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editorial
. 2023 Aug 28;120(8):e20230550. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20230550
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Desvendando as Controvérsias da Dissecção Aórtica Tipo B – Interpretando as Evidências

Walter J Gomes 1,2,, Eduardo N Gomes 1,2, Nelson A Hossne Jr 1,2
PMCID: PMC10519226  PMID: 37971050

Diferentemente da dissecção aórtica tipo A, múltiplos aspectos da história natural da disseção aórtica tipo B (DATB) permanecem obscuros e indefinidos, resultando em incertezas em seu prognóstico, recomendações e manejo.1,2 Entre os fatores críticos que impactam os desfechos da DATB, a trombose do falso lúmen parece ser um achado associado que exibe uma correlação sólida com o prognóstico tardio e trazendo implicações clínicas significativas. Além de ser um indicador prognóstico crucial para pacientes com DATB, a presença ou ausência de trombose do falso lúmen tem sido empregada para guiar as decisões de tratamento, afetando a escolha de intervenções terapêuticas, como o reparo aórtico endovascular torácico (TEVAR) e ajustando o seguimento pós-tratamento.3

Nesse sentido, Tang et al.,4 relatam neste fascículo um aspecto interessante da correlação entre imagens e clínica. Analisando uma grande coorte de pacientes consecutivos com DATB, eles investigaram os fatores que afetam a trombose do falso lúmen aórtico em pacientes com DATB, focando em compreender o papel da morfologia aórtica na trombose do falso lúmen. Imagens de angiografia tomográfica computadorizada foram utilizadas para as medidas. Um software especializado reconstruiu modelos tridimensionais da disseção aórtica, e medidas dos diâmetros do lúmen verdadeiro e falso foram realizadas em diferentes zonas da aorta. A incidência de falso lúmen trombótico foi maior em pacientes mais idosos com função renal normal do que em pacientes mais jovens ou com função renal comprometida.4

Além disso, o diâmetro do lúmen verdadeiro da aorta descendente mostrou-se relacionado à trombose no falso lúmen. Especificamente, quando o diâmetro do lúmen verdadeiro era maior que o diâmetro do falso lúmen, as condições favoreciam a trombose no falso lúmen, enquanto o cenário oposto resultava em um falso lúmen com mais perviedade. Compreender esses fatores do processo de trombose pode ajudar na conduta em pacientes com DATB submetidos a tratamento com TEVAR.5,6

O estudo concluiu que o diâmetro do lúmen verdadeiro na aorta descendente e a função renal são fatores importantes que influenciam a ocorrência de trombose do falso lúmen em pacientes com DATB. No entanto, o estudo possui algumas limitações, como ser um estudo retrospectivo de único centro com tamanho de amostra limitado e a necessidade de analisar mais características morfológicas em estudos prospectivos mais abrangentes. Os achados também indiretamente apoiam o uso do TEVAR como opção de tratamento para DATB, sugerindo que o TEVAR pode efetivamente induzir a trombose do falso lúmen e melhorar os resultados do paciente. A trombose do falso lúmen tem sido correlacionada com um prognóstico tardio favorável com DATB. O mecanismo provavelmente envolve a estabilização do processo de remodelação aórtica e a redução do risco de complicações, como a ruptura aórtica.7,8

Na verdade, a trombose do falso lúmen não elimina completamente o risco de complicações e eventos tardios, e o aumento do falso lúmen ou eventos de reentrada persistem mesmo na presença de trombose. Esses eventos podem levar a disseção recorrente ou desenvolvimento de aneurismas aórticos, ressaltando a necessidade de monitoramento em longo prazo em pacientes com DATB.3,9

Entretanto, esse benefício tem sido contestado por evidências adicionais, com metanálises e revisões sistemáticas revelando que a trombose parcial, cujos efeitos protetores foram sugeridos primeiramente por Tsai et al.,7 em 2007, não está associado a uma taxa de expansão mais rápida do diâmetro aórtico.7,10

Permanece um debate continuado sobre a melhor estratégia de tratamento para a DATB.11 As opções incluem o tratamento clínico com controle da pressão arterial e monitoramento regular, o reparo endovascular (TEVAR) ou a cirurgia aberta. Determinar a abordagem mais adequada depende de diversos fatores, como o grau da disseção, a presença de complicações e o estado geral do paciente. O momento da intervenção tem sido outro ponto significativo de controvérsia. A intervenção precoce (TEVAR ou cirurgia aberta) é recomendada para prevenir complicações e reduzir o risco de ruptura ou extensão da dissecção, enquanto outros especialistas defendem uma abordagem mais conservadora com tratamento clinico inicialmente, reservando a intervenção para casos com complicações ou sintomas refratários. Diretrizes respeitáveis recomendam a terapia clínica isolada para DATB não complicada, reservando o TEVAR para casos complicados. Embora o TEVAR tenha mostrado resultados promissores em alguns estudos, preocupações têm sido levantadas sobre complicações potenciais, como endoleaks ou problemas relacionados à endoprótese (stent) em longo prazo. Por outro lado, a cirurgia aberta pode apresentar maior risco inicial, mas pode fornecer resultados mais duradouros.9,12

Alguns estudos buscaram determinar se a intervenção endovascular precoce poderia reduzir o risco de complicações futuras ou remodelação aórtica adversa em comparação com o tratamento clínico otimizado (TCO), especialmente em pacientes com características de alto risco. O estudo ADSORB comparou o TCO vs. TEVAR mais TCO; não foram evidenciadas mortalidade precoces em ambos os grupos e, no acompanhamento de 1 ano, apenas um óbito ocorreu, no grupo TEVAR. O TEVAR foi superior ao TCO isolado mostrando diferenças significativas na trombose parcial ou ausente do falso lúmen, dilatação aórtica e ruptura; no entanto, os principais benefícios clínicos permanecem incertos em longo-prazo.13 No estudo INSTEAD-XL, em pacientes com disseção aórtica tipo B não complicada, o TEVAR profilático mais TCO foi associado a uma melhora na sobrevida relacionada a eventos aórticos em 5 anos e na progressão tardia da doença. Não houve benefício significativo na mortalidade por todas as causas.14

Portanto, o papel do TCO isolado versus intervenção precoce (TEVAR ou cirurgia) em pacientes com DATB não complicada permanece incerto. Pesquisas adicionais são necessárias para identificar subgrupos de pacientes que podem se beneficiar mais da intervenção precoce ou do manejo conservador; a natureza complexa e dinâmica da disseção aórtica requer avaliação individualizada do paciente e monitoramento contínuo tardio.15

Como parte da comunidade cardiovascular na linha de frente do tratamento dessa doença potencialmente letal, nós ainda aguardamos evidências mais robustas para apoiar as recomendações que proporcionem aos pacientes a conduta adequada provendo o melhor prognóstico em longo prazo.

Footnotes

Minieditorial referente ao artigo: Fatores que Afetam a Trombose da Falsa Luz na Dissecção Aórtica Tipo B

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Arq Bras Cardiol. 2023 Aug 28;120(8):e20230550. [Article in English]

Unfolding Type B Aortic Dissection Controversies – Piecing Together the Evidence

Walter J Gomes 1,2,, Eduardo N Gomes 1,2, Nelson A Hossne Jr 1,2

Unlike type A aortic dissection, many aspects of the natural history of type B aortic dissection (TBAD) remain blurred and unsettled, leading to uncertainties in its prognosis, recommendations, and management.1,2 Among the critical factors impacting TBAD outcomes, the thrombosis of the false lumen seems to be an associated finding exhibiting a robust correlation with late prognosis and conveying significant clinical implications. In addition to being a critical prognostic indicator for TBAD patients, the presence or absence of false lumen thrombosis has been employed to guide treatment decisions, affecting the choice of therapeutic interventions, the thoracic endovascular aortic repair (TEVAR) and adjusting post-treatment follow-up.3

In this way, Tang et al.4 report an interesting aspect of the correlation between imaging and clinics in this issue. Analyzing a large cohort of consecutive patients with TBAD, they investigated the factors affecting false lumen thrombosis in patients with TBAD, focusing on understanding the role of aortic morphology in the thrombosis of the false lumen. Computed tomographic angiography images were used for measurements. Specialized software reconstructed three-dimensional models of aortic dissection, and measurements of true and false lumen diameters were performed at different zones of the aorta. The incidence of thrombotic false lumen was higher in older patients with normal renal function than in younger patients or those with compromised kidney function.4

Additionally, the diameter of the true lumen of the descending aorta was found to be related to the thrombosis in the false lumen. Specifically, when the true lumen diameter was larger than the false lumen diameter, conditions favored thrombosis in the false lumen, while the opposite scenario resulted in a more patent false lumen. Understanding these factors may help in predicting and managing the thrombosis process in TBAD patients undergoing TEVAR treatment.5,6

The study concluded that the diameter of the true lumen in the descending aorta and renal function are important factors influencing the occurrence of false lumen thrombosis in patients with TBAD. However, the study acknowledged some limitations, such as being a single-center retrospective study with limited sample size and the need for more morphological features in larger prospective studies. The findings also indirectly supported using TEVAR as a treatment option for TBAD, suggesting that TEVAR can effectively induce false lumen thrombosis and improve patient outcomes. The thrombosis of the false lumen has been correlated with a favorable late prognosis with TBAD. The mechanism likely involves stabilizing the aortic remodeling process and reducing the risk of complications, such as aortic rupture.7,8

False lumen thrombosis does not eliminate the risk of complications and late events, and false lumen enlargement or re-entry tear events persist even in thrombosis. These events can lead to recurrent dissection or the development of aortic aneurysms, highlighting the need for long-term surveillance in TBAD patients.3,9

Furthermore, this benefit has been challenged by further evidence, with meta-analysis and systematic review revealing that partial thrombosis, whose protective effects were first suggested by Tsai et al.,7 is not associated with a faster aortic growth rate.7,10

There is an ongoing debate over the best treatment strategy for TBAD.11 Options include medical management with blood pressure control and close monitoring, endovascular repair (TEVAR), or open surgical repair. Determining the most appropriate approach depends on various factors, such as the dissection extension, the presence of complications, and the patient's general health. The timing of intervention has represented another significant point of dispute. Early intervention (either TEVAR or open surgery) is advocated to prevent complications and reduce the risk of rupture or extension, while others argue for a more conservative approach with medical management first, reserving intervention for cases with complications or refractory symptoms. Authoritative guidelines recommend medical therapy alone for non-complicated TBAD, reserving TEVAR for complicated cases. While TEVAR has shown promising results in some studies, concerns have been raised about potential complications, such as endoleaks or stent graft-related issues in the long run. Open surgical repair, on the other hand, may have a higher initial risk but could provide more durable results.9,12

Several trials aimed to determine if early endovascular intervention might reduce the risk of downstream complications or adverse aortic remodeling compared to optimal medical treatment (OMT), particularly in patients with high-risk features. The ADSORB trial compared OMT vs. TEVAR plus OMT; no early deaths were found in either group, and, at 1-year follow-up, just one fatality occurred in the TEVAR group. With significant differences in partial or no false-lumen thrombosis, aortic dilatation, and rupture, TEVAR was superior to OMT alone; however, the main clinical benefits remain uncertain.13 In the INSTEAD-XL trial, prophylactic TEVAR plus OMT was associated with improved 5-year aorta-specific survival and delayed disease progression in patients with uncomplicated type B aortic dissection. No significant benefit was seen in all-cause mortality.14

Therefore, the role of OMT alone versus early intervention (TEVAR or surgery) in patients with uncomplicated TBAD remains uncertain. Further research is needed to identify subgroups of patients who may benefit most from early intervention or conservative management; aortic dissection's complex and dynamic nature requires individualized patient assessment and ongoing monitoring.15

As part of the cardiovascular community at the forefront of treating this deadly disease, we still await more robust evidence for endorsing recommendations to provide patients with the best possible management and long-term prognosis.

Footnotes

Short Editorial related to the article: Factors Affecting False Lumen Thrombosis In Type B Aortic Dissection


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