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editorial
. 2023 Feb 13;120(2):e20230036. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20230036
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Do Volume para a Geração de Valor em Cirurgia Cardíaca: O que Falta para Dar a Largada no Brasil?

Omar Asdrúbal Vilca Mejia 1, Fabio Biscegli Jatene 1
PMCID: PMC10263462  PMID: 36856248

“A estrada que leva ao sucesso está sempre em construção”

Lily Tomlin

Algumas características propiciaram o grande desenvolvimento da cirurgia cardiovascular, dentre elas a criatividade para o desenvolvimento de técnicas e dispositivos e principalmente muita coragem. Assim, ela teve uma evolução fantástica, movida pelo impacto que causaria na qualidade de vida dos pacientes, tornando-se rapidamente um dos procedimentos mais realizados no mundo. 1 Talvez isto não teria acontecido se não fossem por dois fatores: por um lado a destreza técnica, produto do aumento do volume cirúrgico; e, por outro, as informações resultantes das análises de bancos de dados. 2 , 3 Isto causou uma melhoria contínua das técnicas perioperatórias, dos dispositivos, e dos resultados.

Isto pode explicar a melhora dos desfechos, mesmo quando os procedimentos se tornaram mais complexos e em pacientes cada vez mais graves. 4 A partir da análise destes registros surgiram algumas necessidades a serem resolvidas. 5 Esta foi a época em que escores de predição de risco de mortalidade foram introduzidos, com a finalidade de ajustar e entender melhor os resultados. A partir disto, e para conseguir a melhoria contínua, a implementação de programas de qualidade se tornou uma necessidade. 6 Outro passo importante foi também a iniciativa de tornar públicos os resultados dos hospitais, introduzindo o conceito da transparência. 7

Entretanto outras variáveis entraram em cena, pois com o aumento da expectativa de vida, a indicação de cirurgia se tornou mais frequente em pacientes idosos e frágeis onde há um aumento da taxa de complicações, com um aumento dos tempos de internação e consequentemente dos custos. 8 Isto passou a se tornar um problema para as fontes pagadoras, públicas ou privadas, onde otimizar se tornaria a única alternativa, principalmente em um ecossistema onde hospitais e funcionários, na sua grande maioria, são ressarcidos por meio de modelos de pagamento por serviço ( fee for service ). Isto remete a uma reflexão de um modelo que privilegia o conceito de que quanto mais intervenções ou mais tempo no hospital melhor, em um sistema que não necessariamente premia o melhor resultado. Assim hospitais com menos complicações poderiam ter menor ressarcimento e vice-versa. 9 Portanto a sobrevivência deste modelo, mesmo com práticas adequadas, passou a ser questionada. 10

Existem na atualidade mais de 50 modelos de pagamento, baseados em valor, que podem ser escolhidos pela fonte pagadora, já que variam em função dos riscos e dos tipos de reembolso. 11 Na maior parte das vezes estes modelos são caracterizados por uma das alternativas a seguir: 1- redução dos gastos, sem perder a qualidade do atendimento; 2- melhorar a qualidade sem aumentar os gastos; ou, idealmente, 3- melhorar a qualidade e reduzir os gastos. Em alguns destes modelos, as cirurgias cardiovasculares são apenas um item dentro de um pacote de ressarcimento já atribuído ao respectivo grupo de diagnósticos relacionados (GDR). Portanto, os esforços para diminuir complicações e tempos de internação, após uma cirurgia cardiovascular, ajudariam na redução dos gastos do hospital. Dentre os vários modelos, há aqueles que se adaptam melhor à determinadas situações, mas independentemente disto, sabemos que gerar valor em saúde, sempre foca nos melhores resultados para os pacientes, e é aí onde os cirurgiões cardiovasculares podem ter um impacto significativo.

Mais recentemente exemplos de bons resultados cirúrgicos, com custo baixo, começaram a serem divulgados. 12 Por meio de equipes bem treinadas se conseguiu implementar protocolos, otimizar processos, levando a menos complicações e, consequentemente, menor custo. Dentro disto, o que mais chamou a atenção foram os hospitais que ofereciam cirurgias cardíacas a custo baixo e com ótimos resultados. 13 Pouco mais longe foi o plano de saúde Geisinger quando anunciou “cirurgia cardíaca com garantia ou seu dinheiro de volta”. 14 Exemplos mais recentes, como o modelo do cuidado perfeito “ Perfect Care ” mostrou redução de 37% do custo, mantendo a qualidade do atendimento, quanto mais aderência às métricas de geração de valor. 15 Na América Latina, exemplos iniciais de geração de valor em cirurgia cardiovascular mostraram uma redução da mortalidade, após o estabelecimento de métricas e a formação de núcleos de excêlencia 16 e, por outro lado, uma diminuição significativa dos tempos de internação de forma segura e efetiva. 17

Dentro disto, a diretriz do ERAS ( Enhanced Recovery After Surgery ) para cirurgia cardíaca publicada em 2019, 18 consolidou um novo conceito que se fortificou após a chegada da COVID-19. 19 Trata-se de protocolos perioperatórios, multiprofissionais e baseados em evidência, que buscaram melhorar resultados e diminuir os custos por meio da formação de uma linha de cuidado. Para isto acontecer em grande escala existiu a necessidade da implementação de bancos de dados, de educação e treinamento de equipes, com foco nestes princípios de melhoria contínua. Além disto é importante que estas ações tenham suporte de outras medidas como são as portarias nacionais do Medicare e Medicaid nos Estados Unidos que até 2030 se propõem a colocar todos seus pacientes em linhas de cuidados baseadas em valor. 20 Mais recentemente o Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu mudanças para um ressarcimento por resultados, através da portaria do QualiSUS-Cardio, introduzindo categorias baseadas em volume, mortalidade, tempo de internação e taxa de reinternação, 21 o que cria um cenário promissor dentro destes princípios. Com certeza outras ações deverão se seguir, para reforçar este modelo de ressarcimento. Entretanto este modelo pode vir a criar distorções, que precisam ser bem equacionadas, pois pacientes de alto risco podem passar a ser recusados por alguns centros e encaminhados para outros serviços. 22

Assim, dentro deste entendimento os resultados precisam ser ajustados e preparados para se tornarem públicos e transparentes. O ajuste de risco, portanto, é fundamental, pois conseguimos identificar que o custo para os cuidados de pacientes de baixo, médio e alto risco, era significativamente desproporcional por causa de diferenças entre as taxas de morbidade e mortalidade nos diferentes grupos de risco. 23 A evolução desta portaria, em proposições futuras, poderia considerar categorias de desempenho para cada estrato de risco e não de forma geral. Como princípio, o escore de risco ideal deveria incluir características próprias do local. No estado de São Paulo temos o SPScore, um índice de risco criado com inteligência artificial e que poderia ajudar para um ressarcimento mais apropriado perante as fontes pagadoras, no nosso cenário. 24

Podemos dizer que no Brasil, para acompanhar estas mudanças, existe no Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo uma linha de pesquisa que começou em 2012 com o objetivo de estratificar e melhorar resultados em pacientes encaminhados para cirurgia cardiovascular. Alunos de graduação e pós-graduação pesquisam e publicam temas sobre implementação de grandes bancos de dados, construção de escores de risco utilizando inteligência artificial, identificação de estratégias custo-efetivas em grupos de risco e otimização de processos, entre outras. Ainda em elaboração estão projetos para treinamento de habilidades não técnicas e coaching cirúrgico para as equipes, assim como a disseminação de programas de melhoria em centros no país e na América Latina. Estratégias nacionais iniciais como a do pagamento por resultados fomentam a busca pela qualidade do atendimento, mas isto somente ganhará escala com o suporte de um grande banco de dados e especialistas capacitados em métricas para a geração de valor. Da nossa parte, buscamos colaborar com o novo ecossistema da saúde, desenvolvendo processos, treinando e capacitando equipes a aplicar os princípios da melhoria contínua, no fluxo de cuidados dos pacientes, para cirurgia cardiovascular. 25

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Arq Bras Cardiol. 2023 Feb 13;120(2):e20230036. [Article in English]

From Volume to Value Creation in Cardiac Surgery: What is Needed to Get off the Ground in Brazil?

Omar Asdrúbal Vilca Mejia 1, Fabio Biscegli Jatene 1

“The road to success is always under construction.”

Lily Tomlin

Some characteristics favored the great development of cardiovascular surgery; among them, creativity for developing techniques and devices and, mainly, much courage. Thus, cardiovascular surgery had a fantastic evolution, driven by its impact on the patient’s quality of life, quickly becoming one of the most performed procedures in the world. 1 Maybe this would not have happened if not for two factors: on the one hand, the improvement of technical skills as a result of the increased surgical volume, and, on the other hand, the information from the databases analyzes. 2 , 3 This has led to continuous improvement in perioperative techniques, devices, and outcomes.

This may explain the outcome improvement, even when procedures have become more complex and performed in increasingly severe patients. 4 From the analysis of these records, some issues emerged to be resolved. 5 This was when mortality risk scores were introduced to adjust and better understand the results. From that moment, and to achieve continuous improvement, implementing quality programs has become a necessity. 6 Another important step was the hospitals’ public reporting initiatives, introducing the concept of transparency. 7

However, other variables are involved since, with the increase in life expectancy, the indication for surgery has become more frequent in elderly and frail patients, thus increasing complication rate, hospital length of stay, and, consequently, costs. 8 This has become a problem for payment sources, public or private, and optimizing would be the only option, especially in a system where hospitals and employees, for the most part, are reimbursed through fee-for-service models. This leads to a reflection of a model that privileges the concept that the more interventions or, the longer the time in the hospital, the better, in a system that does not necessarily reward the best result. Thus, hospitals with fewer complication rates could have lower compensation and vice versa. 9 Therefore, the survival of this model, even with fair practices, started to be questioned. 10

There are currently more than 50 value-based payment models, which can be chosen by the payment source, as they vary according to the risks and types of reimbursement. 11 Most of the time, these models are characterized by one of the following alternatives: 1- cost reduction, without losing the quality of care; 2- quality improvement without cost increase; or, ideally, 3- quality improvement and cost reduction. In some of these models, cardiovascular surgeries are just one item within a larger bundle already assigned to the respective diagnoses-related group (DRG). Therefore, efforts to reduce complications and length of stay after cardiovascular surgery would help reduce hospital costs. Among the models, some adapt better to certain situations, but regardless of this, we know that value creation in health always focuses on the best results for patients, and that is where cardiovascular surgeons can have a significant impact.

More recently, some examples of good surgical results at a low cost have begun to be announced. 12 With well-trained teams, it was possible to implement protocols and optimize processes, leading to fewer complications and, consequently, lower costs. What most drew attention were hospitals that performed heart surgeries at low cost and with excellent results. 13 Geisinger Health System, a hospital group in the United States, went further when it announced “heart surgery guaranteed or your money back,” a 90-day warranty for elective coronary artery bypass surgery (CABG). 14 More recent examples, such as the Perfect Care approach, showed a 37% cost reduction, maintaining the quality of care when adherence to value creation metrics was higher. 15 In Latin America, initial examples of value creation in cardiovascular surgery showed a reduction in mortality after establishing metrics and forming centers of excellence 16 and, simultaneously, a significant decrease in the length of hospital stay in a safe and effective way. 17

The Enhanced Recovery After Surgery (ERAS) guideline for cardiac surgery, published in 2019, 18 consolidated a new concept strengthened after the COVID-19 outbreak. 19 These perioperative, multidisciplinary, and evidence-based protocols sought to improve results and reduce costs by creating a line of care. For this to happen on a large scale, databases, education, and team training focusing on continuous improvement principles must be implemented. In addition, these actions must be supported by other measures, such as the Medicare and Medicaid ordinances in the United States, which by 2030 propose to have all their patients in value-based lines of care. 20 More recently, the Brazilian Ministry of Health established changes to reimbursement based on results through the QualiSUS-Cardio ordinance, introducing categories based on surgical volume, mortality, length of stay, and readmission rate, 21 which creates a promising scenario within these principles. Other actions will certainly come to reinforce this reimbursement model. However, this model may create distortion, which needs to be corrected, as high-risk patients may be referred to other institutions. 22

Thus, results need to be adjusted and prepared to be revealed in a public and transparent way. Risk adjustment is essential, as we identified that the cost of care for low-, medium- and high-risk patients were significantly disproportionate due to differences between morbidity and mortality rates in different risk groups. 23 In future propositions, this ordinance could consider performance categories for each risk stratum and not in general. As a principle, the ideal risk score should include local characteristics. In São Paulo state, we have the SPScore, an artificial intelligence-generated risk index that could help with a more appropriate reimbursement to payment sources in our scenario. 24

In Brazil, to keep up with these changes, a line of research at the Department of Cardiopneumology of the University of São Paulo Medical School began in 2012 to stratify and improve results in patients referred for cardiovascular surgery. Undergraduate and graduate students research and publish topics on implementing large databases, constructing artificial intelligence-generated risk scores, identifying cost-effective strategies in risk groups, and process optimization, among others. Projects for training non-technical skills and surgical coaching for the teams, as well as the dissemination of improvement programs in centers in the country and Latin America, are still under development. Initial national strategies, such as payment by results, encourage the search for quality of care, but this will only be scaled with the support of a large database and specialists trained in value creation metrics. We seek to collaborate with the new health system by developing processes, training, and qualifying teams to apply the principles of continuous improvement, in the patient care flow, for cardiovascular surgery. 25


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