro lado, vem do intramundano(14,15). |
Ser-para-morte |
Dentro de todas as possibilidades do ser-aí, Heidegger analisa a possibilidade de morrer para o ser humano. E cada ser-aí, individual e irrepetível, pergunta pelo ser e é o ser-aí que morre. O Dasein sabe que a morte está dentro de suas possibilidades, e este é um fenômeno individual e intransferível(14). |
Cuidado (sorge) |
O cuidado é o sentido existencial do Dasein, do ser-aí(14,15). Para Heidegger, o cuidado (sorge) pode ser entendido como ocupação (besorgen) e como preocupação (fürsorge), sendo intrínseco ao ser e essencialmente indivisível(14). O cuidado como ocupação define um uso específico que o ser-aí faz daqueles outros seres que vêm ao seu encontro para seu uso, conferindo-lhes uma característica de utensílios ou de preocupação, explicitada na relação ou modo de ser de uma presença para com o outro, ou seja, uma espécie de relação de intersubjetividade. O cuidado como preocupação (fürsorge) revela-se no ser-com-o-outro(14,15). |