Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
. 2023 Apr 18;120(4):e20210462. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20210462
View full-text in English

Panorama das Intervenções Coronárias Percutâneas em Oclusões Totais Crônicas em Centros Participantes do LATAM CTO Registry no Brasil

Antonio Carlos Botelho da Silva 1, João Eduardo Tinoco de Paula 2, Carlos M Campos 3, Marcelo Harada Ribeiro 4, Evandro Martins Filho 5, Marcos Danillo Peixoto Oliveira 6, Leandro Assumpção Côrtes 7, Aníbal Pereira Abelin 8, Cleverson Neves Zukowski 9, Gustavo Cervino Martinelli 10, Fábio Sândoli de Brito 3,11, Antônio José Muniz 12, Marcelo José de Carvalho Cantarelli 13, Pedro Beraldo de Andrade 14, César Rocha Medeiros 15, Breno de Alencar Araripe Falcão 16, Felipe Costa Fuchs 17, Leonardo Sinnott Silva 18, Tammuz Fattah 19, Ramiro Caldas Degrazia 20,21,22, José Armando Mangione 23, Cristiano Guedes Bezerra 24, Sandra Baradel 25, João Brum Silveira 26, Luiz Fernando Ybarra 27, Daniel Weillenmann 28, Carlos Gottschall 29, Viviana Lemke 29, Franciele Rosa da Silva 30, Marcia Moura Schmidt 30, Karlyse Claudino Belli 30, Pedro Piccaro de Oliveira 31, Alexandre Schaan de Quadros 17,30,31
PMCID: PMC10263433  PMID: 37132671

Resumo

Fundamento

Tem sido observado um grande avanço nas técnicas e nos dispositivos para a realização de intervenções coronárias percutâneas (ICP) em oclusões totais coronarianas crônicas (OTC), mas existem poucos dados da prática do mundo real em países em desenvolvimento.

Objetivos

Relatar as características clínicas e angiográficas, os aspectos dos procedimentos e os resultados clínicos da ICP de OTC em centros dedicados a esse procedimento no Brasil.

Métodos

Os pacientes incluídos foram submetidos à ICP de OTC em centros participantes do LATAM CTO Registry, um registro multicêntrico latino-americano dedicado à coleta prospectiva desses dados. Os critérios de inclusão foram procedimentos realizados no Brasil, idade acima de 18 anos e presença de OTC com tentativa de ICP. A definição de OTC foi lesão de 100% em uma artéria coronária epicárdica, conhecida ou estimada como tendo pelo menos 3 meses de evolução.

Resultados

Foram incluídos dados de 1.196 ICPs de OTC. Os procedimentos foram realizados principalmente para controle da angina (85%) e/ou tratamento de uma grande área isquêmica (24%). A taxa de sucesso técnico foi de 84% e foi alcançada com técnicas de fios anterógrados em 81%, dissecção/reentrada anterógrada em 9% e retrógrada em 10% dos procedimentos. Os eventos cardiovasculares adversos intra-hospitalares ocorreram em 2,3% dos casos, sendo a mortalidade de 0,75%.

Conclusões

As OTC podem ser tratadas no Brasil por intervenção coronária percutânea de forma efetiva e com baixas taxas de complicações. O desenvolvimento científico e tecnológico observado nessa área na última década reflete-se na prática clínica de centros brasileiros dedicados a essa técnica.

Keywords: Doença da Artéria Coronariana, Intervenção Coronária Percutânea/tendências, Oclusão Coronária, Hospitais/tendências, Equipamentos e Provisões Hospitalares/tendências

Introdução

A oclusão coronariana crônica (OTC) tem grande prevalência, sendo encontrada em aproximadamente um em cada três pacientes submetidos à angiografia coronária diagnóstica e podendo chegar até 50% em estudos de pacientes com cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) prévia. A OTC é uma das causas mais frequente de revascularização incompleta. As intervenções coronárias percutâneas (ICP) em OTC têm sido tradicionalmente associadas com menores taxas de sucesso e mais complicações quando comparadas às ICP em estenoses com fluxo anterógrado. Esses aspectos estão relacionados às dificuldades técnicas em cruzar a oclusão com o fio-guia, mas também à maior complexidade angiográfica, ao maior perfil de risco e à presença de comorbidades.1-3 Nos últimos anos, tem sido observado um grande avanço nas técnicas e nos dispositivos para realizar a recanalização de uma OTC, com taxas de sucesso próximas de 90% em registros internacionais de ICP em OTC.4 No entanto, existem poucos dados contemporâneos sobre as características e resultados desses procedimentos na realidade brasileira. O objetivo deste estudo foi descrever as características clínicas e angiográficas, os aspectos dos procedimentos, as complicações e os desfechos clínicos de pacientes com OTC contemporaneamente submetidos à ICP no Brasil em centros dedicados à ICP em OTC.

Métodos

Pacientes

Os pacientes incluídos neste estudo foram submetidos à ICP para o tratamento de OTC em hospitais brasileiros participantes do LATAM CTO Registry, sendo os critérios de inclusão idade acima de 18 anos e presença de OTC com tentativa de ICP, indicada por médico assistente. Não houve exigências de volume mínimo de procedimentos nos centros participantes. A definição de OTC foi lesão de 100% em uma artéria coronária epicárdica, conhecida ou estimada como tendo pelo menos 3 meses de duração.5,6 Todas as decisões referentes às indicações e ao tratamento clínico dos pacientes foram realizadas pelos médicos assistentes, sem interferência dos pesquisadores, com termo de consentimento livre e esclarecido, e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Institucional.

Coleta e monitoramento dos dados

Os dados foram inseridos em um registro latino-americano multicêntrico de ICP em OTC iniciado pelo grupo de investigadores, com o apoio da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. O banco de dados foi gerenciado pelo centro coordenador por meio da plataforma Research Electronic Data Capture (REDCap),7 ferramenta aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Todos os investigadores receberam um manual com instruções padronizadas para a inclusão dos dados nas planilhas eletrônicas. O material teve como foco os objetivos de cadastro, o esclarecimento do processo de coleta e o armazenamento dos dados (computadores, tablets e/ou celulares, de acordo com a demanda de cada centro participante). Os centros receberam suporte on-line e telefônico para dúvidas de inclusão ou conclusão de casos e para feedbacks mensais para dados faltantes e valores discrepantes. Foram utilizadas regras internas de qualidade para aprimorar a qualidade do banco de dados por meio de análises descritivas dos dados, que eram resumidas e enviadas no formato de relatórios mensais de monitoria para os centros participantes.

Definições

A isquemia de grau moderado a severa foi definida como a presença de defeito perfusional por cintilografia, ecocardiografia de estresse ou ressonância magnética igual ou superior a 10%. A calcificação moderada/severa foi definida como um envolvimento de pelo menos 50% do vaso pela angiografia. A tortuosidade moderada/severa foi considerada quando eram observadas duas angulações de pelo menos 70º ou uma angulação de pelo menos 90º no vaso-alvo, no segmento proximal à OTC. Os cotos proximal e distal foram definidos como brusco ou afilado. Os vasos colaterais foram classificados como úteis para abordagem se considerados pelo operador como passíveis de cruzamento por um fio-guia e um microcateter e também através da classificação de Werner.8 As definições dos escores preditores de sucesso e complexidade J-CTO, PROGRESS, CL e ORA eram realizadas automaticamente conforme a inclusão das informações angiográficas e clínicas necessárias para seu cálculo.9-12

As seguintes estratégias foram consideradas para a realização dos procedimentos: (a) fios anterógrados: consistiu na tentativa de cruzar diretamente o segmento ocluído com o uso de diferentes fios-guia, de forma progressiva ou não; (b) dissecção e reentrada anterógrada: foi definida como um procedimento por abordagem anterógrada durante o qual o operador intencionalmente usou o espaço subintimal para superar parcial ou totalmente o segmento ocluído, com fios-guia ou dispositivos dedicados, reentrando no lúmen verdadeiro distalmente à oclusão; e (c) procedimento retrógrado: foi definido como uma tentativa de recanalização por um vaso colateral ou enxerto (ocluído ou não) que irriga um segmento distal à oclusão, podendo ser com técnicas de fios intraplacas ou dissecção e reentrada. O sucesso técnico foi definido como recanalização da OTC com implante de stent, fluxo final do Thrombolysis in Myocardial Infarction (TIMI) II/III e estenose residual menor que 30%. O sucesso do procedimento foi definido como a obtenção do sucesso técnico sem eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM).

Desfechos clínicos e complicações

Definiu-se ECAM como a combinação de morte, infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC). Caracterizou-se IAM de acordo com a versão mais recente da definição universal de IAM.13 O AVC foi definido como um novo déficit neurológico focal de início súbito e de causa irreversível presumivelmente cerebrovascular dentro de 24 horas e não causado por qualquer outra causa facilmente identificável.

As complicações do procedimento incluíram sangramento maior, perfuração coronária, tamponamento cardíaco e revascularização de urgência com ICP ou CRM. Um sangramento maior foi definido como qualquer sangramento com redução na hemoglobina > 3 g/dL, transfusão sanguínea ou intervenção cirúrgica. A perfuração coronária foi definida através da classificação de Ellis.14 O tamponamento cardíaco foi definido como comprometimento hemodinâmico causado por acúmulo agudo de sangue no espaço pericárdico. A revascularização de urgência foi definida como um procedimento realizado durante a internação sem planejamento prévio, para tratamento de angina e/ou isquemia recorrente.

Análise estatística

Foi efetuada uma análise descritiva dos dados. As variáveis contínuas paramétricas foram apresentadas como média ± desvio-padrão (DP), as variáveis não paramétricas foram apresentadas como mediana (intervalo interquartil), e as variáveis categóricas, como frequências absolutas e relativas. Todas as análises foram realizadas no software SPSS, versão 27.0. O teste estatístico empregado para verificação da normalidade dos dados foi o de Kolmogorov-Smirnov. O nível de significância estatística adotado foi < 0,05.

Resultados

Foram incluídos dados de procedimentos de 1.196 ICP em OTC realizadas em 26 hospitais brasileiros participantes do LATAM CTO Registry. A média de idade foi de 63,46±10,56 anos, sendo que a maioria dos pacientes era do sexo masculino, da raça branca e com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (Tabela 1). Mais de 1/3 dos pacientes apresentava diagnóstico de diabetes melito, metade tinha histórico de IAM, e mais da metade apresentava revascularização miocárdica percutânea ou cirúrgica prévia. A fração de ejeção média do ventrículo esquerdo foi de 55,50±12,18%. O controle da angina foi a mais frequente indicação dos procedimentos (85%), seguida do tratamento de isquemia moderada/severa (24%).

Tabela 1. – Características clínicas dos pacientes (n = 1.196).

Idade, anos 63,46±10,56
Sexo masculino 887 (74%)
Raça branca 869 (77%)
Hipertensão arterial sistêmica 1.064 (90%)
Dislipidemia 816 (69%)
Tabagismo ativo 177 (15%)
Diabetes melito 462 (39%)
História familiar positiva 394 (35%)
História médica pregressa
Infarto do miocárdio 529 (48%)
ICP 520 (47%)
Tentativa prévia de ICP em OTC 156 (13%)
Cirurgia de revascularização miocárdica 157 (14%)
Insuficiência cardíaca congestiva 132 (12%)
AVC 39 (3,5%)
Doença arterial periférica 142 (13%)
Doença renal crônica 82 (7,4%)
Fração de ejeção, % 55,50±12,18
Indicações do procedimento
Controle da angina 1.010 (85%)
Isquemia moderada/severa 284 (24%)
Insuficiência cardíaca 120 (10%)
Arritmia ventricular 11 (0,9%)
Outros 22 (1,9%)

ICP: intervenção coronária percutânea; OTC: oclusão total crônica; AVC: acidente vascular cerebral.

Em relação aos medicamentos utilizados no momento da ICP de OCT, a grande maioria dos pacientes estava em uso de mais de um antianginoso, predominando betabloqueador. Além disso, a maioria também utilizava dupla antiagregação plaquetária, inibidor da enzima conversora da angiotensina e estatinas (Tabela 2).

Tabela 2. – Tratamento clínico antes da ICP de OTC (n = 1.196).

Estatina 1.034 (87,9%)
IECA 478 (40,6%)
ARA II 457 (38,9%)
AAS 1.094 (93,0%)
Outro antiplaquetário 825 (70,2%)
Betabloqueador 838 (71,3%)
Nitrato 415 (35,3%)
Bloqueador canais de cálcio 205 (17,4%)
Trimetazidina 50 (4,3%)
Cumarínico 3 (0,3%)
NOAC 7 (0,6%)

AAS: ácido acetilsalicílico; IECA: inibidor da enzima conversora de aldosterona; ARA II: antagonista do receptor da angiotensina II; NOAC: novos anticoagulantes orais.

A artéria descendente anterior e a artéria coronária direita foram os principais vasos-alvo, com comprimento médio das lesões de 25±15 mm e coto proximal em ponta de lápis na maioria das lesões (Tabela 3). Foi observada calcificação moderada/severa em aproximadamente 1/3 dos pacientes e ausência de colaterais e/ou enxertos adequados para abordagem retrógrada em 43% dos casos. O escore médio dos pacientes estudados, medido com o escore J-CTO, foi de 1,84±1,18.

Tabela 3. – Características angiográficas (n = 1.196).

Vaso-alvo
Artéria descendente anterior 453 (39%)
Artéria coronária direita 476 (40%)
Artéria circunflexa 234 (20%)
Tronco da coronária esquerda 7 (0,6%)
Comprimento da lesão, mm 25,21±14,87
Coto proximal afilado 697 (60%)
Calcificação moderada/severa 176 (15%)
Tortuosidade moderada/severa 176 (15%)
Bifurcação no coto distal 360 (34%)
Ausência de colaterais para intervenção 493 (43%)
Tamanho das colaterais (escore de Werner)
0 238 (21%)
1 572 (51%)
2 283 (25%)
Reestenose intra-stent 158 (14%)
Escores de complexidade angiográfica
J-CTO 1,84±1,18
PROGRESS CTO 0,97±0,86
CL 2,81±1,57
ORA 1,04±0,68

Na Figura Central, observamos as taxas de sucesso de registros internacionais gerais. A taxa de sucesso técnico nos centros brasileiros foi de 84%, e o sucesso do procedimento ocorreu em 82% dos casos. A estratégia com maior taxa de sucesso foi a de fios anterógrados, sendo que as abordagens de dissecção e reentrada anterógrada e retrógrada foram utilizadas em aproximadamente 10% dos casos cada. Um único acesso femoral ocorreu em 26% dos procedimentos, e um único acesso radial, em 20% dos procedimentos. A injeção contralateral foi utilizada em metade dos casos, sendo que a combinação de vias de acesso principal foi a radial e femoral (27%), seguida de dois acessos femorais (22%). Um microcateter foi utilizado em 3/4 dos procedimentos, sendo que o microcateter Finecross® foi o mais frequente. Os fios-guia que mais frequentemente cruzaram as oclusões foram o Whisper® e o PT2®, sendo que a mediana do tempo para cruzar a oclusão foi baixa, em torno de 15 minutos. Foram implantados em média 1,98±1,19 stents farmacológicos por procedimento (Tabela 4). As taxas de ECAM e complicações na amostra foram baixas, aproximadamente 2% (Figuras 1 e 2).

Figura Central. : Panorama das Intervenções Coronárias Percutâneas em Oclusões Totais Crônicas em Centros Participantes do LATAM CTO Registry no Brasil.

Figura Central

Tabela 4. – Aspectos dos procedimentos (n = 1.196).

Via de acesso arterial
Radial-femoral 322 (27%)
Femoral isolada 307 (26%)
Bifemoral 259 (22%)
Radial isolada 236 (20%)
Birradial 49 (4%)
Injeção contralateral 631 (54%)
Tempo de cruzamento 15 min (8-33 min)
Fio-guia que cruzou a OTC
Whisper® 238 (28%)
PT2® 187 (22%)
Fielder FC® 63 (7,5%)
Runthrough NS® 45 (5,4%)
Progress 80® 41 (4,9%)
ProVia 9® 27 (3,2%)
Progress 40® 26 (3,1%)
MiracleBros 3® 23 (2,8%)
Confianza Pro 12® 21 (2,5%)
Progress 200T® 21 (2,5%)
Uso de microcateter 897 (75%)
Tipos de microcateter
Finecross® 478 (44%)
Balão over-the-wire 147 (18%)
Turnpike Spiral® 85 (8,4%)
Turnpike® 73 (6,8%)
Supercross® 42 (4,1%)
Outro (n = 832) 173 (21%)
Número de balões/procedimento 3,04±3,48
Stents/procedimento 1,98±1,19
Estratégia de sucesso
AW 795 (81%)
ADR 88 (9%)
Retrógrada 97 (10%)
Uso de estratégia retrógrada 166 (14%)
Aterectomia rotacional 28 (3%)
USIC 95 (10%)
Microcateter dedicado – CrossBoss® 36 (3,8%)
Balão dedicado – StinGray® 24 (2,6%)
Tempo de fluoroscopia, min 37,33±22,44
Volume contraste, mL 221,11±106,29
Sucesso técnico 84%
Sucesso clínico 82%

ADR: dissecção e reentrada anterógrada; AW: fios-guia anterógrados; USIC: ultrassom intracoronário; OTC: oclusão coronariana crônica.

Figura 1. – Taxas de eventos clínicos em 30 dias na população do estudo. AVC: acidente vascular cerebral; IAM: infarto agudo do miocárdio; MACE: eventos cardíacos adversos maiores.

Figura 1

Figura 2. – Taxas de complicações intra-hospitalares na população do estudo. ICP: intervenção coronariana percutânea; CRM: cirurgia de revascularização do miocárdio.

Figura 2

Discussão

Neste estudo, relatamos dados contemporâneas de ICP em OTC realizadas por centros brasileiros participantes do Registro Latino-Americano de OTC, incluindo dados clínicos e angiográficos, os aspectos do procedimento e os ECAM. Há amplo relato de dados desses procedimentos provenientes de países da América do Norte, Europa Ocidental e Japão,1,15-18 porém há uma escassez de informações em nosso meio. Nessa análise contemporânea representativa da prática brasileira, encontramos resultados encorajadores, com taxas de sucesso acima de 80% e baixas taxas de complicações e de ECAM. Também foi relevante a demonstração de que as principais indicações de realização das intervenções, angina e tratamento de isquemia miocárdica significativa, assim como o tratamento clínico recebido pelos pacientes antes das intervenções, estavam de acordo com as diretrizes.15,16 A presente análise é relevante por se tratar do primeiro relato da prática médica de centros de referência brasileiros no tratamento da ICP de OTC com as técnicas contemporâneas e a utilização das abordagens recomendadas pelos consensos internacionais.17

As indicações para realização de ICP de OTC foram recentemente questionadas por ensaios clínicos randomizados que não mostraram benefício desses procedimentos em redução de eventos cardiovasculares ou melhora da função ventricular, embora diversas limitações metodológicas tenham sido observadas nesses estudos.19-21 Por outro lado, a ICP em OTC melhorou significativamente os sintomas e a qualidade de vida quando comparada à terapia medicamentosa ideal em dois estudos randomizados recentes.22,23 Nesse contexto, é animador perceber que 85% dos procedimentos relatados no presente estudo tenham sido realizados para alívio de sintomas, refletindo uma grande aderência dos centros brasileiros às boas práticas clínicas e às diretrizes internacionais.

Embora a presença de uma OTC ocorra em até 18 a 52% das cineangiocoronariografias.19,24,25 a maioria dos casos não possui indicação clínica para intervenção. No entanto, um percentual desses pacientes apresenta angina significativa, refratária ao tratamento clínico e com comprometimento da qualidade de vida, ou necessita de intervenção na OTC como estratégia de revascularização completa em pacientes multiarteriais. Acreditamos que o presente relato demonstre a factibilidade de oferecer um tratamento efetivo para esses pacientes no Brasil com taxas satisfatórias de sucesso e baixo índice de complicações, em um contexto de mundo real.

Na Tabela 5, comparamos os resultados do tratamento de OTC em nosso meio com os registros contemporâneos da literatura, que categorizamos como Registros Nacionais de ICP em centros não selecionados quanto à expertise para ICP de OTC26,27 e Registros de ICP de OTC em centros dedicados a essas intervenções nos Estados Unidos, Europa, Japão e América Latina.2,4,10,28-31 Os dados dos registros de centros dedicados à ICP em OTC em países desenvolvidos demonstram taxas de sucesso superiores ao presente estudo, fato que pode ser explicado por terem sido realizadas por operadores de referência no contexto global e com ampla oferta de dispositivos e materiais para sua realização. Por outro lado, as taxas de sucesso em nosso meio, assim como no registro LATAM, foram superiores àquelas de Registros Nacionais de países desenvolvidos que não selecionaram somente centros dedicados à ICP de OTC, evidenciando já uma considerável expertise na realização de ICP em OTC em nosso meio.

Tabela 5. – Dados de Registros Nacionais de intervenções coronárias percutâneas (ICP) em centros não dedicados (ND) quanto à expertise para ICP de oclusão total crônica (OTC) e de Registros de ICP de OTC em centros dedicados (D) a essas intervenções nos Estados Unidos, Europa, Japão e América Latina e do presente estudo.

  n Sucesso ECAM Óbito
Registros Nacionais ND
NCDR26 22.365 59% 1,6% 0,4%
British Registry (2014)Cardiovascular (27) 28.050 67% 0,73% 0,2%
Registros de ICP de OTC D
OPEN CTO28 1.000 90% 7% 0.9%
PROGRESS4 3.055 87% 3% 0.85%
EURO CTO2 4.314 88% 0.5% 0.1%
RECHARGE10 1.253 89% 2.6% 0.2%
Japonês30 3.229 88% 0.5% 0.2%
LATAM31 1.040 81% 3% 1%
Brasil 1.196 82% 2,3% 0,75%

ECAM: eventos cardiovasculares adversos maiores; NCDR: National Cardiovascular Data Registry; OPEN CTO: Outcomes, Patient Health Status, and Efficiency in Chronic Total Occlusion Hybrid Procedures; EURO CTO: European Registry of Chronic Total Occlusion; RECHARGE: REgistry of Crossboss and Hybrid procedures in FrAnce, NetheRlands, BelGium and UnitEd Kingdom; LATAM: Registro Latino-Americano.

A complexidade das oclusões em nosso registro, conforme avaliada pela pontuação J-CTO, foi semelhante à de outros Registros dedicados a ICP de OTC, mas as informações dos Registros Nacionais de países desenvolvidos não estavam disponíveis. As taxas de complicações e ECAM em nosso meio também foram semelhantes entre os Registros dedicados ao tratamento de ICP de OTC. Essas comparações, embora coloquem em perspectiva a realidade brasileira e latino-americana com a prática médica de outros países, devem ser vistas com cautela em virtude de potenciais vieses na seleção de centros, aferição de eventos e outros fatores de confusão.

Conforme mencionado acima, nossas menores taxas de sucesso podem estar relacionadas a recursos mais limitados e diferentes fases da curva de aprendizado pelos centros e operadores participantes.32 Diferentemente de outros registros dedicados a ICP em OTC (Japão, Estados Unidos e Europa), em nosso meio e na experiência de centros da América Latina (da qual o Brasil também participa), não estabelecemos um número mínimo de casos por operador ou por centro para participar. Nosso objetivo foi mostrar um quadro da prática clínica em ICP de OTC no Brasil em serviços engajados no tratamento da OTC de forma dedicada, e todos os centros dispostos a participar foram incluídos. Nossos resultados podem, portanto, ser mais generalizáveis e representar a realidade da maioria dos serviços de cardiologia intervencionista com interesse em ICP de OTC.

O uso de microcateteres e injeções contralaterais são consideradas boas práticas em diversos documentos.1,4,26,28 O fato de apenas metade dos procedimentos em nosso estudo ter sido feita com injeção contralateral e apenas 2/3 usar microcateter pode refletir a curva de aprendizado em curso em nosso país. Embora um uso menor de microcateteres do que o recomendado possa estar relacionado a reembolso e questões financeiras, não existe esse problema em relação às injeções contralaterais, exceto a escolha do operador. Essas observações destacam a importância de uma educação continuada e treinamento adequado dos operadores dispostos a realizar ICP em OTC.

Limitações

Os dados incluídos foram reportados pelos centros, sem auditoria externa ou monitoramento no local, mas verificamos periodicamente o banco de dados em busca de outliers, valores espúrios e assimetrias em um esforço para melhorar a qualidade dos dados. Além disso, um dicionário de dados e um manual de instruções detalhado foram enviados a todos os investigadores para padronizar a coleta e minimizar sua variabilidade, sendo que também oferecemos suporte continuado aos centros para esclarecimento de dúvidas e auxílio nas coletas. A inclusão de pacientes por cada centro não foi necessariamente consecutiva, não sendo possível excluir um potencial viés de seleção. As características angiográficas e do procedimento não foram avaliadas de forma independente por um laboratório central, o que também pode ser considerado uma limitação. A avaliação dos sistemas de pontuação (escores) depende muito da realização da angiografia dupla, e seu uso em apenas metade dos casos pode ter superestimado os escores. Os resultados clínicos não foram adjudicados centralmente por um comitê de eventos central, mas definições padronizadas foram fornecidas aos centros através do manual do estudo.

Conclusões

As OTC podem ser tratadas no Brasil por ICP de forma efetiva, segura e com baixas taxas de complicações, em centros dedicados a esses procedimentos, refletindo o desenvolvimento científico e tecnológico observado nessa área na última década.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Aprovação ética e consentimento informado

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto de Cardiologia do RS/Fundação Universitária de Cardiologia sob o número de protocolo 5.121.428. Todos os procedimentos envolvidos neste estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo.

Fontes de financiamento: O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Referências

  • 1.Brilakis ES, Grantham JA, Rinfret S, Wyman RM, Burke MN, Karmpaliotis D, et al. A 5, percutaneous treatment algorithm for crossing coronary chronic total occlusions. JACC: Cardiovasc Interv. 2012;5(4):367–379. doi: 10.1016/j.jcin.2012.02.006. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Konstantinidis NV, Werner GS, Deftereos S, Di Mario C, Galassi AR, Buettner JH, et al. Temporal trends in chronic total occlusion interventions in Europe: 17626 procedures from the European Registry of Chronic total occlusion. Circ Cardiovasc Interv. 2018;11(10):e006229. doi: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.117.006229. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 3.Tajti P, Burke MN, Karmpaliotis D, Alaswad K, Werner GS, Azzalini L, et al. Update in the Percutaneous Management of Coronary Chronic Total Occlusions. JACC Cardiovasc Interv. 2018 Apr;11(7):615–625. doi: 10.1016/j.jcin.2017.10.052. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 4.Tajti P, Karmpaliotis D, Alaswad K, Jaffer FA, Yeh RW, Patel M, et al. The Hybrid Approach to Chronic Total Occlusion Percutaneous Coronary Intervention: Update From the PROGRESS CTO Registry. JACC Cardiovasc Interv. 2018;11(14):1325–1335. doi: 10.1016/j.jcin.2018.02.036. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 5.Ybarra LF, Rinfret S, Brilakis ES, Karmpaliotis D, Azzalini L, Grantham JA, et al. Definitions and Clinical Trial Design Principles for Coronary Artery Chronic Total Occlusion Therapies: CTO-ARC Consensus Recommendations. Circulation. 2021;143(5):479–500. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.120.046754. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 6.Di Mario C, Werner GS, Sianos G, Galassi AR, Büttner J, Dudek D, et al. European perspective in the recanalisation of Chronic Total Occlusions (CTO): consensus document from the EuroCTO Club. EuroIntervention. 2007;3(1):30–43. PMID: 19737682. [PubMed] [Google Scholar]
  • 7.Harris PA, Taylor R, Thielke R, Payne J, Gonzalez N, Conde JG. Research electronic data capture (REDCap)-A metadata-driven methodology and workflow process for providing translational research informatics support. J Biomed Inform. 2009;42(2):377–381. doi: 10.1016/j.jbi.2008.08.010. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 8.Werner GS, Ferrari M, Heinke S, Kuethe F, Surber R, Richartz BM, et al. Angiographic assessment of collateral connections in comparison with invasively determined collateral function in chronic coronary occlusions. Circulation. 2003;107(15):1972–1977. doi: 10.1161/01.CIR.0000061953.72662.3A. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 9.Morino Y, Abe M, Morimoto T, Kimura T, Hayashi Y, Muramatsu T, et al. Predicting successful guidewire crossing through chronic total occlusion of native coronary lesions within 30 minutes. JACC Cardiovasc Interv. 2011;4(2):213–221. doi: 10.1016/j.jcin.2010.09.024. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 10.Maeremans J, Walsh S, Kanaapen P, Spratt JC, Avran A, Hanratty CG, et al. The Hybrid Algorithm for Treating Chronic Total Occlusions in Europe: The RECHARGE Registry. J Am Coll Cardiol. 2016;68(18):1958–1970. doi: 10.1016/j.jacc.2016.08.034. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 11.Alessandrino G, Chevalier B, Lefèvre T, Sanguineti F, Garot P, Unterseeh T, et al. A Clinical and Angiographic Scoring System to Predict the Probability of Successful First-Attempt Percutaneous Coronary Intervention in Patients With Total Chronic Coronary Occlusion. JACC Cardiovasc Interv. 2015;8(12):1540–1548. doi: 10.1016/j.jcin.2015.07.009. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 12.Galassi AR, Boukhris M, Azzarelli S, Castaing M, Marzà F, Tomasello SD. Percutaneous Coronary Revascularization for Chronic Total Occlusions. JACC Cardiovasc Interv. 2016;9(9):911–922. doi: 10.1016/j.jcin.2016.01.036. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 13.Thygesen K, Alpert DJ, Jaffe AS, Chaitman BR, Bax JJ, Morrow DA, et al. Fourth Universal Definition of Myocardial Infarction. J Am Coll Cardiol. 2018;72(18):2231–2264. doi: 10.1016/j.jacc.2018.08.1038. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 14.Ellis SG, Ajluni S, Arnold AZ, Popma JJ, Bittl JA, Eigler NL, et al. Increased coronary perforation in the new device era: Incidence, classification, management, and outcome. Circulation. 1994;90(6):2725–2730. doi: 10.1161/01.cir.90.6.2725. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 15.Patel MR, Calhoon JH, Dehmer GJ, Grantham JA, Maddox TM, Maron DJ, et al. ACC/AATS/AHA/ASE/ASNC/SCAI/SCCT/STS 2017 Appropriate Use Criteria for Coronary Revascularization in Patients With Stable Ischemic Heart Disease. J Am Coll Cardiol. 2017;69(17):2212–2241. doi: 10.1016/j.jacc.2017.02.001. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 16.Neumann FJ, Sousa-Uva M, Ahlsson A, Alfonso F, Banning AP, Benedetto U, et al. 2018 ESC/EACTS Guidelines on myocardial revascularization. The Task Force on myocardial revascularization of the European Society of Cardiology (ESC) and European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS) G Ital Cardiol. 2019 7-8;20(Suppl 1):1S–61S. doi: 10.1714/3203.31801. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 17.Brilakis ES, Mashayekhi K, Tsuchikane E, Abi Rafeh N, Alaswad K, Araya M, et al. Guiding Principles for Chronic Total Occlusion Percutaneous Coronary Intervention: A Global Expert Consensus Document. Circulation. 2019;140(5):420–433. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.119.039797. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 18.Fefer P, Knudtson ML, Cheema AN, Galbraith PD, Osherov AB, Yalonetsky S, et al. Current perspectives on coronary chronic total occlusions: The Canadian multicenter chronic total occlusions registry. J Am Coll Cardiol. Mar 13;59(11):991–997. doi: 10.1016/j.jacc.2011.12.007. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 19.Lee SW, Lee PH, Ahn JM, Park DW, Yun SC, Han S, et al. Randomized Trial Evaluating Percutaneous Coronary Intervention for the Treatment of Chronic Total Occlusion: The DECISION-CTO Trial. Circulation. 2019;139(14):1674–1683. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.118.031313. PMID: 30813758. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 20.Henriques JPS, Hoebers LP, Råmunddal T, Laanmets P, Eriksen E, Bax M, et al. Percutaneous Intervention for Concurrent Chronic Total Occlusions in Patients With STEMI: The EXPLORE Trial. J Am Coll Cardiol. 2016;68(15):1622–1632. doi: 10.1016/j.jacc.2016.07.744. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 21.Mashayekhi K, Nührenberg TG, Toma A, Gick M, Ferenc M, Hochholzer W, et al. A Randomized Trial to Assess Regional Left Ventricular Function After Stent Implantation in Chronic Total Occlusion: The REVASC Trial. JACC Cardiovasc Interv. 2018;11(19):1982–1991. doi: 10.1016/j.jcin.2018.05.041. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 22.Werner GS, Martin-Yuste V, Hildick-Smith D, Boudou N, Sianos G, Gelev V, et al. A randomized multicentre trial to compare revascularization with optimal medical therapy for the treatment of chronic total coronary occlusions. Eur Heart J. 2018;39(26):2484–2493. doi: 10.1093/eurheartj/ehy220. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 23.Obedinskiy AA, Kretov EI, Boukhris M, Kurbatov VP, Osiev AG, Ibn Elhadj Z, et al. The IMPACTOR-CTO Trial. Vol. 11. JACC: Cardiovasc Intervent. 2018 Jul 9;11(13):1309–1311. doi: 10.1016/j.jcin.2018.04.017. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 24.Jeroudi OM, Alomar ME, Michael TT, El Sabbagh A, Patel VG, Mogabgab O, et al. Prevalence and management of coronary chronic total occlusions in a tertiary veterans affairs hospital. Catheter Cardiovasc Interv. 2014;84(4):637–643. doi: 10.1002/ccd.25264. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 25.Christofferson RD, Lehmann KG, Martin G V, Every N, Caldwell JH, Kapadia SR. Effect of chronic total coronary occlusion on treatment strategy. Am J Cardiol. 2005;95(9):1088–1091. doi: 10.1016/j.amjcard.2004.12.065. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 26.Brilakis ES, Banerjee S, Karmpaliotis D, Lombardi WL, Tsai TT, Shunk KA, et al. Procedural outcomes of chronic total occlusion percutaneous coronary intervention: A report from the NCDR (National Cardiovascular Data Registry) JACC Cardiovasc Interv. 2015;8(2):245–253. doi: 10.1016/j.jcin.2014.08.014. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 27.Kinnaird T, Gallagher S, Cockburn J, Sirker A, Ludman P, Belder M, et al. Procedural Success and Outcomes With Increasing Use of Enabling Strategies for Chronic Total Occlusion Intervention. Circ Cardiovasc Interv. 2018;11(10):e006436. doi: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.118.006436. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 28.Sapontis J, Salisbury AC, Yeh RW, Cohen DJ, Hirai T, Lombardi W, et al. Early Procedural and Health Status Outcomes After Chronic Total Occlusion Angioplasty: A Report From the OPEN-CTO Registry (Outcomes, Patient Health Status, and Efficiency in Chronic Total Occlusion Hybrid Procedures) JACC Cardiovasc Interv. 2017;10(15):1523–1534. doi: 10.1016/j.jcin.2017.05.065. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 29.Maeremans J, Walsh S, Knaapen P, Spratt JC, Avran A, Hanratty CG, et al. The Hybrid Algorithm for Treating Chronic Total Occlusions in Europe: The RECHARGE Registry. J Am Coll Cardiol. 2016;68(18):1958–1970. doi: 10.1016/j.jacc.2016.08.034. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 30.Habara M, Tsuchikane E, Muramatsu T, Kashima Y, Okamura A, Mutoh M, et al. Comparison of percutaneous coronary intervention for chronic total occlusion outcome according to operator experience from the Japanese retrograde summit registry. Catheter Cardiovasc Interv. 2016;87(6):1027–1035. doi: 10.1002/ccd.26354. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 31.Quadros A, Belli KC, Paula JE, Campos CA, Silva AC, Santiago R, et al. Chronic total occlusion percutaneous coronary intervention in Latin America. Catheter Cardiovasc Interv. 2020;96(5):1046–1055. doi: 10.1002/ccd.28744. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 32.Ybarra LF, Cantarelli MJ, Lemke VM, Quadros AS. Percutaneous Coronary Intervention in Chronic Total Occlusion. Arq Bras Cardiol. 2018;110(5):476–483. doi: 10.5935/abc.20180077. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2023 Apr 18;120(4):e20210462. [Article in English]

Overview of Percutaneous Coronary Interventions for Chronic Total Occlusions Treated at Brazilian Centers Participating in the LATAM CTO Registry

Antonio Carlos Botelho da Silva 1, João Eduardo Tinoco de Paula 2, Carlos M Campos 3, Marcelo Harada Ribeiro 4, Evandro Martins Filho 5, Marcos Danillo Peixoto Oliveira 6, Leandro Assumpção Côrtes 7, Aníbal Pereira Abelin 8, Cleverson Neves Zukowski 9, Gustavo Cervino Martinelli 10, Fábio Sândoli de Brito 3,11, Antônio José Muniz 12, Marcelo José de Carvalho Cantarelli 13, Pedro Beraldo de Andrade 14, César Rocha Medeiros 15, Breno de Alencar Araripe Falcão 16, Felipe Costa Fuchs 17, Leonardo Sinnott Silva 18, Tammuz Fattah 19, Ramiro Caldas Degrazia 20,21,22, José Armando Mangione 23, Cristiano Guedes Bezerra 24, Sandra Baradel 25, João Brum Silveira 26, Luiz Fernando Ybarra 27, Daniel Weillenmann 28, Carlos Gottschall 29, Viviana Lemke 29, Franciele Rosa da Silva 30, Marcia Moura Schmidt 30, Karlyse Claudino Belli 30, Pedro Piccaro de Oliveira 31, Alexandre Schaan de Quadros 17,30,31

Abstract

Background

Major advances have been seen in techniques and devices for performing percutaneous coronary interventions (PCIs) for chronic total occlusions (CTOs), but there are limited real-world practice data from developing countries.

Objectives

To report clinical and angiographic characteristics, procedural aspects, and clinical outcomes of CTO PCI performed at dedicated centers in Brazil.

Methods

Included patients underwent CTO PCI at centers participating in the LATAM CTO Registry, a Latin American multicenter registry dedicated to prospective collection of these data. Inclusion criteria were procedures performed in Brazil, age 18 years or over, and presence of CTO with PCI attempt. CTO was defined as a 100% lesion in an epicardial coronary artery, known or estimated to have lasted at least 3 months.

Results

Data on 1196 CTO PCIs were included. Procedures were performed primarily for angina control (85%) and/or treatment of moderate/severe ischemia (24%). Technical success rate was 84%, being achieved with antegrade wire approaches in 81% of procedures, antegrade dissection and re-entry in 9%, and retrograde approaches in 10%. In-hospital adverse cardiovascular events occurred in 2.3% of cases, with a mortality rate of 0.75%.

Conclusions

CTOs can be treated effectively in Brazil by using PCI, with low complication rates. The scientific and technological development observed in this area in the past decade is reflected in the clinical practice of dedicated Brazilian centers.

Keywords: Coronary Artery Disease, Percutaneous Coronary Intervention/trends, Coronary Occlusion, Hospitals/trends, Equipment and Supplies Hospital/trends

Introduction

The prevalence of chronic total occlusion (CTO) is high, with approximately one in three patients undergoing diagnostic coronary angiography, and may reach up to 50% in studies of patients with previous coronary artery bypass grafting (CABG). The condition is also one of the most frequent causes of incomplete revascularization. Percutaneous coronary intervention (PCI) for CTO has been traditionally associated with lower success rates and more complications compared to PCI for stenosis and antegrade flow. This is related to technical difficulties in crossing occlusion with the guidewire but also to greater angiographic complexity, higher risk profile, and presence of comorbidities.1-3 In recent years, major advances in techniques and devices to recanalize CTOs have been seen, with international CTO PCI registries reporting success rates near 90%.4 However, there are limited contemporary data on the characteristics and outcomes of these procedures in Brazil. This study aimed to describe the clinical and angiographic characteristics, procedural aspects, complications, and clinical outcomes of contemporary patients with CTO undergoing PCI at Brazilian centers dedicated to CTO PCI.

Methods

Patients

Included patients underwent PCI for treatment of CTO at Brazilian hospitals participating in the LATAM CTO Registry. The inclusion criteria were being 18 years of age or over and having CTO with PCI attempt indicated by the attending physician. There were no minimum procedural volume requirements for participating centers. CTO was defined as a 100% lesion in an epicardial coronary artery, known or estimated to have lasted at least 3 months.5,6 All decisions regarding patient indications and clinical treatment were made by the attending physicians, with no interference from the researchers. Informed consent was obtained, and the study was approved by a research ethics committee.

Data collection and monitoring

Data were included in a multicenter Latin American CTO PCI registry initiated by the group of investigators with support of the Brazilian Society of Hemodynamics and Interventional Cardiology. The database was managed by the coordinating center using Research Electronic Data Capture (REDCap),7 an application approved by the Brazilian Health Regulatory Agency (Anvisa).

All investigators received a manual with standardized instructions for entering data into electronic spreadsheets. The material focused on registry objectives, data collection, and storage processes (computers, tablets, and/or cell phones, according to the needs of each participating center). The centers received online and telephone support for questions regarding inclusion or completion of cases and monthly feedback for missing data and outliers. Internal quality rules were used to improve the quality of the database, consisting of descriptive analyses of the data, which were summarized and submitted as monthly monitoring reports to the participating centers.

Definitions

Moderate-to-severe ischemia was defined as the presence of a perfusion defect detected by scintigraphy, stress echocardiography, or magnetic resonance imaging equal to or greater than 10%. Moderate/severe calcification was defined as at least 50% vessel involvement detected by angiography. Moderate/severe tortuosity was considered when two angulations of at least 70 degrees or one angulation of at least 90 degrees were observed in the target vessel, more specifically in the segment proximal to the CTO. Proximal and distal stumps were defined as blunt or tapered.Collateral vessels were classified as useful for the approach if considered, by the operator, crossable by a guidewire and a microcatheter, and also according to Werner classification.8 Scoring systems for predicting success and complexity — J-CTO, PROGRESS, CL, and ORA scores — were used automatically according to the inclusion of angiographic and clinical information required for their calculations.9-12

The following strategies were considered for performing the procedures: (a) antegrade wires consisted of an attempt to directly cross the occluded segment using different guidewires, either progressively or not; (b) antegrade dissection and re-entry (ADR) was defined as an antegrade procedure during which the operator intentionally used the subintimal space to partially or completely pass the occluded segment with guidewires or dedicated devices, re-entering the true lumen distally to the occlusion; and (c) retrograde procedure was defined as an attempt at recanalization using a collateral vessel or graft (either occluded or not) that irrigates a segment distal to the occlusion, which could be done using intraplaque wire techniques or dissection and re-entry. Technical success was defined as CTO recanalization with stent implantation, final TIMI grade II/III flow, and residual stenosis lower than 30%. Procedural success was the achievement of technical success without major adverse cardiovascular events (MACEs).

Clinical outcomes and complications

MACE was defined as a composite of death, myocardial infarction (MI), and stroke. MI was characterized according to the most recent version of the universal definition.13 Stroke was defined as a new, sudden-onset focal neurological deficit of irreversible, presumably cerebrovascular cause within 24 hours and not caused by any other easily identifiable cause.

Procedural complications included major bleeding, coronary perforation, cardiac tamponade, and urgent revascularization with PCI or CABG. Major bleeding was defined as any bleeding with reduced hemoglobin > 3 g/dl, blood transfusion, or surgical intervention. Coronary perforation was defined according to the Ellis classification.14 Cardiac tamponade was defined as hemodynamic compromise caused by acute accumulation of blood in the pericardial space. Urgent revascularization was defined as an unplanned procedure performed during hospitalization for treatment of angina and/or recurrent ischemia.

Statistical analysis

A descriptive analysis of the data was performed. Parametric continuous variables were reported as mean ± standard deviation (SD); nonparametric variables as median (interquartile range); and categorical variables as absolute and relative frequencies. All analyses were performed on SPSS 27.0. The Kolmogorov-Smirnov test was used to ascertain data normality. The significance level was set at <0.05.

Results

Data on 1,196 CTO PCI procedures performed at 26 Brazilian hospitals participating in the LATAM CTO Registry were included. The mean age was 63.46±10.56 years, and most patients were male, White, and had a diagnosis of hypertension (Table 1). More than a third of patients had a diagnosis of diabetes mellitus, half had a history of MI, and more than half had previous percutaneous or surgical myocardial revascularization. The mean left ventricular ejection fraction was 55.50±12.18%. Angina control was the most frequent indication for procedures (85%), followed by treatment of moderate/severe ischemia (24%).

Table 1. – Patients’ clinical characteristics (n = 1196).

Age, years 63.46±10.56
Male 887 (74%)
White 869 (77%)
Hypertension 1,064 (90%)
Dyslipidemia 816 (69%)
Active smoking 177 (15%)
Diabetes mellitus 462 (39%)
Positive family history 394 (35%)
Past medical history
Myocardial infarction 529 (48%)
PCI 520 (47%)
Previous attempt at CTO PCI 156 (13%)
Coronary artery bypass grafting 157 (14%)
Congestive heart failure 132 (12%)
Stroke 39 (3.5%)
Peripheral arterial disease 142 (13%)
Chronic kidney disease 82 (7.4%)
Ejection fraction, % 55.50±12.18
Procedural indications
Angina control 1010 (85%)
Moderate/severe ischemia 284 (24%)
Heart failure 120 (10%)
Ventricular arrhythmia 11 (0.9%)
Other 22 (1.9%)

PCI: percutaneous coronary intervention; CTO: chronic total occlusion.

Regarding medications at the time of CTO PCI, the vast majority of patients were taking more than one antianginal drug, predominantly beta-blockers. Most were also on dual antiplatelet therapy, angiotensin-converting enzyme inhibitors, and statins (Table 2).

Table 2. – Clinical treatment before CTO PCI (n = 1196).

Statin 1034 (87.9%)
ACEI 478 (40.6%)
ARA II 457 (38.9%)
ASA 1094 (93.0%)
Other antiplatelet 825 (70.2%)
Beta-blocker 838 (71.3%)
Nitrate 415 (35.3%)
Calcium-channel blocker 205 (17.4%)
Trimetazidine 50 (4.3%)
Coumarin 3 (0.3%)
NOAC 7 (0.6%)

AAS: acetylsalicylic acid; ACEI: angiotensin-converting enzyme inhibitor; ARA II: angiotensin II receptor antagonist; NOAC: novel oral anticoagulants.

The left anterior descending artery and the right coronary artery were the most common target vessels, with a mean lesion size of 25±15 mm and a proximal stump shaped like a pencil tip in most lesions (Table 3). Moderate/severe calcification was observed in approximately one third of patients, and 43% had no collaterals and/or grafts suitable for a retrograde approach. The mean J-CTO score in the study patients was 1.84±1.18.

Table 3. – Angiographic characteristics (n = 1196).

Target vessel
Left anterior descending artery 453 (39%)
Right coronary artery 476 (40%)
Circumflex artery 234 (20%)
Left main coronary artery 7 (0.6%)
Lesion size, mm 25.21±14.87
Tapered proximal stump 697 (60%)
Moderate/severe calcification 176 (15%)
Moderate/severe tortuosity 176 (15%)
Distal stump bifurcation 360 (34%)
No collaterals for intervention 493 (43%)
Collateral channel size (Werner score)
0 238 (21%)
1 572 (51%)
2 283 (25%)
In-stent restenosis 158 (14%)
Angiographic complexity scores
J-CTO score 1.84±1.18
PROGRESS CTO score 0.97±0.86
CL score 2.81±1.57
ORA score 1.04±0.68

The Central Figure shows success rates in general international registries. Technical success rate at Brazilian centers was 84%, and procedural success was 82%. The strategy showing the highest success rate was that of antegrade wires, with ADR and retrograde approaches being used in approximately 10% of cases each. A single femoral access was used in 26% of the procedures, and a single radial access in 20%. A contralateral injection was used in half of all cases, and the most commonly combined access sites were radial and femoral (27%), followed by bifemoral (22%). A microcatheter was used in three quarters of the procedures—the Finecross® microcatheter was the most frequent. Whisper® and PT2® were the guidewires that most frequently crossed the occlusions, and the median crossing time was around 15 minutes, which is considered short. An average of 1.98±1.19 drug-eluting stents were implanted per procedure (Table 4). MACE and complication rates were approximately 2%, which is low (Figures 1A and 1B).

Central Illustration. : Overview of Percutaneous Coronary Interventions for Chronic Total Occlusions Treated at Brazilian Centers Participating in the LATAM CTO Registry.

Central Illustration

Table 4. – Procedural aspects (n = 1196).

Arterial access site
Radial and femoral 322 (27%)
Femoral alone 307 (26%)
Bifemoral 259 (22%)
Radial alone 236 (20%)
Biradial 49 (4%)
Contralateral injection 631 (54%)
Crossing time 15 min (8-33 min)
Guidewire crossing CTO
Whisper® 238 (28%)
PT2® 187 (22%)
Fielder FC® 63 (7.5%)
Runthrough NS® 45 (5.4%)
Progress 80® 41 (4.9%)
ProVia 9® 27 (3.2%)
Progress 40® 26 (3.1%)
MiracleBros 3® 23 (2.8%)
Confianza Pro 12® 21 (2.5%)
Progress 200T® 21 (2.5%)
Use of microcatheter 897 (75%)
Types of microcatheter
Finecross® 478 (44%)
Over-the-wire balloon 147 (18%)
Turnpike Spiral® 85 (8.4%)
Turnpike® 73 (6.8%)
Supercross® 42 (4.1%)
Other (n = 832) 173 (21%)
Number of balloons/procedure 3.04±3.48
Stents/procedure 1.98±1.19
Successful strategy
AW 795 (81%)
ADR 88 (9%)
Retrograde 97 (10%)
Use of retrograde strategy 166 (14%)
Rotational atherectomy 28 (3%)
IVUS 95 (10%)
Dedicated microcatheter – CrossBoss® 36 (3.8%)
Dedicated balloon – StinGray® 24 (2.6%)
Fluoroscopy time, min 37.33±22.44
Contrast volume, ml 221.11±106.29
Technical success 84%
Clinical success 82%

ADR: antegrade dissection and re-entry; AW: antegrade wire; IVUS: intravascular ultrasound.

Figure 1. – Thirty-day clinical event rates in the study population. MI: myocardial infarction; MACE: major adverse cardiovascular event.

Figure 1

Discussion

In this study, we report contemporary CTO PCI data from Brazilian centers participating in the LATAM CTO Registry, including clinical and angiographic characteristics, procedural aspects, and MACEs. There is a broad collection of reports on these procedures from North America, Western Europe, and Japan,1,15-18 but Brazil still lacks information. In this contemporary analysis of Brazilian practice, we found encouraging results, with success rates above 80% and low rates of complications and MACEs. Also relevant was the demonstration that the main indications for performing interventions—angina control and treatment of significant myocardial ischemia—, as well as the clinical treatment received by patients before the interventions, were in accordance with current guidelines.15,16 The present analysis is the first medical practice report of Brazilian centers of excellence in CTO PCI using contemporary techniques and approaches recommended by international consensus groups.17

The indications for CTO PCI were recently questioned by randomized clinical trials that did not show the benefit of these procedures in reducing cardiovascular events or improving ventricular function, although several methodological limitations were observed in those studies.19-21 Conversely, CTO PCI significantly improved symptoms and quality of life compared to optimal drug therapy in two recent randomized trials.22,23 Therefore, we are encouraged to report that 85% of the procedures in the present study were performed to relieve symptoms, which reflects substantial adherence of Brazilian centers to good clinical practices and international guidelines.

Although CTO is found in up to 18-52% of coronary angiograms,19,24,25 most cases have no clinical indication for intervention. However, some of these patients have significant angina, refractory to clinical treatment and impairing quality of life, while those with multivessel disease require CTO intervention as a complete revascularization strategy. We believe that the present report demonstrates feasibility of providing an effective treatment for these patients in Brazil, with satisfactory success rates and low complication rates in a real-world context.

Table 5 compares CTO treatment outcomes in our setting with those of contemporary literature, which we categorized as national registries of nondedicated CTO PCI centers26,27 and registries of dedicated CTO PCI centers in the United States (US), Europe, Japan, and Latin America.2,4,10,28-31 Data from dedicated CTO PCI centers in developed countries demonstrate success rates higher than those of the present study, which can be explained by procedures being performed by experienced operators in the global context using a wide range of devices and materials. Conversely, success rates in our study, as well as in the LATAM registry, were higher than those of national registries of developed countries not restricted to dedicated CTO PCI centers, which shows considerable CTO PCI expertise in our setting.

Table 5. – Data from national registries of nondedicated (ND) CTO PCI centers and from registries of dedicated (D) CTO PCI centers in the USA, Europe, Japan, and Latin America, and from the present study.

  n Sucesso ECAM Óbito
National registries
NCDR26 22.365 59% 1,6% 0,4%
British Registry (2014)Cardiovascular (27) 28.050 67% 0,73% 0,2%
CTO PCI registries
OPEN CTO28 1.000 90% 7% 0.9%
PROGRESS4 3.055 87% 3% 0.85%
EURO CTO2 4.314 88% 0.5% 0.1%
RECHARGE10 1.253 89% 2.6% 0.2%
Japanese registry30 3.229 88% 0.5% 0.2%
LATAM31 1.040 81% 3% 1%
Brazil 1.196 82% 2,3% 0,75%

CTO: chronic total occlusion; PCI: percutaneous coronary intervention; MACE: major adverse cardiovascular event; NCDR: National Cardiovascular Data Registry; OPEN CTO: Outcomes, Patient Health Status, and Efficiency in Chronic Total Occlusion Hybrid Procedures; EURO CTO: European Registry of Chronic total occlusion; RECHARGE: REgistry of CrossBoss and Hybrid procedures in FrAnce, NetheRlands, BelGium and UnitEd Kingdom; LATAM: Latin American registry.

Occlusion complexity in our registry, as assessed by the J-CTO score, was similar to that of other dedicated CTO PCI registries, but information from national registries of developed countries was not available. The rates of complications and MACEs in our setting were also similar to those of dedicated CTO PCI registries. These comparisons, although putting Brazilian and Latin American practices into perspective against medical practice in other countries, should be viewed with caution because of potential biases in center selection, event measurement, and other confounding factors.

As we mentioned above, our lower success rates may be related to more limited resources and different stages of the learning curve shown by participating centers and operators.32 Unlike other dedicated CTO PCI registries (Japan, US, and Europe), we did not establish a minimum number of cases per operator or per center to participate in our study, similar to the experience of other Latin American centers. Our objective was to show an overview of CTO PCI practice at Brazilian services dedicated to CTO treatment, and all centers willing to participate were included. Our results may therefore be more generalizable and represent the reality of most interventional cardiology services that perform CTO PCI.

Microcatheters and contralateral injections are considered good practices in several reports.1,4,26,28 The fact that only half of the procedures in our study were performed with a contralateral injection and only two thirds used a microcatheter may reflect the ongoing learning curve in our country. Although the use of microcatheters below recommendations may be related to reimbursement and financial issues, this is not the case with contralateral injections, which are used at the discretion of the operator. These observations highlight the importance of continuing education and adequate training for operators willing to perform CTO PCI.

Figure 2. – In-hospital complication rates in the study population. PCI: percutaneous coronary intervention; CABG: coronary artery bypass grafting.

Figure 2

Limitations

Included data were reported by the participating centers, with no external auditing or onsite monitoring, but we periodically checked the database for outliers, spurious data, and asymmetries in an effort to improve data quality. Additionally, a data dictionary and a detailed instruction manual were sent to all investigators to standardize data collection and minimize variability. We also provided continuous support to the centers that had questions and needed help with collections. Patient inclusion by each center was not necessarily consecutive; thus, we cannot exclude a potential selection bias. Angiographic and procedural characteristics were not independently evaluated by a central laboratory, which may also be considered a limitation. Evaluation of the scoring systems depends largely on the performance of dual injection angiography; however, this was used in only half of cases, which may have overestimated the scores. Clinical outcomes were not adjudicated centrally by a clinical event committee, but standardized definitions were provided to centers in the study manual.

Conclusions

CTOs can be treated effectively and safely at Brazilian centers dedicated to CTO PCI, with low complication rates. This reflects the scientific and technological development observed in this area in the past decade.

Study association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Ethics approval and consent to participate

This study was approved by the Ethics Committee of the Instituto de Cardiologia do RS/Fundação Universitária de Cardiologia under the protocol number 5.121.428. All the procedures in this study were in accordance with the 1975 Helsinki Declaration, updated in 2013. Informed consent was obtained from all participants included in the study.

Sources of funding: There were no external funding sources for this study.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES