Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
. 2023 Feb 10;120(2):e20220247. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20220247
View full-text in English

Estatísticas Cardiovasculares do Programa Boas Práticas em Cardiologia – Dados de um Hospital Público Terciário Brasileiro

Luiz Guilherme Passaglia 1, Marina Lírio Resende Cerqueira 2, Mariana Martins Pires 2, Lucas Vieira Chagas 2, Carolina Teixeira Cunha 3, Erika Nunes de Oliveira Rodrigues 3, Flávia Mariana Mendes Diniz 3, Darkiane Fernandes Ferreira 3, Monique Rocha Nogueira 3, Gisia Teodoro Braga 3, Fábio P Taniguchi 4, Antonio Luiz Pinho Ribeiro 5
PMCID: PMC10263458  PMID: 36856240

Resumo

Fundamento

O Programa Boas Práticas em Cardiologia é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) destinada à melhoria do cuidado cardiovascular nos hospitais públicos brasileiros.

Objetivos

Descrever características dos pacientes internados com Síndrome Coronariana Aguda (SCA) e Insuficiência Cardíaca (IC) e avaliar os indicadores de desempenho alcançados nos braços (SCA e IC) em um hospital público terciário, com uma meta pré-estabelecida de 85% de aderência às recomendações da SBC.

Métodos

Estudo do tipo transversal descritivo realizado por meio da coleta de dados de pacientes que estiveram internados entre maio de 2016 e setembro de 2019.

Resultados

Foram incluídos 1036 pacientes, 273 pacientes no braço IC e 763 no braço SCA. A média de idade foi de 59,8 ± 12,0 anos na SCA e 57,0 ± 14,1 anos na IC, com predomínio do sexo masculino em ambos os grupos. Mais da metade dos pacientes não tinham ensino fundamental completo e mais de 90% declararam renda mensal inferior a cinco salários-mínimos. Na SCA, predominou o diagnóstico de SCA com supradesnivelamento do segmento ST (66,3%) e 2,9% dos pacientes foram a óbito. Na IC, a etiologia mais comum foi a Doença de Chagas (25,8%) e 17,9% dos pacientes foram a óbito. Na avaliação dos indicadores de desempenho, nove dos 12 indicadores tiveram taxas de aderência acima de 85%.

Conclusão

Programas de qualidade são essenciais à melhoria do cuidado e os indicadores de desempenho do hospital apontam para uma boa adesão às diretrizes assistenciais da SBC, particularmente no braço da SCA.

Keywords: Doenças Cardiovasculares, Síndrome Coronariana Aguda, Insuficiência Cardíaca, Melhoria de Qualidade

Introdução

As doenças cardiovasculares (DCV) constituem a principal causa de morte no mundo e uma das cinco principais causas de anos de vida saudáveis perdidos. 1 No Brasil, a síndrome coronariana aguda (SCA) é a principal condição cardíaca que leva ao óbito e a insuficiência cardíaca (IC) a principal condição cardíaca que leva à internação hospitalar. 2

Organizações nacionais e internacionais têm desenvolvido e disseminado orientações por meio de diretrizes clínicas para auxiliar os profissionais de saúde no manejo das DCV. 3 - 5 Apesar de uma vasta publicação de terapias comprovadamente eficazes, a adesão às recomendações disponíveis nas diretrizes ainda permanece abaixo do ideal, 6 particularmente nos hospitais brasileiros, como demonstram os Registros ACCEPT, 7 BRACE 8 e BREATHE. 9

Nesse contexto, programas de melhoria da qualidade assistencial foram desenvolvidos na tentativa de garantir um cuidado adequado aos pacientes com DCV. Nos Estados Unidos da América, o Programa Get With the Guidelines ( Programa GWTG) é uma iniciativa criada pela American Heart Association (AHA) e pela American Stroke Association com a finalidade de melhorar a qualidade do atendimento hospitalar desses pacientes. 10 No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e o Ministério da Saúde, junto do AHA e em colaboração com o Hospital do Coração de São Paulo - Hcor criaram o Programa Boas Práticas em Cardiologia (Programa BPC). Esse programa tem a finalidade de avaliar a taxa de adesão às recomendações das diretrizes da SBC, assim como avaliar o resultado da implementação de um programa de qualidade nos desfechos clínicos dos pacientes internados por DCV. 11

Diante disso, o presente estudo tem como objetivo caracterizar dados da internação de pacientes com SCA e IC, participantes do Programa BPC, em um hospital público terciário brasileiro, assim como avaliar as taxas de adesão às terapias baseadas em evidências, determinadas pela SBC e definidas como indicadores de desempenho.

Métodos

O presente estudo é do tipo transversal descritivo realizado por meio da coleta de dados de pacientes internados no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais entre maio de 2016 e setembro de 2019 com diagnóstico primário de IC ou SCA. Detalhes do desenho e fundamento do Programa BPC foram previamente publicados, 11 e os braços realizados nesse hospital tiveram aprovação do Comitê de Ética Médica da Universidade Federal de Minas Gerais (Número: 1.487.029 de 11/04/2016).

População

Foram incluídos pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, admitidos com diagnóstico primário de SCA (CID-10 códigos I20.0 a I21.9 e I22.0 a I22.9) ou IC (CID-10 códigos I50.0; I50.1 ou I50.9), independente de história prévia dessas condições. Os critérios de exclusão foram:

(A) Pacientes com SCA desencadeada por revascularização miocárdica eletiva (intervenção coronária percutânea eletiva ou cirurgia de revascularização do miocárdio) ou por procedimentos cirúrgicos maiores, não cardíacos, durante internação hospitalar.

(B) Pacientes com história prévia de IC, mas que foram admitidos na sala de emergência com diagnóstico clínico confirmado de dispneia por outras causas. Também foram excluídos pacientes com internação por IC e com remoção planejada para outro estabelecimento ou planejamento de internação hospitalar por menos de 24 horas.

Coleta de Dados

Após a triagem quanto aos critérios de elegibilidade, os pacientes eram questionados se desejavam participar do programa BPC ainda durante a internação, e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado por todos os participantes antes da alocação. A coleta dos dados foi realizada a partir do prontuário médico e de entrevista presencial e estruturada por uma equipe treinada, utilizando os formulários desenvolvidos pelo Programa BPC. 11

Desfechos

O desfecho primário do Programa BPC foram as taxas de adesão da equipe assistencial aos indicadores de desempenho, que são métricas de qualidade determinadas a partir de recomendações classe I das diretrizes da SBC e AHA, descritas em detalhes em publicação anterior 11 e no site do Programa BPC (http://www.cardiol.br/boaspraticasclinicas/).

Os indicadores de desempenho no braço de SCA foram (Suplemento 1):

  1. Aspirina precoce;

  2. Terapia de reperfusão adequada (tempo porta-agulha e tempo porta-balão);

  3. Aspirina na alta;

  4. Inibidor da Enzima de Conversão de Angiotensina (IECA) ou Bloqueador do Receptor de Angiotensina (BRA) na alta em pacientes com Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) < 45%;

  5. Betabloqueador na alta;

  6. Estatina na alta;

  7. Controle da Pressão Arterial na alta;

  8. Aconselhamento para parar de fumar para tabagistas ativos na alta.

Os indicadores de desempenho no braço de IC foram ( Suplemento 1 ):

  1. Avaliação da função ventricular esquerda pelo ecocardiograma;

  2. IECA ou BRA na alta;

  3. Betabloqueador na alta;

  4. Espironolactona na alta;

  5. Consulta pós-alta (acompanhamento ambulatorial pré-agendado na alta hospitalar).

Para o programa BPC, foi estabelecido como meta um limiar mínimo de aderência de 85% para os indicadores de desempenho descritos acima com base em resultados prévios do programa GWTG. 12

Análise estatística

Por ser um estudo observacional descritivo com uma amostra de conveniência, não foi realizado o cálculo amostral. As variáveis contínuas foram resumidas como média e desvio padrão ou como mediana e primeiro e terceiro quartis (Q1, Q3) conforme resultado do teste de normalidade (Shapiro-Wilk), considerando o nível de significância de 5%. As variáveis categóricas foram expressas como proporções. Para o denominador de cada análise, foram considerados apenas os dados válidos da variável coletada, excluindo, portanto, os pacientes com dados incompletos e os pacientes que apresentavam contraindicações ao uso dos medicamentos que compõem os indicadores de desempenho, registradas no prontuário médico. Os dados foram analisados com a utilização do programa SPSS para Windows, versão 20.1 (IBM Corp, Armonk, NY, EUA).

Resultados

Neste estudo foram incluídos 1036 pacientes, sendo 763 pacientes com diagnóstico de SCA (“braço de SCA”) e 273 pacientes com diagnóstico de IC (“braço de IC”). A média de idade foi de 59,8 ± 12,0 anos nos pacientes do braço de SCA e 57,0 ± 14,1 anos nos pacientes do braço de IC, com predomínio do sexo masculino em ambos.

As principais comorbidades dos pacientes foram hipertensão, diabetes e dislipidemia. No braço de IC houve uma grande proporção de pacientes com hipotireoidismo e outras doenças de base. Uma significativa parcela dos pacientes declarou tabagismo atual ou passado, com destaque para o tabagismo atual no braço de SCA ( Tabela 1 ).

Tabela 1. – Caracterização da amostra na admissão hospitalar (dados gerais e histórico médico).

Variável   Síndrome Coronariana Aguda (763) Insuficiência Cardíaca (273)
Idade, m±dp*   59,8 ± 12,0 57,0 ± 14,1
Sexo Feminino   225/763 (29,5%) 119/273 (43,6%)
Comorbidades Hipertensão arterial sistêmica 497/633 (78,5%) 108/260 (41,5%)
Diabetes mellitus 220/633 (34,8%) 69/260 (26,5%)
Dislipidemia 171/633 (27,0%) 38/260 (14,6%)
Acidente vascular encefálico ou acidente isquêmico transitório 49/633 (7,7%) 18/260 (12,3%)
Doença arterial periférica 38/633 (6,0%) 17/260 (6,5%)
Hipotireoidismo 35/633 (5,5%) 41/260 (15,8%)
Doença pulmonar obstrutiva crônica/asma 47/633 (7,4%) 29/260 (11,2%)
Cardiopatia prévia Doença coronariana 162/633 (25,6%) 29/260 (11,2%)
Infarto agudo do miocárdio 119/633 (18,8%) 44/260 (16,9%)
Insuficiência cardíaca 30/633 (4,7%) 236/260 (90,8%)
Fibrilação ou Flutter atrial 21/633 (3,3%) 99/260 (38,1%)
Doença valvar 8/633 (1,3%) 39/264 (15,2%)
Doença de Chagas 6/633 (0,8%) 66/264 (25,8%)
Procedimentos Cardiológicos prévios Angioplastia coronariana 98/763 (12,8%) 31/273 (11,4%)
Cirurgia de revascularização miocárdica 39/763 (5,1%) 8/273 (2,9%)
Marcapasso 6/763 (0,8%) 43/273 (15,8%)
Ressincronizador 2/763 (0,3%) 4/273 (1,5%)
cardiodesfibrilador 5/763 (0,7%) 39/273 (14,3%)
Transplante cardíaco - 9/273 (6,3%)
Tabagismo Total (atual e prévio) 509/761 (66,8%) 139/266 (55,3%)
Atual 253/761 (33,2%) 21/266 (7,9%)
Prévio 256/761 (33,6%) 118/266 (44,4%)
Não 252/761 (33,1%) 127/266 (47,7%)

* Variável apresentada como média ± desvio padrão (m±dp).

Mais da metade dos pacientes incluídos no estudo não tinham ensino fundamental completo e mais de 90% declararam renda mensal inferior a cinco salários-mínimos ( Tabela 2 ).

Tabela 2. – Caracterização das variáveis socioeconômicas.

Variável   Síndrome Coronariana Aguda (763) Insuficiência Cardíaca (273)
Grau de Escolaridade Não alfabetizado 72/761 (9,5%) 29/268 (10,8%)
Fundamental incompleto 372/761 (48,9%) 127/268 (47,4%)
Fundamental completo 91/761 (12,0%) 38/268 (14,2%)
Ensino médio incompleto 67/761 (8,8%) 12/268 (4,5%)
Ensino médio completo 85/761 (11,2%) 52/268 (19,4%)
Ensino superior incompleto 34/761 (4,5%) 5/268 (1,9%)
Ensino superior completo 40/761 (5,3%) 5/268 (1,9%)
Renda Familiar ≤ 1 salário-mínimo 192/761 (25,2%) 76/268 (28,4%)
> 1 a ≤ 2 salários-mínimos 276/761 (36,3%) 131/268 (48,9%)
> 2 a ≤ 5 salários-mínimos 226/761 (29,7%) 46/268 (17,2%)
> 5 a ≤ 10 salários-mínimos 47/761 (6,2%) 12/268 (4,5%)
> 10 salários-mínimos 20/761 (2,6%) 3/268 (1,1%)

No braço de SCA ( Tabela 3 ), a maior parte dos pacientes foram admitidos em classificação de Killip-Kimball I-II (81,6%) e mais de um terço (37,4%) apresentou recorrência de dor torácica nas primeiras 24 horas da internação hospitalar. Predominou o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (IAM) com supradesnivelamento do segmento ST (66,3%), sendo que 42,9% desses pacientes foram trombolisados, 33,8% realizaram angioplastia primária e 23,3% não foram submetidos a nenhuma terapia de reperfusão.

Tabela 3. – Caracterização dos pacientes com síndrome coronariana aguda no momento da internação.

Tipo de síndrome coronariana aguda Angina instável 94/758 (12,4%)
IAM sem supra de ST 156/758 (20,6%)
IAM com supra de ST 506/758 (66,7%)
Classificação de Killip-Kimball Killip I 491/755 (65,0%)
Killip II 125/755 (16,5%)
Killip III 55/755 (7,2%)
Killip IV 58/755 (7,7%)
Parada cardiorrespiratória à admissão   59/759 (7,8%)
Recorrência de dor nas primeiras 24h   220/589 (37,4%)
Exames laboratoriais à admissão* Creatinina, mg/dL - m±dp 0,96 ± 0,2
Colesterol Total, mg/dL - md (IIQ) 168 (140-202)
LDL-C, mg/dL - md (IIQ) 98 (72-129)
HDL-C, mg/dL - md (IIQ) 41 (34-49)
Triglicerídeos, mg/dL - md (IIQ) 112 (76-170)
Candidatos a reperfusão     506/757 (67,1%)
Terapia de reperfusão química Trombolítico 217/506 (42,9%)
Tipo de Trombolítico Estreptoquinase 1/217 (0,5%)
Alteplase 175/217 (80,6%)
Não documentado 41/217 (18,9%)
Cineangiocoronariografia Cineangiocoronariografia diagnóstica 706/757 (93,3%)
Realizado ICP do vaso culpado 495/756 (65,5%)
ICP primária 171/506 (33,8%)
ICP de resgate 84/495 (17,0%)
Cineangiocoronariografia (localização das lesões) Sem lesões 45/547 (8,6%)
Univascular 150/547 (27,4%)
Bivascular 145/547 (26,5%)
Trivascular 207/547 (37,8%)
Lesão de TCE 21/547 (3,8%)
Lesão de DA proximal 187/547 (34,2%)
Fração de ejeção do ventrículo esquerdo, % - md (IIQ)*     54 (43-62)
Cirurgia de revascularização miocárdica     43/763 (5,6%)
Número de dias em terapia intensiva – md (IIQ)*     4 (3-6)

DA: artéria descendente anterior; HDL-C: high-density lipoprotein cholesterol; IAM: infarto agudo do miocárdio; ICP: intervenção coronária percutânea; LDL-C: low-density lipoprotein cholesterol; TCE: tronco de coronária esquerda . * Variáveis apresentadas como média ± desvio padrão (m±dp) ou mediana e 1º e 3º quartis [md (IIQ)].

No braço de IC ( Tabela 4 e Suplemento 2 ), as etiologias mais comuns foram a Doença de Chagas (25,8%), a forma idiopática (22,3%), a cardiopatia isquêmica (15,2%) e a doença valvar (15,2%). A maioria dos pacientes internou em classe funcional de NYHA ( New York Heart Association ) III-IV (76,4%), com predomínio do perfil hemodinâmico “quente e úmido” (60,1%) à admissão. A FEVE média da amostra foi de 35,0% ± 9,0% e 50 pacientes (18,3%) foram encaminhados na mesma internação hospitalar para a realização de transplante cardíaco. Ao longo da internação, a dobutamina foi usada em algum momento em 53,9% dos pacientes, ou por admissão já no perfil “frio”, ou por evolução para sinais de baixo débito cardíaco, assim como a furosemida venosa em “bolus” foi usada em 90,2% dos pacientes e a furosemida contínua na bomba de infusão em 25,4%.

Tabela 4. – Caracterização dos pacientes com insuficiência cardíaca no momento da internação.

Etiologia da insuficiência cardíaca Chagas 66/264 (25,8%)
Idiopática 57/264 (22,3%)
Isquêmica 39/264 (15,2%)
Valvar 39/264 (15,2%)
Hipertrófica 8/264 (3,1%)
Cardiotoxicidade 5/264 (2,0%)
Hipertensiva 5/264 (2,0%)
Outras 45/264 (17,0%)
Número de internações nos últimos 6 meses 0 44/184 (23,9%)
1 40/184 (21,7%)
2 42/184 (22,8%)
> 2 58/184 (31,5%)
Classe Funcional de New York Heart Association (NYHA) I 3/254 (1,2%)
II 16/254 (5,9%)
III 70/254 (27,6%)
IV 124/254 (48,8%)
Paciente na fila do transplante cardíaco Sim 70/259 (27%)
Não 189/259 (73%)
Perfil hemodinâmico Quente e seco 8/253 (3,2%)
Quente e úmido 152/253 (60,1%)
Frio e úmido 62/253 (24,5%)
Frio e seco 8/253 (3,2%)
Causa da descompensação Não adesão medicamentosa 23/273 (8,4%)
Não adesão alimentar ou hídrica 11/273 (4,0%)
Hipertensão não controlada 5/273 (1,8%)
Infecção 42/273 (15,4%)
Arritmia 46/273 (16,8%)
Descompensação da doença renal 11/273 (4,0%)
Isquemia ou Síndrome Coronariana Aguda 14/273 (5,1%)
Dados do ecocardiograma* Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo, % - m±dp 35,0 ± 9,0
Diâmetro do Átrio Esquerdo, milímetros - m±dp 49,5 ± 9,0
Outros dados da internação Profilaxia para Trombose Venosa Profunda 237/256 (92,6%)
Registro de peso (pelo menos 70% do período da internação) 173/256 (67,8%)
Suspensão do betabloqueador (se uso prévio), na admissão ou internação Sim 81/141 (57,4%)
Não 60/141 (42,6%)

* Dados completos disponíveis no sistema (denominador da variável) - dados do ecocardiograma (217 pacientes). Variável apresentada como média ± desvio padrão (m±dp)

As Tabelas 5 e 6 mostram os dados de mortalidade intra-hospitalar e dados da alta hospitalar. Foram a óbito na internação 2,9% dos pacientes no braço de SCA e 17,9% dos pacientes no braço IC.

Tabela 5. – Dados dos pacientes com síndrome coronariana aguda no momento da alta.

Óbitos intra-hospitalar 22/763 (2,9%)
Medicamentos na alta Ácido acetilsalicílico 700/733 (95,5%)
Inibidor da P2Y12 657/733 (89,6%)
Anticoagulante 94/733 (12,8%)
Betabloqueador 616/657 (93,7%)
  BB contraindicado em 76/733 (10,4%)
Inibidor da Enzima de Conversão de Angiotensina 439/596 (73,7%)
  IECA contraindicado em 137/733 (18,6%)
Bloqueador do receptor de angiotensina (BRA) 142/635 (22,4%)
  BRA contraindicado em 98/733 (13,4%)
Estatina 707/733 (96,5%)
Espironolactona 78/486 (16,0%)
Espironolactona contraindicada em 247/733 (33,7%)
Dados clínicos na alta* PA sistólica, mmHg – md (IIQ) 113 (100-130)
PA diastólica, mmHg – md (IIQ) 70 (60-80)
FC, batimentos por minuto – md (IIQ) 68 (63-78)
Orientações Cessação de Tabagismo Sim 277/340 (81,4%)
Não 3/340 (0,9%)
Não se aplica 393/733 (53,6%)
Não documentado 60/340 (17,6%)
Mudança de estilo de vida Sim 670/733 (91,4%)
Não 16/733 (2,2%)
Não documentado 46/733 (6,3%)
Controle do peso Sim 546/710 (76,9%)
Não 24/710 (3,3%)
Não se aplica 23/733 (3,1%)
Não documentado 140/710 (19,7%)
Exercício físico Sim 660/733 (90,0%)
Não 17/733 (2,3%)
Não documentado 56/733 (7,7%)
Referenciado à Reabilitação Sim 615/721 (85,2%)
Não 32/721 (4,4%)
Não se aplica 12/733 (1,6%)
Não documentado 74/721 (10,3%)
Uso dos medicamentos prescritos Sim 677/733 (92,4%)
Não 9/733 (1,2%)
Não documentado 47/733 (6,4%)
Retorno ambulatorial Sim 717/733 (97,8%)
Não 4/733 (0,5%)
Não se aplica 0/733 (0,0%)
Não documentado 12/733 (1,7%)
Terapia anticoagulante Sim 85/114 (74,6%)
Não 14/114 (12,3%)
Não se aplica 619/733 (84,4%)
Não documentado 15/114 (13,1%)

FC: frequência cardíaca; PAD: pressão arterial diastólica; PAS: pressão arterial sistólica; AAS: ácido acetilsalisílico. * Variáveis apresentadas como mediana e 1º e 3º quartis [md (IQQ)]. † Cálculo feito em relação aos pacientes em que se aplica o tipo de orientação.

Tabela 6. – Dados dos pacientes com insuficiência cardíaca no momento da alta.

Óbitos intra-hospitalar     49/273 (17,9%)
    Anticoagulante 93/206 (45,1%)
    BB 136/145 (93,8%)
      BB contraindicado em 61/206 (29,6%)
    IECA 72/128 (56,2%)
      IECA contraindicado em 78/206 (37,9%)
    BRA 48/145 (33,1%)
      BRA contraindicado em 61/206 (29,6%)
    Hidralazina 27/206 (13,1%)
    Nitrato 23/206 (11,2%)
    Antiarrítmicos 30/206 (14,6%)
    Digoxina 26/206 (12,6%)
    Diurético de Alça 156/206 (75,7%)
    Diurético Tiazídico 26/206 (12,6%)
    Espironolactona 88/124 (70,9%)
      Espironolactona contraindicada em 82/206 (39,8%)
Dados clínicos na alta*   PAS, mmHg - m±dp 107,1 ± 18,5
  PAD, mmHg - m±dp 67,3 ± 12,4
  FC, batimentos por minuto - m±dp 77,9 ± 14,2
Orientações Cessação de tabagismo Sim 10/27 (37,0%)
    Não 17/27 (63,0%)
    Não se aplica 180/207 (87,0%)
    Não documentado 0/27 (0,0%)
  Controle do peso Sim 122/207 (58,9%)
    Não 8/207 (3,9%)
    Não documentado 77/207 (37,2%)
  Exercício físico Sim 119/206 (57,8%)
    Não 16/206 (7,8%)
    Não documentado 71/206 (34,5%)
  Referenciado à reabilitação Sim 138/196 (70,4%)
    Não 5/196 (2,6%)
    Não se aplica 11/207 (5,3%)
    Não documentado 53/196 (27,0%)
  Uso dos medicamentos prescritos Sim 180/206 (87,4%)
    Não 0/206 (0,0%)
    Não documentado 26/206 (12,6%)
  Aconselhamento em caso de piora dos sintomas Sim 141/206 (68,4%)
    Não 3/206 (1,4%)
    Não documentado 62/206 (30,1%)
  Aconselhamento para vacinação (Influenza e Pneumococo) Sim 57/207 (27,5%)
    Não 21/207 (10,1%)
    Não documentado 129/207 (62,3%)
  Retorno ambulatorial Sim 202/207 (97,6%)
    Não 5/207 (2,4%)
    Não documentado 4/207 (1,9%)
  Orientações sobre terapia anticoagulante Sim 53/63 (84,1%)
    Não 1/63 (1,6%)
    Não se aplica 77/140 (55,0%)
    Não documentado 9/63 (14,3%)

BB: betabloqueador; IECA: inibidor da enzima de conversão de angiotensina; BRA: bloqueador do receptor de angiotensina; FC: frequência cardíaca; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; mmHg: milímetro de mercúrio. * Variáveis apresentadas como média ± desvio padrão (m±dp). † Cálculo feito em relação aos pacientes em que se aplica o tipo de orientação.

O Quadro 1 mostra os Indicadores de Desempenho analisados. É importante destacar que o indicador de “terapia de reperfusão adequada (tempo porta-agulha e tempo porta-balão)” não foi avaliado uma vez que o Hospital das Clínicas recebe pacientes referenciados de toda a rede pública metropolitana com o diagnóstico de SCA para a realização de cineangiocoronariografia, o que inviabiliza a contabilidade desses tempos. As taxas de adesão foram acima de 85% para seis dos sete indicadores analisados no braço de SCA e apenas para três dos cinco indicadores no braço de IC. A Figura Central resume os dados principais do artigo.

Quadro 1. – Indicadores de desempenho na alta hospitalar.

  Indicadores de desempenho
Síndrome Coronariana Aguda* Aspirina precoce 739/756 (99,1%)
Aspirina na alta hospitalar 700/733 (95,5%)
IECA ou BRA na alta hospitalar 581/635 (91,5%)
Betabloqueador na alta hospitalar 616/657 (93,7%)
Estatina na alta hospitalar 707/733 (96,5%)
Controle da pressão arterial 489/570 (85,8%)
Aconselhamento para parar de fumar 277/340 (81,5%)
Insuficiência Cardíaca Avaliação da função ventricular esquerda 242/243 (99,6%)
IECA ou BRA na alta hospitalar 120/145 (82,7%)
Betabloqueador na alta hospitalar 136/145 (93,8%)
Espironolactona na alta hospitalar 88/124 (70,9%)
Consulta pós-alta hospitalar 202/207 (97,6%)

IECA: inibidor da enzima de conversão de angiotensina; BRA: bloqueador do receptor de angiotensina. *Observação: o indicador de “terapia de reperfusão adequada” não foi avaliado, uma vez que o hospital é referência para angioplastia primária e todos os pacientes dessa amostra foram encaminhados ao serviço já com o diagnóstico de SCA.

Figura Central. : Estatísticas Cardiovasculares do Programa Boas Práticas em Cardiologia – Dados de um Hospital Público Terciário Brasileiro.

Figura Central

IC: insuficiência cardíaca; IECA: inibidor da enzima de conversão de angiotensina; BRA: bloqueador do receptor de angiotensina; SCA: síndrome coronariana aguda; SBC: Sociedade Brasileira de Cardiogia.

Discussão

Os dados publicados nesse estudo caracterizam os pacientes internados por SCA e IC em um hospital federal, público e terciário, que possui todas as linhas de cuidado aos pacientes cardiopatas atendidos pelo Sistema Único de Saúde. Apesar da baixa renda e da alta taxa de pacientes não completamente alfabetizados, assim como uma alta complexidade clínica, essas condições não foram impeditivas para uma adequada adesão às terapias baseadas em evidência determinadas pela SBC, particularmente na linha de cuidado da SCA.

No Brasil, a SBC liderou a construção de registros clínicos das DCV, incluindo o registro nacional de SCA (estudo ACCEPT). 7 Dados preliminares indicaram uma alta taxa de mortalidade intra-hospitalar, assim como baixas taxas de prescrições de terapias comprovadamente eficazes em pacientes internados. Esses dados são concordantes também com o Registro BRACE (Brazilian Registry on Acute Coronary Syndromes). 8

Em comparação com esses dois registros, 7 , 8 os pacientes internados com SCA no Hospital das Clínicas são um pouco mais jovens, mas com perfil semelhante de comorbidades, particularmente as altas taxas de hipertensão, diabetes e tabagismo. No entanto, duas importantes diferenças se fazem presente: em primeiro lugar, houve predomínio de IAM com supradesnivelamento do segmento ST, uma vez que o Hospital das Clínicas é um centro de referência da rede para angioplastia primária; e em segundo lugar, os indicadores de desempenho aqui apresentados no braço de SCA são quantitativamente melhores em comparação a todos os indicadores avaliados na alta hospitalar no BRACE.

Vale destacar que na cidade de Belo Horizonte, com o intuito de ampliar o acesso dos pacientes do Sistema Único de Saúde ao tratamento de SCA, foi implementada a linha de cuidado do IAM entre os anos de 2010 e 2011. 13 Nesse processo, a participação do Hospital das Clínicas sempre se destacou por meio do Centro de Telessaúde, Unidade Coronariana, Serviço de Cirurgia Cardiovascular, Setor de Hemodinâmica, leitos de enfermaria especificamente dedicados a esses pacientes, além de ambulatórios para a continuidade do cuidado pós-alta hospitalar. Com isso, essa linha de cuidado já vinha sendo monitorada no hospital e, diante dos dados previamente publicados, 14 o processo de educação continuada permitiu os resultados dos indicadores de desempenho apresentados no estudo atual.

Outro registro nacional também liderado pela SBC é o Registro BREATHE, 9 da linha de cuidado da IC, que assim como para SCA encontrou uma baixa taxa de prescrição de medicamentos baseados na melhor evidência para essa doença. Quando comparados os dados do presente estudo com os do Registro BREATHE, os pacientes do Hospital das Clínicas apresentam diferenças em termos das principais etiologias da IC e da maior complexidade clínica. Isso se caracteriza pela presença de muitos pacientes em avaliação e/ou encaminhados para transplante cardíaco, pelo frequente uso de inotrópicos e vasodilatador venoso, assim como pela maior taxa de mortalidade intra-hospitalar. Análise dos indicadores de desempenho desse braço indica uma grande necessidade de melhorias na prescrição de alta e orientações ao paciente com IC.

Seguindo uma tendência mundial, os gastos com saúde pública em nosso país têm sido crescentes, 15 e uma série de iniciativas podem ser desempenhadas com objetivo de melhorar a eficiência do sistema, particularmente iniciativas de melhoria da qualidade assistencial prestada aos pacientes com DCV. 16 Foi com esse foco que a SBC criou o programa BPC 11 e o Hospital das Clínicas implementou o programa em sua instituição. Nessa mesma linha, projetos como o uso de mensagens de texto por telefone celular para melhorar o controle dos fatores de risco cardiovasculares após alta hospitalar também foram desenvolvidos no hospital. 17 , 18 Dados do Programa GWTG já são robustos e mostram que a adesão às diretrizes melhorou significativamente ao longo do tempo, 19 gerando benefícios clínicos aos pacientes atendidos nas instituições ligadas a esse programa nos Estados Unidos da América. 20 A SBC fortalece sua ação em prol de um melhor cuidado cardiovascular possível para todos os brasileiros.

Os dados do programa BPC no Hospital das Clínicas aqui apresentados possuem algumas limitações importantes. Em primeiro lugar, o número de dados faltantes foi elevado para algumas das variáveis, o que possivelmente interferiu na análise dos resultados. Em segundo lugar, por ser um estudo com necessidade de assinatura de termo de consentimento do paciente ou seus familiares, a mortalidade intra-hospitalar pode estar subestimada, pois pacientes graves que faleceram antes da assinatura do referido termo podem estar excluídos dessa amostra. Em terceiro lugar, a coleta de dados não pôde ser consecutiva ao longo de todo o período analisado, tanto devido a problemas relacionados à equipe da instituição envolvida com o programa BPC como por pequenos períodos de interrupção do próprio programa nacionalmente. Por fim, não foi possível apresentar o seguimento de 30 dias e seis meses após alta hospitalar devido ao número extremamente pequeno de dados registrados em sua completude.

Em contrapartida, a apresentação de dados nacionais, confiáveis e abrangentes sobre DCV é uma etapa obrigatória para a superação das desigualdades e para a oferta do melhor cuidado cardiovascular possível para todos os brasileiros. Este estudo reúne informações relevantes da SCA e IC de pacientes internados em um hospital terciário do Sistema Único de Saúde, e ajuda a preencher uma lacuna do conhecimento na literatura brasileira sobre o assunto, passo importante no planejamento da política de saúde no Brasil.

Conclusão

A adesão aos programas de qualidade como o Programa BPC é um passo essencial à melhoria assistencial dos pacientes internados com SCA e IC. Os indicadores de desempenho alcançados apontam para uma boa adesão às diretrizes assistenciais da SBC, particularmente na linha de cuidado da SCA.

Agradecimentos

Agradecemos a Caio Felipe Pereira Massei, Fernanda Lima Prado, Hugo Luiz Barros Alves, Giovana Zoboli Semabukuro, Giovanna Ribas Passagli, Gustavo Couto Pereira da Silva, Lorena Michelin Santos de Angelis Dias, Lorhayne Kerley Capuchinho Scalioni, Lucas Nevez Vaz, Luiz Octavio Rodrigues Ferreira, Mariana Figueiredo Simões, Melissa de Andrade, Shaline Braga, Stephanie Kneipp, Thaís Souza, Warlenn Molendolff Silva. Todos os nomes descritos acima estiveram em algum momento envolvidos diretamente na coleta de dados do Projeto BPC no HC/UFMG. Agradecemos também, pelo constante apoio, à coordenação do Hospital do Coração de São Paulo - HCor, particularmente ao coordenador do Programa BPC Fábio Papa Taniguchi e sua equipe, composta por Camila Pereira Pinto Toth, Erica Deji Moura Morosov Sabrina Bernardez-Pereira e Suzana Alves Silva.

* Material suplementar

Para informação adicional do Material Suplementar 1, por favor, clique aqui .

Para informação adicional do Material Suplementar 2, por favor, clique aqui .

Funding Statement

Fontes de financiamento: O presente estudo foi financiado pelo PROADI-SUS e American Heart Association. Dr Ribeiro é financiando em parte pelo CNPq (310790/2021-2 e 465518/2014-1) e pela FAPEMIG (PPM-00428-17 e RED-00081-16).

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Fontes de financiamento: O presente estudo foi financiado pelo PROADI-SUS e American Heart Association. Dr Ribeiro é financiando em parte pelo CNPq (310790/2021-2 e 465518/2014-1) e pela FAPEMIG (PPM-00428-17 e RED-00081-16).

Errata

Arq Bras Cardiol. 2023; 120(2):e20220247

No Artigo Original “Consumo de Oxigênio e Aptidão Cardiorrespiratória | Diferença entre Idade Cronológica e Biológica Estatísticas Cardiovasculares do Programa Boas Práticas em Cardiologia – Dados de um Hospital Público Terciário Brasileiro”, com número de DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20220247, publicado no periódico Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Arq Bras Cardiol. 2023; 120(2)e20220247, na página 1, corrigir o nome da autora Carolina Teixeira Cunha Érika para: Carolina Teixeira Cunha.

Na página 11 corrigir a referência 18 para: Passaglia LG, Brant LCC, Silva JLP, Nascimento BR, Ribeiro ALP. Text Messages to Promote Secondary Prevention after Acute Coronary Syndrome (IMPACS trial). Int J Cardiovasc Sci. 2021;35(2):202-13. doi:10.36660/ijcs.20200378.

Referências

  • 1.GBD 2017 Causes of Death Collaborators Global, Regional, and National Age-Sex-Specific Mortality for 282 Causes of Death in 195 Countries and Territories, 1980-2017: A Systematic Analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet . 2018;392(10159):1736–1788. doi: 10.1016/S0140-6736(18)32203-7. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Oliveira GMM, Brant LCC, Polanczyk CA, Malta DC, Biolo A, Nascimento BR, et al. Cardiovascular Statistics - Brazil 2021. Arq Bras Cardiol . 2022;118(1):115–373. doi: 10.36660/abc.20211012.. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 3.Sociedade Brasileira de Cardiologia . Diretrizes . São Paulo: Sociedade Brasileira de Cardiologia; 2022. [cited 2022 Apr 11]. Internet. https://www.portal.cardiol.br/diretrizes . [Google Scholar]
  • 4.European Society of Cardiology. Clinical Practice Guidelines [cited 2022 Apr 11]; Biot: European Society of Cardiology . 2022 Internet. https://www.escardio.org/Guidelines/Clinical-Practice-Guidelines . [Google Scholar]
  • 5.American Heart Association. Guidelines and Statements . Dallas: American Heart Association; 2022. [cited 2022 Apr 11]. Internet. https://professional.heart.org/en/guidelines-and-statements . [Google Scholar]
  • 6.Lugtenberg M, Burgers JS, Besters CF, Han D, Westert GP. Perceived Barriers to Guideline Adherence: A Survey Among General Practitioners. 98 BMC Fam Pract . 2011;12 doi: 10.1186/1471-2296-12-98. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 7.Wang R, Neuenschwander FC, Lima A, Filho, Moreira CM, Santos ES, Reis HJ, et al. Use of Evidence-Based Interventions in Acute Coronary Syndrome - Subanalysis of the ACCEPT Registry. Arq Bras Cardiol . 2014;102(4):319–326. doi: 10.5935/abc.20140033. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 8.Franken M, Giugliano RP, Goodman SG, Baracioli LM, Godoy LC, Furtado RHM, et al. Performance of Acute Coronary Syndrome Approaches in Brazil: A Report from the BRACE (Brazilian Registry In Acute Coronary Syndromes) Eur Heart J Qual Care Clin Outcomes . 2020;6(4):284–292. doi: 10.1093/ehjqcco/qcz045. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 9.Albuquerque DC, Souza JD, Neto, Bacal F, Rohde LE, Bernardez-Pereira S, Berwanger O, et al. I Brazilian Registry of Heart Failure - Clinical Aspects, Care Quality and Hospitalization Outcomes. Arq Bras Cardiol . 2015;104(6):433–442. doi: 10.5935/abc.20150031. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 10.American Heart Association. Get with the Guidelines [cited 2022 Apr 11]; Dallas: American Heart Association . 2022 Internet. http://www.heart.org/en/professional/quality-improvement . [Google Scholar]
  • 11.Taniguchi FP, Bernardez-Pereira S, Silva SA, Ribeiro ALP, Morgan L, Curtis AB, et al. Implementation of a Best Practice in Cardiology (BPC) Program Adapted from Get with the Guidelines®in Brazilian Public Hospitals: Study Design and Rationale. Arq Bras Cardiol . 2020;115(1):92–99. doi: 10.36660/abc.20190393. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 12.Thomas K, Miller A, Poe G. Abstract 252: The Association of Award Recognition from Get with the Guidelines-Resuscitation with Improved Survival Rates in In-Hospital Cardiac Arrest Events. Circ: Cardiovasc Qual Outcomes . 2016;9(suppl 2) doi: 10.1161/circoutcomes.9.suppl_2.252. [DOI] [Google Scholar]
  • 13.Marcolino MS, Brant LC, Araujo JG, Nascimento BR, Castro LR, Martins P, et al. Implementation of the Myocardial Infarction System of Care in City of Belo Horizonte, Brazil. Arq Bras Cardiol . 2013;100(4):307–314. doi: 10.5935/abc.20130054. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 14.Lana MLL, Beaton AZ, Brant LCC, Bozzi ICRS, Magalhães O, Castro LRA, et al. Factors Associated with Compliance to AHA/ACC Performance Measures in a Myocardial Infarction System of Care in Brazil. Int J Qual Health Care . 2017;29(4):499–506. doi: 10.1093/intqhc/mzx059. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 15.Brasil. Contralodoria-Geral da União . Portal da Transparência do Governo Federal . Brasília: Controladoria-Geral da União; 2022. [cited 2022 Apr 11]. Internet. https://www.portaltransparencia.gov.br/funcoes/10-saude?ano=2019 . [Google Scholar]
  • 16.Ribeiro ALP, Duncan BB, Brant LCC, Lotufo PA, Mill JG, Barreto SM. Cardiovascular Health in Brazil: Trends and Perspectives. Circulation . 2016;133(4):422–433. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.114.008727. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 17.Passaglia LG, Brant LCC, Nascimento BR, Ribeiro ALP. Impact of Text Messages in a Middle-Income Country to Promote Secondary Prevention After Acute Coronary Syndrome (IMPACS): A Randomized Trial. Medicine (Baltimore) . 2019;98(22):e15681. doi: 10.1097/MD.0000000000015681. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 18.Passaglia LG, Brant LCC, Silva JLP, Nascimento BR, Ribeiro ALP. Text Messages to Promote Secondary Prevention after Acute Coronary Syndrome (IMPACS trial) Int J Cardiovasc Sci . 2021;35(2):202–13. doi: 10.36660/ijcs.20200378. [DOI] [Google Scholar]
  • 19.Lewis WR, Ellrodt AG, Peterson E, Hernandez AF, LaBresh KA, Cannon CP, et al. Trends in the Use of Evidence-Based Treatments for Coronary Artery Disease Among Women and the Elderly: Findings from the Get with the Guidelines Quality-Improvement Program. Circ Cardiovasc Qual Outcomes . 2009;2(6):633–641. doi: 10.1161/CIRCOUTCOMES.108.824763. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 20.Masoudi FA, Ponirakis A, Lemos JA, Jollis JG, Kremers M, Messenger JC, et al. Trends in U.S. Cardiovascular Care: 2016 Report from 4 ACC National Cardiovascular Data Registries. J Am Coll Cardiol . 2017;69(11):1427–1450. doi: 10.1016/j.jacc.2016.12.005. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2023 Feb 10;120(2):e20220247. [Article in English]

Cardiovascular Statistics from the Good Practices in Cardiology Program – Data from a Brazilian Tertiary Public Hospital

Luiz Guilherme Passaglia 1, Marina Lírio Resende Cerqueira 2, Mariana Martins Pires 2, Lucas Vieira Chagas 2, Carolina Teixeira Cunha 3, Erika Nunes de Oliveira Rodrigues 3, Flávia Mariana Mendes Diniz 3, Darkiane Fernandes Ferreira 3, Monique Rocha Nogueira 3, Gisia Teodoro Braga 3, Fábio P Taniguchi 4, Antonio Luiz Pinho Ribeiro 5

Abstract

Background

The Good Practices in Cardiology Program is an initiative created by the Brazilian Society of Cardiology (SBC) to improve the quality of care of cardiovascular disease patients in Brazilian public hospitals.

Objectives

To characterize patients admitted to a tertiary public hospital with diagnosis of acute coronary syndrome (ACS) or heart failure (HF) and to evaluate performance indicators in both ACS and HF arms, with a pre-established target of 85% adherence to the SBC recommendations.

Methods

This was a descriptive cross-sectional study through data collection of patients hospitalized between May 2016 and September 2019.

Results

A total of 1,036 patients were included, 273 in the HF arm and 763 in the ACS arm. Mean age was 59.8 ± 12.0 years in the ACS and 57.0 ± 14.1 years in the HF, with a predominance of male patients in both groups. More than half of patients had some primary education and more than 90% reported a monthly income of less than five minimum wages. In ACS, the diagnosis of ACS with ST segment elevation was predominant (66.3%), and 2.9% of patients died. In HF, the most common etiology was Chagas disease (25.8%), and 17.9% died. Analysis of the performance indicators revealed an adherence rate higher than 85% to nine of the 12 indicators.

Conclusion

Quality programs are essential for improvement of quality of care. Performance indicators pointed to a good adherence to the SBC guidelines, mainly in the ACS arm.

Keywords: Cardiovascular Diseases, Acute Coronary Syndrome, Heart Failure, Quality Improvement

Introduction

Cardiovascular diseases (CVD) are the main cause of death in the world and one of the five leading causes of years of healthy life lost. 1 In Brazil, acute coronary syndrome (ACS) and heart failure (HF) are the main causes of death and hospitalization, respectively. 2

National and international organizations have developed and spread recommendations by clinical guidelines to help healthcare professionals in the management of CVD. 3 - 5 Despite the vast number of publications of proven effective therapies, the adherence to guidelines’ recommendations is still lower than ideal, 6 particularly in Brazilian hospitals, as reported in the ACCEPT, 7 BRACE, 8 and BREATHE 9 registries.

In this context, programs for healthcare quality improvement have been developed trying to assure an adequate care for CVD patients. In the United States, the Get With The Guidelines (GWTG) initiative was created by the American Heart Association (AHA) and the American Stroke Association to improve the care of these patients. 10 In Brazil, the Brazilian Society of Cardiology (SBC) and the Ministry of Health, together with the AHA and with the collaboration of Hcor (Hospital do Coração) in Sao Paulo, created the Good Practices in Cardiology program (GPC program). This program is aimed at evaluating the rates of adherence to the recommendations of the SBC guidelines and results of the implementation of a quality program regarding clinical outcomes of hospitalized patients with CVD. 11

Then, the present study aimed to characterize hospitalization data of patients with ACS and HF, participants of the GPC program, in a Brazilian public tertiary hospital, and to evaluate the rates of adherence to evidence-based therapies established by the SBC and defined as performance indicators.

Methods

This was a descriptive cross-sectional study of analysis of data of patients hospitalized in the General Hospital of the Federal University of Minas Gerais (UFMG) between May 2016 and September 2019 with the primary diagnosis of HF or ACS. Design and basis of the program have been previously published in detail, 11 and the arms conducted in this hospital were approved by the ethics committee of the UFMG (approval number 1.487.029, April 11, 2016).

Population

Patients aged 18 years or older, admitted with the primary diagnosis of ACS (ICD-10 I20.0 - I21.9 and I22.0 - I22.9) or HF (ICD-10 codes I50.0; I50.1 or I50.9), regardless of previous history of these conditions, were included in the study. Exclusion criteria were:

(A) Patients with ACS secondary to elective myocardial revascularization (elective percutaneous coronary intervention or myocardial revascularization surgery) or to major, non-cardiac surgeries during hospitalization;

(B) Patients with a history of HF, admitted to the emergency department with a confirmed diagnosis of dyspnea for other causes. Patients admitted for HF, patients with planned transfer to another institution and those with planned hospitalization for less than 24 hours were also excluded.

Data collection

After screening for eligibility criteria, patients were invited to participate in the GPC program during their hospitalization, and all those willing to participate signed an informed consent form. Data were collected from the medical records and through a structured in-person interview conducted by trained investigators, using specific forms developed to the GPC program. 11

Outcomes

The primary outcome of the GPC program was adherence rates, by the care staff, to the performance indicators, which are quality metrics determined by class I recommendations of the SBC and AHA guidelines, described in detail in the article by Thomas et al. 11 and in the GPC website (http://www.cardiol.br/boaspraticasclinicas/).

The performance indicators in the ACS arm were ( Supplement 1 ):

  1. Early aspirin use;

  2. Adequate reperfusion therapy (door-to-needle time and door-to-balloon time);

  3. Aspirin at discharge;

  4. Angiotensin converting enzyme inhibitors (ACEI) or angiotensin receptor blocker (ARB) at discharge of patients with left ventricular ejection fraction (LVEF) < 45%;

  5. Beta-blocker at discharge;

  6. Statins at discharge;

  7. Blood pressure control at discharge;

  8. Tobacco cessation counseling for active smokers at discharge.

The performance indicators in the HF arm were ( Supplement 1 ):

  1. Left ventricular function assessment by echocardiogram;

  2. ACEI or ARB at discharge;

  3. Beta-blocker at discharge;

  4. Spironolactone at discharge;

  5. Post-discharge visit (outpatient follow-up scheduled at discharge)

For the GPC program, a minimum of 85% adherence rate to the performance indicators above described was established, based on previous results of the GWTG program. 12

Statistical analysis

Since this was a descriptive observational study of a convenience sample, the sample size was not calculated. Continuous variables were described as mean and standard deviation or as median and interquartile range (Q1, Q3), according to results of the Shapiro-Wilk normality test. The level of significance was set at 5%. Categorical variables were expressed as proportions. Only valid data were included in the analyses. Thus, patients with missing data and patients with contraindications to the medications that composed the performance indicators, recorded in the medical records. Data were analyzed using the SPSS software version 20.1 (IBM Corp, Armonk, NY, US).

Results

A total of 1036 patients were included, 763 with diagnosis of ACS (ACS arm) and 273 patients with diagnosis of HF (HF arm). Mean age of participants was 59.8 ± 12.0 years in the ACS arm and 57.0 ± 14.1 years in the HF arm, with predominance of male patients in both.

Main comorbidities of the patients were hypertension, diabetes, and dyslipidemia. In the HF arm, there was also a high proportion of patients with hypothyroidism and other underlying diseases. A considerable number of patients reported current or past smoking, especially in the ACS arm ( Table 1 ).

Table 1. – Characteristics of the sample at hospital admission (general data and medical history).

Variable Acute coronary syndrome (763) Heart failure (273)
Age, m ± sd* 59.8 ± 12.0 57.0 ± 14.1
Female sex 225/763 (29.5%) 119/273 (43.6%)
Comorbidities Systemic arterial hypertension 497/633 (78.5%) 108/260 (41.5%)
Diabetes Mellitus 220/633 (34.8%) 69/260 (26.5%)
Dyslipidemia 171/633 (27.0%) 38/260 (14.6%)
Stroke or transient ischemic attack 49/633 (7.7%) 18/260 (12.3%)
Peripheral arterial disease 38/633 (6.0%) 17/260 (6.5%)
Hypothyroidism 35/633 (5.5%) 41/260 (15.8%)
Chronic pulmonary obstructive disease/Asthma 47/633 (7.4%) 29/260 (11.2%)
Previous heart disease Coronary disease 162/633 (25.6%) 29/260 (11.2%)
Acute myocardial infarction 119/633 (18.8%) 44/260 (16.9%)
Heart failure 30/633 (4.7%) 236/260 (90.8%)
Atrial fibrillation or atrial flutter 21/633 (3.3%) 99/260 (38.1%)
Heart valve disease 8/633 (1.3%) 39/264 (15.2%)
Chagas disease 6/633 (0.8%) 66/264 (25.8%)
Previous cardiac procedures Coronary angioplasty 98/763 (12.8%) 31/273 (11.4%)
Myocardial revascularization surgery 39/763 (5.1%) 8/273 (2.9%)
Pacemaker 6/763 (0.8%) 43/273 (15.8%)
Cardiac resynchronization 2/763 (0.3%) 4/273 (1.5%)
Cardioverter-defibrillator 5/763 (0.7%) 39/273 (14.3%)
Cardiac transplantation - 9/273 (6.3%)
Smoking Current and previous (total) 509/761 (66.8%) 139/266 (55.3%)
Current 253/761 (33.2%) 21/266 (7.9%)
Previous 256/761 (33.6%) 118/266 (44.4%)
No 252/761 (33.1%) 127/266 (47.7%)

* Variable as mean ± standard deviation (m±sd)

More than half of patients included in the study have not finished elementary school and more than 90% reported a monthly income lower than five minimum wages ( Table 2 ).

Table 2. – Characteristics of socioeconomic variables.

Variable   Acute coronary syndrome (763) Heart failure (273)
Educational attainment Illiterate 72/761 (9.5%) 29/268 (10.8%)
Some primary education 372/761 (48.9%) 127/268 (47.4%)
Complete primary education 91/761 (12.0%) 38/268 (14.2%)
Some secondary education 67/761 (8.8%) 12/268 (4.5%)
Complete secondary education 85/761 (11.2%) 52/268 (19.4%)
Some higher education 34/761 (4.5%) 5/268 (1.9%)
Complete higher education 40/761 (5.3%) 5/268 (1.9%)
Family income ≤ 1 minimum wage 192/761 (25.2%) 76/268 (28.4%)
> 1 - ≤ 2 minimum wages 276/761 (36.3%) 131/268 (48.9%)
> 2 - ≤ 5 minimum wages 226/761 (29.7%) 46/268 (17.2%)
> 5 - ≤ 10 minimum wages 47/761 (6.2%) 12/268 (4.5%)
> 10 minimum wages 20/761 (2.6%) 3/268 (1.1%)

In the ACS arm ( Table 3 ), most patients were Killip-Kimball class I-II (81.6%) and more than one third (37.4%) had recurrent chest pain in the first 24 hours of admission. Acute myocardial infarction (AMI) with ST-segment elevation was the predominant diagnosis (66.3%); 42.9% of these patients were thrombolysed, 33.8% underwent primary angioplasty and 23.3% did not undergo any reperfusion therapy.

Table 3. – Characteristics of patients with acute coronary syndrome at hospital admission.

Type of acute coronary syndrome Unstable angina 94/758 (12.4%)
AMI without ST elevation 156/758 (20.6%)
AMI with ST elevation 506/758 (66.7%)
Killip-Kimball classification Killip I 491/755 (65.0%)
Killip II 125/755 (16.5%)
Killip III 55/755 (7.2%)
Killip IV 58/755 (7.7%)
Cardiorespiratory arrest at admission 59/759 (7.8%)
Recurrence of pain in the first 24h 220/589 (37.4%)
Laboratory tests at admission* Creatinine mg/dL – mean ± SD 0.96 ± 0.2
Total cholesterol mg/dL - median (IIQ) 168 (140-202)
LDL-C mg/dL - median (IQR) 98 (72-129)
HDL-C mg/dL - median (IQR) 41 (34-49)
Triglycerides. mg/dL - median (IQR) 112 (76-170)
Candidates for reperfusion 506/757 (67.1%)
Pharmacological reperfusion therapy Thrombolytics 217/506 (42.9%)
Type of thrombolytic agent Streptokinase 1/217 (0.5%)
Alteplase 175/217 (80.6%)
Not documented 41/217 (18.9%)
Coronary angiography Diagnostic coronary angiography 706/757 (93.3%)
PCI of the culprit artery 495/756 (65.5%)
Primary PCI 171/506 (33.8%)
Rescue PCI 84/495 (17.0%)
Coronary angiography (site of the lesions) No lesions 45/547 (8.6%)
One vessel 150/547 (27.4%)
Two vessels 145/547 (26.5%)
Three vessels 207/547 (37.8%)
LCA lesion 21/547 (3.8%)
Lesion of the proximal DA 187/547 (34.2%)
Left ventricular ejection fraction, % - md (IQR)* 54 (43-62)
Myocardial revascularization surgery 43/763 (5.6%)
Number of days in intensive care – median (IQR)* 4 (3-6)

HDL: high-density lipoprotein; LDL: low-density lipoprotein; AMI: acute myocardial infarction; PCI: percutaneous coronary intervention; LCA: left coronary artery; DA: descending aorta; SD: standard deviation; IQR: interquartile range. Variables presented as mean ± standard deviation (SD) or median and 1 st and 3rd quartiles.

In the HF arm ( Table 4 and Supplement 2 ), the most common etiologies were Chagas disease (25.8%), idiopathic disease (22.3%), ischemic heart disease (15.2%) and heart valve disease (15.2%). Most patients were NYHA functional class III-IV (76.4%), and most had a “warm and wet” hemodynamic profile (60.1%) on admission. Mean LVEF was 35.0% ± 9.0% and 50 patients (18.3%) were referred for heart transplantation during the same hospitalization. Dobutamine was used at any time during hospitalization in 53.9% of the patients, either for the “cold” profile on admission or for progression to signs of low cardiac output; intravenous furosemide was administered in bolus doses in 90.2% of patients and by continuous infusion using an infusion pump in 25.4%.

Table 4. – Characteristics of heart failure patients at hospital admission.

Etiology of heart failure Chagas disease 66/264 (25.8%)
idiopathic 57/264 (22.3%)
Ischemic 39/264 (15.2%)
Valvular 39/264 (15.2%)
Hypertrophic 8/264 (3.1%)
Cardiotoxicity 5/264 (2.0%)
Hypertensive 5/264 (2.0%)
Others 45/264 (17.0%)
Number of hospitalizations in the last six months 0 44/184 (23.9%)
1 40/184 (21.7%)
2 42/184 (22.8%)
> 2 58/184 (31.5%)
New York Heart Association (NYHA) functional class I 3/254 (1.2%)
II 16/254 (5.9%)
III 70/254 (27.6%)
IV 124/254 (48.8%)
Patient on the waiting list for heart transplantation Yes 70/259 (27%)
No 189/259 (73%)
Hemodynamic profile Warm and dry 8/253 (3.2%)
Warm and wet 152/253 (60.1%)
Cold and wet 62/253 (24.5%)
Cold and dry 8/253 (3.2%)
Cause of decompensation Non-adherence to medication 23/273 (8.4%)
Non-compliance with dietary and water intake recommendations 11/273 (4.0%)
Uncontrolled hypertension 5/273 (1.8%)
Infection 42/273 (15.4%)
Arrhythmia 46/273 (16.8%)
Decompensated renal failure 11/273 (4.0%)
Ischemia or acute coronary syndrome 14/273 (5.1%)
Echocardiographic data * Left ventricular ejection fraction, % - m±sd 35.0 ± 9.0
Left atrial diameter, millimeter - m±sd 49.5 ± 9.0
Other data of hospitalization Prophylaxis of deep vein thrombosis 237/256 (92.6%)
Weight recordings (at least 70% of hospitalization period) 173/256 (67.8%)
Discontinuation of beta-blockers at admission or during hospitalization Yes 81/141 (57.4%)
No 60/141 (42.6%)

* Complete data available in the system (variable denominator) – echocardiographic data (217 patients). Variable presented as mean ± standard deviation (m±sd)

Tables 5 and 6 describe data of in-hospital mortality and hospital discharge. During hospitalization, 2.9% of patients in the ACS arm and 17.9% in HF arm died.

Table 5. – Characteristics of patients with acute coronary syndrome on discharge.

In-hospital mortality 22/763 (2.9%)
Medications on discharge Acetylsalicylic acid 700/733 (95.5%)
P2Y2 Inhibitors 657/733 (89.6%)
Anticoagulant 94/733 (12.8%)
BB 616/657 (93.7%)
  BB contraindicated for 76/733 (10.4%)
ACEI 439/596 (73.7%)
  ACEI contraindicated for 137/733 (18.6%)
ARB 142/635 (22.4%)
  ARB contraindicated for 98/733 (13.4%)
Statin 707/733 (96.5%)
Spironolactone 78/486 (16.0%)
Spironolactone was contraindicated for 247/733 (33.7%)
Clinical data on discharge* SBP - mmHg, md (IQR) 113 (100-130)
DBP - mmHg, md (IQR) 70 (60-80)
HR. beats per minute – md (IQR) 68 (63-78)
Instructions Smoking cessation Yes 277/340 (81.4%)
No 3/340 (0.9%)
Non-applicable 393/733 (53.6%)
Not documented 60/340 (17.6%)
Lifestyle change Yes 670/733 (91.4%)
No 16/733 (2.2%)
Not documented 46/733 (6.3%)
Weight control Yes 546/710 (76.9%)
No 24/710 (3.3%)
Non-applicable 23/733 (3.1%)
Not documented 140/710 (19.7%)
Physical exercise Yes 660/733 (90.0%)
No 17/733 (2.3%)
Not documented 56/733 (7.7%)
Referred for rehabilitation Yes 615/721 (85.2%)
No 32/721 (4.4%)
Non-applicable 12/733 (1.6%)
Not documented 74/721 (10.3%)
Use of prescribed medications Yes 677/733 (92.4%)
No 9/733 (1.2%)
Not documented 47/733 (6.4%)
Outpatient follow-up Yes 717/733 (97.8%)
No 4/733 (0.5%)
Non-applicable 0/733 (0.0%)
Not documented 12/733 (1.7%)
Anticoagulant therapy Yes 85/114 (74.6%)
No 14/114 (12.3%)
Non-applicable 619/733 (84.4%)
Not documented 15/114 (13.1%)

BB: beta-blocker; ACEI: angiotensin converting enzyme inhibitors; ARB: angiotensin receptor blocker; HR: heart rate; DBP: diastolic blood pressure; SBP: systolic blood pressure. * Variables as median and 1st and 3rd quartiles [md (IQR)]; † Calculated based on patients to whom this therapy is indicated.

Table 6. – Characteristics of patients with heart failure on discharge.

In-hospital mortality 49/273 (17.9%)
  Anticoagulant 93/206 (45.1%)
BB 136/145 (93.8%)
BB contraindicated for 61/206 (29.6%)
ACEI 72/128 (56.2%)
ACEI contraindicated for 78/206 (37.9%)
ARB 48/145 (33.1%)
ARB contraindicated for 61/206 (29.6%)
Hydralazine 27/206 (13.1%)
Nitrate 23/206 (11.2%)
Antiarrhythmics 30/206 (14.6%)
Digoxin 26/206 (12.6%)
Loop diuretics 156/206 (75.7%)
Thiazide diuretics 26/206 (12.6%)
Spironolactone 88/124 (70.9%)
Spironolactone contraindicated for 82/206 (39.8%)
Clinical data on discharge* SBP, mmHg – md (IQR) 107.1 ± 18.5
DBP, mmHg – md (IQR) 67.3 ± 12.4
HR, beats per minute – md (IQR) 77.9 ± 14.2
Instructions Smoking cessation Yes 10/27 (37.0%)
  No 17/27 (63.0%)
  Non-applicable 180/207 (87.0%)
  Not documented 0/27 (0.0%)
  Weight control Yes 122/207 (58.9%)
  No 8/207 (3.9%)
  Not documented 77/207 (37.2%)
  Physical exercise Yes 119/206 (57.8%)
  No 16/206 (7.8%)
  Non-applicable 71/206 (34.5%)
  Referred for rehabilitation Not documented 138/196 (70.4%)
  Yes 5/196 (2.6%)
  No 11/207 (5.3%)
  Not documented 53/196 (27.0%)
  Use of prescribed medications Yes 180/206 (87.4%)
  No 0/206 (0.0%)
  Non-applicable 26/206 (12.6%)
  Counseling in case of worsening of symptoms Yes 141/206 (68.4%)
  No 3/206 (1.4%)
  Not documented 62/206 (30.1%)
  Vaccination counseling (Influenza and Pneumococcal) Yes 57/207 (27.5%)
  No 21/207 (10.1%)
  Not documented 129/207 (62.3%)
  Outpatient follow-up Yes 202/207 (97.6%)
  No 5/207 (2.4%)
  Not documented 4/207 (1.9%)
  Anticoagulant therapy Yes 53/63 (84.1%)
  No 1/63 (1.6%)
  Non applicable 77/140 (55.0%)
  Not documented 9/63 (14.3%)

BB: beta-blocker; ACEI: angiotensin converting enzyme inhibitors; ARB: angiotensin receptor blocker; HR: heart rate; DBP: diastolic blood pressure; SBP: systolic blood pressure. * Variables as median and 1st and 3rd quartiles [md (IQR)]. † Calculated based on patients to whom this therapy is indicated.

Chart 1 describes the performance indicators analyzed in the study. It is worth noting that the indicator “adequate reperfusion therapy (door-to-needle time and door-to-balloon time” was not evaluated, since public health users from the whole metropolitan area with the diagnosis of ACS can be referred for coronary angiography at the General Hospital, which made it difficult to determine these times. Adherence rates were above 85% for six of the seven indicators analyzed In the ACS arm and for only three of the five indicators in the HF arm. Central Illustration summarizes the main findings of the study.

Chart 1. – Performance indicators on discharge.

  Performance indicators
Acute coronary syndrome * Early aspirin use 739/756 (99.1%)
Aspirin at discharge 700/733 (95.5%)
ACEI or ARB at discharge 581/635 (91.5%)
Beta-blocker at discharge 616/657 (93.7%)
Statin at discharge 707/733 (96.5%)
Blood pressure control 489/570 (85.8%)
Tobacco cessation counseling 277/340 (81.5%)
Heart failure Left ventricular function assessment 242/243 (99.6%)
ACEI or ARB at discharge 120/145 (82.7%)
Beta-blocker at discharge 136/145 (93.8%)
Spironolactone at discharge 88/124 (70.9%)
Post-discharge outpatient visit 202/207 (97.6%)

ACEI: Angiotensin converting enzyme inhibitors; ARB: angiotensin receptor blocker. The indicator “adequate reperfusion therapy” was not evaluated since this hospital is a referral center for primary angioplasty, and all patients of this sample already had the diagnosis of acute coronary syndrome when referred for this hospital.

Central Illustration. : Cardiovascular Statistics from the Good Practices in Cardiology Program – Data from a Brazilian Tertiary Public Hospital.

Central Illustration

HF: heart failure; ACEI: angiotensin converting enzyme inhibitor; ARB: angiotensin receptor blocker; SBC: Sociedade Brasileira de Cardiologia (Brazilian Society of Cardiology).

Discussion

Data of the present study characterize patients hospitalized for ACS and HF in a public tertiary hospital, which can provide all lines of treatment for cardiac patients who attend public health institutions. Although patients had a low income, high proportion of partial illiteracy, and highly complex conditions, it did not preclude an adequate adherence to evidence-based therapies established by the SBC, particularly in the system of care of ACS.

In Brazil, the SBC led the construction of clinical registries of CVD, including the national registry of ACS (the ACCEPT registry). 7 Preliminary data indicate a high in-hospital mortality rate as well as low prescription rates of therapies proven effective in hospitalized patients. These data are in agreement with the BRACE (Brazilian Registry on Acute Coronary Syndromes). 8

As compared with the ACCEPT registry 7 and the BRACE, 8 hospitalized patients with ACS in the UFMG General Hospital are slightly younger, but do have a similar profile in terms of comorbidities, particularly high rates of hypertension, diabetes and smoking. However, two remarkable differences stand out – first, there was a predominance of AMI with ST segment elevation, as the general hospital is a referral center for primary angioplasty; second, the performance indicators analyzed in the ACS arm are quantitively better than those analyzed on patient discharge in the BRACE.

Importantly, in the city of Belo Horizonte, aiming at improving the access of patients covered by the Brazilian Unified Health System to ACS treatment, a system of care for AMI was implemented between 2010 and 2011. 13 In this regard, the active participation of the general hospital has always stood out by the involvement of its telehealth center, coronary unit, division of cardiovascular surgery, cardiovascular hemodynamics, ward beds dedicated to these patients, in addition to the outpatient center for post-discharge follow-up care. Therefore, this system of care had already been monitored in the hospital and, based on previously published data, 14 the continuing education process has allowed the results of the performance indicators to be presented in the current study.

Another national registry, also held by the SBC, is the BREATHE, 9 of the system of care for HF, which similarly to ACS, has reported a low prescription rate of medications based on the best evidence for this disease. When data of the present study are compared with those of the BREATHE registry, patients of the UFMG General Hospital are different in terms of the main etiologies of HF and higher clinical complexity. This is characterized by the presence of many patients assessed for eligibility or referred for cardiac transplantation, by the frequent use of inotropes and vasodilators, and high in-hospital mortality rates. Analysis of the performance indicators in this arm indicates the need for improvements in discharge prescription and in the instructions to patients with HF.

Following the world trend, public health costs have increased in Brazil, 15 and a series of initiatives to improve system efficacy, particularly those aiming at improving the quality of care provided to patients with CVD can be implemented. 16 Based on this, the SBC created the GPC program 11 and the UFMG General Hospital implemented this program in our institution. In the same line, projects including text messaging by cell phone to improve the control of cardiovascular risk factors after discharge were also developed in the hospital. 17 , 18 Data of the GWTG program are robust and show that adherence to the guidelines have drastically increased over time, 19 resulting in clinical benefits to the patients seen in the institutions participants of this program in the United States. 20 The SBC is engaged in providing the best care possible to all patients with CVD in Brazil.

Data of the GPC program carried out in the UFMG General Hospital described in the present study have important limitations. First, the number of missing data of some variables was high, which may have influenced the analysis of results. Second, since this study required the consent of the patient or a family member, in-hospital mortality may be underestimated, since patients with severe clinical conditions that had died before the consent form was signed may have not been included in the sample. Third, data collection could not have been consecutive during the whole period of analysis, either because of problems related to the staff involved in the GPC program or because of short periods of program interruption in the country. Finally, results of 30-day or six-month follow-up after discharge could not be presented due to the high amount of incomplete data.

However, the presentation of nationwide, reliable and comprehensive data on CVD is a must to overcome inequalities and to provide the best care for cardiovascular disease patients. This study summarizes important information on ACS and HF in patients hospitalized in a public tertiary hospital in Brazil and helps to fill a knowledge gap in the literature about the subject, an important step in the planning of health politics in Brazil.

Conclusion

The adherence to quality programs like the GPC program is crucial to improve care for patients hospitalized for ACS and HF. Analysis of the performance indicators revealed a good adherence to the SBC guidelines, particularly to those in the system of care for ACS.

* Supplemental Materials

For additional information Supplemental Material 1, please click here .

For additional information Supplemental Material 2, please click here .

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Sources of Funding: This study was partially funded by PROADI-SUS and American Heart Association. Dr Ribeiro is supported in part by CNPq (310790/2021-2 and 465518/2014-1) and by FAPEMIG (PPM-00428-17 and RED-00081-16).

Erratum

Arq Bras Cardiol. 2023; 120(2):e20220247

In the Original Article “Cardiovascular Statistics from the Good Practices in Cardiology Program – Data from a Brazilian Tertiary Public Hospital”, with DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20220247, published in the journal Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Arq Bras Cardiol. 2023; 120(2)e20220247, on page 1, correct the author’s name: Carolina Teixeira Cunha Érika for: Carolina Teixeira Cunha.

On page 10 correct reference 18 to: Passaglia LG, Brant LCC, Silva JLP, Nascimento BR, Ribeiro ALP. Text Messages to Promote Secondary Prevention after Acute Coronary Syndrome (IMPACS trial). Int J Cardiovasc Sci. 2021;35(2):202-13. doi:10.36660/ijcs.20200378.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES