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. 2024 Feb 15;121(2):e20240079. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20240079
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Estatística Cardiovascular – Brasil 2023

Gláucia Maria Moraes de Oliveira 1,2, Luisa Campos Caldeira Brant 3,4, Carisi Anne Polanczyk 5,6,7, Deborah Carvalho Malta 3, Andreia Biolo 5,6,7, Bruno Ramos Nascimento 3,4,8, Maria de Fatima Marinho de Souza 3,9, Andrea Rocha De Lorenzo 2,10, Antonio Aurélio de Paiva Fagundes Júnior 11,12,13, Beatriz D Schaan 5,7, Christina Grüne de Souza e Silva 1,2, Fábio Morato de Castilho 3,4, Fernando Henpin Yue Cesena 14, Gabriel Porto Soares 1,15, Gesner Francisco Xavier Junior 3, Jose Augusto Soares Barreto Filho 16,17, Luiz Guilherme Passaglia 3,4, Marcelo Martins Pinto Filho 3,4, M Julia Machline-Carrion 18,19, Marcio Sommer Bittencourt 20, Octavio M Pontes Neto 21, Paolo Blanco Villela 1,2, Renato Azeredo Teixeira 3, Ricardo Stein 5, Roney Orismar Sampaio 22,23, Thomaz A Gaziano 24,25, Pablo Perel 26,27, Gregory A Roth 28, Antonio Luiz Pinho Ribeiro 3,4
PMCID: PMC11185831  PMID: 38896747

SOBRE ESTE DOCUMENTO

Abreviaturas Usadas nesta Introdução.

AVC Acidente Vascular Cerebral
CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
CINAHL Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
COVID-19 Doença do novo coronavírus 2019
CRVM Cirurgia de Revascularização do Miocárdio
CV Cardiovascular
DAC Doença Arterial Coronariana
DALY Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Year)
DATASUS Base de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DCh Doença de Chagas
DCR: Doença Cardíaca Reumática
DCV: Doença Cardiovascular
DeCS Descritores em Ciências da Saúde
ECG Eletrocardiograma
ELSA-Brasil Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto
FA Fibrilação Atrial
GBD Global Burden of Disease
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Intervalo de Confiança
ICP Intervenção Coronariana Percutânea
IHME Institute for Health Metrics and Evaluation
II Intervalo de Incerteza
Int$ dólares internacionais
IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrievel System Online
MeSH Medical Subject Headings
NYHA New York Heart Association
PIB Produto Interno Bruto
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
PPC Paridade do Poder de Compra R$ Reais
RECALL Registro Brasileiro de Fibrilação Atrial Crônica
SCA Síndrome Coronariana Aguda
SCC Síndrome Coronariana Crônica
SIH Sistema de Informações Hospitalares
SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade
SUS Sistema Único de Saúde
TTR Tempo na Faixa Terapêutica (do inglês, Time in Therapeutic Range)

A publicação Estatística Cardiovascular – Brasil tem por objetivo fornecer uma compilação anual dos dados e das pesquisas sobre a epidemiologia das DCV no Brasil. Este documento congrega as estatísticas oficiais do Ministério da Saúde do Brasil e outras entidades governamentais ao lado de dados do projeto GBD, coordenado pelo IHME da Universidade de Washington. Além disso, incorpora dados derivados de várias fontes e estudos científicos, inclusive coortes e registros, relacionados às DCV e fatores de risco associados. Esta publicação destina-se a um público variado, incluindo pesquisadores, clínicos, pacientes, formuladores de políticas de saúde, profissionais da mídia, o público em geral e todos aqueles que buscam dados nacionais abrangentes sobre DCV e acidente vascular cerebral. Pesquisadores voluntários de várias universidades e instituições de pesquisa brasileiros realizaram este projeto. O grupo é liderado por um comitê diretivo com cinco membros (ALPR, CAP, DCM, GMMO e LCCB). A Sociedade Brasileira de Cardiologia apoia integralmente esta iniciativa e o projeto recebe colaboração da Rede GBD Brasil 1 e de um comitê internacional (GAR, PP e TAG) com membros do IHME/Universidade de Washington (GAR) e da World Heart Federation (PP e TAG).

A primeira Estatística Cardiovascular – Brasil foi lançada em 2020 2 e incluiu capítulos sobre DCV total e cinco condições específicas: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, cardiomiopatia e insuficiência cardíaca e fibrilação atrial. A publicação segue a metodologia usada pela American Heart Association na produção anual da Heart Disease & Stroke Statistics Update , 3 que também enfatiza dados epidemiológicos e de saúde pública. A Estatística Cardiovascular – Brasil 2021 4 incluiu os dados mais recentes sobre aquelas doenças e novos capítulos sobre comportamentos e fatores de risco CV, especificamente hipertensão, diabetes, dislipidemia, obesidade e tabagismo e uso de tabaco. Um site de apoio fornece gráficos e mapas baseados nos dados disponíveis. Essas duas primeiras versões da Estatística Cardiovascular – Brasil 2 , 4 logo se tornaram uma referência na área e uma fonte natural de informação para as partes interessadas, profissionais da saúde e pesquisadores, tendo sido acessadas mais de 26 mil vezes (somente através da página da ABC Cardiol) até novembro de 2023.

O advento da pandemia de COVID-19, que assolou o Brasil a partir de fevereiro de 2020 e ‘roubou a cena’ nos dois anos seguintes, mudou nossas vidas e práticas profundamente. O número de mortes no Brasil chegou a inacreditáveis 700 mil e quase 37 milhões de pessoas foram infectadas. 5 Os recursos de saúde e capacidade de pesquisa no Brasil e no mundo foram massivamente direcionados para atender pacientes de COVID-19 e melhor compreender a doença, assim como preveni-la e tratá-la. Desde o início, ficou clara a existência de uma interação entre COVID-19 e DCV, devido não apenas à concorrência por recursos de saúde e políticas para mitigação, que, embora necessárias, afetaram indiretamente a assistência CV, mas também à possível interação entre o vírus e o sistema CV, sua prevenção através de vacinas e alguns supostos tratamentos. 6 Entretanto, não podíamos prever que, como detalhado nesta versão da Estatística Cardiovascular - Brasil , a COVID-19 se tornaria a mais importante causa de morte no Brasil em 2021, superando a síndrome coronariana aguda e o acidente vascular cerebral. Neste documento, cada capítulo traz os dados brasileiros sobre a interação da COVID-19 com as DCV e seus fatores de risco, ressaltando a importância da comunidade brasileira de pesquisa na área.

Além de todos esses aspectos largamente discutidos nas publicações científicas, conferências e mídia em geral, a pandemia de COVID-19 afetou o tempo e a maneira como os dados de saúde foram coletados e relatados, causando atrasos e incertezas na estatística de mortalidade e carga de doença em geral. A coexistência e a maior letalidade da COVID-19 em pacientes com doenças crônicas, como as DCV, assim como a maior frequência de mortes fora do hospital, reduziram a acurácia da informação sobre a causa de morte, tornando a interpretação dos achados complexa e desafiadora. 8 , 13 Estudos epidemiológicos foram suspensos ou adiados e a divulgação de conjuntos de dados definitivos pelas autoridades de saúde foi postergada devido ao trabalho extenuante de fornecer informação rápida sobre a pandemia e o processo de vacinação. O IHME, que produz uma das principais fontes da Estatística Cardiovascular – Brasil , cancelou a divulgação do GBD 2020, cujo lançamento era esperado para meados de 2022, e dedicou-se a estimar e prever dados relativos à pandemia. 16 , 17 Até o momento, não foi disponibilizada ao público uma atualização da última versão do GBD 2019, estando a publicação do GBD 2021 estimada para ocorrer no início de 2024.

A Estatística Cardiovascular – Brasil usa dados de quatro diferentes fontes: (a) sistemas brasileiros de informação de mortalidade e saúde, disponibilizados pelo governo; (b) as mais recentes estimativas do GBD; (c) revisão sistemática da literatura com ênfase nas publicações dos últimos dez anos; (d) custos do uso dos serviços de saúde, com base nas tabelas de reembolso do Sistema Público de Saúde. A ausência de atualização das estimativas do GBD impactou profundamente nosso trabalho: tivemos que cancelar a divulgação da Estatística Cardiovascular – Brasil 2022 . Decidimos publicar a Estatística Cardiovascular – Brasil 2023 com os dados disponíveis do estudo GBD e outras fontes, acrescentando (a) um novo capítulo sobre atividade física como hábito de saúde relacionado à DCV, (b) seções sobre COVID-19 nas DCV específicas e seus fatores de risco, e (c) uma análise de custo mais detalhada. A Estatística Cardiovascular – Brasil 2024 , a ser divulgada até o final de 2024, trará o conjunto completo de dados do GBD 2021 que será publicado no primeiro semestre de 2024.

Além disso, esta Estatística Cardiovascular – Brasil 2023 enfatiza que a DCV ainda responde por quase um terço das mortes no Brasil, afetando desproporcionalmente a camada mais pobre da população, que tem dificuldades de acesso a cuidados de saúde de alta qualidade. 18 , 19 A COVID-19 expôs essas desigualdades, sendo o excesso de mortalidade maior na população negra/parda 20 e o excesso de mortalidade CV maior nas cidades menos desenvolvidas, possivelmente associados com o colapso da assistência à saúde. 8 A existência de dados nacionais representativos, confiáveis e abrangentes sobre DCV, comportamentos e fatores de risco é um passo obrigatório para a superação dessas desigualdades e promoção do melhor cuidado CV possível para todos os brasileiros. Este estudo reúne essa informação, que é essencial não só para o cuidado individual e para o planejamento dos passos seguintes das políticas de saúde no Brasil, 21 mas também indica as lacunas no conhecimento a serem preenchidas com estudos adicionais. Todos desejamos que as pessoas vivam mais e melhor; portanto, saber mais sobre a estatística CV para melhor enfrentar as DCV é um bom começo na busca desse objetivo.

Sistemas de Informação de Mortalidade e de Saúde no Brasil

As principais fontes de dados brasileiros para a Estatística Cardiovascular – Brasil são os sistemas de informação de morbidade e mortalidade, que compreendem o SIM e o SIH, as pesquisas de saúde periódicas, como a PNS, e as estimativas populacionais oficiais, especificados a seguir:

A. Sistema de Informações sobre Mortalidade: O SIM é responsável por coletar, armazenar, gerenciar e divulgar dados nacionais de mortalidade. O Ministério da Saúde utiliza um modelo de declaração de óbito padrão para coletar informação sobre morte, que emprega a CID para codificar as causas de morte. Além disso, um fluxo para coletar, processar e distribuir a informação sobre morte foi implementado em todos os 5.570 municípios do país. 22 - 27 A qualidade da estatística sobre causas de morte no Brasil, baixa no início dos anos 2000, em especial em algumas partes do país, melhorou significativamente nas duas últimas décadas. 28 Por conhecer a heterogeneidade desses indicadores no Brasil e buscando uma estimativa da informação mais próxima da situação real, o relatório Estatística Cardiovascular – Brasil tratou os dados, realizando a correção para subnotificação e a redistribuição das causas de morte mal definidas. 25

B. Sistema de Informações Hospitalares: O conjunto de dados do SIH registra todas as hospitalizações financiadas pelo SUS em nível municipal através da ‘Autorização de Internação Hospitalar’, que contém informação sobre as doenças que levaram à hospitalização (usando a CID-10), o tempo de permanência, os procedimentos e os custos. 26 A informação do SIH-SUS permite o desenvolvimento de metodologias e a definição de indicadores para identificar disparidades geográficas relacionadas aos recursos hospitalares. 27

C. Pesquisa Nacional de Saúde: A PNS é um inquérito de base domiciliar, representativo do Brasil, de suas grandes regiões e UF, regiões metropolitanas, capitais e de outros municípios em cada UF. A primeira versão da PNS foi conduzida em 2013 com uma amostra de 64.348 domicílios. Em 2019, um segundo inquérito foi conduzido em mais de 94.114 domicílios. 28 A pesquisa incluiu a maioria dos tópicos de saúde, como doenças não transmissíveis, função renal, idosos, mulheres, crianças, utilização dos serviços de saúde, desigualdades em saúde, características antropométricas, exames laboratoriais, além de aferição da pressão arterial. 29

D. Para as estimativas populacionais, utilizaram-se no denominador as estimativas populacionais mais atualizadas geradas pelo IBGE ( www.ibge.gov.br ). Para as hospitalizações e análises de custo, utilizou-se a população residente estimada para o Tribunal de Contas da União anualmente, de 2008 a 2021.

Estudo Global Burden of Disease

O Estudo GBD ( http://www.healthdata.org/gbd ) é o mais abrangente estudo epidemiológico observacional de âmbito mundial até o momento. Descreve mortalidade e morbidade decorrentes das principais doenças, injúrias e fatores de risco em níveis global, nacional e regional. O exame das tendências a partir de 1990 até o presente, assim como as comparações entre populações, permite compreender os desafios em saúde enfrentados pelas pessoas em todo o mundo no século 21. A Rede GBD Brasil 1 tem colaborado com o IHME, que lidera o projeto em âmbito mundial, para a identificação e a provisão de conjuntos de dados, a revisão de modelos e estimativas, bem como a validação e a publicação de resultados para o Brasil. 30 , 31 Detalhes de como as estimativas são calculadas podem ser obtidos no website do IHME ( http://www.healthdata.org/acting-data/what-we-measure-and-why ). O Estudo GBD 2019 é o último conjunto de dados disponibilizado publicamente. 32 Em 2022, uma atualização para as DCV com dados limitados atualizados para 2021 foi divulgada e essas estimativas também foram usadas no nosso relatório. 37 As principais estimativas usadas neste documento estão resumidas a seguir:

A. Estimativas de mortes e de causas de morte. A principal fonte de informação é o SIM, um conjunto de dados do Ministério da Saúde, ajustado para outras fontes nacionais e internacionais. O IHME corrigiu a subnotificação de mortes e as mortes com “código garbage ” através da utilização de algoritmos previamente publicados, 38 atualizados nas versões mais recentes do estudo ( http://www.healthdata.org/acting-data/determining-causes-death-how-we-reclassify-miscoded-deaths ).

B. Os YLLs são os anos perdidos em razão de mortalidade prematura, sendo calculados subtraindo-se a idade à época da morte da maior expectativa de vida possível para uma pessoa em qualquer idade. Por exemplo, se a maior expectativa de vida para os homens em um certo país for de 75 anos e se um homem morre de câncer aos 65 anos nesse país, tem-se 10 anos potenciais de vida perdidos para o câncer.

C. Os YLDs, anos vividos com incapacidade, também podem ser descritos como os anos vividos com saúde inferior à ideal. Estão aqui incluídas condições como influenza, que pode durar apenas uns poucos dias, ou epilepsia, que pode durar uma vida inteira. Os YLDs podem ser calculados ao se multiplicar a prevalência da condição pelo peso da incapacidade por ela gerada. Os pesos da incapacidade refletem a gravidade de diferentes condições e são desenvolvidos através de pesquisas com o público em geral.

D. DALYs é uma abreviatura para anos de vida perdidos ajustados por incapacidade. Os DALYs são uma métrica universal que permite que pesquisadores e formuladores de políticas comparem populações e condições de saúde muito diferentes ao longo do tempo. Os DALYs correspondem à soma dos YLLs e YLDs, sendo 1 DALY igual a 1 ano de vida saudável perdido. Esse índice permite que se estime o número total de anos perdidos devido a causas específicas e fatores de risco em níveis global, nacional e regional.

Revisão Sistemática da Literatura

Os descritores para a elaboração das estratégias de busca foram selecionados no MeSH e no DeCS, os vocabulários controlados da MEDLINE e da LILACS, respectivamente. O plano da Embase foi desenhado com descritores Emtree em associação com MeSH. Além disso, termos livres foram usados, i.e., palavras-chave significativas e seus sinônimos, variações ortográficas e acrônimos essenciais para a busca no domínio pesquisado, mas que não são descritores controlados (ou não estão na lista de sinônimo desses descritores). É importante lembrar que, para manter a uniformidade, os mesmos descritores foram usados em todas as estratégias de busca. Entretanto, as estratégias foram customizadas conforme as especificidades de cada base de dados. Vale ainda lembrar que o grupo de termos relacionados a ‘Brasil’ foi em geral utilizado em todos os campos de pesquisa (assunto, autor, título, afiliação institucional, nome do periódico, etc.).

As bases selecionadas para busca foram a MEDLINE através da PubMed, Embase, LILACS, CINAHL, Cochrane Library Scopus e Web of Science . Os seguintes filtros e limites da pesquisa bibliográfica foram utilizados: período de publicação (2004-2022); línguas: português, inglês e espanhol; tipo de estudo/publicação: Revisão, Meta-Análise, Ensaio Clínico, Ensaio Randomizado Controlado, Estudo Comparativo, Diretriz de Prática, Diretriz, Revisão Sistemática, Estudo de Avaliação, Publicação Governamental e Estudo Multicêntrico. Todas as referências foram organizadas usando-se o EndNote Web . A partir da busca, os artigos foram incluídos caso os estudos fossem de base populacional ou comunitária. Deu-se preferência aos estudos de âmbito nacional ou estadual. Os estudos conduzidos em serviços de saúde ou hospitais foram incluídos caso fossem multicêntricos e possuíssem tamanho amostral adequado (> 200 participantes foi o ponto de corte sugerido). Além dos artigos identificados na busca sistemática, os autores puderam incluir outros encontrados nas referências dos artigos buscados ou outros de que tivessem conhecimento em suas áreas de especialidade, caso os estudos atendessem aos critérios acima mencionados. Por fim, a decisão de quais estudos incluir em cada capítulo coube principalmente aos especialistas designados para o tema em questão.

Utilização da Atenção à Saúde

Os estudos sobre o custo da atenção à saúde apresentam grande variabilidade metodológica e precisam ser interpretados com cautela. No presente documento, a maior parte dos dados sobre custo foi obtida das bases de dados de reembolso do Sistema Público de Saúde de 2008 a 2021. Durante esse período, o reajuste pela inflação não foi realizado de maneira regular nem homogênea nos grupos e nos procedimentos de DCV. A taxa de inflação brasileira (baseada no IPCA) de 2008 a 2018 foi 76,3%, enquanto a inflação média para os procedimentos CV foi 43,5%. Para alguns códigos de procedimento, o reajuste foi mínimo, como para a implantação de stent coronariano, cujo reajuste foi de 8,7%. Para outros códigos, o reajuste ficou acima da inflação, como para o tratamento de arritmias (83,4%).

Para minimizar o viés na notificação e na interpretação dos dados de custo, aplicou-se uma abordagem sistemática em todos os capítulos. Nas análises de custo geral, foram utilizadas as unidades monetárias originais [R$ ou US$ em um determinado ano] e Int$. Os Int$ foram convertidos em PPC ajustados para US$ 2021 (Int$ 2021) usando-se o conversor de custo do Centro Campbell and Cochrane Economics Methods Group Evidence for Policy and Practice Information and Coordination . Nesse método, aplicou-se uma abordagem em duas etapas. Na primeira, ajustou-se a estimativa original de custo no preço-ano original para o preço-ano alvo, usando-se o índice de deflação do PIB, que, para este relatório, foi o IPCA (taxa de inflação brasileira). Na segunda, houve conversão dessa estimativa ajustada da moeda original para a moeda alvo, usando-se as taxas de conversão baseadas em PPC para o PIB (valores PPC). 39 Para estudos econômicos originais, quando o ano-base da moeda não foi informado ou não pôde ser inferido a partir do manuscrito (p. e., coleta de dados do ano passado), recomendou-se adotar o ano anterior ao da publicação do manuscrito.

HIGHLIGHTS

Capítulo 1 – Doença Cardiovascular Total

•As DCV costumam ser a principal causa de morte no Brasil, onde, dentre todas as DCV, a DAC foi a causa número 1 de morte, seguida por AVC, em 1990 e em 2019. De acordo com o SIM, em 2021, a COVID-19 tornou-se a principal causa de morte de homens e mulheres.

•Nos anos iniciais da pandemia de COVID-19, 2020 e 2021, houve redução significativa nas admissões hospitalares para todos os tipos de DCV. Alguns fatores devem ser considerados, tais como o aumento do número de mortes cardiovasculares fora do hospital, a redução da busca por assistência médica e a admissão hospitalar com concomitância de DCV e COVID-19 registrada como diagnóstico primário.

•Mais de R$ 1 bilhão são gastos anualmente no Brasil pelo SUS com procedimentos cardiovasculares.

Capítulo 2 – AVC (Doenças Cerebrovasculares)

•Dados do GBD mostram que a taxa de mortalidade padronizada por idade de AVC isquêmico por 100 mil em 2021 foi 31,7 (28 a 33,9) ( Tabela 2-1 e Figura 2-1 ). A maior mortalidade foi observada no Maranhão, 49,8 (42,8 a 56), e a menor, no Rio Grande do Norte, 25 (21,1 a 27,9).

Tabela 2-1. – Taxas de mortalidade e DALYs padronizadas por idade por AVC por 100 mil, no Brasil e unidades federativas em 2021.

  DALY Mortalidade
Acre 560,4(513,6-606) 36,5(32,4-39,7)
Alagoas 753,8(667,3-828,1) 47(40,3-51,6)
Amapá 650,8(584-731,2) 42,1(35,8-47,8)
Amazonas 542,9(488,9-595,4) 35(31-38,2)
Bahia 523(454,7-580,2) 32,1(27,6-36)
Brasil 511,4(470,6-542,5) 31,7(28-33,9)
Ceará 513,5(445,6-580,7) 33,6(28,4-38,2)
Distrito Federal 573,3(521,3-630,5) 44,5(39,9-48,7)
Espírito Santo 553,3(494,4-602,7) 34,2(29,3-37,4)
Goiás 481,4(442,4-532,4) 30,4(26,7-33,5)
Maranhão 759,8(674,3-858) 49,8(42,8-56)
Mato Grosso 514,2(468,1-566,2) 30,8(27,2-33,7)
Mato Grosso do Sul 505(455,8-558,7) 31,1(26,9-34,8)
Minas Gerais 435,4(389,6-474,2) 26,4(23,3-28,9)
Pará 670,8(580,7-786,5) 41(34-47,8)
Paraíba 464,1(421,5-510,6) 29,1(25,8-31,8)
Paraná 586(532,3-638) 36,9(33,6-40,5)
Pernambuco 505,3(453,8-556,3) 31,8(27,5-34,9)
Piaui 602,4(523,5-672,7) 38,7(31,6-43,7)
Rio de Janeiro 497,1(444,2-551,7) 29,8(26-33)
Rio Grande do Norte 407,1(359,5-449,7) 25(21,1-27,9)
Rio Grande do Sul 566,6(515,1-614,4) 34,5(30,6-37,6)
Rondônia 514,3(451,9-584,8) 32,5(27,6-36,9)
Roraima 716(609,1-849,4) 48,3(41,2-55,7)
Santa Catarina 491,6(434,5-534,6) 32,1(27,7-35,3)
São Paulo 461,3(410,5-505,7) 28,6(24,3-31,6)
Sergipe 555,7(505,6-603,1) 35,1(30,8-38,7)
Tocantins 622,8(563-700,3) 39,5(34,3-44,9)

Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

Figura 2-1. – Taxa de mortalidade padronizada por idade por AVC isquêmico (A), por hemorragia intracerebral (B) e por hemorragia subaracnóidea (C) por 100 mil habitantes, 2021. Dados derivados das estimativas do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 2-1

•Dados do GBD mostram que a taxa de DALYs padronizada por idade por 100 mil por AVC isquêmico em 2021 foi 511,4 (470,6 a 542,5). A mais alta taxa de DALYs foi observada no Maranhão, 759,8 (674,3 a 858), e a mais baixa, no Rio Grande do Norte, 407,1 (359,5 a 449,7).

•Os custos relacionados a hospitalizações por AVC e ajustados para a inflação de 2008 a 2021 chegaram a US$ 1.195.975.877,98, variando de US$ 28.661.321,88, em 2008, a US$ 66.843.953,39, em 2021.

•Recentemente, ocorreram várias iniciativas para promover a conscientização do público sobre AVC no Brasil, em especial através de campanhas anuais por ocasião do Dia Mundial do AVC (29 de outubro) conduzidas pela Organização Mundial do AVC. Apesar desses esforços, vários estudos mostraram uma alarmante falta de conhecimento sobre os fatores de risco e tratamento do AVC, assim como de reconhecimento dos sintomas de AVC como uma emergência médica.

Capítulo 3 – Doença Arterial Coronariana Aguda e Crônica

•De acordo com as estimativas do GBD para o ano 2021, a taxa de mortalidade padronizada por idade por DAC foi 67,1 (II 95%, 60,9-71,0) por 100 mil habitantes no Brasil.

•A pandemia de COVID-19 impactou substancialmente a estatística relacionada à DAC no Brasil. Dados do SUS mostraram que as admissões hospitalares por SCC e SCA caíram 12,8% (IC 95%, 12,5%-13,2%) e 13,6% (IC 95%, 13,3%-13,9%), durante a pandemia em comparação aos valores médios nos três anos anteriores (2017-2019). A mortalidade hospitalar e a proporção de óbitos domiciliares relacionadas a SCC e SCA aumentaram durante a pandemia.

•O número de ICP realizadas nos hospitais públicos mais do que dobrou de 2008 a 2022, embora o ticket médio por caso tenha caído à metade (valores ajustados: de R$ 12.916 em 2008 para R$ 6.443 em 2022). O valor ajustado reembolsado por CRVM (ticket médio) diminuiu em ~23% (de R$ 20.339 em 2008 para R$ 15.723 em 2021).

Capítulo 4 – Cardiomiopatia e Insuficiência Cardíaca

•Um estudo da base de dados DATASUS mostrou uma redução nas hospitalizações por insuficiência cardíaca e cardiomiopatia no Brasil durante a pandemia de COVID-19, associado ao aumento na gravidade clínica dos pacientes hospitalizados e nas mortes hospitalares.

•A despeito da preocupação quanto ao impacto da coinfecção por COVID-19 e DCh, os dados disponíveis não mostram aumento do risco de morte nesses pacientes.

•Estudos recentes confirmam redução na prevalência de DCh e na sua mortalidade no Brasil nas últimas décadas.

Capítulo 5 – Doença Valvar do Coração

•Enquanto a prevalência de DCR no Brasil e na América do Sul tropical permanece relativamente estável, com aumentos explicados por melhor acesso ao diagnóstico e incorporação da doença latente nos modelos, a mortalidade associada tende a diminuir.

•Há uma crescente conscientização sobre a doença na região, reforçada por iniciativas de pesquisa e programas locais.

•As alterações no perfil epidemiológico e na composição etária no Brasil estão levando a uma crescente carga de DVC não reumática, em especial doenças valvares mitral e aórtica degenerativas, que requerem ações e políticas específicas, principalmente do setor público.

•Houve impacto importante e multifatorial da pandemia de COVID-19 nas hospitalizações associadas com manejo clínico e cirúrgico das DVC, sendo que os números tenderam a retornar aos níveis basais apenas no final de 2021 e 2022. Padrão similar foi observado para os custos associados.

•Considerando as restrições orçamentárias e os crescentes custos dos procedimentos cirúrgicos e percutâneos e dos dispositivos, são necessários investimentos para tratar as DVC no Brasil, em especial para abordar as necessidades específicas que emergiram dos dados administrativos e científicos nos últimos anos.

Capítulo 6 – Fibrilação Atrial e Flutter Atrial

•No estudo de coorte ELSA-Brasil, que incluiu 14.424 adultos com ECG válidos (45,8% homens; idade média, 51 anos; faixa etária, 35-74 anos), a prevalência de FA e flutter atrial confirmada no ECG ou autorrelatada foi 2,5%.

•No registro multicêntrico prospectivo RECALL que incluiu e acompanhou 4.585 pacientes com FA por 1 ano em 89 sites em todo o Brasil de abril de 2012 a agosto de 2019, ocorreu morte em 8,8/100 pacientes/ano (IC 95%, 8,0-9,6), que, em modelos multivariados, foi associada com idade mais avançada, FA permanente, classe III/IV da NYHA, doença renal crônica, doença arterial periférica, AVC, doença pulmonar obstrutiva crônica e demência. O uso de anticoagulantes foi associado a menor mortalidade. Pacientes com TTR <60% apresentaram maior mortalidade e mais eventos de sangramento maior em comparação aos pacientes com TTR ≥60%. Durante a pandemia de COVID-19, houve redução em hospitalizações e procedimentos para FA, em particular em 2020. Essa redução relacionou-se provavelmente aos efeitos indiretos da pandemia, quando houve uma diminuição nas hospitalizações cardiovasculares em geral no Brasil e no mundo.

Capítulo 7 – Hipertensão

•A porcentagem de pacientes com idade igual ou superior a 18 anos com diagnóstico autorreferido de hipertensão nas capitais brasileiras (Vigitel) foi de 26,3% em 2021.

•A associação de hipertensão e seu controle com determinantes sociais de saúde, como urbanização, sexo e raça, tem sido repetidas vezes mostrada no Brasil recentemente.

•Durante a pandemia de COVID-19, houve mudança na prevalência de hipertensão, que passou de tendência a estabilidade de 2007 a 2019 para discreta elevação em 2020 e 2021 nas capitais brasileiras, conforme dados do Vigitel.

Capítulo 8 – Dislipidemia

•A PNS de 2019 utilizou o diagnóstico autorreferido de colesterol alto e, nos 88.531 adultos avaliados, identificou-se uma prevalência de 14,6% de colesterol alto. Os fatores mais fortemente associados a essa condição, medidos pela sua RP foram: sexo feminino, idade ≥ 60 anos, possuir plano de saúde, autoavaliação de saúde ruim ou muito ruim, ter hipertensão, diabetes ou insuficiência renal, ser obeso ou ex-fumante, consumir álcool abusivamente, ser ativo no lazer.

•Estudos contextualizando o papel dos marcadores de aterosclerose subclínica na prática médica e o efeito do uso desses marcadores substitutos de aterosclerose na modificação do tratamento clínico, assim como a custo-efetividade dessa utilização, são necessários.

•A frequência de rastreio, tratamento e controle da dislipidemia no Brasil, de acordo com sexo e grupos etários, precisa ser investigada. Além disso, o impacto da dislipidemia no sistema de saúde, incluindo custos, ainda não foi avaliado de maneira mais abrangente.

Capítulo 9 – Diabetes Mellitus

•Houve redução no número de casos de diabetes desconhecidos no Brasil, o que pode ter ocorrido por maior taxa de rastreamento e maior acesso ao diagnóstico. No entanto, o acesso ao diagnóstico ainda se caracteriza por desigualdades, sendo maior em mulheres, pessoas autodeclaradas brancas, idosos e com maior nível educacional, e menor em pessoas autodeclaradas pretas, de áreas rurais e naquelas sem plano de saúde privado.

•Os indicadores de cuidado de pessoas com diabetes têm sido monitorados, demonstrando aumento no número de pessoas que receberam tratamento médico, mas piora no percentual de rastreamento de complicações crônicas em homens, pessoas mais jovens, de cor preta e com menores níveis socioeconômicos e educacionais.

•À semelhança dos dados de outros países, os dados brasileiros mostraram que a síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em pessoas com diabetes levou a maior probabilidade de internações em unidade de terapia intensiva e maior mortalidade, quando comparadas a pessoas sem diabetes.

Capítulo 10 – Tabagismo e Uso de Tabaco

•A prevalência de tabagismo na população adulta apresentou redução total (0,7%) de 2019 a 2021 em ambos os sexos.

•A prevalência do uso de outros produtos derivados do tabaco nos últimos 30 dias entre adolescentes aumentou de 2015 (7,2%; IC 95% 6,1-8,2%) para 2019 (12,4%; IC 95%, 11,8-12,9%).

•A prevalência do uso de cigarros eletrônicos entre indivíduos com idade de 15-65 anos aumentou de 0,45% em 2015 para 0,72% em 2019.

•A carga econômica total atribuível ao tabaco no Brasil em 2020 foi estimada em US$ 24,3 bilhões, representando 1,9% do PIB e 7,8% das despesas nacionais em saúde.

Capítulo 11 – Obesidade e Sobrepeso

•Houve tendência de aumento nas porcentagens de sobrepeso e obesidade no Brasil de 2006 a 2021, de acordo com dados do VIGITEL. A maioria das capitais mostrou porcentagens mais altas de obesidade do que os valores nacionais para ambos os sexos, exceto Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis, Palmas, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Teresina e Vitória.

•Nas capitais brasileiras, a porcentagem de adultos (≥18 anos) com obesidade em 2021 foi 22,4% (22,0% para homens e 22,6% para mulheres). Aumento progressivo de obesidade foi observado com o aumento da idade, variando de 12,2% no grupo etário de 18-24 anos a 26,2% no grupo etário de 45-54 anos. Para o grupo etário de 60+ anos, houve discreta redução na prevalência de obesidade, 21,8%.

•Aumento na prevalência de obesidade também foi observado entre crianças e adolescentes brasileiros.

Capítulo 12 – Atividade Física

•Apesar do conhecimento crescente em relação aos benefícios cardiovasculares da atividade física regular e uma tendência à redução da inatividade física entre os brasileiros nos últimos anos, quase metade da população brasileira não alcança o nível mínimo recomendado de atividade física, sendo os números mais preocupantes os de mulheres, idosos e aqueles com menor nível de escolaridade.

•A pandemia da COVID-19 impactou negativamente esse cenário, uma vez que foi observado um aumento no tempo dedicado a comportamentos sedentários em todo o país, principalmente entre as mulheres e os adultos jovens com idade entre 18 e 29 anos.

•Dados do GBD 2019 mostram que, apesar de uma redução de 47,6% da taxa de mortalidade por DCV atribuíveis aos baixos níveis de atividade física entre 1990 e 2019, 7,6% do total de mortes por DCV no Brasil ainda é atribuído a esse fator de risco.

CAPÍTULO 1 – DOENÇA CARDIOVASCULAR TOTAL

CID-9 390 a 459; CID-10 I00 a I99.

Ver Tabelas 1-1 até 1-7 e Figuras 1-1 até 1-7

Abreviaturas usadas neste capítulo.

AVC Acidente Vascular Cerebral
CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
COVID-19 Doença do novo coronavírus 2019
DAC Doença Arterial Coronariana
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Years )
DATASUS Base de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DCV Doença Cardiovascular
DNC Doenças Não Comunicáveis
ELSA-Brasil Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto
GBD Global Burden of Disease
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Intervalo de Confiança
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDHm Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
II Intervalo de Incerteza
NCDP Doenças Não Comunicáveis associadas à Pobreza (do Inglês, Non-Communicable Disease of Poverty )
OMS Organização Mundial da Saúde
OR Odds Ratio
PIB Produto Interno Bruto
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática
SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade
SUS Sistema Único de Saúde
UF Unidade Federativa

Panorama

•As DNC constituem o principal grupo de causa de morte em todo o mundo, sendo responsáveis por óbitos prematuros, perda de qualidade de vida, além de impactos econômicos e sociais adversos. As DNC são responsáveis por cerca de 70% das mortes globais, equivalendo a mais de 38 milhões de óbitos por ano, excedendo significativamente as mortes por causas externas e por doenças infecciosas. 40 - 43 Cerca de 33% de todas as mortes por DNC no mundo, mais de 18 milhões, são causadas por DCV. Distribuição similar é observada no Brasil, onde 72% das mortes resultam de DNC, sendo 30% devidas a DCV e 16% a neoplasias ( Figura 1-1 ). 31 , 44 , 45

Figura 1-1. – Mortalidade proporcional por doença infecciosa (CID-10 Cap. I) e doença cardiovascular (Cap. IX) em relação ao total de mortes, Brasil, 2021. DCV: doença cardiovascular. Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49 .

Figura 1-1

•A definição de DCV pode variar de acordo com o estudo, desde a inclusão de todas as doenças listadas no Capítulo IX da CID-10 até o simples agrupamento das três principais (DAC, AVC e outras doenças cardíacas). Para o GBD, a definição de DCV total engloba dez doenças: cardiopatia reumática, DAC, doença cerebrovascular, cardiopatia hipertensiva, cardiomiopatia, miocardite, fibrilação e flutter atrial, aneurisma aórtico, doença vascular periférica e endocardite. 46

•As DCV são a principal causa de morte prematura no mundo, responsável por aproximadamente um terço de todas as mortes. Espera-se que esse número aumente no futuro. 47

•As DCV costumavam ser a principal causa de morte no Brasil. De acordo com as estimativas do Estudo GBD 2019, a DAC era a causa número 1 de morte no país, seguida por AVC, em 1990 e 2019. Na verdade, em 2019, a DAC foi a principal causa de morte em todas as UF brasileiras, exceto no Amazonas, na região Norte. Três estados nessa região, Acre, Amapá e Pará, não apresentaram diferença significativa quanto às taxas de mortalidade por DAC e AVC. 4

•Em 2021, devido à pandemia de COVID-19, as DCV deixaram de ser a principal causa de morte, dando lugar às doenças infecciosas e contagiosas na maioria das UF brasileiras, conforme dados do SIM ( Figura 1-1 ). 11

•Em 2021, a COVID-19 foi a principal causa de morte de homens e mulheres. Entre os homens, a segunda principal causa de morte foi DAC, seguida das doenças cerebrovasculares. Entre as mulheres, as doenças cerebrovasculares foram a segunda principal causa de morte e a DAC, a terceira ( Tabela 1-1 ). 12

Tabela 1-1. – COVID-19 foi a primeira das 10 principais causas de morte no Brasil em 2021.

Ranking masculino Causa % Ranking feminino Causa %
1 COVID-19 24,3 1 COVID-19 24,0
2 DAC 6,9 2 Doença cerebrovascular 6,4
3 Doença cerebrovascular 5,3 3 DAC 6,0
4 Homicídio 3,9 4 Diabetes mellitus 5,2
5 Infecções respiratórias baixas 3,8 5 Infecções respiratórias baixas 4,4
6 Diabetes mellitus 3,6 6 Alzheimer e outras demências 2,7
7 Acidentes de trânsito 2,6 7 Câncer de mama 2,3
8 Doença pulmonar obstrutiva crônica 2 8 Doença pulmonar obstrutiva crônica 2,0
9 Cirrose hepática 1,7 9 Doença hipertensiva 1,8
10 Câncer de próstata 1,6 10 Cânceres de traqueia, brônquios e pulmão 1,6

DAC: doença arterial coronariana. Fonte: Ministério da Saúde do Brasil Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49

Prevalência

•A prevalência de DCV aumenta à medida que a idade avança, independentemente do gênero. Entretanto, a diferença na prevalência entre homens e mulheres é mais significativa entre crianças menores de 5 anos de idade. Dos 5 anos aos 44 anos, as mulheres têm maior prevalência do que os homens, mas, depois dos 44 anos, a prevalência entre homens aumenta, sendo a diferença entre os gêneros máxima no grupo etário de 60-69 anos, como mostra a Figura 1-2 . 48

Figura 1-2. – Prevalência de doença cardiovascular entre homens e mulheres por grupo etário e razão de prevalência, Brasil, 2021.Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Figura 1-2

•De acordo com uma atualização recente dos dados do GBD, a taxa de prevalência de DCV no Brasil em 2021 foi 6,9% (6,4-7,4) para os dois sexos, sendo maior entre os homens, 7,6% (7,0-8,1), do que entre as mulheres, 6,3% (6,0-6,9). 48 , 49

•Gonçalves et al. publicaram em 2019 um estudo transversal que analisou informação da PNS conduzida em 2013 em uma amostra de 60.202 adultos com mais de 18 anos, estratificados por sexo e grupos etários, usando um modelo de regressão logística binário e hierárquico. O diagnóstico autorreferido de doença cardíaca no Brasil foi de 4,2% (IC 95%: 4,0-4,3 ) e associado com as seguintes características: sexo feminino (OR = 1,1; IC 95%: 1,1-1,1), indivíduos de 65 anos ou mais (OR = 4,7; IC 95%, 3,3-5), hipertensão (OR = 2,4; IC 95%: 2,2-2,7), colesterol elevado (OR = 1,6; IC 95%: 1,5-1,8), sobrepeso (OR = 1,5; IC 95%: 1,4-1,8) ou obesidade (OR = 2,0; IC 95%: 1,7-2,2), sedentarismo (OR = 1,5; IC 95%: 1,02-2,1) e tabagismo (OR = 1,2; IC 95%: 1,03-1,3). 50

•No estudo ELSA-Brasil, uma coorte que incluiu 15.105 funcionários públicos de seis instituições acadêmicas (54% mulheres, 35-74 anos, com avaliação basal entre 2008 e 2010), a prevalência autorreferida de DCV foi a seguinte: DAC, 4,7% (homens=5,7%, mulheres=4,0%); insuficiência cardíaca, 1,5% (homens=1,9%, mulheres=1,5%); AVC, 1,3% para ambos os sexos; febre reumática, 2,9% (homens=2,2%, mulheres=3,4%); e doença de Chagas, 0,4% para ambos os sexos. 51

•De acordo com dados da PNS de 2013, a porcentagem de pessoas no Brasil com saúde cardiovascular ideal foi inferior a 1%. Tal porcentagem foi ainda mais baixa entre homens, indivíduos acima dos 60 anos de idade e residentes da região sul do Brasil. Estudos internacionais relataram desfechos similares, indicando que a prevalência de saúde cardiovascular ideal nos países do Cone Sul (Argentina, Chile e Uruguai) e nos Estados Unidos é menor do que 1% e nula, respectivamente. 52

•De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, em 2019, haviam 12.946.932 indivíduos com DCV no Brasil, e 51% deles eram homens A taxa de prevalência de DCV diminuiu entre os idosos, mas aumentou entre homens e mulheres no grupo etário de 15-49 anos. 53

Incidência

•De acordo com o Estudo GBD 2019, a taxa de incidência de DCV padronizada por idade no Brasil em 2019 foi 475 (II 95%, 447-507) por 100 mil habitantes. De 1990 a 2019, essa taxa diminuiu -20% (-22 a -18). 4 As últimas estimativas do GBD para DCV são de 2019 e foram discutidas na versão anterior da Estatística Cardiovascular – Brasil (2021). 4 Estimativas atualizadas do GBD não haviam sido disponibilizadas até a finalização deste documento.

•Globalmente, há uma incidência crescente de doenças não comunicáveis associadas à pobreza (NCDP), incluindo as DCV (principalmente doença cardíaca e AVC), diabetes, osteoartrite e vários tipos de câncer (mama, próstata, fígado, rins e cólon). A despeito da já bem-estabelecida transição epidemiológica de doenças infecciosas para DNC, altos níveis de várias doenças infecciosas continuam a ocorrer concomitantemente com as DNC, as primeiras frequentemente associadas com infraestrutura precária ou limitada, habitações impróprias, aglomerações e condições insalubres. Isso é característico de países pobres, mas também ocorre nas comunidades carentes em contextos de alta renda. 53 , 54

Mortalidade

•Dados do Estudo GBD 2021 revelam que, embora as taxas de mortalidade por DCV no Brasil tenham caído significativamente nos últimos anos, o número total de mortes por DCV aumentou devido ao crescimento e envelhecimento populacional ( Figura 1-4 ). A taxa de mortalidade padronizada por idade por 100 mil habitantes foi 348,5 (325;359,5) em 1990 e 162,2 (145,8;171,5) em 2021, uma redução de -53,5%. As taxas de mortalidade padronizadas por idade foram mais altas entre os homens em todo o período e a redução percentual foi maior nas mulheres (-56%) do que nos homens (-50,5%). 48

Figura 1-4. – Tendências das taxas brutas de mortalidade por doença cardiovascular no Brasil, homens e mulheres, 2017-2021.

Figura 1-4

Dados do Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49

•Foi observada uma variação entre os estados brasileiros, com as cinco maiores taxas de mortalidade padronizada por idade reportadas no Maranhão, Roraima, Amapá, Alagoas, Tocantins, Pernambuco e Rio de Janeiro. As cinco taxas de mortalidade padronizada por idade mais baixas foram observadas no Amazonas, Rio Grande do Sul, Bahia, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Mato Grosso e Santa Catarina ( Figura 1-3 e Tabela 1-2 ). 48

Figura 1-3. – Taxa de morte padronizada por idade por doença cardiovascular, ambos os sexos, Brasil e unidades federativas, 2021. Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Figura 1-3

Tabela 1-2. – Taxas de mortalidade por doença cardiovascular padronizadas por idade, Brasil e unidades federativas, 2021.

Unidades federativas Mortalidade
Acre 168,8(153,6-181,3)
Alagoas 203,8(178,4-228,3)
Amapá 176(154,9-198,3)
Amazonas 145,2(130,7-157,6)
Bahia 148(130,6-164,3)
Ceará 164(141,1-185,4)
Distrito Federal 172(153,8-188,1)
Espírito Santo 165,9(145,4-180,8)
Goiás 159,2(142,4-174,1)
Maranhão 218,1(196,1-241,4)
Mato Grosso 151,7(133,6-165,8)
Mato Grosso do Sul 170,9(153,5-188,6)
Minas Gerais 135,6(120,4-147,7)
Pará 168,2(143,5-196,1)
Paraíba 169,5(154,2-185,3)
Paraná 158,7(144,9-172,8)
Pernambuco 181,2(158,2-197,7)
Piauí 174(149,3-194,7)
Rio de Janeiro 182,1(160,3-200,7)
Rio Grande do Norte 148,5(130,7-164)
Rio Grande do Sul 147,3(133,5-159,8)
Rondônia 156,2(135,4-176)
Roraima 211,6(182,7-243)
Santa Catarina 150,9(132,4-164,3)
São Paulo 168,9(148,5-186,4)
Sergipe 151,9(135-165,7)
Tocantins 190,2(168,6-214,6)
Brasil 162,2(145,8-171,5)

Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

•Em 2021, o Brasil passou por uma significativa mudança no seu perfil de mortalidade devido à pandemia. Pela primeira vez, as doenças infecciosas tornaram-se a causa de morte primária, ultrapassando as DCV por mais de 100 mil mortes. Doenças infecciosas foram responsáveis por 27% de todas as mortes, com 486.667 mortes, enquanto as DCV causaram 382.507 mortes, representando 21% de todas as mortes. Entre as doenças infecciosas, a COVID-19 foi a principal causa de morte, com 424.461 mortes em 2021. 48

•A taxa de mortalidade por DCV é mais alta entre os homens do que entre as mulheres em quase todos os grupos etários. Como mostra a Figura 1-5 , a razão ‘homens/mulheres’ tem um pico no grupo etário ‘50-69 anos’ e declina até o grupo etário ‘90-94 anos’. Entretanto, depois dos 95 anos, mulheres apresentam taxa de mortalidade mais alta do que homens. 48

Figura 1-5. – Razão ‘homens/mulheres’ da taxa de mortalidade por doença cardiovascular por grupo etário, Brasil, 2021. DCV: doença cardiovascular. Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Figura 1-5

•Antes da pandemia de COVID-19, a DCV era a principal causa de morte em âmbito global e, em 2019, 58% das mortes ocorridas na Ásia foram devidas à DCV. A OMS estabeleceu um plano de ação global para até o ano 2025, visando a reduzir em 25% o número de mortes prematuras por DNC, incluindo DCV. 55

•No Brasil, Mansur et al . relataram que a taxa de mortalidade por DCV padronizada por idade diminuiu significativamente nas últimas décadas. Um estudo de 2016 analisou as taxas de mortalidade por DCV a partir dos 30 anos de idade, por sexo, por 100 mil habitantes. As variações anuais na mortalidade cardiovascular nos períodos 1980-2006 e 2007-2012 foram, respectivamente: -1,5% e -0,8%, para ambos os sexos; -1,4% e -0,6%, para homens; -1,7% e -1,0%, para mulheres. 56

•Baptista et al . investigaram como a composição etária e as taxas de mortalidade específicas por idade se relacionam à diferença observada nas mortes por DCV na população adulta, por sexo, nas microrregiões brasileiras de 1996 a 2015. Aqueles autores sugeriram, após correção para subnotificação das mortes, que houvesse uma redução nas taxas de morte por DCV no período estudado. Entretanto, o principal motivo da mudança nas taxas de mortalidade foi heterogêneo nas microrregiões brasileiras. Em geral, nas áreas mais desenvolvidas socioeconomicamente, a estrutura etária relacionou-se de maneira mais importante às taxas de mortalidade, com as populações mais idosas morrendo por DCV. É interessante notar que os principais motivos de mudança nas taxas de mortalidade por DCV diferiram ainda dentro das regiões e das UF brasileiras. 57

•Malta et al. compararam uma série histórica de taxa de mortalidade por DCV no Brasil, usando a base de dados do SIM com e sem correção e as estimativas do GBD 2017 entre 2000 e 2017. Os autores indicaram que o aumento na taxa de mortalidade observado em 2017 em algumas UF do Norte e Nordeste deveu-se às melhorias nos registros de morte e à melhor classificação das causas básicas de morte nos últimos anos. 25

•Ao analisarem dados do GBD 2015, Brant et al. observaram uma redução na taxa de mortalidade por DCV padronizada por idade de 429,5 (1990) para 256,0 (2015) por 100 mil habitantes (-40,4%), com acentuadas diferenças entre as UF. Essa redução foi mais pronunciada nas UF do Sudeste e Sul e no Distrito Federal, regiões que concentram as maiores populações e renda, sendo mais modesta na maioria dos estados do Norte e Nordeste. 46

•A cobertura do Programa Saúde da Família foi associada a redução nas hospitalizações e na mortalidade por DCV que foram incluídas na Lista de Condições Sensíveis à Atenção Primária no Brasil, tendo seu efeito aumentado de acordo com a duração da implementação do Programa Saúde da Família no município. Rasella et al . relataram reduções nas mortalidades por doença cerebrovascular e doença cardíaca de 0,82 (IC 95%: 0,79-0,86) e 0,79 (IC 95%: 0,75-0,80), respectivamente, chegando a 0,69 (IC 95%: 0,66-0,73) e 0,64 (IC 95%: 0.59-0.68), respectivamente, quando a cobertura do Programa Saúde da Família foi consolidada no total dos 8 anos estudados. 58

•Estudo mostrou uma forte associação entre baixo status socioeconômico e maior carga de DCV. À medida que aumenta o status socioeconômico, as taxas de DCV tendem a cair. Isso sugere que melhorias nas condições socioeconômicas locais tenham levado a uma redução na mortalidade por DCV, achado consistente com os de outros estudos. 59

•Lotufo et al. compararam três diferentes níveis de renda domiciliar (alto, médio e baixo) com taxas de mortalidade por DCV, na cidade de São Paulo, de 1996 a 2010. As variações percentuais anuais e os IC 95% para homens residentes em áreas de renda alta, média e baixa foram -4,1 (-4,5 a -3,8), -3,0 (-3,5 a -2,6) e -2,5 (-2,8 a -2,1), respectivamente. As tendências para as taxas de mulheres residentes em áreas de renda alta foram -4,4 (-4,8 a -3,9) em 1996-2005 e -2,6 (-3,8 a -1,4) em 2005-2010. A redução nas mortes por DCV foi mais significativa para homens e mulheres residentes em áreas mais abastadas, com um gradiente decrescente para risco de morte maior para os residentes de áreas mais abastadas em comparação àqueles de áreas mais carentes. 60

•Observou-se associação inversa do IDHm e da cobertura de saúde suplementar com a mortalidade por DCV, sugerindo uma relação entre fatores socioeconômicos e DCV. O IDHm aumentou entre 2000 e 2010 em todas as UF, sendo 0,7 ou maior na metade das UF. A cobertura de saúde suplementar aumentou no país durante o período estudado e associou-se inversamente com mortalidade por DCV entre 2004 e 2013. 61

•Soares et al. observaram uma diminuição na mortalidade por DCV nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul que precedeu a melhoria no índice socioeconômico. A evolução do PIB per capita, o declínio da mortalidade infantil, o maior nível educacional (representado pela escolaridade, em anos, dos indivíduos com idade superior a 25 anos) e o IDHm mostraram uma grande correlação com a redução na taxa de mortalidade por DCV. A redução nas taxas de mortalidade por DCV, AVC e DAC no estado do Rio de Janeiro nas últimas décadas foi precedida por um aumento no IDH. Um acréscimo de 0,1 no IDH correlacionou-se com as seguintes reduções no número de mortes por 100 mil habitantes: 53,5 por DCV; 30,2 por AVC; e 10,0 por DAC. 62 , 63

•Baptista et al . investigaram a relação entre a taxa de mortalidade por DCV e o desenvolvimento econômico no tempo e no espaço, medido pelo PIB per capita, nas microrregiões brasileiras, de 2001 a 2015. Os autores, usando as bases de dados SIM-DATASUS e SIDRA do IBGE, observaram um rápido declínio na mortalidade por DCV nas regiões Sul e Sudeste, assim como um declínio mais lento na região Centro-Oeste. Por outro lado, as regiões Norte e Nordeste apresentaram um aumento nas taxas de mortalidade por DCV ao longo do tempo, talvez em decorrência do menor acesso aos cuidados em saúde e dos fatores socioeconômicos. 64

•Silveira et al. , estudando o efeito da temperatura ambiente na mortalidade cardiovascular em 27 cidades brasileiras, observaram maior número de mortes cardiovasculares associado com temperaturas baixas e altas na maioria das cidades brasileiras e nas regiões Centro-Oeste, Norte, Sul e Sudeste. O risco relativo geral para o Brasil foi 1,26 (IC 95%, 1,17–1,35) para o percentil 1 de temperatura e 1,07 (IC 95%, 1,01–1,13) para o percentil 99 de temperatura em comparação ao percentil 79 (27,7 °C), cujo risco relativo foi o menor. 65

Carga de Doença

•As DCV não apenas impactam a mortalidade populacional ou reduzem a expectativa de vida, mas também causam incapacidade, dessa forma alongando o período em que um indivíduo afetado se torna improdutivo ou dependente dos outros para realizar suas atividades cotidianas. Ademais, indivíduos podem perder sua capacidade de produção econômica. A Tabela 1-3 apresenta os DALYs para 2021, categorizados por grupo etário e ajustados por idade, para homens e mulheres no Brasil. 48

Tabela 1-3. – Taxas de DALYs por doença cardiovascular por idade, sexo e ano, no Brasil, 2021.

Grupo etário (anos) Mulheres Homens Ambos
Abaixo de 5 327,8(260,1;394,8) 383,9(308;472,4) 356,5(286,1;432,5)
5 a 19 198,1(167,6;235,1) 231,2(200,4;269,7) 214,9(185,7;251,6)
20 a 24 439,6(384,6;494,9) 608,4(552,8;683,7) 524,6(472,5;586,1)
25 a 29 546,4(480,6;613,8) 793,1(739,1;863,7) 668,4(613,3;733,6)
30 a 34 775,9(698,5;861,4) 1190,5(1111,4;1272,3) 978,9(904,8;1055,6)
35 a 39 1198,1(1096,1;1296,4) 1842,9(1739,1;1970,9) 1513,7(1439,4;1602,8)
40 a 44 1955,9(1814,5;2100,1) 3061,7(2905,8;3293,4) 2493(2381,7;2634,4)
45 a 49 2957,4(2776,7;3140,4) 4816(4573,4;5128) 3857,8(3675,1;4030,6)
50 a 54 4034,7(3829,6;4251,5) 7509,3(7126,1;7954,9) 5699,7(5478,4;5943,6)
55 a 59 5396,1(5096,8;5655,6) 10411,1(9888,5;11071) 7761,3(7446,2;8148,5)
60 a 64 7582,7(7157,8;8013,5) 14377,2(13743,6;15250,1) 10724,5(10227,3;11241,4)
65 a 69 10440,7(9551,5;10999,4) 18468,3(17560,5;19567,3) 14100,1(13252,9;14825,6)
70 a 74 13847,1(12713,4;14787,4) 22435,5(21179,5;23838,4) 17700,4(16549,4;18565)
75 a 79 18640,7(16866,6;19781,3) 27676,6(25780;29487) 22551,3(20604,1;23670,6)
80 a 84 24129(20672,6;26360,9) 32268,2(28825,4;34642,2) 27434,4(24030;29537,3)
85 a 89 30302,1(24656,6;33410) 37590,2(32959,5;40444,5) 33002,3(27682,6;35861)
90 a 94 36517,8(28368,6;41236) 39737,4(33252,6;43645,7) 37646(30075,8;42020,3)
95+ 40754,9(30729,3;46726,8) 36987,3(29033,6;41740,1) 39576,6(30225,9;45134,3)
Todas as idades 2810,8(2594,7;2989,8) 4462,4(4215,9;4722,8) 3568,9(3343,4;3729,7)
Padronizadas por idade 3389,8(3126,3;3610,1) 4713,5(4462,7;4992,9) 4035,5(3789,2;4219,2)

Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

•A distribuição da mortalidade por DNC é extremamente desigual, com 86% das mortes prematuras causadas por DNC antes dos 70 anos de idade encontradas nos países de renda média e baixa. Enquanto houve diminuição global nas taxas de incidência, as DCV permanecem a principal causa de mortalidade por DNC. Além disso, as mortes relacionadas ao diabetes aumentaram em todo o mundo e em todas as regiões nos últimos 30 anos. As variações anuais nas taxas de DALYs e de mortalidade por 100 mil variam entre as regiões com diferentes perfis de desenvolvimento. Isso reforça a diferença do impacto dos vários fatores nos desfechos de saúde. 54

Utilização e Custo da Atenção à Saúde

•No Brasil, de 2008 a 2021, as internações hospitalares por doenças cardiovasculares aumentaram até 2019 e diminuíram em 2020 e 2021, correspondendo a 89 mil internações hospitalares a menos em 2020 do que em 2019, uma redução de 12%. As internações por condições clínicas apresentaram tendência de diminuição nas últimas décadas, enquanto as relacionadas a procedimentos ou intervenções cirúrgicas aumentaram nesse período. ( Tabelas 1-4 e 1-5 ). 49 Doenças isquêmicas do coração, doenças cerebrovasculares, insuficiência cardíaca e arritmia foram responsáveis por 68% de todas as internações hospitalares por doenças cardiovasculares ( Tabela 1-4 ). 49

Tabela 1-4. – Número total de internações por procedimentos clínicos por doenças cardiovasculares no SUS por ano de competência, Brasil, 2008 a 2021.

  2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
DAC 12.393 9.743 9.300 8.497 8.000 7.197 7.581 6.403 6.317 6.171 6.292 6.703 5.099 4.559 104.255
Doença Cerebrovascular 159.545 176.047 181.035 184.751 182.065 183.043 187.110 191.678 195.787 198.068 203.066 211.149 199.126 206.518 2.658.988
Doença Valvar 3.237 4.156 3.526 3.637 3.285 2.996 2.753 2.400 2.244 2.231 2.330 2.289 1.536 1.597 38.217
Fibrilação Atrial 29.034 28.174 28.382 28.583 28.760 28.268 29.799 29.754 29.889 30.265 30.958 32.753 26.764 25.283 406.666
Infarto Agudo do Miocárdio 47.358 50.987 55.513 58.194 59.562 58.552 62.809 66.647 70.441 71.835 74.569 80.614 76.444 81.143 914.668
Insuficiência Cardíaca 298.474 297.763 289.110 284.844 264.469 254.285 243.913 240.832 236.358 230.297 222.394 222.620 187.770 181.441 3.454.570
Cardiomiopatias 2.092 2.363 2.459 2.302 2.357 2.293 2.370 2.230 2.250 1.997 2.251 2.390 1.899 1.868 31.121
Síndrome Coronariana Aguda 63.300 68.833 72.912 71.523 75.734 73.432 76.945 72.686 70.430 70.713 68.413 70.204 56.583 52.827 964.535
Total 615.433 638.066 642.237 642.331 624.232 610.,066 613.280 612.630 613.716 611.577 610.273 628.722 555.221 555.236 8.573.020

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49

•O número de admissões hospitalares por DCV depois de 2020 apresentou significativa redução em todas as regiões brasileiras, como mostra a Figura 1-6 . A região Sudeste apresentou o mais alto número de admissões hospitalares por DCV, com diminuição de 77 mil admissões em 2020, uma redução de 15%. Todas as regiões apresentaram redução nas admissões hospitalares por DCV em 2020 e 2021. 49

Figura 1-6. – Admissões hospitalares por doença cardiovascular de acordo com as regiões brasileiras, 2010-2022. Dados do Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49 .

Figura 1-6

•Nos anos iniciais da pandemia de COVID-19, 2020 e 2021, houve significativa redução das admissões hospitalares para todos os tipos de doenças do sistema circulatório ( Figura 1-6 ). 49 Alguns fatores devem ser considerados. Hipóteses, tais como aumento do número de mortes cardiovasculares fora do hospital, redução da busca por assistência médica e admissão hospitalar com concomitância de DCV e COVID-19 registrada como diagnóstico primário, poderiam explicar tais dados.

•As admissões hospitalares por Infarto agudo do miocárdio aumentaram 50% de 2010 a 2021. Foi a causa de 61 mil admissões hospitalares em 2010 e 93 mil em 2022. As hospitalizações por infarto agudo do miocárdio apresentaram leve diminuição em 2020, mas aumentaram em 2021( Table 1-4) . 49 As angioplastias primárias aumentaram significativamente nos últimos 10 anos no SUS, tanto em números absolutos como ajustados pela população. ( Tabela 1-5 ) . 49

Tabela 1-5. – Número total de internações por procedimentos cirúrgicos por doenças cardiovasculares no SUS por ano de competência, Brasil, 2008 a 2021.

  2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
Ablação de Fibrilação atrial 68 72 90 85 123 139 143 161 124 120 125 163 120 161 1.694
Angioplastia coronariana 38.635 45.648 49.492 55.931 60.959 63.838 66.492 66.550 69.802 73.971 78.575 85.518 77.846 80.190 913.447
Revascularização do miocárdio 20.515 22.077 21.225 23.187 23.900 23.249 22.997 22.559 22.248 21.474 20.674 21.018 16.554 15.932 297.609
Cirurgia valvar 12.201 12.664 12.169 13.181 13.435 13.067 12.993 12.624 12.432 12.277 12.088 12.771 9.198 8.759 169.859
Angioplastia Primária 7.648 6.362 6.262 6.033 5.865 6.055 7.135 8.524 10.195 10.774 10.811 11.099 11.253 11.795 119.811
Cardiomiopatia 15 43 13 21 28 23 20 18 32 29 26 24 18 14 324
Outras doenças valvares 451 477 445 486 456 527 515 513 399 427 391 450 399 470 6.406
Valvuloplastia mitral 477 551 478 473 403 431 408 341 206 236 200 195 129 159 4.687
Total 80.010 87.894 90.174 99.397 105.169 107.329 110.703 111.290 115.438 119.308 122.890 131.238 115.517 117.480 1.513.837

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49

•Nos últimos 14 anos, no Brasil, houve significativa redução nas hospitalizações por insuficiência cardíaca e aumento nas hospitalizações anuais por infarto agudo do miocárdio e doenças cerebrovasculares, enquanto os outros grupos de procedimentos clínicos tenderam à estabilidade ( Table 1-4 ). 49

•Quanto às abordagens cirúrgicas nos mesmos anos, houve grande aumento no número anual de angioplastias coronarianas e tendência à estabilidade no número dos outros procedimentos cirúrgicos ( Figura 1-7 ). 49

Figura 1-7. – Valor total pago e número de procedimentos cirúrgicos por ano no SUS, Brasil, de 2008 a 2021. IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Dados do Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49 .

Figura 1-7

•De 2008 a 2010, o SUS pagou por internações clínicas em média R$ 1,4 bilhão por ano; de 2017 a 2019, em média, R$ 1,1 bilhão, e de 2020 a 2021, foram 993 milhões por ano ( Tabela 1-6 ). Os procedimentos cirúrgicos receberam US$ 1,4 bilhão, US$ 1,3 bilhão e US$ 1,1 bilhão, respectivamente. Embora o número de internações por doenças cardiovasculares mais do que duplicaram durante esta última década, houve uma redução significativa no reembolso por doenças cardiovasculares ( Figura 1-7 e Tabela 1-7 ). 49

Tabela 1-6. – Valor pago (em reais) ajustado de internações clínicas por doenças cardiovasculares por ano de competência, Brasil, 2008 a 2021.

  2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
DAC 17.473.695 14.515.852 13.375.022 11.971.544 10.232.200 8.917.122 9.968.291 7.750.106 7.256.573 7.090.575 7.061.618 7.770.301 6.019.912 5.239.722
Doença Cerebrovascular 318.306.994 398.722.244 403.265.605 393.470.650 393.157.770 387.626.894 389.295.216 380.584.520 359.325.511 348.788.550 356.413.503 364.584.254 348.288.096 350.863.859
Doença Valvar 2.357.047 3.362.521 2.919.687 3.077.011 2.714.235 2.565.230 2.541.501 2.521.358 2.282.181 2.151.729 2.543.861 2.399.303 1.755.725 1.613.260
Fibrilação Atrial 30.900.437 36.806.646 37.599.982 36.117.396 36.633.135 33.928.480 36.315.140 35.172.431 32.597.899 33.400.513 33.577.340 34.490.032 29.215.902 27.237.974
Infarto Agudo do Miocárdio 145.683.996 178.378.823 188.575.764 186.393.207 188.636.874 180.519.838 191.841.885 194.066.706 183.785.925 174.865.678 178.459.141 181.336.606 168.242.806 167.576.265
Insuficiência Cardíaca 610.079.105 683.083.024 665.130.816 632.953.807 571.113.086 546.610.902 523.214.027 508.987.795 470.752.097 444.528.797 434.269.861 431.135.829 369.639.100 356.801.947
Cardiomiopatias 2.885.134 4.023.341 4.347.884 3.638.104 3.795.299 3.910.733 4.325.566 4.043.157 4.175.497 3.276.496 3.883.812 3.808.453 3.102.123 3.172.783
Síndrome Coronariana Aguda 100.179.911 122.550.378 131.057.092 125.609.896 135.250.270 126.783.127 134.127.142 123.767.713 109.233.624 105.187.837 99.639.789 97.394.487 76.776.561 69.697.477
Total 1.227.866.320 1.441.442.829 1.446.271.852 1.393.231.616 1.341.532.868 1.290.862.326 1.291.628.769 1.256.893.786 1.169.409.306 1.119.290.174 1.115.848.924 1.122.919.263 1.003.040.225 982.203.288

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49

Tabela 1-7. – Valor pago (em reais) atualizado por procedimentos clínicos para doenças cardiovasculares por ano de competência, Brasil, 2008 a 2021.

  2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ablação de Fibrilação atrial 807.686 797.310 955.644 875.098 1.240.832 1.339.634 1.236.360 1.366.392 963.242 885.222 911.289 1.154.269 863.980 1.045.998
Angioplastia coronariana 471.716.260 564.185.839 599.670.065 647.278.961 669.078.423 660.801.300 659.753.883 621.249.372 590.665.315 598.141.041 617.339.631 655.318.815 586.608.702 579.077.077
Revascularização do miocárdio 394.422.557 441.323.860 435.052.405 551.289.001 535.610.518 493.649.155 473.022.182 436.663.808 389.825.203 361.649.521 342.491.428 334.232.757 258.310.185 235.521.656
Cirurgia valvar 282.216.914 297.658.304 288.805.944 343.030.523 329.575.746 303.391.954 288.907.966 266.567.822 238.830.404 225.744.421 221.078.457 224.844.776 158.038.290 144.300.688
Angioplastia Primária 101.427.047 80.162.895 75.278.257 68.136.360 63.921.172 63.354.779 73.608.840 84.578.572 90.611.405 91.797.091 91.413.951 89.883.845 88.171.102 89.814.989
Cardiomiopatia 378.650 1.152.515 390.162 624.198 784.238 601.155 490.184 449.706 717.795 579.036 530.431 485.825 359.755 249.798
Outras doenças valvares 3.403.160 3.515.486 3.483.819 3.674.623 3.363.929 3.485.710 3.414.332 3.144.844 2.171.741 2.420.709 2.103.416 2.351.343 2.088.988 2.393.891
Valvuloplastia mitral 6.980.121 7.585.874 6.383.913 6.181.863 4.888.469 5.046.819 4.505.648 3.607.236 1.876.617 2.205.110 1.819.664 1.716.096 1.062.664 1.137.898
Total 1.261.352.395 1.396.384.093 1.410.020.209 1.621.090.628 1.608.463.326 1.531.670.505 1.504.939.395 1.417.627.751 1.315.661.722 1.283.422.152 1.277.688.268 1.309.987.725 1.095.503.666 1.053.541.996

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49

•Embora o número de internações e procedimentos intervencionistas tenha aumentado na última década, os pagamentos de procedimentos cirúrgicos cardiovasculares pelo SUS nos últimos anos da série diminuíram, principalmente em procedimentos mais complexos, como revascularização do miocárdio e cirurgias de troca valvar, conforme mostrado na Figura 1-7 . 49

•Brant et al ., analisando mortalidade por DCV durante a pandemia em Belo Horizonte, observaram maior ocorrência de mortes domiciliares por DCV em paralelo a menores taxas de hospitalização. Esses autores concluíram que a “assistência para DCV foi comprometida durante a pandemia de COVID-19, que afetou de forma mais significativa os indivíduos mais idosos e os socialmente vulneráveis, exacerbando as desigualdades na saúde em Belo Horizonte”. 66

•As instituições públicas atendem mais de 70% dos brasileiros, mas os sistemas de saúde suplementar respondem por quase a mesma parcela dos gastos com saúde. Infelizmente, existem poucos estudos publicados ou bases de dados abertas para calcular a carga económica adicional das doenças cardiovasculares deste segmento. Estimativas globais baseadas na prevalência de doenças cardiovasculares sugerem que o custo direto e indireto das DCV é superior a 4 a 5 vezes o custo direto para o SUS, aproximadamente 10 bilhões de dólares. 67

Perspectiva

•O SIM, implementado em 1975, é uma ferramenta essencial para monitorar as estatísticas de mortalidade no Brasil, pois o registro de todas as mortes é obrigatório nas UF, sendo que, em 2017, a cobertura do território nacional foi de 98%, menor na região Norte do que na Sul. O índice de usabilidade da OMS para o SIM é alto, indicando que a informação proveniente do SIM é útil para análise, embora algumas correções de dados possam ser necessárias na série temporal. 68

•A região Nordeste apresenta a menor cobertura do SIM, ainda inferior a 95%. 54 Embora o SIM tenha melhorado através de projetos específicos do Ministério da Saúde, ainda persistem problemas, como códigos mal definidos (cerca de 6%), ‘códigos garbage ’ (15%) e classificação errada das causas de morte, que geram vieses que podem comprometer a métrica apresentada. 49

•As questões relacionadas aos ‘códigos garbage ’ resultam da má qualidade de algumas declarações de óbito, além daquelas associadas ao acesso limitado aos serviços de saúde, dificuldades no acesso a diagnóstico ou simplesmente má qualidade dos prontuários médicos, dificultando a recuperação da informação. 49 Quanto a isso, a melhor maneira de garantir a acurácia da causa básica de morte é através do treinamento dos médicos em todo o país para a adequada certificação do óbito.

•Vale mencionar que, devido à falta de dados de incidência primária (coortes) no Brasil, há necessidade de pesquisa que permita compreender como enfrentar a DCV nos estados e nas populações com baixos índices socioeconômicos.

•Devido à redução na tendência de queda da mortalidade por DCV padronizada por idade nos últimos 5 anos, novas estratégias para enfrentar a mortalidade por DCV devem ser estudadas. É fundamental que se compreendam os motivos para tal redução para que se implementem políticas efetivas, em particular ante o envelhecimento da população, o que vai aumentar o número de indivíduos com DCV no país.

•O impacto da COVID-19 e da COVID-19 a longo prazo nas mortes e na carga por DCV não foi completamente estudado e há muitos aspectos a serem investigados. O efeito no sistema de saúde e nas estatísticas de saúde está registrado, mas as incertezas sobre as tendências futuras são muitas. No que diz respeito à saúde cardiovascular, é essencial compreender o efeito a longo prazo da infecção por COVID-19 nas pessoas com fatores de risco e DCV.

CAPÍTULO 2 – AVC (DOENÇAS CEREBROVASCULARES)

CID-9 430 a 438; CID-10 I60 a I69.

Ver Tabela 2-1 e Figuras 2-1 e 2-2

Abreviaturas usadas no capítulo 2.

IECA/BRA Inibidor da enzima de conversão da angiotensina/bloqueador do receptor de angiotensina
AVC Acidente Vascular Cerebral
BRIDGE-Stroke Estudo Brazilian Intervention to Increase Evidence Usage - Stroke
IC Intervalo de Confiança
DCV Doenças Cardiovasculares
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Years )
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10a Revisão
UTI Unidade de Terapia Intensiva
IMPACT-AF Estudo Improve Treatment with Anticoagulants in Patients with Atrial Fibrillation
IRR Razão da taxa de incidência (do inglês, Incidence Rate Ratio )
MAPS Estudo Matão Preventing Stroke
OR Odds Ratio
PURE Estudo Prospective Urban Rural Epidemiological Study
RR Risco Relativo
SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade
YLDs Anos vividos com incapacidade (do inglês, Years Lived with Disability )
YLLs Anos potenciais de vida perdidos (do inglês, Years of Life Lost )

Introdução

•O AVC representa uma das principais causas de morbimortalidade no Brasil. Nos últimos anos, uma crescente representação de evidência gerada no Brasil vem contribuindo para a melhor compreensão da carga do AVC. Ademais, a análise das estatísticas de AVC representa um avanço no desenvolvimento do cuidado baseado em evidência.

Prevalência

•As estimativas de prevalência de AVC podem diferir levemente entre os estudos, pois cada um seleciona e recruta uma amostra de participantes para representar sua população-alvo (estado, região ou país). Em estudos de base comunitária na cidade de São Paulo, a taxa de prevalência ajustada para idade para homens foi 4,6% (IC 95%, 3,5 - 5,7) e para mulheres, 6,5% (IC 95%, 5,5 - 7,5) 69 em 2011, enquanto, em outro estudo na mesma cidade, de 3.577 indivíduos, 244 (6,82%) sobreviventes de AVC foram identificados. 70 Na cidade de Coari, os autores relataram prevalência bruta de AVC de 6,3% nas áreas rurais e de 3,7% nas urbanas. 71 Em uma pesquisa epidemiológica de base comunitária com representatividade nacional (Pesquisa Nacional de Saúde - 2013), Bensenor et al. estimaram 2.231.000 casos de AVC, correspondendo a uma prevalência de 1,6% e 1,4% em homens e mulheres, respectivamente. 72

Incidência

•No estudo do registro de AVC de Matão, entre os períodos 2003-2004 e 2015-2016, a incidência ajustada por idade diminuiu em 39% (IRR 0,61; IC 95%, 0,46–0,79) e a mortalidade, em 50% (IRR 0,50; IC 95%, 0,31– 0,94), enquanto 7% apresentaram recorrência do AVC. 73

Mortalidade

•Dados do Grupo GBD Brasil mostram que a taxa de mortalidade padronizada por idade de AVC isquêmico por 100 mil em 2021 foi 31,7 (28 a 33,9) ( Tabela 2-1 e Figura 2-1 ). A maior mortalidade foi observada no Maranhão, 49,8 (42,8 a 56), e a menor, no Rio Grande do Norte, 25 (21,1 a 27,9).

•As tendências das taxas de mortalidade e DALYs para doença cerebrovascular (CID-10: I-60-69), segundo o GBD Brasil 2015, mostraram que a redução anual na taxa de mortalidade ajustada para idade, para ambos os sexos, desacelerou entre 2005 e 2015 quando comparada ao período anterior (1990 a 2005).

•Na cidade de São Paulo, de 1996 a 2011, as taxas de mortalidade ajustadas por idade por doenças cerebrovasculares diminuíram 46,6% nos homens e 47,8% nas mulheres. Para ambos os sexos e grupo etário de 35-74 anos, a diminuição nas taxas ajustadas por idade foi mais pronunciada entre os residentes da área de maior renda em comparação àqueles da área de menor renda. 74 Um estudo usando dados do SIM, de 1990 a 2012, mostrou uma variação de -48,05% no coeficiente de mortalidade por AVC. 75 No estudo MAPS, entre 2003-2004 e 2015-2016, a mortalidade aumentou em 50% (IRR 0,50; IC 95%, 0,31-0,94). A taxa de letalidade de 1 ano foi 26% e aproximadamente 56% dos pacientes foram funcionalmente independentes, 73 , 76 enquanto 7% tiveram um AVC recorrente. 73

•Em um estudo conduzido no Paraná, a taxa de mortalidade específica para idade e sexo relacionada a AVC entre 2007 e 2016 aumentou de 138 para 163 por 100 mil habitantes, sendo que indivíduos com idade superior a 79 anos apresentaram o maior aumento. Entretanto, as taxas de mortalidade diminuíram nos grupos etários de 34-44 anos e de 44-54 anos. 77

Carga Global das Doenças Cerebrovasculares

YLL

•Um estudo conduzido na região sudeste do Brasil em 2019 usando dados secundários do Sistema de Saúde Pública Brasileiro e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrou um total estimado de 713.132 DALYs, com 80% atribuídos a YLDs e 20%, a YLLs. Ao se ajustar para o tamanho da população, observou-se maior impacto no sexo masculino em Minas Gerais, particularmente no grupo etário de 70-79 anos. 78

DALY

•Dados do Grupo GBD Brasil mostram que a taxa de DALYs padronizada por idade por 100 mil por AVC isquêmico em 2021 foi 511,4 (470,6 a 542,5). 11 A mais alta taxa de DALYs foi observada no Maranhão, 759,8 (674,3 a 858), e a mais baixa, no Rio Grande do Norte, 407,1 (359,5 a 449,7) ( Tabela 2-1 e Figura 2-2 ).

Figura 2-2. – Taxa de DALYs padronizada por idade por AVC isquêmico (A), por hemorragia intracerebral (B) e por hemorragia subaracnóidea (C) por 100 mil habitantes, 2021. Dados derivados das estimativas do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 2-2

Complicações e Doenças Associadas

•Avaliações da pesquisa epidemiológica de base comunitária (Pesquisa Nacional de Saúde-2013) mostraram que a prevalência de incapacidade pós-AVC foi de 29,5% para os homens e 21,5% para as mulheres, com apenas 0,27% dos indivíduos submetidos a fisioterapia para AVC. 79

•Um estudo transversal de base populacional foi conduzido no Brasil usando dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros 2015-2016. Incluiu 536 indivíduos com idade a partir de 50 anos que haviam tido um AVC. 80 A prevalência de AVC foi de 5,3% entre aqueles com idade de 50 anos ou mais, aumentando para 8,0% entre aqueles com idade de 75 anos ou mais, com diferenças entre os sexos. Os fatores associados com independência nas atividades cotidianas incluíram velocidade de marcha, atividade física e uso de dispositivos para caminhar. Observou-se significativa interação entre velocidade de marcha, adaptações no domicílio e realização de atividades da vida cotidiana. A probabilidade de independência foi maior entre aqueles que caminhavam mais rápido (> 0,8 m/s) e tinham adaptações no domicílio. Maior velocidade de marcha combinada a adaptações no domicílio emergiu como fatores primários associados com independência no longo prazo após um AVC.

Qualidade do Cuidado

•Quanto às hospitalizações por AVC, o estudo de Brant et al . mostrou redução de 5,1% (RRi 0,949; IC 95%, 0,947-0,952) durante a pandemia de COVID-19 (semana epidemiológica 10 a 21), correspondendo à menor redução relativa no número de hospitalizações no grupo das DCV. Portanto, ainda que AVC seja a segunda causa de hospitalização em números absolutos, a redução no número de hospitalizações foi menor do que para síndrome coronariana aguda. Em paralelo, as admissões em UTI por AVC mostraram aumentos total (RRi 1.154; IC 95%, 1.145-1.163) e proporcional (RRi 1.216; IC 95%, 1.210-1.222) maiores do que as admissões em UTI para as DCV juntas. Entretanto, embora um aumento na mortalidade proporcional tenha sido observado, especialmente na terceira fase da pandemia, esse foi menor do que para só DCV (RRi 1.053; IC 95%, 1.048-1.058) e não se recuperou até o final do período avaliado. Essa progressão de aumento nos números e na proporção de mortes hospitalares durante a pandemia deve ser ressaltada, principalmente porque a proporção de uso de UTI permaneceu maior do que a esperada no período avaliado. 15

•Dantas et al . realizaram estudo para avaliar hospitalização relacionada a AVC no Sistema Brasileiro Unificado de Saúde de 2009 a 2016, quando o número de admissões aumentou de 131.122 para 146.950 e o número absoluto de mortes hospitalares aumentou de 28.731 para 31.937. Idade mais jovem e sexo masculino foram significativamente associados com sobrevida do paciente. As taxas anuais de hospitalização e de mortalidade hospitalar ajustadas para idade apresentaram redução de 11,8% e 12,6%, respectivamente, mas a taxa de letalidade aumentou para os pacientes acima de 70 anos de idade. 81

•Um estudo avaliando fatores sociodemográficos relacionados à falta de assistência hospitalar para mortes por doença cerebrovascular no estado de São Paulo nos períodos de 1996-1998 e 2013-2015 mostrou que, de 127.319 indivíduos que morreram devido a AVC nos períodos mencionados, 19.362 (15,2%) não tiveram assistência hospitalar. No segundo período, o estudo mostrou que houve maior risco de morte sem assistência em indivíduos da raça amarela (RR = 1,48; IC 95%, 1,25-1,77) e menor, nos indivíduos da raça negra (RR = 0,86; IC 95%, 0,76-0,95), casados (RR = 0,70; IC 95%, 0,64-0,75) e residentes da cidade de São Paulo (RR = 0,92; IC 95%, 0,86-0,98). 82

•A análise dos indicadores-chave de desempenho requeridos pelo Ministério da Saúde brasileiro para as unidades de AVC em dois centros de Curitiba e Botucatu mostrou que ambos admitiram mais de 80% dos pacientes em suas unidades de AVC. 83

•Um ensaio randomizado de cluster avaliando o efeito de uma intervenção multifacetada de melhoria da qualidade sobre adesão a terapias baseadas em evidência no cuidado de pacientes com AVC isquêmico agudo e ataque isquêmico transitório (BRIDGE-Stroke) mostrou que 402 de 817 pacientes (49,2%) nos hospitais da intervenção receberam todos os tratamentos para os quais eram elegíveis em comparação a 203 de 807 pacientes (25,2%) de hospitais controle (OR, 2,59; IC 95%, 1,22-5,53; P= 0,01). 84

•O estudo RESILIENT conduzido no sistema brasileiro de saúde pública para avaliar a segurança e a eficácia da trombectomia nesse sistema mostrou que esse procedimento, associado a cuidado padronizado, resultou em melhores desfechos funcionais aos 90 dias em comparação a apenas cuidado padronizado. 85 A OR padrão para melhor distribuição dos escores na Escala de Rankin modificada foi 2,28, favorecendo trombectomia. A porcentagem de pacientes com déficit neurológico menor ou nenhum foi significativamente maior no grupo submetido a trombectomia.

Custo

•Os custos relacionados a hospitalizações por AVC e ajustados para a inflação de 2008 a 2021 chegaram a US$ 1.195.975.877,98, variando de US$ 28.661.321,88, em 2008, a US$ 66.843.953,39, em 2021.

•Um estudo de custo-efetividade, avaliando trombolíticos no Brasil, reportou que, para o resultado de 1 ano e para homens, o custo do tratamento com rt-PA foi maior do que o custo do tratamento conservador, sendo o custo da medicação o principal responsável por isso. Parte desse custo adicional é compensado pelo mais baixo custo da reabilitação e menor perda de produtividade já nos dois primeiros anos, pois os pacientes tratados com rt-PA (alteplase) apresentaram menos sequelas do que aqueles que receberam tratamento conservador. Depois do segundo ano do AVC, para ambos os sexos, o tratamento com rt-PA, considerando custos diretos e indiretos, começou a apresentar menor custo se comparado ao tratamento conservador. A partir desse ponto, o custo adicional da medicação começa a ser mais do que compensado pelo maior número de perdas menores de produtividade e menores custos da seguridade social e reabilitação do paciente. 86

•A análise de custo-utilidade do ensaio RESILIENT comparando trombectomia mecânica associada a cuidado médico padrão com apenas cuidado médico padrão mostrou que os custos incrementais e o número de anos com qualidade de vida ganhos foram estimados em Int$ 7.440 e 1,04, respectivamente, resultando em uma razão custo-efetividade incremental de Int$ 7.153 por ano de vida ajustado para qualidade. A despeito dos maiores custos iniciais, os benefícios a longo prazo da trombectomia mecânica justificaram sua incorporação nos centros de AVC do sistema brasileiro de saúde pública, devido à sua provável custo-efetividade. 87

Fatores de Risco e Prevenção

•Dados do estudo PURE, examinando taxas e preditores do uso de medicações de prevenção secundária baseada em evidência, mostraram que um menor número de pacientes com AVC recebeu antiagregantes plaquetários (24,3%), IECA/BRA (37,6%) e estatinas (9,8%) em comparação a pacientes com doença cardíaca crônica (30,1%, 36,0% e 18,0%, respectivamente). Além disso, nenhuma medicação foi utilizada em 30% dos pacientes brasileiros com AVC. 88

•No estudo IMPACT-AF, um ensaio randomizado em cluster para melhorar o tratamento com anticoagulantes de pacientes com fibrilação atrial, 91% dos pacientes do Brasil usavam anticoagulação oral na linha de base e 27%, os novos anticoagulantes orais. De todos os pacientes usando antagonistas da vitamina K no Brasil, 40,3% apresentavam valores do índice internacional normalizado entre 2 e 3 antes da consulta na linha de base. 89

•Utilizando dados do Estudo GBD, Silva et al . avaliaram o impacto dos baixos níveis de atividade física na mortalidade por AVC no Brasil de 1990 a 2019. 24 Houve redução de 44,0% (homens) e 52,0% (mulheres) nas taxas de mortalidade por AVC padronizadas por idade atribuída aos baixos níveis de atividade física. O estudo sugere que níveis mais altos de atividade física possam ter impedido aproximadamente 6,1% (homens) e 7,3% (mulheres) das mortes por AVC em 2019. 90

•Em um estudo transversal analisando dados anonimizados coletados de rotina por profissionais da saúde comunitária no Brasil entre maio de 2016 e setembro de 2021, de uma população de 2.133.900 indivíduos na base de dados, 11.628 haviam tido infarto do miocárdio prévio (33,1%) ou AVC (n = 25.925; 73,9%). Apenas 6,7% (2.346) e 0,6% (212) relataram uso de estatinas e de altas doses de estatinas, respectivamente. Idade superior a 60 anos, residir na região sul, diagnósticos prévios de infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, diabetes, dislipidemia e doença renal crônica, além do uso de anti-hipertensivos foram associados ao uso de estatina. 91

Conscientização e Tratamento

•Recentemente, tem havido várias iniciativas para promover a conscientização do público sobre AVC no Brasil, em especial através de campanhas anuais por ocasião do Dia Mundial do AVC (29 de outubro) conduzidas pela Organização Mundial do AVC. 92 Apesar desses esforços, vários estudos mostraram uma falta alarmante de conhecimento sobre os fatores de risco e tratamento do AVC, assim como de reconhecimento dos sintomas de AVC como uma emergência médica. Em um estudo, Pontes-Neto et al . mostraram que 32% dos entrevistados não reconheceram qualquer sinal de alarme de AVC, apenas 34,6% dos entrevistados responderam corretamente quando perguntados sobre o número de telefone de emergência no Brasil (#192) e apenas 51,4% dos entrevistados relataram que chamariam uma ambulância para um familiar com sintomas de AVC. 93

•Em estudo conduzido na cidade de Caxias do Sul, baixa renda e baixo nível educacional foram preditores independentes da incapacidade de reconhecer que AVC afeta o cérebro. 94 Em outro estudo da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde 33% dos indivíduos identificaram corretamente o acrônimo “AVC”, cerca de 30% localizaram AVC incorretamente no coração. 95

•Um estudo conduzido em São Paulo investigou estudantes de diferentes níveis educacionais, incluindo 1.187 do ensino fundamental (idade média, 13 anos; experiência anterior: 14%; 51% mulheres), 806 do ensino médio (idade média, 17 anos; experiência anterior: 13%; 47% mulheres) e 1.961 universitários (idade média, 22 anos; experiência anterior: 9%; 66% mulheres). A conscientização sobre AVC e o conhecimento dos fatores de risco e sinais de alerta variaram de 42% a 66% dos estudantes. Menos de 52% dos estudantes associaram AVC com fatores de risco, como hipercolesterolemia, tabagismo, diabetes e hipertensão. Quando perguntados, 62% a 65% dos estudantes reconheceram fraqueza nos braços, paralisia facial e alteração da fala como sinais de alerta de AVC, mas apenas 43% identificaram cefaleia aguda. Importante notar que 67% dos estudantes conheciam o número do serviço médico de emergência. Nível educacional mais alto, experiência anterior e sexo feminino foram associados a maior escore para identificação dos fatores de risco de AVC (OR = 1,28; IC 95%, 1,10‒1,48; OR = 2,12; IC 95%, 1,87‒2,40; OR = 1,46; IC 95%, 1,16‒1,83; respectivamente) e sinais/sintomas de alerta (OR = 2,22; IC 95%, 1,89‒2,60; OR = 3,30; IC 95%, 2,81‒3,87; OR = 2,04; IC 95%, 1,58‒2,63; respectivamente). 96

•Em estudo transversal conduzido em escolas do ensino médio no nordeste do Brasil, Rodrigues et al . avaliaram o conhecimento sobre AVC entre os alunos. 97 Esses autores descobriram que 80% dos alunos não tinham o conhecimento mínimo de como agir em uma situação de AVC, enquanto apenas 10% tinham o conhecimento ideal. Os do sexo masculino conheciam menos os fatores de risco e sinais e sintomas de AVC. Os alunos com escolaridade superior a 10 anos e aqueles com 18 anos de idade mostraram maior conhecimento em certos aspectos. Esse estudo ressalta o déficit de conhecimento entre os alunos do ensino médio quanto ao reconhecimento do AVC e a ativação dos serviços médicos de emergência.

Impacto da Pandemia de COVID-19

•Quanto às hospitalizações por AVC, houve redução de 5,1% no período, correspondendo à mais baixa redução relativa no número de hospitalizações no grupo das DCV. Embora o AVC seja a segunda causa de hospitalização em números absolutos, a redução no número absoluto de hospitalizações foi menor do que a da síndrome coronariana aguda. Em paralelo, houve maior aumento absoluto (15,4% vs. 9,0%) e proporcional (21,6% vs. 8,6%) nas admissões em UTI por AVC em comparação àquelas por DCV combinadas. Entretanto, a despeito do aumento observado na mortalidade proporcional, especialmente na terceira fase da pandemia, ele foi menor do que aquele para DCV apenas (5,3% vs. 14,4%) e não houve recuperação até o final do período avaliado. Tal progressão do aumento nos números e na proporção de mortes hospitalares durante a pandemia merece ser enfatizada, principalmente porque a proporção de uso de UTI permaneceu superior à esperada no período avaliado. Em conjunto, tais achados sugerem que: a) possivelmente devido a sintomas clínicos mais marcantes e exuberantes na fase aguda do AVC, uma maior proporção de pacientes manteve a tendência de buscar as unidades de urgência e emergência, em comparação àqueles com síndrome coronariana aguda, uma condição com mais sintomas inespecíficos, em especial em subgrupos, como mulheres, idosos e indivíduos com diabetes. Isso pode ter contribuído para a menor redução nas hospitalizações durante a pandemia; e b) indivíduos com AVC foram hospitalizados com quadros clínicos mais graves ou tiveram resultados piores nos tratamentos, possivelmente devido ao comprometimento das linhas de cuidado de saúde. 15

•Quanto à mortalidade por AVC, aquele mesmo estudo mostrou que o AVC foi a causa específica com a menor redução de mortalidade no país e não houve variação nas regiões norte e centro-oeste. Tais achados estão em concordância com a redução relativamente baixa nas hospitalizações, sugerindo um menor impacto real da pandemia nas doenças cerebrovasculares. O fato de os sintomas clínicos serem diferentes daqueles da COVID-19 pode ter permitido um diagnóstico mais preciso. Além disso, a menor relação direta entre o tempo de início do tratamento e a mortalidade no AVC pode ter permitido maior tempo para o paciente reconhecer os sintomas e chegar ao hospital, diferentemente do que ocorre na síndrome coronariana aguda, em que a maioria das mortes ocorre nas primeiras horas após o evento. 15

Perspectivas

•O portfólio de pesquisa brasileira em neurologia vascular evoluiu muito nos últimos anos, como ilustram a fundação da Rede Brasil AVC e a crescente evidência de geração direcionada a uma variedade de indivíduos e conduzida por diferentes grupos. Mas há ainda várias oportunidades de desenvolvimento.

•Os estudos comunitários mais expressivos sobre prevalência e incidência de AVC são provenientes principalmente de duas cidades. Embora representem uma importante realização para a epidemiologia do AVC, avaliação mais abrangente se faz necessária, compreendendo a representação de todas as regiões geográficas brasileiras, das diversas culturas e dos diferentes níveis de renda. Como o AVC continua a ser um importante problema de saúde no Brasil, avançar na geração de evidência para novas intervenções efetivas e seguras no AVC é fundamental. Portanto, modelos inovadores, como pesquisa virtual e descentralizada com o paciente em posição central, assim como o uso de dados do mundo real são valiosas estratégias propostas na busca de um ciclo mais efetivo de aprendizado-realização. 98 , 99

CAPÍTULO 3 – DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA AGUDA E CRÔNICA

CID-9-CM 410 a 414; CID-10 I10 a I25

Ver Tabelas 3-1 a 3-3

Abreviaturas Usadas no Capítulo 3.
ACCEPT Brazilian Registry of Clinical Practice in Acute Coronary Syndromes
B-CaRe:QCO Brasilia Cardiovascular Registry for Quality of Care and Outcomes
BRACE Brazilian Registry in Acute Coronary Syndromes
BYPASS Brazilian Registry of Adult Patients Undergoing Cardiovascular Surgery
CAC Calcificação de Artéria Coronária
CRVM Cirurgia de Revascularização do Miocárdio
DAC Doença Arterial Coronariana
DALY Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Years )
DATASUS Base de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DCV Doença Cardiovascular
DIC Doença Isquêmica do Coração
ERICO Strategy of Registry of Acute Coronary Syndrome
GBD Global Burden of Disease
IAM Infarto Agudo do Miocárdio
IAMCSST Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST
IAMSSST Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST
IC Intervalo de Confiança
ICP Intervenção Coronariana Percutânea
II Intervalo de Incerteza
IIQ Intervalo Interquartil
MASS Medicine, Angioplasty, or Surgery Study
OR Odds Ratio
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
REPLICCAR-I Registro Paulista de Cirurgia Cardiovascular I
REPLICCAR-II Registro Paulista de Cirurgia Cardiovascular II
RR Risk Ratio
SAMU Serviço de Atendimento Médico de Urgência
SCA Síndrome Coronariana Aguda
SCC Síndrome Coronariana Crônica
SIH Sistema de Informações Hospitalares
SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade
SUS Sistema Único de Saúde
VICTIM Via Crucis para o Tratamento do Infarto do Miocárdio
YLDs Anos vividos com incapacidade (do inglês, Years Lived with Disability )
YLLs Anos potenciais de vida perdidos (do inglês, Years of Life Lost )

Panorama, Prevalência e Incidência

•A DAC, também conhecida como DIC, compreende um espectro de condições clínicas sintomáticas e assintomáticas tipicamente relacionadas à redução do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. A causa mais comum é a doença aterosclerótica das coronárias, uma condição crônica de apresentação variável, que progride desde uma longa fase assintomática até angina estável, angina instável e IAM. A DAC é uma causa comum de insuficiência cardíaca, com fração de ejeção ventricular esquerda reduzida ou preservada, arritmias ventriculares e parada cardíaca súbita.

•A DAC foi a principal causa de morte no Brasil na última década, para homens e mulheres. Devido ao seu amplo espectro de apresentação clínica, a prevalência, a incidência e a mortalidade da DAC relatadas variam muito, dependendo da população e do contexto da atenção à saúde estudados.

•Estimativas da prevalência e da incidência de DAC em 2019 e série histórica de 1990 a 2019, de acordo com o estudo GBD, estão disponíveis na versão 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil. 4

•Na avaliação basal da coorte ELSA-Brasil no período 2008-2010, a prevalência de DAC autorrelatada foi 2,7%. Essa coorte foi composta por mais de 15 mil servidores públicos com idade de 35-74 anos de seis cidades (Salvador, Vitória, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre). A prevalência foi mais alta entre os homens e indivíduos com nível socioeconômico mais baixo. 100

•De acordo com a PNS 2019, um inquérito epidemiológico de base domiciliar e com representatividade nacional, as taxas de prevalência geral de angina leve (classe I) e moderada/grave (classe II) em adultos foram 8,1% (IC 95%, 7,8%-8,4%) e 4,5% (IC 95%, 4,2%-4,7%). A prevalência autorrelatada de angina foi mais alta em mulheres e inversamente proporcional aos anos de educação formal. Em comparação com indivíduos que se declararam brancos, a angina leve foi mais prevalente nos que se declararam negros, enquanto angina moderada/grave foi mais frequente nos que se declararam pardos. 101 É importante ressaltar a ocorrência de maiores taxas de prevalência de angina nos inquéritos do que a prevalência de DAC obtida nos estudos epidemiológicos ou estatísticas nacionais. Avaliações autorreferidas de angina são muito sensíveis, mas não específicas para DAC, pois não requerem exames confirmatórios nem relatórios de saúde. Além disso, considerando-se a natureza assintomática da DAC, sua verdadeira epidemiologia pode estar sub-representada nas estatísticas nacionais.

•Em registros e em um estudo randomizado em cluster , envolvendo pacientes com SCA recrutados entre 2007 e 2014, as porcentagens de indivíduos com angina instável, IAMSSST e IAMCSST foram 15-30%, 31-36% e 36-54%, respectivamente. 102 - 105

•A CAC foi avaliada em 3.616 indivíduos sem DCV ou diabetes mellitus da coorte multirracial do estudo ELSA-Brasil. Como esperado, a CAC aumentou com a idade e foi mais prevalente em homens do que em mulheres. Não se identificou CAC em 64% dos homens, 83% das mulheres, 93% dos jovens (35-44 anos) e 34% dos mais idosos (65-74 anos). Entretando, CAC >100 variou de 1,2% dos indivíduos com idade de 35-44 anos a 28% daqueles com 65-74 anos. CAC >400 não foi detectada naqueles com idade de 35-44 anos, mas foi em 12% daqueles com idade de 65-74 anos. Diferenças significativas na distribuição de CAC foram observadas de acordo com a raça. Por exemplo, entre os participantes com idade de 65-74 anos, a estimativa pontual para o percentil 50 de CAC foi 14 nos negros, 17 nos pardos e 32 nos brancos. 106

Mortalidade

•Estimativas do número de mortes e taxa de mortalidade bruta atribuível a DAC para 2019 e série histórica de 1990 a 2019, de acordo com o estudo GBD, estão disponíveis na versão 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil. 4

•De acordo com as estimativas do GBD para o ano 2021, a taxa de mortalidade padronizada por idade por DAC foi 67,1 (II 95%, 60,9-71,0) por 100 mil habitantes no Brasil ( Tabela 3-1 ). As taxas mais baixas estimadas foram observadas em Minas Gerais (50,7 [II 95%, 44,6-55,2]), Amazonas (54,1 [II 95%, 48,3-59,4]) e Bahia (56,0 [II 95%, 49,3-63,0]), enquanto as mais altas foram estimadas nos estados do Rio de Janeiro (81,3 [II 95%, 71,6-89,9]), Pernambuco (81,8 [II 95%, 72,4-89,0]) e Maranhão (89,0 [II 95%, 78,7-99,2]) por 100 mil habitantes ( Tabela 3-1 ). 48

Tabela 3-1. – Estimativas das taxas de mortalidade e DALYs padronizadas por idade (por 100 mil) por doença arterial coronariana no Brasil e suas unidades federativas em 2021.

  Mortalidade DALYs
Brasil 67,1 (60,9;71,0) 1432,5 (1345,3;1511,2)
Acre 67,3 (61,8;72,6) 1344,1 (1256,4;1451,6)
Alagoas 80,1 (71,0;90,7) 1731,7 (1547,7;1969,4)
Amapá 68,4 (59,8;77,5) 1381,4 (1223,7;1554,6)
Amazonas 54,1 (48,3;59,4) 1117,4 (998,0;1210,4)
Bahia 56,0 (49,3;63,0) 1216,2 (1066,7;1363,9)
Ceará 70,1 (60,2;79,7) 1434,2 (1220,1;1636,2)
Distrito Federal 61,4 (54,2;67,1) 1049,1 (939,5;1153,0)
Espírito Santo 65,6 (57,4;71,5) 1369,2 (1227,2;1499,2)
Goiás 65,3 (58,3;71,6) 1403,7 (1291,0;1548,4)
Maranhão 89,0 (78,7;99,2) 1850,9 (1620,1;2091,6)
Mato Grosso 60,3 (52,9;66,0) 1281,8 (1146,9;1410,7)
Mato Grosso do Sul 75,5 (68,5;84,1) 1610,5 (1470,1;1780,6)
Minas Gerais 50,7 (44,6;55,2) 1111,3 (983,7;1218,0)
Pará 67,9 (57,9;79,8) 1468,3 (1285,2;1728,1)
Paraíba 77,4 (69,9;83,6) 1658,3 (1508,4;1813,6)
Paraná 61,3 (55,7;66,5) 1277,9 (1181,0;1392,8)
Pernambuco 81,8 (72,4;89,0) 1752,5 (1582,0;1921,1)
Piauí 67,3 (58,6;76,5) 1442,9 (1267,8;1654,2)
Rio de Janeiro 81,3 (71,6;89,9) 1762,7 (1583,4;1935,2)
Rio Grande do Norte 71,6 (63,3;79,4) 1548,9 (1392,2;1715,0)
Rio Grande do Sul 58,6 (53,1;64,0) 1195,2 (1082,3;1308,8)
Rondônia 64,3 (56,1;72,0) 1309,8 (1151,0;1474,5)
Roraima 77,0 (66,2;89,1) 1503,6 (1277,2;1777,9)
Santa Catarina 61,2 (54,0;66,7) 1233,4 (1105,8;1349,6)
São Paulo 72,8 (64,4;80,2) 1568,9 (1431,1;1730,3)
Sergipe 57,3 (51,0;62,9) 1208,0 (1105,0;1315,9)
Tocantins 72,6 (63,3;82,5) 1531,7 (1339,5;1735,3)

Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

•De acordo com um estudo de série temporal, a taxa de mortalidade por IAM padronizada por idade caiu 44% no Brasil de 1996 a 2016, com substanciais diferenças regionais (variações percentuais: +5% na região norte, +11% na nordeste, -35% no centro-oeste, -68% na sudeste e -85% na sul). As taxas de mortalidade foram corrigidas para causas de óbito mal definidas, códigos garbage e subnotificação. Variações temporais foram mais marcantes em mulheres do que em homens e nas capitais do que em outros municípios. 107

•Usando dados do DATASUS, um estudo relatou diminuição nas taxas brutas de mortalidade por DAC no Brasil em ambos os sexos e todos os grupos etários de 2000 a 2018, exceto por um aumento de 1,78% para os homens acima de 85 anos de idade. Nesse período, as taxas de mortalidade por DAC ajustadas para idade diminuíram em ambos os sexos. De 2000-2008 a 2016-2018, a taxa média anual diminuiu de 97,09 para 78,75 por 100 mil considerando-se ambos os sexos, de 115,89 para 97,23 por 100 mil homens e de 79,82 para 61,91 por 100 mil mulheres. 108

•Usando dados do DATASUS/SIM, Vieira et al. relataram uma redução na taxa de mortalidade por IAM ajustada para idade, em Minas Gerais de 35,7 (IC 95%, 35,3-36,1) por 100 mil habitantes em 2008 para 30,4 (IC 95%, 30,1-30,6) por 100 mil em 2016. As taxas de mortalidade por IAM foram mais altas no inverno e mais baixas no verão. 109

Mortalidade após síndrome coronariana aguda

•Vários registros brasileiros de SCA relataram os desfechos de indivíduos admitidos com SCA. Em geral, a taxa de mortalidade nos registros é menor do que a informada no SIH/SUS. Vários estudos ressaltaram diferenças regionais nas práticas de tratamento e mortalidade, assim como piores desfechos nos pacientes admitidos nos serviços públicos em comparação aos admitidos em hospitais privados. 102 - 104 , 110

•Registros e estudos envolvendo pacientes com SCA de 2003 a 2017 relataram taxas de mortalidade hospitalar variando entre 3,3% e 10,9%. 103 , 104 , 110 - 113 Tais estudos estão descritos em detalhes na versão 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil. 4 Mais recentemente, taxa de mortalidade hospitalar de 5,6% foi relatada entre 2.290 pacientes com IAMCSST submetidos a uma estratégia fármaco-invasiva e admitidos em hospital universitário na cidade de São Paulo. 114 Em outro estudo, entre 763 pacientes com SCA (66,5% IAMCSST, 20,6% IAMSSST, 12,4% angina instável) admitidos no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais entre maio de 2016 e setembro de 2019, a taxa de mortalidade hospitalar foi 2,9%. 115

•Usando dados do DATASUS/SIM/SIH, Vieira et al. estimaram redução na mortalidade hospitalar ajustada para idade entre pacientes admitidos com IAM de 13,81% em 2008 para 11,43% em 2016 em Minas Gerais. 109

•Estudos recentes relataram desfechos de longo prazo após SCA. No registro ACCEPT, que incluiu 4.782 pacientes com SCA em 53 hospitais das cinco regiões geopolíticas brasileiras de 2010 a 2014, a taxa de eventos cardiovasculares maiores foi 13,6% após seguimento de 1 ano. 102 Entre 542 pacientes com IAMCSST arrolados no Brasilia Heart Study , a taxa de mortalidade foi 13,2% após um seguimento mediano de 1,7 ano. Baixa renda foi associada com mais alta mortalidade por todas as causas. 116 No estudo ERICO, entre 800 pacientes com SCA admitidos em hospital universitário na cidade de São Paulo, submetidos a angiografia invasiva de 2009 a 2013, a taxa de mortalidade geral foi 17,5% após seguimento mediano de 4 anos. 117

•O registro B-CaRe:QCO incluiu indivíduos consecutivos com SCA admitidos em hospitais públicos em Brasília-DF de janeiro de 2011 a fevereiro de 2020. Esses pacientes (n=4.099 com idade >55 anos e n=2.242 com idade ≤55 anos) foram submetidos a angiografia coronariana invasiva até 48 horas após a admissão. Mortes intra-hospitalares ocorreram em 5,7% e 3,6% daqueles >55 anos e ≤55 anos, respectivamente. As taxas de morte pós-alta foram 15,06 e 5,97 por 1.000 pacientes-ano entre aqueles >55 anos e ≤55 anos, respectivamente, após seguimento mediano de 6,67 anos. 118

Mortalidade na síndrome coronariana crônica

•No ensaio clínico MASS III de um único centro, entre pacientes com DAC multiarterial, angina estável e função ventricular esquerda preservada submetidos a CRVM entre 2001 e 2006, as taxas de morte, IAM, revascularização ou acidente cerebrovascular em 10 anos foram 30% e 36% para cirurgias com e sem circulação extracorpórea, respectivamente. 119

•Em análise retrospectiva da base de dados do MASS, entre 1.719 pacientes com DAC multiarterial estável e função ventricular esquerda preservada submetidos a CRVM, ICP, ou tratamento médico entre 2002 e 2015, as taxas de mortalidade por todas as causas em 5 anos foram 7,5%, 7,5% e 12,3% entre aqueles com escore SYNTAX baixo, intermediário e alto, respectivamente. 120

•Em análise retrospectiva de 1.001 pacientes com DAC multiarterial incluídos na base de dados do MASS entre 1995 e 2018, as taxas de mortalidade geral foram 23% e 22% entre aqueles com ou sem isquemia miocárdica, respectivamente, após seguimento mediano de 8,7 anos. 121

Mortalidade relacionada a intervenção coronariana percutânea

•Em registros e estudos envolvendo pacientes submetidos a ICP de 2005 a 2016, a maioria em instituições públicas, a taxa de mortalidade hospitalar variou de 2,3% a 2,6%. 122 , 123 No registro ICP-BR, a taxa de mortalidade hospitalar variou de 0,2% para pacientes com angina estável a 6,1% para aqueles com IAMCSST. 123

Mortalidade relacionada a cirurgia de revascularização do miocárdio

•No registro BYPASS, entre 2.292 pacientes de todas as regiões brasileiras submetidos a CRVM isolada ou combinada até novembro de 2018, a taxa de mortalidade hospitalar foi 2,8%. 124

•No registro REPLICCAR-I, entre 2.961 pacientes submetidos a CRVM isolada em dez hospitais entre 2013 e 2016, a taxa de mortalidade por todas as causas foi 3,4% em 30 dias e 5,3% aos 4 anos de seguimento. 125

•No registro prospectivo REPLICCAR II, entre 3.122 pacientes submetidos a CRVM isolada em cinco hospitais no estado de São Paulo entre julho de 2017 e junho de 2019, utilizou-se pareamento por escore de propensão para parear 1.062 pacientes submetidos a tratamento com enxerto arterial único ou múltiplo, ajustado para o risco de mortalidade. A mortalidade operatória foi 1,88% nos dois grupos. 126

•Em estudo de um único centro no sul do Brasil com 1.767 pacientes submetidos a CRVM isolada entre 2013 e 2018, utilizou-se o pareamento por escore de propensão para criar grupos de pacientes submetidos a CRVM com ou sem circulação extracorpórea (n=1370 e n=397, respectivamente). As taxas de mortalidade em 1 mês foram 2,4% e 1,5% nos grupos com e sem circulação extracorpórea, respectivamente (p=0,401). 127

•Várias outras experiências de centros únicos, com análises retrospectivas e prospectivas, relataram taxas de mortalidade de curto prazo variando de 1,9% a 11,7% para pacientes submetidos a CRVM. 128 - 131

Carga de Doença

•As estimativas do GBD para as taxas de YLDs, YLLs e DALYs atribuídos a DAC para o ano de 2019 e a série histórica de 1990 a 2019 foram publicadas na versão 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil. 4

•A estimativa do GBD para a taxa de DALYs atribuídos a DAC padronizada por idade foi 1.432,5 (II 95%, 1.345,3-1.511,2) por 100 mil habitantes para 2021 no Brasil. As mais baixas taxas foram estimadas no Distrito Federal (1.049,1 [II 95%, 939,5-1.153,0]), Minas Gerais (1.111,3 [II 95%, 983,7-1.218,0]) e Amazonas (1.117,4 [II 95%, 998,0-1.210,4]), enquanto as mais altas taxas foram observadas em Pernambuco (1.752,5 [II 95%, 1.582,0-1.921,1]), Rio de Janeiro (1.762,7 [II 95%, 1.583,4-1.935,2]) e Maranhão (1.850,9 [II 95%, 1.620,1-2.091,6] por 100 mil habitantes) ( Tabela 3-1 ). 11

Utilização e Custo da Atenção à Saúde

•Em uma abordagem de modelagem global para avaliar o impacto econômico de quatro condições cardíacas no Brasil (hipertensão, insuficiência cardíaca, IAM e fibrilação atrial), o IAM representou o maior custo financeiro, com custo por caso para o sistema de saúde de US$ 48.118 e custo de produtividade de US$ 18.678. 132

•De acordo com estudo publicado em 2008, o custo anualizado por indivíduo com DAC crônica foi estimado em R$ 2.733±2.307 no SUS, sendo que o custo para o paciente ambulatorial correspondeu a 54% do total. Para os planos de saúde privados, o custo foi estimado em R$ 6.788±7.842, sendo 69% referentes a custos com pacientes internados. Quanto ao custo dos pacientes ambulatoriais, os medicamentos foram responsáveis por R$ 1.154, representando, para os pagadores públicos e privados, 77% e 55% dos custos com os pacientes ambulatoriais e 42% e 17% do custo total, respectivamente. 133

•Alexim et al . analisaram os dados de 1.088 jovens com SCA submetidos a revascularização coronariana em hospitais públicos em Brasília-DF entre 2013 e 2015. Os custos diretos para CRVM e ICP foram equivalentes (Int$ 3.141 [IIQ: 15.392]/ano e Int$ 3.348 [IIQ: 17.884]/ano), enquanto o custo por perda de produtividade laboral foi mais alto no grupo ICP (Int$ 4.511 [IIQ: 18.062]/ano e Int$ 3.578 [IIQ: 13.198]/ano, p = 0,049) em comparação ao grupo CRVM. 134

•De acordo com dados administrativos do sistema público de saúde, o número de hospitalizações por DAC (aguda e crônica) permaneceu estável de 2015 a 2019, com mais pacientes admitidos por SCA do que por SCC. Em 2020 e 2021, houve redução de ~13% nas admissões clínicas. O número anual de internações para ICP aumentou continuamente de 38.635 em 2008 para 85.518 em 2019, diminuiu para uma média de 79.018 por ano em 2020-2021 e depois aumentou para 80.909 em 2022. O número anual de hospitalizações para CRVM manteve-se estável de 2008 (20.515) a 2019 (21.018), diminuiu para uma média de 16.243 por ano em 2020-2021 (redução de 26%) e depois aumentou para 19.565 em 2022.

•Houve significativas mudanças no reembolso e custo médio por procedimento para tratamento de DAC no SUS. Embora o número de ICPs realizadas nos hospitais públicos tenha mais do que dobrado de 2008 a 2022, o ticket médio por caso caiu à metade (valores ajustados: de R$ 12.916 em 2008 para R$ 6.443 em 2022) ( Tabela 3-2 ). Tendência similar foi observada para ICP primária. 12

Tabela 3-2. – Número e valores reembolsados ajustados das angioplastias coronarianas realizadas no SUS de 2008 a 2022.

Ano   ANGIOPLASTIA CORONARIANA  
Número de procedimentos Valor total pago (ajustado para inflação) Valor médio por procedimento
2008 38.635 R$ 499.028.630,90 R$ 12.916,49
2009 45.648 R$ 596.852.199,60 R$ 13.075,10
2010 49.492 R$ 634.390.961,40 R$ 12.818,05
2011 55.931 R$ 684.756.412,70 R$ 12.242,88
2012 60.959 R$ 707.818.064,00 R$ 11.611,38
2013 63.838 R$ 699.061.695,70 R$ 10.950,56
2014 66.492 R$ 697.953.632,50 R$ 10.496,81
2015 66.550 R$ 657.219.710,30 R$ 9.875,58
2016 69.802 R$ 624.864.836,60 R$ 8.951,96
2017 73.971 R$ 632.773.406,80 R$ 8.554,34
2018 78.575 R$ 653.083.595,90 R$ 8.311,60
2019 85.518 R$ 693.261.774,50 R$ 8.106,62
2020 77.846 R$ 620.573.346,40 R$ 7.971,81
2021 80.190 R$ 613.985.563,10 R$ 7.656,64
2022 80.909 R$ 521.362.010,90 R$ 6.443,81

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49

•O número de CRVM por DAC no SUS foi similar em 2008 (20.515) e 2022 (19.565) e o valor ajustado reembolsado por CRVM (ticket médio) diminuiu em ~23% (de R$ 20.339 em 2008 para R$ 15.723 em 2021). 49

Qualidade da Atenção à Saúde

•Várias publicações sobre qualidade do cuidado em SCA no Brasil são descritas em detalhe na versão 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil. 4 Esses estudos destacam as oportunidades de melhoria para o cuidado em saúde, as diferenças regionais nos índices de desempenho da qualidade do cuidado e a heterogeneidade entre os serviços públicos e privados. 102 , 103 , 110 , 113 , 135 - 139 Por exemplo, no registro ACCEPT, a taxa de total adesão às medicações recomendadas nas diretrizes foi de apenas 62% logo após admissão por SCA, sendo que 18% dos pacientes com IAMCSST não foram submetidos a fibrinólise nem a ICP primária. 102 No estudo BRACE, a qualidade do cuidado na SCA foi pior nas regiões norte e nordeste do que no resto do país. 103 No estudo VICTIM, o tempo médio entre o início dos sintomas e a admissão hospitalar foi maior e a taxa de ICP primária foi mais baixa nos serviços públicos do que nos privados. 110 Importante notar que a baixa qualidade do cuidado na SCA foi associada a maior risco de desfechos duros e mortalidade hospitalar nos estudos ACCEPT e BRACE. 102 , 103

•Algumas publicações, descritas em detalhe na versão 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil, 4 relataram o sucesso de algumas estratégias, como incorporação de telemedicina, para melhorar a qualidade do cuidado na SCA (por exemplo, aumento na taxa de terapia de reperfusão e do uso de antiagregantes plaquetários e estatinas, além de redução da mortalidade hospitalar). 137 - 139

•A implementação do SAMU, o serviço brasileiro de ambulância, reduziu levemente a taxa de mortalidade por IAM (OR = 0,967 [IC 95%, 0,936-0,998]) e a mortalidade hospitalar por IAM (OR = 0,914 [IC 95%, 0,845-0,986]) de 2008 a 2016 em Minas Gerais. 109

•Tempos fundamentais na estratégia fármaco-invasiva para o IAMCSST foram relatados por Bianco et al. , que analisaram 2.290 pacientes admitidos em um hospital universitário na cidade de São Paulo. Encontraram os seguintes tempos:

▫dor-unidade de saúde: mediana, 120 (IIQ 60-220) minutos;

▫porta-agulha: mediana, 71 (IIQ 42-135) minutos;

▫dor-agulha: mediana, 222 (IIQ 140-345) minutos. 114

•No registro B-CaRe:QCO, ~90% dos pacientes admitidos com IAMCSST foram submetidos a estratégia fármaco-invasiva. Carvalho et al. relataram os seguintes tempos para os pacientes com idade >55 anos:

▫dor-hospital primário: média, 165 (desvio-padrão, 142) minutos;

▫porta-agulha: mediana 70 (IIQ 43-120) minutos;

▫dor-agulha: mediana 225 (IIQ 150-335) minutos.

▫Os respectivos tempos para os pacientes com idade ≤55 anos foram: média, 154 (desvio-padrão, 131); mediana, 68 (IIQ 43-111); e mediana, 210 (IIQ 140-315) minutos. 118

•No registro B-CaRe:QCO, terapia com estatina foi prescrita na alta para 83% dos pacientes com idade >55 anos e 82% daqueles com idade ≤55 anos. As respectivas taxas de prescrição de ácido acetilsalicílico na alta foram 91% e 89%. 118

•Passaglia et al. relataram taxas de adesão a terapias baseadas em evidência em 763 pacientes com SCA admitidos no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais entre maio de 2016 e setembro de 2019. Os pacientes foram incluídos no programa Boas Práticas em Cardiologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia. As taxas de adesão foram superiores a 85% para os seguintes indicadores de desempenho: uso precoce de ácido acetilsalicílico; ácido acetilsalicílico na alta; inibidor da enzima de conversão da angiotensina ou bloqueador do receptor de angiotensina na alta para pacientes com fração de ejeção ventricular esquerda <45%; betabloqueador na alta; terapia com estatina na alta; e controle da pressão arterial na alta. A adesão ao aconselhamento para cessação do tabagismo para fumantes ativos na alta foi de 81,5%. 115

•Nos 542 pacientes com IAMCSST arrolados no Brasilia Heart Study , os de baixa renda menos frequentemente receberam dupla antiagregação plaquetária e estatinas na alta hospitalar em comparação aos de alta renda. 116

•Entre 2.290 pacientes com IAMCSST submetidos a estratégia fármaco-invasiva e admitidos em hospital universitário na cidade de São Paulo, uma maior prevalência de sintomas atípicos na chegada, mais longos tempos entre início de sintomas e busca por cuidado e maiores atrasos para receber fibrinólise foram observados nas mulheres. 114

•Em estudo retrospectivo transversal com coleta de dados por profissionais de saúde comunitária do programa de atenção primária Estratégia de Saúde da Família, entre 2016 e 2021, dos 35.103 indivíduos com infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral prévios, apenas 6,7% e 0,6%, respectivamente, relataram uso de estatina e de terapia com alta dose de estatina. O uso de estatina foi associado a idade acima de 60 anos, residir na região sul e presença de comorbidades (insuficiência cardíaca, diabetes mellitus ou doença renal crônica). 91

Impacto da Pandemia de COVID-19

•Um estudo ecológico de série temporal avaliou as admissões hospitalares (dados apenas do SUS) e as taxas de mortalidade por DCV no país durante a pandemia de COVID-19. Em comparação aos valores médios nos três anos anteriores (2017-2019), as admissões hospitalares por SCC e SCA caíram 12,8% (IC 95%, 12,5%-13,2%) e 13,6% (IC 95%, 13,3%-13,9%), respectivamente, durante a pandemia ( Tabela 3-3 ). A mortalidade hospitalar relacionada a SCC e SCA aumentou e a proporção de pacientes com SCA admitidos em UTI foi mais alta durante a pandemia ( Tabela 3-3 ), podendo refletir casos mais graves e/ou atraso nas admissões. As taxas de mortalidade por SCC e SCA padronizadas por idade por 100 mil habitantes diminuíram 23% (IC 95%, 21%-25%) e 6% (IC 95%, 5%-7%), respectivamente ( Tabela 3-3 ), embora quase não tenha havido mudança quando SCA foi analisada não apenas como causa básica de óbito, mas também como causa associada (redução de 1% [IC 95%, 0%-2%]). Aumento na proporção de óbitos domiciliares foi relatado para tanto SCC quanto SCA ( Tabela 3-3 ). 15

Tabela 3-3. – Número de admissões hospitalares, porcentagem de mortalidade hospitalar, taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) e porcentagem de óbitos domiciliares por síndromes coronarianas crônica e aguda durante a pandemia de COVID-19.

    Observado (IC 95%) Esperado (IC 95%) Razão de risco* (IC 95%)
Síndrome coronariana crônica Admissões hospitalares (n) 115.250 (111.624;118.876) 132.173 (129.754;134.592) 0,872 (0,868;0,875)
Mortalidade hospitalar (%) 3,3 (3,2;3,4) 3,0 (2,9;3,0) 1,116 (1,098;1,134)
Taxa de mortalidade 7,15 (7,04;7,27) 9,29 (9,16;9,42) 0,77 (0,75;0,79)
Óbitos domiciliares (%) 0,37 (0,36;0,38) 0,31 (0,31;0,32) 1,17 (1,16;1,19)
Síndrome coronariana aguda Admissões hospitalares (n) 171.287 (166.244;176.330) 198.208 (196.571;199.845) 0,864 (0,861;0,867)
Admissões em UTI (%) 26,5 (26,3;26,7) 24,8 (24,6;25,0) 1,068 (1,064;1,072)
Mortalidade hospitalar (%) 10,8 (10,6;10,9) 9,9 (9,8;10,0) 1,085 (1,077;1,093)
Taxa de mortalidade 44,58 (44,29;44,86) 47,3 (47,01;47,59) 0,94 (0,93;0,95)
Óbitos domiciliares (%) 0,37 (0,36;0,37) 0,33 (0,33;0,34) 1,10 (1,10;1,11)

Semanas epidemiológicas: 10/2020-21/2021 para dados hospitalares, 10/2020-11/2021 para taxa de mortalidade na população. UTI: unidade de terapia intensiva. * Razão de risco é a razão entre os valores observado e esperado. Fonte: Brant et al. 15

•Brant et al. compararam mortes por DCV observadas e esperadas durante a fase inicial da pandemia de COVID-19 (17 de março a 22 de maio de 2020) nas seis cidades brasileiras com os mais altos números de mortes por COVID-19 no período (São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Belém e Manaus). O número de mortes especificadas por SCA aumentou em Belém e Manaus, mas diminuiu nas outras cidades. O número de mortes cardiovasculares não especificadas aumentou em todas as cidades e foi correlacionado aos óbitos domiciliares. O efeito líquido foi um aumento no percentual de excesso de mortes cardiovasculares totais em todas as cidades (especialmente Belém e Manaus), exceto Rio de Janeiro e Recife. 8

•Em um registro de pacientes de 16 hospitais em seis diferentes estados, o número de indivíduos admitidos no setor de emergência com suspeita de SCA (especialmente SCA sem supradesnível do segmento ST) nos primeiros três meses da pandemia de COVID-19 diminuiu 36,5% em comparação à média mensal nos 12 meses anteriores. 140

•Em estudo de série temporal no contexto do SUS, em comparação ao período entre março e maio de 2019, as admissões por IAM caíram 4% de março a maio de 2020, enquanto as mortes hospitalares caíram 9% e a taxa de letalidade (porcentagem de mortes nas admissões) caiu 5%. 141

•Em estudo ecológico com residentes de Belo Horizonte com idade ≥30 anos, não se observou excesso de mortalidade por SCA ao se comparar as taxas padronizadas por idade observadas nas semanas epidemiológicas 10-48 de 2020 com as taxas esperadas (média do período 2015-2019). Os autores relataram reduções nas taxas de admissão hospitalar (RR 0,79; IC 95%, 0,75-0,84) e mortes hospitalares (RR 0,76; IC 95%, 0,57-1,01) por SCA, além de aumento nos óbitos domiciliares (RR 1,38; IC 95%, 1,04-1,82). 66

•Em estudo de série temporal em Belo Horizonte, o número de hospitalizações por SCA no período pandêmico de 2020 foi 21% menor do que o projetado (n=2.369 e 3.013, respectivamente). 142

•As admissões por eventos coronarianos urgentes e eletivos entre 18 de março e 30 de setembro de 2020 foram comparadas às hospitalizações durante uma série histórica de dois anos (2018 e 2019) no contexto do plano de saúde UNIMED-BH, um sistema médico privado que cobre aproximadamente 1,31 milhão de indivíduos (22% da população) na área metropolitana de Belo Horizonte. Os números de admissões por DAC foram 2.789, 3.519 e 2.348 em 2018, 2019 e 2020, respectivamente, indicando uma redução de 26% (IC 95%, 22%-30%) em 2020 em comparação à série histórica. A taxa de mortalidade hospitalar foi significativamente mais alta em 2020 (5,4%; IC 95%, 4,5%-6,4%) do que em 2018-2019 (3,6%; IC 95%, 3,2%-4,1%). 143

Perspectiva

•Dados adicionais são necessários para a melhor compreensão da distribuição epidemiológica da DAC no Brasil, em particular:

1. Desenvolvimento de bases de dados em âmbito nacional para a coleta de informação precisa e em tempo real sobre a epidemiologia das distintas apresentações clínicas da DAC, incluindo medidas de prestação do cuidado, de desempenho e de desfecho;

2. Análises de dados desagregados para um entendimento profundo dos diversos aspectos da epidemiologia e do tratamento da DAC de acordo com sexo, idade, raça, educação, renda, acesso ao sistema de saúde, região e outras características do microambiente;

3. Revisões sistemáticas das taxas de prevalência e de mortalidade por SCA, angina estável, ICP e CRVM, incluindo amostras representativas de todas as regiões geográficas do país, estratificadas segundo o tipo de sistema de saúde;

4. Avaliação da efetividade dos programas nacionais estruturados para medida da qualidade e do desempenho dos diferentes provedores (público, sem e com fins lucrativos) para entender a atual situação, além de elaborar estratégias para reduzir a morbimortalidade por DCV;

5. Análises econômicas e de custo-efetividade adicionais do impacto da DAC e de suas intervenções diagnósticas e terapêuticas, a partir de nível macro e usando métodos de microcusteio para os sistemas de saúde público e privado;

6. Desenvolvimento de programas estruturados para avaliar a prevalência, a incidência, a clínica e o impacto econômico da DAC crônica no contexto ambulatorial;

7. Análises para avaliar o impacto de longo prazo da pandemia de COVID-19 na prevalência, incidência, mortalidade e carga da DAC, assim como na efetividade de seu tratamento.

CAPÍTULO 4 – CARDIOMIOPATIA E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

CID-10 I42; I50; B57.2.

Ver Figuras 4-1 a 4-6

Abreviaturas Usadas no Capítulo 4.
BREATHE I Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10a Revisão
CMCh Cardiomiopatia da doença de Chagas
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Years )
DCh Doença de Chagas
GBD Global Burden of Disease
HR Hazard Ratio
IC Intervalo de Confiança
II Intervalo de Incerteza
RR Risco Relativo
SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SUS Sistema Único de Saúde
T. cruzi Trypanosoma cruzi
UF Unidade Federativa
US United States
YLDs Anos vividos com incapacidade (do inglês, Years Lived with Disability )
YLLs Anos potenciais de vida perdidos (do inglês, Years of Life Lost)

Cardiomiopatia e Miocardite

Prevalência e Incidência

•De acordo com as estimativas do Estudo GBD 2019, que são os últimos dados completos disponíveis, a prevalência de cardiomiopatia e miocardite padronizada por idade no Brasil diminuiu 4,7% (95% II, -9,5;0.8) de 1990 a 2019. Em números absolutos, as estimativas de prevalência de cardiomiopatia e miocardite no Brasil passaram de menos de 60 mil em 1990 para mais de 160 mil em 2019, principalmente devido ao crescimento e envelhecimento da população. Mais detalhes sobre os dados de cardiomiopatia e miocardite do Estudo GBD 2019 estão disponíveis na versão de 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil. 4

Mortalidade

•De acordo com as estimativas do GBD 2021, a taxa de mortalidade por miocardite no Brasil foi 0.2 (II 95%, 0.2-0.2), sendo as mais altas taxas observadas em Roraima (0,7; II 95%, 0,6-0,8) e Goiás (0,4; II 95%, 0,3-0,4). Além disso, de acordo com as estimativas do GBD 2021, a taxa de mortalidade por outras cardiomiopatias foi 7,0 (II 95%, 6,3-7,4). As UF com as mais baixas taxas de mortalidade foram Rio Grande do Norte (3,6; II 95%, 3,1-4), Rio Grande do Sul (3,6; II 95%, 3,1-4) e Amazonas (4,0; II 95%, 3,5-4,4), enquanto as de mais altas taxas foram Roraima (12,8; II 95%, 10,7-15,1), São Paulo (11,3; II 95%, 10-12,2) e Rio de Janeiro (9,7; II 95%, 8,7-11). Como os dados do GBD 2021 não representam uma série histórica, não podem ser comparados a dados anteriores. Os últimos dados completos do GBD disponíveis são de 2019.

•De acordo com as estimativas do Estudo GBD 2019, as taxas de mortalidade por cardiomiopatia e miocardite pareceram aumentar na década de 1990, mas diminuíram nas duas décadas seguintes. As mortes por insuficiência cardíaca que resulta de outras causas específicas são atribuídas à doença de base, i.e., mortes relacionadas a cardiomiopatia isquêmica são codificadas como devidas a doença isquêmica do coração. Além disso, para o projeto GBD, a insuficiência cardíaca não é considerada uma causa de morte primária e, portanto, todas as mortes codificadas como relacionadas a insuficiência cardíaca são recodificadas para a condição de base (ver adiante). Mais detalhes sobre mortalidade por cardiomiopatia e miocardite do Estudo GBD 2019 estão disponíveis na versão de 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil. 4

•Em estudo relatando dados da Fundação SEADE, do estado de São Paulo, as cardiomiopatias foram responsáveis por um total de 3.571 óbitos, correspondendo a 23,3% das mortes relacionadas a insuficiência cardíaca em 2006, a saber: cardiomiopatia dilatada, responsável por 17,2% das mortes; cardiomiopatia alcoólica, por 0,45%; e cardiomiopatias restritivas, por 0,37%. A CMCh e a cardiomiopatia alcoólica foram responsáveis por 7,8% e 0,45% das mortes relacionadas a insuficiência cardíaca, respectivamente. 144

•Dados sobre cardiomiopatias específicas são escassos. Em estudo de coorte de 214 pacientes com cardiomiopatia hipertrófica, acompanhados por 7 anos em hospital terciário de São Paulo, a idade média foi 37±16 anos, sendo 52% mulheres. Houve 22 mortes (10%), 15 diretamente relacionadas à cardiomiopatia hipertrófica (11 mortes súbitas). As taxas de sobrevida acumulada foram 94,5% em 5 anos, 91% em 10 anos e 87,9% em 15 anos, com taxa de mortalidade anual de 1%, que é baixa, considerando que o estudo foi realizado em um centro de referência. 145

Carga de Doença

•De acordo com as estimativas do GBD 2021, a taxa de DALYs por miocardite foi 8,7 (II 95%, 7,7-9,8), sendo as mais altas taxas observadas em Roraima (23; II 95%, 20,1-26,4), Goiás (12,6; II 95%, 10,7-14,8) e Paraná (12; II 95%, 10,4-13,8). Além disso, de acordo com as estimativas do GBD 2021, a taxa de DALYs por outras cardiomiopatias foi 184,2 (II 95%, 174,4-194,3). As UF com as mais baixas taxas de DALYs foram Rio Grande do Sul (86,1; II 95%, 77,3-94,5) e Rio Grande do Norte (96,8; II 95%, 87,8-106,2), enquanto as UF com as mais altas taxas de DALYs por outras cardiomiopatias foram São Paulo (303,1; II 95%, 275,2-332,4), Roraima (281; II 95%, 238,3-331,5) e Rio de Janeiro (279,1; II 95%, 254,1-310,6). Como os dados do GBD 2021 não representam uma série histórica, não podem ser comparados a dados anteriores. Os últimos dados completos do GBD disponíveis são de 2019 e foram discutidos na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021. 4 Em resumo, de acordo com as estimativas do GBD 2019, as tendências das taxas de DALYs por cardiomiopatia e miocardite padronizadas por idade foram similares àquelas de mortalidade, com um pequeno aumento na década de 1990 e diminuição nas décadas seguintes.

Doença de Chagas Crônica e Cardiomiopatia da Doença de Chagas

Prevalência e Incidência

•A prevalência de DCh no Brasil em 2010 foi estimada em 1.156.821 pela Organização Mundial da Saúde, 146 sendo essa a última estimativa oficial disponível, publicada em 2015. De acordo com tal estimativa, o número de indivíduos com CMCh no Brasil era 231.364. Esses números revelam uma tendência significativa de diminuição de casos humanos de DCh no Brasil em relação às estimativas anteriores, sendo isso atribuído a vários fatores, mas principalmente à quase completa interrupção da transmissão vetorial e transfusional no Brasil. Essa redução é relatada na versão de 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil baseada nas estimativas do Estudo GBD 2019. 4

•Uma revisão sistemática incluindo 42 artigos confirmou uma redução na prevalência de DCh. 147 Entretanto, estima-se que cerca de 4,6 milhões (IC 95%, 2,9-7,2 milhões) de pessoas tenham sido infectadas pelo T. cruzi em 2010. Essas estimativas são bem maiores do que as da Organização Mundial da Saúde para 2010. 146

•No estudo de coorte retrospectivo sobre DCh dos National Institutes of Health , REDS-II, doadores de sangue inicialmente saudáveis com uma doação-índice soropositiva para T. cruzi pareados por idade, sexo e período com doadores soronegativos foram acompanhados por 10 anos. 148 A incidência diferencial de cardiomiopatia atribuível à infecção por T. cruzi foi 1,85 por 100 pessoas-ano. Quando acompanhados prospectivamente por mais uma década, de 2008–2010 a 2018–2019, a incidência de cardiomiopatia nos doadores soropositivos para T. cruzi foi 13,8 (IC 95%, 9,5–19,6) eventos/1.000 pessoas-ano (32/262, 12%) em comparação a 4,6 (IC 95%, 2,3–8,3) eventos/1.000 pessoas-ano (11/277, 4%) em controles soronegativos, com uma diferença absoluta na incidência associada à soropositividade para T. cruzi de 9,2 (IC 95%, 3,6–15,0) eventos/1.000 pessoas-ano. 149

•No Estudo de Coorte de Idosos de Bambuí, a incidência de cardiomiopatia foi avaliada em residentes idosos de Bambuí infectados e não infectados sem maiores anormalidades no ECG na linha de base em 1997, que foram seguidos até 2008. No grupo com DCh (n=245), a incidência de cardiomiopatia foi 24,8 (IC 95%, 19,5–30,1) eventos/1.000 pessoas-ano e, no grupo controle (n=617), 15,5 (IC 95%, 12,7–18,5) eventos/1.000 pessoas-ano. A diferença absoluta na incidência associada à DCh em todo o período de 1997 a 2008 foi 9,25 (IC 95%, 3,2–15,2). 150

•Em uma revisão sistemática e meta-análise de 32 estudos com pacientes com DCh (amostras variaram de 9 a 3.336 participantes), a estimativa da taxa anual pooled de cardiomiopatia foi 4,6% entre aqueles com DCh aguda e 1,9% entre aqueles com a forma crônica indeterminada de DCh. 151

Mortalidade

•No Estudo GBD 2019, tanto o número de mortes quanto a taxa de mortalidade padronizada por idade por DCh no Brasil diminuíram de 1990 a 2019. Mais detalhes sobre os dados de DCh do Estudo GBD 2019 estão disponíveis na versão de 2021 da Estatística Cardiovascular - Brasil. 4

•Da mesma forma, vários estudos de base populacional mostraram uma redução na mortalidade por DCh no Brasil nas últimas décadas, como indicado na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021, tendo todos relatado reduções na taxa de mortalidade com variações regionais. 4

•Um recente estudo ecológico de base populacional no nordeste do Brasil, usando dados de 2016 a 2018, avaliou 801 pacientes com DCh crônica nas mesorregiões de Pernambuco. A taxa de ocorrência média da doença crônica foi 3,2/100 mil pessoas-ano. 152 Não foram relatados casos de doença aguda. No total, 350 mortes foram registradas, mostrando predominância masculina, idade ≥ 60 anos e doença crônica com envolvimento cardíaco como a principal causa de morte. Padrões similares foram anteriormente relatados, como discutido na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021. 4 A mortalidade proporcional média anual foi 1,6/100 mil pessoas (desvio-padrão, 2,4) ( Figura 4-1 ).

Figura 4-1. – Taxas padronizadas de mortalidade por doença de Chagas no Brasil de acordo com o grupo etário (em anos) e o ano de ocorrência, de 2000 a 2010. Fonte: Nóbrega et al. 177 .

Figura 4-1

•Em estudo nacional que analisou todas as declarações de óbito emitidas entre 2000 e 2019 no Brasil, DCh foi mencionada em 122.291 mortes (0,54% das declarações de óbito), 94.788 (77,5%) como causa básica e 27.503 (22,5%) como causa associada. A taxa de mortalidade média padronizada foi 3,22/100 mil habitantes/ano, com tendência de declínio no período. 153 As mais altas taxas de mortalidade foram observadas nos homens, grupo etário ≥80 anos, raça/cor de pele negra, 1-3 anos de escolaridade e residentes na região Centro-Oeste ( Figura 4-2 ).

Figura 4-2. – Distribuição espacial das taxas de mortalidade relacionada à doença de Chagas, por 100 mil habitantes, de acordo com as unidades federativas no Brasil, 2000–2019. (A) Taxas brutas; (B) Taxas ajustadas por idade. Fonte: Martins-Melo et al. 153 .

Figura 4-2

•No já mencionado Estudo de Coorte de Idosos de Bambuí, 150 o desenvolvimento de cardiomiopatia aumentou o risco de morte em comparação à manutenção de ECG normal [HR: 1,93 (IC 95%, 1,02–3,65)]. O estudo concluiu que a DCh está associada a maior risco de progressão para cardiomiopatia no idoso, que representa maior risco de morte em indivíduos com DCh.

•Como discutido na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021, os estudos prévios relataram aumento do risco de morte de doadores de sangue soropositivos para DCh, 154 além de subnotificação da DCh como causa de morte. Em pacientes com insuficiência cardíaca, as mortalidades por todas as causas e por insuficiência cardíaca foram significativamente mais elevadas naqueles com DCh em comparação àqueles sem DCh, 155 com risco de morte aumentado naqueles com cardiomiopatia, maior ainda na presença de aneurisma ventricular esquerdo. 156 Outra coorte mostrou reduções nas taxas de morte absolutas ao longo do tempo em pacientes com CMCh e cardiomiopatias não DCh, mas observaram-se aumentos na HR associada com DCh ao longo do tempo. 157 Maior número de eventos cardiovasculares foram relatados nos municípios com menos médicos por 1.000 habitantes ou menor cobertura da Atenção Primária. 158

•Em um estudo de coorte incluindo 1.551 pacientes com CMCh em Minas Gerais, foi desenvolvido um escore preditivo de mortalidade em 2 anos. O escore incluiu variáveis simples, como idade, classe funcional da New York Heart Association , frequência cardíaca, duração do QRS e níveis anormais de NT-proBNP ajustados para idade. As taxas de mortalidade observadas nos grupos de risco baixo, médio e alto foram 0%, 3,6% e 32,7%, respectivamente, na coorte de derivação e 3,2%, 8,7% e 19,1%, respectivamente, na coorte de validação, com estatística C de 0,82 e 0,71, respectivamente. Esse parece ser um escore útil e simples para ser usado em áreas remotas com limitados recursos tecnológicos. 159

•Uma revisão sistemática mais recente de mortalidade na CMCh incluiu 52 estudos longitudinais (9.569 pacientes e 2.250 mortes). 160 A taxa anual de mortalidade por todas as causas foi 7,9% [IC 95%, 6,3–10,1]. A estimativa da taxa anual pooled de morte cardiovascular foi 6,3% (IC 95%, 4,9–8,0). Meta‐regressão mostrou associação de fração de ejeção ventricular esquerda baixa (coeficiente = -0,04; IC 95%, -0,07;-0,02; P = 0,001) com risco de mortalidade aumentado, sendo a mortalidade maior nos estágios mais avançados de insuficiência cardíaca, indicando que o risco de mortalidade na CMCh crônica é substancial e primariamente atribuível a causas cardiovasculares.

Carga de Doença

•Como relatado na Estatística Cardiovascular - Brasil 2021, 4 de acordo com o Estudo GBD 2019, foram estimados 174.194 DALYs (II 95%, 109.039-302.974) devidos a DCh no Brasil, com uma redução relativa de 32,1% em comparação ao valor de 1990. As taxas de DALYs padronizadas por idade diminuíram em nível nacional (-70,5%) e em todas as UF brasileiras entre 1990 e 2019, mas com diferentes padrões regionais. A diminuição nas taxas de DALYs foi primariamente devida a uma redução consistente nas taxas de YLLs, o principal componente do total de DALYs por DCh. A maior carga fatal e não fatal por DCh foi observada entre os homens e os idosos e nas UF brasileiras com importantes áreas endêmicas de transmissão vetorial no passado, como Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.

Insuficiência cardíaca

•Como a insuficiência cardíaca não é considerada uma causa básica de morte (i.e., código garbage ) no Estudo GBD, todas as mortes atribuídas a insuficiência cardíaca nas declarações de óbito são reclassificadas e/ou redistribuídas para outras causas, de acordo com o método do GBD. Assim, não há dados do GBD sobre mortalidade por insuficiência cardíaca. A insuficiência cardíaca é classificada pelo GBD como um “comprometimento”, portanto, os únicos indicadores do GBD para insuficiência cardíaca são prevalência e YLDs, que é o componente de morbidade do DALYs.

Prevalência e Incidência

•Os últimos dados completos do GBD disponíveis são de 2017, como discutido na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021. 4 A prevalência padronizada por idade de insuficiência cardíaca no Brasil passou de 818 (II 95%, 718-923) em 1990 para 772 (II 95%, 680-875) em 2017, uma diminuição de 5% (95 UI, -7,1;-3) no período. Em números absolutos, as estimativas de prevalência de insuficiência cardíaca no Brasil subiram de 0,67 milhão em 1990 para quase 1,7 milhão em 2017, principalmente devido a crescimento e envelhecimento da população. As mais altas taxas foram observadas no Rio Grande do Norte e as mais baixas, no Acre. A prevalência de insuficiência cardíaca foi maior em mulheres (795; II 95%, 694-901) do que em homens (751; II 95%, 656-845) em 2017, e a redução na prevalência de 1990 a 2017 foi mais pronunciada nos homens, sendo a porcentagem de diminuição 7,5 (II 95%, -10,2;-4,8) para homens e 3,2 (II 95%, -6,5;-0,1) para mulheres. Quanto aos grupos etários, as taxas de incidência aumentaram 10 vezes do grupo de 15-49 anos ao de 50-69 anos, e 6 vezes do último grupo ao de 70+ anos, tendo esses aumentos sido similares para mulheres e homens. De 1990 a 2017, a prevalência aumentou apenas no grupo de 15-49 anos, enquanto diminuiu nos demais, provavelmente em associação com a elevação de eventos isquêmicos naquele grupo etário.

•Uma revisão sistemática, avaliando a carga de insuficiência cardíaca na América Latina, incluiu 143 artigos publicados entre janeiro de 1994 e junho de 2014, com pelo menos 50 participantes com idade ≥ 18 anos; a maioria dos estudos incluídos (64%) foi do Brasil. 161 A idade média dos pacientes foi 60±9 anos, a fração de ejeção média, 36±9%, e a prevalência de insuficiência cardíaca, 1% (IC 95%, 0,1-2,7). Dos estudos incluídos, apenas um avaliou incidência, com 1.091 indivíduos identificados através de amostragem probabilística em múltiplas etapas na cidade de Porto Alegre. A idade média foi 42,8±16,9 anos e 55% eram mulheres. A incidência de insuficiência cardíaca em um estudo com apenas uma população fornecendo essa informação foi de 199 casos por 100 mil pessoas-ano. 162

•Em estudo de base populacional em atenção primária de uma cidade brasileira de tamanho médio, 633 indivíduos com idade ≥45 anos foram selecionados aleatoriamente e registrados em um programa de atenção primária. A idade média foi 59,6±10,4 anos e 62% eram mulheres. A prevalência de insuficiência cardíaca sintomática (estágio C) foi 9,3% e a de insuficiência cardíaca estágio B (anormalidades estruturais) foi 42,7%. Dos pacientes com insuficiência cardíaca, 59% apresentavam fração de ejeção preservada e 41% apresentavam fração de ejeção reduzida. 163

•Um estudo baseado na Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, com dados de 59.655 adultos (≥ 18 anos), encontrou prevalência autorreferida de insuficiência cardíaca de 1,1%, representando cerca de 1,7 milhão de indivíduos. Naqueles acima de 60 anos, a prevalência foi de 3,3%. 164

Mortalidade

•Um estudo ecológico desenvolvido com dados secundários sobre mortalidade por insuficiência cardíaca no Brasil de 1996 a 2017 relatou 1.242.014 mortes por insuficiência cardíaca, como mostra a Figura 4-3 . 165 Os resultados da análise da tendência temporal mostraram redução significativa de 2,3% (IC 95%, -2,3;-2,7) na taxa de mortalidade em todas as UF brasileiras. Os municípios do norte mantiveram taxas de mortalidade baixas no período analisado, sugerindo subnotificação.

Figura 4-3. – Risco relativo de mortalidade por insuficiência cardíaca de todos os municípios brasileiros nos períodos: A) 1996-2001; B) 2002-2007; C) 2008-2012; e D) 2013-2017. Fonte: Cestari et al. 165 .

Figura 4-3

• Outro estudo ecológico analisando mortalidade por insuficiência cardíaca no Brasil para indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos, entre 1998 e 2019, mostrou resultados similares. 166 A taxa média foi de 75,5 mortes por 100 mil habitantes e as mulheres corresponderam à maior proporção (n=299.093; 52,67%). A mortalidade por insuficiência cardíaca em brasileiros com idade superior a 50 anos apresentou tendência decrescente em 21 anos, sendo tal tendência observada em ambos os sexos e em 23 UF ( Figura 4-4 ). Esse estudo mostrou que as taxa de mortalidade por insuficiência cardíaca aumentaram com o avançar da idade em todas as regiões brasileiras, com maior ocorrência em indivíduos a partir dos 80 anos de idade (n=257.277; 45,31%). 166 , 167

Figura 4-4. – Distribuição espacial das médias móveis das taxas de mortalidade por insuficiência cardíaca entre os brasileiros com idade superior a 50 anos, Brasil, 1998 a 2019. Fonte: Arruda et al. 166 .

Figura 4-4

•Um estudo foi realizado com todas as declarações de óbito emitidas no Brasil entre 2006 e 2016 para identificar insuficiência cardíaca como causa básica de morte ou como causa múltipla de morte. Foram incluídas 1.074.038 declarações de óbito emitidas entre 2006 e 2016, em cujas Partes I ou II constasse o código I50. A frequência com que insuficiência cardíaca apareceu como causa múltipla de morte nos dois sexos foi quase três vezes maior do que aquela com insuficiência cardíaca como causa básica de morte. Os códigos específicos da CID mais frequentemente listados como causa básica de morte nas declarações de óbito em que insuficiência cardíaca apareceu em qualquer parte foram cardiopatia hipertensiva (11,3%), infarto agudo do miocárdio (8,4%), diabetes mellitus (3,1%), cardiomiopatia dilatada (2,9%), doença pulmonar obstrutiva crônica (2,6%) e DCh (1,7%). 168

•Como relatado na Estatística Cardiovascular - Brasil 2021, 4 a porcentagem de mortes devidas a insuficiência cardíaca varia de 3% a 9%, a depender da região, idade e análise realizada. Ademais, a mortalidade durante o seguimento dos pacientes com insuficiência cardíaca varia nos estudos de coorte brasileiros, com mortalidade em 1 ano variando de 6,8% a 20%, dependendo dos fatores clínicos, e com sobrevida melhorando ao longo do tempo.

Hospitalizações

•As hospitalizações são a principal consequência de insuficiência cardíaca descompensada, resultando em pior prognóstico e elevando os custos. O Estudo BREATHE avaliou uma amostra de pacientes admitidos por insuficiência cardíaca descompensada aguda. No total, 1.263 pacientes de 51 centros de diferentes regiões brasileiras foram incluídos em 2011 e 2012. A mortalidade hospitalar foi 12,6% e as metas dos indicadores de qualidade assistencial baseados nas recomendações de alta hospitalar foram alcançados em menos de 65% dos pacientes. 167 Como relatado na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021 4 e em avaliação recente de admissões hospitalares por insuficiência cardíaca, taxas de mortalidade hospitalar similares foram informadas, variando de 9% a 17%. 115

•Várias análises temporais mostraram redução no número de hospitalizações e na mortalidade hospitalar ao longo do tempo, principalmente na última década, 168 , 169 como discutido com detalhes na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021. 4

Carga de Doença

•Como relatado na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021, 4 as taxas de YLDs padronizadas por idade por insuficiência cardíaca foram 112 (II 95%, 83-141) em 1990 e 109 (II 95%, 81-134) em 2017 por 100 mil habitantes, correspondendo a diminuição de 3% (II 95%, -6,7 a 0,3). Tais variações são similares às observadas nas taxas de prevalência de insuficiência cardíaca. A despeito dessa diminuição nas taxas de YLDs, a insuficiência cardíaca resultou em 88.114 (II 95%, 64.078-112.624) DALYs no Brasil em 1990 e em 234.169 (II 95%, 174.338-291.188) DALYs em 2017, devido ao crescimento e envelhecimento da população. As reduções foram mais pronunciadas nos homens durante aquele período. Como esperado, as mais altas taxas de YLDs foram observadas no grupo de 70+ anos, seguido pelo grupo de 50-69 anos. À semelhança das variações observadas na prevalência, de 1990 a 2017, os maiores aumentos de YLDs foram verificados no grupo de 15-49 anos.

Impacto da Pandemia de COVID-19

•Os dados sobre hospitalização e mortalidade no Brasil entre 2020 e 2021 mostram redução na hospitalização por doença cardiovascular, com insuficiência cardíaca e cardiomiopatias apresentando a mais alta redução absoluta nas hospitalizações (-66.499; IC 95%, -58.863,4; -74.035,9). Houve ainda uma redução relativa nas hospitalizações no período (RRi 0,761; IC 95%, 0,759-0,763). Entretanto, houve um aumento na gravidade clínica dos pacientes hospitalizados, com aumento proporcional de 19,4% (RRi 1.194; IC 95%, 1.188-1.200) nas admissões em unidade de terapia intensiva e de 13,6% (RRi 1.136; IC 95%, 1.130-1.143) nas mortes hospitalares. Esses dados sugerem que os pacientes menos graves podem não ter sido hospitalizados e, por outro lado, os mais graves devem ter buscado o hospital mais tardiamente, agravando seus desfechos. 15

•A maior redução na hospitalização ocorreu em municípios da região norte, naqueles com mais baixo índice de desenvolvimento humano e nos menores. Além disso, a redução foi maior entre idosos e mulheres, refletindo o maior impacto da pandemia nas admissões clínicas dos grupos mais vulneráveis. Quanto à mortalidade por insuficiência cardíaca e cardiomiopatias, houve redução na taxa de mortalidade padronizada e aumento nas mortes domiciliares. 15

•Outro estudo com dados de janeiro de 2011 a junho de 2022 mostrou redução nas hospitalizações por insuficiência cardíaca desde o início da série, mas com queda mais significativa após o início da pandemia de COVID-19. Dados de 2020 a junho de 2022 mostram média mensal de hospitalização de 8.547 casos, o que representa uma queda de 16,10% em relação aos dados de 2019 e de 37,75% em relação aos de 2011. Isso corresponde a uma diminuição de 132,81 hospitalizações por 100 mil habitantes em 2011 para 78,58 hospitalizações por 100 mil habitantes em 2021 (redução de 40,83%, como mostra a Figura 4-5 ). Por outro lado, houve elevação da letalidade da insuficiência cardíaca, que aumentou de 10,00% em 2011 para 12,63% em 2019 e para 13,47% em 2022 ( Figura 4-6 ). 170

Figura 4-5. – Série histórica de hospitalizações por insuficiência cardíaca de janeiro de 2011 a junho de 2022. Fonte: Cruz et al. 170 .

Figura 4-5

Figura 4-6. – Série histórica de letalidade da insuficiência cardíaca de 2011 a 2022. Fonte: Cruz et al. 170 .

Figura 4-6

•Um estudo de coorte usando dados do programa de Boas Práticas Clínicas em Cardiologia comparou as hospitalizações por insuficiência cardíaca durante o surto de COVID-19 de 12 de março a 31 de outubro de 2020 com as admissões nos mesmos hospitais durante as mesmas semanas epidemiológicas em 2019 e 2018. Esse estudo relatou uma redução de 20% no número de hospitalizações. Entretanto, houve significativo aumento na mortalidade dos pacientes hospitalizados. Após ajuste, o risco de morte em 30 dias foi aproximadamente duas vezes maior nos pacientes admitidos durante o surto de COVID-19 (HR = 1,89 [IC 95%, 1,19-3,03]; p=0,007) em comparação ao risco de morte nos dois anos anteriores. Má adesão às recomendações de tratamento e doença renal aguda foram mais comumente relatadas como fatores desencadeantes de descompensação de insuficiência cardíaca durante o surto de COVID-19. Além disso, os pacientes foram hospitalizados com maior gravidade (medida através do escore de risco ADHERE) durante o surto de COVID-19. 171

•Houve preocupação quanto ao impacto da coinfecção por COVID-19 e DCh, devido tanto às diferentes formas de envolvimento ou complicações cardíacas que a COVID-19 pode causar quanto ao impacto que a COVID-19 aguda e a imunossupressão induzida pela doença e por seu tratamento podem ter na DCh. 172 Entretanto, um estudo multicêntrico comparando pacientes hospitalizados com COVID-19 e DCh a outros sem DCh não observou diferença em mortalidade, tempo de permanência ou complicações, como insuficiência cardíaca aguda, entre os dois grupos. 173 Um estudo usando dados de taxa de mortalidade para 2020 obtidos na base de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil identificou 492 mortes relacionadas a coinfecção por DCh e COVID-19. As mais altas taxas de mortalidade foram observadas nos grupos etários mais idosos, indivíduos de etnia afrobrasileira e aqueles com baixos níveis educacionais. 174

•Utilização e Custo da Atenção à Saúde

•De acordo com dados do SUS, houve 3.454.570 hospitalizações por insuficiência cardíaca de 2008 a 2021. Esse número representa mais de um terço do total de admissões clínicas relacionadas a condições cardiovasculares no período observado. Os custos totais ajustados foram R$ 8.438.025.775.

•Durante o período observado, houve redução no número de admissões clínicas por insuficiência cardíaca, que passou de 298.474 (157 por 100 mil) em 2008 para 181.441 (85 por 100 mil) em 2021, sendo tal redução uniforme ao longo dos anos. A despeito dessa diminuição no número de admissões, as estimativas das despesas não ajustadas com atenção à saúde a partir de pagamento direto ajustado para o cuidado de pacientes com insuficiência cardíaca aumentaram de 2008 para 2019 em quase 24%, passando de R$ 288.345.221 em 2008 para R$ 356.801.947 em 2021. O número reduzido de admissões e as despesas aumentadas representam maiores custos por admissão no período observado (de R$ 912 em 2008 para R$ 1.787 em 2021). A insuficiência cardíaca foi a principal responsável pelos custos relacionados às admissões clínicas entre as doenças cardiovasculares.

•Um estudo ecológico usando dados de 2018 a 2021 identificou projeções que indicam despesa total de mais de R$ 1 bilhão com hospitalizações, com um custo hospitalar médio de R$ 1.725,27 por pessoa. O custo médio por hospitalização excedeu R$ 2 bilhões. Aproximadamente 3% das despesas federais são reservadas para pagamento de benefícios previdenciários para insuficiência cardíaca. Do total de afastamentos do trabalho, 65% correspondem a homens e 35% a mulheres, com custos que poderiam alcançar R$ 6 bilhões em perdas por ano. 175 , 176

•Como discutido na Estatística Cardiovascular – Brasil 2021, 4 a carga econômica de insuficiência cardíaca no Brasil determina um custo financeiro de R$ 22,1 bilhões (US$ 6,8 bilhões), como avaliado em 2015, o segundo custo dentre as quatro principais condições cardíacas no Brasil: infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, hipertensão e fibrilação atrial. 132 Foram também relatados aumentos no custo médio por paciente das hospitalizações relacionadas à insuficiência cardíaca.

•Perspectivas

•Por ser a insuficiência cardíaca considerada um código garbage quando designada como causa básica de morte, são necessários estudos que investiguem o melhor método para reclassificar e redistribuir essa causa de modo a reduzir viés e propiciar melhor comparabilidade de dados para o aperfeiçoamento das políticas de saúde.

•Estudos brasileiros de coorte sobre cardiomiopatias são raros, tendo alguns estudos clínicos no Brasil informado dados de insuficiência cardíaca, havendo, no entanto, poucos estudos multicêntricos com dados da população brasileira. Vale ressaltar a importância de se poder contar com dados tanto de insuficiência cardíaca quanto de cardiomiopatia, assim como de pacientes ambulatoriais e hospitalizados, além de se compreender de maneira ampla a carga crescente da insuficiência cardíaca nas doenças cardiovasculares. São necessários mais estudos multicêntricos de larga escala para melhor descrever a carga, os desfechos e os custos da insuficiência cardíaca na população brasileira.

•Além disso, estudos que explorem a qualidade e os custos da assistência na insuficiência cardíaca auxiliariam no desenvolvimento de políticas de saúde para melhorar a conscientização, o acesso a intervenções que salvam vidas, a doação de órgãos, assim como o uso de recursos nessa doença tão complexa.

•Mais estudos sobre o impacto da pandemia de COVID-19, assim como sobre a era pós-pandêmica, ainda são necessários.

CAPÍTULO 5 – DOENÇA VALVAR DO CORAÇÃO

CID-9 424; CID-10 I34 a I38

Ver Tabelas 5-1 e 5-2 e Figuras 5-1 a 5-7

Abreviaturas usadas no Capítulo 5.
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10a Revisão
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Years )
DCR Doença Cardíaca Reumática
DVC Doença Valvar do Coração
DVNR Doença Valvar do Coração Não Reumática
EI Endocardite Infecciosa
GBD Global Burden of Disease
IC Intervalo de Confiança
II Intervalo de Incerteza
SUS Sistema Único de Saúde
TAVI Implante percutâneo de válvula aórtica
VMPB Valvoplastia Mitral Percutânea por Balão

Prevalência

Doença Cardíaca Reumática

•A DCR é uma condição que pode ser prevenida. Tratamento imediato e adequado das infecções estreptocócicas com antibióticos pode evitar o desenvolvimento da DCR. Entretanto, em muitos países de renda média e baixa, o acesso a cuidados de saúde e antibióticos pode ser limitado, levando a taxas mais altas de DCR. De acordo com o Global Atlas on Cardiovascular Disease Prevention and Control , estima-se que atualmente a DCR afete 33,0-40,5 milhões de pessoas no mundo e seja responsável por 1% a 1,5% (306 mil) de todas as mortes cardiovasculares. 36 , 178 Até meados do século 20, a DCR foi a principal causa de DVC no mundo. Melhores condições de saúde, identificação precoce de infecções por Streptococcus pyogenes e uso de antibiótico reduziram significativamente a prevalência de DCR nos países de alta renda.

•A DCR é a causa primária de 2,5% das DVC nos Estados Unidos e Canadá, chegando a 22% na Europa. 179 Taxas ainda mais altas foram relatadas no Brasil, onde a DCR chegou a ser a causa de 50% das cirurgias cardíacas valvares no SUS. 180 - 182

•Em países de média e baixa renda, a prevalência de DCR permanece em torno de 444 por 100 mil habitantes. 36 , 183 No Brasil, persiste como a principal etiologia de DVC, especialmente nos pacientes do SUS. Avaliações prévias mostraram prevalência de 360 por 100 mil no Brasil. 184 Outras avaliações encontraram prevalência variando de 100 a 700 por 100 mil escolares. 185 Mais recentemente (2022), um estudo da Bacia Amazônica Brasileira encontrou prevalência de 39 por 1.000, indicando a necessidade de programas de triagem em áreas remotas e de reconhecida alta prevalência. 186 Critérios ecocardiográficos simplificados podem aumentar a triagem em áreas com suspeita de alta prevalência. 187

•Conforme dados mais recentes do Global Burden of Cardiovascular Diseases and Risks Collaboration , de 1990 a 2021, 186 a prevalência padronizada por idade de DCR na América Latina tropical (que inclui Brasil e Paraguai, com a maioria das estimativas a partir de dados brasileiros) foi 1.266,6 (II 95%, 987,3-1.543,5) por 100 mil, resultando em aproximadamente 3.047.102 casos prevalentes ( Tabela 5-1 ). Essas taxas pontuais estão acima das observadas no GBD 2019 no Brasil [918,5 (II 95%, 716-1.142,5) por 100 mil] e Paraguai, sugerindo que a prevalência de DCR possa ainda estar crescendo na região. No entanto, também pode significar que diagnóstico, detecção e estatística de saúde estejam melhorando. 186

Tabela 5-1. – Doença cardiovascular regional (endocardite infecciosa, doenças valvares reumáticas e não reumáticas) em 2021 na América do Sul tropical (Brasil e Paraguai): números e taxas padronizadas por idade por 100 mil.

Tipo de doença cardiovascular Casos prevalentes (número) Mortes (número) Prevalência (taxa/100 mil) Mortes (taxa/100 mil) DALYs (taxa/100 mil)
Doença cardíaca reumática 3.047.102 2.823 1.266,6 1,1 93,5
Doença valvar aórtica calcífica não reumática 359.861 4.059 140,6 1,6 32,2
Doença valvar mitral degenerativa não reumática 112.951 1.761 44,0 0,7 17,2
Outras doenças valvares não reumáticas 474 75 0,2 <0,1 0,8
Endocardite infecciosa 15.053 2.775 6,7 1,1 34,6

Fonte: Adaptado de Lindstrom et al. 186

•A DCR ainda é a causa mais prevalente de doença valvar mitral no Brasil tanto estenose mitral (mais de 90%) quanto regurgitação mitral (cerca de 55-60%) são consideradas. 187

•A estenose mitral é mais frequente em mulheres do que em homens, na razão de 3:2. É sequela comum de febre reumática aguda, alcançando mais de 85% dos casos mesmo nos países de alta renda, como os da Europa, 188 com padrão similar ao observado no Brasil. 182 , 187

Doença Valvar do Coração Não Reumática

•De acordo com atualização recente do GBD 2021, 36 , 37 , 186 a prevalência padronizada por idade de doença valvar mitral degenerativa não reumática na América Latina tropical em 2021 foi 44,0 (II 95%, 41,5-47,0) por 100 mil, resultando em 112.951 casos prevalentes ( Tabela 5-1 ), 186 mostrando um aumento contínuo se comparado às tendências de 1990-2019 para o total de DVNR, passando de 25,3 (II 95%, 22,4-27,8) por 100 mil em 1990 para 39 (II 95%, 33,9-44,6) por 100 mil em 2019. 36 Essa tendência passada, entretanto, resultou principalmente da doença valvar aórtica calcífica (201,8%), pois a doença valvar mitral degenerativa apesentou tendência à estabilidade, com discreta variação percentual: -2,3% (II 95%, -4 a -0,4). 34 , 36

•A doença valvar aórtica calcífica não reumática apresentou taxa de prevalência padronizada por idade de 140,6 (II 95%, 112,9-169,7) por 100 mil na América Latina tropical, com média de 359.861 casos prevalentes, representando tendência a aumento de prevalência, em especial em idades mais avançadas, como anteriormente observado no Brasil (1990-2019) ( Tabela 5-1 ). 36 , 186 , 189

•Outras DVNR com consideráveis desvantagens relacionadas à qualidade dos dados primários e definição de caso apresentaram prevalência padronizada por idade de 0,20 (IC 95%, 0,16-0,24) por 100 mil indivíduos na América Latina tropical. 186

•No GBD 2021, as estimativas de prevalência para DCR e DVNR não estão disponíveis a nível subnacional nem para o Brasil em separado, impedindo inferências sobre sua associação com acesso a cuidados de saúde e sua qualidade ou ainda com marcadores de desenvolvimento socioeconômico. 186

•Diferentemente da doença valvar mitral, a doença valvar aórtica é predominantemente degenerativa ou calcífica. Estudos observacionais mostraram estenose aórtica em 4,5% da população com idade >75 anos nos países de alta renda, como os Estados Unidos. 190 De acordo com estudos observacionais 187 , 191 e dados do GBD 2021, 186 no Brasil, assim como no resto do mundo, observou-se tendência a aumento da doença valvar aórtica degenerativa nas áreas em que a transição epidemiológica e as mudanças na composição etária evoluíram, em comparação à das demais etiologias, como DCR. 192

Mortalidade

•A DVC é uma das principais causas de morte cardiovascular no Brasil, em particular nas regiões economicamente desfavorecidas, sendo a DCR a etiologia com maior componente social.

Doença Cardíaca Reumática

•Ainda que os dados em âmbito nacional sejam escassos, as taxas de mortalidade padronizadas por idade atribuíveis à DCR continuam a diminuir. A análise do último estudo GBD 2021 mostrou taxa de 1,0 (II 95%, 1,0-1,2) por 100 mil mortes na América Latina tropical, que inclui Brasil e Paraguai, 186 em comparação a 1,2 (II 95%, 1,1-1,2) por 100 mil, de acordo com o estudo GBD 2019, e a 2,8 (II 95%, 2,7-3,0) de 20 anos antes, de acordo com a série temporal mais recente do GBD. 36 Entretanto, as taxas de mortalidade brutas ( Tabela 5-1 ) mostraram discreto aumento. O número total de mortes foi 2.715 (II 95%, 2.505-2.913) em 2019 e 2.823 em 2021, possivelmente devido a crescimento populacional ( Tabela 5-1 ), embora tal tendência deva ser cuidadosamente avaliada, considerando-se que, para 2021, apenas estimativas pontuais – em oposição a séries temporais – estejam disponíveis até o momento. A taxa de mortalidade padronizada por idade por DCR no Brasil foi 1,1 (II 95%, 1,0-1,2) por 100 mil, 186 superpondo-se àquela observada nas estimativas pontuais do GBD 2019, 1,2 (II 95%, 1,1-1,2) por 100 mil. Em 2023, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Sergipe e Pernambuco foram as unidades federativas com taxas de mortalidade padronizadas por idade por DCR (variando de 1,2 a 1,5 por 100 mil) no mais alto quartil, sendo que Goiás e Paraná apresentaram as mais altas taxas 37 , 186 ( Tabela 5-1 e Figura 5-1A ).

Figura 5-1A. – Doença cardíaca reumática: quartis da taxa de mortalidade padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-1A

•Uma vez mais, para tais estimativas, a falta de dados primários sistematizados pode ter levado a imprecisões, considerando que o Paraná tem um dos maiores índices sociodemográficos do Brasil. Por outro lado, três estados da região Nordeste, a mais pobre do país, também estão nessa lista.

Doença Valvar do Coração Não Reumática

•De acordo com o estudo GBD 2021, as taxas de mortalidade padronizadas por idade atribuíveis

•a DVNR específicas da América Latina tropical foram: 0,7 (II 95%, 0,6-0,7) por 100 mil por doença valvar mitral degenerativa não reumática, 1,6 (II 95%, 1,4-1,7) por 100 mil por doença valvar aórtica calcífica não reumática e <0,1 [0,03 (II 95%, 0,026-0,034) por 100 mil] para outras DVNR ( Tabela 5-1 ). 186 Os números totais estimados de fatalidades em 2021 foram 1.761, 4.059 e 75 por doença valvar mitral degenerativa não reumática, doença valvar aórtica calcífica não reumática e outras DVNR, respectivamente ( Tabela 5-1 ). Tais dados reforçam as tendências das estimativas recentes de maior mortalidade por doença valvar aórtica não reumática, como visto na análise do GBD 2019. 4 , 36 Essa observação, além das tendências temporais prévias, está alinhada ao perfil demográfico do país, com envelhecimento populacional e crescente impacto dos fatores de risco cardiovascular. 189

•Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Distrito Federal e Amapá foram as unidades federativas com taxas de mortalidade padronizadas por idade para doença valvar aórtica calcífica não reumática no mais alto quartil (variação de 1,65 a 2,42 por 100 mil) ( Tabela 5-2 e Figura 5-2A ). 186

Tabela 5-2. – Métrica relacionada às doenças valvares do coração (endocardite infecciosa, doenças valvares reumáticas e não reumáticas).

  DALYs por 100 mil   Mortes por 100 mil  
Local Estimativa IC 95% Inferior IC 95% Superior Estimativa IC 95% Inferior IC 95% Superior
Endocardite infecciosa
Acre 47,58 44,62 52,12 1,44 1,35 1,57
Alagoas 39,68 35,65 43,64 1,20 1,07 1,32
Amapá 40,17 35,89 45,96 1,25 1,12 1,43
Amazonas 27,73 25,52 29,70 0,87 0,78 0,94
Bahia 36,24 31,65 40,22 1,03 0,89 1,15
Brasil * 34,42 32,74 36,17 1,11 1,03 1,18
Ceará 29,70 26,16 33,78 0,93 0,80 1,07
Distrito Federal 27,51 24,92 30,41 1,05 0,94 1,15
Espírito Santo 35,11 31,16 38,36 1,10 0,97 1,20
Goiás 36,46 32,77 40,25 1,21 1,10 1,34
Maranhão 27,52 23,78 30,90 0,82 0,72 0,93
Mato Grosso 34,07 30,33 37,53 1,07 0,95 1,16
Mato Grosso do Sul 38,25 34,19 41,61 1,23 1,11 1,34
Minas Gerais 40,02 36,43 43,26 1,30 1,16 1,41
Pará 32,72 28,59 37,08 0,99 0,84 1,12
Paraíba 29,60 26,64 32,13 0,93 0,84 1,01
Paraná 29,20 26,74 31,85 0,97 0,89 1,06
Pernambuco 27,78 24,90 30,46 0,88 0,78 0,98
Piauí 30,78 26,89 34,85 0,93 0,81 1,05
Rio de Janeiro 39,18 35,82 43,74 1,24 1,12 1,39
Rio Grande do Norte 30,24 26,88 33,56 0,91 0,81 1,01
Rio Grande do Sul 31,25 28,39 34,37 1,06 0,96 1,17
Rondônia 31,64 28,11 36,34 0,99 0,88 1,14
Roraima 30,30 25,93 35,05 0,98 0,84 1,14
Santa Catarina 33,69 30,04 36,88 1,16 1,03 1,28
São Paulo 34,97 31,42 38,19 1,20 1,07 1,33
Sergipe 34,86 31,84 38,21 1,09 0,99 1,19
Tocantins 32,47 28,27 37,01 1,02 0,89 1,16
Doença valvar aórtica calcífica não reumática
Acre 25,58 23,44 28,45 1,28 1,14 1,40
Alagoas 27,35 24,63 30,74 1,31 1,16 1,48
Amapá 33,36 29,12 38,11 1,66 1,46 1,86
Amazonas 31,56 28,41 34,89 1,51 1,34 1,65
Bahia 27,59 24,20 30,69 1,26 1,10 1,40
Brasil * 31,78 29,43 34,01 1,63 1,44 1,73
Ceará 24,40 20,83 27,98 1,20 1,01 1,38
Distrito Federal 31,07 27,90 34,17 1,91 1,69 2,08
Espírito Santo 32,92 28,97 36,35 1,70 1,50 1,87
Goiás 33,39 30,52 36,86 1,64 1,44 1,80
Maranhão 24,89 21,43 28,84 1,20 1,06 1,37
Mato Grosso 29,35 26,49 32,44 1,43 1,26 1,57
Mato Grosso do Sul 32,11 29,01 35,47 1,60 1,42 1,79
Minas Gerais 30,41 27,23 33,45 1,51 1,31 1,66
Pará 27,56 24,18 32,02 1,32 1,09 1,54
Paraíba 20,74 18,71 22,92 0,99 0,88 1,10
Paraná 37,98 34,80 41,87 1,97 1,76 2,19
Pernambuco 29,92 27,05 33,17 1,50 1,30 1,68
Piauí 20,76 18,08 23,72 0,98 0,87 1,12
Rio de Janeiro 28,92 25,88 32,36 1,48 1,26 1,65
Rio Grande do Norte 25,42 22,54 28,36 1,24 1,07 1,36
Rio Grande do Sul 39,05 35,00 42,63 2,15 1,92 2,37
Rondônia 28,14 24,75 31,95 1,38 1,20 1,57
Roraima 31,14 26,92 36,69 1,64 1,39 1,88
Santa Catarina 43,17 38,26 47,68 2,42 2,09 2,65
São Paulo 35,93 32,37 40,13 1,94 1,69 2,18
Sergipe 19,87 17,77 21,78 0,96 0,85 1,05
Tocantins 28,34 24,92 32,19 1,40 1,22 1,60
Doença valvar mitral degenerativa não reumática
Acre 14,41 13,37 15,79 0,57 0,52 0,63
Alagoas 18,97 17,01 21,30 0,72 0,64 0,83
Amapá 18,71 16,30 20,87 0,75 0,65 0,83
Amazonas 13,18 11,76 14,67 0,52 0,46 0,58
Bahia 16,09 14,11 18,14 0,58 0,51 0,65
Brasil * 17,25 16,28 18,18 0,70 0,64 0,74
Ceará 16,71 14,17 19,17 0,67 0,57 0,77
Distrito Federal 15,56 14,05 17,24 0,75 0,68 0,84
Espírito Santo 21,74 19,27 24,21 0,89 0,78 1,00
Goiás 17,83 16,02 19,86 0,72 0,64 0,80
Maranhão 13,13 11,26 15,07 0,50 0,43 0,57
Mato Grosso 16,71 15,08 18,41 0,66 0,58 0,72
Mato Grosso do Sul 18,98 17,04 20,77 0,75 0,67 0,83
Minas Gerais 15,04 13,60 16,39 0,60 0,52 0,66
Pará 17,90 15,33 20,93 0,70 0,59 0,82
Paraíba 12,22 10,95 13,53 0,47 0,41 0,52
Paraná 19,80 17,75 21,84 0,83 0,74 0,92
Pernambuco 21,79 19,54 23,85 0,87 0,77 0,96
Piauí 14,16 12,40 16,08 0,54 0,47 0,61
Rio de Janeiro 15,24 13,65 17,04 0,60 0,53 0,67
Rio Grande do Norte 13,30 11,81 14,69 0,51 0,45 0,57
Rio Grande do Sul 17,66 16,09 19,36 0,76 0,66 0,83
Rondônia 14,39 12,58 16,53 0,58 0,50 0,66
Roraima 11,52 9,72 13,71 0,46 0,38 0,55
Santa Catarina 18,37 16,35 20,34 0,80 0,71 0,89
São Paulo 18,97 16,94 21,13 0,81 0,72 0,91
Sergipe 13,67 12,25 15,05 0,54 0,49 0,60
Tocantins 21,95 19,47 24,99 0,90 0,79 1,02
Outras doenças valvares não reumáticas
Acre 1,07 0,88 1,27 0,04 0,04 0,05
Alagoas 0,60 0,47 0,72 0,02 0,02 0,03
Amapá 0,99 0,80 1,22 0,04 0,03 0,05
Amazonas 0,70 0,57 0,85 0,03 0,02 0,03
Bahia 0,67 0,58 0,81 0,02 0,02 0,03
Brasil * 0,79 0,71 0,88 0,03 0,03 0,03
Ceará 1,19 0,98 1,45 0,05 0,04 0,06
Distrito Federal 0,71 0,59 0,86 0,03 0,03 0,04
Espírito Santo 0,98 0,80 1,16 0,04 0,03 0,05
Goiás 0,87 0,74 1,06 0,03 0,03 0,04
Maranhão 1,14 0,96 1,35 0,04 0,04 0,05
Mato Grosso 0,66 0,55 0,84 0,03 0,02 0,03
Mato Grosso do Sul 0,32 0,26 0,38 0,01 0,01 0,02
Minas Gerais 0,69 0,57 0,85 0,03 0,02 0,03
Pará 1,81 1,45 2,18 0,07 0,05 0,09
Paraíba 0,90 0,76 1,05 0,03 0,03 0,04
Paraná 1,06 0,87 1,29 0,04 0,04 0,05
Pernambuco 0,84 0,69 1,01 0,03 0,03 0,04
Piauí 0,77 0,62 0,96 0,03 0,02 0,04
Rio de Janeiro 0,44 0,37 0,53 0,02 0,01 0,02
Rio Grande do Norte 1,14 0,95 1,35 0,04 0,04 0,05
Rio Grande do Sul 0,90 0,77 1,08 0,04 0,03 0,04
Rondônia 0,92 0,75 1,09 0,04 0,03 0,04
Roraima 1,89 1,55 2,25 0,07 0,06 0,09
Santa Catarina 0,50 0,40 0,59 0,02 0,02 0,03
São Paulo 0,60 0,51 0,76 0,02 0,02 0,03
Sergipe 0,65 0,55 0,77 0,03 0,02 0,03
Tocantins 1,56 1,32 1,81 0,06 0,05 0,07
Doença cardíaca reumática
Acre 93,71 72,25 120,60 1,13 1,02 1,25
Alagoas 98,41 75,74 123,81 1,18 0,99 1,37
Amapá 83,57 61,54 110,32 0,81 0,71 0,92
Amazonas 79,17 57,75 106,01 0,71 0,54 0,80
Bahia 102,46 77,61 134,08 1,22 1,06 1,41
Brasil* 93,66 70,92 122,70 1,11 0,97 1,20
Ceará 85,65 62,72 115,53 0,82 0,71 0,95
Distrito Federal 97,24 74,63 129,24 1,50 1,22 1,71
Espírito Santo 96,43 74,58 125,54 1,23 1,01 1,42
Goiás 102,86 80,71 133,75 1,45 1,19 1,65
Maranhão 92,06 69,06 120,67 1,02 0,85 1,16
Mato Grosso 87,12 64,35 116,87 0,95 0,75 1,09
Mato Grosso do Sul 89,44 66,95 120,27 0,95 0,80 1,08
Minas Gerais 98,87 74,13 128,93 1,33 1,16 1,46
Pará 86,80 63,37 115,89 0,89 0,77 1,03
Paraíba 92,53 69,89 119,40 1,02 0,86 1,16
Paraná 99,95 76,58 127,95 1,36 1,21 1,56
Pernambuco 103,62 80,45 131,52 1,32 1,08 1,54
Piauí 84,69 60,53 112,98 0,76 0,65 0,86
Rio de Janeiro 91,72 68,77 121,04 1,03 0,83 1,20
Rio Grande do Norte 94,03 71,73 123,51 1,06 0,90 1,19
Rio Grande do Sul 84,38 61,76 112,28 0,83 0,73 0,92
Rondônia 88,51 66,25 117,17 1,00 0,86 1,15
Roraima 85,87 65,88 110,36 0,94 0,80 1,11
Santa Catarina 91,62 69,41 123,48 1,10 0,95 1,24
São Paulo 90,94 67,73 122,63 1,07 0,89 1,22
Sergipe 98,83 74,55 135,42 1,19 0,98 1,34
Tocantins 93,75 71,02 123,10 1,15 0,99 1,32

* Estimativas para o Brasil. Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington.48

Figura 5-2A. – Doença valvar aórtica calcífica não reumática: quartis da taxa de mortalidade padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-2A

•Quanto à doença valvar mitral degenerativa não reumática, as taxas de mortalidade padronizadas por idade foram mais altas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Tocantins e Pernambuco (variação de 0,754 a 0,896 por 100 mil) ( Tabela 5-2 e Figura 5-3A ). 186

Figura 5-3A. – Doença valvar mitral degenerativa não reumática: quartis da taxa de mortalidade padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-3A

•Quanto às outras DVNR, Roraima, Pará, Maranhão, Tocantins, Ceará, Acre e Paraná foram as unidades federativas com as mais altas estimativas das taxas de mortalidade padronizadas por idade (variação de 0,04 a 0,07 por 100 mil) ( Tabela 5-2 e Figura 5-4A ). 186

Figura 5-4A. – Outras doenças valvares não reumáticas: quartis da taxa de mortalidade padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-4A

•As crescentes taxas de mortalidade por DVNR nas idades avançadas contrastam com as tendências observadas para a DCR, possivelmente refletindo a maior prevalência e, consequentemente, mortalidade nos grupos etários >70 anos para as doenças aórtica e mitral. 34 , 36 , 186 Além da necessidade de atenção específica, a partir da perspectiva da saúde pública, essas tendências indicam um significativo crescimento das despesas relacionadas às doenças valvares degenerativas, especialmente aquelas ligadas aos novos dispositivos, como TAVI e reparo da válvula mitral edge-to-edge , e ao cuidado continuado dos idosos portadores de DVC. 189 , 191

Carga de Doença

Doença Cardíaca Reumática

•De acordo com dados do GBD 2021, a taxa de DALYs padronizada por idade atribuível a DCR aumentou significativamente para 93,7 (II 95%, 70,9-122,7) por 100 mil no Brasil ( Tabela 5-2 ), em oposição à tendência de queda observada de 1990 a 2019, 144,6 (II 95%, 126,8-167,3) e 79,3 (II 95%, 61,6-102,6) por 100 mil, respectivamente. 37 , 186 Mais uma vez, essa tendência requer interpretação cuidadosa, devido à ausência de séries temporais até as estimativas pontuais de 2021, além das recentes mudanças na modelagem de DCR, em especial com a incorporação de inputs adicionais, como a prevalência de doença latente, que pode impactar consideravelmente as estimativas em locais onde são realizados programas de triagem. 180 , 181 Minas Gerais, Goiás, Paraná, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco foram as unidades federativas com as mais altas taxas de DALYs padronizadas por idade no Brasil, ocupando o quartil superior (variação de 97,8 a 104,0 por 100 mil) ( Figura 5-1B ). 186

Figura 5-1B. – Doença cardíaca reumática: quartis da taxa de DALYs padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-1B

Doença Valvar do Coração Não Reumática

•De acordo com o estudo GBD, a taxa de DALYs padronizada por idade atribuível a doença valvar aórtica calcífica não reumática em 2021 foi 31,8 (II 95%, 29,4-34,0) por 100 mil, consideravelmente maior do que aquela observada para doença valvar mitral degenerativa não reumática, 17,2 (II 95%, 16,3-18,2) por 100 mil, e em especial do que a observada para outras DVNR, levando a uma carga bem mais baixa, 0,8 (II 95%, 0,7-0,9) por 100 mil. 186 Entretanto, as taxas gerais de DALYs padronizadas por idade associadas com DVNR continuam a cair, mostrando uma tendência decrescente contínua quando comparada à última série publicada: 62,8 (II 95%, 60,3-65,2) por 100 mil em 1990 e 44 (II 95%, 40,7-47) por 100 mil em 2019 ( Tabela 5-2 ). 4 , 36

•Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Goiás e Amapá foram as unidades federativas com taxas de DALYs padronizadas por idade por doença valvar aórtica calcífica não reumática por 100 mil no mais alto quartil (variação de 32,5 a 43,2 por 100 mil) ( Tabela 5-2 e Figura 5-2B ). Importante notar que, seis dessas sete unidades federativas ocupam o mais alto estrato sociodemográfico brasileiro, podendo, pelo menos em parte, refletir as tendências na composição etária – em última análise, envelhecimento populacional – e, consequentemente, a carga dos fatores de risco. 189 , 191 , 193

Figura 5-2B. – Doença valvar aórtica calcífica não reumática: quartis da taxa de DALYs padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-2B

•Quanto à doença valvar mitral degenerativa não reumática, as mais altas taxas de DALYs padronizadas por idade foram observadas nas unidades federativas do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Tocantins e Pernambuco (variação de 18,8 a 22,0 por 100 mil) ( Tabela 5-2 e Figura 5-3B ), 186 uma tendência similar à da doença valvar aórtica não reumática, exceto em Pernambuco, que contrasta com as outras unidades federativas em termos de status sociodemográfico e acesso e utilização de cuidado de saúde ótimo.

Figura 5-3B. – Doença valvar mitral degenerativa não reumática: quartis da taxa de DALYs padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-3B

•Quanto às outras DVNR, Roraima, Pará, Maranhão, Tocantins, Ceará e Rio Grande do Norte foram as unidades federativas com taxas de DALYs padronizadas por idade no maior quartil (variação de 1,06 a 1,89 por 100 mil) ( Tabela 5-2 e Figura 5-4B ). 37 , 186

Figura 5-4B. – Outras doenças valvares não reumáticas: quartis da taxa de DALYs padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-4B

Doenças Associadas

Endocardite

•A taxa de mortalidade padronizada por idade associada com EI na América Latina tropical foi 1,1 (IC 95%, 1,0-1,2) por 100 mil em 2021, resultando em aproximadamente 2.775 fatalidades. De acordo com o GBD 2021, a EI apresentou o maior aumento percentual, desde 1990, nas taxas de mortalidade padronizadas por idade com doença cardiovascular como causa específica (aumento estimado de 35,4%). A taxa de mortalidade foi a mesma para o Brasil, assim como a tendência temporal ( Tabela 5-1 ). 186

•O número total estimado de casos prevalentes de EI na região foi 15.053 em 2021, resultando em uma taxa de prevalência de 6,7 (II 95%, 5,6-7,7) por 100 mil. Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Amapá e Acre foram as unidades federativas brasileiras que apresentaram taxas de mortalidade padronizadas por idade por EI no mais alto quartil (variação de 1,2 a 1,4 por 100 mil) ( Tabela 5-2 e Figura 5-5A ), 186 um padrão discretamente diferente se comparado às estimativas da DCR – uma conhecida causa de endocardite nos jovens. 194

Figura 5-5A. – Endocardite infecciosa: quartis da taxa de mortalidade padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-5A

•A taxa de DALYs atribuíveis a EI padronizada por idade no Brasil foi 34,4 (II 95%, 32,7-36,2) por 100 mil em 2021. As mesmas unidades federativas do grupo com as mais altas mortalidades por EI, além de Alagoas, apresentavam taxas de DALYs no mais alto quartil no Brasil (variação de 36,4 a 47,6 por 100 mil) ( Tabela 5-2 e Figura 5-5B ). 186

Figura 5-5B. – Endocardite infecciosa: quartis da taxa de DALYs padronizada por idade por 100 mil, de acordo com as unidades federativas brasileiras. Dados derivados do Estudo Global Burden of Disease 2021. 48 .

Figura 5-5B

•Um estudo recente no Brasil observou taxa de mortalidade de 22,3% em um grupo de 221 pacientes em Minas Gerais 195 hospitalizados com EI, principalmente por infecção por Staphylococcus sp . Uma revisão sistemática de EI após TAVI por estenose aórtica não reumática observou mortalidade hospitalar estimada em 29,5% e mortalidade em seguimento de médio e longo prazo de 29,9%. A incidência de EI após TAVI foi 3,25%, mas associada com maior mortalidade e complicações potencialmente ameaçadoras à vida. Entretanto, em países de alta renda, há tendência de redução da mortalidade em pacientes com EI. 196 Tal tendência não foi ainda observada no Brasil, embora estimativas primárias sólidas sejam escassas. 189

Utilização e Custo da Atenção à Saúde

•O número de hospitalizações clínicas associadas com DVC diminuiu após a pandemia de COVID-19, passando de 2.289 (1,09 por 100 mil) em 2019 para 1.536 (0,72 por 100 mil) em 2020. Uma discreta recuperação foi observada em 2021: 1.597 hospitalizações clínicas (0,75 por 100 mil). 49

•De acordo com a base de dados administrativos do SUS, o total de despesas brutas (reembolso) com hospitalização para tratamento clínico de DVC no Brasil diminuiu de R$ 1.999.540 ($397.355) em 2019 para R$ 1.526.256 ($303.913) em 2020, com uma recuperação parcial para R$ 1.465.800 ($307.346) em 2021. Em comparação a uma série temporal de 3 anos (2017-2019), a redução nos anos de pandemia em dólares americanos foi de cerca de 19,1% ( Tabelas 1-1 até 1-7 e Figuras 1-1 até 1-7 ). 49

•Além disso, o número de cirurgias abertas por DVC diminuiu significativamente após a pandemia de COVID-19, passando de 12.771 (6,08 por 100 mil) em 2019 a 9.198 (4,34 por 100 mil) em 2020 e 8.759 (4,10 por 100 mil) em 2021. 49

•Quanto a outros procedimentos de valvoplastia (não incluindo VMPB), o número de hospitalizações também caiu inicialmente, passando de 450 (0,21 por 100 mil) em 2019 para 399 (0,19 por 100 mil) em 2020 (-9,5%). Em 2021, houve retorno aos valores prévios de 470 hospitalizações anuais (0,22 por 100 mil), podendo refletir uma demanda reprimida por procedimentos adiados durante a pandemia. 49

•Fenômeno similar foi observado quanto ao número de VMPB, que diminuiu de 195 (0,09 por 100 mil) em 2019 para 129 (0,06 por 100 mil) em 2020 e para 159 (0,07 por 100 mil) em 2021. 49 Esses números são impressionantes para o Brasil e merecem a consideração das autoridades de saúde, uma vez que o procedimento é principalmente realizado em instituições públicas de ensino, que requerem um orçamento complementar, considerando o atual reembolso por procedimento bem abaixo dos preços de mercado dos dispositivos necessários (em especial, o sistema de balão Inoue).

•Esses padrões mencionados estão associados a restrições para cirurgias e procedimentos eletivos, além da necessidade de maior disponibilidade de quartos hospitalares para pacientes com COVID-19, com reorganização dos serviços de saúde. No pico da pandemia, as restrições tenderam a ser ainda mais rígidas e associadas com a concorrência por leitos hospitalares para pacientes com COVID-19 muito graves. Como os procedimentos intervencionistas percutâneos resultam em mais curta permanência hospitalar, em 2021, houve discreto aumento desses procedimentos em comparação às cirurgias valvares abertas ( Tabelas 1-1 até 1-7 e Figuras 1-1 até 1-7 ). 37 , 49 , 182

•Assim, as despesas totais com hospitalização para cirurgia valvar cardíaca aberta caíram de R$ 187.382.032 ($42.835.735) em 2019 para R$ 137.383.131 ($30.108.266) em 2020 (-29,8%) e mantiveram a tendência de queda em 2021 [R$ 131.110.929 ($27 491 081)] ( Figura 5-6 ). Em 2021, entretanto, os impactos da pandemia ainda estavam presentes nos serviços de saúde, em especial nos cenários de alta complexidade. Além dos surtos das variantes do coronavírus, como a ômicron, os serviços de saúde ainda não estavam totalmente recuperados nem adequadamente estruturados para retomar as cirurgias eletivas ( Tabelas 1-1 até 1-7 e Figuras 1-1 até 1-7 ). 49

Figura 5-6. – Despesas ajustadas para a inflação para cirurgia valvar cardíaca no SUS, de 2008 a 2021 (Moeda: Reais brasileiros). Dados do Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49 .

Figura 5-6

•Entretanto, as despesas públicas associadas com outros procedimentos de valvoplastia inicialmente caíram, passando de R$ 1.959.571 ($447.960) em 2019 para R$ 1.851.963 ($397.978) em 2020 (-11,2%), mas, em 2021, subiram para R$ 2.175.077 ($456.066.06), acima dos valores basais da série temporal pré-pandêmica ( Figura 5-7 ). 49

Figura 5-7. – Despesas ajustadas para a inflação para outras valvoplastias e valvoplastia mitral percutânea por balão (VMPB) no SUS, de 2008 a 2021 (Moeda: Reais brasileiros). Dados do Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49 .

Figura 5-7

•O mesmo ocorreu com as despesas totais brutas com hospitalização para VMPB, que caíram de R$ 1.430.166 ($326.937) em 2019 para R$ 923.776 ($202.450) em 2020, tendo se recuperado parcialmente em 2021, R$ 1.033.888 ($216.783) ( Figura 5-7 ). 49 Além da retomada dos procedimentos cancelados devido à pandemia, isso reflete o aumento dos valores reembolsados para os dispositivos, que começou em meados de 2021. Isso é muito importante para a VMPB, pois vários hospitais públicos e privados não mais realizam tais procedimentos, devido ao reembolso insuficiente. Isso limita ainda mais o acesso de pacientes – em especial aqueles com DCR – ao cuidado ótimo, em especial nas localidades remotas sem hospitais universitários. Revisão das tabelas de reembolso para dispositivos cardiovasculares deve estar entre as prioridades para a elaboração de políticas na década de 2020.

•Doença Valvar do Coração e Pandemia de COVID-19

•Pacientes com doença valvar avançada tiveram impacto desfavorável durante a epidemia de COVID-19. Isso foi observado principalmente naqueles com indicação de tratamento cirúrgico ou intervencionista, os mais idosos e aqueles com comprometimento das condições físicas. 37

•Um estudo multicêntrico mostrou que pacientes com DVC grave e COVID-19 apresentavam piores desfechos clínicos de curto prazo, com mortalidade geral em 30 dias de 41,8%, muito mais alta do que a de outras séries publicadas. 197 Nessa coorte, a idade média foi alta (80,0 ± 9,7 anos), e os tipos mais frequentes de DVC foram estenose aórtica (54,4%) e regurgitação mitral grave (20,6%), diferentemente da realidade brasileira, em especial nas clínicas do SUS. 4 , 197 A maioria dos pacientes tinha sintomas pré-existentes relacionados com suas DVC, como dispneia (83,1%), dor torácica (19,1%) e síncope (8,1%) antes da infecção de COVID-19. Na admissão, dispneia (64,9%), tosse (57,5%) e febre (41,3%), entre outras manifestações respiratórias graves, foram sintomas relacionados à COVID-19. 197 Mortalidade mais baixa (11,1%) foi observada nos pacientes com idade inferior a 80 anos e com suas DVC previamente tratadas com intervenções cirúrgicas. Ao contrário, pior prognóstico (mortalidade de 59,9%) foi observado naqueles com DVC grave, mais de 80 anos de idade e não tratados, 197 indicando a necessidade de programas estruturados com foco na preparação e manejo de pacientes idosos para procedimentos valvares, fornecendo a provedores educação para a saúde em DCR e DVNR. Importante notar que regurgitação mitral grave (54,4%) e estenose aórtica grave (42,6%) – as doenças mais prevalentes – apresentaram mortalidade maior do as outras DVC (29,7%). 197

•Esses dados mostrando o marcante impacto da COVID-19 na mortalidade por DVC cirúrgica em comparação a outras séries históricas e dados administrativos reforçam a necessidade de preparação específica dos serviços de saúde para futuros surtos. 37 , 197 Mesmo com o fim da pandemia, após quase 7 milhões de mortes e mais de 760 milhões de casos confirmados, a COVID-19 ainda requer atenção devido a seus efeitos devastadores diretos e indiretos na saúde das pessoas, incluindo aquelas com doenças cardiovasculares.

Perspectivas

•Como previamente ressaltado (2020/2021), 2 , 4 reforçamos a importância de se melhorar a coleta de dados, a pesquisa e a infraestrutura de cuidado em saúde relacionadas à DVC no Brasil. Após a pandemia, enquetes em saúde, registros e triagem específica, assim como programas de diagnóstico precoce, devem ser retomados e reforçados. As iniciativas em pesquisa devem focar os padrões de DVC com mais alto impacto na saúde populacional, como as sequelas tardias de DCR e a crescente carga de doença valvar aórtica degenerativa.

•Considerando a falta de dados primários sobre a epidemiologia da DVC no Brasil, assim como o impacto da pandemia nas pesquisas em andamento, reunir dados precisos e atualizados sobre prevalência, incidência e tendências da DVC deve ser o foco dos setores público e privado. Dados atualizados são essenciais para o planejamento do cuidado em saúde, alocação de recursos e compreensão da carga de doença.

•A coleta de dados administrativos e a codificação específica para procedimentos cirúrgicos e intervencionistas relacionados a DVC são essenciais. Esses códigos específicos, evitando a necessidade de cruzamento com os códigos da CID, podem auxiliar os profissionais de saúde e elaboradores de políticas públicas a melhor identificar a prevalência e as características da doença, assim como o entendimento detalhado da carga econômica. A identificação de variáveis, como o tipo de envolvimento valvar, disfunção valvar, tipo de prótese, etiologia e associação com doenças sistêmicas, é importante para um cuidado customizado.

•O estabelecimento de registros nacionais para DVC e procedimentos é um passo significativo a se considerar. Os registros podem servir como recursos valiosos para pesquisadores, clínicos e gestores de cuidados em saúde. A coleta abrangente e padronizada de dados sobre as DVC e intervenções pode auxiliar a melhorar os desfechos dos pacientes e a qualidade do cuidado.

•Várias iniciativas foram implementadas no âmbito da pesquisa e da atenção à saúde para desenvolver inteligência artificial para diagnóstico automatizado e sinalização de anormalidades nos exames de imagem cardiovasculares. Algumas dessas estratégias combinadas foram desenvolvidas no Brasil em colaboração com grupos internacionais 198 - 200 e, com mais pesquisa, podem disponibilizar triagem e diagnóstico no ponto de atendimento em áreas com limitação de pessoal e recursos.

•Tais recomendações podem auxiliar a melhorar a infraestrutura de saúde, os dados de pesquisa e o cuidado ao paciente no sistema de saúde brasileiro. Ao abordar tais questões, o Brasil pode melhor responder ao desafio das DVC e aprimorar a saúde cardiovascular da sua população. A customização da prestação de cuidado de saúde com base em epidemiologia e impacto, priorizando a alocação de recursos, é estratégica para impulsionar a eficácia, especialmente no setor público.

CAPÍTULO 6 – FIBRILAÇÃO ATRIAL E FLUTTER ATRIAL

CID-10 I48

Ver Tabelas 6-1 e 6-2 e Figuras 6-1 e 6-2

Abreviaturas Usadas no Capítulo 6.
wsxq Acidente Vascular Cerebral
BNP Peptídeo Natriurético Cerebral
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10a Revisão
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Years)
DCh Doença de Chagas
DOAC Anticoagulante oral direto (do Inglês, Direct Oral Anticoagulant)
ECG Eletrocardiograma
ELSA-Brasil Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto
FA Fibrilação Atrial
GARFIELD-AF The Global Anticoagulant Registry in the FIELD-AF
GBD Global Burden of Disease
GIRAF CoGnitive Impairment Related to Atrial Fibrillation
HR Hazard Ratio
IC Intervalo de Confiança
II Intervalo de Incerteza
IMPACT-AF Multifaceted Intervention to Improve Treatment With Oral Anticoagulants in Atrial Fibrillation
INR Índice Internacional Normalizado (do inglês, International Normalized Ratio)
NYHA New York Heart Association
OR Odds Ratio
PPC Paridade do Poder de Compra
RECALL Registro Brasileiro de Fibrilação Atrial Crônica
SUS Sistema Único de Saúde
TTR Tempo na Faixa Terapêutica (do inglês, Time in Therapeutic Range)
UF Unidade Federativa

Prevalência e Incidência

•A prevalência de FA/ flutter atrial varia de acordo com as características do cenário do estudo (estudos de base populacional ou de cuidados de saúde), em particular porque a prevalência de FA está altamente associada com o avançar da idade.

•Dados de estudos de base populacional mostraram prevalência variando de 0,3% a 2,5%. No estudo de coorte ELSA-Brasil, que incluiu 14.424 adultos com ECG válidos (45,8% homens; idade média, 51 anos; faixa etária, 35-74 anos), a prevalência de FA e flutter atrial foi 0,3% (homens, 0,5%; mulheres, 0,2%), sendo maior na faixa etária de 65-74 anos (mulheres: OR, 17; IC 95%, 2,1-135,9; homens: OR, 52,3; IC 95%, 3,1-881,8). 201 Quando autorrelato foi acrescentado à definição de FA no estudo ELSA-Brasil, a prevalência de FA subiu para 2,5%, mas observaram-se diferenças nas características dos pacientes entre FA diagnosticada ao ECG e FA autorrelatada ( Tabela 6-1 ). 202 Em estudo transversal com 1.524 idosos em São Paulo, a prevalência de FA ou flutter atrial foi 2,4% (homens, 3,9%; mulheres, 2,0%). 203

Tabela 6-1. – Características dos participantes com fibrilação atrial ou flutter na linha de base do estudo ELSA-Brasil de acordo com o escore CHA2DS2 -VASc.

FA ou flutter
  Com registro ECG Apenas autorrelato Todos os casos de FA ou flutter
  CHA 2 DS 2 -VASc < 2 (N=16) CHA 2 DS 2 -VASc ≥ 2 (N=32) CHA 2 DS 2 -VASc < 2 (N=130) CHA 2 DS 2 -VASc ≥ 2 (N=153) CHA 2 DS 2 -VASc < 2 (N=146) CHA 2 DS 2 -VASc ≥ 2 (N=185) Valor de p
Idade (anos; mediana [P25 - P75]) 56,0 [49,5 – 61,2] 67,5 [58,0 – 71,2] 49,5 [45,0 – 56,0] 59,0 [53,0 – 66,0] 50,0 [45,0 – 57,0] 60,0 [53,0 – 68,0] <0,001
Sexo feminino N (%)) 3 (18,8%) 15 (46,9%) 60 (46,2%) 97 (63,4%) 63 (43,2%) 112 (60,5%) 0,002
Doença arterial coronariana (N (%)) 0 (0,0%) 7 (21,9%) 2 (1,5%) 64 (41,8%) 2 (1,4%) 71 (38,4%) <0,001
AVC (N (%)) 0 (0,0%) 1 (3,1%) 0 (0,0%) 7 (4,6%) 0 (0,0%) 8 (4,3%) 0,010 ¥
Risco de ASCVD em 10 anos > 10% (N (%)) 7 (43,8%) 16 (66,7%) 15 (11,7%) 26 (30,6%) 22 (15,3%) 42 (38,5%) <0,001
ASCVD prévia ou risco de ASCVD em 10 anos > 10% 7 (43,8%) 24 (75,0%) 17 (13,1%) 94 (61,4%) 24 (16,4%) 118 (63,8%) <0,001
Uso de anticoagulantes (N (%)) 3 (18,8%) 16 (50,0%) 1 (0,8%) 4 (2,6%) 4 (2,7%) 20 (10,8%) 0,005 ¥
Uso de agentes antiagregantes (N (%)) 2 (12,5%) 5 (15,6%) 2 (1,5%) 43 (28,1%) 4 (2,7%) 48 (25,9%) <0,001

Risco de ASCVD em 10 anos definido apenas em participantes sem doença arterial coronariana prévia ou AVC. FA: fibrilação atrial; ASCVD: doença cardiovascular aterosclerótica; AVC: acidente vascular cerebral. Valores de P apresentados para comparação entre os grupos de escore CHA2DS2-VASc < 2 (N=146) e CHA2DS2-VASc ≥ 2 (N=185) em todos os casos de AF ou flutter. Testes † qui-quadrado, ‡ Mann-Whitney U ou ¥ exato de Fisher. Fonte: Santos et al. 202

•Os centros de telessaúde no Brasil forneceram informação sobre a prevalência de FA e flutter atrial com base em ECG da atenção primária. 204 - 206 No conjunto de dados sobre ECG do sistema de telessaúde de Minas Gerais, que incluiu 1.558.421 indivíduos (idade média, 51±18 anos; 40,2% homens) com ECG realizado entre 2010 e 2017, a prevalência de FA foi 1,33%, maior em homens (1,81% vs. 1,02%) e aumentando com a idade (OR 1,08; IC 95% 1,08-1,08), chegando a 7,0% nos octogenários (8,4% em homens vs. 5,9% em mulheres). 204

•Dados de 676.621 ECG (idade média, 51±19 anos; 57,5% mulheres) foram analisados no serviço de telemedicina da Universidade Federal de São Paulo (2009-2016), revelando uma prevalência de FA em 7 anos de 2,2% e uma prevalência de FA projetada para 2025 no Brasil de 1,7%. 205

•O registro de base hospitalar GARFIELD-AF incluiu pacientes ≥18 anos com FA diagnosticada nas 6 semanas anteriores e pelo menos um fator de risco adicional para AVC. No Brasil, 41 sites incluíram 1.065 pacientes com FA não valvar entre 2010 e 2014 (idade média, 68±13 anos; 55% homens). A prevalência dos tipos de FA foi a seguinte: primeiro episódio, 52%; paroxística, 25%; persistente, 14%; e permanente, 8%. 207

Mortalidade

•No Estudo GBD 2021, a taxa de mortalidade padronizada por idade estimada no Brasil foi 5,3/100 mil (II 95%, 4,5-5,8). A Tabela 6-2 mostra as taxas de mortalidade e de DALYs padronizadas por idade (por 100 mil habitantes) por FA e flutter , em 2021, para ambos os sexos, no Brasil e suas UF. As UF com as mais altas taxas de mortalidade em 2021 foram Roraima, Amapá e Tocantins, enquanto as de mais baixas taxas foram Bahia, Maranhão e Rio Grande do Norte. Entretanto, devido a problemas de notificação, esses dados podem apresentar inconsistência e devem ser interpretados com cautela. Ainda não haviam sido publicadas outras estratificações dos dados do GBD 2021 para o Brasil até a data de finalização deste documento. Para dados do GBD 2019, consultar a Estatística Cardiovascular Brasil anterior. 4

Tabela 6-2. – Taxas de DALYs e mortalidade padronizadas por idade (por 100 mil habitantes) por fibrilação e flutter atrial em 2021, no Brasil e suas unidades federativas.

Local DALYs Mortalidade
Acre 126,2(106,6-152,7) 6,3(5,4-6,9)
Alagoas 122,2(100,3-147,1) 5,3(4,4-6)
Amapá 130,4(110,2-156,2) 6,7(5,6-7,5)
Amazonas 122,5(99,6-149,9) 5,6(4,8-6,1)
Bahia 116,9(93,8-145,1) 4,8(3,9-5,5)
Ceará 117,9(97-143,8) 5,3(4,5-6)
Distrito Federal 120,5(98,7-146,9) 6,5(5,6-7)
Espírito Santo 122,2(99,4-149,5) 5,5(4,5-6,1)
Goiás 118,6(96,7-145,4) 5,4(4,6-5,9)
Maranhão 109(85,9-131,6) 4,8(4-5,4)
Mato Grosso 122,7(101,7-150,3) 5,5(4,7-6)
Mato Grosso do Sul 121,1(99,5-146,1) 5,4(4,5-6)
Minas Gerais 119,1(98,7-146,2) 5,1(4,4-5,6)
Pará 118,5(96,2-146,4) 5,1(4-6)
Paraíba 119,6(97,7-148,1) 5,2(4,5-5,8)
Paraná 124,1(99,9-152,1) 5,6(4,8-6,2)
Pernambuco 113,5(93,8-138,8) 4,9(4,1-5,4)
Piauí 115,9(93,9-145,3) 5,1(4,2-5,8)
Rio de Janeiro 120,7(98,7-147,3) 5,3(4,5-5,9)
Rio Grande do Norte 114,2(91,4-141,2) 4,7(4-5,3)
Rio Grande do Sul 124,2(100,8-148,6) 5,6(4,8-6,2)
Rondônia 120,6(96,8-146,2) 5,4(4,6-6,2)
Roraima 135,6(112,1-162,4) 7,4(6,2-8,4)
Santa Catarina 123,3(101,6-152) 5,6(4,6-6,2)
São Paulo 125,2(100,6-152,9) 5,7(4,7-6,4)
Sergipe 122,8(100,9-150,6) 5,5(4,5-6,1)
Tocantins 123,1(102,3-148,3) 6(5-6,7)
Brasil 120,5(99,1-147,6) 5,3(4,5-5,8)

Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

•A partir de dados de 1.558.421 ECG de pacientes da atenção primária do sistema de telessaúde de Minas Gerais, ligado ao Sistema de Informação sobre Mortalidade do Brasil, a taxa de mortalidade geral foi 3,34% em um seguimento médio de 3,68 anos. Após ajuste para idade e comorbidades, os portadores de FA apresentaram maior risco de morte geral (HR 2,10; IC 95%, 2,03-2,17) e cardiovascular (HR 2,06; IC 95%, 1,86-2,29), que foi ainda maior nas mulheres, que perderam sua vantagem de sobrevida em relação aos homens na presença de FA. 208 , 209

•Em seguimento de 10 anos de 1.462 indivíduos com idade ≥60 anos (idade média, 69 anos; 61% mulheres) incluídos no estudo de coorte de Bambuí em 1997, FA ou flutter mostrou associação independente com um aumento na mortalidade por todas as causas (HR, 2,35; IC 95%, 1,53-3,62) entre pacientes com e sem DCh (HR,1,92; IC 95%, 1,05-3,51). 210

•O registro RECALL foi um registro multicêntrico prospectivo que incluiu e acompanhou 4.585 pacientes com FA por 1 ano em 89 sites em todo o Brasil de abril de 2012 a agosto de 2019. Morte ocorreu em 8,8/100 pacientes/ano (IC 95%, 8,0-9,6) e, em modelos multivariados, foi associada com idade mais avançada, FA permanente, classe III/IV da NYHA, doença renal crônica, doença arterial periférica, AVC, doença pulmonar obstrutiva crônica e demência. O uso de anticoagulante foi associado a menor mortalidade. Pacientes com TTR <60% apresentaram maior mortalidade e mais eventos de sangramento maior em comparação aos pacientes com TTR ≥60%. 210

Carga de Doença

•De acordo com estimativas do GBD 2021, a taxa de DALYs por FA padronizada por idade no Brasil foi 120 (II 95%, 99-148) por 100 mil habitantes. Ainda não haviam sido publicadas outras estratificações dos dados do GBD 2021 para o Brasil até a data de finalização deste documento. Para dados do GBD 2019, consultar a Estatística Cardiovascular Brasil anterior. 209

Complicações

•A FA está relacionada a outros desfechos clínicos adversos além de morte, como AVC, hospitalizações, sangramento e demência. 211 - 215

•Todos os 429 casos de AVC (87,2% dos quais isquêmicos) que ocorreram na cidade de Joinville em 2015 foram incluídos em um registro, sendo FA detectada em 11,4% deles e em 58% daqueles com AVC cardioembólico. 216 Entre 2017 e 2020, dos 3.303 casos de AVC isquêmico na mesma cidade, 11% tinham FA. Desses pacientes com FA, 258 (71,6%) tinham diagnóstico prévio da doença e 102 (28,3%) foram diagnosticados após o AVC. Dos pacientes com FA diagnosticada previamente, 170 (47,2%) estavam em uso de anticoagulantes e 88 (24,4%) usavam outros medicamentos. 215

•Em uma coorte de 1.121 pacientes com AVC isquêmico em seguimento de 12 anos, FA foi independentemente associada a aumento da mortalidade geral (HR 1,82; IC 95%, 1,43-2,31) e cardiovascular (HR 2,07; IC 95%, 1,36-3,14). 213

•No registro prospectivo RECALL de pacientes com FA, a taxa de incidência de AVC foi 2,5/100 pacientes/ano (2,1-3,0), enquanto a taxa de incidência de embolia sistêmica foi 3,5/100 pacientes/ano (2,8-4,4). Sangramento maior ocorreu em 2,0/100 pacientes/ano (1,6-2,4) e hospitalização em 19,6/100 pacientes/ano (18,4-20,9). Hospitalização relacionou-se principalmente a causas cardiovasculares em comparação a sangramento (2,7/100 pacientes/ano, IC 95%, 2,2-3,2). 210

•No ensaio clínico randomizado GIRAF, 301 pacientes idosos de seis centros em São Paulo foram randomizados para dabigatrana ou varfarina para avaliar se a incidência de demência diferia de acordo com o anticoagulante usado por 2 anos. Não houve diferença estatística com nível de significância de 5% em relação a qualquer desfecho cognitivo, após ajuste para múltiplas comparações, entre os grupos dabigatrana e varfarina. 214

Associação com Fatores de Risco para Fibrilação/Flutter Atrial

•Dados do sistema de telessaúde de Minas Gerais com ECG de 1.558.421 indivíduos (idade média, 51±18 anos; 40,2% homens) realizados entre 2010 e 2017 revelaram, em modelos multivariados ajustados por idade e sexo, a relação das seguintes comorbidades autorrelatadas com a presença de FA: DCh (OR 3,08; IC 95%, 2,91-3,25), infarto do miocárdio prévio (OR 1,74; 95% CI, 1,56-1,93), doença pulmonar obstrutiva crônica (OR 1,48; IC 95%, 1,33-1,66), hipertensão (OR 1,31; IC 95%, 1,27-1,34), dislipidemia (OR 1,09; IC 95%, 1,03-1,16). Tabagismo atual e diabetes não foram associados à prevalência de FA. 208

•No registro prospectivo RECALL de pacientes com FA, os fatores de risco mais comuns foram hipertensão (77,9%), eventos cardiovasculares prévios (37,3%) e diabetes (30%). 210

•Em uma análise transversal do estudo de coorte ELSA-Brasil, não foi identificada associação entre o escore de saúde cardiovascular proposto pela American Heart Association e o diagnóstico de FA na linha de base (80/13.141 ECG válidos, 0,8%). 216 , 217

Comorbidades Associadas

Fibrilação atrial e outras doenças cardíacas

•A FA correlaciona-se a outras doenças cardiovasculares concomitantes. No ecocardiograma, FA foi associada com doença cardíaca (OR = 3,9; IC 95%, 2,1-7,2; p <0,001) em 1.518 pacientes (idade média, 58±16 anos; 66% mulheres) de uma lista de espera para ecocardiografia na atenção primária. 218 Entre 300 idosos monitorados com marca-passo, a incidência de FA foi 22% em seguimento de 435 dias, 219 tendo alcançado 85% dos pacientes com marca-passo e doença renal crônica em seguimento de 1 ano. 220 Em outro estudo de 186 portadores de marca-passo de um único centro no sul do Brasil [52% mulheres; mediana de idade, 67 anos (IIQ 57-76)], a prevalência de FA foi 25,3%, com incidência de 5,64 casos/100 pessoas-ano. 221 Entre os pacientes com doença cardiovascular que procuraram o setor de emergência, a prevalência de FA foi 40% daqueles com insuficiência cardíaca descompensada 222 e 44% daqueles com doença valvar cardíaca. 187

Fibrilação atrial peroperatória e cirurgia cardiovascular

•No pós-operatório de cirurgia cardíaca, identificou-se FA em 12% a 33% dos pacientes. 223 - 226 As cirurgias de substituição valvar foram associadas a maior ocorrência de FA (31%-33%) durante a hospitalização em comparação à cirurgia de revascularização miocárdica (12%-16%). Idade avançada, doença valvar mitral e não uso de betabloqueadores foram associados com FA no pós-operatório de cirurgia valvar. 227 Entre aqueles submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica, a incidência de FA no pós-operatório foi associada com átrio esquerdo >40,5 mm e idade >64,5 anos. 227

•Em um estudo para avaliar o impacto de um programa de melhoria da qualidade na mortalidade hospitalar em um centro de cirurgia cardiovascular em São Paulo, com pacientes operados antes e depois da implementação do programa (858 em cada grupo), entre outros benefícios, houve redução na FA no pós-operatório de 4,4% para 1,5%, p<0,0001. 228

Fibrilação atrial e doença de Chagas

•A FA tem sido consistentemente associada a DCh e aumenta o risco de morte nos pacientes com DCh. 229 Em uma revisão sistemática e meta-análise, a prevalência de FA foi significativamente maior em pacientes com DCh (OR: 2,11; IC 95%, 1,40-3,19). 231

•Em uma grande amostra de 264.324 pacientes submetidos a tele-ECG em unidades de atenção primária à saúde, AF foi observada em 5,35% dos indivíduos com DCh e em 1,65% daqueles sem DCh (OR: 3,15; IC 95%, 2,83-3,51, com ajuste para idade, sexo e comorbidades autorrelatadas). 229

•No estudo de coorte de Bambuí, 1.462 participantes com idade ≥60 anos (idade média, 69 anos; DCh n=557, 38,1%) e ECG na linha de base foram seguidos por 10 anos. Fibrilação atrial foi mais frequentemente observada nos indivíduos com DCh [6,1% vs. 3,4% (OR: 3,43; IC 95%, 1,87-6,32, com ajuste para idade, sexo e variáveis clínicas)], nos quais foi um fator de risco independente para morte (HR: 2,35; IC 95%, 1,53-3,62, com ajuste para idade, sexo, variáveis clínicas e níveis de BNP). 209

Fibrilação atrial e Pacientes Críticos

•Em um estudo observacional retrospectivo, com revisão de prontuários eletrônicos e inclusão de 895 pacientes com idade ≥80 anos, incluídos no protocolo de sepse de um hospital privado de alta complexidade na cidade de São Paulo, de janeiro de 2018 a dezembro de 2020, a incidência de FA na amostra foi 13%. A FA foi um fator de risco independente para mortalidade hospitalar. 233

Utilização e Custo da Atenção à Saúde

(Refer to Tabelas 1-1 até 1-7 e Figuras 1-11 até 1-1)

•De 2008 a 2021, houve 406.666 hospitalizações por FA, variando de 25.283 em 2021 a 32.753 em 2019, logo antes da pandemia de COVID-19, revelando uma redução nas hospitalizações por FA na pandemia ( Figura 6-1 ). De 2008 a 2021, os custos totais devidos às hospitalizações por FA foram R$ 310.739.362. Após ajuste para a inflação brasileira, os custos foram R$ 569.678.472 e, em dólares internacionais convertidos em US$ 2023 ajustados para PPC, $ 108.530.857. Interessante notar que, a despeito da redução no número anual de hospitalizações para FA em 2020 e 2021 no contexto de pandemia de COVID-19, os custos anuais ajustados para a inflação brasileira não diminuíram na mesma proporção.

Figura 6-1. – Número de hospitalizações por fibrilação atrial no sistema público de saúde do Brasil, de 2008 a 2021. Dados do Ministério da Saúde do Brasil – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). 49 .

Figura 6-1

•Com relação a ablação de FA e flutter atrial, 1.694 procedimentos foram realizados pelo SUS de 2008 a 2021, com uma redução em 2020 em comparação a 2019 (120 vs 163, respectivamente) e recuperação em 2021 (161 procedimentos). O custo não ajustado da ablação de FA de 2008 a 2021 foi R$ 9.614.010. Após ajuste para a inflação brasileira e conversão para US$ 2023 ajustado para PPC, foi $ 2.751.563.

Conhecimento, Tratamento e Controle

•Um estudo com métodos mistos foi realizado para identificar as percepções sobre o cuidado de pacientes com FA, assim como barreiras e facilitadores para tal cuidado, em 11 unidades de atenção primária em São Paulo, a partir da perspectiva de 107 profissionais da saúde. O estudou mostrou que a falta de treinamento específico sobre FA para profissionais da saúde, de protocolos/diretrizes sobre condutas em FA e de programas de educação para o paciente, assim como o reduzido acesso a testes de INR em unidades de atenção primária e a limitada disponibilidade dos novos anticoagulantes orais são as principais barreiras para um cuidado ótimo. 234

•Anticoagulação

•O uso de anticoagulação entre pacientes com FA variou muito, de 1,5% a 91%. 204 , 205 , 235 , 236 Estudos com amostras da atenção primária apresentaram maior probabilidade de baixo uso de anticoagulação em comparação a amostras recrutadas de centros terciários ou de cardiologistas, como detalhado a seguir.

•Em centros de atenção primária de 658 municípios de Minas Gerais, o uso médio de anticoagulante relatado foi de 1,5%, enquanto, no estudo IMPACT-AF, 91% dos pacientes arrolados no Brasil (n=360), a maioria em acompanhamento com cardiologista em centros terciários, estavam em uso de anticoagulação oral na linha de base. 204 , 235

•No estudo de coorte de base populacional ELSA-Brasil, de 185 participantes com FA e escore CHA2DS2-VASc ≥2, apenas 20 (10,8%) usavam anticoagulantes. A prevenção de AVC no grupo foi associada com idade mais avançada (1,8% vs. 17,7% naqueles ≤54 e ≥65 anos, respectivamente; p=0,013). Observou-se tendência a menor uso de anticoagulantes em mulheres (7,1% vs. 16,4% em mulheres e homens, respectivamente; p=0,055). 202

•No registro prospectivo RECALL de pacientes com FA, o escore CHA2DS2-VASc médio (desvio-padrão) foi 3,2 (1,6); a mediana do escore HAS-BLED foi 2 (2, 3). Na linha de base, 78% dos pacientes estavam em uso de anticoagulantes (62,6% usavam antagonistas da vitamina K e 37,4% usavam DOAC). As principais razões do não uso dos anticoagulantes orais foram decisão do médico (24,6%) e dificuldade para controlar (14,7%) ou realizar (9,9%) INR ( Figura 6-2 ). 210

Figura 6-2. – Terapias antitrombóticas durante 1 ano de seguimento (A) e na linha de base (B) de acordo com o CHA 2 DS 2 -VASc. AVK: antagonista da vitamina K; DOAC: anticoagulante oral direto; AP: antiagregante plaquetário. Fonte: Lopes et al. 210 .

Figura 6-2

•Uso de anticoagulação foi associado com menor risco de morte no registro prospectivo RECALL de pacientes com FA e em uma coorte de 200 pacientes com AVC isquêmico e FA (efeito tempo-dependente do anticoagulante oral: HR multivariável, 0,47; IC 95%, 0,30-0,50) e mortalidade por AVC (efeito tempo-dependente do anticoagulante oral ≥ 6 meses: OR multivariável, 0,09; IC 95%, 0,01-0,65). 210 , 236

•A qualidade da terapia com varfarina foi avaliada usando TTR como parâmetro em diferentes amostras no Brasil. O TTR da anticoagulação para FA variou de 31% a 67% nos estudos. 210 , 233 , 235 - 238 No registro prospectivo RECALL de pacientes com FA, o TTR médio (desvio-padrão) para o período do estudo foi 49,5% (27,5). Durante o seguimento, o uso de anticoagulantes e o INR na faixa terapêutica aumentaram para 87,1% e 59,1%, respectivamente. 210

•Em um estudo para avaliar os custos relacionados à terapia anticoagulante de pacientes com FA (n=90) tratados em hospital universitário público em 1 ano, os autores relataram custos totais mais altos naqueles usando DOAC em comparação àqueles usando varfarina. Entretanto, uma redução de 40% no preço de DOAC facilitaria a incorporação desses medicamentos no sistema brasileiro de saúde pública. 237

Controle de ritmo ou frequência (medicamento, cardioversão, ablação por cateter)

•Um estudo transversal com 167 pacientes com FA relatou que controle da frequência foi mais comum do que controle do ritmo como estratégia de tratamento (79% vs. 21%; p < 0,001). 239

•Dados de 125 centros de atenção primária mostraram que, de 301 pacientes com FA, 91 (30,2%) não recebiam qualquer tipo de tratamento para controle de frequência ou ritmo. Dos demais pacientes com FA, 70% usavam apenas agentes para controle de frequência e 30% usavam pelo menos um agente antiarrítmico. 205

•No registro prospectivo RECALL de pacientes com FA, 4,4% tinham história prévia de ablação de FA, 0,9% de ablação do nó atrioventricular com implantação de marca-passo e 25,2% de cardioversão. Quase 30% usaram um antiarrítmico para controle de ritmo, principalmente amiodarona. Para controle da frequência cardíaca, 69,5% usaram betabloqueadores, 25,7% receberam bloqueadores de canal de cálcio não diidropiridínicos, e 15,8% usavam digitálicos. 210

Impacto da Pandemia de COVID-19

•Em pacientes com COVID-19, FA está associada com maior risco para eventos adversos, 239 embora um estudo retrospectivo unicêntrico de pacientes hospitalizados por COVID-19 no Brasil (n=128) não tenha observado associação de FA e mortalidade. 240

•Houve redução em hospitalizações e procedimentos para FA na pandemia, em particular em 2020 ( Figura 6-1 ). Essa redução relacionou-se provavelmente aos efeitos indiretos da pandemia, quando houve uma diminuição nas hospitalizações cardiovasculares em geral no Brasil e no mundo, pois procedimentos eletivos foram adiados, contato com provedores de serviços de saúde foi evitado e cuidado cardiovascular foi interrompido. 14 , 241

Perspectivas

•Estudos de coorte de base populacional sobre a incidência e determinantes de FA no Brasil estão em andamento.

•A triagem de FA em estudos de base populacional ou populações selecionadas através do uso de ECG ou dispositivos, incluindo dispositivos eletrônicos vestíveis e patches de longa duração, deve contribuir com informação sobre a relevância da inclusão dessa estratégia nos centros de atenção primária ou especializados.

•Estudos utilizando algoritmos de inteligência artificial para diagnosticar ou prever FA a partir de ECG foram desenvolvidos, inclusive a partir de dados brasileiros. 242 Esses algoritmos de inteligência artificial podem ser uma ferramenta para melhorar o diagnóstico de FA e personalizar as estratégias de triagem conforme o risco.

•Estratégias para reduzir as lacunas no tratamento da FA devem ser desenvolvidas, incluindo a avaliação de custo-efetividade da incorporação de DOAC no sistema de saúde pública.

•A implementação de estratégias para melhorar o uso de anticoagulação em pacientes com FA deve ser encorajada, particularmente na atenção primária.

CAPÍTULO 7 – HIPERTENSÃO

CID-10 - I10

Ver Tabelas 7-1 a 7-5 e Figuras 7-1 a 7-3

Abreviaturas Usadas no Capítulo 7.
aPR Razão de Prevalência Ajustada
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10a Revisão
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Year )
ELSA-Brasil Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto
GBD Global Burden of Disease
IC Intervalo de Confiança
IMC Índice de Massa Corporal
OR Odds Ratio
PAD Pressão Arterial Diastólica
PAS Pressão Arterial Sistólica
SUS Sistema Único de Saúde
UF Unidade Federativa
VIGITEL Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

Panorama

•Com o objetivo de padronização neste documento, hipertensão arterial foi caracterizada como níveis sustentados de PAS igual ou superior a 140 mmHg e/ou PAD igual ou superior a 90 mmHg. 243

•Os valores de prevalência percentual serão apresentados seguidos por IC 95%, como disponibilizado nos estudos citados. Em estudos populacionais, hipertensão pode ser aferida ou autorreferida. No primeiro caso, o valor deriva da medida direta da pressão arterial através da utilização de técnicas padronizadas e é descrito em um documento, enquanto a hipertensão autorreferida se caracteriza por uma resposta positiva à pergunta sobre a presença desse diagnóstico médico ou o uso de anti-hipertensivos, 244 dependendo, portanto, do acesso do paciente ao diagnóstico e do seu entendimento sobre essa informação, o que resulta em diferenças na prevalência de hipertensão conforme a coleta de dados.

•Quando o Estudo GBD é a fonte de dados, o risco é atribuído à PAS alta, como descrito em publicação anterior. 245

Incidência e Prevalência de Hipertensão

Crianças e Adolescentes

•Uma revisão sistemática e meta-análise de Paiva et al ., usando 15 estudos e incluindo 43.227 adolescentes, investigou a prevalência de síndrome metabólica e seus componentes em adolescentes brasileiros. Os autores estimaram a prevalência de hipertensão em 10,3% (7,8-13,5) dos adolescentes brasileiros. Hipertensão foi o terceiro componente mais prevalente da síndrome metabólica nessa população, após níveis baixos de colesterol da lipoproteína de alta densidade [22,1% (12,5-36,2)] e obesidade abdominal [11,0% (8,1-14,9)]. 246

•Em estudo longitudinal avaliando 469 crianças e adolescentes do sul do Brasil, com idade de 7-17 anos (43,1% meninos), PAS e PAD, circunferência da cintura, IMC, percentual de gordura corporal, perfil lipídico, glicose, aptidão cardiorrespiratória e polimorfismo rs9939609 foram avaliados. A incidência acumulada de hipertensão foi calculada e realizou-se regressão logística multinomial. A medida da pressão arterial foi classificada de acordo com os percentis 90 e 95 para hipertensão limítrofe e hipertensão, respectivamente. 247 A incidência de hipertensão foi 11,5% após três anos de seguimento. Indivíduos com sobrepeso ou obesos apresentaram maior probabilidade de se tornarem hipertensos limítrofes (sobrepeso: OR 3,22, IC 95%, 1,08-9,55; obesidade: OR 4,05, IC 95%, 1,68-9,75) e indivíduos obesos apresentaram maior probabilidade de se tornarem hipertensos (obesidade: OR 4,84, IC 95%, 1,57-14,95). Valores de circunferência da cintura e percentual de gordura corporal de alto risco foram associados ao desenvolvimento de hipertensão (OR 3,41, IC 95%, 1,26-9,19 e OR 2,49, IC 95%, 1,08-5,75, respectivamente). 248

Adultos

•Malta et al ., 248 em estudo que analisou os dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, 249 encontraram prevalência de hipertensão autorreferida no Brasil de 23,93% (IC 95%, 23,42- 24,43), com 26,45% (IC 95%, 25,75-27,15) para mulheres e 21,06% (20,37-21,75) para homens ( Tabelas 7-1 e 7-2 ). Quanto aos grupos etários, a mais alta prevalência foi observada em indivíduos com mais de 60 anos de idade e naqueles com baixo nível educacional, em ambos os sexos. 248 Vale ressaltar que a prevalência de hipertensão em mulheres tende a ser mais alta do que em homens quando avaliada a partir de dados autorreferidos, fenômeno não observado nos estudos que utilizam a medida da pressão arterial.

•Em outro estudo, Macinko et al . avaliaram doenças crônicas não transmissíveis e sua relação com desigualdade de nível educacional, entre 2013 e 2019. 250 Esse estudo usou dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 251 e da de 2019 249 no Brasil. Os dados não ajustados sobre prevalência de hipertensão em adultos com mais de 18 anos mostraram aumento, passando de 22% (IC 95%, 21,4-22,7) em 2013 para 25,9% (IC 95%, 25,4-26,4) em 2019 em ambos os sexos. 250

•De acordo com dados do VIGITEL para 2021, a porcentagem de pacientes com idade a partir de 18 anos com diagnóstico autorreferido de hipertensão no Brasil foi 26,3% (IC 95%, 25,1-27,6), sendo 27,1% (IC 95%, 25,5-28,7) em mulheres e 25,4% (IC 95%, 23,4-27,4) em homens. 252 Em relação às capitais, essa porcentagem variou de 19,3% (IC 95%, 15,7-23,0) na cidade de São Luís a 32% (IC 95%, 27,5-36,4) na cidade do Rio de Janeiro em ambos os sexos. 252 Entre as mulheres, a mais alta porcentagem observada foi 32,2% (IC 95%, 27,5-36,9) na cidade de Belo Horizonte e a mais baixa, 19,3% (IC 95%, 16,0-22,6) na cidade de Macapá. Por outro lado, entre os homens, a mais alta porcentagem foi 32,2% (IC 95%, 24,7-39,7) na cidade do Rio de Janeiro e a mais baixa, 13,8% (IC 95%, 8,1-19,6) na cidade de São Luís. 252 Quanto aos grupos etários, a mais alta prevalência de hipertensão no país, 61% (IC 95%, 59,0-63,0), foi observada em indivíduos com idade a partir de 65 anos, sendo que, nesse grupo etário, as mulheres apresentaram maior prevalência do que os homens, 63,7% (IC 95%, 61,6-65,8) e 57,1% (IC 95%, 53,4-60,7), respectivamente. 252 A Figura 7-1 mostra a evolução temporal das porcentagens de hipertensão no país entre 2007 e 2021 em ambos os sexos. A Figura 7-2 mostra a prevalência de hipertensão no país por UF de acordo com os quartis em 2021, com base no estudo VIGITEL 2021. 252 Novamente, usando dados autorreferidos, maior prevalência foi observada nas mulheres em comparação aos homens, diferentemente de quando dados de medidas da pressão arterial são usados.

Figura 7-1. – Tendências da prevalência de hipertensão nas capitais brasileiras entre 2007 e 2021, para ambos os sexos. Dados do VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 7-1

Figura 7-2. – Prevalência de hipertensão no Brasil por unidade federativa e de acordo com os quartis de porcentagem, em 2021, com base no estudo Vigitel 2021. Dados do Vigitel Brasil 2021. 252 .

Figura 7-2

•No estudo de coorte ELSA-Brasil, Scaranni et al . avaliaram a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a incidência de hipertensão em pacientes previamente normotensos. Foi incluído um total de 8.754 participantes com idade de 35-74 anos, tendo sido 1.312 casos de hipertensão observados ao final de seguimento de 4 anos. 253 Além disso, os autores relataram que os indivíduos com alto consumo de alimentos ultraprocessados apresentaram maior risco de desenvolver hipertensão (OR 1,23, IC 95%, 1,06-1,44). 253

•Ainda no estudo de coorte ELSA-Brasil, ao se avaliar a incidência de hipertensão de acordo com sexo e raça, observou-se mais alta incidência de hipertensão em homens negros (59,4/1000 pessoas-ano), enquanto a mais baixa incidência foi observada em mulheres brancas (30,5/1000 pessoas-ano). 254 Após ajuste para idade e história familiar de hipertensão, a razão da taxa de incidência foi mais alta em homens negros (2,25; IC 95%, 1,65–3,08), homens pardos, mulheres negras, mulheres pardas e homens brancos em comparação a mulheres brancas. 254

•O consumo de álcool foi associado a maior incidência de hipertensão apenas na população masculina no Brasil. De acordo com Coelho et al ., 255 em análise do estudo de coorte ELSA-Brasil envolvendo 3.990 indivíduos com idade de 35-74 anos, os homens nos mais altos tercis de consumo total de álcool, de cerveja, de vinho e de bebidas alcoólicas apresentaram a mais alta OR para hipertensão em comparação àqueles nos tercis mais baixos (1,62 [IC 95%, 1,14-2,29], 1,51 [IC 95%, 1,07-12,13], 1,71 [IC 95%, 1,01-2,86] e 2,01 [IC 95%, 1,21-3,32], respectivamente).

Mortalidade Atribuível a Hipertensão

•As estimativas do GBD para as taxas de mortalidade e DALYs e para o número absoluto de mortes atribuíveis a PAS elevada no Brasil e em suas 27 UF de 1990 a 2019 são apresentadas na versão anterior deste documento, pois as estimativas do GBD ainda não haviam sido atualizadas até o momento de finalização deste documento. 4

Morbidade e Carga de Doença Atribuíveis a Hipertensão

•As tendências de carga de doença atribuível à exposição a fatores de risco foram analisadas de acordo com sexo e grupos etários, usando as estimativas do GBD de 1990 a 2019. Para mortalidade, hipertensão foi o principal fator de risco responsável pela maioria das mortes (104,8 por 100 mil mortes). Para DALYs, no mesmo período, IMC alto, PAS elevada e glicemia de jejum alta ocuparam as três primeiras posições no ranking . Para DALYs, IMC alto foi o principal fator de risco para mulheres, enquanto consumo de álcool foi para os homens. 256

•Pires et al. estudaram a prevalência do cluster hipertensão, obesidade e/ou diabetes e investigaram sua associação com fatores sociodemográficos e comportamentais. Os autores verificaram que a prevalência de hipertensão foi mais alta nos homens do que nas mulheres [17,8% (IC 95%, 17,0-18,6) vs. 11,4% (IC 95%, 10,8-12,0)]. A prevalência de multimorbidade foi 9,6%. As probabilidades de multimorbidade foram mais altas na idade mais avançada, entre os negros, mas mais baixas na região norte do país para os dois sexos. As probabilidades de multimorbidade das doenças não transmissíveis aumentaram entre as mulheres com níveis educacionais mais baixos e estilo de vida sedentário e entre os homens que viviam acompanhados e eram fisicamente inativos. Em comparação aos homens, as mulheres apresentaram mais alta prevalência de obesidade [15,9% (IC 95%, 15,2-16,6) vs. 9,4% (IC 95%, 8,8-10,0)], obesidade e diabetes mellitus [1,6% (IC 95%, 1,4-1,8) vs. 0,9% (IC 95%, 0,9-1,2)] e três doenças não transmissíveis [1,3% (IC 95%, 1,1-1,6) vs. 0,8% (IC 95%, 0,6-1,0)]. 257

•Entre os anos 1990 e 2019, as estimativas de mortes por doença renal crônica secundária a hipertensão aumentaram de 2,4 por 100 mil habitantes em 1990 para 5,38 por 100 mil habitantes em 2019, tendo a região sudeste as maiores taxas de mortalidade. Quanto ao sexo, as mais altas taxas foram observadas entre os homens; entretanto, com o passar dos anos, essa diferença diminuiu. O grupo etário ≥70 anos foi o mais afetado, apresentando as mais altas taxas de morte. 258 - 262

Impacto na Saúde Cardiovascular

•Malta et al ., usando dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 e de 2019, avaliaram 60.202 indivíduos e demonstraram que os indivíduos negros apresentaram mais hospitalizações por hipertensão ou suas complicações (PR=1,2; IC 95%, 1,05-1,38) além de limitação grave ou muito grave para as atividades da vida diária (RP=1,37; IC 95%, 1,06-1,76). 263 Relataram ainda resultados conflitantes quanto à comparação da qualidade da assistência a pacientes hipertensos. A despeito do aumento no uso de medicação do programa federal, observou-se redução no acesso a especialistas, quando necessário. 261

•Em 4.717 participantes do estudo de coorte ELSA-Brasil, sem diabetes e sem doença cardiovascular na linha de base (2008-2010), resistência a insulina avaliada pelo HOMA-IR foi associada à chance de desenvolver pré-hipertensão de 51% (IC 95%, 1,28-1,79) e hipertensão de 150% (IC 95%, 1,48-4,23). Mesmo em indivíduos não obesos (IMC<25 kg/m 2 ), a resistência a insulina foi associada a incidência de pré-hipertensão (OR 1,41; IC 95%, 1,01-1,98) e hipertensão (OR 3,15; IC 95%, 1,27-7,81). 260

•O papel da urbanização na saúde cardiometabólica foi elegantemente investigado por Kramer et al . Esses autores realizaram revisão sistemática e meta-análise de 46 estudos, incluindo um total de 20.574 adultos de pelo menos 33 etnias indígenas brasileiras, para entender a saúde metabólica e o papel da urbanização e do desmatamento (ambiental) no risco cardiovascular. Avaliaram a prevalência de obesidade e fatores de risco cardiometabólicos relacionados. Meta-análises sobre a prevalência de obesidade mostraram taxas de obesidade mais altas entre os indígenas vivendo nas regiões Centro-Oeste (23% [IC 95%, 17–29]) e Sul do Brasil (23% [13–34]) do que aqueles vivendo nas regiões menos urbanizadas (Norte do Brasil: 11% [8-15]). O mesmo padrão foi observado para hipertensão: a prevalência foi mais alta no Sul (30% [10–50]) e mais baixa na região Norte, a menos urbanizada (1% [1-2]). A prevalência de obesidade foi 3,5 vezes mais alta em indivíduos vivendo nos territórios indígenas urbanizados (28%) do que naqueles vivendo na floresta Amazônica nativa (8%). Os autores não observaram variação incremental na pressão arterial com o envelhecimento dos indígenas que viviam conforme seu estilo de vida tradicional, ao contrário daqueles vivendo nas regiões urbanizadas. Para os anos 1997 e 2019, a taxa de mortalidade cardiovascular entre residentes das áreas mais urbanizadas foi 2,5 vezes maior do que a observada no Norte. Entretanto, o aumento incremental na mortalidade cardiovascular nas duas últimas décadas entre os indígenas brasileiros foi observado apenas nas populações do Norte e Nordeste (aumento de 2,7 vezes). 260

Conhecimento, Tratamento e Controle da Hipertensão

•Tavares et al . investigaram o controle da saúde cardiovascular de acordo com o construto da American Heart Association de sete métricas cardiovasculares em 400 pacientes adultos seguidos na Estratégia de Saúde da Família em Sergipe. 262 Apenas 32,5% tinham a saúde cardiovascular controlada (≥5 métricas idealmente controladas) e, quanto a hipertensão, apenas 35% da população estava idealmente controlada (pressão arterial < 120/80 mm Hg). 250 As características ‘ser mulher’, ‘jovem’ e ‘seguir a orientação de familiares e vizinhos’ influenciaram positivamente no controle da saúde cardiovascular. 262

•A Pesquisa Nacional de Saúde estimou que de 88.531 indivíduos, 23,9% apresentavam hipertensão autorreferida. Desses, 57,8% relataram cuidados médicos nos seis meses anteriores: 61,1% no serviço público de saúde e 45,8% em unidades de atenção primária 262 ( Tabelas 7-3, 7-4, 7-5 e Figura 7-3 ).

Figura 7-3. – Comparação dos indicadores de assistência de saúde de adultos com hipertensão arterial. Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2013 e 2019. Fonte: Malta et al. 261 .

Figura 7-3

•A proporção de portadores de diabetes e hipertensão obtendo medicação no Programa Brasileiro de Farmácia Popular foi estimada usando dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019: 45,1% (IC 95%, 43,7-46,5%) para hipertensão e 51,5% (IC 95%, 49,5-53,6%) para diabetes. A obtenção de medicação foi mais alta na região Sul e mais baixa nos indivíduos com níveis mais altos de educação e renda 264 ( Tabelas 7-3, 7-4, 7-5 e Figura 7-3 ).

•Usando dados do estudo de coorte ELSA-Brasil, 3.897 participantes com hipertensão foram avaliados quanto a controle da pressão arterial, raça autorreferida e segregação econômica residencial em um estudo transversal. Após ajuste para idade, sexo, nível educacional e centro do estudo, a porção não explicada (disparidade residual) da raça na hipertensão não controlada foi 18,2% (IC 95%, 13,4%-22,9%) para participantes negros vs. brancos e 12,6% (8,2%-17,1%) para participantes pardos vs. brancos. Entretanto, a porção explicada (redução de disparidade) através de segregação econômica foi -2,1% (-5,1%; 1,3%) para participantes negros vs. brancos e 0,5% (-1,7%; 2,8%) para participantes pardos vs. brancos. Embora a hipertensão não controlada tenha sido maior para negros e pardos vs. brancos, as desigualdades raciais na hipertensão não controlada não foram explicadas por segregação econômica. 265

COVID-19 e Hipertensão

•Durante a pandemia, houve discreto aumento na prevalência de hipertensão nas capitais brasileiras de acordo com dados do VIGITEL em comparação à tendência de estabilidade de 2009 a 2019 ( Figura 7-1 ).

•Malta et al . investigaram a associação entre diagnóstico autorreferido de doenças não transmissíveis, incluindo hipertensão, e a adesão ao distanciamento social e o uso dos serviços de saúde durante a pandemia de COVID-19 através de enquete telefônica em 2020. Os indivíduos com doenças não transmissíveis mostraram maior adesão ao distanciamento social intenso (aPR: 1,07; IC 95%, 1,03-1,11), buscaram os serviços de saúde com maior frequência (aPR: 1,24; IC 95%, 1,11-1,38) e tiveram maior dificuldade para agendar consultas médicas (aPR: 1,52; IC 95%, 1,35-1,71), para receber tratamento (aPR: 1,50; IC 95%, 1,22-1,84) e medicação (APR:2,17; IC 95%, 1,77-2,67) e para se submeter a exames (aPR: 1,78; IC 95%, 1,50-2,10) e a intervenções eletivas (aPR: 1,65; IC 95%, 1,16-2,34). 266

•O controle da hipertensão durante a pandemia de COVID-19 no Brasil foi avaliado por Feitosa et al . Os autores relataram uma discreta redução, com questionável significado clínico, no monitoramento da pressão arterial no consultório e domiciliar nos primeiros meses seguintes ao surto de COVID-19 em 987 pacientes hipertensos tratados em comparação a 27.699 pacientes avaliados antes do surto de COVID-19. Entre os não tratados, não se observou diferença no controle da hipertensão. 267 Duarte et al . investigaram 194 mortes relacionadas à COVID-19 no sul do Brasil. A maioria da população era do sexo masculino (63,4%), ≥60 anos de idade (82,5%) e branca (82,5%). Cerca de metade apresentava multimorbidade. As prevalências de hipertensão, diabetes e doença cardíaca foram 29,4% (23,3-36,2), 28,0% (22,1- 34,8) e 38,7 % (32,0-45,7), respectivamente. 268

•Em estudo retrospectivo de 1.276 mortes por COVID-19 em Pernambuco, Santos et al . relataram que 26.48% dos pacientes apresentavam hipertensão como comorbidade prévia. 269

Perspectiva

•Quanto à diminuição da carga cardiovascular da hipertensão no Brasil, há uma lacuna referente ao conhecimento mais profundo e holístico acerca de como melhorar a prevenção, a conscientização, o tratamento e o controle da hipertensão, assim como referente à sua relação com outros comportamentos e fatores de risco cardiovasculares desfavoráveis, como proposto pela American Heart Association . 216 O atual entendimento indica ser a hipertensão, em nível populacional, o principal determinante de morbimortalidade cardiovascular em âmbito nacional. Portanto, há necessidade urgente no Brasil de melhores dados para a medição de desfechos populacionais e do desempenho do sistema de saúde para embasar a implementação de estratégias científicas investigativas de como melhorar esses desfechos. 110 , 270 , 271

•Além disso, temos que avançar de um modelo de política de saúde em que apenas se gera evidência para um modelo de ação a fim de corrigir a realidade subótima revelada pela ciência. Estratégias nacionais populacionais com campanhas efetivas para a promoção de hábitos saudáveis ( i.e. , redução do sal na dieta, taxação dos alimentos pouco saudáveis, aumento de atividade física) aliadas a identificação e tratamento mais efetivos dos indivíduos com maior risco cardiovascular, assim como a vigilância objetiva dos resultados, devem ser prioridade máxima no futuro próximo. 110 , 270 , 271

•Aperfeiçoamento da pesquisa relacionada às disparidades de acesso, tempos e desfechos para os hipertensos usuários do SUS em comparação àqueles dos serviços privados de saúde, como benchmarking , poderia auxiliar na elaboração de novas políticas públicas de saúde para reduzir a carga de hipertensão na nossa sociedade.

•Considerando-se que aproximadamente 75% dos brasileiros são usuários do SUS, é imperativo que se meçam continuamente os desfechos dos programas de hipertensão implementados pelo SUS, como a Estratégia de Saúde da Família, e que se comparem àqueles obtidos no sistema privado de saúde. 261

CAPÍTULO 8 – DISLIPIDEMIA

CID-10 E78 (E78.0 – E78.9); CID-10-CM E78 (E78.0 – E78.9)

Ver Tabelas 8-1 a 8-4

Abreviaturas usadas no Capítulo 8.
CT Colesterol Total
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, DisabilityAdjusted Life-Year)
DCV Doenças Cardiovasculares
ELSA-Brasil Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - Brasil
ERICA Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes
GBD Carga Global de Doenças (do inglês, Global Burden of Disease)
HDLc Colesterol da Lipoproteína de Alta Densidade (do inglês, High-Density Lipoprotein Cholesterol)
IAM Infarto Agudo do Miocárdio
IC Intervalo de Confiança
II Intervalo de Incerteza
LDLc Colesterol da Lipoproteína de Baixa Densidade (do inglês, Low-Density Lipoprotein Cholesterol)
OR Odds Ratio
PNAUM Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
RP Razão de Prevalência
SDI Índice Sociodemográfico (do inglês, Sociodemographic Index)
SUS Sistema Único de Saúde
TG Triglicerídeos
UF Unidade Federativa
YLDs Anos vividos com incapacidade (do inglês, Years Lived with Disability)
YLLs Anos potenciais de vida perdidos (do inglês, Years of Life Lost)

Introdução

•Define-se dislipidemia como níveis séricos anormais de lipídios, incluindo colesterol, suas frações e/ou TG. A dislipidemia é um conhecido fator de risco para as DCV. 273 Mesmo no âmbito da prevenção primária, estudos randomizados já demonstraram que o tratamento da dislipidemia efetivamente reduz as DCV. 274 No presente documento os dados laboratoriais da PNS coletados em 2014-2015 foram usadas como fonte principal de dados sobre os níveis médios de colesterol e a prevalência de dislipidemia em adultos, enquanto o Estudo ERICA foi utilizado para dados sobre adolescentes. Estudos menores (de base regional) foram utilizados, quando apropriado para descrições adicionais. Este documento traz referências da edição anterior de 2021 do Estatística Cardiovascular 4 salvo, quando da disponibilidade de dados mais recentes.

•Este capítulo apresenta dados sobre CT, LDLc, HDLc e TG. As definições de dislipidemia variam historicamente e conforme as posições das sociedades de cardiologia locais. Com o objetivo de classificação e a menos que especificado de outra maneira, neste capítulo, usaremos o termo dislipidemia para os seguintes valores: 1) em adultos: CT ≥ 200 mg/dl, LDLc ≥ 130 mg/dl, HDLc < 40 mg/dl, ou TG ≥ 150 mg/dl; 275 2) em crianças e adolescentes: CT ≥ 170 mg/dl, LDLc ≥ 130 mg/dl, HDLc < 45 mg/dl, e TG ≥ 130 mg/dl. 276

Prevalência

Jovens

•O Estudo ERICA, publicado em 2021, reporta dados de 38.069 estudantes (60% sexo feminino) com idade variando de 12 a 17 anos, nas capitais das 27 UF brasileiras, além de cinco conjuntos de municípios com mais de 100 mil habitantes, nas cinco regiões geográficas do país. 276 Os seguintes valores médios foram encontrados: CT, 148 mg/dl (IC 95%, 147-149 mg/dl); LDLc, 85 mg/dl (IC 95%, 84-86 mg/dl); HDLc, 47 mg/dl (IC 95%, 47-48 mg/dl); e TG, 78 mg/dl (IC 95%, 76-79 mg/dl). Com relação à prevalência de valores anormais, 20,1% (IC 95%, 19-21,3%) mostraram aumento de CT, 3,5% (IC 95%, 3,2-4%) de LDLc e 7,8% (IC 95%, 7,1-8,6%) de TG. A prevalência de HDLc baixo foi de 47% (IC 95%, 45-49%). Os dados estratificados por idade e sexo são apresentados na Tabela 8-1 .

Tabela 8-1. – Níveis médios de lipídios plasmáticos, prevalências de níveis borderline e altos, além de população estimada com níveis lipídicos anormais, de acordo com sexo e grupo etário. ERICA-Brasil, 2013-2014.

Lipídios Médio Borderline Alto População estimada com anormalidade
mg/dl IC 95% % IC 95% % IC 95%
Colesterol total  
População geral 148,1 147,1-149,1 24,2 22,7-25,8 20,1 19,0-21,3 2.940.705
Homens 143,6 142,4-144,8 22,7 20,4-25,2 15,3 13,9-16,9 1.256.102
Mulheres 152,6 151,4-153,9 25,7 24,5-27,0 24,9 23,4-26,5 1.684.602
12-14 anos 149,4 148,0-150,7 25,8 24,3-27,4 20,7 19,1-22,5 937.793
15-17 anos 147,1 145,8-148,3 22,8 20,8-24,9 19,6 18,0-21,2 2.002.911
LDLc  
População geral 85,3 84,5-86,1 19,5 18,5-20,5 3,5 3,2-4,0 1.526.733
Homens 83,4 82,2-84,5 17,4 16,0-18,9 2,9 2,3-3,6 669.805
Mulheres 87,2 86,3-88,1 21,5 20,2-22,9 4,3 3,7-4,9 856.928
12-14 anos 86,2 85,1-87,3 20,6 19,0-22,4 3,7 3,1-4,4 467.877
15-17 anos 84,5 83,5-85,5 18,4 17,2-19,7 3,4 2,9-4,1 1058.856
Triglicerídeos  
População geral 77,8 76,5-79,2 12,0 11,0-13,0 7,8 7,1-8,6 1.312.329
Homens 76,4 74,7-78,1 10,9 9,8-12,2 7,6 6,5-8,8 610.449
Mulheres 79,3 77,8-80,7 13,0 11,8-14,2 8,1 7,3-9,0 701.880
12-14 anos 78,9 76,7-81,0 12,7 11,0-14,6 8,3 7,2-9,5 434.638
15-17 anos 76,9 75,8-78,1 11,3 10,2-12,4 7,4 6,6-8,4 877.690
HDLc Médio Baixo  
População geral 47,3 46,7-47,9 46,8 44,8-48,9 - - 3.104.161
Homens 44,9 44,4-45,5 55,9 53,7-58,2 - - 1.256.003
Mulheres 49,6 48,9-50,3 37,8 35,4-40,2 - - 1.848.158
12-14 anos 47,4 46,7-48,1 45,0 42,3-47,8 - - 819.980
15-17 anos 47,2 46,4-48,0 48,4 45,9-50,8 - - 2.284.181

a: alteração = níveis borderline + altos. b: estimativas populacionais foram obtidas do processamento de microdados do Censo Demográfico do IBGE 2000 e 2010. Modificado de Faria JR Neto et al. 276

•Para esta mesma faixa etária, 1200 adolescentes foram avaliados no Distrito Federal em 2022 (idade média 14,8 anos, 50,4% sexo feminino, 35,6% brancos, 53,5% pardos e 6% negros). A prevalência de CT ≥ 170 mg/dL foi de 30,6% (IC 95% 27,6-33,7), LDLc ≥110 mg/dL 21,3% (IC 95% 19,0-23,7), HDLc ≤ 45 mg/dL 41,8% (IC 95% 38,1-45,4) e TG≥ 90 mg/dL foi de 30,5% (IC 95% 27,4-33,8). Como no estudo ERICA, a alteração mais frequente foi a de baixos níveis de HDLc, com valores muito semelhantes. 277

•Em Santa Catarina, 1.011 estudantes entre 6 a 14 anos (52,4% meninas) foram avaliados em 2013, quanto ao perfil lipídico, encontrando-se os seguintes níveis médios: CT, 172 (± 27) mg/dl em meninas e 170 (± 28) mg/dl em meninos; LDLc, 104 (± 24) mg/dl em meninas e 104 (± 27) mg/dl em meninos; HDLc, 49 (± 11) mg/dl em meninas e 49 (± 11) mg/dl em meninos; e TG, 80 (24-459) mg/dl em meninas e 77 (14-752) mg/dl em meninos. 278

•Para uma faixa etária semelhante, 511 crianças (idade, 6 a 9 anos; 46,77% sexo masculino) foram avaliadas em 2016, em Vitória (ES) quanto a alterações do perfil lipídicos. Nesta população 32,7% tinham níveis altos de CT, 9,2% de LDLc, 4,1% de TG e 27% de baixos níveis de HDLc. 279 Outro estudo conduzido em 2012 na cidade de Salvador, avaliando 1.131 crianças (idade, 7 a 15 anos; 50,1% sexo masculino), identificou dislipidemia (CT ≥ 170 mg/dl e/ou TG ≥ 130 mg/dl) em 25,5% (IC 95%, 22,7 – 28,3) delas. A dislipidemia estava associada com excesso de peso corporal (OR: 3,40; IC 95%, 2,07-5,58) e consumo moderado a elevado de alimentos de alto risco como laticínios integrais, fritura, gordura de origem animal e alimentos processados (OR: 1,49; IC 95%, 1,01-2,19). 279

Adultos

•Para a população brasileira adulta, os dados da PNS 2014-2015 em estudo de Malta et al . 275 revela uma prevalência de níveis altos de CT de 32,7%, LDLc de 18,6%, e níveis baixos de HDLc, de 31,8%. Esse estudo identificou os seguintes níveis médios: CT, 185 mg/dl; HDLc, 46 mg/dl; e LDLc, 105 mg/dl. A prevalência de CT elevado foi maior nas mulheres, mas a prevalência de HDLc baixo foi maior nos homens. As Tabelas 8-2 a 8-4 sintetizam esses achados e apresentam análise estratificada por sexo, para diferentes grupos etários, nível educacional, cor da pele e região do país. Em geral, níveis educacionais mais altos foram relacionados a menor prevalência de níveis elevados de CT e LDLc, assim como de níveis baixos de HDLc. Os grupos etários mais avançados apresentaram maior prevalência de níveis elevados de CT e LDLc. Residir nas regiões Sul e Sudeste do Brasil esteve relacionado a menor prevalência de níveis baixos de HDLc. Uma relação significativa entre cor de pele autorrelatada e perfil lipídico foi menos clara, mas mulheres negras apresentaram menor prevalência de níveis baixos de HDLc. 275 , 280 Sobrepeso e obesidade também estiveram, nesta população, associados ao LDLc aumentado. 281 Outros fatores associados com alterações relatadas no perfil lipídico da população brasileira incluem atividade física 282 e variações sazonais. 283

•A PNS de 2019 utilizou o diagnóstico autorreferido de colesterol alto e nos 88.531 adultos avaliados, identificou-se uma prevalência de 14,6% de colesterol alto. Os fatores mais fortemente associados a esta condição, medidos pela sua razão de prevalência (RP) foram: Sexo feminino (RP = 1,44; IC95% 1,40;1,52), idade ≥ 60 anos (RP = 3,80; IC95% 3,06;4,71), ter plano de saúde (RP = 1,33; IC95% 1,24;1,42), autoavaliação de saúde ruim ou muito ruim (RP = 1,75; IC95% 1,60;1,90), ter hipertensão (RP = 1,78; IC95% 1,68;1,89), ter diabetes (RP = 1,54; IC95% 1,45;1,65), ter insuficiência renal (RP = 1,33; IC95% 1,15;1,53), ter obesidade (RP = 1,27; IC95% 1,18;1,36), ser ex-fumante (RP = 1,13; IC95% 1,07;1,20), consumir álcool abusivamente (RP = 1,11; IC95% 1,01;1,21), ser ativo no lazer (RP = 1,22; IC95% 1,15;1,30). 284

•O estudo ELSA-Brasil em 2016 apontou as seguintes frequências em mulheres e homens, respectivamente: hipertrigliceridemia, 23,2% e 40,7%; níveis baixos de HDLc, 20,7% e 14,7%; e níveis altos de LDLc, 57,6% e 58,8%. Além disso, o estudo ELSA-Brasil identificou pequenas diferenças no perfil lipídico de acordo com a cor da pele, cujo impacto clínico parece limitado. 285

•Em estudo de 2023, Fonseca e colaboradores reportaram sobre fatores de risco para DCV no âmbito de atenção da rede primária de saúde em 7724 indivíduos sem DCV estabelecida de residentes em 32 municípios do estado de São Paulo. A prevalência de dislipidemia (definida por menção em prontuário) foi de 70,1% (68,6% em homens e 71,2% em mulheres). 286

Risco Atribuído

•Os dados mais recentes de risco de morte ou carga de doença (DALYs) atribuídos ao colesterol LDL elevado estimados pelo estudo GBD estão publicados na versão anterior deste documento. 4 De forma resumida, para mortalidade, em âmbito nacional, entre 1990 e 2019, a mortalidade cardiovascular atribuída a altos níveis de LDLc no Brasil aumentou em números absolutos de 68.327 (IC 95%, 55.097-83.768) para 99.375 (II 95%, 78.039-126.143), mas a taxa padronizada por idade diminuiu em 51,3%, passando de 88,6 (II 95%, 67,8-114,8) para 43,1 (II 95%, 33,4-55,9) por 100.000, como resultado do envelhecimento da população. 4

Hipercolesterolemia Familiar

•A prevalência de hipercolesterolemia familiar pode ser estimada utilizando-se os critérios da Dutch Lipid Clinic Network. Com esta abordagem, no estudo ELSA-Brasil documentou-se prevalência de 1 em 263 indivíduos, sendo maior nos indivíduos de cor de pele negra (1 em 156) e parda (1 em 204) do que branca (1 em 417). 287

•A despeito das controvérsias no uso de triagem em cascata para identificar parentes de indivíduos com hipercolesterolemia familiar, um estudo brasileiro demonstrou que 59% dos familiares de indivíduos com mutações eram portadores das mesmas mutações, sugerindo uma alta prevalência de hipercolesterolemia familiar no subgrupo selecionado. 288 No entanto, em um estudo de Coutinho e colaboradores, envolvendo pacientes idosos hipercolesterolêmicos identificados por triagem em cascata, a presença de DCV prévia foi um preditor para DCV incidente enquanto a presença de uma variante genética associada a hipercolesterolemia familiar não foi, quando comparada a pacientes com idade e níveis de colesterol semelhantes. 289

•Quanto à conscientização sobre hipercolesterolemia familiar e seu tratamento, Santos et al . relataram resultados de um banco de dados com 70.000 indivíduos submetidos a avaliação de saúde rotineira e obrigatória patrocinada pelo empregador em um hospital privado de São Paulo. 290 Dos 70.000 indivíduos, 1.987 atendiam aos critérios estabelecidos para hipercolesterolemia familiar (LDLc ≥ 190 mg/dl ou LDLc ≥ 160 mg/dl em uso de estatina). Uma amostra de 200 foi selecionada para completar o questionário. Desses 200 indivíduos, o médico assistente suspeitou de hipercolesterolemia familiar em apenas 29 (14.5%), embora a maioria deles (97%) conhecesse seus altos níveis séricos de colesterol. Apenas 18% tinham a percepção de seu alto risco para DCV, 30% conheciam seus alvos de LDLc e 37% não utilizavam medicação hipolipemiante.

Conhecimento, Tratamento e Controle

•Em análise de registros obtidos da “Estratégia de Saúde da Família “, dados de mundo real sobre o uso de estatinas na prevenção secundária em 2133900 indivíduos de todo território nacional foram reportados. 91 Desses sujeitos, 35103 (idade média 66,2 anos, 49,5% sexo masculino) haviam tido um IAM prévio ou um acidente vascular encefálico. Nessa população o uso de estatinas foi da ordem de 6.7% somente. A taxa cai para 0,6% quando avaliado o uso de estatinas de alta potência. Ter tido um IAM prévio ou fazer uso de anti-hipertensivos, ter hipertensão esteve associado a maior chance de uso dos hipolipemiantes com OR 4.53(IC95%3.66–5.60) e OR5.47(IC95%4.60–6.47) respectivamente. Ser da região sudeste também foi um forte preditor de uso (OR4.53[IC95%3.66–5.60]). 91

•Análise conduzida no estudo ELSA-Brasil, incluindo 15.096 adultos com idade de 35-74 anos, explorou a prevalência de níveis elevados de LDLc (de acordo com os critérios NCEP-ATP-III) e a proporção de participantes conhecedores de seu diagnóstico. 291 A frequência de participantes com níveis elevados de LDLc foi 45,5%, dos quais, apenas 58,1% conheciam seu diagnóstico. Dos participantes com níveis elevados de LDLc, 42,3% se tratavam com medicações hipolipemiantes e 58,3% alcançaram o alvo definido pelo painel NCEP-ATP-III.

•Em uma análise baseada na PNAUM entre 2014 e 2015, avaliou-se o uso de estatinas na atenção primária do SUS nas cinco regiões brasileiras. 290 Entre os 8.803 respondentes, a prevalência de uso de estatina foi 9,3%, sendo que 81,4% desses usuários relataram ter dislipidemia. Sinvastatina foi a mais usada (90,3%), seguida por atorvastatina (4,7%) e rosuvastatina (1,9%)

•Em relação a adequação do tratamento e das metas de controle em contexto de prevenção secundária, um estudo conduzido no sistema de saúde da cidade de Curitiba acompanhou 7066 sujeitos internados devido a IAM entre 2008 e 2015. Dentre eles, 1451 tinham pelo menos uma medida de LDLc e dados de seguimento ambulatorial. O LDLc médio encontrado foi 93,3mg/dl. Apenas 7,4% possuíam o LDLc < 50 mg/dL, 21,5% entre 50 e 70 mg/dL, 35,2% entre 70-100 mg/dL e 35,5% (grupo de maior prevalência) > 100 mg/dL. Dentre aqueles que possuíam medidas de LDLc antes e depois do infarto, notou-se uma redução dos níveis de LDLc mas ainda aquém do preconizado (de 128 para 92 mg/dl, com redução relativa de 24,3% dos níveis de colesterol, e apenas 19,3% dos indivíduos obtendo redução > 50%). 291

•Em análise transversal do Estudo Brasileiro de Diabetes na cidade de Campinas, 1030 participantes (idade média 58 anos, 54% homens) foram avaliados quanto a adequação do perfil lipídico ao grupo de risco cardiovascular pertencente (muito alto, alto e moderado). Os níveis médios de LDLc foram 105 ± 38, 109 ± 39 e 110 ± 37 respectivamente com apenas 18,8% sendo considerados com níveis de LDLc adequados à categoria de risco pertencente. 292

•No já mencionado estudo de Fonseca e colaboradores no estado de São Paulo, apenas 13,9% dos indivíduos considerados dislipidemicos estavam usando hipolipemiantes e conseguiram atingir níveis séricos de LDLc < 100mg/dl. 286

Dislipidemia e Aterosclerose Subclínica

•Aterosclerose subclínica, incluindo marcadores como escore de cálcio coronariano e espessura médio-intimal da carótida, foi utilizada como substituto para aterosclerose e, portanto, sua associação com perfil lipídico anormal pode ser de interesse epidemiológico. 293

•Em um estudo com mais de 3.600 indivíduos, Generoso et al . demonstraram que HDLc estava associado com calcificação na artéria coronária mesmo após ajuste para os fatores de risco cardiovascular tradicionais. Entretanto, essa associação não permaneceu significativa após ajuste para TG. 294 Esse estudo também avaliou as frações de HDLc e mostrou que elas não estavam associadas com calcificação na artéria coronária após ajuste para HDLc total. Além disso, o mesmo grupo demonstrou a associação entre HDLc e a espessura médio-intimal da carótida e ainda que tal associação é modificada pela presença de diabetes. 295

•Laurinavicius et al . estudaram a associação entre níveis muito altos de HDLc (acima de 90 mg/dL) e espessura médio-intimal da carótida. Tais níveis muito altos de HDLc podem caracterizar hiperalfalipoproteinemia, uma condição disfuncional do HDLc. A despeito de evidência anterior, esses autores não mostraram associação entre esse perfil e a espessura médio-intimal da carótida. 296

•Em uma análise das lipoproteínas ricas em TG no estudo ELSA-Brasil, Bittencourt et al . mostraram que essas partículas estão associadas com a presença de calcificação na artéria coronária mesmo após ajuste para fatores de risco significativos. 297

•Em um estudo com octogenários brasileiros, os autores descobriram que a associação entre LDLc alto e calcificação na artéria coronária enfraquece com a idade, enquanto a associação com HDLc baixo não. 298

•Em conjunto, esses estudos demonstram a robusta associação entre perfil lipídico desfavorável e aterosclerose subclínica, corroborando achados da associação entre dislipidemia e DCV.

Custo em Saúde atribuído à dislipidemia

•A única publicação encontrada acerca de custos em saúde atribuída à dislipidemia refere-se aos custos estimados por hospitalizações por doença arterial coronariana atribuída à hipercolesterolemia familiar. 298 Esta avaliação, utilizou dados do Sistema de Internação Hospitalar do SUS de 245981 internações/ano por doença arterial coronariana. Foi estimada a prevalência de hipercolesterolemia familiar a partir de dados internacionais (0,4% e 0,73% Estados Unidos e Dinamarca respectivamente). Neste cenário, o custo anual estimado atribuível à hipercolesterolemia familiar foi de $17.650972,00 (para prevalência de 0.4%) a $31.448466,00 (para prevalencia de 0.73%). 299

Direções Futuras

•Dados atuais sobre a epidemiologia da dislipidemia na população brasileira contemporânea são limitados. Estudos adicionais sobre a prevalência de dislipidemia na população geral, assim como em grupos específicos de alto risco, como aqueles de nível socioeconômico mais baixo, são necessários.

•A frequência de rastreio, tratamento e controle da dislipidemia no Brasil, de acordo com sexo e grupos etários, precisa ser investigada. Assim como o impacto da dislipidemia no sistema de saúde, incluindo custos, ainda não foram avaliados de maneira mais abrangente.

•Estudos contextualizando o papel dos marcadores de aterosclerose subclínica na prática médica e o efeito do uso desses marcadores substitutos de aterosclerose na modificação do tratamento clínico, assim como da custo-efetividade desta utilização são necessários.

CAPÍTULO 9 – DIABETES MELLITUS

CID-10 E10 a E14; CID-10-CM E8 a E13

Abreviaturas usadas no Capítulo 9.

BINDER BrazIliaN Type 1 & 2 DiabetEs Disease Registry
CID-10 Classificação Internacional das Doenças, 10ª Revisão
COVID-19 Doença do novo coronavírus 2019
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Years)
DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DCV Doença Cardiovascular
ELSA-Brasil Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - Brasil
ERICA Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes
GBD Carga Global de Doenças (do inglês, Global Burden of Disease)
HbA1c Hemoglobina glicada
HR Hazard Ratio
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Intervalo de Confiança
IDF Federação Internacional de Diabetes (do inglês, International Diabetes Federation)
II Intervalo de Incerteza
IMC Índice de Massa Corporal
LDL Lipoproteína de Baixa Densidade (do inglês, Low-Density Lipoprotein)
OR Odds Ratio
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
PR Prevalence ratio
SIH Sistema de Informações Hospitalares
SIVEP-Gripe Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe
SUS Sistema Único de Saúde
VIGITEL Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

Introdução

•Diabetes melito é uma doença caracterizada por hiperglicemia crônica devida à menor secreção e/ou resistência à ação da insulina, o que em longo prazo pode levar a complicações microvasculares (retinopatia, doença renal do diabetes, neuropatia) e macrovasculares (doença arterial coronariana, doença cerebrovascular e doença arterial obstrutiva periférica). Pré-diabetes (tolerância diminuída à glicose e glicemia de jejum alterada) é a condição em que há hiperglicemia sem atingir critérios diagnósticos para diabetes, o que determina maior risco de diabetes no futuro e aumento de risco de DCV. 300

•Neste capítulo, o diabetes mellitus será abordado como fator de risco cardiovascular, 301 assim como na versão anterior desse documento, 4 já que sua presença, associada ao tabagismo, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia, aumenta em duas a três vezes o risco de DCV. 302

Prevalência

•Dados recentes do VIGITEL (2021) mostram que 9,1% (IC 95% 8,5-9,8%) dos adultos referem diagnóstico de diabetes, o que é semelhante entre homens e mulheres. Belo Horizonte é a capital com a maior prevalência (11,3%, IC 95% 9,0-13,5%) e Rio Branco a com menor prevalência (6,4%, IC 95% 4,5-8,3%). Considerando anos de educação, quanto menor a escolaridade, maior a prevalência de diabetes (< 8 anos: 17,7%, IC 95% 16-19,4%; >12 anos: 5,1%, IC 95% 4,3-5,9%). Quanto maior a faixa etária considerada, maior a prevalência de diabetes (>65 anos: 28,4%, IC 95% 26,5-30,2%). 252

•De acordo com dados da IDF, o Brasil é o sexto país no mundo em quantidade de adultos com diabetes (15,73 milhões; IC 95% 14,04-17,43), com uma prevalência de 10,5% (IC 95% 9,4-11,6), dos quais 31,9% desconheciam ter a doença. A redução de casos desconhecidos observada em relação aos dados anteriores 4 , 303 pode dever-se à elevada taxa de rastreamento, como observado na PNS do IBGE, pois, em 2013, 11,6% (IC 95% 11,1-12,1) dos adultos nunca tinham medido sua glicemia, o que foi reduzido para 6,2% em 2019 (IC 95% 5,9-6,5). 304 Maior acesso ao diagnóstico foi observado em mulheres (PR=1,16; 1,15-1,17), idosos (PR=1,25; 1,22-1,28) e naqueles com maior nível educacional (PR=1,17; 1,15-1,18), obesidade (PR=1,06; 1,05-1,08) e hipertensão (PR=1,12; 1,11-1,13). Por outro lado, menor acesso ao diagnóstico foi observado em autodeclarados pretos (PR=0,97; 0,95-0,99), em indivíduos que residiam em áreas rurais (PR=0,89; 0,87-0,90) e naqueles sem plano de saúde privado (PR=0,85; 0,84-0,86). 305

•A prevalência de pré-diabetes foi de 10,8% (IC 6,9-12,8) ou 17,77 milhões de pessoas (IC 11,46-21,04). 303 Esses números são menores do que os descritos pela mesma fonte em 2019, 303 o que é diferente do constante crescimento da prevalência de diabetes 306 e pré-diabetes descrito previamente. 307 Importante observar que os números dependem do método utilizado para diagnóstico, sendo menores quando o diagnóstico é autorreferido e maiores nos estudos utilizando confirmação com exame laboratorial, especialmente nos que empregaram teste oral de tolerância à glicose 306 ou HbA1c. 6 Em qualquer um dos critérios, a prevalência foi maior em mulheres, em indivíduos acima de 30 anos e naqueles com sobrepeso ou obesidade. Maior nível educacional associou-se com menor prevalência de diabetes. A região brasileira com maior prevalência foi a Centro-Oeste. 6

•Dados da PNS 2019 mostraram que a prevalência autorrelatada de diabetes foi maior nas pessoas com menor nível educacional, como segue: 12,9% (analfabetos/ensino básico incompleto), 6,3% (ensino básico completo/ensino médio incompleto), 4,6% (ensino médio completo/ensino superior incompleto) e 4,65% (ensino superior completo). 6 Da mesma forma, pessoas sem plano de saúde privado tiveram maior prevalência de diabetes autorrelatado [PR=1,88; IC 95% 1,22-2,89). 308

•O estudo PURE/América do Sul mostrou prevalência de diabetes (glicemia de jejum > 126 mg/dL ou história pessoal de diabetes) na linha de base do estudo de 9%. Dos 24.718 participantes, 5.661 eram do Brasil, da zona urbana (65,1%) e rural de São Paulo, mas dados específicos para o Brasil não foram apresentados. 309

•Os dados do ERICA, grande estudo transversal desenvolvido em amostra representativa de estudantes brasileiros de 12 a 17 anos (n=37.854), ainda são os mais atuais quanto à prevalência de diabetes tipo 2 (3,3%, IC 95% 2,9-3,7) e pré-diabetes (22,0%, IC 95% 20,6-23,4). 310 Dessa forma, o Brasil ocupa as primeiras posições em número de casos, juntamente com o México. 303

•O Brasil é o terceiro no mundo em número de casos de diabetes tipo 1 considerando todas as idades (588.800 indivíduos) e a faixa etária até 20 anos de idade (112.240 indivíduos). A diferença de prevalência entre os países, especialmente entre faixas etárias, reflete populações mais jovens e maior mortalidade em países de baixa renda (Índia, Argélia, Marrocos e Turquia), o que reduz o número de adultos com diabetes tipo 1. 303

Incidência

•O estudo multicêntrico brasileiro ELSA-Brasil reportou incidência cumulativa de diabetes de 2,0/100 pessoas-ano (IC 95% 1,8-2,1), maior nos idosos [2,8%; IC 95% 2,3-3,4], naqueles com obesidade (3,8%; IC 95% 3,4-4,3) e com menor nível educacional (3,0%; IC 95% 2,6-3,6). 311

•O número de crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 tem crescido em todo o mundo, aproximadamente 3% ao ano, embora com importantes diferenças regionais. 303 , 312 - 314 O Brasil segue sendo o terceiro no ranking mundial em número de novos casos de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos com diabetes tipo 1 (8,9 casos/1000/ano). 303 A incidência anual geral de diabetes tipo 1 na cidade de Bauru (São Paulo), de 1986 a 2015, em crianças ≤ 14 anos foi de 12,8 (IC 95% 11,2-14,4) por 100 mil, variando de 2,8 em 1987 a 25,6 em 2013, sem diferença entre sexos. 310

Mortalidade

Mortalidade geral atribuível ao diabetes

•Cardoso et al. , com base em dados do DATASUS do Ministério da Saúde, avaliaram a mortalidade precoce de adultos de 30-69 anos, entre 2010 e 2017. A taxa média anual de mortalidade causada por diabetes foi 28,1 (27,8-28,4) por 100 mil habitantes entre 2010 e 2012, enquanto, de 2015 a 2017, foi de 27,0 (26,7-27,3) por 100 mil habitantes. As maiores taxas foram observadas no Nordeste [34,4 (33,9-35) por 100 mil habitantes entre 2015 e 2017] e as menores, na região Sul [20,4 (20,0-20,9) por 100 mil habitantes entre 2015 e 2017]. 315

•A mortalidade precoce (30 a 69 anos) também foi avaliada por Cousin et al. de 1990 a 2019, utilizando estimativas calculadas pelo Estudo GBD. A causa de mortalidade precoce padronizada pela idade foi determinada pelo diabetes em 33,0 (32,0-34,2) por 100 mil habitantes em 1990, em 26,8 (25,9-27,6) por 100 mil habitantes em 2010, e em 24,8 (23,7-25,9) por 100 mil habitantes em 2019, o que representou redução de 1,0% entre 1990 e 2010 e de 0,9% entre 2010 e 2019. 316

•Os demais dados do Estudo GBD mais recente ainda não estão disponíveis, sendo que os dados da última versão do Estudo GBD 2019 estão descritos na Estatística Cardiovascular 2021. 4

•A 10ª edição do IDF Diabetes Atlas, publicada em 2021, descreve 214.175 mortes atribuíveis ao diabetes no Brasil em adultos de 20-79 anos, número esse ligeiramente mais elevado do que o apresentado no Estudo GBD 2019. 303

•Arrais KR et al. analisaram o perfil das internações e da mortalidade hospitalar por diabetes mellitus no Piauí entre 2015 e 2019. Nesse estado, foram registradas 18.361 hospitalizações por diabetes mellitus, das quais 527 evoluíram a óbito, o que representa uma taxa de mortalidade hospitalar de 2,87 por cada 100 internações. Na caracterização das hospitalizações, assim como dos óbitos, ambos predominaram em mulheres, pardas e idosas. 317

Mortalidade cardiovascular atribuível ao diabetes

•Os dados do Estudo GBD mais recentes ainda não estão disponíveis, sendo que os da última versão do Estudo GBD 2019 estão descritos na Estatística Cardiovascular 2021. 4

Carga de Doença

Carga de doença atribuível ao diabetes

•Os dados do Estudo GBD 2021 estimaram para o Brasil em 2021 uma contagem de DALYs atribuíveis ao diabetes de 2.740.000 (2.370.000-3.160.000), com uma variação positiva de 159,7% (II 95% 149,2-172,1) entre 1990 e 2021. No entanto, a taxa de DALYs atribuíveis ao diabetes padronizada por idade por 100 mil habitantes no Brasil foi estimada em 1.075,2 (931,4-1.239,0), uma queda de -2,7% (-7,1 a 2,1) entre 1990 e 2021. Em conjunto, esses dados refletem o efeito do crescimento e envelhecimento populacional do Brasil na carga de doença atribuível ao diabetes no período. 318

Carga de doença cardiovascular atribuível ao diabetes

•Os dados do Estudo GBD mais recentes ainda não estão disponíveis, sendo que os da última versão do Estudo GBD 2019 estão descritos na Estatística Cardiovascular 2021. 4

Impacto na saúde cardiovascular

•Estudos prévios brasileiros, detalhados na versão anterior deste documento, mostraram que o diabetes está relacionado a diferentes desfechos cardiovasculares adversos e marcadores subclínicos de aterosclerose. 4 , 319 , 320

•Dynkoski et al ., usando dados do SIH do DATASUS e analisando internações de idosos por condições sensíveis à Atenção Primária no período de 2008 a 2014 no estado de Santa Catarina, mostraram que diabetes mellitus foi a 5ª causa de internação (6,75%). 319

•Mosenzon et al., no estudo CAPTURE, reportaram a prevalência de DCV estabelecida, avaliada por registro em prontuários de centros de atenção primária e terciária em adultos com diabetes tipo 2 em vários países (n=9.823), incluindo o Brasil. Dentre os 912 indivíduos avaliados no Brasil, 43,9% (IC 95% 40,9-46,8) tinham DCV, número maior do que o estimado para a amostra total dos 13 países avaliados [prevalência ponderada estimada de DCV de 34,8% (IC 95% 32,7-36,8)]. A insuficiência cardíaca estava reportada em 113 pacientes [12,4 (IC 95% 10,4-14,4)] e o Brasil teve a segunda maior prevalência entre os 13 países avaliados. 320

Conhecimento, tratamento e controle da condição

•O tratamento do diabetes baseia-se em três pilares: dieta, exercício físico e medicamentos (antidiabéticos orais e insulina). Adesão ao tratamento é importante determinante do controle metabólico. Gomes e Negrato relataram adesão mínima ao tratamento em 48,0% de pacientes, associando-se a HbA1c de 8,6% ± 1.9%. 321 Outros estudos mostraram elevado acesso a medicamentos, porém baixa adesão ao tratamento [17,2% (IC 95% 14,6-20,1)]. 322 Foram associados à melhor adesão: menor idade, menor IMC, presença de complicações macrovasculares e melhor desempenho ocupacional e no domínio emocional do questionário de qualidade de vida - SF-36. 323

•Silva et al. em 2018 realizaram inquérito domiciliar em 63 municípios de Minas Gerais selecionados por conveniência, com o objetivo de analisar o perfil de utilização de medicamentos em pacientes com diabetes naquele estado. Mostraram que, entre as 2.619 pessoas com diabetes avaliadas, os medicamentos mais frequentes em uso foram metformina, losartan, glibenclamida e sinvastatina; 56,5% dos entrevistados estavam em polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos). 324 A prevalência de uso de antidiabéticos orais no Brasil passou de 77,4% (IC 95% 74,3-80,1) em 2012 para 85,2% (IC 95% 82,8-87,2) em 2018. 325

•Uma coorte retrospectiva (n = 488 pacientes com diabetes) mostrou que apenas 7,3% dos pacientes com diabetes na atenção primária e 27,0% na atenção terciária tinham avaliados pelo menos 50% dos indicadores de qualidade de atendimento (avaliação anual de doença renal do diabetes, retinopatia e neuropatia diabéticas, perfil lipídico, avaliação nutricional e abordagem de cessação de fumo). 326

•Em 2022, utilizando dados do SIH, DATASUS, Macedo Junior et al. realizaram estudo epidemiológico descritivo com análise temporal de internações de idosos no estado de Rondônia de 2015 a 2019. Das 23.844 internações (11% do total) no período, diabetes foi identificado como causa da internação em 267 (6,96%) em 2015 e em 349 (7,23%) em 2019, mantendo a segunda posição nos dois períodos, apenas atrás de pneumonia. 327

•O Registro BINDER foi um estudo multicêntrico prospectivo em 43 cidades brasileiras que buscou avaliar o controle glicêmico de pacientes com diabetes em cenário de mundo real. Os 1142 participantes foram acompanhados de 2017 em diante por 2 anos. No basal, a HbA1c era 7,1% (4,1 – 15,0%); 396 (48,2%) pacientes tinham HbA1c ≤ 7,0%. Ser mais jovem (p = 0,014), ter menor nível educacional (p = 0,025) e ser atendido em serviço público (p = 0,0058) estavam associados à HbA1c elevada. No seguimento não houve diferença na HbA1c. Não houve diferença quanto ao uso dos diferentes antidiabéticos orais entre o basal e o seguimento, exceto para menor uso de metformina (p = 0,0044) e aumento do uso de inibidores de SGLT-2 (p < 0,001). 328

•Uma análise transversal da população com diabetes do ELSA-Brasil reportou o controle metabólico e de fatores de risco dessa população. Dos 2.062 indivíduos com diabetes, 1.364 (66,1%) tinham HbA1c <7,0%, 1596 (77,4%) tinham adequado controle pressórico e 1.086 (52,7%) tinham LDL-colesterol no alvo (<100 mg/dL ou <70 mg/dL se alto risco cardiovascular). Mulheres (PR=1,13; 95% CI 1,07–1,20), pessoas acima de 74 anos de idade (PR=1,20; 95% CI 1,08–1,34) e aqueles com maior renda per capita (PR=1,26; 95% CI 1,10–1,45) tiveram maior probabilidade de melhor controle glicêmico. Indivíduos autodeclarados negros (PR=0,91; 95% CI 0,83–1,00) ou com maior duração do diabetes (PR=0,43; 95% CI 0,39–0,47) tiveram menor probabilidade. Mulheres (PR=1,05; 95% CI 1,00–1,11) e aqueles com seguro de saúde privado (PR=1,15; 95% CI 1,07–1,23) tinham mais probabilidade de alcançar duas ou mais das três metas; enquanto aqueles autodeclarados negros (PR=0,86; 95% CI 0,79–0,94) e com maior duração do diabetes (PR=0,68; 95% CI 0,63–0,73) tinham menor probabilidade. 329

•Machline-Carrion et al. conduziram estudo transversal analisando dados rotineiramente registrados de atendimentos médicos de 2.133.900 indivíduos na atenção primária, idade média 66,2 ± 14,6 anos, 49,5% homens, 29,6% brancos, no Brasil entre 2016 e 2021. Desses, 6,7% (2346) tinham registro de prescrição de estatinas, o que foi mais provável naqueles com idade acima de 60 anos (OR 1,32 [95% CI 1,19–1,47), que viviam na região Sudeste (OR 4,53 [95% CI 3,66–5,60]), que tinham história de infarto agudo do miocárdio (OR 4,53 [95% CI 3,66–5,60]) e diabetes (OR 1,50 [95% CI 1,37–1,64]). 89

•Malta D et al. , em 2022 avaliaram indicadores de cuidado de pessoas com diabetes a partir de dados da PNS de 2013 (n = 60.202), comparando-os com os obtidos da mesma base em 2019 (n = 88.531). Houve aumento no uso de medicações (80,2% para 88,8%) e pessoas que receberam tratamento médico (73,2% para 79,1%), mas manutenção do percentual de pessoas que realizaram rastreamento para retinopatia diabética (35,3% vs. 36,7%) e que tiveram avaliação dos pés (29,1% vs. 31,7%). Hospitalizações por complicações relacionadas ao diabetes foram menos frequentes em mulheres nesse período [13,1 (11,5-15,0) vs. 16,5 (14,3-19,1); PR 0,80 (IC 95% 0,65-0,97)]. Além disso, em 2019, os indicadores foram piores em homens, pessoas mais jovens, de cor preta e com menores níveis socioeconômicos e educacionais. Quanto às diferenças regionais, Sudeste, Sul e Centro-Oeste tiveram maior proporção de pessoas que obtinham medicamentos pela Farmácia Popular em relação à região Norte (56,4%, 59,1%, 56,4% vs. 35,6%, respectivamente). No Sudeste houve a maior proporção de pessoas que realizaram rastreamento da retinopatia diabética (40,8%) e menor número de hospitalizações (12,1%). 304

Fatores de risco e prevenção

•Dados de 151 estudos de prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes brasileiros foram compilados em meta-análise mostrando aumento na prevalência de sobrepeso de 8,2% (IC 95% 7,7-8,7) até 2000, de 18,9% (IC 95% 14,7-23,2) de 2000 a 2009, e de 25,1% (IC 95% 23,4-26,8) de 2010 em diante, padrão que foi similar para a prevalência de obesidade. As regiões Sudeste e Sul tiveram maiores prevalências de sobrepeso e obesidade. 330

•Em 37.892 adolescentes do ERICA, sobrepeso foi observado em 17,2%, obesidade em 5,6% e obesidade grave em 1,3%, com aumento da chance de desfechos cardiometabólicos adversos de acordo com o maior IMC, incluindo maior glicemia de jejum [RP 5,30 (IC 95% 1,94-14,50)] e HbA1c (2,04, IC 95% 1,29-3,25). 331

•Na linha de base do ELSA-Brasil, a análise de 14.912 funcionários públicos brasileiros mostrou prevalência maior de diabetes entre pessoas com IMC de 25-29,9 kg/m 2 (18,9%; IC 95% 18,0 - 19,9%) e acima de 30 kg/m 2 (32,1%; IC 95% 30,6 - 33,6%) em comparação com aquelas com IMC ≤ 24,9 kg/m 2 (11,7; IC 95% 10,9-12,6%). 281 Considerando a atividade física durante o lazer, o ELSA-Brasil mostrou menor chance de ocorrência de diabetes em homens e mulheres ativos em relação aos inativos. 332

•A partir de dados da segunda onda do ELSA-Brasil (2012-2014), foi realizada análise de 10.047 funcionários públicos brasileiros quanto à associação entre a distribuição da gordura corporal e a ocorrência de DCV e seus fatores de risco. Em análise multivariada, observou-se que a menor relação entre gordura nas extremidades/gordura no tronco foi protetora para a presença de diabetes em mulheres (0,04; IC 95% 0,01-0,19), mas não em homens (1,03; IC 95% 0,37-2,86). 333

•Dados da PNS de 2019 com 86.678 adultos mostraram que assistir televisão por mais de 3 horas por dia aumentou a chance de desenvolver diabetes em comparação a menos de 3 horas por dia (3-6 horas/dia vs. referência OR 1,26; IC 95% 1,12-1,42; >6 horas/dia vs. referência OR 1,80; IC 95% 1,54-2,11; ajustes para sexo, faixa etária, etnia, nível educacional, consumo de álcool, tabagismo, consumo de refrigerantes e frutas, e atividade física de lazer). Por outro lado, não houve associação entre o uso de outras telas (computadores, tablets e telefones celulares) e a chance de desenvolver diabetes. 334 A relação entre assistir televisão e a chance de desenvolver diabetes mostrou ser do tipo dose-resposta. 335

•Teló j et al . mostraram, em estudo transversal com 37.854 adolescentes, maior chance de diabetes tipo 2 naqueles com obesidade (OR 1,59; IC 95% 1,20-2,11) e aumento da circunferência abdominal (OR 1,51; IC 95% 1,13-2,01), sem associação com inatividade física (< 60 min/dia). 310

•Em amostra de 9909 participantes do estudo ELSA-Brasil, questionários de frequência alimentar foram utilizados para cálculo do índice inflamatório da dieta. Em regressão logística ajustada para fatores sociodemográficos e comportamentais e IMC, aquele índice foi preditor de maior ganho de peso (tercil 3 vs. 1: OR Z 1,30; 95% CI 1,08-1,55) e de incidência de diabetes (tercil 3 vs. 1: HR Z 1,26; 95% CI 1,04-1,52). 336

Custos

•Ferrari G et al. estimaram os custos diretos do cuidado à saúde relacionado às doenças crônicas não transmissíveis atribuíveis à obesidade no Brasil em 2019, mostrando que os custos totais do diabetes foram de US$ 44,2 milhões (de um total de US$ 2967,6 milhões). Considerando fração populacional atribuível de 63,1% (40,3 - 86,4), o custo atribuível ao diabetes seria de US$ 27,9 milhões (17,8-38,2). 337

•Em 2022, Leal V et al. utilizaram dados do GBD 2019 e do DATASUS para estimar custos com o tratamento do diabetes e outras doenças crônicas não transmissíveis atribuíveis ao consumo de bebidas açucaradas no Brasil. Os resultados mostraram um total de US$14.116.240,55 em custos com hospitalizações por doenças crônicas não transmissíveis atribuíveis ao consumo de bebidas açucaradas, US$72.645,40 em mulheres e US$80.345,36 em homens com diabetes. Os custos ambulatoriais com diabetes atribuíveis ao consumo de bebidas açucaradas foram de US$4.645,79 em mulheres e US$4.641,06 em homens com diabetes. Dados por faixa etária podem ser encontrados na publicação original. 338

•Em 2022, Pereda et al. utilizaram abordagem cost-of-illness para calcular a carga econômica total referente ao diabetes no Brasil em 2016, estimando até US$ 2,15 bilhões, dos quais US$1,52 bilhão (70,6%) eram custos indiretos relacionados a mortes prematuras, absenteísmo e aposentadoria precoce. Os custos indiretos relacionados às mortes prematuras foram de US$1,18 bilhão (77,9% dos custos indiretos). O total de custos diretos relacionados ao diabetes foi de US$633 milhões, US$232,8 milhões com hospitalizações e US$86 milhões com despesas ambulatoriais (95% cobertas pelo SUS). A farmácia popular representou US$304,2 milhões, enquanto as despesas out-of-pocket foram de US$10,0 milhões. O custo total por paciente diagnosticado no Brasil, considerando prevalência de 6,4% (dado de 2013), foi de US$223,54 (US$65,72 de custos diretos e US$157,81 de custos indiretos). 339

•Os gastos relacionados ao diabetes em adultos (20-79 anos) foram de US$ 966 bilhões no mundo em 2019, sendo que o Brasil ocupa a terceira posição de maior gasto (US$ 42,9 bilhões). 303

Impacto da pandemia de COVID-19 sobre o diabetes mellitus

•Diabetes é fator de risco para piores desfechos relacionados à COVID-19. Pacientes com COVID-19 e diabetes têm maior risco de hospitalizações e morte em relação àqueles sem diabetes. Pior controle glicêmico, quando da ocorrência de COVID-19, determina piores desfechos.

•Niquini RP et al. , em 2020, utilizaram a base do SIVEP-Gripe para comparar os números de hospitalização por síndrome de angústia respiratória aguda, que foram 39.349 em 2019 (14,7% por influenza) e 94.807 em 2020 (33,7% por COVID-19). Desses, 16,2% e 24,7% tinham diabetes, respectivamente. 340

•Nunes et al ., em 2021, utilizaram, além do SIVEP-Gripe, dados provenientes de linkage realizada pela Vigilância Epidemiológica Estadual da Bahia e Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), mostrando que, dos 7.286 óbitos por COVID-19 observados até novembro de 2020, a maioria foi em homens e 43,6% em pessoas com diabetes. 341

•Um estudo transversal avaliou 21.942 brasileiros internados com COVID-19 até metade de 2020 também utilizando dados do SIVEP-gripe. Dentre os adultos (até 60 anos), obesidade associada ao diabetes e/ou DCV associou-se a maior prevalência de ventilação mecânica invasiva (PR 3,76; 95% CI 2,82-5,01) e não invasiva (PR 2,06; 1,58-2,69), admissão em unidade de terapia intensiva (PR 1,60; 1,40-1,83) e morte (PR 1,79; 1,45-2,21) vs. pacientes sem essas condições. 342

•Prado et al. , em 2021, analisaram retrospectivamente todos os casos de COVID-19 notificados até setembro de 2020 (n = 57.700) e observaram mortalidade de 61,8/100 mil habitantes. Foram fatores de risco para o óbito: ser homem (HR=1,48; IC 95% 1,25-1,76), ser idoso (≥60 anos, HR=10,64; IC 95% 8,84-12,81) e apresentar multimorbidade (HR=2,23; IC 95% 1,77-2,81), o que incluiu diabetes mellitus. 343

•Já Pietre et al. , em 2021, reportaram dados obtidos da mesma base até agosto de 2020 (n=181.964, 96.567 mortes), ressaltando maior risco de mortalidade por síndrome respiratória aguda grave em pacientes mais jovens com diabetes e autodeclarados negros (aOR 5,58, IC 95% 4,97-6,25; p<0,0001) e naqueles com obesidade ou doenças hematológicas (aOR 21,09, IC 95% 13,64-32,06) vs. seus controles. 344

•Por fim, em estudo transversal (Garces T et al. 2022) realizado com dados de 397.600 indivíduos hospitalizados entre 2020 e 2021 (SIVEP-gripe), 32,0% deles evoluíram para óbito. A prevalência do óbito entre as pessoas com diabetes foi de 40,8% (n = 41.776), uma razão de prevalências ajustada da associação entre diabetes e óbito por COVID-19 de 1,15 (IC 95% 1,14-1,16), representando prevalência de óbito 15% mais elevada entre os brasileiros com diabetes hospitalizados por COVID-19. 345

•Considerando a faixa etária menor de 20 anos, Oliveira et al. mostraram que, dentre 21.591 crianças e adolescentes hospitalizados por COVID-19, 379 (1,8%) tinham diabetes. Esses pacientes com diabetes tiveram mais internações em unidade de terapia intensiva (46,6% vs . 26,0%), mais necessidade de ventilação invasiva (16,9% vs. 10,3%) e maior mortalidade (15,0% vs. 7,6%; HR = 2,0, 95% CI 1,58-2,66) do que aqueles sem diabetes. Nesses indivíduos, morar em regiões mais pobres (Nordeste, HR, 2,17, 95% CI 1,18-4,01, Norte, HR 4,0, 95% CI 1,79-8,94), ter saturação de oxigênio < 95% na admissão (HR 2,97, 95% CI 1,64-5,36), ter doença renal (HR 3,39, 95% CI 1,42-8,09) e obesidade (HR 3,77, 95% CI 1,83-7,76) associaram-se a mortalidade. 346

•Sardinha et al. , em 2021, realizaram estudo transversal em indígenas brasileiros, baseados em dados do DATASUS, mostrando que, até agosto de 2020, ocorreram 1.207 casos e 470 mortes por COVID-19 nessa população. Embora tenha sido uma das comorbidades mais prevalentes nessa população (18,97%), o diabetes não se associou a maior mortalidade. 347

•Estudo transversal de Andrade CM et al. , 2022, a partir de análises de notificação de síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 (DATASUS) de 2020 a 2021, comparou casos de pessoas hospitalizadas com (111.046) e sem (273.759) diabetes, mostrando que aqueles com diabetes tiveram maior probabilidade de serem admitidos em unidade de terapia intensiva (43,7% vs. 37,3%) e de mortalidade (44,6% vs. 35,7%). 348

•Foppa et al. publicaram coorte de 289 pacientes com diabetes tipo 1, 40 ± 12 anos, 49,5% mulheres, avaliados em 2019 e 2020 quanto ao cuidado recebido. O número de consultas com time multiprofissional foi menor durante a pandemia, mesmo considerando consultas presenciais e teleconsultas (4,0; 3,0-5,0 vs. 2,0; 1,0-3,0), assim como o percentual de pacientes com HbA1c no alvo (26% vs. 1%) e de pacientes que realizaram rastreamento para retinopatia diabética (63,9% vs. 30,9%). 349

•Um estudo de coorte de pacientes com COVID-19 hospitalizados entre março e setembro de 2020 em 25 hospitais brasileiros buscou avaliar fatores de risco para mortalidade intra-hospitalar. De 2.054 pacientes, 52,6% eram homens e a mortalidade intra-hospitalar foi de 22,0%, enquanto a mortalidade entre aqueles que precisaram de internação em unidade de terapia intensiva foi de 47,6% e entre aqueles com diabetes foi de 29,2%. No entanto, na análise multivariada, o diabetes não foi associado a maior mortalidade. 11

•Dados do VIGITEL mostram que, entre 2019 e 2022, apesar da redução da prevalência de consumo de refrigerantes (15,1% IC 95% 14,3-15,9% em 2019; 14,0% IC 95% 12,9%-15,3% em 2021-2022), houve aumento do sedentarismo (62,7% IC 95% 61,8-63,6% em 2019; 66,0% IC 95% 64,6%-67,4% em 2021-2022) e redução da atividade física no tempo livre (39,0% IC 95% 38,1-39,9% em 2019; 36,7% IC 95% 35,3%-38,2% em 2021-2022). Isso pode ter influenciado o aumento da prevalência de obesidade e diabetes autorreferido (7,5% IC 95% 7,0-7,9% em 2019 e 9,1%, IC 95% 8,5-9,8% em 2021) no período. 252

Perspectivas

•Estudos de incidência de diabetes tipo 1 e tipo 2 com representatividade nacional, buscando determinantes sociais e comportamentais, são necessários.

•Considerando a abrangência do SUS e a possibilidade de atingir cobertura de boa parte de pacientes com diabetes tipo 1 e 2, estudos focados na avaliação da efetividade de cuidado a esses pacientes no Brasil são desejáveis.

•Considerando as várias publicações que mostram aumento de sobrepeso e obesidade na população brasileira de todas as faixas etárias, principalmente para classes sociais mais baixas, políticas públicas eficientes na prevenção da obesidade deveriam ser prioritárias na busca de redução de novos casos de diabetes e suas complicações. Nelas podem ser incluídas: 1. Taxação de alimentos com alto teor calórico; 2. Rotulagem obrigatória de produtos alimentícios; 3. Criação de programas de prevenção e tratamento da obesidade nas comunidades, resgatando pessoas predispostas ao diabetes através de ferramentas simples (questionários); 4. Capacitação de equipes multiprofissionais para que possam se envolver em programas de MEV para prevenção e tratamento do diabetes; 5. Integração de profissionais de educação física aos programas mencionados.

•Inteligência artificial é ferramenta que vem sendo utilizada em diversos aspectos do diabetes: identificação de grupos de pacientes com risco distinto de complicações crônicas a partir da avaliação do comportamento da variação da HbA1c; identificação de variáveis clínicas que predizem a resposta da HbA1c em curto e longo prazo após o início do tratamento; identificação do tratamento medicamentoso instituído conforme o estado de comorbidades do paciente e a associação com o desenvolvimento de complicações; identificação de grupos de pacientes com diabetes com diferentes graus de progressão da doença; e equações preditivas para internação hospitalar. Essas novas estratificações podem ajudar a direcionar o tratamento, representando assim um primeiro passo para a medicina de precisão no diabetes. Se bem aplicada, pode trazer importantes informações que auxiliem na prevenção e manejo da doença.

•Desigualdades no acesso e na aplicação de medidas preventivas, diagnósticas e terapêuticas são claras em alguns estudos dirigidos para a população com diabetes no Brasil, relacionadas a questões sociais, demográficas, econômicas, de gênero e cor. Dados existentes devem ser compilados e os faltantes ativamente buscados para que políticas públicas com vistas a diminuir essas diferenças possam ser construídas.

CAPÍTULO 10 – TABAGISMO E USO DE TABACO

Tabagismo e suas consequências para as doenças cardiovasculares, Brasil e Unidades Federativas, 1990 a 2022

CID-10: Z.72.0

Ver Tabelas 10-1 a 10-6 e Figuras 10-1 a 10-2

Abreviaturas Usadas no Capítulo 10.
AVC Acidente Vascular Cerebral
COVITEL Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia
DCV Doenças Cardiovasculares
GBD Global Burden of Disease
IC Intervalo de Confiança
MSG Minorias Sexuais e de Gênero
OMS Organização Mundial da Saúde
PeNSE Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
PIB Produto Interno Bruto
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
UF Unidade Federativa
VIGITEL Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

Introdução

•O uso de tabaco é uma das principais causas de mortes evitáveis no Brasil, 3 sendo o tabagismo um importante fator de risco para DCV. 350 O impacto negativo do tabaco na saúde resulta tanto do consumo direto de várias formas de produtos derivados do tabaco (fumado, inalado ou mascado) quanto da exposição ao tabagismo passivo. 351 Recentemente, houve algumas mudanças nos hábitos de consumo de tabaco: a despeito da diminuição no consumo de cigarros, outras formas de consumo de tabaco estão cada vez mais comuns, como cigarros eletrônicos e narguilé. 352 Além disso, houve impacto da pandemia de COVID-19 nos hábitos relacionados ao tabaco e seu consumo. Esses dois aspectos mais recentes foram incluídos e/ou atualizados.

•Neste capítulo, o consumo de tabaco e suas consequências para as DCV são descritos. A prevalência de tabagismo será apresentada de acordo com as principais pesquisas populacionais no Brasil, tais como: estudos atualizados da PNS 2019 contendo estimativas para a população com idade a partir de 18 anos; 4 PeNSE 2019 contendo estimativas para adolescentes com idade de 13–17 anos; 353 dados do VIGITEL 2021, uma pesquisa transversal de base populacional conduzida pelo Ministério da Saúde do Brasil nas capitais dos estados brasileiros, comparados com sua série temporal; e o estudo COVITEL 2022, uma pesquisa nacional transversal por inquérito telefônico realizada no primeiro trimestre de 2022 no Brasil. 252 , 352 Essas são as pesquisas em âmbito nacional mais recentes para o Brasil. As definições aqui usadas e a relação do tabaco com DCV estão detalhadas na versão anterior deste documento (Estatística Cardiovascular – Brasil 2021). 2 , 4

•Os principais indicadores de tabagismo entre adultos (uso de tabaco, tabagismo passivo e cigarros eletrônicos) e adolescentes (experimentação de tabaco, uso no último mês, uso de outros produtos derivados do tabaco) serão apresentados e atualizados. As taxas de mortalidade e o número absoluto de mortes atribuíveis ao tabaco no Brasil e suas 27 UF de 1990 a 2019 estão detalhados na versão anterior deste documento (Estatística Cardiovascular – Brasil 2021), 2 , 4 pois as estimativas mais recentes do GBD ainda não haviam sido disponibilizadas até a finalização deste documento.

Prevalência do uso de tabaco entre adolescentes

•De acordo com a PeNSE 2019, entre adolescentes do nono ano da educação fundamental e com idade de 13-17 anos, em 2019, a prevalência de tabagismo atual ou ter fumado nos 30 dias que precederam a pesquisa foi 6,8% (IC 95%, 6,3-7,3%), sendo maior no sexo masculino, 7,1% (IC 95%, 6,6-7,6%), do que no feminino, 6,5% (IC 95%, 5,8-7,2%) ( Tabela 10-1 ) . 353

Tabela 10-1. – Porcentagem de estudantes com idade de 13-17 anos que fumaram nos 30 dias que antecederam a pesquisa, por sexo e tipo de escola, no Brasil, suas principais regiões e unidades federativas.

Principais regiões e unidades federativas Total Sexo Tipo de escola
Masculino Feminino Pública Privada
Total IC 95% Total IC 95% Total IC 95% Total IC 95% Total IC 95%
Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior
Brasil 6,8 6,3 7,3 7,1 6,6 7,6 6,5 5,8 7,2 7,2 6,6 7,8 4,4 4,1 4,8
Norte 7,2 6,2 8,1 8,3 7,0 9,6 6,2 5,1 7,2 7,4 6,5 8,4 3,4 2,7 4,0
Rondônia 6,1 5,1 7,2 6,2 5,1 7,4 6,0 4,4 7,7 6,4 5,2 7,5 2,7 1,9 3,4
Acre 10,9 9,0 12,8 13,3 10,3 16,2 8,6 6,8 10,3 11,2 9,2 13,2 3,5 1,6 5,5
Amazonas 7,7 6,1 9,3 8,9 6,6 11,3 6,5 4,8 8,3 8,0 6,3 9,6 3,1 1,3 4,9
Roraima 9,2 7,8 10,6 11,2 9,3 13,0 7,1 5,5 8,7 9,6 8,1 11,1 2,4 1,0 3,7
Pará 6,6 4,9 8,4 7,9 5,2 10,5 5,6 3,7 7,6 6,9 5,1 8,8 3,3 2,3 4,2
Amapá 7,1 5,9 8,3 6,9 5,7 8,2 7,3 5,6 9,0 7,4 6,1 8,7 4,2 3,3 5,1
Tocantins 6,8 5,1 8,5 7,7 5,1 10,3 6,0 4,2 7,7 6,9 5,1 8,8 5,2 3,9 6,5
Nordeste 4,7 4,3 5,2 5,3 4,7 5,8 4,2 3,7 4,8 5,0 4,5 5,5 2,7 2,4 3,0
Maranhão 6,0 4,7 7,4 7,5 5,7 9,2 4,5 2,6 6,4 6,3 4,8 7,7 2,9 2,3 3,6
Piauí 4,3 3,2 5,3 5,1 3,7 6,5 3,5 2,2 4,7 4,5 3,3 5,7 2,6 1,8 3,4
Ceará 5,7 4,3 7,1 6,0 4,0 8,1 5,4 4,1 6,7 6,2 4,5 7,9 2,5 1,9 3,2
Rio Grande do Norte 4,5 3,5 5,5 4,7 3,4 6,1 4,3 3,1 5,5 5,0 3,9 6,2 1,9 1,3 2,4
Paraíba 5,9 4,9 6,8 6,5 5,0 8,0 5,3 4,0 6,5 6,4 5,3 7,5 3,3 2,4 4,3
Pernambuco 4,4 3,5 5,4 4,3 2,9 5,7 4,5 3,1 5,9 4,6 3,5 5,7 3,4 2,6 4,2
Alagoas 5,0 3,8 6,2 6,4 4,4 8,4 3,5 2,4 4,7 5,4 4,0 6,9 2,4 1,7 3,2
Sergipe 3,2 2,4 4,1 3,6 2,5 4,8 2,9 1,8 4,0 3,5 2,4 4,5 2,3 1,7 2,9
Bahia 3,7 2,6 4,7 3,9 2,8 5,0 3,4 2,1 4,8 3,8 2,6 5,0 2,4 1,7 3,1
Sudeste 7,6 6,4 8,7 7,6 6,5 8,6 7,6 5,8 9,4 8,2 6,8 9,6 5,0 4,3 5,7
Minas Gerais 8,2 6,7 9,6 8,3 6,5 10,1 8,0 5,9 10,2 8,4 6,8 10,0 6,7 5,2 8,2
Espírito Santo 6,8 5,5 8,0 8,2 6,3 10,0 5,4 4,1 6,8 7,0 5,6 8,4 4,9 3,8 6,0
Rio de Janeiro 6,6 5,5 7,7 7,0 5,6 8,4 6,2 4,9 7,6 7,6 6,1 9,1 3,9 3,1 4,7
São Paulo 7,7 5,7 9,8 7,3 5,7 9,0 8,1 4,9 11,3 8,4 5,8 10,9 5,0 3,8 6,1
Sul 8,0 7,1 8,9 7,8 6,6 9,0 8,3 6,9 9,6 8,3 7,3 9,4 5,9 5,0 6,9
Paraná 8,9 7,3 10,6 8,2 6,0 10,3 9,8 7,6 11,9 9,4 7,5 11,3 6,3 4,8 7,7
Santa Catarina 8,5 6,8 10,2 9,0 6,7 11,3 8,1 5,9 10,2 9,0 7,1 10,9 5,1 3,3 6,8
Rio Grande do Sul 6,8 5,4 8,1 6,6 5,0 8,1 7,0 4,5 9,4 6,8 5,3 8,4 6,2 4,6 7,9
Centro-Oeste 7,7 6,9 8,5 8,6 7,6 9,7 6,8 6,0 7,7 8,1 7,2 9,0 5,3 4,7 6,0
Mato Grosso do Sul 9,7 8,5 10,9 10,3 8,6 12,1 9,1 7,8 10,3 10,1 8,8 11,5 6,2 4,8 7,6
Mato Grosso 8,4 6,7 10,1 9,8 7,5 12,1 7,0 4,8 9,2 8,7 6,8 10,7 5,0 3,7 6,2
Goiás 7,4 6,0 8,7 8,4 6,6 10,2 6,3 5,2 7,5 7,6 6,1 9,2 6,1 4,9 7,2
Distrito Federal 6,0 4,5 7,4 6,1 4,4 7,9 5,8 3,7 8,0 6,5 4,7 8,4 4,2 3,1 5,3

Fonte: PeNSE 2019. 353

•A prevalência do primeiro uso de cigarro antes dos 13 anos de idade foi 13,1% (IC 95%, 11,7-14,5%), com menores níveis no sexo masculino, 11,7% (IC 95%, 10,2-13,1%), do que no feminino, 14,4% (IC 95%, 12,6-16,2%). 353

•Entre adolescentes com idade de 13-17 anos, 22,6% (IC 95%, 21,7-23,4%) haviam experimentado cigarro, variando de 16,6% na região Nordeste a 28,5% na Sul. 353

•Entre adolescentes, houve aumento de 2% na prevalência de alunos do nono ano que já haviam experimentado cigarro, que passou de 19% (IC 95%, 18,1-19,9%) em 2015 para 21% (IC 95%, 19,5%-22,5%) em 2019. 353

•Em 2019, a prevalência do uso de cigarro eletrônico em algum momento por adolescentes de 13-17 anos foi 16,8% (IC 95%, 16,2-17,4%), sendo maior no sexo masculino (19,1%; IC 95%, 18,3-19,9%) do que no feminino (14,6%; IC 95%, 13,9%-15,3%) (Tabela 10-4) . 353

•O uso de narguilé em algum momento por adolescentes de 13-17 anos foi 29,6%, (IC 95%, 28,6-30,7%), sem diferença entre o sexo feminino (29,6%; IC 95%, 28,2-31%) e o masculino (29,7%; IC 95%, 28,6-30,8%). 353

•A proporção de produtos derivados do tabaco usados por adolescentes de 13-17 anos nos 30 dias anteriores à pesquisa foi 7,8% (IC 95%, 7,3-8,3%) para narguilé e 2,8% (IC 95%, 2,6-3,0%) para cigarros eletrônicos. 353

•Aumento do risco de uso regular de tabaco foi associado com consumo de álcool nos últimos 30 dias para ambos os sexos. Além disso, para indivíduos do sexo masculino, esse risco foi aumentado pelo envolvimento em brigas físicas nos 12 meses anteriores. 354

Prevalência do uso de tabaco entre adultos

•De acordo com o VIGITEL 2021, a prevalência de tabagismo entre adultos (≥ 18 anos) foi 9,1% (IC 95%, 8,2-9,9%), maior nos homens, 11,8% (IC 95%, 10,3-13,3%), do que nas mulheres, 6,7% (IC 95%, 5,8-7,7%). A prevalência foi menor entre adultos jovens (≤ 34 anos) e aqueles ≥ 65 anos ( Tabela 10-2 e Figuras 10-1 e 10-2) . 252

Tabela 10-2. – Prevalência de fumantes atuais com idade ≥ 18 anos, por sexo, idade e anos de escolaridade.

  Total Sexo
Masculino Feminino
Total IC 95% Total IC 95% Total IC 95%
Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior
Total (%) 9,1 8,2 9,9 11,8 10,3 13,3 6,7 5,8 7,7
Idade (anos)  
18-24 6,4 4,4 8,4 7,2 4,8 9,6 5,4 2,1 8,8
25-34 7,3 5,6 9,0 11,9 8,7 15,0 3,3 1,7 4,8
35-44 11,6 9,0 14,3 17,7 12,7 22,6 6,9 4,4 9,4
45-54 10,1 8,1 12,1 11,6 8,3 14,9 8,8 6,4 11,2
55-64 11,5 9,7 13,4 13,1 9,9 16,3 10,3 8,2 12,4
≥ 65 7,4 6,2 8,6 7,3 5,2 9,4 7,5 6,1 9,0
Escolaridade (anos)  
0-8 12,9 11,0 14,8 15,7 12,6 18,9 10,3 8,0 12,6
9-11 8,1 6,8 9,5 10,5 8,1 12,8 6,0 4,7 7,4
≥ 12 7,2 5,9 8,4 10,3 8,0 12,6 4,8 3,5 6,1

Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252

•A prevalência foi máxima no grupo etário 35-44 anos [11,6% (IC 95%, 9,0-14,3%)] em comparação aos seguintes grupos etários: 18-24 anos [6,4% (IC 95%, 4,4-8,4%)]; 25-34 anos [7,3% (IC 95%, 5,6-9,0%)]; e ≥ 65 anos [7,4% (IC 95% 6,2-8,6%)] ( Tabela 10-2 ) . 252

•A prevalência foi menor nas populações com mais altos níveis educacionais, sendo 7,2% (IC 95%, 5,9-8,4%) entre aqueles com pelo menos 12 anos de escolaridade, 8,1% (IC 95%, 6,8-9,5%) entre aqueles com 9-11 anos de escolaridade e 12,9% (IC 95%, 11,0-14,8%) entre aqueles com 0-8 anos de escolaridade. 252

•Entre as MSG, a prevalência do consumo de qualquer produto derivado do tabaco foi 44,7%. O uso de narguilés foi ∼8 vezes maior para as MSG do que para indivíduos não pertencentes a essas minorias. Os usuários de tabaco pertencentes às MSG tendem a ser mais jovens e mais escolarizados e a ter menor probabilidade de relacionamentos estáveis em comparação a usuários de tabaco não pertencentes às MSG ou usuários de tabaco em geral. 355 , 356

•De 2013 a 2019, houve aumento de 52% na prevalência de ex-fumantes, de 17,5% (IC 95%, 16,9-18,0) para 26,6% (IC 95%, 26,1-27,2). Além disso, em 2019, 46,6% (IC 95%, 45,0-48,3) dos fumantes relataram tentativa de parar de fumar em contraste com 51,1% (IC 95%, 49,3-52,9) em 2013, o que representa uma redução de 8,8% no mesmo período.

Tendência de prevalência

•De acordo com dados do VIGITEL 2021, houve uma redução de 43,8% na prevalência de tabagismo na população adulta (idade ≥ 18 anos) para os dois sexos de 2006 a 2021. A prevalência de tabagismo foi 16,2% em 2006, com queda progressiva para 9,1% em 2021. 252

•De 2015 a 2019, dados do VIGITEL mostraram que o consumo de cigarros por adolescentes permaneceu estável. Em 2015, 6,6% (IC 95%, 5,8-7,3%) dos adolescentes relataram ter usado cigarros nos últimos 30 dias, enquanto, em 2019, essa prevalência foi 6,8% (IC 95%, 6,3-7,3%). 353 O uso de outros produtos derivados do tabaco nos últimos 30 dias por adolescentes aumentou de 2015 (7,2%; IC 95%, 6,1-8,2%) para 2019 (12,4%; IC 95%, 11,8-12,9%). 353

Tabagismo passivo

•De acordo com dados do VIGITEL 2021, a prevalência de tabagismo passivo no domicílio foi 6,9% (IC 95%, 6,0-7,9%), maior entre os homens (7,6%; IC 95%, 6,1-9,2%) do que entre as mulheres (6,4%; IC 95%, 5,1-7,6%) (Tabela 10-3) . A prevalência de tabagismo passivo no domicílio nas capitais brasileiras variou de 2,9% (IC 95%, 0,9-4,9%) em Salvador a 9,6% (IC 95%, 6,8-12,3%) em Rio Branco. A maior prevalência entre os homens foi no Rio de Janeiro, 11,2% (IC 95%, 5,0-17,4%), enquanto, entre as mulheres, em Belo Horizonte, 10,8% (IC 95%, 7,0-14,6%). A prevalência de tabagismo passivo no trabalho foi 5,4% (IC 95%, 4,6-6,3%), maior entre os homens, 8,1% (IC 95%, 6,6-9,5%), do que entre as mulheres, 3,2% (IC 95%, 2,4-4,0%).

Cigarros eletrônicos e narguilés

•Os dispositivos eletrônicos de fumar, mais conhecidos como cigarros eletrônicos, são aqueles operados por bateria que fornecem nicotina, sabores e outras substâncias químicas em aerossol ao usuário. O resultado é a geração de um aerossol finamente particulado. 357 Os líquidos usados nesses dispositivos podem diferir quanto à sua composição química, concentração de nicotina e aditivos usados, tendo sido descritos mais de 8 mil sabores de cigarros eletrônicos. Discrepância entre a composição do produto declarada na embalagem e a verdadeira já foi mostrada. 358

•Os cigarros eletrônicos entraram no mercado global por volta de 2006. O Brasil foi um dos primeiros países a banir o uso de dispositivos eletrônicos de fumar em 2009. 359 , 360

•Em 2019, a prevalência de uso ativo de cigarros eletrônicos foi 0,64% (IC 95%, 0,51-0,76%) na população com idade ≥ 15 anos. Entre os adultos com idade < 40 anos, a prevalência foi estimada em 40 vezes aquela entre adultos ≥ 40 anos (0,06% vs. 2,38%). No grupo etário de 15-24 anos em uso atual de cigarros eletrônicos, 62,6% relataram nunca ter fumado cigarros industrializados. A prevalência do uso de cigarro eletrônico aumentou entre indivíduos com idade de 15-65 anos de 0,45% em 2015 para 0,72% em 2019 e, de forma especial, no grupo etário de 15-24 anos. 361 No estudo COVITEL 2022, na população ≥ 18 anos, a prevalência de uso de cigarro eletrônico e narguilé em algum momento foi idêntica àquela relatada no VIGITEL (7,3%; IC 95%, 6,0-8,9), sendo a maior prevalência de experimentação observada nos adultos jovens (18-24 anos). 352 No geral, 16,8% (IC 95%, 16,2-17,4%) dos adolescentes de 13-17 anos relataram uso de cigarro eletrônico em algum momento, sendo as taxas mais altas entre os homens (19,1%; IC 95%, 18,3-19,9%) do que entre as mulheres (14,6%; IC 95%, 13,9-15,3%). 353

•A prevalência do uso ativo de narguilé em 2019 foi 0,47% (IC 95%, 0,36-0,59%) na população com idade ≥ 15 anos. Essa prevalência aumentou de 0,14% em 2013 para 0,43% em 2019 entre indivíduos com idade ≥ 18 anos. No grupo etário de 18-24 anos, o aumento foi de cerca de 300% no mesmo período. 362

Impacto Econômico do Uso do Tabaco

•Usando um modelo econômico (micro simulação probabilística de Markov) que considera a história natural e os custos médicos diretos e indiretos, a carga econômica total atribuível ao tabaco no Brasil em 2020 foi estimada em US$ 24,3 bilhões, representando 1,9% do PIB e 7,8% das despesas nacionais em saúde. 354 O custo médico direto representa 38,5% da carga econômica, enquanto 24,8% são representados pelo custo do cuidador e 36,7% pela perda de produtividade. 354 A DCV representou 24% dos custos médicos diretos (US$ 2,3 bilhões) atribuíveis ao tabaco, enquanto o AVC representou 4,8% (US$ 447 milhões) ( Tabela 10-5 ) . 354

Tabela 10-5. – Carga econômica anual atribuível a tabaco de acordo com a causa, Brasil, 2020 (US$ milhões).

Carga econômica (US$ milhões) Dados brasileiros para 2020
Custo médico direto (%) 9.347,4 (38,5)
Custo com cuidador (% 6.023,7 (24,8)
Custo de produtividade (%) 6.023,7 (24,8)
Carga econômica total 24.301,3 (100%
Como proporção do PIB 1,9%
Proporção recuperada através dos impostos 9,4%
Custo médico direto (US$ milhões)
DCV 2.280,4 (24,4%)
AVC 447,0 (4,8%
DPOC 4.307,8 (46,1%)
Pneumonia 31,2 (0,3%)
Câncer de pulmão 453,2 (4,8%)
Outros cânceres 751,8 (8,0%)
Tabagismo passivo 1.076,0 (11,5%)
Custo médico direto total 9.347,4 (100%)
Proporção das despesas nacionais de saúde 7,8%
Custo de produtividade (US$ milhões)
Morte prematura
DCV 917,7 (26,4%)
AVC 324,8 (9,4%)
DPOC 469,8 (13,5%)
Pneumonia 161,7 (4,7%)
Câncer de pulmão 452,2 (13,0%)
Outros cânceres 739,8 (21,3%)
Tabagismo passivo 405,9 (11,7%)
Total de mortes prematuras 3.471,8 (100%)
Incapacidade
DCV 1.368,4 (25,1%)
AVC 375,0 (6,9%)
DPOC 1.544,7 (28,3%)
Pneumonia 00,9 (0,0%)
Câncer de pulmão 547,4 (10,0%)
Outros cânceres 988,3 (18,1%
Tabagismo passivo 633,7 (11,6%)
Incapacidade total 5.458,4 (100%)
Morte Prematura 3.471,8 (38,9%)
Incapacidade 5.458,4 (61,1%)
Total de custo de produtividade 8.930,2 (100%)
Custos com cuidadores (US$ milhões)
DCV 2.160,5 (35,9%)
AVC 530,0 (8,8%)
DPOC 1.918,1 (31,8%)
Pneumonia 39,0 (0,6%)
Câncer de pulmão 224,3 (3,7%)
Outros cânceres 457,9 (7,6%)
Tabagismo passivo 693,8 (11,5%)
Total de custo com cuidadores 6.023,7 (100%)

PIB: produto interno bruto; DCV: doença cardiovascular; AVC: acidente vascular cerebral; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica. Fonte: Adaptado de Pichon-Riviere et al. 354

Impacto da COVID-19 no consumo de tabaco

•Durante a pandemia de COVID-19, a prevalência de uso de tabaco por adolescentes permaneceu estável (2,41%; IC 95%, 2,02-2,87). Os fatores associados com maior probabilidade de consumo de tabaco durante a pandemia de COVID-19 foram os seguintes: idade entre 16 anos e 17 anos; autoidentificação como negro; residência nas regiões Sul e Sudeste; relato de sensação de depressão e solidão; piora de distúrbios do sono; consumo de álcool; tabagismo passivo. 362

•No estudo COVITEL 2022, entre a população com idade ≥ 18 anos, a prevalência de tabagismo permaneceu estável: 14,7% (IC 95%, 13,0-16,7%) antes da pandemia de COVID-19 e 12,2% (IC 95%, 10,4-14,1%) no primeiro trimestre de 2022 ( Tabela 10-6 ) . 363

Tabela 10-6. – Prevalência de tabagismo antes e depois da pandemia de COVID-19, de acordo com sexo, principais regiões brasileiras, grupo etários e anos de escolaridade.

  Antes da pandemia de COVID-19 Primeiro trimestre 2022
Total IC 95% Total IC 95%
Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior
Total 14,7 13,0 16,7 12,2 10,4 14,1
Sexo            
Masculino 18,0 15,5 20,7 14,5 12,2 17,2
Feminino 11,7 9,9 13,9 9,9 8,1 12,2
Principais regiões            
Nordeste 10,1 7,2 13,9 7,9 5,8 10,7
Norte 12,1 10,5 13,9 8,0 6,1 10,4
Sul 18,9 15,0 23,5 15,5 11,9 19,9
Sudeste 16,3 14,3 18,5 14,3 12,0 16,8
Centro-Oeste 16,7 15,1 18,4 12,6 10,3 15,2
Grupo etários (anos)            
18 a 24 13,9 9,9 19,3 12,1 8,4 17,1
25 a 34 17,0 12,7 22,3 14,5 9,9 20,9
35 a 44 13,9 11,0 17,3 11,1 8,7 14,2
45 a 54 13,8 10,9 17,5 12,4 9,3 16,2
55 a 64 17,4 13,8 21,6 13,6 9,6 18,9
≥ 65 12,1 9,3 15,6 8,0 5,8 10,9
Raça            
Branca 13,2 11,2 15,4 10,8 9,0 13,1
Negra 15,0 12,7 17,5 12,4 10,2 15,0
Outras 21,7 15,4 29,6 17,7 11,8 25,7
Escolaridade (anos)            
0 a 8 17,6 15,2 20,4 14,7 12,4 17,3
9 a 11 14,1 11,5 17,2 11,6 9,0 14,7
≥ 12 8,3 6,8 10,1 6,5 5,4 7,8

Fonte: COVITEL 2022. 352

•De acordo com uma pesquisa on-line , a prevalência de fumantes durante a pandemia de COVID-19 foi 12% (95%CI, 11,1-12,9%) e 34% deles relataram aumento no consumo de cigarro. Esse aumento foi associado a pior qualidade do sono, sensação de isolamento dos familiares, de tristeza ou de ansiedade, problemas financeiros e saúde deficiente segundo autoavaliação. 364 , 365

Políticas públicas para controle do tabaco no Brasil

•O processo de controle do tabaco no Brasil começou em 1981 com a criação da Comissão para Estudos das Consequências do Fumo pelo Ministério da Saúde. Em 2006, o Brasil ratificou a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da OMS. O país baniu o tabagismo em espaços fechados exceto em locais designados (cabines para fumantes) em 1996 e, em 2011, baniu o tabagismo completamente de todos os locais públicos e de trabalho, além dos transportes públicos. A reforma tributária de 2011 do Imposto sobre Produtos Industrializados contribuiu substancialmente para reduzir o tabagismo em meios às inúmeras leis antitabagismo e regulamentações postas em uso no Brasil nas últimas décadas. Essa reforma deu ao governo autoridade para estabelecer um preço mínimo pelo pacote de cigarros, que seria aumentado anualmente com base nas taxas de inflação estimadas. 366 O aumento do imposto que elevou o preço do cigarro refletiu-se em redução das despesas médicas com doenças relacionadas ao tabagismo. Cada elevação de 10% no preço por aumento dos impostos referentes ao tabaco reduz seu consumo em 5%. 367 Por causa de todas essas medidas, houve um claro declínio no consumo de tabaco entre adultos desde 1989. 368 A prevalência de tabagismo caiu drasticamente 63,2% nas últimas três décadas. 256

•Em consequência, a carga de mortalidade atribuível ao tabagismo caiu 70,1% de 1990 a 2017, sendo a maior queda observada para AVC (-75,3%). 256

•Com base nas estatísticas de 2019, a proporção de contrabando de cigarros no Brasil foi projetada em 38,6% (IC 95%, 35,8- 41,5%). Um quarto das marcas ilícitas de cigarros foi vendido pelo preço mínimo legal ou acima dele. 366

Perspectiva

•A redução progressiva na prevalência do tabagismo no Brasil pode ser atribuída à adoção no país de várias medidas de controle do fumo, como proibição de venda de tabaco para menores, inclusão de mensagens de advertência nas embalagens de cigarro, proibição de propaganda, promoção e patrocínio do fumo, elevação dos impostos sobre tabaco, criação de ambientes sem fumo e outras recomendações da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. 369 A política de progressiva elevação do imposto sobre o tabaco reduziria o consumo de cigarros e os custos médicos a ele associados. Consequentemente, vidas mais saudáveis e mais produtivas resultariam em mais renda para todos. 369 Os formuladores de políticas precisam promover continuamente a implementação de uma estrutura para eliminar o comércio ilegal de derivados do tabaco, focando em particular nas populações com maior prevalência de consumo, como as MSG. 370

•Há crescente preocupação com os novos caminhos que levam à adição à nicotina por meio de cigarros eletrônicos e narguilé. A indústria do tabaco visa principalmente os jovens, sendo “ vaping ” divulgado como seguro e inofensivo. Pesquisas futuras devem focar nos riscos à saúde associados ao consumo desses produtos, além do desenvolvimento de estratégias que visem ao consumo crescente de populações específicas, como adolescentes e adultos jovens. Ademais, a prevalência do uso de outros tipos de cigarros eletrônicos e narguilé, o tipo de dispositivo e a frequência de uso precisam ser mais bem estimadas. 352

CAPÍTULO 11 – OBESIDADE E SOBREPESO

CID-10 E66

Ver Tabelas 11-1 a 11-4 e Figuras 11-1 a 11-4

Abreviaturas Usada no Capítulo 11.
CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
DALYs Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Year )
DCV Doença Cardiovascular
ELSA-Brasil Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto
HR Hazard Ratio
IC Intervalo de Confiança
IMC Índice de Massa Corporal
OMS Organização Mundial da Saúde
OR Odds Ratio
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
SIA/SUS Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SIH/SUS Sistema de Informações Hospitalares do SUS
SUS Sistema Único de Saúde
UF Unidade Federativa
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VIGITEL Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

Panorama

•A obesidade é um fator de risco para DCV, além de doença crônica complexa. De acordo com a OMS, obesidade é definida como acúmulo anormal ou excessivo de gordura que representa um risco para a saúde. Um IMC ≥ 30 kg/m 2 é considerado obesidade, enquanto um IMC maior que ou igual a 25 kg/m 2 é considerado excesso de peso ou sobrepeso. 371 Vale notar que a obesidade é uma doença crônica que resulta de múltiplos fatores principalmente os relacionados a estilo de vida (sedentarismo, hábitos alimentares não saudáveis) e outros, como genéticos, hereditários, psicológicos, culturais e étnicos.

•Obesidade permanece uma ameaça à saúde pública. Gaspar et al . 372 investigaram a associação de hiperglicemia, obesidade, dislipidemia e tabagismo no Brasil de 2005 a 2017, além das taxas de mortalidade e incidência das DCV, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral isquêmico, por 100 mil indivíduos. A exposição a fatores de risco foi calculada como uma medida da população exposta a um fator de risco que considera a extensão da exposição de acordo com o nível do risco e a intensidade de sua contribuição para a carga de doença. A mortalidade e a incidência de DCV padronizadas por idade diminuíram 21% e 8%, respectivamente, de 2005 a 2017. Entretanto, houve aumento naquela medida de 9,5% para hiperglicemia, de 31% para obesidade e de 5,2% para dislipidemia, enquanto que, para hipertensão, aquela medida manteve-se estável e, para tabagismo, diminuiu 33%. Isso ressalta a importância da obesidade em relação às DCV e a necessidade urgente de políticas para reduzir a obesidade na população brasileira, em um esforço para mitigar a carga da mortalidade por DCV.

Prevalência

•No Brasil, em 2019, de acordo com dados antropométricos da PNS, as porcentagens de adultos (idade ≥18 anos) com excesso de peso e obesidade foram, respectivamente, 57,5% (IC 95%, 54,8 – 60,2) e 21,8 % (IC 95%, 19,2 – 24,7) para homens e 62,6% (IC 95%, 59,1 – 66,0) e 29,5% (IC 95%, 25,4 – 34,0) para mulheres. 373

•A Tabela 11-1 mostra a prevalência de excesso de peso entre indivíduos com 18 anos ou mais, ambos os sexos e todas as idades, nas capitais brasileiras, em 2021, de acordo com os grupos etários do VIGITEL 2021. Nas capitais brasileiras, a porcentagem de adultos (idade ≥18 anos) com excesso de peso em 2021 foi 57,2% (IC 95%, 55,7-58,8) no geral, sendo 59,9% (IC 95%, 57,6-62,2) para os homens e 55,0% (IC 95%, 53,0-57,0) para as mulheres. Aumento progressivo de excesso de peso foi observado com o aumento da idade, variando de 35,7% (IC 95%, 31,5-40,0) [homens: 39,3% (IC 95%, 33,6-45,1); mulher: 31,7% (IC 95%, 25,5-37,9)] no grupo etário de 18-24 anos a 64,4% (IC 95%, 61,5-67,2) [homens: 67,2% (IC 95%, 62,6-71,9); mulheres: 61,9% (IC 95%, 58,5-65,3)] no grupo etário de 45-54 anos. Para o grupo etário de 60+ anos, houve discreta redução na prevalência de excesso de peso, 60,7% (IC 95%, 58,8-62,6) [homens: 60,7% (IC 95%, 57,2-64,2); mulheres: 60,7% (IC 95%, 58,6-62,9)].

Tabela 11-1. – Porcentagem de adultos com sobrepeso (≥ 18 anos), por sexo, nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, por grupo etário.

Grupo etário Homens Mulheres Total
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
18 - 24 anos 39,3 33,6 - 45,1 31,7 25,5 - 37,9 35,7 31,5 - 40,0
25 - 34 anos 63,4 57,7 - 69,1 46,6 41,1 - 52,0 54,4 50,3 - 58,5
35 - 44 anos 62,9 57,3 - 68,6 61,9 57,7 - 66,2 62,4 59,0 - 65,8
45 - 54 anos 67,2 62,6 - 71,9 61,9 58,5 - 65,3 64,4 61,5 - 67,2
55 - 64 anos 61,9 57,2 - 66,7 65,7 62,7 - 68,6 64,1 61,4 - 66,7
60 + anos 60,7 57,2 - 64,2 60,7 58,6 - 62,9 60,7 58,8 - 62,6

Fonte: VIGITEL Brazil 2021. 252

•A Tabela 11-2 mostra a prevalência de obesidade entre indivíduos com idade de 18 anos ou mais, ambos os sexos e todas as idades, nas capitais brasileiras, em 2021, de acordo com os grupos etários do VIGITEL 2021. Nas capitais brasileiras, a porcentagem de adultos (idade ≥18 anos) com obesidade em 2021 foi 22,4% (IC 95%, 21,1-23,6) no geral, sendo 22,0% (IC 95%, 20,0-24,0) para homens e 22,6 (IC 95% 21,1-24,2) para mulheres. Aumento progressivo de obesidade foi observado com o aumento da idade, variando de 12,2% (IC 95%, 9,2-15,3%) [homens: 13,1% (IC 95%, 9,3-17,0); mulheres: 11,2% (IC 95%, 6,4-16,0)] no grupo etário de 18-24 anos a 26,2% (IC 95%, 23,7-28,8) [homens: 24,3% (IC 95%, 20,3-28,3); mulheres: 27,9% (IC 95%, 24,7-31,2)] no grupo etário de 45-54 anos. No grupo etário de 60+ anos, houve discreta redução na prevalência de obesidade, 21,8% (IC 95%, 20,2-23,4) [homens: 16,8% (IC 95%, 14,1-19,5); mulheres: 25,3% (IC 95%, 23,4-27,2)].

Tabela 11-2. – Porcentagem de adultos com obesidade (≥ 18 anos), por sexo, nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, por grupo etário.

Grupo etário Homens Mulheres Total
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
18 - 24 anos 13,1 9,3 - 17,0 11,2 6,4 - 16,0 12,2 9,2 - 15,3
25 - 34 anos 25,5 19,9 - 31,1 16,6 12,8 - 20,4 20,8 17,4 - 24,1
35 - 44 anos 25,1 20,7 - 29,6 25,7 21,9 - 29,5 25,5 22,5 - 28,4
45 - 54 anos 24,3 20,3 - 28,3 27,9 24,7 - 31,2 26,2 23,7 - 28,8
55 - 64 anos 22,1 18,3 - 26,0 29,3 26,2 - 32,5 26,2 23,8 - 28,7
60 + anos 16,8 14,1 - 19,5 25,3 23,4 - 27,2 21,8 20,2 - 23,4

Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252

•A Tabela 11-3 mostra a porcentagem de sobrepeso em adultos, por sexo, nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, de acordo com dados do VIGITEL 2021. A maioria das capitais mostrou porcentagens mais altas do que os valores nacionais para ambos os sexos, exceto Palmas, Salvador, São Luís, Teresina e Vitória. O mesmo ocorreu para homens nas capitais Belo Horizonte, Boa Vista, Cuiabá, Florianópolis, Maceió, Natal, Palmas, Recife, Salvador, São Luís, São Paulo, Vitória e Distrito Federal, que mostraram porcentagens mais baixas do que os valores nacionais. Vale notar que, para mulheres com excesso de peso, as capitais com valores abaixo da média nacional foram: Palmas, Salvador, São Luís, Teresina e Vitória. A Figura 11-1 mostra a porcentagem de adultos com sobrepeso nas capitais brasileiras e no Distrito Federal de acordo com dados do VIGITEL 2021, estratificados por quartis. As capitais dos seguintes estados ocuparam o mais alto quartil de sobrepeso: Acre, Amazonas, Amapá, Pará e Rondônia.

Tabela 11-3. – Porcentagem de adultos com sobrepeso (≥ 18 anos), por sexo, de acordo com as capitais brasileiras e o Distrito Federal.

Capitais Homens Mulheres Total
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
Aracaju 60,9 52,0 - 69,9 54,4 48,8 - 60,1 57,3 52,3 - 62,4
Belém 61,6 54,3 - 68,9 61,0 55,6 - 66,4 61,3 56,8 - 65,7
Belo Horizonte 58,4 51,1 - 65,7 58,7 53,3 - 64,1 58,6 54,1 - 63,0
Boa Vista 58,7 51,9 - 65,5 54,2 49,3 - 59,2 56,4 52,2 - 60,5
Campo Grande 61,3 51,8 - 70,7 55,4 48,6 - 62,1 58,1 52,4 - 63,8
Cuiabá 58,5 50,2 - 66,8 55,7 49,2 - 62,2 57,0 51,8 - 62,3
Curitiba 62,8 55,7 - 69,9 48,9 42,7 - 55,0 55,3 50,6 - 60,1
Florianópolis 59,5 51,6 - 67,4 54,5 48,3 - 60,8 56,9 51,9 - 61,9
Fortaleza 61,2 53,4 - 68,9 57,5 51,5 - 63,6 59,2 54,4 - 64,0
Goiânia 62,1 54,4 - 69,9 51,2 45,2 - 57,2 56,3 51,4 - 61,2
João Pessoa 66,5 58,6 - 74,3 53,9 47,6 - 60,2 59,6 54,6 - 64,6
Macapá 62,3 55,9 - 68,7 55,5 50,1 - 60,9 58,7 54,6 - 62,9
Maceió 59,2 51,3 - 67,2 57,2 50,4 - 64,0 58,1 53,0 - 63,2
Manaus 65,2 57,3 - 73,1 61,8 56,3 - 67,4 63,5 58,7 - 68,2
Natal 60,9 52,7 - 69,1 57,5 51,7 - 63,3 59,1 54,2 - 64,0
Palmas 55,9 47,8 - 64,0 45,0 39,4 - 50,6 50,1 45,2 - 55,0
Porto Alegre 64,4 57,0 - 71,8 60,4 52,9 - 67,8 62,2 56,9 - 67,4
Porto Velho 67,5 60,3 - 74,7 61,0 55,5 - 66,6 64,4 59,8 - 69,0
Recife 58,1 49,1 - 67,1 55,6 49,5 - 61,7 56,7 51,5 - 61,9
Rio Branco 63,2 55,6 - 70,8 57,8 52,0 - 63,6 60,4 55,7 - 65,0
Rio de Janeiro 64,0 56,3 - 71,7 49,4 43,1 - 55,8 56,1 51,0 - 61,2
Salvador 50,8 43,0 - 58,7 55,1 49,5 - 60,8 53,2 48,5 - 57,9
São Luís 51,4 43,2 - 59,7 47,5 41,8 - 53,2 49,3 44,4 - 54,2
São Paulo 57,6 50,7 - 64,5 57,3 51,0 - 63,5 57,4 52,8 - 62,0
Teresina 60,0 52,1 - 67,9 46,4 40,4 - 52,3 52,5 47,5 - 57,5
Vitória 55,8 48,1 - 63,6 47,8 41,9 - 53,7 51,5 46,7 - 56,3
Distrito Federal 59,4 51,7 - 67,2 53,7 47,5 - 59,8 56,4 51,5 - 61,2

Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252

Figura 11-1. – Porcentagem de adultos com sobrepeso nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, de acordo com dados do VIGITEL 2021, estratificados por quartis. Dados do VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 11-1

•A Tabela 11-4 mostra a porcentagem de adultos obesos, por sexo, nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, de acordo com dados do VIGITEL 2021. A maioria das capitais mostrou porcentagens mais altas do que os valores nacionais para ambos os sexos, exceto Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis, Palmas, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Teresina e Vitória. O mesmo ocorreu para homens nas capitais Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis, Maceió, Recife, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória, que mostraram porcentagens mais baixas do que os valores nacionais. Vale notar que, para mulheres com obesidade, o número de capitais com porcentagens abaixo da média nacional foi maior do que para os homens: Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis, Palmas, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina e Vitória. A Figura 11-2 mostra a porcentagem de adultos obesos nas capitais brasileiras e no Distrito Federal de acordo com dados do VIGITEL 2021, estratificados por quartis de obesidade. As capitais dos seguintes estados ocuparam o mais alto quartil de obesidade: Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Mato Grosso e Goiás.

Tabela 11-4. – Porcentagem de adultos com obesidade (≥ 18 anos), por sexo, de acordo com as capitais brasileiras e o Distrito Federal.

Capitais Homens Mulheres Total
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
Aracaju 27,9 19,2 - 36,5 22,6 18,4 - 26,9 25,0 20,4 - 29,5
Belém 23,8 17,1 - 30,4 24,2 19,2 - 29,1 24,0 19,9 - 28,0
Belo Horizonte 20,7 14,3 - 27,0 22,0 17,3 - 26,6 21,4 17,5 - 25,2
Boa Vista 25,0 19,1 - 30,8 22,3 18,3 - 26,3 23,6 20,1 - 27,1
Campo Grande 19,4 12,4 - 26,3 21,0 16,1 - 25,9 20,2 16,1 - 24,4
Cuiabá 22,6 15,3 - 29,9 25,0 19,8 - 30,1 23,8 19,4 - 28,2
Curitiba 24,3 17,6 - 30,9 21,1 16,3 - 26,0 22,6 18,6 - 26,6
Florianópolis 21,4 15,0 - 27,9 19,2 14,6 - 23,7 20,2 16,4 - 24,1
Fortaleza 23,2 16,5 - 30,0 24,1 19,1 - 29,1 23,7 19,6 - 27,8
Goiânia 26,7 19,4 - 34,0 20,3 15,7 - 24,8 23,3 19,0 - 27,5
João Pessoa 22,0 15,3 - 28,8 25,1 19,4 - 30,9 23,7 19,3 - 28,1
Macapá 23,7 18,4 - 29,0 23,7 19,2 - 28,2 23,7 20,3 - 27,1
Maceió 23,7 16,2 - 31,2 25,4 18,8 - 31,9 24,6 19,7 - 29,5
Manaus 23,3 16,7 - 29,9 26,6 21,4 - 31,7 25,0 20,8 - 29,1
Natal 23,0 16,3 - 29,8 23,1 17,7 - 28,4 23,0 18,8 - 27,3
Palmas 23,3 14,9 - 31,6 16,1 12,2 - 19,9 19,5 15,0 - 24,0
Porto Alegre 22,9 16,0 - 29,8 22,4 16,4 - 28,3 22,6 18,1 - 27,1
Porto Velho 26,6 19,8 - 33,4 26,2 21,1 - 31,3 26,4 22,1 - 30,7
Recife 17,7 11,5 - 23,9 26,5 20,7 - 32,4 22,6 18,3 - 26,9
Rio Branco 25,0 18,7 - 31,3 23,4 18,7 - 28,0 24,2 20,3 - 28,0
Rio de Janeiro 23,1 15,8 - 30,4 20,1 15,7 - 24,5 21,5 17,4 - 25,6
Salvador 18,6 12,8 - 24,3 22,0 17,7 - 26,3 20,5 17,0 - 23,9
São Luís 18,6 11,1 - 26,0 17,6 13,3 - 22,0 18,0 13,9 - 22,2
São Paulo 20,6 14,8 - 26,3 24,2 19,2 - 29,1 22,5 18,8 - 26,3
Teresina 24,1 16,9 - 31,3 17,2 12,9 - 21,5 20,3 16,3 - 24,3
Vitória 19,2 13,0 - 25,4 16,8 12,9 - 20,6 17,9 14,4 - 21,4
Distrito Federal 23,0 16,6 - 29,4 22,2 17,2 - 27,3 22,6 18,6 - 26,6

Fonte: VIGITEL Brazil 2021. 252

Figura 11-2. – Porcentagem de adultos com obesidade nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, de acordo com dados do VIGITEL 2021, estratificados por quartis. Dados do VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 11-2

•As Figuras 11-3 e 11-4 são séries temporais com as porcentagens de adultos com sobrepeso e obesos (≥ 18 anos), respectivamente, no Brasil, de 2006 a 2021, de acordo com dados do VIGITEL. Houve tendência de aumento nas porcentagens de sobrepeso e obesidade no Brasil de 2006 a 2021, de acordo com dados do VIGITEL.

Crianças e adolescentes

•Um estudo transversal com base nos dados do Estudo sobre Risco Cardiovascular em Adolescentes avaliou 2.530 adolescentes de 12–17 anos arrolados em escolas públicas e privadas de Belo Horizonte. O estudo teve por objetivo associar fatores ambientais internos das escolas e suas vizinhanças com obesidade na adolescência naquela metrópole brasileira. A prevalência de obesidade foi 7,21%. Aspectos internos e externos relacionados à alimentação na escola, tais como número de bebedouros em funcionamento e comercialização de alimentos processados nas proximidades das escolas, foram associados com obesidade em adolescentes de uma metrópole brasileira. 374

•Aumento na prevalência de obesidade também foi observado entre crianças e adolescentes brasileiros. Uma revisão sistemática e meta-análise de 53 estudos (n = 122.395) conduzidos de 1986 a 2015 mostrou prevalência de obesidade no período de 8,2% (IC 95%, 8,1–8,4%, I2 = 98,5%). Maior prevalência foi observada entre meninos (9,7% [9,4–9,9%], I2 = 97,4%) do que entre meninas (7,3% [7,1−7,5%], I2 = 96,1%). A prevalência aumentou de acordo com a década (1990: 6,5% [6,0–7,0%], I2 = 96,8%; 2000: 7,9% [7,7–8,0%], I2 = 98,8%; 2010: 12,0% [11,5–12,6%], I2 = 95,8%) e a região brasileira (Nordeste: 6,4% [6,2−6,7%], I2 = 98,1%; Norte: 6,7% [6,3−7,2%], I2 = 98,8%; Sudeste: 10,6% [10,2−11,0%], I2 = 98,2%; Sul: 10,1 [9,7−10,4%], I2 = 97,7%). Os autores concluíram que, para cada 100 crianças brasileiras, mais de 8 apresentaram obesidade nas três décadas e, nas estimativas mais recentes, 12 de cada 100 apresentaram obesidade infantil. 375

Incidência

•O estudo ELSA-Brasil incluiu 13.625 mulheres e homens de 35-74 anos (2008-2010) atendidos em consulta após acompanhamento médio de 3,8 anos. Os investigadores mediram altura e peso de todos os participantes durante as consultas presenciais. Relataram incidência global de 7,7% de sobrepeso e de 10,6% de obesidade, com mais altos níveis entre mulheres negras (28,5%), homens jovens (21,1%) e mulheres com baixo nível educacional (35,0%). As proporções de sobrepeso e obesidade aumentaram com a idade, mais comumente entre aqueles com os menores níveis de renda per capita e menos anos de escolaridade. 376

Mortalidade atribuída a obesidade

•Em 2021, 1,95 milhão (IC 95%, 1,12-2,91) de mortes cardiovasculares e 3,7 milhões (IC 95%, 1,97-5,49) de mortes em geral foram atribuídas a IMC elevado. 377

•De 1990 a 2019, houve uma mudança negativa nas taxas de mortalidade por DCV atribuída a IMC alto em mulheres [-33,9 (-43,7;-16,7)], que foi maior do que a dos homens [-22,8 (-35,9;6,2)]. As maiores reduções na porcentagem de mortalidade ocorreram nas UF com mais altas rendas no Brasil. 4

Carga de Doença Atribuída a Obesidade

•Em 2021, o número de DALYs por todas as causas decorrentes de IMC elevado foi 1.560 (IC 95%, 711-2.380) por 100 mil. 377

•A maioria das UF apresentou diminuição nas taxas de DALYs padronizadas por idade devidos a DCV atribuída a IMC elevado em mulheres de 1990 a 2019. Comportamento similar foi observado naquelas taxas em homens, com redução percentual de obesidade no período. 4

Impacto na Saúde Cardiovascular

•Obesidade e seus fatores de risco têm uma forte interação. No EpiFloripa Aging Study , 378 um estudo populacional longitudinal de base domiciliar realizado em Florianópolis, de 2009/2010 a 2013/2014, 559 indivíduos foram avaliados. Houve uma associação entre ter ou desenvolver sobrepeso (OR = 4,59; IC 95%, 3,05–6,89) e o diagnóstico de síndrome metabólica: esses indivíduos tiveram 4,71 vezes maior probabilidade de diagnóstico de síndrome metabólica do que aqueles que não tinham nem desenvolveram sobrepeso. No Baependi Heart Study , 379 estudo longitudinal para investigar fatores associados ao desenvolvimento de DCV nos cidadãos de Baependi, Minas Gerais, desde 2005, a incidência de hipertensão foi monitorada por 10 anos e foi 24,3%. O IMC foi o melhor preditor de hipertensão em um modelo que incluiu idade, sexo, colesterol da lipoproteína de alta densidade e pressão arterial sistólica.

•Importante notar que a associação entre obesidade e hipertensão é também observada nos jovens como descrito por Santiago et al . 380 Em estudo transversal de 1.132 adolescentes (16,50 ± 1,14 anos) dos dois sexos, os do sexo masculino com excesso de adiposidade periférica, central e geral apresentaram maior probabilidade de pressão arterial sistólica alta.

•Por fim, dados de duas coortes do estudo transversal Health Survey of São Paulo focusing on Nutrition ( ISA-Nutrition ), uma sub-amostra do Health Survey of São Paulo ( ISA-Capital ), conduzido em 2008 e 2015, mostraram associação de excesso de peso corporal com maior chance de apresentar todos os outros fatores de risco analisados. 381 A distribuição da gordura corporal é também um determinante de risco, sendo menor acúmulo de gordura corporal considerado protetor em oposição a obesidade abdominal. Oliveira et al . 333 estimaram, entre 10.917 participantes do estudo ELSA-Brasil, as associações da relação ‘gordura de membros inferiores/tronco’ com o risco de DCV em 10 anos, de acordo com o escore de risco Framingham, estratificados por gênero e ajustados por idade, cor da pele, nível educacional, consumo de álcool, atividade física de lazer, uso de hipolipemiante, e status menopausal. Uma relação ‘gordura de membros inferiores/tronco’ mais alta foi relacionada a menor risco de DCV em 10 anos, assim como redução na pressão arterial sistólica, colesterol total e uso de anti-hipertensivos, especialmente em mulheres.

•Uma meta-análise com 46 estudos avaliou a associação entre urbanização (incluindo dados de desmatamento da floresta Amazônica) e fatores de risco cardiometabólicos e desfechos. A avaliação de 20.574 adultos de 33 etnias indígenas brasileiras mostrou taxas mais altas de obesidade (região Centro-Oeste: 23% [IC 95%, 17–29]; e região Sul: 23% [13–34]) nos povos nativos residentes em áreas urbanas no Brasil e menores taxas de obesidade (11% [IC 95%, 8–15]) naqueles residentes de áreas menos urbanizadas do Brasil (região Norte). A prevalência de obesidade foi 3,5 vezes mais alta entre os residentes de territórios indígenas urbanizados (28%) do que entre aqueles residindo em áreas com mais de 80% de floresta Amazônica nativa (8%). Além disso, entre 1997 e 2019, a taxa de mortalidade por DCV entre aqueles residindo na região Sudeste (a mais urbanizada) foi 2,5 vezes maior do que a observada na região Norte. 259

Utilização e Custo da Atenção à Saúde

•A obesidade está associada à elevação dos custos diretos (por exemplo, para o diagnóstico e tratamento da doença) e indiretos (relacionados à perda dos ganhos laborais e mortalidade prematura). Em estudo interessante, Ferrari et al . 337 estimaram a carga econômica das doenças atribuídas a sobrepeso e obesidade no SUS. Os autores desenvolveram um modelo de macro simulação para estimar a carga econômica das doenças atribuídas a IMC elevado no Brasil. Dados autorrelatados sobre peso e altura da PNS brasileira conduzida em 2019 foram usados para calcular a distribuição do IMC e incluíram 85.715 adultos com idade ≥20 anos. A média e o desvio-padrão do IMC e a prevalência de sobrepeso e obesidade foram calculados por sexo e UF brasileira. Os custos diretos da assistência foram obtidos do SIA/SUS e do SIH/SUS em 2019. Os resultados mostraram que, no Brasil, em 2019, US$ 654 milhões em custos diretos na atenção à saúde relacionados a doenças não comunicáveis foram atribuídos a IMC elevado. Os custos atribuídos foram mais altos entre mulheres do que entre homens. A doença com os mais altos custos atribuídos foi a DCV, seguida por doenças respiratórias crônicas, neoplasias, doenças digestivas, distúrbios musculoesqueléticos, diabetes e doenças renais. Nas mulheres, as doenças com os mais altos custos atribuídos foram neoplasias, doenças digestivas, distúrbios musculoesqueléticos, diabetes e doenças renais, enquanto, nos homens, foram DCV e doenças respiratórias crônicas. Os mais altos custos atribuídos foram encontrados nas UF das regiões Sudeste e Sul, São Paulo, seguido de Minas Gerais e Paraná. Esses dados reforçam o impacto da obesidade na saúde e na economia brasileiras, mostrando a necessidade de políticas públicas para controlar essa doença, o que pode resultar em economia de custos além dos óbvios benefícios à saúde populacional.

Obesidade e COVID-19

•A pandemia de COVID-19 levou a observações em todo o mundo da associação entre obesidade e desfechos adversos nos indivíduos infectados. 382 - 386 Em estudo multicêntrico de base hospitalar com 8.183 pacientes admitidos em UTI que testaram positivo para SARS-CoV-2, 387 ao estratificar por categorias de IMC e ajustando para idade, sexo e status de tabagismo, os pacientes com obesidade grave mostraram maior risco de mortalidade por COVID-19 (HR 1,21; IC 95%, 1,03–1,43) em comparação àqueles com ‘peso normal/sobrepeso’. Não houve diferença para as categorias ‘obesidade leve/moderada’ (HR 0,91; IC 95%, 0,83–1,00) e ‘peso abaixo do normal’ (HR 1,21; IC 95%, 0,80–1,81). Ademais, para os sobreviventes na categoria de mais alto IMC (≥ 40 kg/m 2 ), a permanência na UTI foi 31% mais longa em comparação à daqueles na categoria ‘peso normal/sobrepeso’. Permanência mais longa na UTI foi também observada na categoria de ‘obesidade leve/moderada’ em comparação à de ‘peso normal/sobrepeso’. Não houve diferença para a categoria ‘abaixo do peso’. Entretanto, ao estratificar por idade, observou-se aumento do risco de mortalidade apenas para os pacientes mais jovens (< 60 anos) em comparação àqueles com ‘peso normal/sobrepeso’ (HR 1,27; IC 95%, 1,01–1,61). Observou-se risco aumentado de morte para pacientes abaixo do peso (HR 3,74; IC 95%, 1,39–10,07). Para os pacientes com idade ≥ 60 anos, ‘obesidade leve/moderada’ foi associada com risco reduzido de mortalidade (HR 0,87; IC 95%, 0,78–0,97).

•Por outro lado, estudo de coorte multicêntrico conduzido em oito estados da região Nordeste, GENSCoV-BR, 386 analisou os dados demográficos, clínicos e antropométricos de indivíduos que testaram positivo para SARS-CoV-2, além dos desfechos que incluíram hospitalização, ventilação mecânica e morte, para avaliar os efeitos dos extremos de peso corporal nos desfechos clínicos. Dentre 1.308 indivíduos, excesso de peso corporal foi observado em 66,9%, baixo peso em 2,7% e obesidade em 32,4%, de acordo com a classificação da OMS. Hospitalização ocorreu em 75,2% e 22,2% morreram. Hospitalização foi mais frequentemente observada entre os indivíduos com baixo peso (3,2% vs. 1,2%) e sobrepeso (68,1% vs. 63,3%), embora, na análise multivariada, o peso corporal (baixo peso ou sobrepeso) não tenha sido associado a risco de hospitalização, ventilação mecânica ou morte. Os diferentes resultados podem refletir as diferentes características das populações estudadas e, mais importante, que os estudos foram focados em ou pacientes já hospitalizados e, portanto, mais graves ou pacientes ambulatoriais com COVID-19 menos grave. 387

•As tendências temporais do VIGITEL mostram que, entre 2006 (início do sistema VIGITEL) e 2019 (antes da pandemia), houve aumento na prevalência de sobrepeso, que passou de 55,4% (IC 95%, 54,4-56,3) em 2019 para 57,2% (IC 95%, 55,7-58,8) em 2021/22. Ademais, a prevalência de obesidade aumentou de 20,3% (IC 95%, 19,5-21,0) em 2019 para 22,4% (IC 95%, 21,1-23,6) em 2021/22. A obesidade também aumentou nos homens, de 19,5% (IC 95%, 18,3-20,7) para 22,0% (IC 95%, 20,0-24,0). 388

Perspectivas

•Considerando o aumento da obesidade no mundo, inclusive no Brasil, e sua contribuição para DCV, esforços são necessários para controlá-la. Caso contrário, os resultados favoráveis observados nos anos anteriores, mostrando redução na mortalidade por DCV, podem logo se perder. Nas últimas décadas, programas exitosos de controle do tabagismo foram implementados no Brasil, indicando que intervenções em âmbito nacional direcionadas ao controle do peso podem ser instituídas. Políticas no âmbito nacional são necessárias para prevenir a obesidade e reduzir a prevalência da obesidade estabelecida. Intervenções de base comunitária, sustentáveis e multidisciplinares que visem o aumento da prática de atividade física, a redução do consumo de alimentos ultraprocessados, a promoção da ingestão de alimentos saudáveis e o reforço da importância das diretrizes dietéticas para a população brasileira são fundamentais.

•Por fim, várias discussões sobre o uso de novos medicamentos para redução de peso, incluindo sobre sua custo-efetividade, são necessárias, pois eles são uma realidade e parecem ter vindo para ficar.

CAPÍTULO 12 – ATIVIDADE FÍSICA

Ver Tabelas 12-1 a 12-5 e Figuras 12-1 a 12-5

Abreviaturas usadas no Capítulo 12.

COVID-19 Doença do Novo Coronavírus 2019
DALYS Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (do inglês, Disability-Adjusted Life-Years )
DCV Doenças Cardiovasculares
ELSA-Brasil Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto - Brasil
GBD Carga Global de Doenças (do inglês, Global Burden of Disease )
IC Intervalo de confiança
II Intervalo de incerteza
MET Equivalente metabólico
min minuto
PENSE Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
SDI Índice sociodemográfico (do inglês, sociodemographic index )
SUS Sistema Único de Saúde
TV Televisão
VIGITEL Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
V̇O2 Consumo de oxigênio

Introdução

•“Atividade física” e “exercício físico” têm significados diferentes. Conceitua-se atividade física como qualquer movimento corporal realizado com a contração dos músculos esqueléticos resultando em um aumento do gasto energético em relação ao estado de repouso. 389 , 390 Atividade física pode ser traduzida como atividades recreacionais ou ocupacionais realizadas de forma espontânea. Alguns exemplos são: caminhadas até o trabalho, limpar a casa, cortar a grama, subir e descer escadas, etc. Exercício físico é um tipo de atividade física. Para que uma atividade física seja categorizada como exercício físico, duas premissas básicas devem ser respeitadas: (a) deve ser estruturada; e (b) deve ser realizada com o intuito de se atingir ou melhorar valências físicas, como desempenho, força, potência, resistência, equilíbrio, etc. 391 , 392

•Já os termos “sedentarismo” e “inatividade física” apresentam controvérsia em relação às suas definições. 393 Sedentarismo pode ser definido como a realização de atividades com um gasto de energia muito baixo, de 1,5 MET ou menos. 394 Exemplos típicos desse quadro incluem muitas horas em frente à TV ou ao tablet . Inatividade física refere-se à realização de um volume de atividade física semanal menor do que o recomendado pelas diretrizes atuais, ou seja, menos de 150 min/semana de atividade física de intensidade moderada ou menos de 75 min/semana de atividade física de alta intensidade, um volume correspondente a 450 MET-min/semana. 395 Outros termos para essa definição podem ser encontrados na literatura, como “prática insuficiente de atividade física” utilizado pelo VIGITEL Brasil. 252

•Um MET equivale ao V̇̇O2 estimado, quando em repouso, de aproximadamente 3,5 mL.kg- 1 .min- 1 . Pode-se usar a seguinte classificação relacionada ao V̇O2 necessário para realizar determinada atividade física, ou seja, à sua intensidade: (a) ≤1,5 MET = comportamento sedentário; (b) >1,5 e <3 METs = atividade física de intensidade baixa/leve; (c) ≥3 e <6 METs = atividade física de intensidade média/moderada; (d) ≥6 METs = atividade física de intensidade alta/vigorosa. De forma ainda mais prática, quando se recomenda de 2,5 a 5 horas de atividade de intensidade moderada por semana, isso equivale a aproximadamente 7,5 a 29,5 MET-hora/semana ou 450 a 1770 MET-min/semana (equivalente a 150 a 300 min/semana de exercício de intensidade moderada) - sendo essa a recomendação padrão para a prática de atividade física em adultos. 395

•Para crianças e adolescentes, a recomendação é uma média de 60 min/dia de atividade física aeróbica de intensidade moderada/alta. Para os idosos (>65 anos de idade), a recomendação é atividade física em intensidade leve/moderada em 3 ou mais dias por semana, com foco também em atividades que visem reduzir o risco de quedas e melhorar a função muscular. 395 , 396 Ademais, tais diretrizes enfatizam que a prática de atividade física de intensidade moderada além dos 300 min/semana pode trazer benefícios adicionais para a saúde. 396

•No Brasil, o primeiro Guia de Atividade Física para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde em 2021, 397 também traz recomendações semelhantes àquelas supracitadas ( Tabela 12-1 ). Além disso, destaca-se a importância da inclusão de atividades que visem o fortalecimento muscular e ósseo em pelo menos 2 dias/semana. Crianças e adolescentes (5-17 anos de idade) devem se engajar em pelo menos 1 hora/dia de atividade física e pelo menos 3 dias/semana devem ser destinados ao fortalecimento muscular e ósseo. Em relação ao tempo de tela, a Academia Americana de Pediatria 398 recomenda que crianças com menos de 18 meses não despendam qualquer tempo em frente à tela e que aquelas com idade entre 18 meses e 5 anos despendam no máximo 1 hora/dia de tela. Já para crianças com 6 anos ou mais, não há um tempo máximo definido, desde que o tempo de tela não interfira no sono ou nos níveis de atividade física.

Tabela 12-1. – Recomendações para a prática de atividade física de acordo com o Primeiro Guia de Atividade Física para a População Brasileira.

Atividade Física Jovens (6-17 anos de idade) Adultos Idosos
Se intensidade média/moderada ≥60 min/dia* ≥150 min/semana ≥150 min/semana
Se intensidade alta/vigorosa NM ≥75 min/semana ≥75 min/semana
Fortalecimento muscular Incluir nos 60 min/dia ≥2 dias/semana 2-3 vezes/semana
Equilíbrio NM NM 2-3 vezes/semana

*Podendo ser dividida em blocos; NM: Não mencionado. Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252

Prevalência

•De acordo com os dados do VIGITEL 2021, aproximadamente 48% da população brasileira adulta não alcança o nível recomendado de atividade física, com percentuais mais elevados entre as mulheres (56%) em comparação com os homens (39%). Observou-se a maior frequência de adultos considerados inativos em Porto Alegre (51,8%) e a menor, em Goiânia (39,8%). 252 O percentual de homens fisicamente inativos variou entre 30,3% em Goiânia e 46,1% em Campo Grande, enquanto, para as mulheres, esse percentual variou de 43,4% em Florianópolis a 63,1% no Rio de Janeiro ( Figura 12-1 e Tabela 12-2 ).

Figura 12-1. – Frequência de adultos com idade ≥18 anos fisicamente inativos nas capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal de acordo com dados do VIGITEL 2021. Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 12-1

Tabela 12-2. – Frequência de adultos (≥18 anos) fisicamente inativos, por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal de acordo com dados do VIGITEL 2021.

Capitais Homens Mulheres
% IC 95% % IC 95%
Aracaju 37,6 29,1 - 46,2 49,9 44,4 - 55,5
Belém 36,2 29,1 - 43,3 54,2 48,6 - 59,9
Belo Horizonte 40,1 33,0 - 47,3 50,8 45,2 - 56,3
Boa Vista 33,7 27,3 - 40,1 49,8 44,9 - 54,7
Campo Grande 46,1 36,7 - 55,6 56,1 49,3 - 62,9
Cuiabá 44,8 36,2 - 53,3 53,1 46,5 - 59,6
Curitiba 37,8 30,9 - 44,8 54,1 47,9 - 60,3
Florianópolis 40,9 33,1 - 48,7 43,4 37,3 - 49,4
Fortaleza 36,6 29,2 - 44,0 57,1 51,1 - 63,1
Goiânia 30,3 23,4 - 37,3 48,2 42,2 - 54,1
João Pessoa 43,5 35,1 - 51,9 53 46,7 - 59,4
Macapá 38 31,5 - 44,4 52 46,5 - 57,4
Maceió 40,1 32,2 - 48,0 52 44,9 - 59,1
Manaus 37,3 29,1 - 45,4 59,2 53,5 - 64,8
Natal 33,9 26,7 - 41,1 50,4 44,3 - 56,4
Palmas 38,1 29,5 - 46,6 49,4 43,8 - 55,0
Porto Alegre 42,3 34,9 - 49,7 59,6 52,0 - 67,3
Porto Velho 40,9 33,3 - 48,4 54,9 49,2 - 60,6
Recife 34,4 26,3 - 42,5 58,1 52,1 - 64,1
Rio Branco 39,8 32,7 - 46,8 54,7 48,8 - 60,6
Rio de Janeiro 38,2 30,3 - 46,0 63,1 57,1 - 69,0
Salvador 38,1 30,5 - 45,7 55,8 50,1 - 61,4
São Luís 36 28,4 - 43,7 56,3 50,6 - 61,9
São Paulo 43,2 36,4 - 50,1 55,6 49,3 - 61,8
Teresina 37 29,3 - 44,7 57,3 51,4 - 63,2
Vitória 38 30,6 - 45,3 48,8 42,8 - 54,8
Distrito Federal 38,1 30,4 - 45,7 51,4 45,2 - 57,7

IC: intervalo de confiança. Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252

•Para ambos os sexos, a idade apresentou uma associação direta com a frequência de inatividade física ( Tabela 12-3 ). Na faixa etária entre 18 e 24 anos, a frequência de inatividade física foi de 35,6% (27,6% entre os homens e 44,5% entre as mulheres), enquanto, nos indivíduos com idade maior ou igual a 65 anos, esse percentual foi de 73% (65,6% entre os homens e 78,2% entre as mulheres). 252

Tabela 12-3. – Frequência de adultos (≥ 18 anos) fisicamente inativos, por sexo e faixa etária, de acordo com dados do VIGITEL 2021.

  Homens Mulheres Total
Faixa de idade % IC 95% % IC 95% % IC 95%
18 a 24 anos 27,6 22,5 - 32,7 44,5 37,6 - 51,4 35,6 31,3 - 39,8
25 a 34 anos 33,9 28,0 - 39,7 50,2 44,7 - 55,6 42,6 38,5 - 46,7
35 a 44 anos 37,0 31,5 - 42,5 51,4 46,9 - 55,9 45,0 41,5 - 48,6
45 a 54 anos 37,8 33,1 - 42,4 53,8 50,3 - 57,4 46,3 43,3 - 49,2
55 a 64 anos 48,4 43,6 - 53,3 62,8 59,6 - 65,9 56,5 53,8 - 59,3
65+ anos 65,6 62,2 - 68,9 78,2 76,4 - 80,0 73,0 71,3 - 74,7

IC: intervalo de confiança. Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252

•Uma relação inversa foi observada entre escolaridade e inatividade física. Entre aqueles com 0 a 8 anos de escolaridade, a frequência de inatividade física observada foi de 58,4% (47,7% entre os homens e 67,9% entre as mulheres), enquanto, entre aqueles com 12 ou mais anos de escolaridade, essa frequência foi de 43,5% (39,7% entre os homens e 46,3% entre as mulheres). 252

•A Figura 12-1 ilustra a frequência de inatividade física nas 26 capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal, segundo dados do VIGITEL 2021. 252

Figura 12-2. – Frequência de adultos com idade ≥18 anos que despendem diariamente ≥3 horas do tempo livre assistindo à televisão ou usando computador, tablet ou celular nas capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal de acordo com dados do Vigitel 2021.2. 252 .

Figura 12-2

•Em relação à adoção de comportamentos sedentários, em 2021, 66% dos adultos das 26 capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal responderam despender ao menos 3 horas/dia do seu tempo livre vendo TV ou usando computador, tablet ou celular, sendo essa frequência semelhante em homens (66,7%) e mulheres (65,4%). 252 Os menores percentuais foram observados em Recife (58,9%), entre os adultos com idade ≥65 anos (51%) e entre aqueles com 0 a 8 anos de escolaridade (49,2%). Enquanto isso, as maiores frequências foram encontradas na cidade do Rio de Janeiro (70,1%), na faixa etária de 18-24 anos (83,2%) e entre aqueles com 12 ou mais anos de escolaridade (73%).

•A Figura 12-2 ilustra a frequência de adultos (≥18 anos) que despendem diariamente ≥3 horas do seu tempo livre assistindo à TV ou usando computador, tablet ou celular nas 26 capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal, segundo dados do VIGITEL 2021. 252

•Dados provenientes do estudo ELSA-Brasil entre 2008 e 2010, com 15.105 homens e mulheres com idade de 35-74 anos, revelaram que menos da metade dessa população praticava atividade física. Nesse estudo, observou-se uma prevalência de 44,1% de atividade física no tempo livre entre homens e 33,8% entre mulheres. Essa proporção foi maior entre indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, tanto homens (46,7%) quanto mulheres (39,7%). 399

Tendências

•Segundo a série histórica dos dados do VIGITEL, 400 a frequência de adultos (≥18 anos) fisicamente inativos manteve-se estável entre 2013 e 2020, sendo de 49,4% e 47,2%, respectivamente, resultando em uma variação anual média aferida em pontos percentuais ao ano (pp/ano) de -0,48 (IC 95%, -1,15;0,19). Essa estabilidade também foi observada avaliando-se separadamente os sexos. Em 2013, 39,9% dos homens e 57,4% das mulheres eram fisicamente inativos e, em 2020, esses números foram de 37,3% e de 55,6%, respectivamente, correspondendo a uma variação anual média de -0,50 (IC 95%, -1,20;0,21) pp/ano entre homens e de -0,47 (IC 95%, -1,25;-0,30) pp/ano entre mulheres.

•No entanto, a variação entre 2013 e 2020 não foi semelhante comparando-se as diferentes faixas etárias e níveis educacionais. Enquanto nas faixas etárias de 18 a 24 anos, 25 a 34 anos e 55 a 64 anos houve estabilidade da frequência de adultos fisicamente inativos, observou-se redução desse número nas faixas etárias de 35 a 44 anos (-0,68 pp/ano; IC 95%, -1,34;-0,02), de 45 a 54 anos (-1,20 pp/ano; IC 95%, -1,59;-0,81) e de 65 anos ou mais (-0,55 pp/ano; IC 95%, -0,84;-0,26). 400 Em relação ao nível educacional, entre os adultos com 0 a 8 anos e com 9 a 11 anos de escolaridade, houve estabilidade do percentual de indivíduos fisicamente inativos, mas, entre aqueles com 12 ou mais anos de escolaridade, houve redução desse percentual (-0,45 pp/ano; IC 95%, -0,86;-0,04). 400

•A variação do percentual de adultos com idade ≥18 anos fisicamente inativos de acordo com dados brasileiros referentes aos 5 últimos anos (2017-2021) disponibilizados pelo VIGITEL pode ser vista na Figura 12-3 . 400

Figura 12-3. – Percentual de adultos com idade ≥18 anos fisicamente inativos* no Brasil, de acordo com sexo, nos últimos 5 anos disponíveis pela coleta do VIGITEL. *Realização de menos de 150 min/semana de atividades de intensidade moderada, ou menos de 75 min/semana de atividades de intensidade vigorosa Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 12-3

•De forma semelhante, dados da PNS revelaram um aumento relativo de mais de 30% na proporção de adultos brasileiros que afirmaram se engajar em pelo menos 150 min/semana de atividade física moderada a vigorosa no período de 2013 a 2019, subindo de 22,7% em 2013 para 30,1% em 2019. Em ambos os anos, essa proporção foi mais alta entre homens (27,3% e 34,2%, respectivamente), jovens entre 18 e 24 anos (35,6% e 41,0%, respectivamente), brancos (23,9% e 31,6%, respectivamente) e indivíduos com alto nível de escolaridade (38,8% e 49,1%, respectivamente). 401

•No entanto, de maneira oposta, a PENSE constatou uma redução na atividade física de estudantes de 13-17 anos de idade de escolas brasileiras entre 2015 e 2019. Segundo esse estudo, o percentual de atividade física diminuiu de 31,6% em 2015 para 28,1% em 2019. 402

•Já em relação à adoção de comportamentos sedentários, entre 2010 e 2020, houve redução da frequência de adultos que despendem ao menos 3 horas/dia do tempo livre assistindo à TV, passando de 27,3% em 2010 para 26,5% em 2020 (-0,31 pp/ano; IC 95%, -0,61;-0,01). 400 Após estratificação por sexo, idade e nível educacional, essa redução foi observada apenas nos homens (-0,54 pp/ano; IC 95%, -0,76;0,32), nas faixas etárias de 18 a 24 anos (-1,49 pp/ano; IC 95%, -1,83;-1,15) e de 25 a 34 anos (-0,57; IC 95%, -1,12;-0,02), e naqueles com escolaridade de 9 a 11 anos (-0,43 pp/ano; IC 95%, -0,69;-0,18) e 12 ou mais anos (-0,46 pp/ano; IC 95%, -0,79;-0,13). Em mulheres, adultos com idade acima de 34 anos e aqueles com 0 a 8 anos de escolaridade, houve estabilidade dessa frequência.

•Comparando com a situação global, estima-se que 27,5% dos adultos e mais de 81% dos adolescentes não atendam às recomendações internacionais para a prática de atividade física aeróbica. 395 Tais informações sugerem que mais de 1,4 bilhão de adultos estão em risco de desenvolver ou agravar doenças relacionadas à falta de atividade física. 403

Mortalidade por Doenças Cardiovasculares Atribuíveis à Baixa Atividade Física

•Segundo dados do GBD de 2019 referentes ao Brasil, 404 na avaliação da taxa de mortalidade por DCV atribuíveis aos fatores de risco selecionados, o baixo nível de atividade física, definido como <3000 MET-min/semana, passou de oitavo lugar no ranking dos fatores de risco mais importantes em 1990 para o sétimo lugar em 2019. Apesar disso, houve uma redução da taxa de mortalidade padronizada por idade por DCV atribuíveis ao baixo nível de atividade física, que passou de 26,1 (II 95%, 12,6;41,4) por 100 mil habitantes em 1990 para 13,7 (II 95%, 7,6;20,8) por 100 mil habitantes em 2019 ( Figura 12-4 ). Em termos percentuais, no Brasil, essa redução foi de 47,6% (II 95%, -53,6;-35,0), enquanto, nos diferentes estados brasileiros e Distrito Federal, foram observadas reduções que variaram de 57,1% (II 75%, -63,1;-46,3) em São Paulo a 3,6% (II 75%, -22,9;29,8) no Maranhão ( Tabela 12-4 e Figura 12-5 ). Na comparação entre os sexos, a taxa de mortalidade padronizada por idade por DCV foi semelhante em homens [15,4 (II 95%, 7,9;24,5) por 100 mil habitantes] e mulheres [12,3 (II 95%, 7,4;17,9) por 100 mil habitantes], assim como a redução percentual entre os anos de 1990 e 2019 [-42,9% (II 95%, -50,3;-24,9) nos homens e -50,9% (II 95%, -56,7;-39,7) nas mulheres]. Já na comparação entre as faixas etárias, pode-se observar um aumento da taxa de mortalidade atribuível ao baixo nível de atividade física com o avançar da idade tanto em 1990 quanto em 2019, porém a redução percentual foi semelhante nas diferentes faixas etárias, sendo a maior redução observada entre 35 e 39 anos de idade [-55,0% (II 75%, -65,9;-39,6)] e a menor redução observada entre 75 e 79 anos de idade [-41,0% (II 75%, -50,0;-16,8)] ( Tabela 12-5 ). A Figura 12-5 mostra a variação percentual da taxa de mortalidade padronizada por idade entre 1990 e 2019 nas unidades federativas brasileiras.

Figura 12-4. – Taxa de mortalidade padronizada por idade (por 100 mil habitantes) por doença cardiovascular atribuível ao baixo nível de atividade física no Brasil de 1990 a 2019. Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Figura 12-4

Tabela 12-4. – Número de mortes e taxas de mortalidade padronizadas por idade (por 100 mil habitantes) por doenças cardiovasculares atribuíveis ao baixo nível de atividade física e percentual de variação das taxas. Brasil e suas unidades federativas, 1990 e 2019.

Localidade 1990 2019 Percentual de variação (II 95%)
Número (II 95%) Taxa (II 95%) Número (II 95%) Taxa (II 95%)
Brasil 17147,7(7861,7;28644,3) 26,1(12,6;41,4) 30228,8(16769,4;46333,5) 13,7(7,6;20,8) -47,6%(-53,6;-35)
Acre 21,8(9,7;36,4) 21,9(10,7;34,5) 68,2(38,2;104,4) 14,2(8,3;21,1) -35,3%(-45,2;-14,9)
Alagoas 251,4(112,3;418,9) 24(11;38,8) 509,9(275,7;799,5) 17(9,1;26,5) -29,2%(-42,3;-4)
Amapá 12,3(5,6;20,6) 18,6(8,9;29,6) 48,8(25,9;75,6) 12(6,7;18,1) -35,5%(-44;-19,1)
Amazonas 113,1(55;183,9) 23,5(12;36,4) 297,4(171,5;447,1) 12,2(7,3;18) -48,2%(-56,2;-31,1)
Bahia 1080,1(499,9;1771,1) 19,4(9,2;31,2) 2055,6(1108,1;3238,8) 12,6(6,8;19,9) -35,1%(-46,4;-14,4)
Ceará 644,7(309,2;1029,1) 17,3(8,5;27,4) 1548,5(873,3;2352,3) 15,9(9;24,2) -8%(-26,4;26,1)
Distrito Federal 87,6(37,3;151,9) 34,7(17;54,1) 237,8(126,2;359,2) 15,2(8,6;22,3) -56,1%(-62,6;-44,1)
Espírito Santo 264(118,2;448,6) 26,9(12,6;43,5) 559,8(290,8;885,6) 14,2(7,5;22,1) -47,1%(-56;-33,2)
Goiás 332,8(142,5;581,3) 25,1(11,8;40,9) 764,8(394,5;1253,4) 12,6(6,7;20,1) -49,9%(-60,5;-33,2)
Maranhão 419,2(180,7;739,7) 20,6(9,7;34,8) 1245,5(676;1929,2) 19,9(10,8;30,7) -3,6%(-22,9;29,8)
Mato Grosso 117,7(51,3;209,9) 23,4(10,9;38,8) 315,6(170,7;506,9) 11,4(6,3;17,8) -51,4%(-59,5;-35,6)
Mato Grosso do Sul 148,2(64,4;261,4) 25,4(12;41,7) 347,4(185;539,9) 13,3(7,3;20,4) -47,7%(-55,5;-34,1)
Minas Gerais 1832,8(822,4;3137,1) 27,2(12,7;43,8) 2810,5(1595,3;4299,8) 10,8(6,2;16,5) -60,3%(-66,2;-49,2)
Pará 363,1(166,7;606) 26(12,7;41,7) 841(467,1;1318) 13,5(7,7;20,9) -48,1%(-57,2;-31,6)
Paraíba 435,4(214,1;687,8) 20,7(10,4;32,4) 814,9(492,9;1200,5) 16,2(9,7;23,9) -21,8%(-36,2;4,4)
Paraná 972,1(430,2;1665,5) 30,9(14,5;49,5) 1575(837,5;2538,4) 13,4(7,2;21,1) -56,5%(-62,6;-45,7)
Pernambuco 923,7(430,7;1521,5) 26,1(12,7;41,7) 1639(877,2;2531,7) 17,6(9,4;27) -32,4%(-42,9;-16,4)
Piauí 220,5(101;381,8) 22,7(10,6;37,3) 517,8(292;786,7) 13,2(7,4;20,1) -41,6%(-52,2;-22,1)
Rio de Janeiro 2527,4(1210,1;4104,4) 35,7(17,7;55,1) 3428,7(1923,7;5200,1) 16(9;24) -55,2%(-61,5;-44,6)
Rio Grande do Norte 249,4(117,3;415,7) 17,4(8,3;28,7) 475,4(262;737,3) 11,8(6,5;18,3) -32,2%(-45,2;-12,1)
Rio Grande do Sul 1347,6(614,2;2263,3) 28,1(13,6;44,9) 2051,2(1105,1;3132,1) 13,6(7,3;20,6) -51,7%(-58,2;-39,1)
Rondônia 51,7(20,4;91,5) 37,7(18,2;59,7) 203,7(115,8;310,3) 15,8(9,2;23,7) -58%(-66,4;-41,1)
Roraima 7,5(3,2;13,3) 27,8(13,2;44,3) 34,4(18,5;54,3) 14,5(8,2;21,7) -47,8%(-55,6;-30,4)
Santa Catarina 519,7(238,6;858,8) 30,2(14,8;47,1) 956,6(535,1;1478,4) 13,8(7,9;21) -54,4%(-61,4;-41,4)
São Paulo 4025(1845,2;6915,6) 30,2(14,8;48,3) 6410,1(3530,9;9836,9) 13(7,3;19,7) -57,1%(-63,1;-46,3)
Sergipe 125,7(56,4;211,7) 23,5(11,1;38,4) 280,1(146,8;447,1) 13,3(7,1;21) -43,4%(-53,5;-29,3)
Tocantins 53,3(23,2;95,2) 25,8(12,6;41,6) 190,8(100,9;302) 14,9(8;23,1) -42,2%(-52,4;-25,8)

II: intervalo de incerteza. Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

Figura 12-5. – Variação percentual da taxa de mortalidade padronizada por idade por doença cardiovascular atribuível aos baixos níveis de atividade física de 1990 a 2019, conforme o índice sociodemográfico (SDI) 2019 das unidades federativas brasileiras. Fonte: Dados derivados do Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Figura 12-5

Tabela 12-5. – Número de mortes e taxas de mortalidade específica padronizadas por idade por doenças cardiovasculares atribuíveis ao baixo nível de atividade física e percentual de variação das taxas por faixa etária. Brasil, 1990 e 2019.

Localidade 1990 2019 Variação percentual (II 95%)
Número (II 95%) Taxa (II 95%) Número (II 95%) Taxa (II 95%)
25-29 anos 70,1(15,4;160) 0,5(0,1;1,2) 49,6(9,1;114,2) 0,3(0,1;0,7) -46,9%(-62,9;-32,5)
30-34 anos 144,2(29,7;331) 1,3(0,3;3) 106(18,8;243,1) 0,6(0,1;1,4) -53,4%(-65,5;-36,5)
35-39 anos 255,9(53,8;581,2) 2,7(0,6;6,1) 213(39,8;479) 1,2(0,2;2,7) -55%(-65,9;-39,6)
40-44 anos 363,9(81,8;823,1) 4,7(1,1;10,6) 340,6(68,9;754,6) 2,2(0,4;4,8) -53,8%(-65,6;-40,3)
45-49 anos 572,8(147;1240,9) 9,3(2,4;20,2) 595,2(135,9;1311,9) 4,4(1;9,6) -53,3%(-64,2;-39,8)
50-54 anos 794,9(214,2;1689,7) 15,4(4,1;32,7) 919,5(246,8;1976,8) 7,3(1,9;15,6) -52,9%(-62,5;-38,1)
55-59 anos 960,9(285,4;1991,3) 22,5(6,7;46,6) 1269,9(367,5;2625,9) 11,3(3,3;23,4) -49,7%(-59,1;-35,1)
60-64 anos 1380,4(441,6;2616,1) 38,6(12,4;73,2) 1871,2(624,5;3451,5) 20,2(6,8;37,3) -47,6%(-56,7;-32,5)
65-69 anos 1633,8(586;3029,7) 61(21,9;113,2) 2468,2(965,3;4160,9) 34,3(13,4;57,8) -43,8%(-52,4;-23,8)
70-74 anos 2083,2(884,8;3490,5) 110,1(46,8;184,5) 3348(1785;5150,2) 63,5(33,8;97,7) -42,3%(-51;-19,9)
75-79 anos 2206,7(997,2;3495,6) 172,6(78;273,3) 3636,4(2179,2;5231,9) 101,9(61,1;146,6) -41%(-50;-16,8)
80+ anos 6680,9(3508,8;10243,7) 630,9(331,4;967,4) 15411,3(9112,4;22314,1) 363(214,7;525,6) -42,5%(-49,8;-26,4)

II: intervalo de incerteza. Estimativas do Estudo Global Burden of Disease 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington. 48

•A Figura 12-5 mostra que, nas unidades federativas com SDI mais elevado (métrica do GBD que reflete as condições socioeconômicas de uma localidade e varia de 0 a 1, sendo 1 a melhor condição), houve maior redução da taxa de mortalidade padronizada por idade atribuível aos baixos níveis de atividade física de 1990 a 2019 (coeficiente de correlação de Pearson=0,76, p< 0,001).

•Ainda, em 1990, 6,4% do total de mortes por DCV foi atribuído ao baixo nível de atividade física, mas, em 2019, esse percentual aumentou para 7,6%. 404

•Esse percentual é semelhante ao observado ao redor do mundo. Globalmente, estima-se que 7,6% das mortes cardiovasculares sejam atribuídas à inatividade física, sendo esse percentual maior nos países de alta renda (9,9%) do que nos de média (7,2%) e baixa (4,6%) renda. 405

Carga de Doença Atribuível

•De acordo com dados do GBD de 2019, 404 tanto em 1990 quanto em 2019, o baixo nível de atividade física foi o nono fator de risco mais importante em relação à taxa de DALYs por DCV padronizada por idade, que foi de 434,5 (IC 95%, 193,2;747,3) por 100 mil habitantes em 1990 e de 233,1 (IC 95%, 118,2;375,7) por 100 mil habitantes em 2019, o que representa uma redução percentual de 46,4% (IC 95%, -84,6;-30,1) nessa taxa.

•Na comparação entre homens e mulheres, as taxas de DALYs padronizadas por idade foram semelhantes tanto em 1990 quanto em 2019. 404 Entre os homens, a taxa de DALYs padronizada por idade diminuiu de 483,4 (IC 95%, 191,0;878,6) por 100 mil habitantes em 1990 para 275,7 (IC 95%, 127,9;478,4) por 100 mil habitantes em 2019, o que representa uma queda de 43,0% (IC 95%, -49,8;-27,6). Já entre as mulheres, essa redução foi de 49,1% (IC 95%, -54,9;-38,3), passando de 387,4 (IC 95%, 187,6;624,2) por 100 mil habitantes em 1990 para 197,2 (IC 95%, 110,7;303,3) por 100 mil habitantes em 2019.

•Globalmente, em 2019, as taxas de DALYs padronizadas por idade (/100 mil habitantes) por doença isquêmica do coração e por acidente vascular cerebral atribuídas à realização de <3000 MET-min/semana foram de 96,36 (IC 95%, 33,45;210,82) e 31,16 (IC 95%, 5,69;82,02), respectivamente. 406

Utilização e Custo da Atenção à Saúde

•A inatividade física tem um importante impacto nos sistemas de saúde do ponto de vista econômico. Bielemann et al . 407 realizaram um estudo sobre o custo atribuível à inatividade física das internações no SUS por neoplasia maligna de mama e de cólon, doenças do aparelho circulatório, diabetes e osteoporose em 2013 de indivíduos com idade ≥40 anos. Do total de 974.641 internações devidas às doenças crônicas avaliadas, 15,0% foram atribuídas à inatividade física. Em relação à doença isquêmica do coração, a fração atribuída à inatividade física entre os homens variou de 11,3% na região Sul a 12,6% nas regiões Norte e Nordeste, enquanto, entre as mulheres, tal número variou de 16,1% na região Sul a 18,4% na região Norte. Já em relação à doença cerebrovascular, a fração atribuída a inatividade física variou, entre os homens, de 20,7% na região Sul a 22,8% nas regiões Norte e Nordeste e, entre as mulheres, de 7,6% na região Sul a 8,8% na região Norte. 407

•Em relação ao custo para o SUS em 2013, do total de 1,8 bilhão de reais (quase 700 milhões de dólares), estimou-se que mais de 275 milhões de reais deveram-se às internações hospitalares atribuíveis à inatividade física pelas doenças citadas acima. 407 Em todas as regiões analisadas e em ambos os sexos, a doença isquêmica do coração foi responsável pelo maior volume de custos totais e atribuíveis à inatividade física. Do custo total de 781 milhões de reais com internação hospitalar por doença isquêmica do coração e de quase 155 milhões de reais por doença cerebrovascular, 12% e 22%, respectivamente, foram atribuíveis à inatividade física em homens. Já em mulheres, do total de quase 500 milhões de reais com internação hospitalar por doença isquêmica do coração e de 161 milhões de reais por doença cerebrovascular, 17% e 8%, respectivamente, foram atribuíveis à inatividade física. 407

•Um estudo retrospectivo realizado por Araújo et al . 408 avaliou os custos diretos com saúde e os custos indiretos devidos à perda de produtividade de 278 residentes da cidade de Presidente Prudente (São Paulo) portadores de DCV e sua associação com o padrão habitual de prática de atividade física mensurada pelo questionário de Baecke. Indivíduos que reportaram absenteísmo no trabalho custaram ao sistema de saúde em um ano 187 dólares a mais do que indivíduos que não faltaram ao trabalho por razões relacionadas a saúde; além disso, estimou-se que 53 dólares poderiam ser economizados anualmente a cada aumento de uma unidade no escore de padrão de atividade física mensurado pelo questionário.

•Finalmente, de acordo com Santos et al. , 409 caso não haja redução na prevalência da inatividade física, estima-se um custo direto atribuível à inatividade física para o sistema de saúde brasileiro entre 2020 e 2023 de aproximadamente 126 milhões de dólares devido a doença arterial coronariana, de quase 4 bilhões de dólares devido a hipertensão arterial e mais de 470 milhões de dólares em decorrência de acidentes vasculares cerebrais.

Impacto da pandemia da COVID-19 na atividade física

•A pandemia da COVID-19 teve um impacto significativo no aumento do tempo dedicado a comportamentos sedentários no Brasil, afetando consideravelmente a prática de atividade física em todo o país e em suas principais macrorregiões. Segundo o estudo de Silva et al. 410 realizado entre 24 de abril/2020 e 24 de maio/2020, foram constatadas elevadas prevalência e incidência de inatividade física e tempo excessivo de tela entre os brasileiros. Cerca de 40 mil adultos responderam a um questionário online , revelando uma prevalência de inatividade física de 70,4%. Essa prevalência foi ainda maior entre as mulheres (74,6%) e os mais jovens com idade entre 18 e 29 anos (78,2%). 411

•Além disso, 31,4% dos participantes relataram passar 4 ou mais horas por dia em frente à TV, enquanto o uso de computador ou tablet por no mínimo 4 horas diárias teve uma prevalência de 37,9%. 410 Novamente, a frequência de participantes que relataram assistir à TV por ≥4 horas/dia foi maior entre as mulheres (33,6%) e a frequência de participantes que relataram um número elevado de horas em frente ao computador/ tablet foi maior entre os jovens de 18 a 29 anos (58,6%). 411

•Com base nos dados do VIGITEL de mais de 784 mil indivíduos, a tendência de aumento da prevalência de atividade física no lazer foi interrompida durante a pandemia. Em 2009, essa prevalência era de 29% e aumentou para 39% em 2019. No entanto, essa prevalência diminuiu para 36,8% em 2020 e para 36,7% em 2021. Entre os homens, houve uma queda de 3,6%, enquanto, entre as mulheres, a redução foi de 1,1% entre os anos de 2019 e 2021. 412

•Segundo Schuch et al. , 413 brasileiros que estavam em autoisolamento durante a pandemia da COVID-19 reduziram o tempo dedicado à atividade física moderada/vigorosa em 65 min/dia em relação ao período pré-pandemia. Por outro lado, o tempo gasto em comportamentos sedentários aumentou em 42%, o que equivale a um acréscimo de 152 min/dia.

Perspectivas

•A inatividade física é um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças não transmissíveis, como acidente vascular cerebral, hipertensão arterial, diabetes tipo 2, doença coronariana, vários tipos de câncer, demência, depressão, assim como para mortalidade por todas as causas. 414 Um estilo de vida fisicamente ativo possui um papel inequívoco para que importantes benefícios cardiovasculares, tanto na prevenção primária quanto na secundária, sejam alcançados. 415 A relação curvilínea entre os volumes de atividade física e proteção cardiovascular 416 permite que o simples fato de abandonar o comportamento sedentário e tornar-se fisicamente ativo promova reduções significativas no risco cardiovascular. Portanto, o comportamento sedentário deve ser desencorajado e a adoção de um estilo de vida fisicamente ativo deve ser estimulada.

•Com o objetivo de incentivar a prática de atividade física, ações nacionais foram implementadas, destacando-se o Programa Academia da Cidade e a Política Nacional de Promoção da Saúde, que contribuíram para o aumento da prática de atividade física dos seus usuários, impactando positivamente na sua saúde e incentivando, ainda, a melhoria dos espaços públicos destinados àquela prática. 417 Além disso, a inclusão da atividade física nos inquéritos populacionais brasileiros, como o VIGITEL, a PNS e a PENSE, permitiu um maior monitoramento da atividade física entre os brasileiros, auxiliando na revisão e elaboração de políticas públicas de saúde.

•No entanto, apesar da tendência à redução da inatividade física entre os brasileiros nos últimos anos, sua prevalência ainda permanece elevada, tendo, ainda, sido negativamente afetada pela pandemia da COVID-19. Dessa forma, faz-se necessário o incentivo contínuo a políticas nacionais que promovam hábitos de vida saudáveis, incluindo o aumento da prática regular de atividade física, visando amenizar as consequências socioeconômicas deletérias da inatividade física e do sedentarismo no Brasil.

Tabela 7-1. – Prevalência e intervalo de confiança de 95% (IC 95%) por hipertensão de acordo com características sociodemográficas. Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2019.

Variáveis Total Feminino Masculino
Prevalência (IC 95% ) RP Prevalência (IC 95% ) RP Prevalência (IC 95% ) RP
Total 23,9 (23,5;24,4)   26,4 (25,7;27,2)   21,1 (20,4;21,8)  
Grupo etário (anos)            
18-24 2,3 (1,7;2,9) 1,0 2,1 (1,5;2,8) 1,0 2,5 (1,6;3,4) 1,0
25-39 7,3 (6,7;7,8) 3,2 7,2 (6,3;8,0) 3,5 7,4 (6,6;8,1) 3,0
40-59 27,2 (26,3;28,1) 11,5 29,5 (28,2;30,7) 13,3 24,6 (23,3;25,9) 9,9
≥ 60 55,0 (53,9;56,1) 22,1 59,4 (57,9;60,8) 24,7 49,3 (47,6;50,9) 19,7
Escolaridade            
Sem instrução/ fundamental incompleto 36,6 (35,7;37,5) 1,0 43,3 (42,0;44,6) 1,0 29,2 (28,0;30,3) 1,0
Fundamental completo/médio incompleto 20,4 (19,1;21,6) 1,0 24,7 (22,8;26,6) 0,9 16,2 (14,6;17,8) 1,0
Médio completo/ superior incompleto 15,4 (14,7;16,2) 0,8 15,7 (14,7;16,7) 0,8 15,1 (14,0;16,2) 1,0
Superior completo 18,2 (17,1;19,3) 0,7 16,3 (15,0;17,7) 0,6 20,7 (18,8;22,6) 1,0
Raça/cor da pele autorreferida          
Branca 24,4 (23,6;25,2) 1,0 26,0 (24,9;27,1) 1,0 22,5 (21,4;23,5) 1,0
Preta 25,8 (24,4;27,2) 1,2 30,2 (28,2;32,2) 1,2 20,9 (19,1;22,7) 1,1
Parda 22,9 (22,2;23,6) 1,1 25,7 (24,8;26,7) 1,1 19,7 (18,8;20,6) 1,0

RP: Razão de Prevalência. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Pesquisa Nacional de Saúde 2019272 e Malta et al. 263

Tabela 7-2. – Distribuição percentual e intervalo de confiança de 95% (IC 95%) das características relacionadas à assistência de indivíduos com hipertensão autorreferida (n = 38.082), Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2019.

Variáveis % IC 95%
Último atendimento    
Menos de 6 meses 57,8 56,6;59,0
6 meses a menos de 1 ano 14,4 13,6;15,2
1 ano a menos de 2 anos 9,4 8,8;10,1
2 anos a menos de 3 anos 2,7 2,3;3,2
3 anos ou mais 13,7 12,9;14,5
Nunca 1,9 1,6;2,3
Local do último atendimento    
Unidade básica de saúde 45,8 44,4;47,2
Consultório particular 28,8 27,5;30,1
Unidade de pronto-atendimento 9,6 8,9;10,5
Ambulatório de hospital público 7,1 6,5;7,8
Policlínica pública 3,6 3,1;4,2
Pronto-atendimento privado 1,7 1,4;2,0
Domicílio 1,4 1,2;1,6
Farmácia 0,9 0,7;1,2
Outro serviço 1,0 0,7;1,4
Orientações    
Práticas integrativas 7,4 6,8;8,1
Não beber em excesso 66,5 65,1;67,8
Não fumar 67,2 65,8;68,6
Praticar atividade física regular 81,7 80,7;82,7
Manter peso adequado 84,4 83,4;85,4
Fazer acompanhamento regular 85,2 84,2;86,2
Adotar alimentação saudável 87,2 86,3;88,2
Ingerir menos sal 87,8 86,7;88,8
Exames e encaminhamentos    
E xame de sangue 79,9 78,8;80,9
Exame de urina 69,9 68,5;71,2
Eletrocardiograma 64,5 63,2;65,8
Teste de esforço 33,6 32,2;34,9
Encaminhamento a especialista 25,0 23,7;26,2

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Pesquisa Nacional de Saúde 2019 272 e Malta et al. 263

Tabela 7-3. – Indicadores de assistência e acesso a serviços de saúde em adultos com hipertensão arterial de acordo com o sexo. Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2019.

Indicadores Total Sexo

  % IC 95% Masculino (A) Feminino (B) RP ajustada (B/A) IC 95%
% IC 95% % IC 95%
Medicação prescrita 95,4 94,9; 5,8 938 92,9; 4,5 96,5 95,9; 7,0 1,02 1,01; 1,03
Uso de medicação nas 2 semanas anteriores 86,9 86,1; 7,7 831 81,7; 4,5 89,6 88,6; 0,5 1,06 1,04; 1,08
Pelo menos uma medicação do Programa Farmácia Popular 45,1 43,6; 6,5 437 41,7; 5,7 46,0 44,3; 7,7 1,03 0,98; 1,08
Recebeu assistência médica para hipertensão no último ano 72,2 71,1; 3,3 68,9 67,3; 0,5 74,5 73,1; 5,8 1,07 1,04; 1,11
Última consulta médica foi em UBS 45,8 44,4; 7,2 41,8 39,7; 3,9 48,5 46,9; 0,2 1,11 1,05; 1,17
Consulta com o mesmo médico das consultas anteriores 51,9 50,6; 3,3 52,3 50,3; 4,3 51,7 49,8; 3,5 0,99 0,94; 1,05
Consulta com especialista 49,0 47,6; 0,4 49,5 47,4; 1,5 48,6 46,8; 0,5 1,01 0,96; 1,07
Encaminhamento para especialista 79,1 76,8; 1,1 78,6 75,0; 1,8 79,3 76,5; 2,0 1,01 0,96; 1,06
Hospitalização por hipertensão ou complicação 15,0 14,2; 5,9 13,6 12,4; 5,0 15,9 14,8; 7,1 1,14 1,01; 1,28
Limitação grave ou muito grave para as atividades da vida diária 3,0 2,7; 3,4 3,1 2,5; 3,7 3,0 2,6; 3,5 0,93 0,73; 1,17

IC: Intervalo de confiança; RP: Razão de Prevalência; UBS: Unidade Básica de Saúde. A categoria de referência usada foi ‘masculino’. Fonte: Malta et al. 261

Tabela 7-4. – Indicadores de assistência de saúde em adultos com hipertensão arterial de acordo com o grupo etário. Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2019.

Indicadores         Grupo etário (anos)      
18-29 (A) 30-59 (B) ≥ 60 (C) RP ajustada B/A IC95% RP ajustada (C/A) IC95%
% IC95% % IC95% % IC95%
Medicação prescrita 68,4 61,6; 74,5 93,3 92,4; 94,1 98,8 98,4; 99,0 1,35 1,23; 1,49 1,43 1,30; 1,57
Uso de medicação nas 2 semanas anteriores 39,3 31,9; 47,2 81,9 80,6; 83,2 94,3 93,6; 94,9 2,05 1,69; 2,49 2,34 1,93; 2,85
Pelo menos uma medicação do Programa Farmácia Popular 21,1 14,0; 30,6 45,7 43,3; 48,0 45,1 43,5; 46,7 2,16 1,46; 3,20 2,08 1,41; 3,08
Recebeu assistência médica para hipertensão no último ano 62,9 54,9; 70,3 71,1 69,5; 72,8 73,7 72,3; 75,0 1,11 0,98; 1,25 1,13 1,00; 1,27
Última consulta médica foi em UBS 47,1 38,6; 55,7 45,5 43,6; 47,4 46,0 44,3; 47,8 0,95 0,80; 1,14 0,92 0,76; 1,10
Consulta com o mesmo médico das consultas anteriores 37,6 29,4; 46,6 49,6 47,6; 51,5 54,9 53,2; 56,7 1,29 1,02; 1,62 1,42 1,13; 1,79
Consulta com especialista 64,2 48,3; 77,8 75,4 71,7; 78,8 83,4 80,6; 85,9 1,17 0,93; 1,47 1,31 1,04; 1,64
Encaminhamento para especialista 35,8 28,0; 44,5 46,4 44,3; 48,5 52,1 50,4; 53,9 1,27 1,02; 1,58 1,47 1,18; 1,83
Hospitalização por hipertensão ou complicação 13,0 8,3; 19,9 14,1 12,9; 15,5 16,0 14,8; 17,2 1,02 0,65; 1,58 1,07 0,69; 1,68
Limitação grave ou muito grave para as atividades da vida diária 2,9 1,2; 6,8 3,1 2,6; 3,8 2,9 2,5; 3,4 0,92 0,37; 2,26 0,70 0,29; 1,72

IC: Intervalo de confiança; RP: Razão de Prevalência; UBS: Unidade Básica de Saúde. A categoria de referência usada foi ‘grupo etário de 18-29 anos’. Fonte: Malta et al. 261

Table 7-5. – Healthcare indicators of adults with arterial hypertension according to ethnicity. National Health Survey, Brazil, 2019.

Indicator Ethnicity
White (A) Black (B) Mixed-race (C) Adjusted PR (B/A) 95%CI Adjusted PR (C/A) 95%CI
% 95%CI % 95%CI % 95%CI
Prescribed medication 96.2 95.5; 96.8 95.0 93.5; 96.2 94.5 93.7; 95.2 1.00 0.98; 1.01 1.00 0.98; 1.01
Use of medication in the previous two weeks 88.5 87.2; 89.6 86.7 84.6; 88.6 85.3 84.1; 86.5 0.99 0.97; 1.01 1.00 0.98; 1.03
At least one medication from the “Popular Pharmacy Program” 44.8 42.9; 46.8 46.3 43.0; 49.7 44.8 42.8; 46.9 0.94 0.89; 1.00 0.97 0.89; 1.06
Received medical care for hypertension within the last year 71.5 69.9; 73.1 74.7 71.9; 77.3 72.1 70.5; 73.7 1.01 0.98; 1.04 1.05 1.01; 1.09
Had the last physician appointment at UBS 39.4 37.3; 41.6 51.9 48.6; 55.2 50.7 48.9; 52.5 1.01 0.96; 1.07 1.06 0.98; 1.14
Had an appointment with the same physician as in the previous appointments 56.7 54.6; 58.7 48.8 45.4; 52.2 48.2 46.3; 50.2 0.92 0.87; 0.97 0.93 0.85; 1.00
Appointments with a specialist 54.6 52.5; 56.6 47.9 44.6; 51.3 43.4 41.5; 45.3 0.96 0.91; 1.01 0.94 0.87; 1.02
Referral for a specialist 82.9 79.7; 85.7 75.4 68.9; 80.9 76.7 73.3; 79.7 0.92 0.88; 0.97 1.02 0.94; 1.09
Hospitalization for hypertension or a complication 13.2 11.9; 14.6 15.7 13.5; 18.2 16.8 15.4; 18.3 1.20 1.05; 1.38 1.14 0.95; 1.36
Intense or very intense degree of limitation of daily living activities 2.2 1.8; 2.7 3.5 2.7; 4.6 3.6 3.1; 4.3 1.37 1.06; 1.76 1.38 0.99; 1.94

CI: Confidence Interval; PR: Prevalence Ratio; UBS: Basic Healthcare Unit. The reference category used was ‘white’. Source: Malta et al. 261

Tabela 8-2. – Prevalência de colesterol total ≥ 200 mg/dl de acordo com sexo, grupo etário, nível educacional, cor da pele e região do Brasil, PNS 2014-2015.

  Total Homens Mulheres
% IC 95% p % IC 95% p % IC 95% p
Total 32,7 31,5 - 34,1   30,1 28,2 - 32,1   35,1 33,4 - 36,8 < 0,001
Grupo etário (anos)
18 - 29 17,9 15,7 - 20,4 < 0,001 13,9 11,2 - 17,4 < 0,001 21,9 18,7 - 25,5 < 0,001
30 - 44 31,0 28,7 - 33,4 34,9 31,2 - 38,8 27,6 24,9 - 30,5
45 - 59 43,4 40,8 - 46,0 39,4 35,7 - 43,4 47,0 43,5 - 50,5
≥ 60 41,9 39,1 - 44,8 33,5 29,5 - 37,9 48,4 44,7 - 52,2
Escolaridade (anos)
0 - 8 37,1 35,2 - 39,1 < 0,001 31,6 28,9 - 34,5 0,237 42,2 39,6 - 44,8 < 0,001
9 - 11 28,6 25,5 - 32,0 26,6 22,2 - 31,6 30,6 26,4 - 35,2
≥ 12 30,4 28,4 - 32,5 30,0 26,9 - 33,3 30,8 28,3 - 33,4
Cor da pele
Branca 33,9 31,9 - 36,0 0,146 30,8 27,8 - 33,9 0,669 36,6 33,9 - 39,4 0,196
Negra 33,2 29,0 - 37,6 30,0 23,9 - 37,0 36,0 30,5 - 41,8
Parda 31,5 29,8 - 33,3 29,5 26,9 - 32,4 33,4 31,1 - 35,7
Outras 23,3 14,8 - 34,6 19,6 9,7 - 35,4 25,8 14,2 - 42,2
Região
Norte 32,5 30,4 - 34,6 0,195 31,0 27,9 - 34,3 0,376 33,9 31,2 - 36,7 0,291
Nordeste 34,0 32,3 - 35,8 30,2 27,7 - 33,0 37,4 35,1 - 39,8
Sudeste 31,5 29,1 - 34,1 28,7 25,1 - 32,6 34,1 30,9 - 37,4
Sul 34,7 31,7 - 37,8 33,4 28,9 - 38,3 35,8 32,0 - 39,8
Centro-Oeste 31,7 28,7 - 34,8 30,1 25,7 - 34,9 33,0 29,1 - 37,2

Fonte: Malta et al. 2019. 275

Tabela 8-3. – Prevalência de níveis baixos de HDL-colesterol (< 40 mg/dl) de acordo com sexo, grupo etário, nível educacional, cor da pele e região do Brasil, PNS 2014-2015.

  Total Homens Mulheres
% IC 95% P % IC 95% p % IC 95% p
Total 31,8 30,5 - 33,1   42,8 40,6 - 45,0   22,0 20,6 - 23,5 < 0,001
Grupo etário (anos)
18 - 29 29,1 26,2 - 32,2 0,070 39,7 34,9 - 44,7 0,159 18,7 15,9 - 21,9 0,046
30 - 44 31,8 29,4 - 34,2 41,8 37,9 - 45,7 23,0 20,4 - 25,9
45 - 59 34,1 31,6 - 36,6 44,8 40,9 - 48,8 24,3 21,5 - 27,4
≥ 60 32,4 29,8 - 35,2 46,5 42,1 - 51,1 21,5 18,7 - 24,6
Escolaridade (anos)
0 - 8 33,7 31,8 - 35,7 < 0,001 43,3 40,2 - 46,4 0,006 24,9 22,8 - 27,2 < 0,001
9 - 11 38,5 34,9 - 42,2 50,0 44,3 - 55,6 27,0 22,9 - 31,5
≥ 12 27,8 25,9 - 29,9 39,6 36,2 - 43,2 18,1 16,1 - 20,3
Cor da pele
Branca 31,0 29,0 - 33,1 0,072 43,0 39,7 - 46,5 0,586 20,6 18,4 - 23,0 0,006
Negra 28,5 24,3 - 33,2 41,8 34,5 - 49,4 16,6 12,6 - 21,6
Parda 33,5 31,7 - 35,4 43,0 40,0 - 46,1 24,8 22,8 - 27,0
Outras 24,7 15,8 - 36,5 27,7 15,1 - 45,2 22,7 11,6 - 39,5
Região do país
Norte 36,6 34,4 - 38,8 < 0,001 47,2 43,7 - 50,7 0,036 26,7 24,2 - 29,4 < 0,001
Nordeste 34,8 33,0 - 36,6 44,3 41,4 - 47,2 26,4 24,3 - 28,6
Sudeste 30,8 28,3 - 33,4 43,1 38,9 - 47,3 20,0 17,4 - 22,9
Sul 26,1 23,3 - 29,0 36,3 31,6 - 41,2 16,8 14,1 - 20,0
Centro-Oeste 34,3 31,1 - 37,6 45,0 39,8 - 50,3 24,7 21,2 - 28,6

Fonte: Malta et al. 2019. 275

Tabela 8-4. – Prevalência de níveis altos de LDL-colesterol (> 130 mg/dl) de acordo com sexo, grupo etário, nível educacional, cor da pele e região do Brasil, PNS 2014-2015.

  Total Homens Mulheres
% IC 95% p % IC 95% p % IC 95% p
Total 18,6 17,5 - 19,7   17,1 15,6 - 18,8   19,9 18,5 - 21,3 0,012
Grupo etário (anos)
18 - 29 8,8 7,2 - 10,7 < 0,001 6,6 4,8 - 9,0 < 0,001 11,0 8,7 - 14,0 < 0,001
30 - 44 17,5 15,7 - 19,5 20,2 17,3 - 23,6 15,2 13,0 - 17,6
45 - 59 25,6 23,3 - 27,9 23,2 20,0 - 26,7 27,7 24,7 - 30,9
≥ 60 24,5 22,2 - 27,0 19,5 16,3 - 23,2 28,4 25,1 - 31,9
Escolaridade (anos)
0 - 8 21,5 20,0 - 23,2 < 0,001 17,8 15,7 - 20,1 0,525 24,9 22,8 - 27,2 < 0,001
9 - 11 16,8 14,3 - 19,7 15,2 11,8 - 19,3 18,5 15,0 - 22,6
≥ 12 16,7 15,1 - 18,4 17,2 14,8 - 20,0 16,2 14,2 - 18,4
Cor da pele
Branca 20,1 18,5 - 21,9 0,009 18,8 16,4 - 21,4 0,131 21,3 19,1 - 23,8 0,095
Negra 16,6 13,6 - 20,2 15,2 10,9 - 20,8 17,9 13,9 - 22,7
Parda 17,4 16,1 - 18,8 15,9 13,9 - 18,1 18,8 17,0 - 20,7
Outras 10,1 6,0 - 16,6 8,6 3,6 - 19,1 11,2 5,7 - 20,7
Região do país
Norte 16,2 14,7 - 17,9 0,136 15,5 13,2 - 18,1 0,355 17,0 14,9 - 19,2 0,195
Nordeste 19,8 18,4 - 21,3 17,5 15,5 - 19,8 21,9 19,9 - 23,9
Sudeste 17,9 16,0 - 19,9 16,1 13,4 - 19,3 19,4 16,8 - 22,2
Sul 20,0 17,6 - 22,6 19,8 16,2 - 24,0 20,1 17,1 - 23,5
Centro-Oeste 17,8 15,4 - 20,4 17,8 14,3 - 21,9 17,8 14,8 - 21,3

Fonte: Malta et al. 2019. 275

Table 10-3. – Prevalence of second-hand smoke at work, by sex, according to age and years of schooling.

  Total Sexo
Masculino Feminino
Total IC 95% Total IC 95% Total IC 95%
Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior
Total (%) 5,4 4,6 6,3 8,1 6,6 9,5 3,2 2,4 4,0
Idade (anos)  
18-24 4,6 2,9 6,4 5,3 2,7 8,0 3,9 1,5 6,2
25-34 7,6 5,0 10,2 10,0 5,6 14,5 5,5 2,6 8,3
35-44 5,4 3,8 6,9 9,2 6,0 12,5 2,3 1,4 3,2
45-54 6,4 4,9 8,0 9,9 7,1 12,8 3,3 2,0 4,6
55-64 4,1 3,0 5,2 6,6 4,3 9,0 2,1 1,3 2,9
≥ 65 1,9 1,2 2,6 3,6 2,0 5,1 0,7 0,2 1,1
Escolaridade (anos)  
0-8 5,9 4,2 7,7 11,0 7,5 14,5 1,5 0,9 2,0
9-11 6,3 5,0 7,7 8,6 6,3 10,9 4,2 2,9 5,6
≥ 12 4,0 2,7 5,3 4,7 2,9 6,6 3,4 1,6 5,2

Fonte: VIGITEL Brasil 2021. 252

Tabela10-4. – Porcentagem de estudantes com idade de 13-17 anos que já experimentaram cigarros eletrônicos, por sexo, tipo de escola, de acordo com grupo etário e principais regiões brasileiras.

  Total Sexo Tipo de escola
Masculino Feminino Pública Privada
Total IC 95% Total IC 95% Total IC 95% Total IC 95% Total IC 95%
Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior
13 a 17 anos
Brasil 16,8 16,2 17,4 19,1 18,3 19,9 14,6 13,9 15,3 16,6 15,9 17,3 18,0 17,3 18,8
Norte 12,3 11,1 13,4 14,9 13,2 16,5 10,0 8,7 11,2 11,9 10,6 13,2 16,6 15,3 17,9
Nordeste 10,8 10,0 11,5 12,7 11,6 13,8 8,9 8,1 9,7 10,3 9,5 11,1 13,8 13,0 14,7
Sudeste 19,6 18,4 20,8 21,6 19,9 23,2 17,6 16,2 19,0 19,9 18,5 21,3 17,9 16,6 19,3
Sul 21,0 19,3 22,7 23,2 21,1 25,4 18,7 16,9 20,6 20,7 18,8 22,6 23,2 21,4 24,9
Centro-Oeste 23,7 22,6 24,9 27,4 25,8 28,9 20,2 18,8 21,7 23,6 22,3 25,0 24,3 22,7 25,9
13 a 15 anos
Brasil 13,6 13,0 14,2 14,8 13,9 15,7 12,5 11,7 13,2 13,5 12,8 14,2 14,2 13,4 15,0
Norte 10,5 9,3 11,8 12,4 10,5 14,4 8,8 7,6 10,1 10,3 9,0 11,7 12,9 11,6 14,1
Nordeste 8,5 7,7 9,3 9,9 8,9 11,0 7,2 6,3 8,0 8,2 7,3 9,1 10,2 9,4 10,9
Sudeste 15,7 14,5 16,9 16,4 14,5 18,2 15,0 13,5 16,5 16,0 14,5 17,4 14,6 13,2 16,0
Sul 16,6 15,0 18,3 17,6 15,6 19,5 15,7 13,6 17,9 16,4 14,5 18,3 17,8 16,0 19,6
Centro-Oeste 20,4 19,0 21,7 22,1 20,3 23,9 18,8 17,1 20,4 20,5 18,9 22,0 19,9 18,2 21,6
16 a 17 anos
Brasil 22,7 21,7 23,7 27,0 25,7 28,3 18,5 17,3 19,8 22,1 21,0 23,2 26,9 25,1 28,6
Norte 15,3 13,5 17,2 19,0 16,4 21,7 12,0 10,0 14,0 14,7 12,7 16,7 24,9 22,3 27,6
Nordeste 14,9 13,8 16,1 17,7 15,8 19,7 12,2 10,8 13,5 14,0 12,7 15,3 23,1 21,1 25,1
Sudeste 26,7 24,5 28,8 31,7 29,3 34,1 22,0 19,2 24,8 26,9 24,4 29,3 25,7 22,5 28,9
Sul 28,9 25,9 31,8 32,9 29,0 36,8 24,4 21,3 27,6 28,2 24,9 31,5 33,8 30,7 36,9
Centro-Oeste 30,1 28,1 32,1 37,1 34,4 39,8 23,1 20,8 25,4 29,5 27,3 31,7 34,3 31,3 37,3

Fonte: PeNSE 2019. 353

Figura 10-1. – Prevalência de adultos fumantes atuais (≥ 18 anos) de acordo com as unidades federativas brasileiras e os quartis de prevalência. Dados do VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 10-1

Figura 10-2. – Prevalência de adultos fumantes atualmente (≥ 18 anos) de acordo com as capitais dos estados brasileiros e Distrito Federal, por sexo. Dados do VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 10-2

Figura 11-3. – Porcentagem de adultos com sobrepeso (≥ 18 anos), Brasil, 2006-2021. Dados do VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 11-3

Figura 11-4. – Porcentagem de adultos com obesidade (≥ 18 anos), Brasil, 2006-2021. Dados do VIGITEL Brasil 2021. 252 .

Figura 11-4

Agradecimento

Agradecemos a Sra. Daniele Gullo pelo precioso auxílio na realização deste projeto e na editoração do manuscrito.

Footnotes

Vinculação Acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Aprovação Ética e Consentimento Informado

Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores.

Fontes de Financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

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Cardiovascular Statistics – Brazil 2023

Gláucia Maria Moraes de Oliveira 1,2, Luisa Campos Caldeira Brant 3,4, Carisi Anne Polanczyk 5,6,7, Deborah Carvalho Malta 3, Andreia Biolo 5,6,7, Bruno Ramos Nascimento 3,4,8, Maria de Fatima Marinho de Souza 3,9, Andrea Rocha De Lorenzo 2,10, Antonio Aurélio de Paiva Fagundes Júnior 11,12,13, Beatriz D Schaan 5,7, Christina Grüne de Souza e Silva 1,2, Fábio Morato de Castilho 3,4, Fernando Henpin Yue Cesena 14, Gabriel Porto Soares 1,15, Gesner Francisco Xavier Junior 3, Jose Augusto Soares Barreto Filho 16,17, Luiz Guilherme Passaglia 3,4, Marcelo Martins Pinto Filho 3,4, M Julia Machline-Carrion 18,19, Marcio Sommer Bittencourt 20, Octavio M Pontes Neto 21, Paolo Blanco Villela 1,2, Renato Azeredo Teixeira 3, Ricardo Stein 5, Roney Orismar Sampaio 22,23, Thomaz A Gaziano 24,25, Pablo Perel 26,27, Gregory A Roth 28, Antonio Luiz Pinho Ribeiro 3,4

ABOUT THESE STATISTICS

Abbreviations Used in this Introduction.

ACS Acute Coronary Syndrome
AF Atrial Fibrillation
CABG Coronary Artery Bypass Grafting
CCS Chronic Coronary Syndrome
ChD Chagas Disease
CHD Coronary Heart Disease
CI Confidence Interval
CINAHL Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
COVID-19 New coronavirus disease 2019
CV Cardiovascular
CVD Cardiovascular Disease
DALY Disability-Adjusted Life Year
DATASUS Brazilian Unified Health System Database
DeCS Descritores em Ciências da Saúde
ECG Electrocardiogram
ELSA-Brasil The Brazilian Longitudinal Study of Adult Health
FU Federative Unit
GBD Global Burden of Disease
GDP Gross Domestic Product
IBGE Brazilian Institute of Geography and Statistics (in Portuguese, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
ICD International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems
IHME Institute for Health Metrics and Evaluation
Int$ International dollars
IPCA Brazilian Consumer Price Index (in Portuguese, Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrievel System Online
MeSH Medical Subject Headings
NCD Non-Communicable Disease
NYHA New York Heart Association
PCI Percutaneous Coronary Intervention
PNS National Health Survey (in Portuguese, Pesquisa Nacional de Saúde)
PPP Purchasing Power Parity
R$ Reais, Brazilian currency
RECALL The Brazilian Registry of Chronic Atrial Fibrillation
RHD Rheumatic Heart Disease
SIH Brazilian Hospital Information System (in Portuguese, Sistema de Informações Hospitalares)
SIM Brazilian Mortality Information System (in Portuguese, Sistema de Informações sobre Mortalidade)
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde)
TTR Time in Therapeutic Range
UI Uncertainty Interval
US$ US dollars
VHD Valvular heart disease
YLD Year Lived with Disability
YLL Year of Life Lost

The publication Cardiovascular Statistics – Brazil aims to provide an annual compilation of data and research on the epidemiology of CVDs in Brazil. The report integrates official statistics from the Brazilian Ministry of Health and other governmental entities alongside data from the GBD project, coordinated by the IHME at the University of Washington. Additionally, it incorporates data derived from various sources and scientific studies, including cohorts and registries, that relate to CVDs and their associated risk factors. This publication is intended for a wide range of individuals, including researchers, clinicians, patients, healthcare policymakers, media professionals, the general public, and other interested parties seeking extensive national data about heart disease and stroke. Volunteer researchers from various Brazilian universities and research institutions carry out the project. The group is led by a five-member steering committee (ALPR, CAP, DCM, GMMO, and LCCB). The Brazilian Society of Cardiology fully supports this initiative, and the project receives collaborative support from the GBD Brazil Network 1 and an International Committee (GAR, PP, and TAG) from both the IHME/University of Washington (GAR) and the World Heart Federation (PP and TAG).

The first Cardiovascular Statistics – Brazil was released in 2020 2 and included chapters on total CVD and five specific conditions: cerebrovascular disease, coronary heart disease, cardiomyopathy and heart failure, and atrial fibrillation. The publication follows the methodology used by the American Heart Association to produce the annual Heart Disease & Stroke Statistics Update , 3 which also emphasizes epidemiological and public health data. The Cardiovascular Statistics – Brazil 2021 version 4 included the most recent data on those diseases and all-new chapters on CV risk behaviors and factors, specifically hypertension, diabetes, dyslipidemia, obesity, and smoking and tobacco use. A companion website lets users get graphs and maps based on the available data. These two first versions of Cardiovascular Statistics – Brazil 2 , 4 soon became a standard in the field and a natural source of information for stakeholders, health professionals, and researchers, being accessed more than 26 thousand times (only through the ABC Cardiol page) until November 2023.

The advent of the COVID-19 pandemic, which hit Brazil hard from February 2020 on and dominated the scene for the next two years, changed our lives and practices in a profound way. The number of deaths in Brazil reached the unbelievable toll of 700 000, and nearly 37 million persons were infected. 5 Health resources and research capacity in Brazil and everywhere were heavily directed to assist COVID-19 patients and better understand the disease and how to prevent and treat it. Since the beginning, it was clear that there was an interaction between COVID-19 and CVDs, because of not only the competition for health resources and mitigation policies that, although necessary, indirectly affected CV care, but also the possible interaction of the virus with the CV system, its prevention by vaccines, and some putative treatments. 6 However, we could not forecast that, as detailed in this version of the Cardiovascular Statistics - Brazil , COVID-19 would become the most important cause of death in Brazil in 2021, surpassing acute coronary syndrome and stroke. In this document, each chapter will cover the Brazilian data on the interaction of COVID-19 and CVDs and risk factors, highlighting the importance of the Brazilian research community in this field.

In addition to all these aspects widely discussed in scientific publications, conferences, and general media, the COVID-19 pandemic affected the timing and the way health data were collected and reported, causing delays and uncertainties in the statistics on mortality and disease burden in general. The co-existence and the higher lethality of COVID-19 in patients with chronic diseases, such as CVD, and the higher frequency of deaths occurring outside the hospital reduced the accuracy of the information on the cause of death, making the interpretation of the findings complex and challenging. 8 , 13 Epidemiologic studies were suspended or postponed, and the release of definite datasets from health authorities was delayed due to the strenuous work to give rapid information on the pandemic and the vaccination process. The IHME, which produces one of the main sources of the Cardiovascular Statistics – Brazil , has canceled the release of the GBD 2020, expected to be released in mid-2022, and has dedicated itself to estimating and forecasting data related to the pandemic. 16 , 17 Until now, we have not had a publicly available update on the latest version of the GBD 2019, and the publication of the GBD 2021 is estimated for early 2024.

The Cardiovascular Statistics – Brazil uses data from four different sources: (a) the Brazilian mortality and health information systems, provided by the government; (b) the most recent GBD estimates; (c) a systematic review of the literature with emphasis of what was published in the last 10 years; (d) healthcare utilization costs, based on the reimbursement Tables from the Public Health System. The absence of updated GBD estimates profoundly impacted our work: we had to cancel the release of the Cardiovascular Statistics – Brazil 2022 . We decided to publish the Cardiovascular Statistics – Brazil 2023 with the available data from the GBD study and other sources, adding (a) a new chapter on physical activity as a health habit related to CVDs, (b) sections on COVID-19 in specific CVDs and risk factors, and (c) a more detailed cost analysis. The Cardiovascular Statistics – Brazil 2024 , to be released by the end of 2024, will show the full dataset regarding the GBD 2021, to be published in the first semester of 2024.

In addition, this Cardiovascular Statistics – Brazil 2023 stresses that CVD is still responsible for nearly one-third of deaths in Brazil, disproportionally affecting the poorest stratum of its population, who has marked difficulties in access to high-quality health care. 18 , 19 COVID-19 exposed these inequalities, and the excess mortality was higher in the black/brown population 20 and excess CV mortality was greater in the less developed cities, possibly associated with healthcare collapse. 8 Having representative, reliable, and extensive national data on CVDs, risk behaviors, and factors is an obligatory step towards overcoming these inequalities and providing the best possible CV care to all Brazilians. This study gathers this information, which is essential to individual care and to plan the next steps of health policy in Brazil, 21 but also points out gaps in the knowledge to be filled with further studies. We all aspire for people to live longer and better, and knowing more about CV statistics to help confront CVDs is a good start to this goal.

Brazilian Mortality and Health Information Systems

The main sources of Brazilian data for Cardiovascular Statistics – Brazil are morbidity and mortality information systems (see below), periodic health surveys, such as the National Health Survey, and official population estimates:

A. Brazilian Mortality Information System (SIM): The SIM is responsible for collecting, storing, managing, and disseminating national mortality data. The Brazilian Ministry of Health uses a Standard Certificate of Death model, a document for collecting information on death that uses the ICD to code the causes of death; in addition, a flow of collection, processing, and distribution of death information has been implemented in all 5570 municipalities across the country. 22 - 27 The quality of statistics on causes of death in Brazil significantly improved in the last two decades, but data from the beginning of the 2000 decade is still of low quality, specifically in some parts of the country. 28 Knowing the heterogeneity of these indicators in Brazil, the Cardiovascular Statistics - Brazil report treated data to estimate information closer to real, with the correction for underreporting and redistribution of ill-defined causes of death. 25

B. Brazilian Hospital Information System (SIH): The SIH database registers all SUS-funded hospitalizations at the municipal level through the ‘Hospital Admission Authorization’, which has information about the diseases that led to hospitalization (using ICD-10), length of stay, procedures, and costs. 26 The SIH-SUS information permits the development of methodologies and the definition of indicators to identify geographical disparities related to hospital resources. 27

C. National Health Survey (PNS): The PNS is a household-based epidemiological survey, representative of Brazil, its large regions, FUs, metropolitan regions, capitals, and other municipalities in each FU. The first version of the PNS was conducted in 2013 with a sample of 64 348 households. In 2019, a second survey was conducted with more than 94 114 households. 28 Most health topics were included, such as NCDs, renal function, elderly, women, children, use of health services, health inequalities, and physical and laboratory measurements, as well as blood pressure and anthropometric measurements. 29

D. For population estimates, the most updated population estimates generated by the IBGE ( www.ibge.gov.br ) were used in the denominator. For the hospitalizations and cost analyses, we used the resident population estimated for the National Audit Office yearly from 2008 to 2021.

Global Burden of Disease Study

The GBD Study ( http://www.healthdata.org/gbd ) is the most comprehensive worldwide observational epidemiological study to date. It describes mortality and morbidity from major diseases, injuries, and risk factors at global, national, and regional levels. Examining trends from 1990 to the present and comparing populations enable an understanding of the changing health challenges faced by people worldwide in the 21st century. The GBD Brazil network 1 has been collaborating with the IHME, from the University of Washington, that leads the project in the world in the identification and provision of datasets, revision of models and estimates, validation and publication of the results for Brazil. 30 , 31 Details on how the estimates are calculated can be obtained on the IHME website ( http://www.healthdata.org/acting-data/what-we-measure-and-why ). The GBD 2019 is the latest dataset publicly available. 32 In 2022, an update for CVDs with limited data updated to 2021 was released – these estimates were also used in our report. 37 We summarize below the main estimates used in this document:

A. Estimates of deaths and causes of deaths. The main source of information is the SIM, a database from the Brazilian Ministry of Health, adjusted to other national and international sources. The IHME used methods for correcting for underreporting of deaths and “garbage code” deaths according to previously published algorithms, 38 updated in the newer versions of the study ( http://www.healthdata.org/acting-data/determining-causes-death-how-we-reclassify-miscoded-deaths ).

B. YLLs are years lost due to premature mortality. The YLLs are calculated by subtracting the age at death from the longest possible life expectancy for a person at that age. For example, if the longest life expectancy for men in a given country is 75 years, but a man dies of cancer at 65 years, this would be 10 years of life lost due to cancer.

C. YLDs, years lived with disability, can also be described as years lived in less-than-ideal health. This includes conditions such as influenza, which may last for only a few days, or epilepsy, which can last a lifetime. It is measured by taking the prevalence of the condition multiplied by the disability weight for that condition. Disability weights reflect the severity of different conditions and are developed through surveys of the general public.

D. DALY is the abbreviation for disability-adjusted life year. It is a universal metric that allows researchers and policymakers to compare very different populations and health conditions across time. The DALYs equal the sum of YLLs and YLDs. One DALY equals one lost year of healthy life. DALYs allow us to estimate the total number of years lost due to specific causes and risk factors at the country, regional, and global levels.

Systematic Review of the Literature

Descriptors for elaborating search strategies were selected in MeSH and DeCS, and controlled vocabularies were selected from MEDLINE and LILACS, respectively. Embase’s plan was designed with Emtree descriptors associated with MeSH. Free terms were also used, that is, significant keywords and their synonyms, spelling variations, and acronyms that are essential for searching in the searched domain, but which are not controlled descriptors (or are not in the synonym list of these descriptors). Importantly, the same descriptors were used in all search strategies to maintain search uniformity. However, search strategies were customized according to the specifics of each database. It is also noteworthy that the terms related to ‘Brazil’ were generally searched in all research fields (subject, author, title, institutional affiliation, journal name, etc.).

The selected bases for research were MEDLINE via PubMed, Embase, LILACS, CINAHL, Cochrane Library Scopus, and Web of Science. The following bibliographic research filters and limits were used: period of publication (2004-2022); languages: Portuguese, English, and Spanish; type of study/publication: Review, Meta-Analysis, Clinical Trial, Randomized Controlled Trial, Comparative Study, Practice Guideline, Guideline, Systematic Review, Evaluation Studies, Government Publications, and Multicenter Study. All references were managed using EndNote Web . From the search, articles were included if the studies were population- or community-based; nation- or state-wide studies were preferred. Moreover, articles set at health services or hospitals were included if the study was multicenter and had an adequate sample size (> 200 participants was the suggested cut-off), preferably. In addition to the articles identified by the systematic search, authors could include other studies found in the references of the searched articles or other articles they were aware of in their area of expertise, if the studies fulfilled the criteria above mentioned. Finally, which studies should be described in each chapter was mostly a decision of the experts commissioned to the specific theme.

Health Care Utilization

Healthcare costing studies have expressive methodologic variability and, thus, need to be carefully interpreted. In the present document, most of the cost data were gathered from the Public Health System reimbursement databases from 2008 to 2021. During this period, payment adjustment for inflation was neither performed regularly nor was homogeneous across CVD groups or procedures. The Brazilian inflation rate (based on the IPCA) from 2008 to 2018 was 76.3%, and the mean inflation for CV procedures was 43.5%. For some procedure codes, the adjustment was minimal; for coronary stenting, for example, it was 8.7%. Other procedures, however, were adjusted above the inflation rate, such as the treatment of arrhythmias (83.4%).

To minimize biases in reporting and interpreting cost data, a systematic approach was applied to all chapters. Overall costing studies were described in original currency (R$ or US$ in a specific year) and Int$. International dollars were converted to PPP adjusted for US$ 2021 (Int$ 2021) using the Campbell and Cochrane Economics Methods Group Evidence for Policy and Practice Information and Coordination Centre cost methodology. A two-stage approach is applied in this method. First, it adjusts the original estimate of cost from the original price-year to a target price-year, using a GDP deflator index, which, for this report, was the IPCA (Brazilian inflation rate). Second, it converts the price-year-adjusted cost estimate from the original currency to a target currency, using conversion rates based on the PPP for GDP (PPP values). 39 For original economic studies, when the base year of the currency was not reported or could not be inferred from the manuscript (e.g., last year of data collection), the recommendation was to assume the year before the paper’s publication.

HIGHLIGHTS

Chapter 1 – Total Cardiovascular Diseases

•Cardiovascular diseases used to be the number 1 cause of death in Brazil, where, of all CVDs, CHD was the leading cause of death, followed by stroke, in 1990 and 2019. According to the SIM, in 2021, COVID-19 became the leading cause of death among men and women.

•The early years of the COVID-19 pandemic, 2020 and 2021, showed a significant reduction in hospital admissions for all types of CVDs. Some factors should be considered, such as the increased number of cardiovascular deaths outside the hospital, reduced search for medical care, and hospital admission with concurrent CVD and COVID-19 being recorded as the primary diagnosis.

•More than R$ 1 billion is spent annually on cardiovascular surgical procedures in Brazil by the SUS.

Chapter 2 – Stroke (Cerebrovascular Diseases)

•Data from the GBD have shown that the age-standardized mortality rate per 100 000 from ischemic stroke in 2021 was 31.7 (28 to 33.9). The highest mortality was observed in the Maranhão state, 49.8 (42.8 to 56), and the lowest, in the Rio Grande do Norte state, 25 (21.1 to 27.9).

•Data from the GBD have shown that the age-standardized DALY rate per 100 000 due to ischemic stroke in 2021 was 511.4 (470.6 to 542.5). The highest DALY rate was observed in the Maranhão state, 759.8 (674.3 to 858), and the lowest, in the Rio Grande do Norte state, 407.1 (359.5 to 449.7).

•The costs related to stroke hospital admissions and adjusted for inflation from 2008 to 2021 sum up to US$ 1 195 975 877.98, varying from US$ 28 661 321.88, in 2008, to US$ 66 843 953.39, in 2021.

•In recent years, there have been several initiatives to improve awareness of stroke in the Brazil population, mainly around the World Stroke Day (October 29th) annual campaigns led by the World Stroke Organization. Despite these efforts, several studies have shown an alarming lack of knowledge about stroke risk factors and treatment, and recognition of stroke symptoms as a medical emergency.

Chapter 3 – Acute and Chronic Coronary Heart Disease

•According to the GBD estimates for the year 2021, the age-standardized mortality rate due to CHD was 67.1 (95% UI, 60.9-71.0) per 100 000 inhabitants in Brazil.

•The COVID-19 pandemic substantially impacted CHD-related statistics in Brazil. Data from the SUS have shown that hospital admissions due to CCS and ACS declined 12.8% (95% CI, 12.5%-13.2%) and 13.6% (95% CI, 13.3%-13.9%), respectively, during the pandemic in relation to average values in the preceding years (2017-2019). In-hospital mortality and the proportion of home deaths related to both CCS and ACS increased during the pandemic.

•The number of PCIs performed in Brazilian public hospitals more than doubled from 2008 to 2022, although the average ticket dropped by half (adjusted values: from R$ 12 916 in 2008 to R$ 6443 in 2022). The adjusted amount reimbursed per CABG (mean ticket) decreased by ~23% (from R$ 20 339 in 2008 to R$ 15 723 in 2021).

Chapter 4 – Cardiomyopathy and Heart Failure

•A study of DATASUS databases showed a reduction in hospitalization due to HF and myocardiopathy in Brazil during the COVID-19 pandemic, associated with an increase in the clinical severity of hospitalized patients as well as in the in-hospital deaths.

•Despite concerns about the impact of the COVID-19 and ChD coinfection, available data do not show an increased risk of death in these patients.

•Recent studies have confirmed a reduction in the prevalence of ChD and its mortality in Brazil in the last decades.

Chapter 5 – Valvular Heart Disease

•While the prevalence of RHD in Brazil remains relatively stable, with increases explained by better access to diagnosis and incorporation of latent disease into the models, the associated mortality tends to decrease.

•There is growing awareness about the disease in the region, reinforced by local research initiatives and programs.

•Changes in the epidemiological profile and age composition in Brazil are leading to a growing burden of non-rheumatic VHD, especially degenerative aortic and mitral valve disease, that requires specific actions and policies, notably by the public sector.

•There was a notable and multifactorial impact of the COVID-19 pandemic on hospital admissions associated with clinical and surgical management of VHD, and only in late 2021 and 2022 the numbers tended to resume to baseline levels. A similar pattern was observed for the associated costs.

•Considering budgetary constraints and the increasing costs of surgical and percutaneous procedures and devices, investments are required to treat VHD in Brazil, especially to address the specific needs that emerge from administrative and scientific data in the past years.

Chapter 6 – Atrial Fibrillation and Atrial Flutter

•In the ELSA-Brasil cohort study, which included 14 424 adults with valid ECG (45.8% men; mean age 51 years, age range 35-74 years), the AF and atrial flutter prevalence ascertained by ECG or self-report was 2.5%.

•In the RECALL multicenter prospective registry that included and followed 4585 patients with AF up for 1 year at 89 sites across Brazil from April 2012 to August 2019, death occurred in 8.8/100 patients/year (95% CI, 8.0-9.6) and was associated in multivariable models with older age, permanent AF, NYHA class III/IV, chronic kidney disease, peripheral arterial disease, stroke, chronic obstructive pulmonary disease, and dementia. The use of anticoagulants was associated with lower mortality. Patients with TTR <60% had higher mortality and more major bleeding events compared to patients with TTR ≥60%.

•There was a reduction in hospitalizations and procedures for AF during the COVID-19 pandemic period, particularly in 2020. This reduction was probably related to the indirect effects of the pandemic, during which there was a decrease in cardiovascular hospitalizations in general in Brazil and worldwide.

Chapter 7 – Hypertension

•The percentage of patients aged 18 years or older with a self-reported diagnosis of hypertension in the Brazilian capitals (Vigitel) was 26.3% in 2021.

•The association of hypertension and hypertension control with social determinants of health, such as urbanization, sex, and race, has been repeatedly shown in Brazil in recent years.

•During the COVID-19 pandemic, there was a change in the hypertension prevalence from a stable trend (from 2007 to 2019) to a slight rise in 2020 and 2021 in the Brazilian capitals, according to the Vigitel data.

Chapter 8 – Dyslipidemia

•The PNS 2019 used the self-reported diagnosis of high cholesterol levels, and, among the 88 531 adults assessed, a 14.6% prevalence of high cholesterol was identified. The factors most strongly associated with that condition, measured with their PR, were as follows: female sex; age ≥ 60 years; healthcare insurance coverage; poor or very poor health self-assessment; hypertension; diabetes; renal failure; obesity; former tobacco use; alcohol abuse; active leisure time.

•Studies on the role of subclinical atherosclerosis markers in medical practice and on the effect of their use on the clinical treatment modification, as well as on the cost-effectiveness of their use, are required.

•The frequency of dyslipidemia screening, treatment, and control in Brazil, according to sex and age groups, needs to be assessed. In addition, the impact of dyslipidemia on the health system, including costs, has yet to be assessed comprehensively.

Chapter 9 – Diabetes Mellitus

•There has been a reduction in the number of cases of unknown diabetes in Brazil, which might have resulted from the higher diabetes screening rate and wider access to diagnosis. However, inequalities still characterize access to diagnosis, which is higher among women, self-reported white individuals, the elderly, and those with higher educational level, and lower among self-reported black individuals, those living in rural areas, and those without private health insurance coverage.

•The healthcare indicators of individuals with diabetes have been monitored, showing an increase in the number of individuals receiving medical treatment. However, the screening percentage for chronic complications has worsened in men, younger individuals, black individuals, and those with lower socioeconomic and educational levels.

•Similarly to data from other countries, Brazilian data have shown that severe acute respiratory syndrome due to COVID-19 has increased the likelihood of intensive care unit admission and mortality of individuals with diabetes as compared to those without diabetes.

Chapter 10 – Smoking and Tobacco Use

•The prevalence of smoking in the adult population points to a total decrease (0.7%) from 2019 to 2021 for both sexes.

•The prevalence of use of other tobacco products in the last 30 days among adolescents increased from 2015 (7.2%; 95% CI 6.1-8.2%) to 2019 (12.4%; 95% CI, 11.8-12.9%).

•The prevalence of the use of e-cigarettes among individuals aged 15 to 65 years increased from 0.45% in 2015 to 0.72% in 2019.

•The total economic burden attributable to tobacco in Brazil in 2020 was US$ 24.3 billion, representing 1.9% of the GDP and 7.8% of the national health expenditures.

Chapter 11 – Obesity and Overweight

•There was an upward trend in the percentage of overweight and obesity in Brazilian capital cities, from 2006 to 2021, according to VIGITEL data. Most Brazilian capitals showed higher percentages of obesity than the national values, for both sexes, except for Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis, Palmas, Rio de Janeiro, Salvador, São Luis, Teresina, and Vitória.

•In Brazilian capital cities, the percentage of all adults (age ≥18 years) with obesity in 2021 was 22.4% (22.0% for men and 22.6% for women). A progressive increase of obesity was observed with age increase, ranging from 12.2% in the age group of 18-24 years to 26.2% in the age group of 45 - 54 years. For the age group of 60+ years, there was a slight reduction in the obesity prevalence, 21.8%.

•An increase in obesity prevalence has also been observed among Brazilian children and adolescents.

Chapter 12 – Physical Activity

•Despite the increasing knowledge about the cardiovascular benefits of regular physical activity and the trend towards a reduction in physical inactivity among Brazilians in recent years, almost half of the Brazilian population does not meet the recommended minimum level of physical activity, the worse figures being found among women, elderly individuals, and those with lower educational levels.

•That scenario has been compounded by the COVID-19 pandemic, with an increase in the time dedicated to sedentary behaviors in the entire country, mainly among women and young adults aged 18-29 years.

•Data from the GBD 2019 have shown that despite the 47.6% reduction in the mortality rate from CVD attributable to low levels of physical activity between 1990 and 2019, 7.6% of all deaths due to CVD in Brazil are still attributed to that risk factor.

CHAPTER 1 – TOTAL CARDIOVASCULAR DISEASES

ICD-9 390 to 459; ICD-10 I00 to I99.

See Tables 1-1 through 1-7 and Charts 1-1 through 1-7

Abbreviations used in this chapter.

CABG Coronary Artery Bypass Grafting
CHD Coronary Heart Disease
CI Confidence Interval
COVID-19 Coronavirus Disease 2019
CVD Cardiovascular Diseases
DALYs Disability-Adjusted Life Years
DATASUS Brazilian Unified Health System Database
ELSA-Brasil The Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (in Portuguese , Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto )
FU Federative Unit
GBD Global Burden of Disease
GDP Gross Domestic Product
HDI Human Development Index
HDIm Municipal Human Development Index
HF Heart Failure
IBGE Brazilian Institute of Geography and Statistics
ICD International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems
NCD Non-Communicable Disease
NCDP Non-Communicable Disease of Poverty
OR Odds Ratio
SIDRA IBGE Automated Retrieval System (in Portuguese, Sistema IBGE de Recuperação Automática)
SIM Brazilian Mortality Information System (in Portuguese, Sistema de Informações sobre Mortalidade )
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
UI Uncertainty Interval
WHO World Health Organization

Overview

•Noncommunicable diseases comprise the world’s leading group of causes of death, responsible for premature deaths, loss of quality of life, and adverse economic and social impacts. The NCDs are responsible for approximately 70% of global deaths, equivalent to more than 38 million deaths annually, significantly exceeding deaths from external causes and infectious diseases. 40 - 43 Of all deaths due to NCD worldwide, nearly 33%, over 18 million, result from CVD. A similar distribution is observed in Brazil, where 72% of deaths are due to NCD, of which 30% are due to CVD and 16% to neoplasms ( Chart 1-1 ). 31 , 44 , 45

Chart 1-1. – Proportional mortality due to infectious diseases (ICD-10 Chap, I) and cardiovascular diseases (Chap, IX) in relation to total deaths, Brazil, 2021. CVD: cardiovascular diseases, Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49 .

Chart 1-1

•The definition of CVD may vary according to the study, from including all diseases listed in ICD-10 Chapter IX to just grouping together the three leading conditions (CHD, stroke, and other heart diseases). For the GBD, the definition of total CVD comprises ten conditions: rheumatic heart disease, CHD, cerebrovascular disease, hypertensive heart disease, cardiomyopathy, myocarditis, atrial fibrillation and flutter, aortic aneurysm, peripheral vascular disease, and endocarditis. 46

•Cardiovascular disease is the leading cause of premature death worldwide, responsible for approximately one-third of all deaths. This number is expected to increase in the future. 47

•Cardiovascular diseases used to be the number 1 cause of death in Brazil. According to the GBD Study 2019 estimates, CHD was the leading cause of death in the country, followed by stroke in both 1990 and 2019. In fact, in 2019, CHD was the leading cause of death in all Brazilian FUs, except for the state of Amazonas, in the Northern region. Three states in that region, Acre, Amapá, and Pará, showed no significant difference regarding mortality rates due to CHD and stroke. 4

•In 2021, due to the COVID-19 pandemic, CVDs were no longer the leading cause of death, giving way to infectious and contagious diseases in most Brazilian FUs, according to data from the SIM ( Chart 1-1 ). 11

•In 2021, COVID-19 became the leading cause of death among men and women. Among men, the second leading cause of death was CHD, followed by cerebrovascular diseases. Among women, this order reversed, with cerebrovascular diseases being the second leading cause and CHD, the third ( Table 1-1 ). 12

Table 1-1. – COVID-19 was the first of 10 leading causes of death in Brazil in 2021.

Male Rank Cause % Female Rank Cause %
1 COVID-19 24.3 1 COVID-19 24.0
2 Ischemic heart disease 6.9 2 Cerebrovascular disease 6.4
3 Cerebrovascular disease 5.3 3 Ischemic heart disease 6.0
4 Homicide 3.9 4 Diabetes mellitus 5.2
5 Lower respiratory infections 3.8 5 Lower respiratory infections 4.4
6 Diabetes mellitus 3.6 6 Alzheimer and other dementias 2.7
7 Road traffic accidents 2.6 7 Breast cancer 2.3
8 Chronic obstructive pulmonary disease 2 8 Chronic obstructive pulmonary disease 2.0
9 Cirrhosis of the liver 1.7 9 Hypertensive disease 1.8
10 Prostate cancer 1.6 10 Tracheal, bronchial and lung cancers 1.6

Source: Ministry of Health of Brazil Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49

Prevalence

•The prevalence of CVD increases as people age, regardless of gender. However, the difference in prevalence between males and females is more significant among children under 5 years of age. From 5 years to 44 years, women have a higher prevalence, but, after 44 years, the prevalence among men increases and the difference between genders is highest in the age group of 60-69 years, as shown in Chart 1-2 . 48

Chart 1-2. – Prevalence of cardiovascular diseases among males and females by age group and prevalence ratio, Brazil, 2021. Data from the Global Burden of Disease Collaborative Network, Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Chart 1-2

•According to a recent update of the GBD data, the prevalence rate of CVD in Brazil in 2021 was 6.9% (6.4-7.4) for both sexes, with a higher rate among males 7.6% (7.0-8.1) than females 6.3% (6.0-6.9). 48 , 49

•Gonçalves et al . published in 2019 a cross-sectional study from the Brazilian National Health Survey conducted in 2013 on a sample of 60 202 adults over 18 years of age, stratified by sex and age groups, using a hierarchical binary logistic regression model. The self-reported diagnosis of heart disease in Brazil was 4.2% (95% CI, 4.0 - 4.3), being associated with the female sex (OR = 1.1; 95% CI, 1.1 - 1.1), individuals 65 years and older (OR = 4.7; 95% CI, 3.3 ‒ 5), hypertension (OR = 2.4; 95% CI, 2.2 ‒ 2.7), elevated cholesterol (OR = 1.6; 95% CI, 1.5 ‒ 1.8), overweight (OR = 1.5; 95% CI, 1.4 ‒ 1.8) or obesity (OR = 2.0; 95% CI, 1.7 ‒ 2.2), sedentary behavior (OR=1.5; 95% CI, 1.02 ‒ 2.1), and tobacco use (OR = 1.2; 95% CI, 1.03 ‒ 1.3). 50

•In the ELSA-Brasil, a cohort study that included 15 105 civil servants from six academic institutions (54% women, 35-74 years, with baseline assessment between 2008 and 2010), the self-reported prevalence of CVD was as follows: CHD, 4.7% (men=5.7%, women=4.0%); HF, 1.5% (men=1.9%, women=1.5%); stroke, 1.3% for both sexes; rheumatic fever, 2.9% (men=2.2%, women=3.4%); and Chagas disease, 0.4%, for both sexes. 51

•According to the 2013 Brazilian National Health Survey, the percentage of people in Brazil with ideal cardiovascular health was less than 1%. This percentage was even lower among men, individuals over 60 years of age, and those living in the Brazilian Southern region. International studies have found similar outcomes, indicating that the prevalence of ideal cardiovascular health in the Southern Cone countries (Argentina, Chile, and Uruguay) and the United States is less than 1% and null, respectively. 52

•According to the Brazilian National Health Survey, in 2019, there were 12 946 932 individuals with CVD in Brazil, and 51% of them were men. The prevalence rate of CVD decreased among the elderly but increased among males and females aged 15-49 years. 53

Incidence

•According to the GBD Study 2019, the age-standardized incidence rate of CVD in Brazil in 2019 was 475 (95% UI, 447-507) per 100 000 inhabitants. From 1990 to 2019, that rate decreased -20% (-22 to -18). 4 The latest GBD estimates for CVD are from 2019 and have been discussed in the previous version of the Cardiovascular Statistics – Brazil (2021). 4 Updated GBD estimates had not been made available until the completion of this document.

•Globally, there is an increasing incidence of non-communicable diseases of poverty (NCDP), including CVDs (mainly heart disease and stroke), diabetes, osteoarthritis, and several types of cancers (breast, prostate, liver, kidney, and colon). Despite the well-established epidemiological transition from infectious diseases to NCD, high levels of various infectious diseases continue to occur concomitantly with NCD, the former often associated with poorly maintained or limited infrastructure, inadequate housing, crowding, and unsanitary conditions. While this is particularly so in poor countries, it is also true among poor communities in high-income settings. 53 , 54

Mortality

•Data from the GBD Study 2021 reveal that, although mortality rates from CVD in Brazil significantly decreased over the past few years, the total number of deaths due to CVD increased because of population growth and aging ( Chart 1-4 ). The age-standardized mortality rate per 100 000 inhabitants was 348.5 (325;359.5) in 1990 and 162.2 (145.8;171.5) in 2021, decreasing by -53.5%. The age-standardized mortality rates were higher for men throughout the whole period, and the percent decrease was higher for women (-56%) than for men (-50.5%). 48

Chart 1-4. – Trends of cardiovascular diseases crude death rates in Brazil, male and female, 2017-2021. Data from the Ministry of Health of Brazil Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49 .

Chart 1-4

•A variation has been observed among the Brazilian states, with the five highest rates observed in Maranhão, Roraima, Amapá, Alagoas, Tocantins, Pernambuco, and Rio de Janeiro. The lowest five rates were observed in Amazonas, Rio Grande do Sul, Bahia, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Mato Grosso, and Santa Catarina ( Chart 1-3 and Table 1-2 ). 48

Chart 1-3. – Standardized death rate due to cardiovascular diseases, both sex, Brazil and Federative Units, 2021. Data from the Global Burden of Disease Collaborative Network, Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Chart 1-3

Table 1-2. – Age standardized mortality rates due to cardiovascular diseases, Brazil and Federative Units, 2021.

Federative Units Mortality
Acre 168.8(153.6-181.3)
Alagoas 203.8(178.4-228.3)
Amapá 176(154.9-198.3)
Amazonas 145.2(130.7-157.6)
Bahia 148(130.6-164.3)
Ceará 164(141.1-185.4)
Distrito Federal 172(153.8-188.1)
Espírito Santo 165.9(145.4-180.8)
Goiás 159.2(142.4-174.1)
Maranhão 218.1(196.1-241.4)
Mato Grosso 151.7(133.6-165.8)
Mato Grosso do Sul 170.9(153.5-188.6)
Minas Gerais 135.6(120.4-147.7)
Pará 168.2(143.5-196.1)
Paraíba 169.5(154.2-185.3)
Paraná 158.7(144.9-172.8)
Pernambuco 181.2(158.2-197.7)
Piaui 174(149.3-194.7)
Rio de Janeiro 182.1(160.3-200.7)
Rio Grande do Norte 148.5(130.7-164)
Rio Grande do Sul 147.3(133.5-159.8)
Rondônia 156.2(135.4-176)
Roraima 211.6(182.7-243)
Santa Catarina 150.9(132.4-164.3)
São Paulo 168.9(148.5-186.4)
Sergipe 151.9(135-165.7)
Tocantins 190.2(168.6-214.6)
Brazil 162.2(145.8-171.5)

Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

•In 2021, Brazil experienced a significant shift in its mortality profile due to the pandemic. For the first time, infectious diseases became the primary cause of death, surpassing CVDs by over 100 000 deaths. Infectious diseases accounted for 27% of all deaths, with 486 667 deaths, while CVD caused 382 507 deaths, representing 21% of all deaths. Among infectious diseases, COVID-19 was the leading cause of death, with 424 461 deaths in 2021. 48

•The mortality rate from CVD is higher in males than females in nearly all age groups. As shown in Chart 1-5 , the ‘male to female’ ratio peaks in the age group ‘50-69 years’ and declines up to the age group ‘90-94 years. However, after the age of 95 years, females have a higher mortality rate than males. 48

Chart 1-5. – Male to female cardiovascular disease mortality rate ratio by age group, Brazil, 2021. Data from the Global Burden of Disease Collaborative Network, Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Chart 1-5

•Before the COVID-19 pandemic, CVD was the leading cause of death globally and, in 2019, 58% of the deaths in Asia were due to CVD. The WHO has established a global action plan for the year 2025, aiming to reduce by 25% the number of premature deaths from NCDs, including CVD. 55

•In Brazil, Mansur et al . have shown that the age-standardized CVD mortality rate has declined significantly in recent decades. A 2016 study analyzed CVD mortality rates from the age of 30 years and older, by sex, per 100 000 inhabitants. The annual variations in cardiovascular mortality for the periods 1980-2006 and 2007-2012 were, respectively: for both sexes: -1.5% and -0.8%; men: -1.4% and -0.6%; women: -1.7% and -1.0%. 56

•Baptista et al . have investigated how age composition and age-specific mortality rates are related to the observed difference in deaths from CVD in the adult population by sex, in Brazilian microregions from 1996 to 2015. After correcting for underreporting of death counts, they suggested that there was a decline in the rates of deaths from CVD in the period studied. However, the main driver of the change in mortality rates was heterogeneous across Brazilian microregions. In general, in the most socioeconomically developed areas, the age structure was more importantly related to the mortality rates, with older populations dying from CVD. Interestingly, there were differences in the main drivers of CVD mortality even within the Brazilian regions and FUs. 57

•Malta et al. have compared the historical series of CVD mortality rates in Brazil using the SIM database with and without correction and the GBD 2017 estimates between 2000 and 2017. The authors pointed out that the increase in mortality rates observed in 2017 in some Northern and Northeastern FUs was due to the improvement in death registration and better classification of underlying causes of death in recent years. 25

•Brant et al. , analyzing GBD 2015 data, have observed a decrease in age-standardized CVD mortality rate from 429.5 (1990) to 256.0 (2015) per 100 000 inhabitants (-40.4%), with marked differences across the FUs. That decrease was more pronounced in the FUs of the Southeastern and Southern regions and the Distrito Federal, regions that concentrate the largest populations and income, and more modest in most Northern and Northeastern states. 46

•The Family Health Program coverage was associated with a reduction in hospitalizations and mortality from CVD that were included in Brazil’s national ambulatory care-sensitive list, and its effect increased according to the duration of the Family Health Program implementation in the municipality. Rasella et al . have observed reductions in the mortalities from cerebrovascular disease and heart disease of 0.82 (95% CI, 0.79 - 0.86) and 0.79 (95% CI, 0.75 - 0.80), respectively, reaching 0.69 (0.66 - 0.73) and 0.64 (0.59 - 0.68), respectively, when the Family Health Program coverage was consolidated during all 8 years studied. 58

•Research has shown that there is a strong association between low socioeconomic status and a higher burden of CVD. As the socioeconomic status increases, CVD rates tend to decrease. This suggests that improvements in the local socioeconomic conditions have led to a reduction in CVD mortality, a finding consistent with that of other studies. 59

•Lotufo et al . have compared three different household income levels (high, middle, and low) with mortality rates due to CVD in the city of São Paulo from 1996 to 2010. The annual percent change and 95% CI for men living in the high-, middle-, and low-income areas were -4.1 (-4.5 to -3.8), -3.0 (-3.5 to -2.6), and -2.5 (-2.8 to -2.1), respectively. The trend rates of women living in the high-income areas were -4.4 (-4.8 to -3.9) in 1996-2005 and -2.6 (-3.8 to -1.4) in 2005-2010. The reduction in deaths due to CVD was more significant for men and women living in the wealthiest neighborhoods, with a greater declining risk of death gradient for those living in the wealthiest areas compared to the most deprived neighborhoods. 60

•An inverse association of the HDIm and the supplementary health coverage with mortality due to CVD was observed, suggesting a relationship between socioeconomic factors and CVD. The HDIm increased between 2000 and 2010 in all FUs, in half of which it was 0.7 or higher. Supplementary health coverage increased in the country during the study period and was inversely associated with mortality due to CVD between 2004 and 2013. 61

•Soares et al . have observed a decrease in CVD mortality in the states of Rio de Janeiro, São Paulo, and Rio Grande do Sul that preceded improvement in the socioeconomic index. The GDP per capita evolution, the child mortality decline, a higher educational level (represented by the schooling years of individuals over 25 years), and the HDIm showed a high correlation with the reduction in the CVD mortality rate. A reduction in the mortality rates due to DCV, stroke, and CHD in the state of Rio de Janeiro in past decades was preceded by an increase in the HDI. An increment of 0.1 in the HDI correlated with the following reductions in the number of deaths per 100 000 inhabitants: 53.5 for DCV; 30.2 for stroke; and 10.0 for CHD. 62 , 63

•Baptista et al . have investigated the relationship between CVD mortality rate and economic development over time and space, measured by GDP per capita, in Brazilian microregions from 2001 to 2015. Using nationwide databases (SIM, DATASUS and SIDRA, IBGE) the authors observed a rapid decline in CVD mortality in the Southern and Southeastern microregions and a slower decline in the West-Central region. On the other hand, the Northern and Northeastern regions had an increased CVD mortality over time, maybe due to lower access to healthcare and socioeconomic factors. 64

•Silveira et al ., studying the effect of ambient temperature on cardiovascular mortality in 27 Brazilian cities, have observed a higher number of cardiovascular deaths associated with low and high temperatures in most Brazilian cities and the West-Central, Northern, Southern, and Southeastern regions. The overall relative risk for Brazil was 1.26 (95% CI, 1.17–1.35) for the 1stpercentile of temperature and 1.07 (95% CI, 1.01–1.13) for the 99thpercentile of temperature versus the 79thpercentile (27.7 °C), whose relative risk was the lowest. 65

Burden of Disease

•CVDs not only impact population mortality or reduce life expectancy but also generate disability, thereby extending the period of life during which an individual, once affected, becomes unproductive or dependent on others for performing daily activities. Additionally, individuals may lose their economically productive capacity. Table 1-3 presents the DALYs for 2021, categorized by age group and further adjusted by age for men and women in Brazil. 48

Table 1-3. – Rates of DALYs due to cardiovascular diseases by age, sex, and year, in Brazil, 2021.

Age group (years) Female Male Both
Under 5 327.8(260.1;394.8) 383.9(308;472.4) 356.5(286.1;432.5)
5 to 19 198.1(167.6;235.1) 231.2(200.4;269.7) 214.9(185.7;251.6)
20 to 24 439.6(384.6;494.9) 608.4(552.8;683.7) 524.6(472.5;586.1)
25 to 29 546.4(480.6;613.8) 793.1(739.1;863.7) 668.4(613.3;733.6)
30 to 34 775.9(698.5;861.4) 1190.5(1111.4;1272.3) 978.9(904.8;1055.6)
35 to 39 1198.1(1096.1;1296.4) 1842.9(1739.1;1970.9) 1513.7(1439.4;1602.8)
40 to 44 1955.9(1814.5;2100.1) 3061.7(2905.8;3293.4) 2493(2381.7;2634.4)
45 to 49 2957.4(2776.7;3140.4) 4816(4573.4;5128) 3857.8(3675.1;4030.6)
50 to 54 4034.7(3829.6;4251.5) 7509.3(7126.1;7954.9) 5699.7(5478.4;5943.6)
55 to 59 5396.1(5096.8;5655.6) 10411.1(9888.5;11071) 7761.3(7446.2;8148.5)
60 to 64 7582.7(7157.8;8013.5) 14377.2(13743.6;15250.1) 10724.5(10227.3;11241.4)
65 to 69 10440.7(9551.5;10999.4) 18468.3(17560.5;19567.3) 14100.1(13252.9;14825.6)
70 to 74 13847.1(12713.4;14787.4) 22435.5(21179.5;23838.4) 17700.4(16549.4;18565)
75 to 79 18640.7(16866.6;19781.3) 27676.6(25780;29487) 22551.3(20604.1;23670.6)
80 to 84 24129(20672.6;26360.9) 32268.2(28825.4;34642.2) 27434.4(24030;29537.3)
85 to 89 30302.1(24656.6;33410) 37590.2(32959.5;40444.5) 33002.3(27682.6;35861)
90 to 94 36517.8(28368.6;41236) 39737.4(33252.6;43645.7) 37646(30075.8;42020.3)
95 plus 40754.9(30729.3;46726.8) 36987.3(29033.6;41740.1) 39576.6(30225.9;45134.3)
All Ages 2810.8(2594.7;2989.8) 4462.4(4215.9;4722.8) 3568.9(3343.4;3729.7)
Age-standardized 3389.8(3126.3;3610.1) 4713.5(4462.7;4992.9) 4035.5(3789.2;4219.2)

Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

•The distribution of NCD mortality is highly unequal, as 86% of premature deaths caused by NCDs before age 70 years are found in low- and middle-income countries. While there has been a global decrease in the incidence rates, CVDs remain the leading cause of NCD mortality. Additionally, diabetes-related deaths have increased worldwide in all regions over the past 30 years. Annual changes in the rates of DALYs and mortality per 100 000 vary among regions with diverse development profiles. This highlights the difference in the impact of various factors on health outcomes. 54

Health Care Utilization and Cost

•In Brazil, from 2008 to 2021, hospital admissions due to cardiovascular diseases increased until 2019 and dropped in 2020 and 2021, corresponding to 89,000 fewer hospital admissions 2020 than in 2019, a 12% reduction. Hospitalizations for clinical conditions showed a trend to decrease in the last decades, while those related to procedures or surgical interventions increased during this period ( Tables 1-4 and 1-5 ). 49 Ischemic heart diseases, cerebrovascular diseases, cardiac failure, and arrhythmia accounted for 68% of all cardiovascular disease hospital admissions ( Table 1-4 ). 49

Table 1-4. – Total number of hospitalizations for clinical procedures for cardiovascular diseases in the SUS by competence year, Brazil, 2008 to 2021.

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
Ischemic Heart disease 12,393 9,743 9,300 8,497 8,000 7,197 7,581 6,403 6,317 6,171 6,292 6,703 5,099 4,559 104,255
Cerebrovascular disease 159,545 176,047 181,035 184,751 182,065 183,043 187,110 191,678 195,787 198,068 203,066 211,149 199,126 206,518 2,658,988
Valvular disease 3,237 4,156 3,526 3,637 3,285 2,996 2,753 2,400 2,244 2,231 2,330 2,289 1,536 1,597 38,217
Atrial Fibrillation 29,034 28,174 28,382 28,583 28,760 28,268 29,799 29,754 29,889 30,265 30,958 32,753 26,764 25,283 406,666
Acute MI 47,358 50,987 55,513 58,194 59,562 58,552 62,809 66,647 70,441 71,835 74,569 80,614 76,444 81,143 914,668
Heart Failure 298,474 297,763 289,110 284,844 264,469 254,285 243,913 240,832 236,358 230,297 222,394 222,620 187,770 181,441 3,454,570
Cardiomyopathies 2,092 2,363 2,459 2,302 2,357 2,293 2,370 2,230 2,250 1,997 2,251 2,390 1,899 1,868 31,121
Acute coronary Syndrome 63,300 68,833 72,912 71,523 75,734 73,432 76,945 72,686 70,430 70,713 68,413 70,204 56,583 52,827 964,535
Total 615,433 638,066 642,237 642,331 624,232 610,066 613,280 612,630 613,716 611,577 610,273 628,722 555,221 555,236 8,573,020

Source: Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49

•The number of hospital admissions for CVDs after the year 2020 showed a significant reduction in all Brazilian regions, as depicted in Chart 1-6 . The Southeastern Region had the highest number of CVD hospital admissions, with a drop of 77 000 admissions in 2020, a reduction of 15%. All regions showed reduced CVD hospital admissions in 2020 and 2021, Chart 1-6 . 49

Chart 1-6. – Hospital admissions for cardiovascular disease according to the Brazilian regions, 2010-2022. Data from Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49 .

Chart 1-6

•The early years of the COVID-19 pandemic, 2020 and 2021, showed a significant reduction in hospital admissions for all types of diseases of the circulatory system ( Chart 1-6 ). 49 Some factors should be considered. Hypotheses, such as increased number of cardiovascular deaths outside the hospital, reduced search for medical care, and hospital admission with concurrent CVD and COVID-19 being recorded as the primary diagnosis, could explain these data.

•The number of hospital admissions for acute myocardial infarction increased by 50% from 2010 to 2021. There were 61 000 hospital admissions in 2010 and 93 000 in 2021. Acute myocardial infarction slightly decreased in 2020 and increased in 2021 ( Table 1-4 ). 49 Primary angioplasties increase significantly in the last 10 years in the SUS in both absolute numbers and adjusted for population ( Table 1-5 ). 49

Table 1-5. – Total number of hospitalizations for surgical procedures for cardiovascular diseases in the SUS by competence year, Brazil, 2008 to 2021.

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
Atrial Fibrillation Ablation 68 72 90 85 123 139 143 161 124 120 125 163 120 161 1,694
Coronary angioplasty 38,635 45,648 49,492 55,931 60,959 63,838 66,492 66,550 69,802 73,971 78,575 85,518 77,846 80,190 913,447
CABG 20,515 22,077 21,225 23,187 23,900 23,249 22,997 22,559 22,248 21,474 20,674 21,018 16,554 15,932 297,609
Valvar surgery 12,201 12,664 12,169 13,181 13,435 13,067 12,993 12,624 12,432 12,277 12,088 12,771 9,198 8,759 169,859
Primary angioplasty 7,648 6,362 6,262 6,033 5,865 6,055 7,135 8,524 10,195 10,774 10,811 11,099 11,253 11,795 119,811
Cardiomyopathy 15 43 13 21 28 23 20 18 32 29 26 24 18 14 324
Other valvar diseases 451 477 445 486 456 527 515 513 399 427 391 450 399 470 6,406
Mitral valvuloplasty 477 551 478 473 403 431 408 341 206 236 200 195 129 159 4,687
Total 80,010 87,894 90,174 99,397 105,169 107,329 110,703 111,290 115,438 119,308 122,890 131,238 115,517 117,480 1,513,837

Source: Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49

•Over the last 14 years, in Brazil, there has been a significant reduction in hospitalizations for HF, an increase in annual hospitalizations for acute myocardial infarction and cerebrovascular diseases, and flat trends in other groups of clinical procedures ( Table 1-4 ). 49

•Regarding the surgical approaches in the same years, there was a great increase in the annual number of coronary angioplasties and a trend towards decreases of surgical revascularization, and stability in the number of other surgical procedures ( Chart 1-7 ). 49

Chart 1-7. – Total amount paid and number of surgical procedures per year in the SUS, Brazil, from 2008 to 2021. CABG: coronary artery bypass grafting; IPCA: Brazilian consumer price index, Data from Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49 .

Chart 1-7

•From 2008 to 2010, the SUS paid for clinical admissions an average of R$1,4 billion per year; from 2017 to 2019, an average of R$1,1 billion, and from 2020 to 2021, it was 993 million per year ( Table 1-6 ). Surgical procedures were paid $1,4 billion, $1,3 billion, and $1,1 billion, respectively. Although the number of admissions due to cardiovascular conditions more than doubled during this last decade, there was a significant reduction in the reimbursement for cardiovascular diseases ( Chart 1-7 and Table 1-7 ) . 49

Table 1-6. – Adjusted amount paid (in Reais) of clinical hospitalizations for cardiovascular diseases by competence year, Brazil, 2008 to 2021.

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ischemic Heart disease 17,473,695 14,515,852 13,375,022 11,971,544 10,232,200 8,917,122 9,968,291 7,750,106 7,256,573 7,090,575 7,061,618 7,770,301 6,019,912 5,239,722
Cerebrovascular disease 318,306,994 398,722,244 403,265,605 393,470,650 393,157,770 387,626,894 389,295,216 380,584,520 359,325,511 348,788,550 356,413,503 364,584,254 348,288,096 350,863,859
Valvular disease 2,357,047 3,362,521 2,919,687 3,077,011 2,714,235 2,565,230 2,541,501 2,521,358 2,282,181 2,151,729 2,543,861 2,399,303 1,755,725 1,613,260
Atrial Fibrillation 30,900,437 36,806,646 37,599,982 36,117,396 36,633,135 33,928,480 36,315,140 35,172,431 32,597,899 33,400,513 33,577,340 34,490,032 29,215,902 27,237,974
Acute MI 145,683,996 178,378,823 188,575,764 186,393,207 188,636,874 180,519,838 191,841,885 194,066,706 183,785,925 174,865,678 178,459,141 181,336,606 168,242,806 167,576,265
Heart Failure 610,079,105 683,083,024 665,130,816 632,953,807 571,113,086 546,610,902 523,214,027 508,987,795 470,752,097 444,528,797 434,269,861 431,135,829 369,639,100 356,801,947
Cardiomyopathies 2,885,134 4,023,341 4,347,884 3,638,104 3,795,299 3,910,733 4,325,566 4,043,157 4,175,497 3,276,496 3,883,812 3,808,453 3,102,123 3,172,783
Acute coronary Syndrome 100,179,911 122,550,378 131,057,092 125,609,896 135,250,270 126,783,127 134,127,142 123,767,713 109,233,624 105,187,837 99,639,789 97,394,487 76,776,561 69,697,477
Total 1,227,866,320 1,441,442,829 1,446,271,852 1,393,231,616 1,341,532,868 1,290,862,326 1,291,628,769 1,256,893,786 1,169,409,306 1,119,290,174 1,115,848,924 1,122,919,263 1,003,040,225 982,203,288

Source: Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49

Table 1-7. – Adjusted amount paid (in Reais) of clinical procedures for cardiovascular diseases by competence year, Brazil, 2008 to 2021.

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Atrial Fibrillation Ablation 807,686 797,310 955,644 875,098 1,240,832 1,339,634 1,236,360 1,366,392 963,242 885,222 911,289 1,154,269 863,980 1,045,998
Coronary angioplasty 471,716,260 564,185,839 599,670,065 647,278,961 669,078,423 660,801,300 659,753,883 621,249,372 590,665,315 598,141,041 617,339,631 655,318,815 586,608,702 579,077,077
CABG 394,422,557 441,323,860 435,052,405 551,289,001 535,610,518 493,649,155 473,022,182 436,663,808 389,825,203 361,649,521 342,491,428 334,232,757 258,310,185 235,521,656
Valvar surgery 282,216,914 297,658,304 288,805,944 343,030,523 329,575,746 303,391,954 288,907,966 266,567,822 238,830,404 225,744,421 221,078,457 224,844,776 158,038,290 144,300,688
Primary angioplasty 101,427,047 80,162,895 75,278,257 68,136,360 63,921,172 63,354,779 73,608,840 84,578,572 90,611,405 91,797,091 91,413,951 89,883,845 88,171,102 89,814,989
Cardiomyopathy 378,650 1,152,515 390,162 624,198 784,238 601,155 490,184 449,706 717,795 579,036 530,431 485,825 359,755 249,798
Other valvar diseases 3,403,160 3,515,486 3,483,819 3,674,623 3,363,929 3,485,710 3,414,332 3,144,844 2,171,741 2,420,709 2,103,416 2,351,343 2,088,988 2,393,891
Mitral valvuloplasty 6,980,121 7,585,874 6,383,913 6,181,863 4,888,469 5,046,819 4,505,648 3,607,236 1,876,617 2,205,110 1,819,664 1,716,096 1,062,664 1,137,898
Total 1,261,352,395 1,396,384,093 1,410,020,209 1,621,090,628 1,608,463,326 1,531,670,505 1,504,939,395 1,417,627,751 1,315,661,722 1,283,422,152 1,277,688,268 1,309,987,725 1,095,503,666 1,053,541,996

Source: Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49

•Although the number of hospitalizations and interventional procedures increase in the last decade, payments for cardiovascular surgical procedures by the SUS in the last years of the series have decreased, especially in more complex procedures, such as CABG and valve replacement surgeries, as shown in Chart 1-7 . 49

•Brant et al ., analyzing CVD mortality during the pandemic years in Belo Horizonte city, have found the greater occurrence of CVD deaths at home, in parallel with lower hospitalization rates. Those authors concluded that “CVD care was disrupted during the COVID-19 pandemic, which more adversely affected older and more socially vulnerable individuals, exacerbating health inequities in Belo Horizonte city”. 66

•Public institutions assist more than 70% of Brazilians, but the supplementary health systems account for almost the same share of healthcare expenditures. Unfortunately, there are scarce published studies or open databases to calculate the additional economic burden of cardiovascular from this segment. Overall estimates based on cardiovascular disease prevalence suggest that the direct and indirect cost of CVD is greater than 4 to 5 times the direct cost for SUS, approximately 10 billion dollars. 67

Future Directions

•The SIM, introduced in 1975, is a crucial tool for tracking mortality statistics in Brazil, because the registration of all deaths is mandatory in the FUs, with 98% coverage of the entire country in 2017. However, coverage is lower in the Northern region compared to the Southern region. The WHO usability index of the SIM is high, making the SIM information useful for analysis, although some data corrections may be required in the time series. 68

•The Northeastern region has the poorest coverage of the SIM, still under 95%. 54 Although SIM has improved through specific Ministry of Health projects, some problems persist, such as ill-defined causes (around 6%), severe garbage codes around 15%, and misclassification of causes of death, which generate biases that may disrupt the metrics presented. 49

•Garbage code issues are due to the poor quality of some death certificates and issues associated with limited access to health services, impaired access to diagnosis, or simply the quality of medical records, making it difficult to retrieve information. 49 In this regard, the best way to ensure the accuracy of the underlying cause of death is through the training of physicians throughout the country regarding death certification.

•It is worth mentioning that there is a lack of primary incidence data (cohorts) in Brazil, which requires research that allows us to understand how to face CVD in states and populations with low socioeconomic indices.

•Because of the reduction in the declining trend of age-standardized CVD mortality in the last 5 years, novel strategies to tackle CVD mortality must be studied. Understanding the drivers of this change is essential to implement effective policies, particularly facing population aging, which will increase the number of individuals with CVD in the country.

•The impact of COVID-19 and long-term COVID-19 on CVD deaths and burden has been incompletely studied, and there are many aspects to be uncovered. The disruption in the health system and the health statistics has been documented, but uncertainties on future trends are significant. Regarding CV health, it is essential to understand the long-term effect of the COVID-19 infection on those with CV risk factors and diseases.

CHAPTER 2 – STROKE (CEREBROVASCULAR DISEASES)

ICD-9 430 to 438; ICD-10 I60 to I69.

See Table 2-1 and Charts 2-1 and 2-2

Table 2-1. – Age-standardized mortality and DALY rates due to stroke per 100 000, in Brazil and Federative Units in 2021.

DALY Mortality
Acre 560.4(513.6-606) 36.5(32.4-39.7)
Alagoas 753.8(667.3-828.1) 47(40.3-51.6)
Amapá 650.8(584-731.2) 42.1(35.8-47.8)
Amazonas 542.9(488.9-595.4) 35(31-38.2)
Bahia 523(454.7-580.2) 32.1(27.6-36)
Brazil 511.4(470.6-542.5) 31.7(28-33.9)
Ceará 513.5(445.6-580.7) 33.6(28.4-38.2)
Distrito Federal 573.3(521.3-630.5) 44.5(39.9-48.7)
Espírito Santo 553.3(494.4-602.7) 34.2(29.3-37.4)
Goiás 481.4(442.4-532.4) 30.4(26.7-33.5)
Maranhão 759.8(674.3-858) 49.8(42.8-56)
Mato Grosso 514.2(468.1-566.2) 30.8(27.2-33.7)
Mato Grosso do Sul 505(455.8-558.7) 31.1(26.9-34.8)
Minas Gerais 435.4(389.6-474.2) 26.4(23.3-28.9)
Pará 670.8(580.7-786.5) 41(34-47.8)
Paraíba 464.1(421.5-510.6) 29.1(25.8-31.8)
Paraná 586(532.3-638) 36.9(33.6-40.5)
Pernambuco 505.3(453.8-556.3) 31.8(27.5-34.9)
Piaui 602.4(523.5-672.7) 38.7(31.6-43.7)
Rio de Janeiro 497.1(444.2-551.7) 29.8(26-33)
Rio Grande do Norte 407.1(359.5-449.7) 25(21.1-27.9)
Rio Grande do Sul 566.6(515.1-614.4) 34.5(30.6-37.6)
Rondônia 514.3(451.9-584.8) 32.5(27.6-36.9)
Roraima 716(609.1-849.4) 48.3(41.2-55.7)
Santa Catarina 491.6(434.5-534.6) 32.1(27.7-35.3)
São Paulo 461.3(410.5-505.7) 28.6(24.3-31.6)
Sergipe 555.7(505.6-603.1) 35.1(30.8-38.7)
Tocantins 622.8(563-700.3) 39.5(34.3-44.9)

Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

Abbreviations Used in Chapter 2.

ACEI/ARB Angiotensin Converting Enzyme/Angiotensin Receptor Blocker
BRIDGE-Stroke Brazilian Intervention to Increase Evidence Usage - Stroke
CI Confidence Interval
CVD Cardiovascular Diseases
DALY Disability-Adjusted Life Years
ICD-10 International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems, 10thRevision
ICU Intensive Care Unit
IMPACT-AF Improve Treatment with Anticoagulants in Patients with Atrial Fibrillation
IRR Incidence Rate Ratio
MAPS Matão Preventing Stroke Study
OR Odds Ratio
PURE Prospective Urban Rural Epidemiology
RR Relative Risk
SIM Brazilian Mortality Information System (in Portuguese, Sistema de Informações sobre Mortalidade )
YLD Years Lost for Disease
YLL Years of Life Lost

Introduction

•Stroke represents one of the main morbidity and mortality causes in Brazil. In recent years a growing representation of Brazilian generated evidence has been contributing to a better understanding of the stroke burden. Moreover, tackling stroke statistics represents a key step towards the development of evidence-based care pathways.

Prevalence

•Stroke prevalence estimates may differ slightly between studies because each study selects and recruits a sample of participants to represent the target study population (e.g., state, region, or country). In community-based studies in the city of São Paulo, the age-adjusted prevalence rate for men was 4.6% (95% CI: 3.5-5.7) and for women 6.5% (95% 5.5-7/5) 69 in 2011, while, in another study in the same city, out of 3577 subjects, 244 cases (6.82%) of stroke survivors were identified. 70 In the town of Coari, authors have found a crude prevalence of stroke of 6.3% in rural areas and of 3.7% in urban areas. 71 From a nationally representative community-based epidemiological survey (National Health Survey - 2013), Bensenor et al. have estimated 2 231 000 stroke cases, representing prevalence of 1.6% and 1.4% in men and women, respectively. 72

Incidence

•In the Matão stroke registry study between 2003–2004 and 2015–2016, the age-adjusted incidence decreased by 39% (IRR 0.61; 95% CI, 0.46-0.79) and mortality, by 50% (IRR 0.50; 95% CI, 0.31-0.94), while 7% had a recurrent stroke. 73

Mortality

•Data from the GBD Brazil Group have shown that the age-standardized mortality rate from ischemic stroke per 100 000 in 2021 was 31.7 (28 to 33.9) ( Table 2-1 and Chart 2-1 ). The highest mortality was observed in the Maranhão state, 49.8 (42.8 to 56), and the lowest, in the Rio Grande do Norte state, 25 (21.1 to 27.9).

Chart 2-1. – Age-standardized mortality rate due to ischemic stroke (A), intracerebral hemorrhage (B), and subarachnoid hemorrhage (C) per 100 000 inhabitants, 2021. Data from the Global Burden of Disease 2021 Estimates. 48 .

Chart 2-1

•Trends of mortality rates and DALYs for cerebrovascular disease (ICD-10: I-60-69), as per the GBD Brazil 2015, have shown that the annual reduction in age-adjusted mortality rates, for both sexes, slowed between 2005 and 2015 as compared to the previous period of 1990 to 2005.

•In the city of São Paulo, from 1996 to 2011, age-adjusted mortality rates for cerebrovascular diseases decreased by 46.6% in men and by 47.8% in women; for both sexes and age group of 35–74 years, the decline in age-adjusted rates was more pronounced among those residing in the wealthiest areas as compared to those living in the poorest ones. 74 A study using data from the SIM, from 1990 to 2012, has shown a –48.05% variation in the mortality coefficient. 75 In the MAPS study, between 2003–2004 and 2015–2016, mortality increased by 50% (IRR 0.50; 95% CI, 0.31–0.94). The 1-year case fatality was 26% and approximately 56% of the patients were functionally independent, 73 , 76 while 7% had a recurrent stroke. 73

•In a study conducted in the Paraná state, the age- and sex-specific mortality rates related to stroke between 2007 and 2016 increased from 138 to 163 per 100 000 inhabitants, and individuals aged over 79 years had the highest increase. However, the mortality rates decreased for the age groups of 34-44 years and 44-54 years. 77

Global Burden of Cerebrovascular Diseases

YLL

•A study conducted in the Southeastern Region of Brazil in 2019 using secondary data from the Brazilian Unified Health System and the Brazilian Institute of Geography and Statistics showed a total of 713 132 estimated DALYs, with 80% attributed to YLDs and 20% to YLLs. When adjusted for population size, the highest impact was observed in the male sex in the Minas Gerais state, particularly in the age group of 70-79 years. 78

DALY

•Data from the GBD Brazil Group have shown that the age-standardized DALY rate per 100 000 due to ischemic stroke in 2021 was 511.4 (470.6 to 542.5). 11 The highest DALY rate was observed in the Maranhão state, 759.8 (674.3 to 858), and the lowest, in the Rio Grande do Norte state, 407.1 (359.5 to 449.7) ( Table 2-1 and Chart 2-2 ).

Chart 2-2. – Age-standardized DALY rate due to ischemic stroke (A), intracerebral hemorrhage (B), and subarachnoid hemorrhage (C) per 100 000 inhabitants, 2021. Data from the Global Burden of Disease 2021 Estimates. 48 .

Chart 2-2

Complications and Associated Diseases

•Assessments from the community-based epidemiological survey (National Health Survey-2013) have shown a prevalence of post-stroke disabilities of 29.5% for men and of 21.5% for women, with only 0.27% of the individuals undergoing physical therapy for stroke. 79

•A cross-sectional, population-based study has been conducted in Brazil using data from the Brazilian Longitudinal Study of Aging 2015-2016. It included 536 individuals aged 50 years and older who had experienced a stroke. 80 The prevalence of stroke was found to be 5.3% among individuals aged 50 years and older, increasing to 8.0% among those aged 75 years and older, with differences between sexes. Factors associated with independence in daily activities included walking speed, physical activity, and use of walking devices. A significant interaction was found between walking speed, home adaptations, and performance of daily living activities. The probability of independence was highest among fast walkers (> 0.8 m/s), who also had home adaptations. Faster walking speed combined with home adaptations emerged as the primary factor associated with long-term independence after a stroke.

Quality of Care

•Regarding hospitalizations due to stroke, the study by Brant et al . has observed a decrease of 5.1% (RRi 0.949; 95% CI, 0.947-0.952) during the COVID-19 pandemic period (epidemiological week 10 to 21), the lowest relative decrease in the number of hospitalizations in the CVD group. Thus, although stroke is the second cause of hospitalization in absolute numbers, the reduction in the number of hospitalizations was lower than that for acute coronary syndrome. In parallel with this finding, ICU admissions for stroke showed a higher total (RRi 1154; 95% CI, 1145-1163) and proportional (RRi 1216; 95% CI, 1210-1222) increase than those for CVD together. However, although an increase in proportional mortality was observed, especially in the third phase of the pandemic, that was lower than for CVD alone (RRi 1053; 95% CI, 1048-1058) and did not recover until the end of the period evaluated. This progression of increase in numbers and proportion of hospital deaths throughout the pandemic period deserves to be highlighted, mainly because the proportion of ICU use remained higher than expected throughout the period evaluated. 15

•Dantas et al . have performed a study to assess the stroke-related hospitalization at the Brazilian Unified Health System from 2009 to 2016, when the number of admissions increased from 131 122 to 146 950 and the absolute number of in-hospital deaths increased from 28 731 to 31 937. Younger age and male sex were significantly associated with patient survival. The annual age-adjusted hospitalization and in-hospital mortality rates decreased by 11.8% and 12.6%, respectively, but the case fatality rate increased for patients older than 70 years. 81

•A study assessing sociodemographic factors related to lack of hospital care for cerebrovascular disease deaths in the state of São Paulo during the periods of 1996-1998 and 2013-2015 has shown that, of the 127 319 individuals who died due to stroke during the mentioned periods, 19 362 (15.2%) had no hospital care. In the latter period, a higher risk for death without care was identified for individuals of yellow races (RR = 1.48; 95% CI, 1.25-1.77), and a lower risk for black individuals (RR = 0.86; 95% CI, 0.76-0.95), married individuals (RR = 0.70; 95% CI, 0.64-0.75), and for those living in the city of São Paulo (RR = 0.92; 95% CI, 0.86-0.98). 82

•An analysis of the stroke units in two centers from the cities of Curitiba and Botucatu for the key performance indicators required by the Brazilian Ministry of Health has shown that both centers admitted over 80% of the patients in their stroke units. 83

•A cluster randomized trial assessing the effect of a multifaceted quality improvement intervention on adherence to evidence-based therapies for care of patients with acute ischemic stroke and transient ischemic attack (BRIDGE-Stroke) has shown that 402 of 817 patients (49.2%) at intervention hospitals received all the treatments they were eligible for as compared to 203 of 807 patients (25.2%) in control hospitals (OR, 2.59; 95% CI, 1.22-5.53; P= .01). 84

•The RESILIENT study conducted in the Brazilian public healthcare system to assess the safety and efficacy of thrombectomy within that system has shown that this procedure, in conjunction with standard care, resulted in better functional outcomes at 90 days compared to standard care alone. 85 The standard OR for a better distribution of scores on the modified Rankin scale was 2.28, favoring thrombectomy. The percentage of patients with no or minor neurologic deficit was significantly higher in the thrombectomy group.

Cost

•The costs related to hospital admissions for stroke and adjusted for inflation from 2008 to 2021 sum up to US$ 1 195 975 877.98, varying from US$ 28 661 321.88, in 2008, to US$ 66 843 953.39, in 2021.

•A cost-effectiveness study, assessing thrombolytic drugs in Brazil, has observed that, for a one-year result, for men, the cost of treatment with rt-PA is higher than the cost of the conservative treatment. The cost of the medication mainly directs this result. Part of this additional cost is compensated by the lower cost of rehabilitation and less productivity losses as early as in the first two years, as the patients treated with rt-PA (alteplase) presented fewer sequelae than those who received conservative treatment. After the second post-stroke year, for both sexes, treatment with rt-PA, considering direct and indirect costs, started to present a lower cost when compared to conservative treatment. From this time horizon onward, the additional cost of the medication begins to be more than compensated by the higher number of minor productivity losses and lower costs of social security and patient rehabilitation. 86

•The cost-utility analysis from the RESILIENT trial comparing mechanical thrombectomy plus standard medical care with standard medical care alone has shown that the incremental costs and quality-adjusted life years gained were estimated at Int$ 7440 and 1.04, respectively, resulting in an incremental cost-effectiveness ratio of Int$ 7153 per quality-adjusted life year. Despite the initially higher costs, the long-term benefits of mechanical thrombectomy justified its incorporation into the stroke centers of the Brazilian public healthcare system, because it is likely to be cost-effective. 87

Risk Factors and Prevention

•Data from the PURE study, examining rates and predictors of use of evidence-based secondary prevention medications, have shown that fewer stroke patients received antiplatelets (24.3%), ACEI/ARB (37.6%), and statins (9.8%) as compared to chronic heart disease patients (30.1%, 36.0%, and 18.0%, respectively). Moreover, the use of no medication was observed in 30% of Brazilian stroke patients. 88

•In the IMPACT-AF, a clustered randomized trial to IMProve treatment with AntiCoagulanTs in patients with Atrial Fibrillation, 91% of the patients from Brazil were on oral anticoagulation at baseline, and 27% on novel oral anticoagulants. Of all patients taking vitamin K antagonists in Brazil, 40.3% had international normalized ratio values between 2 and 3 prior to the baseline visit. 89

•Using data from the GBD Study, Silva et al . have assessed the impact of low levels of physical activity on stroke mortality in Brazil from 1990 to 2019. 24 There was a reduction of 44.0% (males) and 52.0% (females) in age-standardized mortality rates due to stroke attributable to low levels of physical activity. The study suggests that higher levels of physical activity might have avoided approximately 6.1% (males) and 7.3% (females) of stroke deaths in 2019. 90

•In a cross-sectional study analyzing anonymized data routinely collected by community health workers in Brazil between May 2016 and September 2021, from a population of 2 133 900 individuals in the database, 11 628 had had a previous myocardial infarction (33.1%) or stroke (n = 25 925; 73.9%). Only 6.7% (2346) and 0.6% (212) reported statins and high-dose statins use, respectively. Age over 60 years, living in the Southern region, previously diagnose of myocardial infarction, heart failure, diabetes, dyslipidemia, chronic kidney disease, and use of anti-hypertensives were associated with statin use. 91

Awareness and Treatment

•In recent years, there have been several initiatives to improve awareness of stroke in the Brazilian population, mainly around the World Stroke Day (October 29th) annual campaigns led by the World Stroke Organization. 92 Despite these efforts, several studies have shown an alarming lack of knowledge about stroke risk factors and treatment, and recognition of stroke symptoms as a medical emergency. Pontes-Neto et al . have shown that 32% of the interviewed subjects recognized no warning sign of stroke, only 34.6% of the subjects answered the correct nationwide emergency telephone number in Brazil (#192), and only 51.4% of the interviewees reported they would call an ambulance for a relative with symptoms of stroke. 93

•In a study conducted in the city of Caxias do Sul, lower income and lower educational level were independent predictors of inability to recognize that stroke affects the brain. 94 While, in another study from the city of Santa Maria, Rio Grande do Sul, where 33% correctly identified the acronym “AVC”, meaning stroke in Portuguese, approximately 30% of the subjects incorrectly localized stroke in the heart. 95

•In a study conducted in São Paulo, investigators surveyed students from different educational levels, including 1187 elementary-school students (mean age: 13 years, prior experience: 14%, 51% women), 806 high-school students (mean age: 17 years, prior experience: 13%, 47% women), and 1961 university students (mean age: 22 years, prior experience: 9%, 66% women). Stroke awareness and knowledge about risk factors and warning signs ranged between 42% and 66% of the students. Less than 52% of the students associated stroke with risk factors, such as hypercholesterolemia, smoking, diabetes, and hypertension. When prompted, 62% to 65% of the students recognized arm weakness, facial drooping, and speech difficulty as stroke warning signs, but only 43% identified acute headache. Notably, 67% of the students were aware of the emergency medical service number. Higher education, prior experience, and being female were associated with higher scores in identifying stroke risk factors (OR = 1.28; 95% CI, 1.10‒1.48; OR = 2.12; 95% CI, 1.87‒2.40; OR = 1.46; 95% CI, 1.16‒1.83; respectively) and warning signs/symptoms (OR = 2.22; 95% CI, 1.89‒2.60; OR = 3.30; 95% CI, 2.81‒3.87; OR = 2.04; 95% CI, 1.58‒2.63; respectively). 96

•In a cross-sectional study conducted in high schools in Northeastern Brazil, Rodrigues et al . have aimed to assess stroke knowledge among high-school students. 97 Those authors have found that 80% of the students did not have the minimum knowledge on how to act in a stroke situation, while only 10% had the ideal knowledge on how to act. Males had lower levels of knowledge on risk factors and signs and symptoms of stroke. Students with more than 10 years of schooling and those aged 18 years demonstrated greater knowledge in certain aspects. That study highlights a knowledge deficit among high-school students regarding stroke recognition and activation of emergency medical services.

Impact of the COVID-19 Pandemic

•Regarding hospitalizations for stroke, there was a 5.1% decrease during the period, representing the lowest relative decrease in the number of hospitalizations in the CVD group. Thus, although stroke is the second cause of hospitalization in absolute numbers, the reduction in the absolute number of hospitalizations was smaller than that for acute coronary syndrome. In parallel with this finding, there was a greater absolute (15.4% vs. 9.0%) and proportional (21.6% vs. 8.6%) increase in admissions to the ICU for stroke as compared to that for CVD combined. However, although an increase in proportional mortality was observed, especially in the third phase of the pandemic, it was lower than that for CVD alone (5.3% vs. 14.4%) and did not recover until the end of the period evaluated. This progression of increase in both numbers and proportion of in-hospital deaths throughout the pandemic period deserves to be highlighted, mainly because the proportion of ICU use remained higher than expected throughout the period evaluated. Taken together, these findings suggest that: a) possibly, due to the more striking and exuberant clinical symptoms in the acute phase of stroke, a higher proportion of patients maintained the tendency to seek urgent and emergency units, compared to those with acute coronary syndrome – a condition often with more nonspecific symptoms, especially in subgroups such as females, elderly, and individuals with diabetes. This may have contributed to the lower reduction in hospitalizations during the pandemic; and b) individuals with stroke were hospitalized with greater clinical severity or had worse results from treatment, possibly due to the compromise of the lines of health care. 15

•Regarding stroke mortality, that same study has shown that stroke was the specific cause with the lowest reduction in mortality in the country, and there was no variation in the Northern and West-Central regions. These findings align with the relatively low decrease in hospitalizations, suggesting a lower real impact of the pandemic on cerebrovascular diseases. The clinical symptoms being different from those of COVID-19 might have allowed for a more accurate diagnosis. In addition, the lower direct relationship between the time to start treatment and mortality due to stroke allows for a longer time for the patient to recognize the symptoms and arrive at a hospital, differently from acute coronary syndrome, in which most deaths occur in the first hours after the event. 15

Future Directions

•The Brazilian research portfolio in vascular neurology has evolved largely in recent years as illustrated by the foundation of the Brazilian Stroke Research Network and the growing evidence generation directed to a variety of subjects and conducted by different groups. Still, there are several opportunities for further development.

•The most expressive community studies on stroke prevalence and incidence derive mostly from two cities. While both examples represent a major achievement in stroke epidemiology, there is still need for a broader assessment comprehending a representation of all geographical regions, diverse cultures, and income levels. As stroke continues to represent a major healthcare problem in Brazil, advancing evidence generation of new effective and safe stroke interventions is key. Thus, innovative models, such as virtual and decentralized patient-centric research, and the use of real-world data are proposed valuable strategies in the pursuit of a more effective learning-doing cycle. 98 , 99

CHAPTER 3 – ACUTE AND CHRONIC CORONARY HEART DISEASE

ICD-9-CM 410 to 414; ICD-10 I10 to I25

See Tables 3-1 through 3-3

Abbreviations Used in Chapter 3.

ACCEPT Brazilian Registry of Clinical Practice in Acute Coronary Syndromes
ACS Acute Coronary Syndrome
AMI Acute Myocardial Infarction
B-CaRe:QCO Brasilia Cardiovascular Registry for Quality of Care and Outcomes
BRACE Brazilian Registry in Acute Coronary Syndromes
BYPASS Brazilian Registry of Adult Patients Undergoing Cardiovascular Surgery
CABG Coronary Artery Bypass Grafting
CAC Coronary Artery Calcification
CCS Chronic Coronary Syndrome
CHD Coronary Heart Disease
CI Confidence Interval
CVD Cardiovascular Disease
DALY Disability-Adjusted Life Years
DATASUS Brazilian Unified Health System Database
ERICO Strategy of Registry of Acute Coronary Syndrome
GBD Global Burden of Disease
IHD Ischemic Heart Disease
IQR Interquartile Range
MASS Medicine, Angioplasty, or Surgery Study
OR Odds Ratio
PCI Percutaneous Coronary Intervention
PNS National Health Survey (in Portuguese, Pesquisa Nacional de Saúde )
REPLICCAR-I São Paulo's Cardiovascular Surgery Registry (in Portuguese, Registro Paulista de Cirurgia Cardiovascular )
REPLICCAR-II São Paulo's Cardiovascular Surgery Registry II (in Portuguese: Registro Paulista de Cirurgia Cardiovascular II )
SAMU Urgent Medical Care Service (in Portuguese: Serviço de Atendimento Médico de Urgência )
SIH Brazilian Hospital Information System (in Portuguese, Sistema de Informações Hospitalares )
SIM Brazilian Mortality Information System (in Portuguese, Sistema de Informação sobre Mortalidade )
STEMI ST-Elevation Myocardial Infarction
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
UI Uncertainty Interval
VICTIM Via Crucis for the Treatment of Myocardial Infarction
YLD Years Lived with Disability
YLL Years of Life Lost

Overview, Prevalence, and Incidence

•Coronary heart disease, also known as IHD, comprises a spectrum of symptomatic and asymptomatic clinical conditions typically related to a blood flow reduction in the heart muscle. The most common cause is atherosclerotic disease in the coronary arteries, a chronic condition with variable presentations, progressing from a long asymptomatic phase to stable angina, unstable angina, and AMI. Coronary heart disease is a common cause of heart failure, with reduced or preserved left ventricular ejection fraction, ventricular arrhythmias, and sudden cardiac arrest.

•Coronary heart disease was the leading cause of death in Brazil in the last decade, for men and women. Because of its wide range of clinical presentations, the reported CHD prevalence, incidence, and mortality vary widely, depending on the population and healthcare setting studied.

•Estimates of CHD prevalence and incidence in 2019 and historical series from 1990 to 2019, according to the GBD study, are available in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics - Brazil. 4

•The self-reported prevalence of CHD was 2.7% in the baseline assessment of the ELSA-Brasil cohort in 2008-2010. This cohort was composed of more than 15 000 civil servants aged 35-74 years from six cities (Salvador, Vitória, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, and Porto Alegre). The prevalence was higher in males and individuals in the lower socioeconomic level. 100

•According to the PNS 2019, an epidemiological nationwide home-based survey, overall prevalence rates of mild (class I) and moderate/severe (class II) angina among adults were 8.1% (95% CI, 7.8%-8.4%) and 4.5% (95% CI, 4.2%-4.7%). The prevalence of self-reported angina was higher in females and inversely proportional to formal education years. Compared to individuals who declared themselves white, mild angina was more prevalent in those self-reported black, while moderate/severe angina was more frequent in those self-reported brown. 101 It is important to note that the prevalence rates of angina observed in surveys are higher than the CHD prevalence obtained from epidemiological studies or national statistics. Self-reported assessments of angina are very sensitive but not specific to CHD because they require neither confirmatory exams nor health reports. In addition, national statistics might underrepresent the true epidemiology of CHD, considering its asymptomatic nature.

•In registries and one cluster-randomized study involving patients with ACS recruited from 2007 to 2014, the percentages of individuals with unstable angina, non-STEMI, and STEMI were 15-30%, 31-36%, and 36-54%, respectively. 102 - 105

•Coronary artery calcification has been evaluated in 3616 individuals without CVD or diabetes mellitus from the ELSA-Brasil multiracial cohort. As expected, CAC increased with age and was more prevalent in males than females. No identifiable CAC was observed in 64% of males, 83% of females, 93% of younger individuals (35-44 years), and 34% of older participants (65-74 years). Conversely, CAC >100 ranged from 1.2% of the individuals aged 35-44 years to 28% of those aged 65-74 years. CAC >400 was not detected among participants aged 35-44 years but was seen in 12% of those aged 65-74 years. Significant differences in CAC distribution according to race were noted. For example, among participants aged 65-74 years, the point estimate for the 50thCAC percentile was 14 in black, 17 in brown, and 32 in white persons. 106

Mortality

•Estimates of the number of deaths and crude mortality rate attributable to CHD for the year 2019 and historical series from 1990 to 2019, according to the GBD study, are available in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics - Brazil. 4

•According to the GBD estimates for the year 2021, the age-standardized mortality rate due to CHD was 67.1 (95% UI, 60.9-71.0) per 100 000 inhabitants in Brazil ( Table 3-1 ). The lowest estimated rates were observed in the states of Minas Gerais (50.7 [95% UI, 44.6-55.2]), Amazonas (54.1 [95% UI, 48.3-59.4]), and Bahia (56.0 [95% UI, 49.3-63.0]), whereas the highest rates were estimated in the states of Rio de Janeiro (81.3 [95% UI, 71.6-89.9]), Pernambuco (81.8 [95% UI, 72.4-89.0]), and Maranhão (89.0 [95% UI, 78.7-99.2]) per 100 000 inhabitants ( Table 3-1 ). 48

Table 3-1. – Estimates of age-standardized mortality and DALY rates (per 100 000) due to coronary heart disease in Brazil and its Federative Units in 2021.

Mortality DALY
Brazil 67.1 (60.9;71.0) 1432.5 (1345.3;1511.2)
Acre 67.3 (61.8;72.6) 1344.1 (1256.4;1451.6)
Alagoas 80.1 (71.0;90.7) 1731.7 (1547.7;1969.4)
Amapá 68.4 (59.8;77.5) 1381.4 (1223.7;1554.6)
Amazonas 54.1 (48.3;59.4) 1117.4 (998.0;1210.4)
Bahia 56.0 (49.3;63.0) 1216.2 (1066.7;1363.9)
Ceará 70.1 (60.2;79.7) 1434.2 (1220.1;1636.2)
Distrito Federal 61.4 (54.2;67.1) 1049.1 (939.5;1153.0)
Espírito Santo 65.6 (57.4;71.5) 1369.2 (1227.2;1499.2)
Goiás 65.3 (58.3;71.6) 1403.7 (1291.0;1548.4)
Maranhão 89.0 (78.7;99.2) 1850.9 (1620.1;2091.6)
Mato Grosso 60.3 (52.9;66.0) 1281.8 (1146.9;1410.7)
Mato Grosso do Sul 75.5 (68.5;84.1) 1610.5 (1470.1;1780.6)
Minas Gerais 50.7 (44.6;55.2) 1111.3 (983.7;1218.0)
Pará 67.9 (57.9;79.8) 1468.3 (1285.2;1728.1)
Paraíba 77.4 (69.9;83.6) 1658.3 (1508.4;1813.6)
Paraná 61.3 (55.7;66.5) 1277.9 (1181.0;1392.8)
Pernambuco 81.8 (72.4;89.0) 1752.5 (1582.0;1921.1)
Piauí 67.3 (58.6;76.5) 1442.9 (1267.8;1654.2)
Rio de Janeiro 81.3 (71.6;89.9) 1762.7 (1583.4;1935.2)
Rio Grande do Norte 71.6 (63.3;79.4) 1548.9 (1392.2;1715.0)
Rio Grande do Sul 58.6 (53.1;64.0) 1195.2 (1082.3;1308.8)
Rondônia 64.3 (56.1;72.0) 1309.8 (1151.0;1474.5)
Roraima 77.0 (66.2;89.1) 1503.6 (1277.2;1777.9)
Santa Catarina 61.2 (54.0;66.7) 1233.4 (1105.8;1349.6)
São Paulo 72.8 (64.4;80.2) 1568.9 (1431.1;1730.3)
Sergipe 57.3 (51.0;62.9) 1208.0 (1105.0;1315.9)
Tocantins 72.6 (63.3;82.5) 1531.7 (1339.5;1735.3)

Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

•According to a time series study, the age-standardized mortality rate from AMI declined 44% in the country from 1996 to 2016, with substantial regional differences (percent changes: +5% in the North, +11% in the Northeast, -35% in the West-Central, -68% in the Southeast, and -85% in the South). Death rates were corrected for ill-defined causes of death, garbage codes, and underreporting. Temporal changes were more pronounced in females than in males, and in capital cities than in other municipalities. 107

•Using data from the DATASUS, one study has reported a decrease in crude mortality rates from CHD in Brazil in both sexes and all age groups from 2000 to 2018, except for a 1.78% increase in males over 85 years of age. In this period, age-adjusted mortality rates from CHD decreased in both sexes. From 2000-2008 to 2016-2018, the average annual rate decreased from 97.09 to 78.75 per 100 000 considering both sexes, from 115.89 to 97.23 per 100 000 males, and from 79.82 to 61.91 per 100 000 females. 108

•Using data from the DATASUS/SIM, Vieira et al. have reported a decrease in age-adjusted mortality rate due to AMI in the state of Minas Gerais from 35.7 (95% CI, 35.3-36.1) per 100 000 inhabitants in 2008 to 30.4 (95% CI, 30.1-30.6) per 100 000 in 2016. The mortality rates due to AMI were higher during the winter and lower during the summer. 109

Mortality after acute coronary syndrome

•Several Brazilian ACS registries have reported outcomes of individuals admitted with ACS. In general, the mortality rate in registries is lower than that reported in the SIH/SUS. Several studies have highlighted regional differences in treatment practices and mortality, as well as poorer outcomes in patients admitted to public services as compared to those admitted to private hospitals. 102 - 104 , 110

•Registries and studies involving patients with ACS from 2003 to 2017 have reported in-hospital mortality rates ranging from 3.3% to 10.9%. 103 , 104 , 110 - 113 These studies are described in detail in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics – Brazil. 4 More recently, an in-hospital mortality rate of 5.6% has been reported among 2290 patients with STEMI who underwent a pharmaco-invasive strategy and were hospitalized in a university hospital in the city of São Paulo. 114 Moreover, among 763 patients with ACS (66.5% STEMI, 20.6% non-STEMI, 12.4% unstable angina) admitted to the Hospital das Clínicas of the Federal University of Minas Gerais between May 2016 and September 2019, the in-hospital mortality rate was 2.9%. 115

•Using data from the DATASUS/SIM/SIH, Vieira et al. have estimated a decrease in age-adjusted in-hospital mortality among patients admitted with AMI from 13.81% in 2008 to 11.43% in 2016 in the state of Minas Gerais. 109

•Recent studies have reported long-term outcomes after ACS. In the ACCEPT registry that included 4782 patients with ACS in 53 hospitals from the five Brazilian geopolitical regions from 2010 to 2014, the rate of major cardiovascular events was 13.6% after an 1-year follow-up. 102 Among 542 patients with STEMI enrolled in the Brasilia Heart Study, the mortality rate was 13.2% after a median 1.7-year follow-up. Low income was associated with higher all-cause mortality. 116 In the ERICO study, among 800 patients with ACS admitted to a university hospital in the city of São Paulo, who underwent invasive angiography from 2009 to 2013, the overall mortality rate was 17.5% after a median 4-year follow-up. 117

•The B-CaRe:QCO registry included consecutive individuals with ACS admitted to public hospitals in Brasília-DF from January 2011 to February 2020. The patients (n=4099 aged >55 years, and n=2242 aged ≤55 years) underwent invasive coronary angiography within 48 hours from hospital admission. In-hospital deaths occurred in 5.7% and 3.6% of those >55 years and ≤55 years, respectively. Post-discharge death rates were 15.06 and 5.97 per 1000 patient-years among those aged >55 years and ≤55 years, respectively, after a median follow-up of 6.67 years. 118

Mortality in chronic coronary syndrome

•In the single-center MASS III clinical trial, among patients with multivessel CHD, stable angina, and preserved left ventricular function who underwent CABG between 2001 and 2006, rates of death, AMI, revascularization, or stroke at 10 years were 30% for ‘on-pump’ surgery and 36% for ‘off-pump’ surgery. 119

•In a retrospective analysis of the MASS database, among 1719 patients with stable multivessel CHD and preserved left ventricular function who underwent CABG, PCI, or medical treatment between 2002 and 2015, the 5-year all-cause mortality rates were 7.5%, 7.5%, and 12.3% among those with low, intermediate, and high SYNTAX score, respectively. 120

•In a retrospective analysis of 1001 patients with multivessel CHD included in the MASS database between 1995 and 2018, overall mortality rates were 23% and 22% among those with or without myocardial ischemia, respectively, after a median follow-up of 8.7 years. 121

Mortality related to percutaneous coronary intervention

•In registries and studies involving patients undergoing PCI from 2005 to 2016, mostly from public institutions, the in-hospital mortality rate went from 2.3% to 2.6%. 122 , 123 In the ICP-BR Registry, the in-hospital mortality rate ranged from 0.2% for patients with stable angina to 6.1% for those with STEMI. 123

Mortality related to coronary artery bypass graft surgery

•In the BYPASS registry, among 2292 patients from all Brazilian regions who had undergone isolated or combined CABG until November 2018, the in-hospital mortality rate was 2.8%. 124

•In the REPLICCAR-I registry, among 2961 patients who had undergone isolated CABG in 10 hospitals between 2013 and 2016, the all-cause mortality rate was 3.4% at 30 days and 5.3% at 4 years of follow-up. 125

•In the prospective REPLICCAR II registry, among 3122 patients undergoing isolated CABG in 5 hospitals in the state of São Paulo between July 2017 and June 2019, a propensity score matching technique was used to match 1062 patients with single or multiple arterial graft treatment, adjusted for the mortality risk. Operative mortality was 1.88% in both groups. 126

•In a single-center study in Southern Brazil with 1767 patients undergoing isolated CABG between 2013 and 2018, propensity score matching was used to create groups of patients undergoing ‘off-pump’ (n=397) and ‘on-pump’ (n=1370) CABG. The one-month mortality rates were 1.5% and 2.4% in the ‘off-pump’ and ‘on-pump’ groups, respectively (p=0.401). 127

•Several other single-center experiences, with both retrospective and prospective analyses, have described short-term mortality rates ranging from 1.9% to 11.7% for patients who had undergone CABG. 128 - 131

Burden of Disease

•GBD estimates of the YLD, YLL, and DALY rates attributable to CHD for the year 2019 and historical series from 1990 to 2019 are available in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics - Brazil. 4

•The GBD estimated an age-standardized DALY rate due to CHD of 1432.5 (95% UI, 1345.3-1511.2) per 100 000 inhabitants for the year 2021 in Brazil. The lowest rates were estimated in Distrito Federal (1049.1 [95% UI, 939.5-1153.0]), Minas Gerais (1111.3 [95% UI, 983.7-1218.0]), and Amazonas (1117.4 [95% UI, 998.0-1210.4]), whereas the highest rates were observed in Pernambuco (1752.5 [95% UI, 1582.0-1921.1]), Rio de Janeiro (1762.7 [95% UI, 1583.4-1935.2]), and Maranhão (1850.9 [95% UI, 1620.1-2091.6] per 100 000 inhabitants) ( Table 3-1 ). 48

Healthcare Utilization and Cost

•In a global modeling approach to assess the economic impact of four heart conditions in Brazil (hypertension, heart failure, AMI, and atrial fibrillation), AMI posed the greatest financial cost, with a health system cost per case of US$ 48 118 and a productivity cost of US$ 18 678. 132

•According to a study published in 2008, the annualized cost for an individual with chronic CHD was estimated to be R$ 2733 ± 2307 by the SUS, with the outpatient cost being responsible for 54% of the total. For private insurance plans, the cost was estimated to be R$ 6788 ± 7842, 69% of which related to inpatient costs. For outpatient costs, medications were responsible for R$ 1154, representing, for public and private payers, 77% and 55% of the outpatient costs and 42% and 17% of the total cost, respectively. 133

•Alexim et al . have analyzed data from 1088 young ACS patients who underwent coronary revascularization in public hospitals in Brasília-DF between 2013 and 2015. Direct costs for CABG and PCI were equivalent (Int$ 3141 [IQR: 15 392]/year and Int$ 3348 [IQR: 17 884]/year), while the cost due to labor productivity loss was higher in the PCI group (Int$ 4 511 [IQR: 18 062]/year vs . Int$ 3578 [IQR: 13 198]/year, p = 0.049) as compared to that in the CABG group. 134

•According to administrative data from the public health system, the number of hospitalizations for CHD (acute and chronic) remained stable from 2015 to 2019, with more patients being admitted for ACS than for CCS. During 2020 and 2021, there was a ~13% reduction in clinical admissions. The annual number of admissions for PCI continuously increased from 38 635 in 2008 to 85 518 in 2019, decreased to an average of 79 018 per year in 2020-2021, and then increased to 80 909 in 2022. The annual number of hospitalizations for CABGs remained stable from 2008 (20 515) to 2019 (21 018), decreased to an average of 16 243 per year in 2020-2021 (a 26% decrease), and then increased to 19 565 in 2022.

•Several significant changes have occurred regarding reimbursement and mean cost per procedure for the management of CHD in the SUS. Although the number of PCIs performed in public hospitals more than doubled from 2008 to 2022, the average ticket dropped by half (adjusted values: from R$ 12 916 in 2008 to R$ 6 443 in 2022) ( Table 3-2 ). A similar trend was observed for primary PCIs. 12

Table 3-2. – Number and adjusted reimbursement values of coronary angioplasties performed in the SUS from 2008 to 2022.

Year Coronary Angioplasty
Number of procedures Total amount paid (adjusted for inflation) Mean value per procedure
2008 38 635 R$ 499 028 630.90 R$ 12 916.49
2009 45 648 R$ 596 852 199.60 R$ 13 075.10
2010 49 492 R$ 634 390 961.40 R$ 12 818.05
2011 55 931 R$ 684 756 412.70 R$ 12 242.88
2012 60 959 R$ 707 818 064.00 R$ 11 611.38
2013 63 838 R$ 699 061 695.70 R$ 10 950.56
2014 66 492 R$ 697 953 632.50 R$ 10 496.81
2015 66 550 R$ 657 219 710.30 R$ 9 875.58
2016 69 802 R$ 624 864 836.60 R$ 8 951.96
2017 73 971 R$ 632 773 406.80 R$ 8 554.34
2018 78 575 R$ 653 083 595.90 R$ 8 311.60
2019 85 518 R$ 693 261 774.50 R$ 8 106.62
2020 77 846 R$ 620 573 346.40 R$ 7 971.81
2021 80 190 R$ 613 985 563.10 R$ 7 656.64
2022 80 909 R$ 521 362 010.90 R$ 6 443.81

Source: Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS). 49

•The number of CABG for CHD in the SUS was similar in 2008 (20 515) and 2022 (19 565), and the adjusted amount reimbursed per CABG (mean ticket) decreased by ~23% (from R$ 20 339 in 2008 to R$ 15 723 in 2021). 49

Quality of Care

•Several publications addressing the quality of care in ACS in Brazil are described in detail in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics – Brazil. 4 Those studies highlight opportunities for healthcare improvement, regional differences in quality care performance indices, and heterogeneity between public and private services. 102 , 103 , 110 , 113 , 135 - 139 For instance, in the ACCEPT registry, the rate of full adherence to guideline-recommended medications was only 62% soon after admission for ACS, and 18% of patients with STEMI were treated with neither fibrinolysis nor primary PCI. 102 In the BRACE study, the quality of care in ACS was poorer in the Northern and Northeastern regions than in the rest of the country. 103 In the VICTIM study, the mean time between symptom onset and hospital admission was longer and the rate of primary PCI was lower in public services as compared to private hospitals. 110 Importantly, low quality of care in ACS was associated with a higher risk of hard outcomes and in-hospital mortality in the ACCEPT and BRACE studies. 102 , 103

•Some publications, described in detail in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics – Brazil, 4 have reported the success of some strategies (e.g., incorporation of telemedicine) in improving the quality of care in ACS (e.g., increasing the rate of reperfusion therapy and the use of antiplatelet agents and statins, and reducing in-hospital mortality). 137 - 139

•The implementation of SAMU, the Brazilian nationwide ambulance service, mildly decreased AMI mortality rate (OR = 0.967 [95% CI, 0.936-0.998]) and AMI in-hospital mortality (OR = 0.914 [95% CI, 0.845-0.986]) from 2008 to 2016 in the state of Minas Gerais. 109

•Pivot times in the setting of a pharmaco-invasive strategy for STEMI have been reported by Bianco et al. who analyzed 2290 patients hospitalized in a university hospital in the city of São Paulo. The following times were found:

▫pain-health unit: median 120 (IQR 60-220) minutes;

▫door-needle: median 71 (IQR 42-135) minutes;

▫pain-needle: median 222 (IQR 140-345) minutes. 114

•In the B-CaRe:QCO registry, ~90% of patients admitted with STEMI underwent a pharmaco-invasive strategy. Carvalho et al. have reported the following times for patients aged >55 years:

▫pain-primary hospital: mean 165 (standard deviation, 142) minutes;

▫door-needle: median 70 (IQR 43-120) minutes;

▫pain-needle: median 225 (IQR 150-335) minutes.

The respective times for patients aged ≤55 years were: mean 154 (standard deviation, 131), median 68 (IQR 43-111), and median 210 (IQR 140-315) minutes.11 8

•In the B-CaRe:QCO registry, statin therapy at discharge was prescribed to 83% of those aged >55 years and 82% of those aged ≤55 years. The respective rates of acetylsalicylic acid prescription at discharge were 91% and 89%. 118

•Passaglia et al. have reported adherence rates to evidence-based therapies among 763 patients with ACS admitted to the Hospital das Clínicas of the Federal University of Minas Gerais between May 2016 and September 2019. The patients were included in the ‘Good Practices in Cardiology’ program supported by the Brazilian Society of Cardiology. Adherence rates were above 85% for the following performance indicators: early use of acetylsalicylic acid; acetylsalicylic acid at discharge; angiotensin-converting-enzyme inhibitor or angiotensin receptor blocker at discharge for patients with left ventricular ejection fraction <45%; beta-blocker at discharge; statin therapy at discharge; and blood pressure control at discharge. Adherence to tobacco cessation counseling for active smokers at discharge was 81.5%. 115

•Among 542 patients with STEMI enrolled in the Brasilia Heart Study, low-income individuals less frequently received dual antiplatelet therapy and statins at hospital discharge as compared to high-income patients. 116

•Among 2290 patients with STEMI who underwent a pharmaco-invasive strategy and were admitted to a university hospital in the city of São Paulo, a higher prevalence of atypical symptoms at presentation, longer time between symptom onset and seeking care, and longer delay in receiving fibrinolysis were observed among females. 114

•In a retrospective cross-sectional study with data collected by community health workers in the context of the primary care program, Family Health Strategy, between 2016 and 2021, of 35 103 individuals with prior myocardial infarction or stroke, only 6.7% and 0.6% reported use of statin and high-dose statin therapy, respectively. Statin use was associated with age over 60 years, living in the Southern region, and the presence of comorbidities (e.g., heart failure, diabetes mellitus, or chronic kidney disease). 91

Impact of the COVID-19 Pandemic

•An ecological time-series study has evaluated hospital admissions (SUS-only data) and mortality rates due to CVD during the COVID-19 pandemic in Brazil. Compared to average values in the three preceding years (2017-2019), hospital admissions due to CCS and ACS declined 12.8% (95% CI, 12.5%-13.2%) and 13.6% (95% CI, 13.3%-13.9%), respectively ( Table 3-3 ). The in-hospital mortality related to both CCS and ACS increased, and the proportion of ACS patients admitted to ICU was higher during the pandemic period ( Table 3-3 ), possibly reflecting more severe cases and/or delayed admission. Age-standardized mortality rates due to CCS and ACS per 100 000 inhabitants decreased 23% (95% CI, 21%-25%) and 6% (95% CI, 5%-7%), respectively ( Table 3-3 ), although almost no change was observed when ACS was analyzed not only as the underlying, but also as an associated cause of death (1% [95% CI, 0%-2%] decrease). An increase in the proportion of home deaths was reported for both CCS and ACS ( Table 3-3 ). 15

Table 3-3. – Number of hospital admissions, percentage of in-hospital mortality, mortality rate (per 100 000 inhabitants), and percentage of home deaths due to chronic and acute coronary syndromes during the COVID-19 pandemic.

Observed (95% CI) Expected (95% CI) Risk ratio* (95% CI)
Chronic coronary syndrome Hospital admissions (n) 115 250 (111 624;118 876) 132 173 (129 754;134 592) 0.872 (0.868;0.875)
In-hospital mortality (%) 3.3 (3.2;3.4) 3.0 (2.9;3.0) 1.116 (1.098;1.134)
Mortality rate 7.15 (7.04;7.27) 9.29 (9.16;9.42) 0.77 (0.75;0.79)
Home deaths (%) 0,37 (0,36;0,38) 0,31 (0,31;0,32) 1.17 (1.16;1.19)
Acute coronary syndrome Hospital admissions (n) 171 287 (166 244;176 330) 198 208 (196 571;199 845) 0.864 (0.861;0.867)
Admissions to ICU (%) 26.5 (26.3;26.7) 24.8 (24.6;25.0) 1.068 (1.064;1.072)
In-hospital mortality (%) 10.8 (10.6;10.9) 9.9 (9.8;10.0) 1.085 (1.077;1.093)
Mortality rate 44.58 (44.29;44.86) 47.3 (47.01;47.59) 0.94 (0.93;0.95)
Home deaths (%) 0,37 (0,36;0,37) 0,33 (0,33;0,34) 1.10 (1.10;1.11)

Epidemiological weeks: 10/2020-21/2021 for hospital data, 10/2020-11/2021 for mortality rate in the population. ICU: intensive care unit. * Risk ratio is the ratio between observed and expected values. Source: Brant et al. 15

•Brant et al. have compared observed and expected CVD deaths during the initial phase of the COVID-19 pandemic (March 17 to May 22, 2020) in the six Brazilian cities with the greatest numbers of COVID-19 deaths at that time (São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Belém, and Manaus). Specified deaths due to ACS increased in Belém and Manaus but decreased in the other cities. Unspecified cardiovascular deaths increased in all cities and were correlated with home deaths. The net effect was an increase in the excess percentage of total cardiovascular deaths in all cities (especially Belém and Manaus), except Rio de Janeiro and Recife. 8

•In a registry of patients from 16 hospitals in 6 different states, the number of individuals admitted to the emergency department with suspected ACS (especially non-ST elevation ACS) in the first three months of the COVID-19 pandemic decreased by 36.5% as compared to the monthly average in the 12 previous months. 140

•In a time-series study in the setting of SUS, as compared to the period between March and May 2019, admissions due to AMI decreased by 4% from March to May 2020, whereas in-hospital deaths dropped 9% and fatality rate (percentage of deaths among the admissions) decreased by 5%. 141

•In an ecological study of residents in the city of Belo Horizonte aged ≥30 years, no overall excess mortality due to ACS was found when comparing the observed age-standardized rate during epidemiological weeks 10–48, 2020, with the expected rates (mean of the period from 2015 to 2019). The authors reported reductions in the rates of hospital admission (RR 0.79; 95% CI, 0.75-0.84) and in-hospital deaths (RR 0.76; 95% CI, 0.57-1.01) due to ACS, as well as an increase in deaths at home (RR 1.38; 95% CI, 1.04-1.82). 66

•In a time-series study in the city of Belo Horizonte, the number of hospitalizations due to ACS in the 2020 pandemic period was 21% lower than projected (n=2369 and 3013, respectively). 142

•Admissions due to urgent and elective coronary events between March 18 and September 30, 2020, were compared to hospitalizations during a 2-year historical series (2018 and 2019) in the setting of the UNIMED-BH health plan, a private medical system covering approximately 1.31 million individuals (22% of the population) in the metropolitan area of Belo Horizonte. The numbers of admissions due to CHD were 2789, 3519, and 2348 in 2018, 2019, and 2020, respectively, indicating a 26% (95% CI, 22%-30%) reduction in 2020 as compared to the historical series. The in-hospital mortality rate was significantly higher in 2020 (5.4%; 95% CI, 4.5%-6.4%) as compared to 2018-2019 (3.6%; 95% CI, 3.2%-4.1%). 143

Future Directions

•Additional data are needed for further understanding of the epidemiological distribution of CHD in Brazil, in particular:

1. Development of nationwide databases aiming at gathering accurate and real-time information on the epidemiology of the distinct clinical presentations of CHD, including delivery of care, performance, and outcome measurements;

2. Analyses of disaggregated data to deeply understand diverse aspects of the CHD epidemiology and treatment according to sex, age, race, education, income, health system access, region, and other characteristics of the microenvironment;

3. Systematic reviews of prevalence and mortality rates of ACS, stable angina, PCI, and CABG, including representative samples of all geographical regions of the country, stratified by system delivery aspects;

4. Assessment of the effectiveness of structured nationwide programs for quality and performance measurement of different providers (public, not-for-profit, and for-profit) to understand the current situation, as well as to design strategies aimed at reducing CVD morbidity and mortality;

5. Additional economic and cost-effectiveness analyses of the impact of CHD and its diagnostic and therapeutic interventions, from a macro level and using micro-costing methods, for both public and private healthcare systems;

6. Development of structured programs to assess the prevalence, incidence, clinical, and economic impact of chronic CHD on the outpatient setting;

7. Analyses to evaluate the long-term impact of the COVID-19 pandemic on the CHD prevalence, incidence, mortality, burden, and treatment effectiveness.

CHAPTER 4 – CARDIOMYOPATHY AND HEART FAILURE

ICD-10 I42; I50; B57.2.

See Charts 4.1 through 4.6

Abbreviations Used in Chapter 4.

BREATHE Brazilian Registry of Heart Failure
ChCM Chagas Cardiomyopathy
ChD Chagas Disease
CI Confidence Interval
DALY Disability-Adjusted Life Years
FU Federative Unit
GBD Global Burden of Disease
HF Heart Failure
HR Hazard Ratio
ICD-10 International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems, 10thRevision
RR Relative Risk
SEADE Data Analysis State System Foundation (in Portuguese, Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados )
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
T. cruzi Trypanosoma cruzi
UI Uncertainty Interval
US United States
YLDs Years Lived with Disability
YLLs Years of Life Lost

Cardiomyopathy and Myocarditis

Prevalence and Incidence

•According to the GBD Study 2019 estimates, which are the last complete data available, cardiomyopathy and myocarditis age-standardized prevalence decreased in Brazil by 4.7% (95% UI, -9.5;0.8) from 1990 to 2019. In absolute numbers, estimates for the prevalence of cardiomyopathy and myocarditis in Brazil increased from less than 60 000 in 1990 to over 160 000 in 2019, mainly due to population growth and aging. More details on cardiomyopathy and myocarditis data from the GBD Study 2019 are available in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics - Brazil. 4

Mortality

•According to the GBD 2021 estimates, the mortality rate due to myocarditis in Brazil was 0.2 (95% UI, 0.2-0.2), and the highest rates were observed in Roraima (0.7; 95% UI, 0.6-0.8) and Goiás (0.4; 95% UI, 0.3-0.4). Furthermore, according to the GBD 2021 estimates, the mortality rate due to other cardiomyopathies was 7.0 (95% UI, 6.3-7.4). The FUs with the lowest mortality rates were Rio Grande do Norte (3.6; 95% UI, 3.1-4), Rio Grande do Sul (3.6; 95% UI, 3.1-4), and Amazonas (4.0; 95% UI, 3.5-4.4), while the FUs with the highest rates were Roraima (12.8; 95% UI, 10.7-15.1), São Paulo (11.3; 95% UI, 10-12.2), and Rio de Janeiro (9.7; 95% UI, 8.7-11). As the GBD 2021 data do not represent a historical series, they cannot be compared with previous data. The latest available full GBD data are from 2019.

•According to the GBD Study 2019 estimates, the mortality rates due to cardiomyopathy and myocarditis seemed to increase in the 90s but decreased in the two following decades. Death due to HF related to other specific causes are attributed to the underlying disease, i.e., deaths related to ischemic cardiomyopathy are coded as due to ischemic heart disease. Moreover, for the GBD project, HF is not considered a primary cause of death, thus, all deaths coded as related to HF should be recoded to the baseline condition (see below). More details on cardiomyopathy and myocarditis mortality from the GBD Study 2019 are available in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics - Brazil. 4

•In a study reporting data from the SEADE, from the state of São Paulo, cardiomyopathies were responsible for a total of 3571 deaths, representing 23.3% of HF-related deaths in 2006: dilated cardiomyopathy accounted for 17.2% of the deaths; alcoholic cardiomyopathy, for 0.45%; and restrictive cardiomyopathies, for 0.37%. Chagas disease and alcoholic cardiomyopathy were responsible for 7.8% and 0.45% of the HF-related deaths, respectively. 144

•For specific cardiomyopathies, data are scarce. A cohort study of 214 patients with hypertrophic cardiomyopathy has reported data from a 7-year follow-up in a tertiary hospital in São Paulo, Brazil. The mean age was 37±16 years, and 52% were women. There were 22 deaths (10%), 15 directly related to hypertrophic cardiomyopathy (11 sudden deaths). The cumulative survival rates were 94.5% at 5 years, 91% at 10 years, and 87.9% at 15 years, with an annual mortality rate of 1%, which is low, considering those were patients in a referral center. 145

Burden of Disease

•According to the GBD 2021 estimates, the DALY rate due to myocarditis was 8.7 (95% UI, 7.7-9.8), and the highest rates were observed in Roraima (23; 95% UI, 20.1-26.4), Goiás (12.6; 95% UI, 10.7-14.8), and Paraná (12; 95% UI, 10.4-13.8). Furthermore, according to the GBD 2021 estimates, the DALY rate due to other cardiomyopathies was 184.2 (95% UI, 174.4-194.3). The FUs with the lowest DALY rates were Rio Grande do Sul (86.1; 95% UI, 77.3-94.5) and Rio Grande do Norte (96.8; 95% UI, 87.8-106.2), while the FUs with the highest DALY rates due to other cardiomyopathies were São Paulo (303.1; 95% UI, 275.2-332.4), Roraima (281; 95% UI, 238.3-331.5), and Rio de Janeiro (279.1; 95% UI, 254.1-310.6). As the GBD 2021 data do not represent a historical series, they cannot be compared with previous data. The latest available full GBD data are from 2019 and were discussed in the 2021 Cardiovascular Statistics – Brazil. 4 In brief, according to the GBD 2019 estimates, the trends of age-standardized DALY rates due to cardiomyopathy and myocarditis were similar to those of mortality, with a small increase in the 90s and a decrease during the following decades.

Chronic Chagas Disease and Chagas Cardiomyopathy

Prevalence and Incidence

•The 2010 prevalence of ChD in Brazil was estimated at 1 156 821 by the World Health Organization 146 in the last official available estimate published in 2015. According to that statement, the estimated number of individuals with ChCM in Brazil is 231 364 subjects. These numbers revealed a significant decreasing trend of ChD human cases in Brazil in relation to previous estimates, which was attributed to various factors, but specially to the almost complete interruption of the vectorial and transfusion-related transmission in Brazil. That decrease is reported in the 2021 version of the Cardiovascular Statistics - Brazil based on the GBD 2019 estimates. 4

•A systematic review including 42 articles has confirmed a reduction in the prevalence of ChD. 147 However, about 4.6 million (95% CI, 2.9-7.2 million) people were estimated to be infected with T. cruzi in 2010. These estimates are much higher than those from the World Health Organization for 2010. 146

•In the NIH REDS-II Chagas retrospective cohort study, initially healthy blood donors with an index T. cruzi -seropositive donation and age, sex, and period-matched seronegative donors were followed up for 10 years. 148 The differential incidence of cardiomyopathy was 1.85 per 100 person-years attributable to T. cruzi infection. When prospectively followed up for a further decade, from 2008–2010 to 2018–2019, the incidence of cardiomyopathy in T. cruzi -seropositive donors was 13.8 (95% CI, 9.5–19.6) events/1000 person-years (32/262, 12%) as compared to 4.6 (95% CI, 2.3–8.3) events/1000 person-years (11/277, 4%) in seronegative controls, with an absolute incidence difference associated with T. cruzi -seropositivity of 9.2 (95% CI, 3.6–15.0) events/1000 person-years. 149

•In the Bambui Cohort Study of Aging, the incidence of cardiomyopathy has been evaluated in infected community-dwelling elderly and non-infected subjects with no major ECG abnormalities at the baseline in 1997, followed up until 2008. In the group with ChD (n=245), the incidence of cardiomyopathy was 24.8 (95% CI, 19.5–30.1) events/1000 person-years and, in the control group (n=617), 15.5 (95% CI, 12.7–18.5) events/1000 person-years. The absolute incidence difference associated with ChD in the entire period from 1997 to 2008 was 9.25 (95% CI, 3.2–15.2). 150

•In a systematic review and meta-analysis of 32 studies of patients with ChD (samples ranged from 9 to 3336 participants), the pooled estimated annual rate of cardiomyopathy was 4.6% among patients with acute Chagas infection and 1.9% among those with indeterminate chronic ChD. 151

Mortality

•In the GBD Study 2019, both the number of deaths due to ChD in Brazil and age-standardized mortality rate decreased from 1990 to 2019. More details about ChD data from the GBD Study 2019 are available in the 2021 Cardiovascular Statistics – Brazil. 4

•Similarly, several population-based studies have shown a reduction in mortality due to ChD in Brazil in the last decades, as reviewed in the 2021 Cardiovascular Statistics - Brazil, and they all have reported mortality rate decreases with regional variations. 4

•A recent population-based ecological study in Northeastern Brazil, using data from 2016 to 2018, has evaluated 801 patients with chronic ChD in the Pernambuco state mesoregions. The average chronic disease occurrence rate was 3.2/100 000 person-year. 152 No cases of acute disease were reported. In total, 350 deaths were recorded, showing male predominance, age ≥ 60 years, and chronic disease with cardiac involvement as the main mortality cause. Similar patterns were previously reported, as discussed in the 2021 Cardiovascular Statistics - Brazil report. 4 The annual average mortality proportion was 1.6/100 000 people (standard deviation 2.4) ( Chart 4-1 ).

Chart 4-1. – Standardized mortality rate due to Chagas disease in Brazil according to the year of occurrence and age range (in years), from 2000 to 2010. Source: Nóbrega et al. 177 .

Chart 4-1

•In a nationwide study that analyzed all death certificates of individuals who died between 2000 and 2019 in Brazil, ChD was mentioned in 122 291 deaths (0.54% of death certificates), 94 788 (77.5%) as an underlying cause and 27 503 (22.5%) as an associated cause. The mean standardized mortality rate was 3.22/100 000 inhabitants/year, with an observed declining trend in the period. 153 The highest mortality rates were observed in males, age group ≥80 years, black race/skin color, 1-3 years of schooling, and residents in the West-Central region, as shown in Chart 4-2 .

Chart 4-2. – Spatial distribution of Chagas disease-related mortality rates (per 100 000 inhabitants) according to the Federative Unit in Brazil, 2000–2019. (A) Crude rates; (B) Age-adjusted rates. Source: Martins-Melo et al. 153 .

Chart 4-2

•In the above mentioned Bambui Cohort Study of Aging, 150 cardiomyopathy development increases the risk of death as compared to maintenance of a normal ECG [HR: 1.93 (95% CI, 1.02–3.65)]. The study concludes that ChD is associated with a higher risk of progression to cardiomyopathy in the elderly, which is associated with a higher risk of death in individuals with ChD.

•As discussed in the 2021 Cardiovascular Statistics -Brazil, previous studies have reported an increased risk of death of blood donors who were seropositive for ChD, 154 in addition to ChD as an underreported cause of death. In patients with HF, both all-cause and HF mortalities were significantly higher in patients with ChD as compared to those without ChD, 155 with an increased risk of death in patients with cardiomyopathy, higher in those with left ventricular aneurysms. 156 Another cohort has shown absolute death rates decreased over time in patients with ChCM and non-Chagas cardiomyopathies, but increases in the HR associated with ChD were observed over time. 157 More cardiovascular events have been reported in municipalities with fewer physicians per 1000 inhabitants or lower Primary Health Care coverage. 158

•In a cohort study including 1551 patients with ChCM from Minas Gerais State, Brazil, a score to predict 2-year mortality was developed. The score included simple variables, such as age, New York Heart Association functional class, heart rate, QRS duration, and abnormal NT-proBNP adjusted by age. The observed mortality rates in the low, intermediate, and high-risk groups were 0%, 3.6%, and 32.7%, respectively, in the derivation cohort and 3.2%, 8.7%, and 19.1%, respectively, in the validation cohort, with C statistics of 0.82 and 0.71, respectively. It seems to be a helpful and simple score that could be used in remote areas with limited technological resources. 159

•A more recent systematic review of mortality in ChCM included 52 longitudinal studies (9569 patients and 2250 deaths). 160 The annual all-cause mortality rate was 7.9% [95% CI, 6.3–10.1]. The pooled estimated annual cardiovascular death rate was 6.3% (95% CI, 4.9–8.0). Meta-regression showed that low left ventricular ejection fraction (coefficient = -0.04; 95% CI, -0.07;-0.02; P = 0.001) was associated with an increased mortality risk, and mortality was higher in more advanced HF stages, showing that mortality risk in chronic ChCM is substantial and primarily attributable to cardiovascular causes.

Burden of Disease

•As reported in the 2021 Cardiovascular Statistics – Brazil, 4 in the GBD Study 2019, 174 194 DALYs (95% UI, 109 039-302 974) due to ChD were estimated in Brazil, with a relative reduction of 32.1% as compared to those of 1990. Age-standardized DALY rates declined at the national level (-70.5%) and in all Brazilian FUs between 1990 and 2019, but with different regional patterns. The decrease in the DALY rates was driven primarily by a consistent reduction in the YLL rates, the main component of total DALYs for ChD. The highest fatal and non-fatal burden due to ChD was observed among males, the elderly, and in the Brazilian FUs encompassing important endemic areas of vectorial transmission in the past, such as Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Bahia, and Distrito Federal.

Heart Failure

•Because HF is not considered an underlying cause of death (i.e., garbage code) in the GBD study, all deaths attributed to HF in death certificates are reclassified and/or redistributed to other causes, according to the GBD method. As such, there is no data from GBD on mortality from HF. Because HF is classified by GBD as an “impairment”, the only indicators we have for HF from the GBD are prevalence and YLDs, which is the morbidity component of DALYs.

Prevalence and Incidence

•The latest available full GBD data are from 2017, as discussed in the 2021 Cardiovascular Statistics – Brazil. 4 There was a decrease of 5% (95 UI, -7.1;-3) in HF age-standardized prevalence, in Brazil, from 818 (95% UI, 718-923) in 1990 to 772 (95% UI, 680-875) in 2017. In absolute numbers, estimates for the prevalence of HF in Brazil rose from 0.67 million in 1990 to almost 1.7 million in 2017, mainly due to population growth and aging. The highest rates were observed in Rio Grande do Norte state, and the lowest in Acre. The HF prevalence was higher in women (795; 95% UI, 694-901) than in men (751; 95% UI, 656-845) in 2017, and the reduction in prevalence from 1990 to 2017 was more pronounced in men [the percentage of decrease was 7.5 (95% UI, -10.2;-4.8) for men and 3.2 (95% UI, -6.5;-0.1) for women]. Regarding age groups, there is a 10-fold increase in the incidence rates from the ‘15-49 years’ group to the ‘50-69 years’ group, as well as a 6-fold increase from the latter to the ‘70+ years’ group, and these increases are similar for women and men. From 1990 to 2017, the prevalence increased only in the ‘15-49 years’ group, while decreased in the others, probably associated with increased ischemic events in that age group.

•A systematic review has evaluated the burden of HF in Latin America and included 143 articles published between January 1994 and June 2014, with at least 50 participants aged ≥ 18 years; most studies included (64%) were from Brazil. 161 The patients’ mean age was 60±9 years, and the mean ejection fraction was 36±9%. The prevalence of HF was 1% (95% CI, 0.1-2.7). Of the studies included, only one assessed incidence, with 1091 individuals identified through multistage probability sampling in the city of Porto Alegre, Brazil. The mean age was 42.8±16.9 years, and 55% were women. The incidence of HF in the single population study providing this information was 199 cases per 100 000 person-years. 162

•In a population-based study in primary care of a medium-sized city in Brazil, 633 individuals aged ≥45 years were randomly selected and registered in the primary care program. The mean age was 59.6±10.4 years, and 62% were females; the prevalence of symptomatic HF (stage C) was 9.3%, and the prevalence of stage B HF (structural abnormalities) was 42.7%. Of the patients with HF, 59% presented with HF with preserved ejection fraction and 41%, with HF with reduced ejection fraction. 163

•A study from the Brazilian National Health Survey held in 2013, with data on 59 655 adults (≥ 18 years), found a prevalence of self-rated HF of 1.1%, which would represent about 1.7 million people. In those aged over 60 years, the prevalence was 3.3%. 164

Mortality

•An ecological study developed with secondary data on HF mortality in Brazil from 1996 to 2017 has reported 1 242 014 deaths from HF, as shown in Chart 4-3 . 165 The temporal trend analysis results showed a significant decrease of 2.3% (95% CI, -2.3;-2.7) in the mortality rate across all Brazilian FUs. Northern municipalities maintained low mortality rates during the analyzed period, suggesting underreporting.

Chart 4-3. – Relative risk for heart failure mortality of all Brazilian municipalities in the periods: A) 1996-2001; B) 2002-2007; C) 2008-2012; and D) 2013-2017.

Chart 4-3

Source: Cestari et al. 165

•Another ecological study that analyzed mortality from HF in Brazil for individuals aged 50 years or older, between 1998 and 2019, has found similar results. 166 The average rate was 75.5 deaths per 100 000 inhabitants, and women accounted for the highest proportion (n=299 093; 52.67%). The trend of mortality from HF in Brazilians older than 50 years was downward over 21 years, and this trend was also observed in both sexes and in 23 FUs ( Chart 4-4 ). That study showed that the mortality rates from HF increased with advancing age in all Brazilian regions, with a higher occurrence in individuals aged 80 years or older (n=257 277; 45.31%). 166 , 167

Chart 4-4. – Spatial distribution of moving averages of mortality rates due to heart failure among Brazilians over 50 years of age, Brazil, 1998 to 2019. Source: Arruda et al. 166 .

Chart 4-4

•A study was conducted on all death certificates related to deaths in Brazil between 2006 and 2016 to identify HF as the underlying cause of death or as a multiple cause of death. It included 1 074 038 death certificates issued between 2006 and 2016 with the code I50 in their Parts I or II. The frequency HF appeared as the multiple cause of death in both sexes was nearly three times higher than that of HF as an underlying cause of death. Specific ICD codes more frequently listed as the underlying cause of death in death certificates with HF present anywhere were hypertensive heart disease (11.3%), acute myocardial infarction (8.4%), diabetes mellitus (3.1%), dilated cardiomyopathy (2.9%), chronic obstructive pulmonary disease (2.6%), and ChD (1.7%). 168

•As reported in the 2021 Cardiovascular Statistics – Brazil, 4 the percentage of death due to HF varies from 3% to 9% depending on the region, age, and performed analysis. In addition, mortality during the follow-up of patients with HF varies in Brazilian cohort studies, with 1-year mortality ranging from 6.8% to 20% depending on clinical factors and with survival improving over time.

Hospitalizations

•Hospital admissions are the main consequences of decompensated HF, resulting in worse prognosis and increasing costs. The BREATHE Study evaluated a sample of patients admitted due to acute decompensated HF. A total of 1263 patients were included from 51 centers from different Brazilian regions in 2011 and 2012. In-hospital mortality was 12.6%, and care quality indicators based on hospital discharge recommendations were reached in less than 65% of the patients. 167 As reported in the 2021 Cardiovascular Statistics -Brazil, 4 and in recent evaluation of hospital admissions for HF, similar rates of in-hospital mortality have been reported, ranging from 9% to 17%. 115

•Several temporal analyses have shown a decrease in both number of hospitalizations and in-hospital mortality over time, mostly in the last decade, 168 , 169 as discussed in detail in the 2021 Cardiovascular Statistics - Brazil. 4

Burden of Disease

•As reported in the 2021 Cardiovascular Statistics - Brazil, 4 the age-standardized YLD rates due to HF were 112 (95% UI, 83-141) in 1990 and 109 (95% UI, 81-134) in 2017, per 100 000 inhabitants, corresponding to a decrease of 3% (95% UI, -6.7 to 0.3). These changes are similar to those observed in the HF prevalence rates. Despite this decrease in YLD rates, HF resulted in 88 114 (95% UI, 64 078-112 624) DALYs in Brazil in 1990 and in 234 169 (95% UI, 174 338-291 188) in 2017, due to population growth and aging. The reductions were more pronounced in men during that period. As expected, the highest YLD rate was observed in the ‘70+ years’ group, followed by the ‘50-69 years’ group. Similar to the changes observed in prevalence, from 1990 to 2017, the greatest increases in YLD were observed in the ‘15-49 years’ group.

Impact of the COVID-19 Pandemic

•Hospitalization and mortality data for Brazil between 2020 and 2021 have shown a reduction in hospitalization due to cardiovascular disease, with the highest absolute reduction in hospitalizations seen in HF and myocardiopathies (-66 499; 95% CI, -58 863.4; -74 035.9). There was also a relative reduction in hospitalizations in the period (RRi 0.761; 95% CI, 0.759-0.763). However, there was an increase in the clinical severity of hospitalized patients, with proportional increase of 19.4% (RRi 1194; 95% CI, 1188-1200) in intensive care unit admissions and 13.6% (RRi 1136; 95% CI, 1130-1143) in in-hospital deaths. These data suggest that less severe patients have probably not been hospitalized and, on the other hand, the more severe ones have probably sought the hospital later, worsening their outcomes. 15

•The greatest reduction in hospitalization occurred in municipalities in the North region, in municipalities with lower human development index and in smaller municipalities. In addition, the reduction was greater in the elderly and women, reflecting the greater impact of the pandemic on clinical admissions of the most vulnerable groups. Regarding mortality from HF and cardiomyopathies, there has been a reduction in the standardized mortality rate and an increase in deaths at home. 15

•Another study with data from January 2011 to June 2022 has shown a decrease in hospitalizations for HF since the beginning of the series, but with a most significant drop after the beginning of the COVID-19 pandemic. Data from 2020 to June 2022 show average monthly hospitalization of 8547 cases, which represents a 16.10% drop in relation to 2019 data and a 37.75% drop in relation to 2011 data. This represents a decrease from 132.81 hospitalizations per 100 000 inhabitants in 2011 to 78.58 hospitalizations per 100 000 inhabitants in 2021 (40.83% reduction, as reported in Chart 4-5 ). On the other hand, there has been an increase in the lethality of HF, which increased from 10.00% in 2011 to 12.63% in 2019 and to 13.47% in 2022 ( Chart 4-6 ). 170

Chart 4-5. – Historical series of hospitalizations for HF from January 2011 to June 2022. Source: Cruz et al. 170 .

Chart 4-5

Chart 4-6. – Historical series of heart failure lethality from 2011 to 2022. Source: Cruz et al. 170 .

Chart 4-6

•A cohort study using data from the Best Practice in Cardiology program has compared the hospitalizations for HF during the COVID-19 outbreak from March 12thto October 31st, 2020, with admissions to the same hospitals during the same epidemiological weeks in 2019 and 2018. In that study, a 20% reduction in the number of hospitalizations was found. However, there was a significant increase in the mortality of hospitalized patients. After adjusting, the risk of death in 30 days was approximately two times higher in patients admitted during the COVID-19 outbreak (HR = 1.89 [95% CI, 1.19-3.03]; p=0.007) as compared to that of the two previous years. Poor compliance to treatment recommendations and acute kidney disease were more commonly reported as factors triggering HF decompensation during the COVID-19 outbreak. In addition, patients were admitted to the hospital with greater severity (measured through the ADHERE risk score) during the COVID-19 outbreak. 171

•There has been concern about the impact of the COVID-19 and ChD coinfection, because of both the different forms of cardiac involvement or complications that COVID-19 can cause and the impact that acute COVID-19 and the immunosuppression induced by the disease and its treatment could have on ChD. 172 However, a multicenter study comparing hospitalized patients with COVID-19 and ChD with those without ChD has found no difference in mortality, length of stay or complications, such as acute HF, between the two groups. 173 A study using mortality rate data for 2020 obtained from the Brazilian Mortality Information System database has found 492 deaths related to the ChD and COVID-19 coinfection. The highest mortality rates were found for older age groups, individuals of Afro-Brazilian ethnicity, and those with low educational levels. 174

Health Care Utilization and Cost

•According to data from the SUS, there were 3 454 570 hospitalizations for HF from 2008 to 2021. This number represents more than one-third of the total clinical admissions related to cardiovascular conditions in the observed period. Adjusted total costs were R$ 8 438 025 775.

•During the observed period, there was a reduction in the number of clinical admissions for HF from 298 474 (157 per 100 000) in 2008 to 181 441 (85 per 100 000) in 2021, with an even reduction over the years. Despite that reduction in the number of admissions, unadjusted healthcare expenditure estimates from the adjusted direct payment for the care of patients with HF increased from 2008 to 2019 by almost 24%, from R$ 288 345 221 in 2008 to R$ 356 801 947 in 2021. A decreased number of admissions and increased expenditure represent higher costs per admission throughout the observed period (R$ 912 in 2008 to R$ 1787 in 2021). Heart failure was the main responsible for the costs related to clinical admissions among cardiovascular diseases.

•An ecological study using data from 2018 to 2021 has found projections that indicate a total expenditure of more than R$ 1 billion with hospitalizations, with an average hospital cost of R$ 1725.27 per person. The average cost per hospitalization exceeded R$ 2 billion. Approximately 3% of federal expenditures are earmarked for HF benefit payments. Of the total number of absences, 65% corresponded to men and 35% to women, with costs that could reach R$ 6 billion lost per year. 175 , 176

•As discussed in the 2021 Cardiovascular Statistics - Brazil, 4 the economic burden of HF in Brazil imposes a financial cost of R$ 22.1 billion (US$ 6.8 billion), as assessed in 2015, the second out of four main heart conditions in Brazil: myocardial infarction, HF, hypertension, and atrial fibrillation, 132 and increases in the mean per-patient cost of HF-related hospitalizations have been reported.

Future Directions

•Because HF is considered a garbage code when assigned as the underlying cause of death, studies investigating the better method to reclassify and redistribute this cause are needed to reduce bias and promote better data comparability to enhance health policies.

•Brazilian cohort studies for cardiomyopathies are scarce and some clinical studies in Brazil have reported HF data, but there are few multicenter studies with the Brazilian population data. It is important to have data for both HF and cardiomyopathy of both outpatients and hospitalizations, and to fully understand the increasing burden of HF on cardiovascular diseases. More multicenter large-scale studies are needed to better describe the burden, outcomes, and costs of HF in the Brazilian population.

•In addition, studies exploring quality of care and costs in HF would help develop health policies to improve awareness, access to life-saving interventions, organ donation, and the better use of resources in this complex and demanding disease.

•More studies on the impact of the COVID-19 pandemic, as well as on the post-pandemic era, are still needed.

CHAPTER 5 – VALVULAR HEART DISEASE

ICD-9 424; ICD-10 I34 to I38

See Tables 5-1 and 5-2 and Charts 5-1 through 5-7

Abbreviations Used in Chapter 5.

CI Confidence Interval
DALY Disability-Adjusted Life Years
ICD-10 International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems, 10thRevision
IE Infective Endocarditis
GBD Global Burden of Disease
HIC High-Income Countries
LMIC Low to Middle-Income Countries
NRVD Non-Rheumatic Valvular Disease
RHD Rheumatic Heart Disease
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
PBMVC Percutaneous Balloon Mitral Valve Commissurotomy
VHD Valvular heart disease
TAVI Transcatheter Aortic Valve Implantation
UI Uncertainty Interval

Prevalence

Rheumatic Heart Disease

•RHD is a preventable condition. Prompt and appropriate treatment of streptococcal infections with antibiotics may prevent the development of RHD. However, in many LMIC, access to healthcare and antibiotics can be limited, leading to higher rates of RHD. According to the Global Atlas on Cardiovascular Disease Prevention and Control , it is estimated that RHD currently affects 33.0-40.5 million people worldwide, accounting for 1% to 1.5% (306 000 deaths) of all cardiovascular deaths. 36 , 178 Until the middle of the 20thcentury, RHD was the leading cause of VHD in the world. Improved health conditions, early identification of Streptococcus pyogenes infections and antibiotic use decreased significantly RHD prevalence in HIC.

•RHD is the primary cause of 2.5% of VHDs in the United States and Canada, reaching up to 22% in Europe, 179 and even higher rates have been reported in Brazil, reaching around 50% of the heart valve surgeries in SUS. 180 - 182

•In LMIC the prevalence of RHD remains around 444 per 100 000 inhabitants. 36 , 183 In Brazil, it persists as the main etiology of VHDs, especially in patients from the SUS. Previous evaluations have shown a prevalence of 360 per 100 000 in our country. 184 Other evaluations have found a prevalence ranging from 100 to 700 per 100 000 schoolchildren. 185 More recently (2022), a study from the Brazilian Amazon Basin has found a prevalence of 39 per 1000, indicating the need for screening programs in both remote and known high-prevalence areas. 186 Simplified echocardiographic criteria may increase the screening in suspected high-prevalence areas. 187

•According to more recent data from Global Burden of Cardiovascular Diseases and Risks Collaboration , from 1990 to 2021, 186 the age-standardized prevalence of RHD in Tropical Latin America (which includes Brazil and Paraguay, with estimates mostly driven by Brazilian data) was 1266.6 (95% UI, 987.3-1543.5) per 100 000, resulting in approximately 3 047 102 prevalent cases ( Table 5-1 ). These point rates are above those observed in GBD 2019 in Brazil [918.5 (95% UI, 716-1142.5) per 100 000] and Paraguay, suggesting that the RHD prevalence may still be growing in the region. Nonetheless, it may also mean that diagnosis, detection, and health statistics are improving. 186

Table 5-1. – Regional cardiovascular disease (infective endocarditis, rheumatic and non-rheumatic valve diseases) in 2021 in Tropical South America (Brazil and Paraguay): counts and age-standardized rates per 100 000.
Cardiovascular disease type Prevalent cases (count) Deaths (count) Prevalence (rate/100 000) Deaths (rate/100 000) DALYs (rate/100 000)
Rheumatic heart disease 3 047 102 2823 1266.6 1.1 93.5
Non-rheumatic calcific aortic valve disease 359 861 4059 140.6 1.6 32.2
Non-rheumatic degenerative mitral valve disease 112 951 1761 44.0 0.7 17.2
Other non-rheumatic valve diseases 474 75 0.2 <0.1 0.8
Infective endocarditis 15 053 2775 6.7 1.1 34.6

Source: Adapted from Lindstrom et al. 186

•RHD is still the most prevalent cause of mitral valve disease in Brazil when both mitral stenosis (over 90%) and regurgitation (around 55-60%) are considered. 187

•Mitral stenosis occurs more frequently in women than in men, at a ratio of 3:2. It is a frequent sequela of acute rheumatic fever, reaching more than 85% of cases even in HIC, such as those in Europe, 188 with a similar pattern observed in Brazil. 182 , 187

Non-Rheumatic Valvular Heart Disease

•According to a recent GBD 2021 update, 36 , 37 , 186 the age-standardized prevalence of non-rheumatic degenerative mitral valve disease in Tropical Latin America in 2021 was 44.0 (95% UI, 41.5-47.0) per 100 000, resulting in 112 951 prevalent cases ( Table 5-1 ), 186 depicting a continuous increase if compared to the 1990-2019 trends for total NRVDs, which increased from 25.3 (95% UI, 22.4-27.8) per 100 000 in 1990 to 39 (95% UI, 33.9-44.6) per 100 000 in 2019. 36 This past trend, however, was mostly driven by calcific aortic valve disease (201.8%), as mitral degenerative valve disease showed a stable trend, with slight percent changes: -2.3% (95% UI, -4 to -0.4). 34 , 36

•Non-rheumatic calcific aortic valve disease had an age-standardized prevalence rate of 140.6 (95% UI, 112.9-169.7) per 100 000 in Tropical Latin America, with an average of 359 861 prevalent cases, representing a trend towards increasing prevalence, especially in older ages, as previously observed in Brazil (1990-2019) ( Table 5-1 ). 36 , 186 , 189

•Other NRVDs, with considerable drawbacks related to the quality of primary data and case definition, had an age-standardized prevalence of 0.20 (95% CI, 0.16-0.24) per 100 000 individuals in Tropical Latin America. 186

•Prevalence estimates in GBD 2021 for RHD and NRVD are available neither at the subnational level nor for Brazil separately, precluding deeper inferences about their association with healthcare access and quality or with markers of socioeconomic development. 186

•Unlike mitral valve disease, aortic valve disease is predominantly degenerative or calcific. Observational studies have shown aortic stenosis in 4.5% of the population aged >75 years in HIC, such as the United States. 190 According to observational studies 187 , 191 and the GBD 2021 data, 186 in Brazil, as well as in the rest of the world, an increasing trend towards degenerative aortic valve disease has been observed in areas where the epidemiological transition and changes in age composition have evolved, as compared to other etiologies, such as RHD. 192

Mortality

•Valvular heart disease is one of the leading causes of cardiovascular death in Brazil, particularly in economically underserved regions, RHD being the most socially driven etiology.

Rheumatic Heart Disease

•Although nationwide data are still scarce, age-standardized mortality rates attributable to RHD continue to decrease. The last GBD 2021 analysis observed a rate of 1.0 (95% UI, 1.0-1.2) per 100 000 deaths in the Tropical Latin America area, which includes Brazil and Paraguay, 186 compared to 1.2 (95% UI, 1.1-1.2) per 100 000, according to the GBD 2019 study, and to 2.8 (95% UI, 2.7-3.0) 20 years before, according to the most recent GBD temporal series. 36 However, for crude mortality rates ( Table 5-1 ), there was a slight increase. The total number of deaths in 2019 was 2715 (95% UI, 2505-2913), compared to 2823 in 2021, possibly because of population growth ( Table 5-1 ), although such trends must be carefully evaluated, considering that, for 2021, only point estimates – as opposed to temporal series – are available to date. The age-standardized mortality rate due to RHD in Brazil was 1.1 (95% UI, 1.0-1.2) per 100 000, 186 superimposable to that observed in the point estimates of the GBD 2019, 1.2 (95% UI, 1.1-1.2) per 100 000. In 2023, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Sergipe, and Pernambuco were the Federative Units with the RHD age-standardized mortality rates in the highest quartile (ranging from 1.2 to 1.5 per 100 000), the highest rates being observed in Goiás and Paraná 37 , 186 ( Table 5-1 and Chart 5-1A ).

Chart 5-1A. – Rheumatic heart disease: age-standardized per 100 000 mortality rate quartiles according to the Brazilian Federative Units. Data from the Global Burden of Disease 2021 Estimates. 48 .

Chart 5-1A

•Again, for those estimates, the lack of systematized primary data may have led to inaccuracies, considering that Paraná has one of the highest sociodemographic indexes in Brazil. On the contrary, three states of the Northeastern region, the poorest in the country, are also included in that list.

Non-Rheumatic Valvular Heart Disease

•According to the GBD 2021 study, the age-standardized mortality rates attributable to specific NRVDs in Tropical Latin America were: 0.7 (95% UI, 0.6-0.7) per 100 000 for non-rheumatic degenerative mitral valve disease, 1.6 (95% UI, 1.4-1.7) per 100 000 for non-rheumatic calcific aortic valve disease, and <0.1 [0.03 (95% UI, 0.026-0.034) per 100 000] for other NRVDs ( Table 5-1 ). 186 The total numbers of estimated fatalities in 2021 were 1761, 4059, and 75 for non-rheumatic degenerative mitral valve disease, non-rheumatic calcific aortic valve disease, and other NRVDs, respectively ( Table 5-1 ). These data reinforce the trends from recent estimates of higher mortality for non-rheumatic aortic valve disease, as seen in the GBD 2019 analysis. 4 , 36 This observation, in addition to the previous temporal trends, is also aligned with the demographic profile of the country, with population aging and the increasing impact of cardiovascular risk factors. 189

•Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Distrito Federal, and Amapá were the Federative Units with age-standardized mortality rates due to non-rheumatic calcific aortic valve disease in the highest quartile (ranging from 1.65 to 2.42 per 100 000) ( Table 5-2 and Chart 5-2A ). 186

Table 5-2. – Metrics related to valvular heart diseases (infective endocarditis, rheumatic and non-rheumatic valvular diseases).

Location DALYs per 100 000 Deaths per 100 000
Estimate 95% CI Lower 95% CI Upper Estimate 95% CI Lower 95% CI Upper
Infective endocarditis
Acre 47.58 44.62 52.12 1.44 1.35 1.57
Alagoas 39.68 35.65 43.64 1.20 1.07 1.32
Amapá 40.17 35.89 45.96 1.25 1.12 1.43
Amazonas 27.73 25.52 29.70 0.87 0.78 0.94
Bahia 36.24 31.65 40.22 1.03 0.89 1.15
Brazil * 34.42 32.74 36.17 1.11 1.03 1.18
Ceará 29.70 26.16 33.78 0.93 0.80 1.07
Distrito Federal 27.51 24.92 30.41 1.05 0.94 1.15
Espírito Santo 35.11 31.16 38.36 1.10 0.97 1.20
Goiás 36.46 32.77 40.25 1.21 1.10 1.34
Maranhão 27.52 23.78 30.90 0.82 0.72 0.93
Mato Grosso 34.07 30.33 37.53 1.07 0.95 1.16
Mato Grosso do Sul 38.25 34.19 41.61 1.23 1.11 1.34
Minas Gerais 40.02 36.43 43.26 1.30 1.16 1.41
Pará 32.72 28.59 37.08 0.99 0.84 1.12
Paraíba 29.60 26.64 32.13 0.93 0.84 1.01
Paraná 29.20 26.74 31.85 0.97 0.89 1.06
Pernambuco 27.78 24.90 30.46 0.88 0.78 0.98
Piaui 30.78 26.89 34.85 0.93 0.81 1.05
Rio de Janeiro 39.18 35.82 43.74 1.24 1.12 1.39
Rio Grande do Norte 30.24 26.88 33.56 0.91 0.81 1.01
Rio Grande do Sul 31.25 28.39 34.37 1.06 0.96 1.17
Rondônia 31.64 28.11 36.34 0.99 0.88 1.14
Roraima 30.30 25.93 35.05 0.98 0.84 1.14
Santa Catarina 33.69 30.04 36.88 1.16 1.03 1.28
São Paulo 34.97 31.42 38.19 1.20 1.07 1.33
Sergipe 34.86 31.84 38.21 1.09 0.99 1.19
Tocantins 32.47 28.27 37.01 1.02 0.89 1.16
Non-rheumatic calcific aortic valve disease
Acre 25.58 23.44 28.45 1.28 1.14 1.40
Alagoas 27.35 24.63 30.74 1.31 1.16 1.48
Amapá 33.36 29.12 38.11 1.66 1.46 1.86
Amazonas 31.56 28.41 34.89 1.51 1.34 1.65
Bahia 27.59 24.20 30.69 1.26 1.10 1.40
Brazil * 31.78 29.43 34.01 1.63 1.44 1.73
Ceará 24.40 20.83 27.98 1.20 1.01 1.38
Distrito Federal 31.07 27.90 34.17 1.91 1.69 2.08
Espírito Santo 32.92 28.97 36.35 1.70 1.50 1.87
Goiás 33.39 30.52 36.86 1.64 1.44 1.80
Maranhão 24.89 21.43 28.84 1.20 1.06 1.37
Mato Grosso 29.35 26.49 32.44 1.43 1.26 1.57
Mato Grosso do Sul 32.11 29.01 35.47 1.60 1.42 1.79
Minas Gerais 30.41 27.23 33.45 1.51 1.31 1.66
Pará 27.56 24.18 32.02 1.32 1.09 1.54
Paraíba 20.74 18.71 22.92 0.99 0.88 1.10
Paraná 37.98 34.80 41.87 1.97 1.76 2.19
Pernambuco 29.92 27.05 33.17 1.50 1.30 1.68
Piaui 20.76 18.08 23.72 0.98 0.87 1.12
Rio de Janeiro 28.92 25.88 32.36 1.48 1.26 1.65
Rio Grande do Norte 25.42 22.54 28.36 1.24 1.07 1.36
Rio Grande do Sul 39.05 35.00 42.63 2.15 1.92 2.37
Rondônia 28.14 24.75 31.95 1.38 1.20 1.57
Roraima 31.14 26.92 36.69 1.64 1.39 1.88
Santa Catarina 43.17 38.26 47.68 2.42 2.09 2.65
São Paulo 35.93 32.37 40.13 1.94 1.69 2.18
Sergipe 19.87 17.77 21.78 0.96 0.85 1.05
Tocantins 28.34 24.92 32.19 1.40 1.22 1.60
Non-rheumatic degenerative mitral valve disease
Acre 14.41 13.37 15.79 0.57 0.52 0.63
Alagoas 18.97 17.01 21.30 0.72 0.64 0.83
Amapá 18.71 16.30 20.87 0.75 0.65 0.83
Amazonas 13.18 11.76 14.67 0.52 0.46 0.58
Bahia 16.09 14.11 18.14 0.58 0.51 0.65
Brazil * 17.25 16.28 18.18 0.70 0.64 0.74
Ceará 16.71 14.17 19.17 0.67 0.57 0.77
Distrito Federal 15.56 14.05 17.24 0.75 0.68 0.84
Espírito Santo 21.74 19.27 24.21 0.89 0.78 1.00
Goiás 17.83 16.02 19.86 0.72 0.64 0.80
Maranhão 13.13 11.26 15.07 0.50 0.43 0.57
Mato Grosso 16.71 15.08 18.41 0.66 0.58 0.72
Mato Grosso do Sul 18.98 17.04 20.77 0.75 0.67 0.83
Minas Gerais 15.04 13.60 16.39 0.60 0.52 0.66
Pará 17.90 15.33 20.93 0.70 0.59 0.82
Paraíba 12.22 10.95 13.53 0.47 0.41 0.52
Paraná 19.80 17.75 21.84 0.83 0.74 0.92
Pernambuco 21.79 19.54 23.85 0.87 0.77 0.96
Piaui 14.16 12.40 16.08 0.54 0.47 0.61
Rio de Janeiro 15.24 13.65 17.04 0.60 0.53 0.67
Rio Grande do Norte 13.30 11.81 14.69 0.51 0.45 0.57
Rio Grande do Sul 17.66 16.09 19.36 0.76 0.66 0.83
Rondônia 14.39 12.58 16.53 0.58 0.50 0.66
Roraima 11.52 9.72 13.71 0.46 0.38 0.55
Santa Catarina 18.37 16.35 20.34 0.80 0.71 0.89
São Paulo 18.97 16.94 21.13 0.81 0.72 0.91
Sergipe 13.67 12.25 15.05 0.54 0.49 0.60
Tocantins 21.95 19.47 24.99 0.90 0.79 1.02
Other non-rheumatic valve diseases
Acre 1.07 0.88 1.27 0.04 0.04 0.05
Alagoas 0.60 0.47 0.72 0.02 0.02 0.03
Amapá 0.99 0.80 1.22 0.04 0.03 0.05
Amazonas 0.70 0.57 0.85 0.03 0.02 0.03
Bahia 0.67 0.58 0.81 0.02 0.02 0.03
Brazil * 0.79 0.71 0.88 0.03 0.03 0.03
Ceará 1.19 0.98 1.45 0.05 0.04 0.06
Distrito Federal 0.71 0.59 0.86 0.03 0.03 0.04
Espírito Santo 0.98 0.80 1.16 0.04 0.03 0.05
Goiás 0.87 0.74 1.06 0.03 0.03 0.04
Maranhão 1.14 0.96 1.35 0.04 0.04 0.05
Mato Grosso 0.66 0.55 0.84 0.03 0.02 0.03
Mato Grosso do Sul 0.32 0.26 0.38 0.01 0.01 0.02
Minas Gerais 0.69 0.57 0.85 0.03 0.02 0.03
Pará 1.81 1.45 2.18 0.07 0.05 0.09
Paraíba 0.90 0.76 1.05 0.03 0.03 0.04
Paraná 1.06 0.87 1.29 0.04 0.04 0.05
Pernambuco 0.84 0.69 1.01 0.03 0.03 0.04
Piaui 0.77 0.62 0.96 0.03 0.02 0.04
Rio de Janeiro 0.44 0.37 0.53 0.02 0.01 0.02
Rio Grande do Norte 1.14 0.95 1.35 0.04 0.04 0.05
Rio Grande do Sul 0.90 0.77 1.08 0.04 0.03 0.04
Rondônia 0.92 0.75 1.09 0.04 0.03 0.04
Roraima 1.89 1.55 2.25 0.07 0.06 0.09
Santa Catarina 0.50 0.40 0.59 0.02 0.02 0.03
São Paulo 0.60 0.51 0.76 0.02 0.02 0.03
Sergipe 0.65 0.55 0.77 0.03 0.02 0.03
Tocantins 1.56 1.32 1.81 0.06 0.05 0.07
Rheumatic heart disease
Acre 93.71 72.25 120.60 1.13 1.02 1.25
Alagoas 98.41 75.74 123.81 1.18 0.99 1.37
Amapá 83.57 61.54 110.32 0.81 0.71 0.92
Amazonas 79.17 57.75 106.01 0.71 0.54 0.80
Bahia 102.46 77.61 134.08 1.22 1.06 1.41
Brazil* 93.66 70.92 122.70 1.11 0.97 1.20
Ceará 85.65 62.72 115.53 0.82 0.71 0.95
Distrito Federal 97.24 74.63 129.24 1.50 1.22 1.71
Espírito Santo 96.43 74.58 125.54 1.23 1.01 1.42
Goiás 102.86 80.71 133.75 1.45 1.19 1.65
Maranhão 92.06 69.06 120.67 1.02 0.85 1.16
Mato Grosso 87.12 64.35 116.87 0.95 0.75 1.09
Mato Grosso do Sul 89.44 66.95 120.27 0.95 0.80 1.08
Minas Gerais 98.87 74.13 128.93 1.33 1.16 1.46
Pará 86.80 63.37 115.89 0.89 0.77 1.03
Paraíba 92.53 69.89 119.40 1.02 0.86 1.16
Paraná 99.95 76.58 127.95 1.36 1.21 1.56
Pernambuco 103.62 80.45 131.52 1.32 1.08 1.54
Piaui 84.69 60.53 112.98 0.76 0.65 0.86
Rio de Janeiro 91.72 68.77 121.04 1.03 0.83 1.20
Rio Grande do Norte 94.03 71.73 123.51 1.06 0.90 1.19
Rio Grande do Sul 84.38 61.76 112.28 0.83 0.73 0.92
Rondônia 88.51 66.25 117.17 1.00 0.86 1.15
Roraima 85.87 65.88 110.36 0.94 0.80 1.11
Santa Catarina 91.62 69.41 123.48 1.10 0.95 1.24
São Paulo 90.94 67.73 122.63 1.07 0.89 1.22
Sergipe 98.83 74.55 135.42 1.19 0.98 1.34
Tocantins 93.75 71.02 123.10 1.15 0.99 1.32

* Estimates for Brazil. Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

Chart 5-2A.

Chart 5-2A

Data from the Global Burden of Disease 2021 Estimates. 48

•Regarding non-rheumatic degenerative mitral valve disease, the age-standardized mortality rates observed were higher in Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Tocantins, and Pernambuco (ranging from 0.754 to 0.896 per 100 000) ( Table 5-2 and Chart 5-3A ). 186

Chart 5-3A.

Chart 5-3A

Data from the Global Burden of Disease 2021 Estimates. 48

•Concerning other NRVDs, Roraima, Pará, Maranhão, Tocantins, Ceará, Acre, and Paraná were the Federative Units with the highest estimated age-standardized mortality rates (ranging from 0.04 to 0.07 per 100 000) ( Table 5-2 and Chart 5-4A ). 186

Chart 5-4A.

Chart 5-4A

•The increasing mortality rates in older ages due to NRVDs contrast with the trends observed for RHD, possibly reflecting a higher prevalence and, consequently, mortality in the age groups >70 years, for both aortic and mitral diseases. 34 , 36 , 186 In addition to the need for specific attention from the public health perspective, these trends point towards a significant growth in the expenses related to degenerative valve diseases, especially related to new devices, such as TAVI and edge-to-edge mitral valve repair, and continuing care for the elderly living with VHD. 189 , 191

Burden of Disease

Rheumatic Heart Disease

•According to GBD 2021 data, the age-standardized rate of DALYs attributable to RHD significantly increased to 93.7 (95% UI, 70.9-122.7) per 100 000 in Brazil ( Table 5-2 ), counteracting the downward trend observed from 1990 to 2019, 144.6 (95% UI, 126.8-167.3) and 79.3 (95% UI, 61.6-102.6) per 100 000, respectively. 37 , 186 Again, these trends require a careful interpretation, in the absence of a temporal series until the point estimates of 2021, and also considering the recent changes in the RHD modeling, especially with the incorporation of additional inputs, such as the prevalence of latent disease, which may considerably impact estimates in places where screening programs are held. 180 , 181 The Federative Units of Minas Gerais, Goiás, Paraná, Bahia, Sergipe, Alagoas, and Pernambuco had the highest age-standardized DALYs rates in the country, which were positioned in the upper quartile (range from 97.8 to 104.0 per 100 000) ( Chart 5-1B ). 186

Chart 5-1B. – Rheumatic heart disease: age-standardized per 100 000 DALY rate quartiles according to the Brazilian Federative Units. Data from the Global Burden of Disease 2021 Estimates. 48 .

Chart 5-1B

Non-Rheumatic Valvular Heart Disease

•According to the GBD, the age-standardized rate of DALYs attributable to non-rheumatic calcific aortic valve disease in 2021 was 31.8 (95% UI, 29.4-34.0) per 100 000, considerably higher than that observed for non-rheumatic degenerative mitral valve disease, 17.2 (95% UI, 16.3-18.2) per 100 000, and especially for other NRVDs, which yield a much lower burden, 0.8 (95% UI, 0.7-0.9) per 100 000. 186 However, the overall age-standardized DALY rates associated with NRVDs continue to decrease, showing a continuing downward trend when compared to the last published time series: 62.8 (95% UI, 60.3-65.2) per 100 000 in 1990 and 44 (95% UI, 40.7-47) per 100 000 in 2019 ( Table 5-2 ). 4 , 36

•Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Goiás, and Amapá were the Federative Units with non-rheumatic calcific aortic valve disease age-standardized DALY rates per 100 000 within the highest quartile (range 32.5 to 43.2 per 100 000) ( Table 5-2 and Chart 5-2B ). Of note, 6 out of these 7 Federative Units are in the highest Brazilian sociodemographic strata, which may at least partially reflect the trends in age composition – ultimately population aging – and, consequently, the burden of risk factors. 189 , 191 , 193

Chart 5-2B.

Chart 5-2B

•Regarding non-rheumatic degenerative mitral valve disease, the highest age-standardized DALY rates were observed in the Federative Units of Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Tocantins, and Pernambuco (ranging from 18.8 to 22.0 per 100 000) ( Table 5-2 and Chart 5-3B ), 186 in a similar trend compared to non-rheumatic aortic valve disease, except for the Northeastern state of Pernambuco, which contrasts with those other Federative Units in terms of sociodemographic status and optimal healthcare access and utilization.

Chart 5-3B.

Chart 5-3B

Data from the Global Burden of Disease 2021 Estimates. 48

•Regarding the other NRVDs, Roraima, Pará, Maranhão, Tocantins, Ceará, and Rio Grande do Norte were the Federative Units with the age-standardized DALY rates in the highest quartile (ranging from 1.06 to 1.89 per 100 000) ( Table 5-2 and Chart 5-4B ). 37 , 186

Chart 5-4B.

Chart 5-4B

Data from the Global Burden of Disease 2021 Estimates. 48

Associated Diseases

Endocarditis

•The age-standardized mortality rate associated with IE in Tropical Latin America was 1.1 (95% CI, 1.0-1.2) per 100 000 in 2021, resulting in approximately 2775 fatalities. According to the GBD 2021, IE had the largest percent increase in cardiovascular disease cause-specific age-standardized mortality rates since 1990 (an estimated increase of 35.4%). The mortality rate, as well as the temporal trends, was the same for Brazil ( Table 5-1 ). 186

•The estimated total number of prevalent cases of IE in the region was 15 053 in 2021, resulting in a prevalence rate of 6.7 (95% UI, 5.6-7.7) per 100 000. Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Amapá, and Acre were the Federative Units with the IE age-standardized mortality rates in the highest quartile (range from 1.2 to 1.4 per 100 000) ( Table 5-2 and Chart 5-5A ), 186 a slightly different pattern when compared to RHD estimates – one known cause of endocarditis in the young. 194

Chart 5-5A.

Chart 5-5A

•The age-standardized DALY rate attributable to IE in Brazil was 34.4 (95% UI, 32.7-36.2) per 100 000 in 2021. The same Federative Units included in the highest IE mortality group, in addition to the Northeastern state of Alagoas, had the rates of DALYs in the highest quartile in the country (range 36.4 to 47.6 per 100 000) ( Table 5-2 and Chart 5-5B ). 186

Chart 5-5B.

Chart 5-5B

•A recent study in Brazil has observed a 22.3% mortality rate in a group of 221 patients from Minas Gerais 195 hospitalized with IE, mainly due to Staphylococcus sp infection. A systematic review of IE following TAVI for non-rheumatic aortic stenosis has observed an estimated 29.5% in-hospital mortality and a 29.9% mortality at mid- and long-term follow-up. The incidence of IE following TAVI was 3.25%, but it was associated with higher mortality and life-threatening complications. However, in HIC, there is a trend towards reduced mortality in IE patients. 196 Such a trend has not yet been observed in Brazil, although robust primary estimates are still scarce. 189

Healthcare Utilization and Cost

•The number of clinical hospitalizations associated with VHDs reduced after the COVID-19 pandemic, from 2289 (1.09 per 100 000) in 2019 to 1536 (0.72 per 100 000) in 2020. A slight recovery was observed in 2021: 1597 clinical hospitalizations (0.75 per 100 000). 49

•According to the SUS administrative database, total crude expenses (reimbursement) with hospital admissions for clinical treatment of VHD in Brazil decreased from R$ 1 999 540 ($397 355) in 2019 to R$ 1 526 256 ($303 913) in 2020, with a partial recovery to R$ 1 465 800 ($307 346) in 2021. In comparison to a 3-year time series (2017-2019), the decrease in the pandemic years in US dollars was around 19.1% ( Tables 1-1 through 1-7 and Charts 1-1 and 1-7 ). 49

•In addition, the number of open VHD surgeries reduced significantly after the COVID-19 pandemic, ranging from 12 771 (6.08 per 100 000) in 2019 to 9198 (4.34 per 100 000) in 2020 and 8759 (4.10 per 100 000) in 2021. 49

•Regarding other valvuloplasty procedures (not including PBMVC), the number of hospital admissions also initially reduced from 450 (0.21 per 100 000) in 2019 to 399 (0.19 per 100 000) in 2020 (-9.5%). In 2021, there was a return to previous values of 470 yearly hospitalizations (0.22 per 100 000), possibly reflecting a pent-up demand for procedures deferred during the pandemic. 49

•A similar phenomenon was observed for the number of PBMVC, which reduced from 195 (0.09 per 100 000) in 2019 to 129 (0.06 per 100 000) in 2020 and to 159 (0.07 per 100 000) in 2021. 49 These numbers are especially remarkable for Brazil and require a deep consideration by health authorities, as the procedure is mainly performed at public teaching institutions, which demand a complementary budget, considering the current per-procedure reimbursement, far below the market prices of the required devices (especially the Inoue balloon system).

• These aforementioned patterns are certainly associated with restrictions for elective surgeries and procedures, and also with the need for more hospital rooms available for COVID-19 patients, with reorganization of health services. In the peak of the pandemic, the restrictions tended to be even stricter and associated with competition for hospital beds for severely ill COVID-19 patients. Since interventional percutaneous procedures result in shorter in-hospital stays, in 2021, there was a slight increase in these procedures compared to open heart valve surgeries ( Tables 1-1 through 1-7 and Charts 1-1 and 1-7 ). 37 , 49 , 182

•Therefore, total expenses with hospitalizations for open heart valve surgeries dropped from R$ 187 382 032 ($42 835 735) in 2019 to R$ 137 383 131 ($30 108 266) in 2020 (-29.8%) and maintained the downward trend in 2021 [R$ 131 110 929 ($27 491 081)] ( Chart 5-6 ). In 2021, however, the impacts of the pandemic were still present in health services, especially in high-complexity settings. In addition to the outbreak of coronavirus variants, such as Omicron, the health services were still not fully recovered and adequately structured for resuming elective surgeries ( Tables 1-1 through 1-7 and Charts 1-1 and 1-7 ). 49

Chart 5-6.

Chart 5-6

•On the other hand, public expenses associated with other valvuloplasty procedures initially dropped from R$ 1 959 571 ($447 960) in 2019 to R$ 1 851 963 ($397 978) in 2020 (-11.2%), but recovered to R$ 2 175 077 ($456 066 06), above the baseline values of the pre-pandemic time series, in 2021 ( Chart 5-7 ). 49

Chart 5-7.

Chart 5-7

•The same happened to total crude expenses with hospital admissions for PBMVC, which reduced from R$ 1 430 166 ($326 937) in 2019 to R$ 923 776 ($202 450) in 2020, and then partially recovered to R$ 1 033 888 ($216 783) in 2021 ( Chart 5-7 ). 49 In addition to resuming procedures deferred due to the pandemic, this reflects the increase in reimbursed values for devices which started in mid-2021. This is remarkably important for PBMVC, as several public and private hospitals are no longer performing these procedures, given the insufficient reimbursement. This further limits the access of patients – especially those with RHD – to optimal care, mainly in remote locations without university hospitals. A revision of the reimbursement tables for cardiovascular devices must be among the priority topics for policy-making in the 2020’s.

Valvular Heart Disease and COVID-19 Pandemic

•Patients with advanced valve disease had an unfavorable impact during the COVID-19 epidemic. This was particularly observed for those with an indication for surgical or interventional treatment, for the elderly, and those with impaired physical conditions. 37

•A multicenter study showed that patients with severe VHD and COVID-19 had poor short-term clinical outcomes, with 30-day overall mortality of 41.8%, much higher than that of other published series. 197 In that cohort, mean age was high (80.0 ± 9.7 years), and the most frequent types of VHD were aortic stenosis (54.4%) and severe mitral regurgitation (20.6%), different from the Brazilian reality, especially in the SUS clinics. 4 , 197 Most patients had preexisting symptoms related to their VHD, such as dyspnea (83.1%), chest pain (19.1%), and syncope (8.1%) before the COVID-19 infection. Upon admission, shortness of breath (64.9%), cough (57.5%), and fever (41.3%), among other severe respiratory manifestations, were symptoms related to COVID-19. 197 Lower mortality (11.1%) was observed in those patients under 80 years of age and with their VHD previously treated with surgical interventions. Conversely, the worst prognosis (mortality of 59.9%) was seen in those untreated patients with severe VHD and over 80 years of age, 197 what points towards the need for structured programs focused on preparing and managing elderly patients for valvular procedures and providing health education to providers related to RHD and NRVD. Notably, severe mitral regurgitation (54.4%) and severe aortic stenosis (42.6%) – the most prevalent diseases – had higher mortality than other VHDs (29.7%). 197

•These compelling data showing the remarkable impact of COVID-19 on surgical VHD mortality compared to other historical series and administrative data urge specific preparation of health services for future outbreaks. 37 , 197 Even with the end of the pandemic, after almost 7 million deaths and more than 760 million confirmed cases, COVID-19 still needs attention due to its devastating direct and indirect effects on people’s health, including people with cardiovascular diseases.

Future Directions

•As previously highlighted (2020/2021), 2 , 4 we reinforce the importance of improving data collection, research, and healthcare infrastructure related to VHD in Brazil. Following the pandemic, health surveys, registries and specific screening and early diagnosis programs must be resumed and reinforced. Research initiatives should focus on patterns of VHD with the highest impact on population health, such as RHD late sequelae and the growing burden of degenerative aortic valve disease.

•Given the lack of primary data regarding the epidemiology of VHD in Brazil, as well as the impact of the pandemic on ongoing research, gathering accurate and up-to-date data on the prevalence, incidence, and trends of VHD should be a focus for the public and private sectors. Up-to-date data are warranted for healthcare planning, resource allocation, and understanding the burden of the disease.

•Administrative data collection and specific coding for surgical and interventional procedures related to VHD are essential. These specific codes, avoiding the need for cross-linkage with ICD codes, can help healthcare professionals and policymakers better track the disease’s prevalence and characteristics, as well as more detailed insights on the economic burden. Discriminating variables, such as the type of valve involvement, valvular dysfunction, prosthesis type, etiology, and associations with systemic diseases, is important for tailored patient care.

•Establishing nationwide registries for VHD and procedures is also a significant step to be considered. Registries can serve as valuable resources for researchers, clinicians, and healthcare managers. Collecting comprehensive and standardized data on valve diseases and interventions can help improve patient outcomes and quality of care.

•Several initiatives have been implemented at the research and healthcare levels to develop artificial intelligence for automated diagnosis or flagging of abnormalities in cardiovascular imaging. Some of these combined strategies have been developed in Brazil in collaboration with international groups 198 - 200 and, with more research, can make screening and point-of-care diagnosis available in areas with limited personnel and resources.

•These recommendations may help enhance healthcare infrastructure, research data, and patient care in the Brazilian healthcare system. By addressing these issues, Brazil can better respond to the challenges presented by VHD and improve the overall cardiovascular health of its population in a more accurate way. Customization of health care delivery based on epidemiology and impact, leading prioritization of resource allocation, is strategic to boost efficacy, especially in the public sector.

CHAPTER 6 – ATRIAL FIBRILLATION AND ATRIAL FLUTTER

ICD-10 I48

See Tables 6-1 and 6-2 and Charts 6-1 and 6-2

Abbreviations Used in Chapter 6.

AF Atrial Fibrillation
BNP B-type Natriuretic Peptide
ChD Chagas Disease
CI Confidence Interval
DALYs Disability-Adjusted Life Years
DOAC Direct Oral Anticoagulants
ECG Electrocardiogram
ELSA-Brasil The Brazilian Longitudinal Study of Adult Health
FU Federative Unit
GARFIELD-AF The Global Anticoagulant Registry in the FIELD-AF
GBD Global Burden of Disease
GIRAF CoGnitive Impairment Related to Atrial Fibrillation
HR Hazard Ratio
ICD-10 International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems, 10thRevision
IMPACT-AF Multifaceted Intervention to Improve Treatment With Oral Anticoagulants in Atrial Fibrillation
INR International Normalized Ratio
NYHA New York Heart Association
OR Odds Ratio
PPP Purchasing Power Parity
RECALL The Brazilian Registry of Chronic Atrial Fibrillation
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
TTR Time in Therapeutic Range
UI Uncertainty Interval

Prevalence and Incidence

•The AF/atrial flutter prevalence varies according to the setting (population- vs healthcare-based studies) characteristics of the population included in the studies, particularly because AF prevalence is highly associated with increasing age.

•Population-based studies have shown AF prevalence varying from 0.3% to 2.5%. In the ELSA-Brasil cohort study, which included 14 424 adults with valid ECG (45.8% men; mean age, 51 years; age range, 35-74 years), the AF and atrial flutter prevalence was 0.3% (men, 0.5%; women, 0.2%), with the highest prevalence in the age range of 65-74 years (women: OR, 17; 95% CI, 2.1-135.9; men: OR, 52.3; 95% CI, 3.1-881.8). 201 When self-report was added to the definition of AF in the ELSA-Brasil, the AF prevalence rose to 2.5%, but differences in patients’ characteristics were observed between ECG-diagnosed AF and self-reported AF ( Table 6-1 ). 202 In a cross-sectional study with 1524 elderly in São Paulo, the prevalence of AF or atrial flutter was 2.4% (men, 3.9%; women, 2.0%). 203

Table 6-1. – Characteristics of participants with atrial fibrillation or flutter in the ELSA-Brasil baseline according to CHA 2 DS 2 -VASc scores.

Atrial fibrillation or flutter
By ECG recording By self-report only All cases of AF or flutter
CHA 2 DS 2 -VASc score < 2 (N=16) CHA 2 DS 2 -VASc score ≥ 2 (N=32) CHA 2 DS 2 -VASc score < 2 (N=130) CHA 2 DS 2 -VASc score ≥ 2 (N=153) CHA 2 DS 2 -VASc score < 2 (N=146) CHA 2 DS 2 -VASc score ≥ 2 (N=185) p-value
Age (years; median [P25 - P75]) 56.0 [49.5 – 61.2] 67.5 [58.0 – 71.2] 49.5 [45.0 – 56.0] 59.0 [53.0 – 66.0] 50.0 [45.0 – 57.0] 60.0 [53.0 – 68.0] <0.001
Female sex (N (%)) 3 (18.8%) 15 (46.9%) 60 (46.2%) 97 (63.4%) 63 (43.2%) 112 (60.5%) 0.002
Coronary artery disease (N (%)) 0 (0.0%) 7 (21.9%) 2 (1.5%) 64 (41.8%) 2 (1.4%) 71 (38.4%) <0.001
Stroke (N (%)) 0 (0.0%) 1 (3.1%) 0 (0.0%) 7 (4.6%) 0 (0.0%) 8 (4.3%) 0.010 ¥
10-year ASCVD risk > 10% (N (%)) 7 (43.8%) 16 (66.7%) 15 (11.7%) 26 (30.6%) 22 (15.3%) 42 (38.5%) <0.001
Prior ASCVD or 10-year ASCVD risk > 10% 7 (43.8%) 24 (75.0%) 17 (13.1%) 94 (61.4%) 24 (16.4%) 118 (63.8%) <0.001
Use of anticoagulants (N (%)) 3 (18.8%) 16 (50.0%) 1 (0.8%) 4 (2.6%) 4 (2.7%) 20 (10.8%) 0.005 ¥
Use of antiplatelet agents (N (%)) 2 (12.5%) 5 (15.6%) 2 (1.5%) 43 (28.1%) 4 (2.7%) 48 (25.9%) <0.001

The 10-year ASCVD risk is defined only in participants without prior coronary artery disease or stroke. AF: Atrial fibrillation; ASCVD: Atherosclerotic cardiovascular disease. P-values are presented for the comparison between the CHA 2 DS 2 -VASc score < 2 (N=146) and the CHA 2 DS 2 -VASc score ≥ 2 (N=185) groups among all cases of AF or flutter using.† Chi-squared, ‡ Mann-Whitney U or ¥ Fisher’s exact tests. Source: Santos et al. 202

•Telehealth centers across Brazil have provided information on the prevalence of AF and atrial flutter based on ECG from primary care. 204 - 206 In the Telehealth Network of Minas Gerais including 1 558 421 individuals (mean age, 51±18 years; 40.2% men) with ECG performed between 2010 and 2017, the AF prevalence was 1.33%, higher in men (1.81% vs. 1.02%), and increased with age (OR 1.08; 95% CI, 1.08-1.08), reaching 7.0% in octogenarians (8.4% in men vs. 5.9% in women). 204

•In 676 621 ECG (mean age, 51±19 years; 57.5% women) from the Federal University of São Paulo telemedicine center (2009-2016), a 7-year AF prevalence of 2.2% and a countrywide 2025-projected AF prevalence of 1.7% were observed. 205

•The GARFIELD-AF is a hospital-based registry that included patients (≥18 years) with AF diagnosed within the previous 6 weeks and at least one additional risk factor for stroke. In Brazil, 41 sites included 1065 patients with non-valvular AF between 2010 and 2014 (mean age, 68±13 years; 55% males). New-onset AF diagnosed within the previous 6 weeks was recorded in 52% of the patients, paroxysmal in 25%, persistent in 14%, and permanent in 8%. 207

Mortality

•In the GBD Study 2021, age-standardized mortality rate in Brazil was estimated at 5.3/100 000 (95% UI, 4.5-5.8). Table 6-2 shows the age-standardized mortality and DALY rates (per 100 000 inhabitants) due to AF and flutter, in 2021, for both sexes, in Brazil and its FUs. The FUs with the highest mortality rates in 2021 were Roraima, Amapa, and Tocantins, while those with the lowest were Bahia, Maranhão, and Rio Grande do Norte. However, due to reporting issues, these data can be inconsistent and should be interpreted with caution. No further stratification of 2021 GBD data for Brazil had been released until the completion of this document. For data on 2019 GBD, please refer to the previous Cardiovascular Statistics Brazil. 4

Table 6-2. – Age-standardized DALY and mortality rates (per 100 000 inhabitants) due to atrial fibrillation and flutter in 2021, in Brazil and its Federative Units.

Location DALY rates Deaths rates
Acre 126.2(106.6-152.7) 6.3(5.4-6.9)
Alagoas 122.2(100.3-147.1) 5.3(4.4-6)
Amapá 130.4(110.2-156.2) 6.7(5.6-7.5)
Amazonas 122.5(99.6-149.9) 5.6(4.8-6.1)
Bahia 116.9(93.8-145.1) 4.8(3.9-5.5)
Ceará 117.9(97-143.8) 5.3(4.5-6)
Distrito Federal 120.5(98.7-146.9) 6.5(5.6-7)
Espírito Santo 122.2(99.4-149.5) 5.5(4.5-6.1)
Goiás 118.6(96.7-145.4) 5.4(4.6-5.9)
Maranhão 109(85.9-131.6) 4.8(4-5.4)
Mato Grosso 122.7(101.7-150.3) 5.5(4.7-6)
Mato Grosso do Sul 121.1(99.5-146.1) 5.4(4.5-6)
Minas Gerais 119.1(98.7-146.2) 5.1(4.4-5.6)
Pará 118.5(96.2-146.4) 5.1(4-6)
Paraíba 119.6(97.7-148.1) 5.2(4.5-5.8)
Paraná 124.1(99.9-152.1) 5.6(4.8-6.2)
Pernambuco 113.5(93.8-138.8) 4.9(4.1-5.4)
Piaui 115.9(93.9-145.3) 5.1(4.2-5.8)
Rio de Janeiro 120.7(98.7-147.3) 5.3(4.5-5.9)
Rio Grande do Norte 114.2(91.4-141.2) 4.7(4-5.3)
Rio Grande do Sul 124.2(100.8-148.6) 5.6(4.8-6.2)
Rondônia 120.6(96.8-146.2) 5.4(4.6-6.2)
Roraima 135.6(112.1-162.4) 7.4(6.2-8.4)
Santa Catarina 123.3(101.6-152) 5.6(4.6-6.2)
São Paulo 125.2(100.6-152.9) 5.7(4.7-6.4)
Sergipe 122.8(100.9-150.6) 5.5(4.5-6.1)
Tocantins 123.1(102.3-148.3) 6(5-6.7)
Brazil 120.5(99.1-147.6) 5.3(4.5-5.8)

Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

•From a dataset of 1 558 421 ECGs from primary care patients (Telehealth Network of Minas Gerais) linked to the Brazilian Mortality Information System, the overall mortality rate was 3.34% in a mean follow-up of 3.68 years. After adjusting for age and comorbidities, patients living with AF had a higher risk of overall (HR 2.10; 95% CI, 2.03–2.17) and cardiovascular (HR 2.06; 95% CI, 1.86–2.29) death, with increased risk in women, who lost their survival advantage over men when AF was present. 208 , 209

•In a 10-year follow-up of 1462 individuals aged ≥60 years (mean age, 69 years; 61% women) included in 1997 in the Bambuí Cohort Study, AF or flutter was independently associated with an increase in all-cause mortality (HR, 2.35; 95% CI, 1.53-3.62) among patients with and without ChD (HR,1.92; 95% CI, 1.05-3.51). 210

•The RECALL registry was a multicenter prospective registry that included and followed 4585 patients with AF up for 1 year at 89 sites across Brazil from April 2012 to August 2019. Death occurred in 8.8/100 patients/year (95% CI 8.0-9.6) and was associated in multivariable models with older age, permanent AF, NYHA class III/IV, chronic kidney disease, peripheral arterial disease, stroke, chronic obstructive pulmonary disease, and dementia. The use of anticoagulant was associated with lower mortality. Patients with TTR <60% had higher mortality and more major bleeding events compared to patients with TTR ≥60%. 210

Burden of Disease

•According to GBD 2021 estimates, the age-standardized DALY rate due to AF in Brazil was 120 (95% UI, 99-148) per 100 000 inhabitants. No further stratification of 2021 GBD data for Brazil had been released until the completion of this document. For data on GBD 2019, please refer to the previous Cardiovascular Statistics Brazil. 209

Complications

•Atrial fibrillation is related to adverse clinical outcomes other than death, such as stroke, hospitalizations, bleeding, and dementia. 211 - 215

•Of all 429 cases of stroke (87.2% ischemic strokes) that occurred in the city of Joinville in 2015 and were included in a registry, AF was detected in 11.4% of all patients and in 58% of the cardioembolic strokes. 216 Between 2017 and 2020, of the 3303 cases of ischemic stroke in the same city, 11% had AF. Of these patients with AF, 258 (71.6%) had a previous diagnosis of the disease, and 102 (28.3%) were newly diagnosed after the stroke. Of the patients with a previously diagnosed AF, 170 (47.2%) were on anticoagulants and 88 (24.4%) were on other medications. 215

•In a cohort of 1121 ischemic stroke patients in a 12-year follow-up, AF was independently associated with increased overall (HR 1.82; 95% CI, 1.43-2.31) and cardiovascular (HR 2.07; 95% CI, 1.36-3.14) mortality. 213

•In the RECALL prospective registry of AF patients, the incidence rate of stroke was 2.5/100 patients/year (2.1-3.0), while that of systemic embolism was 3.5/100 patients/year (2.8-4.4). Major bleeding occurred in 2.0/100 patients/year (1.6-2.4) and hospitalization in 19.6/100 patients/year (18.4-20.9). Hospitalization was mainly related to cardiovascular causes as compared to bleeding (2.7/100 patients/year, 95% CI, 2.2-3.2). 210

•In the GIRAF randomized clinical trial, 301 elderly patients from six centers in São Paulo, Brazil, were randomized to dabigatran or warfarin to evaluate whether the incidence of dementia differed according to the anticoagulant used after 2 years. There was no statistical difference at 5% significance level regarding any of the cognitive outcomes, after adjusting for multiple comparisons, between the dabigatran and warfarin groups. 214

Association of Risk Factors for Atrial Fibrillation/Flutter

•Data from the Telehealth Network of Minas Gerais with ECGs of 1 558 421 individuals (mean age, 51±18 years; 40.2% men) performed between 2010 and 2017 revealed in multivariable models adjusted for age and sex that the following self-reported comorbidities related to the presence of AF: ChD (OR 3.08; 95% CI, 2.91-3.25), previous myocardial infarction (OR 1.74; 95% CI, 1.56-1.93), chronic obstructive pulmonary disease (OR 1.48; 95% CI, 1.33-1.66), hypertension (OR 1.31; 95% CI, 1.27-1.34), dyslipidemia (OR 1.09; 95% CI, 1.03-1.16). Current smoking and diabetes were not associated with prevalent AF. 208

•In the RECALL prospective registry of AF patients, the most common risk factors were hypertension (77.9%), previous cardiovascular events (37.3%), and diabetes (30%). 210

•In a cross-sectional analysis of the ELSA-Brasil cohort study, the cardiovascular health score proposed by the American Heart Association was not associated with prevalent AF at baseline (80/13 141 valid ECGs, 0.8%). 216 , 217

Associated Comorbidities

Atrial fibrillation and other heart diseases

•AF correlates with other concomitant cardiovascular diseases. On echocardiogram, AF was associated with heart disease (OR = 3.9; 95% CI, 2.1 - 7.2, p <0.001) in 1518 patients (mean age, 58±16 years; 66% female) from a waiting list for echocardiogram in primary care. 218 Among 300 elderly monitored with pacemakers, the incidence of AF was 22% in a 435-day follow-up 219 and reached 85% of the patients with pacemakers and chronic kidney disease in a 1-year follow-up. 220 In another study of 186 patients with pacemakers from a single center in Southern Brazil [52% women; median age, 67 years (IQR 57-76)], the prevalence of AF was 25.3%, with an incidence of 5.64 cases/100 persons-year. 221 Among patients with cardiovascular disease visiting the emergency department, the prevalence of AF was 40% of those with decompensated heart failure 222 and 44% of those with valvular heart disease. 187

Perioperative atrial fibrillation and cardiovascular surgery

•Of patients undergoing cardiac surgery, 12% to 33% had AF in the postoperative period. 223 - 226 Surgeries for valve replacement were associated with a higher occurrence of AF (31-33%) during hospitalization as compared to coronary artery bypass grafting (12-16%). Advanced age, mitral valve disease, and no beta-blocker use were associated with postoperative AF in valvular surgery. 227 Among those who underwent coronary artery bypass grafting, the postoperative AF incidence was associated with left atrial >40.5mm and age >64.5 years. 227

•In a study to assess the impact of a quality improvement program on in-hospital mortality in a cardiovascular surgery center in São Paulo, with patients operated before and after the implementation of that program (858 patients in each group), among other benefits, there was a reduction in postoperative AF from 4.4% to 1.5%, p<0.0001. 228

Atrial fibrillation and Chagas disease

•Atrial fibrillation has been consistently associated with ChD and increases the risk of death in patients with ChD. 229 In a systematic review and meta-analysis, the AF prevalence was significantly higher in patients with ChD (OR: 2.11; 95% CI, 1.40-3.19). 231

•In a large sample of 264 324 patients undergoing tele-ECG in primary health care units, AF was observed in 5.35% of the ChD subjects and in 1.65% of the non-ChD ones (OR: 3.15; 95% CI, 2.83-3.51, adjusted for age, sex, and self-reported comorbidities). 229

•In the Bambuí Cohort Study, 1462 participants aged ≥60 years (mean age, 69 years; ChD n=557, 38.1%), with baseline ECG, were followed up for 10 years. Atrial fibrillation was more frequently observed in ChD subjects [6.1% vs 3.4% (OR: 3.43; 95% CI, 1.87-6.32, adjusted for age, sex, and clinical variables)], in whom it was an independent risk factor for death (HR: 2.35; 95% CI, 1.53-3.62 adjusted for age, sex, clinical variables and BNP levels). 209

Atrial fibrillation and Critically-Ill Patients

•In a retrospective observational study, with a review of electronic medical records and inclusion of 895 patients aged ≥80 years, included in the sepsis protocol of a high-complexity private hospital in the city of São Paulo, from January 2018 to December 2020, the incidence of AF in the sample was 13%. Atrial fibrillation was an independent risk factor for in-hospital mortality. 233

Health Care Utilization and Cost

(Refer to Tables 1-1 through 1-7 and Charts 1-1 and 1-7)

•From 2008 to 2021, there were 406 666 hospitalizations for AF, varying from 25 283 in 2021 to 32 753 in 2019, just before the COVID-19 pandemic, revealing the reduction in hospitalizations due to AF in the pandemic period ( Chart 6-1 ). From 2008 to 2021, the total costs due to hospitalizations for AF were R$ 310 739 362. After adjusting for Brazilian inflation, the costs were R$ 569 678 472, and, in international dollars converted to PPP-adjusted 2023-US$, $ 108 530 857. Interestingly, although there was a reduction in the annual hospitalizations for AF in 2020 and 2021 in the context of the COVID-19 pandemic, the annual costs adjusted for Brazilian inflation did not reduce in the same proportion.

Chart 6-1. – Number of hospitalizations due to atrial fibrillation in the Brazilian public health system from 2008 to 2021. Data from the Ministry of Health of Brazil – Hospital Information System of the Brazilian Unified Health System (SIH/SUS). 49 .

Chart 6-1

•Regarding ablation procedures for AF and atrial flutter, 1694 procedures were performed by the SUS from 2008 to 2021, with a reduction in 2020 as compared to 2019 (120 vs 163, respectively), which then recovered in 2021 (161 procedures). The unadjusted cost of AF ablation from 2008 to 2021 was R$ 9 614 010. After adjusting for Brazilian inflation and converting to PPP-adjusted US$ 2023, it was $ 2 751 563.

Awareness, Treatment, and Control

•A mixed-methods study to capture perceptions of and barriers and facilitators to AF care in 11 São Paulo primary care units, from the perspective of 107 healthcare professionals, has found that the lack of AF-specific training for healthcare professionals, protocols/guidelines on AF management, educational programs for patients, as well as access to INR tests in primary care units, and availability of novel oral anticoagulants are key barriers to optimal AF care. 234

Anticoagulation

•There was a high variation in the use of anticoagulation in patients with AF, from 1.5% to 91%. 204 , 205 , 235 , 236 Studies with samples from primary care were more likely to have low anticoagulation use as compared to samples recruited from tertiary centers or cardiologists.

•In primary care centers of 658 municipalities of the Minas Gerais state, mean anticoagulant use was reported by 1.5%, while, in the IMPACT-AF trial, 91% of patients enrolled in Brazil (n=360), most of them on cardiologist care at tertiary centers, were on oral anticoagulation at baseline. 204 , 235

•In the population-based ELSA-Brasil cohort study, from 185 participants with prevalent AF and a CHA2DS2-VASc score ≥2, only 20 (10.8%) used anticoagulants. Stroke prevention in that group was associated with an older age (1.8% vs . 17.7% in those aged ≤ 54 and ≥ 65 years, respectively; p=0.013). A trend towards a reduced anticoagulant use was observed in women (7.1% vs. 16.4% in women and men, respectively; p=0.055). 202

•In the RECALL prospective registry of AF patients, the mean (standard deviation) CHA2DS2-VASc score was 3.2 (1.6); median HAS-BLED score was 2 (2, 3). At baseline, 78% of the patients were on anticoagulants (62.6% taking vitamin K antagonists and 37.4% were taking DOACs). The primary reasons for not using an oral anticoagulant were physician judgment (24.6%) and difficulty in controlling (14.7%) or performing (9.9%) INR ( Chart 6-2 ). 210

Chart 6-2. – Antithrombotic therapies during one year of follow-up (A) and baseline antithrombotic therapies (B) according to CHA 2 DS 2 -VASc. VKA: vitamin K antagonist; DOAC: direct oral anticoagulant; AP: antiplatelet. Source: Lopes et al. 210 .

Chart 6-2

•Anticoagulation use is associated with lower risk of death in the RECALL prospective registry of AF patients and in a cohort of 200 ischemic stroke patients with AF (oral anticoagulant time-dependent effect: multivariable HR, 0.47; 95% CI, 0.30–0.50) and stroke mortality (oral anticoagulant time-dependent effect ≥ 6 months: multivariable OR, 0.09; 95% CI, 0.01–0.65). 210 , 236

•The quality of warfarin therapy has been evaluated using the parameter TTR in different samples in Brazil. The TTR of anticoagulation for AF has ranged from 31% to 67% in the studies. 210 , 233 , 235 - 238 In the RECALL prospective registry of AF patients, mean (standard deviation) TTR for the study period was 49.5% (27.5). During follow-up, the use of anticoagulants and INR in the therapeutic range increased to 87.1% and 59.1%, respectively. 210

•In a study that aimed to evaluate the costs related to anticoagulant therapy in one year of AF patients (n=90) treated in a public university hospital, the authors have found that total costs were higher in the group taking DOACs than in that taking warfarin. However, a 40% reduction in the price of DOACs could make it feasible to incorporate these drugs into the Brazilian public health system. 237

Rhythm or rate control (medication, cardioversion, catheter ablation)

•A cross-sectional study with 167 AF patients has found that rate control was more common than rhythm control as treatment strategy (79% vs. 21%; p<0.001). 239

•Data from 125 primary care centers showed that, of 301 patients with AF, 91 (30.2%) were receiving neither rate nor rhythm control therapy. From the remaining patients with AF, 70% used only rate control agents and 30% used at least one antiarrhythmic drug. 205

•In the RECALL prospective registry of AF patients, 4.4% had a history of previous AF ablation, 0.9% atrioventricular node ablation with pacemaker implantation, and 25.2% had a previous cardioversion. Nearly 30% used an antiarrhythmic drug for rhythm control, led by amiodarone. For heart rate control, 69.5% used beta-blockers, 25.7% were receiving non-dihydropyridine calcium channel blockers, and 15.8% were on digitalis. 210

Impact of the COVID-19 Pandemic

•Atrial fibrillation is associated with a greater risk for adverse events for patients with COVID-19, 239 although a retrospective single-center study of hospitalized patients due to COVID-19 in Brazil (n=128) has not observed the association of AF and mortality. 240

•There was a reduction in hospitalizations and procedures for AF during the pandemic period, particularly in 2020 ( Chart 6-1 ). This reduction was probably related to indirect effects of the pandemic, when there was a decrease in cardiovascular hospitalizations in general in Brazil and worldwide, because elective procedures were postponed, contact with healthcare providers was avoided, and cardiovascular care was disrupted. 14 , 241

Future Directions

•Population-based cohort studies results regarding AF incidence and determinants in Brazil are underway.

•Screening of AF in population-based studies or selected populations using ECG or devices, including wearables and longer duration patches, should bring information on the relevance of including this strategy in primary care or specialized centers.

•Studies using artificial intelligence algorithms to diagnose or predict AF from ECGs have been developed, including derived from Brazilian data. 242 These artificial intelligence algorithms may be a tool to improve AF diagnosis and personalize screening strategies according to risk.

•Strategies to reduce gaps in AF treatment must be developed, including evaluating the cost-effectiveness of incorporating DOACs in the public health system.

•Implementation strategies to enhance anticoagulation use among AF patients should be encouraged, particularly in primary care settings.

CHAPTER 7 – HYPERTENSION

ICD-10 - I10

See Tables 7-1 through 7-5 and Charts 7-1 through 7-3

Abbreviations Used in Chapter 7.

aPR Adjusted Prevalence Ratio
BMI Body Mass Index
CI Confidence Interval
DALYs Disability-Adjusted Life Years
DBP Diastolic Blood Pressure
ELSA-Brasil Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (in Portuguese, Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto )
FU Federative Unit
GBD Global Burden of Disease
ICD-10 International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems, 10thRevision
OR Odds Ratio
SBP Systolic Blood Pressure
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
VIGITEL Surveillance System of Risk and Protection Factors for Chronic Diseases by Telephone Survey (in Portuguese, Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico )

Overview

•For standardization purposes, in this document, hypertension was characterized as sustained systemic blood pressure levels equal to or greater than 140 mm Hg for SBP and/or equal to or greater than 90 mm Hg for DBP. 243

•The percentage prevalence values will be presented followed by 95% CI, as available in the cited studies. In population studies, hypertension can be measured or self-reported. The former derives from direct blood pressure measurement using standardized techniques and is described in each document, while self-reported hypertension is characterized by a positive answer to a question about the presence of this medical diagnosis or by a positive answer regarding the use of antihypertensive medications, 244 depending, therefore, on the patient’s access to the diagnosis and understanding of this information, resulting in differences in hypertension prevalence according to how data are collected.

•When the GBD study is the data source, the risk is attributable to high SBP, as described in a previous publication. 245

Incidence and Prevalence of Hypertension

Children and Adolescents

•A systematic review and meta-analysis by Paiva et al ., using 15 studies and including 43 227 adolescents, has investigated the prevalence of metabolic syndrome and its components in Brazilian adolescents. The authors have estimated a hypertension prevalence of 10.3% (7.8-13.5) for Brazilian adolescents. Hypertension was the third most prevalent component of metabolic syndrome in that population, following low levels of high-density lipoprotein-cholesterol [22.1% (12.5-36.2)] and abdominal obesity [11.0% (8.1-14.9)]. 246

•In a longitudinal study evaluating 469 children and adolescents from Southern Brazil, aged 7-17 years (43.1% boys), SBP and DBP, waist circumference, BMI, body fat percentage, lipid profile, glucose, cardiorespiratory fitness, and rs9939609 polymorphism have been assessed. Cumulative incidence of hypertension was calculated, and multinomial logistic regression was conducted. Blood pressure measurement was classified according to 90 and 95 percentiles for borderline hypertension and hypertension, respectively. 247 The incidence of hypertension was 11.5% after three years of follow-up. Overweight or obese individuals were more likely to become borderline hypertensive (overweight: OR 3.22, 95% CI, 1.08-9.55; obesity: OR 4.05, 95% CI, 1.68-9.75), and obese individuals were more likely to become hypertensive (obesity: OR 4.84, 95% CI, 1.57-14.95). High-risk waist circumference and body fat percentage values were associated with hypertension development (OR 3.41, 95% CI, 1.26-9.19; and OR 2.49, 95% CI, 1.08-5.75, respectively). 248

Adults

•Malta et al ., 248 in a study that analyzed data from the 2019 National Health Survey, 249 have found that the prevalence of self-reported hypertension in the country was 23.93% (95% CI, 23.42- 24.43), with 26.45% (95% CI, 25.75-27.15) being female and 21.06% (20.37-21.75) being male ( Tables 7-1 and 7-2 ). Regarding age groups, a higher prevalence was observed in those over 60 years of age and those with low educational level, in both sexes. 248 It is noteworthy that the prevalence of hypertension in females tends to be higher than in males when assessed through self-reported data, a phenomenon not observed in studies using measured blood pressure.

•In another study, Macinko et al . have evaluated noncommunicable chronic diseases and their relationship with educational level inequalities between 2013 and 2019. 250 This study used data from the Brazilian National Health Surveys carried out in 2013 251 and 2019, 249 and the unadjusted data on the hypertension prevalence in adults aged over 18 years showed an increase from 22% (95% CI, 21.4-22.7) in 2013 to 25.9% (95% CI, 25.4-26.4) in 2019, in both sexes. 250

•According to VIGITEL data for 2021, the percentage of patients aged 18 years or older who self-reported a diagnosis of hypertension in Brazil was 26.3% (95% CI, 25.1-27.6), being 27.1% (95% CI, 25.5-28.7) among females and 25.4% (95% CI, 23.4-27.4) among males. 252 In relation to the capitals, this percentage varied from 19.3% (95% CI, 15.7-23.0) in the city of São Luís to 32% (95% CI, 27.5-36.4) in the city of Rio de Janeiro in both sexes. 252 Among females, the highest percentage observed was 32.2% (95% CI, 27.5-36.9) in the city of Belo Horizonte, and the lowest was 19.3% (95% CI, 16.0-22.6) in the city of Macapá. On the other hand, among males, the highest percentage found was 32.2% (95% CI, 24.7-39.7) in the city of Rio de Janeiro, and the lowest was 13.8% (95% CI, 8.1-19.6) in the city of São Luís. 252 Regarding age groups, individuals aged 65 years or older had the highest hypertension prevalence in the country, 61% (95% CI, 59.0-63.0), and in that age group, women had a higher prevalence as compared to men, 63.7% (95% CI, 61.6-65.8) and 57.1% (95% CI, 53.4-60.7), respectively. 252 Chart 7-1 shows the temporal evolution of the percentage values of hypertension in the country, between 2007 and 2021, in both sexes. Chart 7-2 shows the hypertension prevalence in the country by FU according to the percentage quartiles in 2021, based on the VIGITEL study 2021. 252 Again, using self-reported data, a higher prevalence was observed in females as compared to males, differently from data using measured blood pressure.

Chart 7-1. – Tends in hypertension prevalence in Brazilian capitals, between 2007 and 2021, for both sexes. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 7-1

Chart 7-2. – Prevalence of hypertension in Brazil by Federative Unit according to the percentage quartiles, in 2021, based on the VIGITEL study 2021. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 7-2

•In the ELSA-Brasil cohort study, Scaranni et al . have assessed the relationship between the consumption of ultra-processed foods and the incidence of hypertension in previously normotensive patients. A total of 8754 participants aged 35-74 years were included, and 1312 hypertension cases were observed at the end of a four-year follow-up period. 253 Furthermore, those with a high consumption of ultra-processed foods were found to have a greater risk of developing hypertension, according to the authors (OR 1.23, 95% CI, 1.06-1.44). 253

•In addition, in the ELSA-Brasil cohort study, when the hypertension incidence was evaluated according to sex and race, the highest hypertension incidence was observed in Black men (59.4/1000 person-years), while the lowest incidence was observed in White women (30.5/1000 person-years). 254 After adjusting for age and family history of hypertension, the incidence rate ratio was higher in Black men (2.25; 95% CI, 1.65–3.08), Brown men, Black women, Brown women, and White men compared to White women. 254

•Alcohol consumption was found to be associated with a higher incidence of hypertension only in the male population in Brazil. According to Coelho et al ., 255 in an analysis of the ELSA-Brasil cohort study involving 3990 individuals aged 35-74 years, men in the highest tertiles of total alcohol consumption, beer consumption, wine consumption, and spirits consumption had a higher OR for hypertension compared to those in the lowest tertiles (1.62 [95% CI, 1.14-2.29], 1.51 [95% CI, 1.07-12.13], 1,71 [95% CI, 1.01-2.86], and 2.01 [95% CI, 1.21-3.32], respectively).

Mortality Attributable to Hypertension

•The GBD estimates for mortality and DALY rates and absolute number of deaths attributable to high SBP in Brazil and its 27 FUs from 1990 to 2019 were shown in the previous version of this document, as the estimates from GBD have not been updated until the completion of this document. 4

Morbidity and Burden of Disease Attributable to Hypertension

•The trends of the burden of diseases attributable to exposure to risk factors were analyzed according to sex and age groups, using GBD estimates from 1990 to 2019. For mortality, hypertension was the leading risk factor responsible for most deaths (104.8 per 100 000 deaths). For DALYs, during this period, high BMI, high SBP, and high fasting plasma glucose moved up to the top three positions in the ranking. For DALYs, high BMI was the leading risk factor for women and alcohol consumption for men. 256

•Pires et al. have studied the prevalence of hypertension, obesity, and/or diabetes cluster and investigated its association with sociodemographic and behavioral factors. The authors verified that the hypertension prevalence was higher in men than in women [17.8% (95% CI, 17.0-18.6) vs. 11.4% (95% CI, 10.8-12.0)]. The prevalence of multimorbidity was 9.6%. The odds of multimorbidity were higher with increasing age among Blacks, but lower in the Northern region of the country for both sexes. The odds of multimorbidity of noncommunicable diseases increased among women with lower educational levels and a sedentary lifestyle, and among men who lived with a partner and were physically inactive. Women as compared to men had a higher prevalence of obesity [15.9% (95% CI, 15.2-16.6) vs. 9.4% (95% CI, 8.8-10.0)], obesity and diabetes mellitus [1.6% (95% CI, 1.4-1.8) vs. 0.9% (95% CI, 0.9-1.2)], and three noncommunicable diseases [1.3% (95% CI, 1.1-1.6) vs. 0.8% (95% CI, 0.6-1.0)]. 257

•Between the years 1990 and 2019, the estimated deaths from chronic kidney disease secondary to hypertension increased from 2.4 per 100 000 inhabitants in 1990 to 5.38 per 100 000 inhabitants in 2019, with the Southeastern region having the highest mortality rates. Regarding sex, higher rates were observed among males; however, over the years, this difference has been reduced. The age group of ≥70 years was the most affected, standing out with the highest death rates. 258 - 262

Impact on Cardiovascular Health

•Malta et al., using data from the National Health Survey 2013 and 2019, have evaluated 60 202 individuals and demonstrated that Black individuals had more hospitalization for hypertension or some complication (PR=1.2; 95% CI, 1.05-1.38) and intense or very intense degree of limitation of daily living activities (PR=1.37; 95% CI, 1.06-1.76). 263 Moreover, they reported conflicting results regarding the comparison of quality of care for hypertensive patients. Although there was an increase in the use of medication from the federal program, a reduction in the access to a specialist, when necessary, was also observed. 261

•In 4717 individuals participating in the ELSA-Brasil cohort study, free of diabetes and cardiovascular disease at baseline (2008-2010), insulin resistance evaluated by HOMA-IR was associated with a chance of developing pre-hypertension by 51% (95% CI, 1.28-1.79) and hypertension by 150% (95% CI, 1.48-4.23). Even in individuals without obesity (BMI<25 kg/m 2 ), insulin resistance was associated with the incidence of pre-hypertension (OR 1.41; 95% CI, 1.01-1.98) and hypertension (OR 3.15; 95% CI, 1.27-7.81). 260

•The role of urbanization on cardiometabolic health has been elegantly investigated by Kramer et al . They have performed a systematic review and meta-analysis from 46 studies, including a total of 20 574 adults from at least 33 Indigenous Brazilian ethnicities, to understand the metabolic health and the role of urbanization and of deforestation (environmental) on cardiovascular risk. They assessed the prevalence of obesity and related cardiometabolic risk factors. Meta-analyses of the prevalence of obesity showed higher rates of obesity among Indigenous individuals living in West-Central Brazil (23% [95% CI, 17–29]) and Southern Brazil (23% [13–34]) than among those living in less urbanized regions (Northern Brazil: 11% [8-15]). The same pattern was verified for hypertension: the prevalence was highest in Southern Brazil (30% [10–50]) and lowest in populations living in the Northern region, the least urbanized (1% [1-2]). The prevalence of obesity was 3.5 times higher in individuals living in urbanized Indigenous territories (28%) than in those living in the native Amazon rainforest (8%). The authors have not found incremental change in blood pressure with ageing in Indigenous individuals who lived in accordance with their traditional lifestyle, in contrast to those living in urbanized regions. For the years 1997 and 2019, the cardiovascular mortality rate in individuals living in the most urbanized places was 2.5 times greater than that observed in the North. On the other hand, the incremental rise in cardiovascular mortality in the past two decades among Indigenous Brazilians was observed only in the Northern and Northeastern populations (2.7-time increase). 260

Awareness, Treatment, and Control

•Tavares et al . have investigated the control of cardiovascular health according to the American Heart Association construct of seven cardiovascular metrics among 400 adult patients followed-up in the Family Health Strategy in Sergipe, Brazil. 262 Only 32.5% had controlled cardiovascular health (≥5 metrics ideally controlled) and, regarding hypertension, only 35% of that population was ideally controlled (blood pressure < 120/80 mm Hg). 250 Being a woman, young, and following health advice from family members and neighbors have a positive influence in controlling cardiovascular health. 262

•The National Health Survey has estimated that of 88 531 individuals, 23.9% had self-reported hypertension. Among those, 57.8% reported medical care in the past six months: 61.1% in public health services and 45.8% in primary care units 262 ( Tables 7-3, 7-4, and 7-5, and Chart 7-3 ).

Chart 7-3. – Comparison of healthcare indicators of adults with arterial hypertension. National Health Survey (PNS), Brazil, 2013 and 2019. Source: Malta et al. 261 .

Chart 7-3

•The proportion of individuals living with diabetes and hypertension obtaining medication from the Brazilian Popular Pharmacy Program was estimated using data from the 2019 Brazilian National Health Survey: 45.1% (95% CI, 43.7-46.5%) for hypertension and 51.5% (95% CI, 49.5-53.6%) for diabetes. Medication obtainment was higher in the Southern region and lower in the higher levels of education and income 264 ( Tables 7-3, 7-4, and 7-5, and Chart 7-3 ).

•Using data from the ELSA-Brasil cohort study, 3897 participants with hypertension were investigated regarding blood pressure control, self-reported race, and neighborhood economic segregation in a cross-sectional study. After adjusting for age, sex, education, and study center, the unexplained portion (disparity residual) of race on uncontrolled hypertension was 18.2% (95% CI, 13.4%-22.9%) for Black vs. White participants, and 12.6% (8.2%-17.1%) for Brown vs. White participants. However, the explained portion (disparity reduction) through economic segregation was − 2.1% (− 5.1%; 1.3%) for Black vs. White and 0.5% (− 1.7%; 2.8%) for Brown vs. White participants. Although uncontrolled hypertension was greater for Black and Brown vs. White individuals, racial inequities in uncontrolled hypertension were not explained by economic segregation. 265

COVID-19 and Hypertension

•During the pandemic, there was a slight rise in hypertension prevalence in the Brazilian capitals according to the VIGITEL data, when comparing to the stable trend from 2009 to 2019 ( Chart 7-1 ).

•Malta et al . investigated the association between self-reported diagnosis of noncommunicable diseases, including hypertension, and the adherence to social distancing and the use of health services during the COVID-19 pandemic through a telephone survey in 2020. Individuals with noncommunicable diseases showed a greater adherence to intense social distancing (aPR: 1.07; 95% CI, 1.03-1.11), sought out health services more often (aPR: 1.24; 95% CI, 1.11-1.38), and found greater difficulty in scheduling doctor’s appointments (aPR: 1.52; 95% CI, 1.35-1.71), receiving healthcare treatment (aPR: 1.50; 95% CI, 1.22-1.84) and medication (aPR: 2.17; 95% CI, 1.77-2.67), and undergoing tests (aPR: 1.78; 95% CI, 1.50-2.10) and scheduled interventions (aPR: 1.65; 95% CI, 1.16-2.34). 266

•Hypertension control during COVID-19 pandemic has been evaluated by Feitosa et al . in Brazil. The authors found a slight reduction in office and home blood pressure monitoring in the early months following the COVID-19 outbreak among 987 treated hypertensive patients with questionable clinical significance, compared to 27 699 patients evaluated before the COVID-19 outbreak. Among untreated patients, no difference in hypertension control was observed. 267 Duarte et al . have investigated 194 COVID-19-related deaths in Southern Brazil. Most of the population was male (63.4%), ≥60 years of age (82.5%), and white (82.5%). Approximately half of the patients had multimorbidity. The prevalences of hypertension, diabetes, and cardiac disease were 29.4% (23.3-36.2), 28.0% (22.1- 34.8), and 38.7 % (32.0-45.7), respectively. 268

•In a retrospective study of 1276 deaths due to COVID-19 in the state of Pernambuco, Santos et al . have reported that 26.48% of the patients had hypertension as a previous comorbidity. 269

Future Directions

•Regarding the decrease in the cardiovascular burden of hypertension in Brazil, there is a gap regarding a deeper and more holistic knowledge about how to improve hypertension prevention, awareness, treatment, and control, and its relationship with other cardiovascular unfavorable behaviors and risk factors, such as proposed by the American Heart Association. 216 The current understanding points out to hypertension, at the population level, as the main determinant of cardiovascular morbidity and mortality nationwide. Therefore, better data to measure population outcomes and the healthcare system performance are urgently needed in Brazil to implement scientific investigative strategies of how to improve those outcomes. 110 , 270 , 271

•Moreover, we must move on from only generating evidence to an action model of health policies to correct the suboptimal reality already disclosed by science. National population strategies with effective campaigns to promote healthy habits (i.e., salt decrease in diet, taxation of unhealthy foods, increase in physical activity, and improvement of psychological health and sleep pattern), allied to more effective identification and treatment of individuals at greater cardiovascular risk, and objective surveillance of outcomes must be top priority for the near future. 110 , 270 , 271

•Better research related to disparities regarding access, timelines, and outcomes for hypertensive patients using the SUS as compared to patients using private healthcare service, as the benchmarking, could provide new public health policies to decrease hypertension burden in our society.

•Considering that approximately 75% of Brazilians are SUS users, it is imperative to continuously measure the outcomes of hypertension programs implemented by the SUS, such as the Family Health Strategy, and to compare them to those reached by the private healthcare system. 261

CHAPTER 8 – DYSLIPIDEMIA

ICD-10 E78 (E78.0 to E78.9); ICD-10-CM E78 (E78.0 to E78.9)

See Tables 8-1 through 8-4

Abbreviations Used in Chapter 8.

AMI Acute Myocardial Infarction
CI Confidence Interval
CVD Cardiovascular Diseases
DALYs Disability-Adjusted Life Years
ELSA-Brasil The Brazilian Longitudinal Study of Adult Health
ERICA Brazilian Study of Cardiovascular Risk in Adolescents (in Portuguese, Estudo dos Riscos Cardiovasculares em Adolescentes )
GBD Global Burden of Disease
HDLc High-Density-Lipoprotein Cholesterol
LDLc Low-Density-Lipoprotein Cholesterol
OR Odds Ratio
PNAUM Study on the Access to, Use, and Promotion of Rational Use of Medicines in Brazil (in Portuguese, Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil )
PNS National Health Survey (in Portuguese, Pesquisa Nacional de Saúde )
PR Prevalence Ratio
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
TC Total Cholesterol
TG Triglycerides
UI Uncertainty Interval

Introduction

•Dyslipidemia is defined as abnormal serum levels of lipids, including cholesterol, its fractions, and/or TG. Dyslipidemia is a well-known risk factor for CVD. 273 Even in the primary prevention setting, randomized studies have already shown that the treatment of dyslipidemia effectively reduces CVD. 274 Data on mean cholesterol levels and prevalence of dyslipidemia in adults were obtained primarily from the PNS laboratory data collected in 2014-2015, while, in adolescents, from the ERICA Study. Smaller studies of regional basis were used, when appropriate, for additional descriptions. This document was based on data from the 2021 Cardiovascular Statistics, 4 except when more recent data were available.

•This chapter provides data on TC, LDLc, HDLc, and TG. The definitions of dyslipidemia vary historically and according to the positions of the local societies of cardiology. In this chapter, for the purpose of classification and unless stated otherwise, the term dyslipidemia is used as follows: 1) for adults: TC ≥ 200 mg/dL, LDLc ≥ 130 mg/dL, HDLc < 40 mg/dL, or TG ≥ 150 mg/dL; 275 2) and for children and adolescents: TC ≥ 170 mg/dL, LDLc ≥ 130 mg/dL, HDLc < 45 mg/dL, or TG ≥ 130 mg/dL. 276

Prevalence

Young individuals

•The ERICA Study, published in 2021, reported data of 38 069 schoolchildren (female sex, 60%) aged 12-17 years, from the capitals of the 27 Brazilian Federative Units, in addition to five sets of municipalities with more than 100 000 inhabitants, in all five Brazilian geographic regions. 276 The following mean values were found: TC, 148 mg/dL (95% CI, 147-149 mg/dL); LDLc, 85 mg/dL (95% CI, 84-86 mg/dL); HDLc, 47 mg/dL (95% CI, 47-48 mg/dL); and TG, 78 mg/dL (95% CI, 76-79 mg/dL). The prevalence of abnormal lipid levels (increases) in the general population were as follows: of TC, 20.1% (95% CI, 19-21.3%); of LDLc, 3.5% (95% CI, 3.2-4%), and of TG, 7.8% (95% CI, 7.1-8.6%). The prevalence of low HDLc was 47% (95% CI, 45-49%). Such data stratified by age and sex can be seen in Table 8-1 .

Table 8-1. – Mean plasma lipid levels, prevalence of borderline and high lipid levels, and estimated population with abnormal lipid levels, by sex and age group. ERICA-Brasil, 2013-2014.
Lipids Mean Borderline High Estimated population with abnormality
mg/dL 95% CI % 95% CI % 95% CI
Total cholesterol
General population 148.1 147.1-149.1 24.2 22.7-25.8 20.1 19.0-21.3 2 940 705
Men 143.6 142.4-144.8 22.7 20.4-25.2 15.3 13.9-16.9 1 256 102
Women 152.6 151.4-153.9 25.7 24.5-27.0 24.9 23.4-26.5 1 684 602
12-14 years 149.4 148.0-150.7 25.8 24.3-27.4 20.7 19.1-22.5 937 793
15-17 years 147.1 145.8-148.3 22.8 20.8-24.9 19.6 18.0-21.2 2 002 911
LDLc
General population 85.3 84.5-86.1 19.5 18.5-20.5 3.5 3.2-4.0 1 526 733
Men 83.4 82.2-84.5 17.4 16.0-18.9 2.9 2.3-3.6 669 805
Women 87.2 86.3-88.1 21.5 20.2-22.9 4.3 3.7-4.9 856 928
12-14 years 86.2 85.1-87.3 20.6 19.0-22.4 3.7 3.1-4.4 467 877
15-17 years 84.5 83.5-85.5 18.4 17.2-19.7 3.4 2.9-4.1 1058 856
Triglycerides
General population 77.8 76.5-79.2 12.0 11.0-13.0 7.8 7.1-8.6 1 312 329
Men 76.4 74.7-78.1 10.9 9.8-12.2 7.6 6.5-8.8 610 449
Women 79.3 77.8-80.7 13.0 11.8-14.2 8.1 7.3-9.0 701 880
12-14 years 78.9 76.7-81.0 12.7 11.0-14.6 8.3 7.2-9.5 434 638
15-17 years 76.9 75.8-78.1 11.3 10.2-12.4 7.4 6.6-8.4 877 690
HDLc Mean Low
General population 47.3 46.7-47.9 46.8 44.8-48.9 - - 3 104 161
Men 44.9 44.4-45.5 55.9 53.7-58.2 - - 1 256 003
Women 49.6 48.9-50.3 37.8 35.4-40.2 - - 1 848 158
12-14 years 47.4 46.7-48.1 45.0 42.3-47.8 - - 819 980
15-17 years 47.2 46.4-48.0 48.4 45.9-50.8 - - 2 284 181

LDLc: low-density-lipoprotein cholesterol; HDLc: high-density-lipoprotein cholesterol a: change = borderline + high levels. b: Population estimates for the domains were obtained by processing the microdata from the 2000 and 2010 Demographic Census from the Brazilian Institute of Geography and Statistics. Modified from Faria Neto JR et al. 276

•For that same age group, 1200 adolescents in the Distrito Federal were assessed in 2022 (mean age, 14.8 years; female sex, 50.4%; white, 35.6%; mixed heritage, 53.5%; and black, 6%). The prevalence of TC ≥170 mg/dL was 30.6% (95% CI, 27.6-33.7), of LDLc ≥110 mg/dL, 21.3% (95% CI, 19.0-23.7), of HDLc ≤45 mg/dL, 41.8% (95% CI, 38.1-45.4), and of TG ≥90 mg/dL, 30.5% (95% CI, 27.4-33.8). Similarly to the findings of the ERICA Study, the most frequent change was low levels of HDLc, with very similar values. 277

•In Santa Catarina, the lipid profile of 1011 schoolchildren aged 6-14 years (girls, 52.4%) was assessed in 2013, and the following mean levels were found: TC, 172±27 mg/dL in girls and 170±28 mg/dL in boys; LDLc, 104±24 mg/dL in girls and 104±27 mg/dL in boys; HDLc, 49±11 mg/dL in girls and 49±11 mg/dL in boys; and TG, 80 (24-459) mg/dL in girls and 77 (14-752) mg/dL in boys. 278

•In 2016, 511 children from a similar age group (6-9 years; male sex, 46.77%) were assessed in the city of Vitória, Espírito Santo, regarding their lipid profile changes. Of that population, high levels of TC were observed in 32.7%, of LDLc in 9.2%, and of TG in 4.1%, while low levels of HDLc were observed in 27%. 279 Another study conducted in 2012 in the city of Salvador, assessing 1131 children (age, 7-15 years; male sex, 50.1%), identified that 25.5% (95% CI, 22.7-28.3) of them had dyslipidemia (TC ≥ 170 mg/dL and/or TG ≥ 130 mg/dL). Dyslipidemia was associated with excess body weight (OR: 3.40; 95% CI, 2.07-5.58) and moderate to high consumption of high-risk food, such as whole dairy products, fried food, fat from animal origin, and ultra-processed food (OR: 1.49; 95% CI, 1.01-2.19). 279

Adults

•For the adult Brazilian population, the study by Malta et al . 275 using data from the PNS 2014-2015 has shown prevalence of high levels of TC and of LDLc (32.7% and 18.6%, respectively) and of low levels of HDLc (31.8%). That study identified the following mean levels: TC, 185 mg/dL; HDLc, 46 mg/dL; and LDLc, 105 mg/dL. The prevalence of high TC was higher among women, while the prevalence of low HDLc was higher in men. Tables 8-2 to 8-4 synthesize those findings and show a sex-stratified analysis according to different age groups, educational level, skin color, and Brazilian geographic region. In general, higher educational levels were related to lower prevalence of high TC and LDLc levels, as well as of low HDLc levels. Older age groups showed a higher prevalence of elevated levels of TC and LDLc. Living in the Southern and Southeastern regions were related to a lower prevalence of low HDLc levels. A statistically significant relationship between self-reported skin color and lipid profile was less clear, but black women had a lower prevalence of low HDLc levels. 275 , 280 In addition, in that population, overweight and obesity were associated with increased LDLc levels. 281 Other factors associated with lipid profile changes that have been reported in the Brazilian population include physical activity 282 and seasonal variations. 283

•The PNS 2019 used the self-reported diagnosis of high cholesterol levels, and, among the 88 531 adults assessed, a 14.6% prevalence of high cholesterol was identified. The factors most strongly associated with that condition, measured with their PR, were as follows: female sex (PR = 1.44; 95% CI, 1.40-1.52); age ≥ 60 years (PR = 3.80; 95% CI, 3.06-4.71); healthcare insurance coverage (PR = 1.33; 95% CI, 1.24-1.42); poor or very poor health self-assessment (PR = 1.75; 95% CI, 1.60-1.90); hypertension (PR = 1.78; 95% CI, 1.68-1.89); diabetes (PR = 1.54; 95% CI, 1.45-1.65); renal failure (PR = 1.33; 95% CI, 1.15-1.53); obesity (RP = 1.27; 95% CI, 1.18-1.36); former tobacco use (PR = 1.13; 95% CI, 1.07-1.20); alcohol abuse (PR = 1.11; 95% CI, 1.01-1.21); active leisure time (PR = 1.22; 95% CI, 1.15-1.30). 284

•In 2016, the ELSA-Brasil study found the following percentages in women and men, respectively: hypertriglyceridemia, 23.2% and 40.7%; low HDLc levels, 20.7% and 14.7%; and high LDLc levels, 57.6% and 58.8%. In addition, the ELSA-Brasil study reported small differences in the lipid profile according to skin color, but with apparently limited clinical impact. 285

•In 2023, Fonseca et al . conducted a study on CVD risk factors in the primary healthcare setting with 7724 individuals without established CVD, living in 32 municipalities of São Paulo State. The prevalence of dyslipidemia (reported in the medical record) was 70.1% (68.6% in men, and 71.2% in women). 286

Attributable Risk

•The most recent data on risk of death or burden of disease (DALYs) attributed to elevated LDLc levels estimated in the GBD Study were published in the previous version of this document. 4 Briefly, between 1990 and 2019, deaths from CVD attributable to high LDLc levels in Brazil increased in absolute numbers from 68 327 (95% UI, 55 097-83 768) to 99.375 (95% UI, 78 039-126 143), but the age-standardized mortality rate decreased by 51.3%, from 88.6 (95% UI, 67.8-114.8) to 43.1 (95% UI, 33.4-55.9) per 100 000, as the result from population aging. 4

Familial Hypercholesterolemia

•The prevalence of familial hypercholesterolemia can be estimated by using the Dutch Lipid Clinic Network criteria. According to those criteria, the ELSA-Brasil Study has reported a prevalence of familial hypercholesterolemia of 1 in 263 individuals, and higher in those of black skin (1 in 156) and of mixed heritage (1 in 204) than in white ones (1 in 417). 287

•Despite controversies on the use of cascade screening to identify relatives of individuals with familial hypercholesterolemia, a Brazilian study has shown that 59% of the relatives of individuals with mutations carried such mutations, suggesting a high prevalence of familial hypercholesterolemia in that selected subgroup. 288 However, in a study by Coutinho et al ., involving elderly patients with hypercholesterolemia identified using cascade screening, the presence of previous CVD was a predictor of incident CVD, while the presence of a genetic variant associated with familial hypercholesterolemia was not, when comparing patients of similar ages and with similar cholesterol levels. 289

•Regarding raising awareness on familial hypercholesterolemia and its treatment, Santos et al . have reported the results from a study of a database with 70 000 individuals submitted to routine and mandatory health assessment sponsored by their employer at a private hospital of São Paulo. 290 Of the 70 000 mil individuals, 1987 met the established criteria for familial hypercholesterolemia (LDLc ≥ 190 mg/dL or LDLc ≥ 160 mg/dL on statin use). A sample of 200 individuals was selected to fill in a questionnaire. Of those 200 individuals, familial hypercholesterolemia was suspected by the attending physician in only 29 (14.5%), although most of them (97%) knew their high serum levels of cholesterol. Only 18% were aware of their high risk for CVD, 30% knew their recommended LDLc levels, and 37% used no lipid-lowering drug.

Knowledge, Treatment, and Control

•Analyzing records obtained from the Brazilian ‘Family Health Strategy’, real-world data on the use of statins for secondary prevention of 2 133 900 individuals from the entire country have been reported. 91 Of those individuals, 35 103 (mean age, 66.2 years; male sex, 49.5%) had had a previous AMI or stroke. In that population, only 6.7% were on statins. That rate dropped to 0.6% when assessing the use of high-potency statins. Previous AMI or use of anti-hypertensive drugs was associated with a higher chance of using lipid-lowering drugs [OR 4.53 (95% CI, 3.66-5.60) and OR 5.47 (95% CI, 4.60-6.47), respectively]. In addition, living in the Southern region was a strong predictor of statin use [OR 4.53 (95% CI, 3.66-5.60)]. 91

•An analysis conducted in the ELSA-Brasil Study, including 15 096 adults aged 35-74 years, has explored the prevalence of high LDLc levels (according to the NCEP-ATP-III criteria) and the proportion of participants aware of their diagnosis. 291 The frequency of participants with elevated LDLc levels was 45.5%, of whom only 58.1% were aware of the diagnosis. Among those participants with elevated LDLc levels, 42.3% were on some lipid-lowering medications as treatment and 58.3% reached the target defined by the NCEP-ATP-III panel.

•In an analysis based on the PNAUM between 2014 and 2015, the use of statins in SUS primary care in the five Brazilian regions was assessed. 290 Among the 8803 respondents, the prevalence of statin use was 9.3%, and 81.4% of those users reported having dyslipidemia. Simvastatin was the most widely used statin (90.3%), followed by atorvastatin (4.7%) and rosuvastatin (1.9%).

•Regarding proper treatment and the recommended control targets in the secondary prevention setting, a study conducted in the Curitiba city healthcare system followed up 7066 individuals hospitalized due to AMI from 2008 to 2015. Of those, 1451 had at least one LDLc level measurement and outpatient follow-up data. The mean LDLc level found was 93.3mg/dL. Only 7.4% had LDLc < 50 mg/dL; 21.5% had LDLc between 50 and 70 mg/dL; 35.2% had LDLc between 70 and 100 mg/dL; and 35.5% (most prevalent group) had LDLc > 100 mg/dL. Among those with pre- and post-infarction LDLc measurements, a reduction in LDLc levels was observed, although smaller than the one recommended (from 128 to 92 mg/dL, with a 24.3% relative reduction in cholesterol levels), and only 19.3% of the individuals had a reduction > 50%. 291

•In a cross-sectional analysis of the Estudo Brasileiro de Diabetes in the city of Campinas, 1030 participants (mean age, 58 years; men, 54%) had their lipid profiles assessed regarding the recommended targets met according to their cardiovascular risk groups (very high, high, and moderate). Mean LDLc levels were 105 ± 38, 109 ± 39, and 110 ± 37, respectively, and only 18.8% of the participants had LDLc levels considered adequate for their risk groups. 292

•In the already mentioned study by Fonseca et al. in São Paulo state, only13.9% of the individuals considered as having dyslipidemia were on lipid-lowering drugs and met the LDLc serum levels < 100mg/dL. 286

Dyslipidemia and Subclinical Atherosclerosis

•Subclinical atherosclerosis, including markers such as coronary artery calcium score and carotid intima-media thickness, has been used as surrogate for atherosclerosis. Thus, its association with abnormal lipid profiles can be of epidemiological interest. 293

•In a study with more than 3600 individuals, Generoso et al . have shown that HDLc was associated with coronary artery calcium even after adjustment for traditional cardiovascular risk factors. However, that association was no longer significant after adjustment for TG. 294 In addition, that study has evaluated HDLc subtypes and demonstrated they were not associated with coronary artery calcification once adjusted for total HDLc. Furthermore, the same group has shown the association between HDLc and carotid intima-media thickness, as well as the modification of that association by the presence of diabetes. 295

•Laurinavicius et al . have studied the association between very high HDLc levels (over 90 mg/dL) and carotid intima-media thickness. Very high HDLc can characterize hyperalphalipoproteinemia, a dysfunctional HDLc condition. Despite prior evidence, those authors have not shown an association between such profile and carotid intima-media thickness. 296

•In an analysis of TG-rich lipoproteins in the ELSA-Brasil study, Bittencourt et al . have demonstrated that those particles are associated with coronary artery calcification even after adjusting for significant risk factors. 297

•In a study of octogenarian Brazilians, the authors have found that the association of high LDLc levels with coronary artery calcification weakens with age, whereas the association of low HDLc does not. 298

•Collectively, those studies show a robust association of unfavorable lipid profile with subclinical atherosclerosis, corroborating findings of the association between dyslipidemia and CVD.

Health Costs Attributable to Dyslipidemia

•The only publication on health costs attributable to dyslipidemia refers to estimated costs of hospitalizations due to coronary artery disease attributable to familial hypercholesterolemia. 298 That assessment used data from the Brazilian Hospital Information System of the SUS with 245 981 hospitalizations/year due to coronary artery disease. The prevalence of familial hypercholesterolemia was estimated based on international data at 0.4% and 0.73% in the United States and Denmark, respectively. In that scenario, the annual costs attributable to familial hypercholesterolemia were estimated at US$17 650 972.00 (for 0.4% prevalence) and US$31 448 466.00 (for 0.73% prevalence). 299

Future Directions

•Current data on the epidemiology of dyslipidemia in the contemporary Brazilian population are limited. Additional studies on its prevalence in the broad population as well as in specific high-risk groups, such as those with a lower socioeconomic status, are needed.

•The frequency of dyslipidemia screening, treatment, and control in Brazil, according to sex and age groups, needs to be assessed. In addition, the impact of dyslipidemia on the health system, including costs, has yet to be assessed comprehensively.

•Studies on the role of subclinical atherosclerosis markers in medical practice and on the effect of their use on the clinical treatment modification, as well as on the cost-effectiveness of their use, are required.

CHAPTER 9 – DIABETES MELLITUS

ICD-10 E10 to E14; ICD-10-CM E8 to E13

Abbreviations used in Chapter 9.

BINDER BrazIliaN Type 1 & 2 DiabetEs Disease Registry
BMI Body Mass Index
CI Confidence Interval
CVD Cardiovascular Diseases
COVID-19 Coronavirus disease 2019
DALYs Disability-Adjusted Life Years
DATASUS Brazilian Unified Health System Database
ELSA-Brasil Longitudinal Study of Adult Health - Brazil
ERICA Brazilian Study of Cardiovascular Risk in Adolescents (in Portuguese, Estudo dos Riscos Cardiovasculares em Adolescentes )
GBD Global Burden of Disease
HbA1c Glycosylated Hemoglobin
HR Hazard Ratio
IBGE Brazilian Institute of Geography and Statistics (in Portuguese, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística )
ICD-10 International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems, 10thRevision
IDF International Diabetes Federation
LDL Low-Density Lipoprotein
OR Odds Ratio
PNS National Health Survey (in Portuguese, Pesquisa Nacional de Saúde )
PR Prevalence Ratio
SIH Brazilian Hospital Information System (in Portuguese, Sistema de Informações Hospitalares )
SIVEP-Gripe Brazilian Information System on Epidemiological Surveillance for Influenza (in Portuguese, Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe )
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
UI Uncertainty Interval
VIGITEL Surveillance System of Risk and Protection Factors for Chronic Diseases by Telephone Survey (in Portuguese, Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico )

Introduction

•Diabetes mellitus is a chronic and progressive disease, characterized by chronic hyperglycemia resulting from lower secretion of insulin and/or resistance to insulin, which in the long run can lead to microvascular (diabetic retinopathy, nephropathy, neuropathy) and macrovascular (coronary artery disease, cerebrovascular disease, and peripheral artery occlusive disease) complications. Prediabetes (reduced glucose tolerance and impaired fasting plasma glucose) is the condition in which there is hyperglycemia and, although the diagnostic criteria for diabetes are not met, the risks for future diabetes and CVD are increased. 300

•In this chapter, diabetes mellitus is approached as a cardiovascular risk factor, 301 as it was in the previous version of this document, 4 because its presence, in association with smoking, systemic arterial hypertension, and dyslipidemia, increases by two to three times the risk of CVD. 302

Prevalence

•Recent data from the VIGITEL (2021) have shown that 9.1% (95% CI, 8.5-9.8%) of the adults report diagnosis of diabetes, and that figure is similar in women and men. The city of Belo Horizonte is the Brazilian capital with the highest prevalence of diabetes (11.3%, 95% CI, 9.0-13.5%) and the city of Rio Branco, the one with the lowest prevalence (6.4%, 95% CI, 4.5-8,3%). Considering educational level, the lower the schooling, the higher the prevalence of diabetes (< 8 years: 17.7%, 95% CI, 16-19.4%; >12 years: 5.1%, 95% CI, 4.3-5.9%). The higher the age, the higher the prevalence of diabetes (> 65 years: 28.4%, 95% CI, 26.5-30.2%). 252

•According to data from the IDF, Brazil ranks sixth worldwide regarding the number of adults with diabetes (15.73 million, 95% CI, 14.04-17.43), with a prevalence of 10.5% (95% CI, 9.4-11.6), and 31.9% of them are unaware of their disease. The reduction observed in the number of individuals unaware of their condition as compared to previous data 4 , 303 may have resulted from the high rate of screening, as observed in the PNS from the IBGE, because, in 2013, 11.6% (95% CI, 11.1-12.1) of the adults had never had their blood glucose levels measured, and that percentage was reduced to 6.2% in 2019 (95% CI, 5.9-6.5). 304 Higher access to diagnosis has been observed in women (PR=1.16; 1.15-1.17), elderly individuals (PR=1.25; 1.22-1.28), and those with higher educational level (PR=1.17; 1.15-1.18), obesity (PR=1.06; 1.05-1.08), and hypertension (PR=1.12; 1.11-1.13). However, lower access to diagnosis has been observed in self-reported Black individuals (PR=0.97; 0.95-0.99), in individuals living in rural areas (PR=0.89; 0.87-0.90), and in those without private health insurance coverage (PR=0.85; 0.84-0.86). 305

•The prevalence of prediabetes was 10.8% (CI, 6.9-12.8) or 17.77 million individuals (CI, 11.46-21.04). 303 These numbers are lower than those reported by the same source in 2019, 303 which differs from the previously reported constant increase in the prevalence of diabetes 306 and prediabetes. 307 It is worth noting that those numbers depend on the diagnostic method used, and they are smaller when the diagnosis is self-reported and higher in studies using confirmation with laboratory tests, especially those using oral glucose tolerance test 306 or HbA1c. 6 With any of those criteria, the prevalence was higher in women, in individuals over the age of 30 years, and in those with overweight or obesity. Higher educational level was associated with lower prevalence of diabetes. The Brazilian West-Central region had the highest prevalence of diabetes. 6

•Data from the PNS 2019 have shown that the self-reported prevalence of diabetes was higher among individuals with lower educational level, as follows: 12.9% (illiteracy/ incomplete elementary education), 6.3% (complete elementary education/incomplete secondary education), 4.6% (complete secondary education/incomplete higher education), and 4.65% (complete higher education). 6 Similarly, individuals without private healthcare insurance had a higher prevalence of self-reported diabetes [PR=1.88; 95% CI, 1.22-2.89). 308

•The PURE/South America Study has shown a 9% prevalence of diabetes (fasting plasma glucose > 126 mg/dL or personal history of diabetes) at the study’s baseline. Of 24 718 participants, 5661 were from Brazil, urban (65.1%) and rural areas of the São Paulo State; however, specific data from Brazil have not been reported. 309

•Data from the ERICA Study, a large cross-sectional study conducted in a representative sample of Brazilian students aged 12-17 years (n=37 854), remain the most updated information on the prevalence of type 2 diabetes (3.3%, 95% CI, 2.9-3.7) and prediabetes (22.0%, 95% CI, 20.6-23.4). 310 Brazil ranks first regarding the number of cases, along with México. 303

•Brazil ranks third worldwide regarding the number of cases of type 1 diabetes considering all ages (588 800 individuals) and the age range of up to 20 years (112 240 individuals). The difference in prevalence among countries, especially when considering age ranges, reflects younger populations and higher mortality in low-income countries (India, Algeria, Morocco, and Turkey), which reduces the number of adults with type 1 diabetes. 303

Incidence

•The Brazilian multicenter ELSA-Brazil study has reported a cumulative incidence of diabetes of 2.0/100 person-year (95% CI, 1.8-2.1), higher among the elderly [2.8%; 95% CI, 2.3-3.4], individuals with obesity (3.8%; 95% CI, 3.4-4.3), and those with lower educational levels (3.0%; 95% CI, 2.6-3.6). 311

•The number of children and adolescents with type 1 diabetes has increased worldwide, approximately 3% per year, although with significant regional differences. 303 , 312 - 314 Brazil continues to rank third worldwide regarding the number of new cases of children and adolescents aged 0 to 19 years with type 1 diabetes (8.9 cases/1000/year). 303 The overall annual incidence of type 1 diabetes in the city of Bauru, São Paulo State, from 1986 to 2015, among children aged ≤ 14 years was 12.8 (95% CI, 11.2-14.4) per 100 000, ranging from 2.8 in 1987 to 25.6 in 2013, with no difference between sexes. 310

Mortality

Overall mortality attributable to diabetes

•Cardoso et al. , based on data from DATASUS from the Brazilian Health Ministry, have assessed early mortality of adults aged 30-69 years, from 2010 to 2017. The mean annual diabetes mortality rate was 28.1 (27.8-28.4) per 100 000 inhabitants from 2010 to 2012, and 27.0 (26.7-27.3) per 100 000 inhabitants from 2015 to 2017. The highest rates were observed in the Northeastern region [34.4 (33.9-35) per 100 000 inhabitants from 2015 to 2017], while the lowest, in the Southern region [20.4 (20.0-20.9) per 100 000 inhabitants from 2015 to 2017]. 315

•In addition, early mortality (30 to 69 years of age) has been assessed by Cousin et al. from 1990 to 2019 using estimates calculated by the GBD Study. Diabetes was the cause of early age-standardized mortality in 33.0 (32.0-34.2) per 100 000 inhabitants in 1990, in 26.8 (25.9-27.6) per 100 000 inhabitants in 2010, and in 24.8 (23.7-25.9) per 100 000 inhabitants in 2019, which represented a reduction of 1.0% from 1990 to 2010 and of 0.9% from 2010 to 2019. 316

•The most recent data from the GBD Study are not available, and those of the last GBD Study version, 2019, have been reported in the Cardiovascular Statistics 2021. 4

•The 10thedition of the IDF Diabetes Atlas, published in 2021, reported 214 175 deaths attributable to diabetes in Brazil of adults aged 20-79 years, a number slightly greater than that reported in the GBD Study 2019. 303

•Arrais KR et al. have assessed the profile of hospitalizations and in-hospital mortality due to diabetes mellitus in the State of Piauí from 2015 to 2019. In that state, 18 361 hospitalizations due to diabetes mellitus were reported, 527 of which resulted in death, representing an in-hospital mortality rate of 2.87 per 100 admissions. The hospitalizations and deaths were more frequent among women, of mixed heritage, and older. 317

Cardiovascular mortality attributable to diabetes

•The most recent data from the GBD Study are not available, and those of the last GBD Study version, 2019, have been reported in the Cardiovascular Statistics 2021. 4

Burden of disease

Burden of disease attributable to diabetes

•Based on data from the GBD Study 2021, 2 740 000 (2 370 000-3 160 000) DALYs attributable to diabetes were estimated for Brazil in 2021, with a positive variation of 159.7% (95% UI, 149.2-172.1) from 1990 to 2021. However, the age-standardized DALY rate attributable to diabetes per 100 000 inhabitants in Brazil was estimated at 1075.2 (931.4-1239.0), a decrease of -2.7% (-7.1 to 2.1) from 1990 to 2021. These data reflect the effect of the Brazilian population increase and aging on the burden of disease attributable to diabetes in that period. 318

Burden of cardiovascular disease attributable to diabetes

•The most recent data from the GBD Study are not available, and those of the last GBD Study version, 2019, have been reported in the Cardiovascular Statistics 2021. 4

Impact on cardiovascular health

•Previous Brazilian studies, detailed in the previous version of this document, have shown that diabetes is related to different adverse cardiovascular outcomes and subclinical markers of atherosclerosis. 4 , 319 , 320

•Dynkoski et al. , using data from the SIH of the DATASUS and analyzing admissions of elderly individuals due to conditions cared for in primary healthcare settings from 2008 to 2014 in Santa Catarina State, have shown that diabetes mellitus was the fifth cause of hospitalization (6.75%). 319

•Mosenzon et al., in the CAPTURE study, have estimated the prevalence of established CVD, assessed by use of medical records from primary and tertiary healthcare centers, in adults with type 2 diabetes from several countries (n = 9823), including Brazil. Of the 912 individuals assessed in Brazil, 43.9% (95% CI, 40.9-46.8) had CVD, a percentage higher than that estimated for the total sample of the 13 countries assessed [overall weighted CVD prevalence estimated at 34.8% (95% CI, 32.7-36.8)]. Heart failure had been reported in 113 patients [12.4 (95% CI, 10.4-14.4)], and Brazil had the second highest prevalence of all 13 countries assessed. 320

Knowledge, treatment, and control of diabetes

•The treatment of diabetes is based on three pillars: diet, physical exercise, and drugs (oral antidiabetic drugs and insulin). Adherence to treatment is an important determinant of metabolic control. Gomes and Negrato have reported minimal adherence to treatment in 48.0% of the patients, associated with a HbA1c level of 8.6% ± 1.9%. 321 Other studies have shown high access to medications, but low adherence to treatment [17.2% (95% CI, 14.6-20.1)]. 322 Better adherence to treatment was associated with the following: younger age, lower BMI, presence of macrovascular complications, better occupational performance, and higher scores in the emotional domain of the short form health-related quality-of-life questionnaire - SF-36. 323

•In 2018, Silva et al. conducted a household survey in 63 municipalities of Minas Gerais State, selected by convenience, aimed at assessing the profile of the use of medications in patients with diabetes in that state. Those authors showed that, among the 2619 individuals with diabetes assessed, the most frequently used drugs were metformin, losartan, glibenclamide, and simvastatin. Polypharmacy (use of five or more drugs) was identified in 56.5% of the respondents. 324 The prevalence of the use of oral antidiabetic drugs in Brazil increased from 77.4% (95% CI, 74.3-80.1) in 2012 to 85.2% (95% CI, 82.8-87.2) in 2018. 325

•A retrospective cohort (n = 488 patients with diabetes) has shown that only 7.3% of the patients with diabetes in primary healthcare and 27.0% of those in tertiary healthcare had undergone assessment of at least 50% of the healthcare quality indicators (annual assessment of diabetic nephropathy, retinopathy, and neuropathy, lipid profile, nutritional assessment, and inquiry about tobacco use). 326

•In 2022, using data from the SIH, DATASUS, Macedo Jr et al . conducted a descriptive epidemiological study with temporal analysis of the admissions of elderly individuals in Rondônia State from 2015 to 2019. Of the 23 844 admissions (11% of the total) in the period, diabetes was identified as the cause of admission in 267 (6.96%) in 2015 and in 349 (7.23%) in 2019, ranking second in both periods, after pneumonia. 327

•The BINDER Registry, a prospective multicenter study conducted in 43 Brazilian cities, has aimed to assess the control of blood glucose of patients with diabetes in the real-world scenario. The 1142 participants were followed up for 2 years, starting in 2017. At baseline, the HbA1c was 7.1% (4.1-15.0%), and 396 (48.2%) patients had HbA1c ≤ 7.0%. Younger age (p = 0.014), lower educational level (p = 0.025), and public healthcare provision (p = 0.0058) were associated with elevated HbA1c. In the follow-up, there was no difference in HbA1c. In addition, the use of different oral antidiabetic drugs did not differ, except for a reduction in metformin use (p = 0.0044) and an increase in SGLT-2 inhibitors use (p < 0.001). 328

•A cross-sectional analysis of the population with diabetes from the ELSA-Brasil has reported on the metabolic control and risk factors of that population. Of the 2062 individuals with diabetes, 1364 (66.1%) had HbA1c < 7.0%, 1596 (77.4%) had proper blood pressure control, and 1086 (52.7%) had target LDL-cholesterol levels (<100 mg/dL or <70 mg/dL if high cardiovascular risk). Women (PR=1.13; 95% CI, 1.07-1.20), individuals over the age of 74 years (PR=1.20; 95% CI, 1.08-1.34), and those with a higher per capita income (PR=1.26; 95% CI, 1.10-1.45) were more likely to have better glycemic control. Self-reported Black individuals (PR=0.91; 95% CI, 0.83-1.00) and those with longer-lasting diabetes (PR=0.43; 95% CI, 0.39-0.47) were less likely. Women (PR=1.05; 95% CI, 1.00-1.11) and individuals with private healthcare insurance (PR=1.15; 95% CI, 1.07-1.23) were more likely to reach two or more goals, while self-reported Black individuals (PR=0.86; 95% CI, 0.79-0.94) and those with longer-lasting diabetes (PR=0.68; 95% CI, 0.63-0.73) were less likely. 329

•In 2023, Machline-Carrion et al. conducted a cross-sectional study analyzing routinely recorded medical data from 2 133 900 individuals in primary healthcare, mean age of 66.2 ± 14.6 years, 49.5% men, 29.6% White, in Brazil, from 2016 to 2021. Of that sample, 6.7% (2346) had a record of statin prescription, which was more frequent among those over the age of 60 years (OR 1.32 [95% CI, 1.19-1.47), living in the Southeastern region (OR 4.53 [95% CI, 3.66-5.60]), with history of acute myocardial infarction (OR 4.53 [95% CI, 3.66-5.60]) and diabetes (OR 1.50 [95% CI, 1.37-1.64]). 89

•In 2022, Malta et al. assessed healthcare indicators of individuals with diabetes from the 2013 PNS (n = 60 202) and compared them to those obtained from the same database in 2019 (n = 88 531). There was an increase in the use of medications (from 80.2% to 88.8%) and in the number of individuals on medical treatment (from 73.2% to 79.1%), although the percentages of individuals undergoing screening for diabetic retinopathy (35.3% vs. 36.7%) and foot assessment (29.1% vs. 31.7%) remained stable. Hospitalizations due to diabetes-related complications were less frequent in women in the period [13.1 (11.5-15.0) vs. 16.5 (14.3-19.1); PR 0.80 (95% CI, 0.65-0.97)]. In addition, in 2019, the indicators were worse for men, younger individuals, Black individuals, and those with lower socioeconomic and educational levels. Regarding regional differences, the Southeastern, Southern, and West-Central regions had a higher proportion of individuals receiving medication from the Popular Drugstore as compared to the Northern region (56.4%, 59.1%, 56.4% vs. 35.6%, respectively). The Southeastern region had the highest proportion of individuals undergoing diabetic retinopathy screening (40.8%) and the lowest number of hospitalizations (12.1%). 304

Risk factors and prevention

•A meta-analysis from 151 studies on the prevalence of overweight and obesity among Brazilian adolescents has shown an increase in the prevalence of overweight of 8.2% (95% CI, 7.7-8.7) up to 2000, of 18.9% (95% CI, 14.7-23.2) from 2000 to 2009, and of 25.1% (95% CI, 23.4-26.8) from 2010 onwards, a pattern similar to that of the prevalence of obesity. The Southeastern and Southern regions had higher prevalence of overweight and obesity. 330

•Of the 37 892 adolescents of the ERICA Study, overweight was observed in 17.2%, obesity in 5.6%, and severe obesity in 1.3%, with an increased chance of adverse cardiometabolic outcomes according to higher BMI, such as higher fasting blood glucose [RP 5.30 (95% CI, 1.94-14.50)] and HbA1c (2.04; 95% CI, 1.29-3.25). 331

•At the ELSA-Brasil baseline, the analysis of 14 912 Brazilian civil servants has shown higher prevalence of diabetes among individuals with BMI of 25-29.9 kg/m 2 (18.9%; 95% CI, 18.0-19.9%) and above 30 kg/m 2 (32.1%; 95% CI, 30.6-33.6%) as compared to those with BMI ≤ 24.9 kg/m 2 (11.7; 95% CI, 10.9-12.6%). 281 Considering leisure-time physical activity, the ELSA-Brasil has shown a smaller likelihood of diabetes in active women and men as compared to inactive ones. 332

•Based on data from the second wave of the ELSA-Brasil (2012-2014), 10 047 Brazilian civil servants were assessed regarding the association between body fat distribution and the occurrence of CVD and its risk factors. The multivariate analysis showed that the smaller ratio between arm and leg fat/trunk fat protected against the presence of diabetes in women (0.04, 95% CI, 0.01-0.19), but not in men (1.03; 95% CI, 0.37-2.86). 333

•Data from the PNS 2019 with 86 678 adults have shown that television watching for more than 3 hours per day increased the likelihood of developing diabetes as compared to less than 3 hours per day (3-6 hours/day vs. reference OR 1.26; 95% CI, 1.12-1.42; >6 hours/day vs. reference OR 1.80; 95% CI, 1.54-2.11; adjustments to sex, age range, ethnicity, educational level, alcohol consumption, smoking, soda and fruit consumption, and leisure-time physical activity). However, there was no association between the use of other screens (computers, tablets, and cell phones) and the likelihood of developing diabetes. 334 There was a dose-response relationship between television watching and the chance of developing diabetes. 335

•Teló G et al ., in a cross-sectional study with 37 854 adolescents, have shown a higher likelihood of type 2 diabetes in those with obesity (OR 1.59; 95% CI, 1.20-2.11) and increased waist circumference (OR 1.51; 95% CI, 1.13-2.01), with no association with physical inactivity (< 60 min/day). 310

•In a sample of 9909 participants of the ELSA-Brasil Study, food frequency questionnaires were used to calculate the dietary inflammatory index. In a logistic regression adjusted to sociodemographic and behavioral factors and BMI, that index was a predictor of greater weight gain (third tertile vs. 1: OR Z 1.30; 95% CI, 1.08-1.55) and incidence of diabetes (third tertile vs. 1: HR Z 1.26; 95% CI, 1.04-1.52). 336

Costs

•Ferrari G et al. have estimated the direct costs of healthcare related to noncommunicable chronic diseases attributable to obesity in Brazil in 2019 and have shown a total cost of diabetes of US$ 44.2 million (from a total of US$ 2967.6 million). Considering the attributable population fraction of 63.1% (40.3-86.4), the cost attributable to diabetes would be US$ 27.9 million (17.8-38.2). 337

•In 2022, Leal et al. used data from the GBD Study 2019 and DATASUS to estimate the costs with the treatment of diabetes and other noncommunicable chronic diseases attributable to the consumption of sweetened sugar beverages in Brazil. The results showed a total cost of US$ 14 116 240.55 with hospitalizations from noncommunicable chronic diseases attributable to the consumption of sweetened sugar beverages, US$ 72 645.40 for women and US$ 80 345.36 for men with diabetes. The costs of outpatient care for diabetes attributable to the consumption of sweetened sugar beverages were US$ 4645.79 for women and US$ 4641.06 for men with diabetes. Data according to age range can be found in the original publication. 338

•In 2022, Pereda et al. used the cost-of-illness approach to calculate the total economic burden related to diabetes in Brazil in 2016, which was estimated at up to US$ 2.15 billion, of which US$ 1.52 billion (70.6%) were indirect costs related to premature deaths, absenteeism, and early retirement. The indirect costs related to premature deaths were US$ 1.18 billion (77.9% of indirect costs). The total direct costs related to diabetes were US$ 633 million, US$ 232.8 million with hospitalizations and US$ 86 million with outpatient expenses (95% covered by the SUS). The Popular Drugstore represented US$ 304.2 million, while the out-of-pocket expenses were US$ 10.0 million. The total cost per patient diagnosed in Brazil, considering the prevalence of 6.4% (data from 2013), was US$ 223.54 (US$ 65.72 of direct costs and US$ 157.81 of indirect costs). 339

•In 2019, the expenditures related to diabetes in adults (20-79 years) worldwide were US$ 966 billion, and Brazil ranks third with expenditures of US$ 42.9 billion. 303

Impact of the COVID-19 pandemic on diabetes mellitus

•Diabetes is a risk factor for worse outcomes related to COVID-19. Patients with COVID-19 and diabetes are at a higher risk for hospitalizations and death than those without diabetes. Poor glycemic control in the presence of COVID-19 determines worse outcomes.

•Niquini et al. , in 2020, used the database of the SIVEP-Gripe to compare the numbers of hospitalization due to acute respiratory distress syndrome, which were 39 349 in 2019 (14.7% due to influenza) and 94 807 in 2020 (33.7% due to COVID-19). Of those, 16.2% and 24.7% had diabetes, respectively. 340

•In 2021, Nunes et al. used, in addition to the SIVEP-Gripe, data from the linkage performed by the Bahia State Epidemiological Surveillance and the Laboratory Environment Management System (GAL) and showed that most of the 7286 deaths from COVID-19 observed up to November 2020 occurred in men and 43.6% in individuals with diabetes. 341

•A cross-sectional study has assessed 21 942 Brazilians who had been hospitalized due to COVID-19 by mid-2020 using data from the SIVEP-Gripe. In adults (age ≤ 60 years), obesity in combination with diabetes and/or CVD was associated with a higher prevalence of invasive (PR 3.76; 95% CI, 2.82-5.01) and noninvasive (PR 2.06; 1.58-2.69) mechanical ventilation, intensive care unit admission (PR 1.60; 1.40-1.83), and death (PR 1.79; 1.45-2.21) as compared to patients without those conditions. 342

•Prado et al., in 2021, assessed retrospectively all cases of COVID-19 reported up to September 2020 (n = 57 700) and found mortality of 61.8/100 000 inhabitants. The following risk factors for death were identified: male sex (HR=1.48; 95% CI, 1.25-1.76), elderly (≥60 years, HR=10,64; 95% CI, 8.84-12.81), and multiple comorbidities (HR=2.23; 95% CI, 1.77-2.81), which included diabetes mellitus. 343

•In 2021, Pietre et al. reported on data obtained from that same database up to August 2020 (n=181 964, 96 567 deaths), emphasizing the higher risk of mortality from severe acute respiratory syndrome among younger patients with diabetes and self-reported Black individuals (aOR 5.58; 95% CI, 4.97-6.25; p<0.0001) and among those with obesity or hematological diseases (aOR 21.09; 95% CI, 13.64-32.06) as compared to their controls. 344

•In the cross-sectional study by Garces et al. , 2022, performed with data from 397 600 individuals hospitalized between 2020 and 2021 (SIVEP-Gripe), 32.0% of them died. The prevalence of death among individuals with diabetes was 40.8% (n = 41 776), with an adjusted prevalence ratio of the association between diabetes and death from COVID-19 of 1.15 (IC 95% 1.14-1.16), representing a death prevalence 15% higher among Brazilians with diabetes hospitalized from COVID-19. 345

•Considering the age range under 20 years, Oliveira et al. have shown that, of 21 591 children and adolescents hospitalized due to COVID-19, 379 (1.8%) had diabetes, among whom the following was more frequent as compared to those without diabetes: admission to the intensive care unit (46.6% vs . 26.0%), invasive ventilation (16.9% vs. 10.3%), and higher mortality (15.0% vs. 7.6%; HR = 2.0, 95% CI, 1.58-2.66). Regarding these individuals, living in poorer regions (Northeastern region: HR, 2.17, 95% CI, 1.18-4.01; Northern region: HR 4.0, 95% CI, 1.79-8.94), oxygen saturation < 95% on admission (HR 2.97, 95% CI, 1.64-5.36), kidney disease (HR 3.39, 95% CI, 1.42-8.09), and obesity (HR 3.77, 95% CI, 1.83-7.76) were associated with mortality. 346

•In 2021, Sardinha et al. performed a cross-sectional study with native Brazilians, using data from DATASUS and showed that, up to August 2020, there were 1207 cases and 470 deaths due to COVID-19 in that population. Although diabetes was one of the most prevalent comorbidities in that population (18.97%), it did not associate with higher mortality. 347

•In 2022, the cross-sectional study by Andrade et al. , based on the analysis of reports on severe acute respiratory syndrome due to COVID-19 (DATASUS) from 2020 to 2021, compared individuals hospitalized with (111 046) and without (273 759) diabetes. Those authors showed that individuals with diabetes were more likely to be admitted to the intensive care unit (43.7% vs. 37.3%) and to have higher mortality (44.6% vs. 35.7%). 348

•Foppa et al. have published a cohort of 289 patients with type 1 diabetes, 40 ± 12 years, 49.5% women, assessed in 2019 and 2020 when receiving care. The number of consultations with a multiprofessional team was smaller during the pandemic, even considering the in-person and tele-consultations (4.0; 3.0-5.0 vs. 2.0; 1.0-3.0), as were the percentage of patients with target HbA1c level (26% vs. 1%) and the number of patients undergoing diabetic retinopathy screening (63.9% vs. 30.9%). 349

•A cohort study of patients with COVID-19 admitted to 25 Brazilian hospitals from March to September 2020 has aimed to assess the risk factors for in-hospital mortality. Of 2054 patients, 52.6% were of the male sex and in-hospital mortality was 22.0%, while mortality for those admitted to the intensive care unit was 47.6% and for those with diabetes, 29.2%. On multivariate analysis, however, diabetes did not associate with higher mortality. 11

•Data from the VIGITEL have shown that, from 2019 to 2022, despite the reduction in the prevalence of soda consumption (15.1%, 95% CI, 14.3-15.9% in 2019; 14.0%, 95% CI, 12.9%-15.3% in 2021-2022), there was an increase in sedentary lifestyle (62.7%, 95% CI, 61.8-63.6% in 2019; 66.0%, 95% CI, 64.6%-67.4% in 2021-2022), and a reduction in leisure-time physical activity (39.0%, 95% CI, 38.1-39.9% in 2019; 36.7%, 95% CI, 35.3%-38.2% in 2021-2022). This might have influenced the increase in the prevalence of obesity and self-reported diabetes (7.5%, 95% CI, 7.0-7.9% in 2019, and 9.1%, 95% CI, 8.5-9.8% in 2021) in the period. 252

Future Directions

•Studies on the incidence of type 1 and type 2 diabetes with national representativity, aimed at social and behavioral determinants are required.

•Considering the SUS coverage and the possibility of reaching many patients with type 1 and type 2 diabetes, studies focused on assessing the efficacy and effectiveness of the care provided to these patients in Brazil are required.

•Considering the several publications on the increase of the overweight and obesity incidence in the Brazilian population in all age ranges, mostly in the lower socioeconomic levels, efficient public policies to prevent obesity should be prioritized to reduce new cases of diabetes and its complications. Some examples are: 1. Taxation of high caloric foods; 2. Mandatory labeling of food products; 3. Creation of programs to prevent and treat obesity in communities, rescuing individuals predisposed to diabetes by using simple tools (questionnaires); 4. Training of multiprofessional teams to engage in lifestyle-change programs to prevent and treat diabetes; 5. Integration of physical education professionals into those programs.

•Artificial intelligence has been used in several aspects of diabetes: identification of groups of patients at risk for chronic complications based on the assessment of the behavior of the HbA1c variation; identification of several clinical variables that predict the HbA1c response in the short and long run after beginning treatment; identification of the medicamentous treatment to be instituted according to the patient’s comorbidities and the association with the development of complications; identification of groups of patients with diabetes at different stages of disease progression; and predictive equations for hospital admission. These new stratifications can help guide the treatment, representing a first step to precision medicine in diabetes. If properly used, it may provide important information to help disease prevention and management.

•Inequalities in access and in use of preventive, diagnostic, and therapeutic measures related to social, demographic, economic, gender, and skin-color questions have been made clear in studies with the Brazilian population with diabetes. Data should be compiled and those missing should be actively sought so that public policies aimed at reducing those differences can be built.

CHAPTER 10 – SMOKING AND TOBACCO USE

Smoking and the consequences for cardiovascular diseases, Brazil and Federative Units, 1990 to 2022

ICD-10: Z.72.0

See Tables 10-1 through 10-6 and Charts 10-1 through 10-2

Abbreviations Used in Chapter 10

CI Confidence Interval
Covitel Telephone Survey for Surveillance of Non-Communicable Chronic Diseases During the Pandemic (in Portuguese, Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia )
CVD Cardiovascular Diseases
e-cigarette Electronic cigarette
FU Federative Unit
GBD Global Burden of Disease
GDP Gross Domestic Product
PeNSE National Survey of Schoolchildren Health (in Portuguese: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar )
PNS Brazilian National Health Survey (in Portuguese, Pesquisa Nacional de Saúde )
SGM Sexual and Gender Minorities
VIGITEL Telephone Survey for Surveillance of Non-Communicable Chronic Diseases (in Portuguese, Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico )
WHO World Health Organization

Introduction

•Tobacco use is one of Brazil’s leading causes of preventable death. 3 Smoking is a major risk factor for CVD. 350 The negative impact of tobacco on health results from both the direct consumption of various forms of tobacco products (smoked, inhaled or chewed) and the exposure to second-hand smoke. 351 Recently there have been some changes in the tobacco consumption habits: despite a decline in commercial use of cigarette smoking, other forms of tobacco use are becoming increasingly common, such as e-cigarettes and hookah. 352 Furthermore, there was an impact of the COVID-19 pandemic on smoking habits and consumption. These two more recent aspects were included and/or updated.

•In this chapter, tobacco use and its consequences for CVD are described. The prevalence of smoking will be addressed according to the main population surveys in Brazil, such as the following: the updated studies for the PNS 2019, containing estimates for the population aged 18 years and over, as previously described; 4 the PeNSE 2019, containing estimates for adolescents aged 13–17 years; 353 data from the VIGITEL 2021, a population-based cross-sectional survey conducted by the Brazilian Ministry of Health in Brazilian state capitals, and compared to its time series; and the Covitel study 2022, a countrywide cross-sectional telephone-based survey carried out during the first trimester of 2022 in Brazil. 252 , 352 These are the most recent nationwide surveys for Brazil. For definitions herein used and the relation of tobacco to CVD, refer to the previous version of this document (Cardiovascular Statistics – Brazil 2021). 2 , 4

•The main indicators of smoking among adults (use of tobacco, passive smoking, and e-cigarettes) and adolescents (experimentation with tobacco, use in the last month, use of other tobacco products) will be presented and updated. For mortality rates and absolute number of deaths attributable to tobacco in Brazil and its 27 FUs from 1990 to 2019 refer to the previous version of this document (Cardiovascular Statistics – Brazil 2021), 2 , 4 as the most recent estimates of the GBD had not been updated until the completion of this document.

Prevalence of tobacco use among adolescents

•According to PeNSE 2019, among adolescents in the ninth grade of school aged 13-17 years, in 2019, the prevalence of current smoking or having smoked in the 30 days before the survey was 6.8% (95% CI, 6.3-7.3%), with a higher prevalence among males, 7.1% (95% CI, 6.6-7.6%), than females, 6.5% (95% CI, 5.8-7.2%) ( Table 10-1 ) . 353

Table 10-1. – Percentage of students aged 13-17 years who smoked in the 30 days before the survey, by sex and type of school, in Brazil, its major regions and Federative Units.

Major regions and Federative Units Total Sex Type of school
Male Female Public Private
Total 95% CI Total 95% CI Total 95% CI Total 95% CI Total 95% CI
Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit
Brazil 6.8 6.3 7.3 7.1 6.6 7.6 6.5 5.8 7.2 7.2 6.6 7.8 4.4 4.1 4.8
North 7.2 6.2 8.1 8.3 7.0 9.6 6.2 5.1 7.2 7.4 6.5 8.4 3.4 2.7 4.0
Rondônia 6.1 5.1 7.2 6.2 5.1 7.4 6.0 4.4 7.7 6.4 5.2 7.5 2.7 1.9 3.4
Acre 10.9 9.0 12.8 13.3 10.3 16.2 8.6 6.8 10.3 11.2 9.2 13.2 3.5 1.6 5.5
Amazonas 7.7 6.1 9.3 8.9 6.6 11.3 6.5 4.8 8.3 8.0 6.3 9.6 3.1 1.3 4.9
Roraima 9.2 7.8 10.6 11.2 9.3 13.0 7.1 5.5 8.7 9.6 8.1 11.1 2.4 1.0 3.7
Pará 6.6 4.9 8.4 7.9 5.2 10.5 5.6 3.7 7.6 6.9 5.1 8.8 3.3 2.3 4.2
Amapá 7.1 5.9 8.3 6.9 5.7 8.2 7.3 5.6 9.0 7.4 6.1 8.7 4.2 3.3 5.1
Tocantins 6.8 5.1 8.5 7.7 5.1 10.3 6.0 4.2 7.7 6.9 5.1 8.8 5.2 3.9 6.5
Northeast 4.7 4.3 5.2 5.3 4.7 5.8 4.2 3.7 4.8 5.0 4.5 5.5 2.7 2.4 3.0
Maranhão 6.0 4.7 7.4 7.5 5.7 9.2 4.5 2.6 6.4 6.3 4.8 7.7 2.9 2.3 3.6
Piauí 4.3 3.2 5.3 5.1 3.7 6.5 3.5 2.2 4.7 4.5 3.3 5.7 2.6 1.8 3.4
Ceará 5.7 4.3 7.1 6.0 4.0 8.1 5.4 4.1 6.7 6.2 4.5 7.9 2.5 1.9 3.2
Rio Grande do Norte 4.5 3.5 5.5 4.7 3.4 6.1 4.3 3.1 5.5 5.0 3.9 6.2 1.9 1.3 2.4
Paraíba 5.9 4.9 6.8 6.5 5.0 8.0 5.3 4.0 6.5 6.4 5.3 7.5 3.3 2.4 4.3
Pernambuco 4.4 3.5 5.4 4.3 2.9 5.7 4.5 3.1 5.9 4.6 3.5 5.7 3.4 2.6 4.2
Alagoas 5.0 3.8 6.2 6.4 4.4 8.4 3.5 2.4 4.7 5.4 4.0 6.9 2.4 1.7 3.2
Sergipe 3.2 2.4 4.1 3.6 2.5 4.8 2.9 1.8 4.0 3.5 2.4 4.5 2.3 1.7 2.9
Bahia 3.7 2.6 4.7 3.9 2.8 5.0 3.4 2.1 4.8 3.8 2.6 5.0 2.4 1.7 3.1
Southeast 7.6 6.4 8.7 7.6 6.5 8.6 7.6 5.8 9.4 8.2 6.8 9.6 5.0 4.3 5.7
Minas Gerais 8.2 6.7 9.6 8.3 6.5 10.1 8.0 5.9 10.2 8.4 6.8 10.0 6.7 5.2 8.2
Espírito Santo 6.8 5.5 8.0 8.2 6.3 10.0 5.4 4.1 6.8 7.0 5.6 8.4 4.9 3.8 6.0
Rio de Janeiro 6.6 5.5 7.7 7.0 5.6 8.4 6.2 4.9 7.6 7.6 6.1 9.1 3.9 3.1 4.7
São Paulo 7.7 5.7 9.8 7.3 5.7 9.0 8.1 4.9 11.3 8.4 5.8 10.9 5.0 3.8 6.1
South 8.0 7.1 8.9 7.8 6.6 9.0 8.3 6.9 9.6 8.3 7.3 9.4 5.9 5.0 6.9
Paraná 8.9 7.3 10.6 8.2 6.0 10.3 9.8 7.6 11.9 9.4 7.5 11.3 6.3 4.8 7.7
Santa Catarina 8.5 6.8 10.2 9.0 6.7 11.3 8.1 5.9 10.2 9.0 7.1 10.9 5.1 3.3 6.8
Rio Grande do Sul 6.8 5.4 8.1 6.6 5.0 8.1 7.0 4.5 9.4 6.8 5.3 8.4 6.2 4.6 7.9
West-Central 7.7 6.9 8.5 8.6 7.6 9.7 6.8 6.0 7.7 8.1 7.2 9.0 5.3 4.7 6.0
Mato Grosso do Sul 9.7 8.5 10.9 10.3 8.6 12.1 9.1 7.8 10.3 10.1 8.8 11.5 6.2 4.8 7.6
Mato Grosso 8.4 6.7 10.1 9.8 7.5 12.1 7.0 4.8 9.2 8.7 6.8 10.7 5.0 3.7 6.2
Goiás 7.4 6.0 8.7 8.4 6.6 10.2 6.3 5.2 7.5 7.6 6.1 9.2 6.1 4.9 7.2
Distrito Federal 6.0 4.5 7.4 6.1 4.4 7.9 5.8 3.7 8.0 6.5 4.7 8.4 4.2 3.1 5.3

Source: PeNSE 2019. 353

•The prevalence of the first use of cigarettes before the age of 13 years was 13.1% (95% CI, 11.7-14.5%), with lower levels among males, 11.7% (95% CI, 10.2-13.1%), than females, 14.4% (95% CI, 12.6-16.2%). 353

•Among adolescents aged 13-17 years, 22.6% (95% CI, 21.7-23.4%) had tried cigarettes in their lifetime. Experimentation ranged from 16.6% in the Northeastern region to 28.5% in the Southern region. 353

•Among adolescents, there was a 2% increase in the prevalence of ninth graders who had ever tried cigarettes, from 19% (95% CI, 18.1-19.9%) in 2015 to 21% (95% CI, 19.5%-22.5%) in 2019. 353

•In 2019, the prevalence of e-cigarette use any time in life for adolescents aged 13-17 years was 16.8% (95% CI, 16.2-17.4%) with a higher proportion of males (19.1%; 95% CI, 18.3-19.9%) than females (14.6%; 95% CI, 13.9%-15.3%) ( Table 10-4 ) . 353

Table 10-4. – Percentage of students aged 13-17 years who had ever tried e-cigarettes, by sex and type of school, according to age groups and Brazilian major regions.

Total Sex Type of school
Male Female Public Private
Total 95% CI Total 95% CI Total 95% CI Total 95% CI Total 95% CI
Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit
13 to 17 years
Brazil 16.8 16.2 17.4 19.1 18.3 19.9 14.6 13.9 15.3 16.6 15.9 17.3 18.0 17.3 18.8
North 12.3 11.1 13.4 14.9 13.2 16.5 10.0 8.7 11.2 11.9 10.6 13.2 16.6 15.3 17.9
Northeast 10.8 10.0 11.5 12.7 11.6 13.8 8.9 8.1 9.7 10.3 9.5 11.1 13.8 13.0 14.7
Southeast 19.6 18.4 20.8 21.6 19.9 23.2 17.6 16.2 19.0 19.9 18.5 21.3 17.9 16.6 19.3
South 21.0 19.3 22.7 23.2 21.1 25.4 18.7 16.9 20.6 20.7 18.8 22.6 23.2 21.4 24.9
West-Central 23.7 22.6 24.9 27.4 25.8 28.9 20.2 18.8 21.7 23.6 22.3 25.0 24.3 22.7 25.9
13 to 15 years
Brazil 13.6 13.0 14.2 14.8 13.9 15.7 12.5 11.7 13.2 13.5 12.8 14.2 14.2 13.4 15.0
North 10.5 9.3 11.8 12.4 10.5 14.4 8.8 7.6 10.1 10.3 9.0 11.7 12.9 11.6 14.1
Northeast 8.5 7.7 9.3 9.9 8.9 11.0 7.2 6.3 8.0 8.2 7.3 9.1 10.2 9.4 10.9
Southeast 15.7 14.5 16.9 16.4 14.5 18.2 15.0 13.5 16.5 16.0 14.5 17.4 14.6 13.2 16.0
South 16.6 15.0 18.3 17.6 15.6 19.5 15.7 13.6 17.9 16.4 14.5 18.3 17.8 16.0 19.6
West-Central 20.4 19.0 21.7 22.1 20.3 23.9 18.8 17.1 20.4 20.5 18.9 22.0 19.9 18.2 21.6
16 to 17 years
Brazil 22.7 21.7 23.7 27.0 25.7 28.3 18.5 17.3 19.8 22.1 21.0 23.2 26.9 25.1 28.6
North 15.3 13.5 17.2 19.0 16.4 21.7 12.0 10.0 14.0 14.7 12.7 16.7 24.9 22.3 27.6
Northeast 14.9 13.8 16.1 17.7 15.8 19.7 12.2 10.8 13.5 14.0 12.7 15.3 23.1 21.1 25.1
Southeast 26.7 24.5 28.8 31.7 29.3 34.1 22.0 19.2 24.8 26.9 24.4 29.3 25.7 22.5 28.9
South 28.9 25.9 31.8 32.9 29.0 36.8 24.4 21.3 27.6 28.2 24.9 31.5 33.8 30.7 36.9
West-Central 30.1 28.1 32.1 37.1 34.4 39.8 23.1 20.8 25.4 29.5 27.3 31.7 34.3 31.3 37.3

Source: PeNSE 2019. 353

•Hookah use any time in life by adolescents aged 13-17 years was 29.6%, (95% CI, 28.6-30.7%), with no difference between females (29.6%; 95% CI, 28.2-31%) and males (29.7%; 95% CI, 28.6-30.8%). 353

•The proportion of tobacco products used 30 days before the survey by adolescents aged 13-17 years was 7.8% (95% CI, 7.3-8.3%) for hookah and 2.8% (95% CI, 2.6-3.0%) for e-cigarettes. 353

•An increased risk of becoming regular tobacco user was associated with alcohol consumption in the last 30 days for both sexes; in addition, for males, that risk was also increased by involvement in physical fighting in the last 12 months. 354

Prevalence of tobacco use among adults

•According to the VIGITEL 2021, the prevalence of smoking among adults (≥ 18 years) was 9.1% (95% CI, 8.2-9.9%), higher in males, 11.8% (95% CI, 10.3-13.3%), than in females, 6.7% (95% CI, 5.8-7.7%). The prevalence was lower among young adults (≤ 34 years) and those ≥ 65 years ( Table 10-2 and Charts 10-1 and 10-2) . 252

Table 10-2. – Prevalence of current smokers aged ≥ 18 years, by sex, according to age and years of schooling.

Total Sex
Male Female
Total 95% CI Total 95% CI Total 95% CI
Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit
Total (%) 9.1 8.2 9.9 11.8 10.3 13.3 6.7 5.8 7.7
Age (years)
18-24 6.4 4.4 8.4 7.2 4.8 9.6 5.4 2.1 8.8
25-34 7.3 5.6 9.0 11.9 8.7 15.0 3.3 1.7 4.8
35-44 11.6 9.0 14.3 17.7 12.7 22.6 6.9 4.4 9.4
45-54 10.1 8.1 12.1 11.6 8.3 14.9 8.8 6.4 11.2
55-64 11.5 9.7 13.4 13.1 9.9 16.3 10.3 8.2 12.4
≥ 65 7.4 6.2 8.6 7.3 5.2 9.4 7.5 6.1 9.0
Years of schooling
0-8 12.9 11.0 14.8 15.7 12.6 18.9 10.3 8.0 12.6
9-11 8.1 6.8 9.5 10.5 8.1 12.8 6.0 4.7 7.4
≥ 12 7.2 5.9 8.4 10.3 8.0 12.6 4.8 3.5 6.1

Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

•The prevalence was highest in the age group 35-44 years [11.6% (95% CI, 9.0-14.3%)] as compared to the following age groups: 18-24 years [6.4% (95% CI, 4.4-8.4%)]; 25-34 years [7.3% (95% CI, 5.6-9.0%)]; and ≥65 years [7.4% (95% CI 6.2-8.6%)] ( Table 10-2 ) . 252

•The prevalence was lower in populations with higher educational levels, being 7.2% (95% CI, 5.9-8.4%) among those with 12 years or more of schooling, 8.1% (95% CI, 6.8-9.5%) among those with 9-11 years of schooling, and 12.9% (95% CI, 11.0-14.8%) among those with 0-8 years of schooling. 252

•Among SGM, the reported prevalence of any tobacco product use was 44.7%. Hookahs use was ∼8 times higher for SGM than for non-SGM. SGM tobacco users tend to be younger, more educated, and less likely to have stable relationships than non-SGM tobacco users or tobacco users overall. 355 , 356

•From 2013 to 2019, there was a 52% increase in the prevalence of former smokers, from 17.5% (95% CI, 16.9-18.0) to 26.6% (95% CI, 26.1-27.2). However, in 2019, 46.6% (95% CI, 45.0-48.3) of smokers reported attempting to quit smoking, contrasted with 51.1% (95% CI, 49.3-52.9) in 2013, which represents an 8.8% decrease over the same period.

Prevalence trend

•According to VIGITEL 2021 data, there was a 43.8% decrease in the prevalence of smoking in the adult population (age ≥18 years) for both sexes, from 2006 to 2021. The prevalence of smoking was 16.2% in 2006, with a progressive decline to 9.1% in 2021. 252

•From 2015 to 2019, VIGITEL data show that the use of cigarettes among adolescents remained stable. In 2015, 6.6% (95% CI, 5.8-7.3%) of the adolescents reported having used cigarettes in the last 30 days, whereas, in 2019, this prevalence was 6.8% (95% CI, 6.3-7.3%). 353 The use of other tobacco products in the last 30 days among adolescents increased from 2015 (7.2%; 95% CI, 6.1-8.2%) to 2019 (12.4%; 95% CI, 11.8-12.9%). 353

Second-hand smoke

•According to VIGITEL 2021 data, the prevalence of second-hand smoke at home was 6.9% (95% CI, 6.0-7.9%), higher among males (7.6%; 95% CI, 6.1-9.2%) than among females (6.4%; 95% CI, 5.1-7.6%) ( Table 10-3 ) . The prevalence of second-hand smoke at home in the Brazilian capitals varied from 2.9% (95% CI, 0.9-4.9%) in Salvador to 9.6% (95% CI, 6.8-12.3%) in Rio Branco. Among males, the highest prevalence was in Rio de Janeiro, 11.2% (95% CI, 5.0-17.4%), whereas for females, the highest prevalence was in Belo Horizonte, 10.8% (95% CI, 7.0-14.6%). The prevalence of second-hand smoke at work was 5.4% (95% CI, 4.6-6.3%), higher among males, 8.1% (95% CI, 6.6-9.5%), than among females, 3.2% (95% CI, 2.4-4.0%).

Table 10-3. – Prevalence of second-hand smoke at work, by sex, according to age and years of schooling.

Total Sex
Male Female
Total 95% CI Total 95% CI Total 95% CI
Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit
Total (%) 5.4 4.6 6.3 8.1 6.6 9.5 3.2 2.4 4.0
Age (years)
18-24 4.6 2.9 6.4 5.3 2.7 8.0 3.9 1.5 6.2
25-34 7.6 5.0 10.2 10.0 5.6 14.5 5.5 2.6 8.3
35-44 5.4 3.8 6.9 9.2 6.0 12.5 2.3 1.4 3.2
45-54 6.4 4.9 8.0 9.9 7.1 12.8 3.3 2.0 4.6
55-64 4.1 3.0 5.2 6.6 4.3 9.0 2.1 1.3 2.9
≥ 65 1.9 1.2 2.6 3.6 2.0 5.1 0.7 0.2 1.1
Years of schooling
0-8 5.9 4.2 7.7 11.0 7.5 14.5 1.5 0.9 2.0
9-11 6.3 5.0 7.7 8.6 6.3 10.9 4.2 2.9 5.6
≥ 12 4.0 2.7 5.3 4.7 2.9 6.6 3.4 1.6 5.2

Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

E-cigarettes and hookahs

•Electronic smoking devices, more commonly called e-cigarettes, are battery-operated devices that provide nicotine, flavors, and other chemicals to the user in an aerosol. The result is an aerosol production with fine particulates. 357 The liquids used in the devices can be quite different in terms of chemical composition, concentration of nicotine and additives used, with more than 8000 flavors of e-cigarettes being described. In addition, the data reveal a discrepancy between the composition declared on the packaging and the actual composition of the product. 358

•E-cigarettes entered the global marketplace around 2006. Brazil was one of the first countries in the world to ban the use of electronic smoking devices, in 2009. 359 , 360

•In 2019, the prevalence of e-cigarette active use was 0.64% (95% CI, 0.51-0.76%) for the population aged ≥ 15 years. Among adults aged < 40 years, the prevalence was estimated to be 40 times that among adults ≥ 40 years (0.06% vs. 2.38%). Among the group aged 15-24 years who currently use e-cigarettes, 62.6% reported having never smoked industrialized cigarettes. The prevalence of e-cigarette use among individuals aged 15-65 years increased from 0.45% in 2015 to 0.72% in 2019. The prevalence increased especially among the age group of 15-24 years. 361 In the Covitel 2022 study, among the population ≥ 18 years, the prevalence of e-cigarette and hookah use any time in life was identical to that of the VIGITEL (7.3%; 95% CI, 6.0-8.9), with the highest prevalence of experimentation among young (18-24 years) adults. 352 Overall, 16.8% (95% CI, 16.2-17.4%) of the adolescents aged 13-17 years reported e-cigarette use any time in life with higher rates in males (19.1%; 95% CI, 18.3-19.9%) than in females (14.6%; 95% CI, 13.9-15.3%). 353

•The prevalence of active use of hookah in 2019 was 0.47% (95% CI, 0.36-0.59%) in the population aged ≥ 15 years. That prevalence increased from 0.14% in 2013 to 0.43% in 2019 among individuals aged ≥ 18 years. For the age group of 18-24 years, the increase was around 300% in the same period. 362

Economic impact of tobacco use

•Using an economic model (Markov likelihood microsimulation) of individuals that considers the natural history, direct medical costs and indirect costs, the total economic burden attributable to tobacco in Brazil in 2020 was estimated in US$ 24.3 billion, representing 1.9% of the GDP and 7.8% of the national health expenditure. 354 The direct medical cost represents 38.5% of the economic burden, whereas 24.8% are represented by caregiver costs and 36.7% by loss of productivity. 354 Cardiovascular disease represented 24% of the direct medical costs (US$ 2.3 billion) attributable to tobacco, whereas stroke represented 4.8% (US$ 447 million) ( Table 10-5 ) . 354

Table 10-5. – Annual economic burden attributable to tobacco, by cause, for Brazil, 2020 (US$ millions).

Economic burden (US$ millions) Brazilian data for 2020
Direct medical cost (%) 9347.4 (38.5)
Caregiver cost (% 6023.7 (24.8)
Productivity cost (%) 6023.7 (24.8)
Total economic burden 24 301.3 (100%
As a proportion of GDP 1.9%
Proportion recovered through taxes 9.4%
Direct medical cost (US$ millions)
CVD 2280.4 (24.4%)
Stroke 447.0 (4.8%
COPD 4307.8 (46.1%)
Pneumonia 31.2 (0.3%)
Lung cancer 453.2 (4.8%)
Other cancers 751.8 (8.0%)
Second-hand smoke 1076.0 (11.5%)
Total direct medical cost 9347.4 (100%)
Proportion of national health expenditure 7.8%
Productivity cost (US$ millions)
Premature death
CVD 917.7 (26.4%)
Stroke 324.8 (9.4%)
COPD 469.8 (13.5%)
Pneumonia 161.7 (4.7%)
Lung cancer 452.2 (13.0%)
Other cancers 739.8 (21.3%)
Second-hand smoke 405.9 (11.7%)
Total premature deaths 3471.8 (100%)
Disability
CVD 1368.4 (25.1%)
Stroke 375.0 (6.9%)
COPD 1544.7 (28.3%)
Pneumonia 00.9 (0.0%)
Lung cancer 547.4 (10.0%)
Other cancers 988.3 (18.1%
Second-hand smoke 633.7 (11.6%)
Total disability 5458.4 (100%)
Premature death 3471.8 (38.9%)
Disability 5458.4 (61.1%)
Total productivity cost 8930.2 (100%)
Costs of caregivers (US$ millions)
CVD 2160.5 (35.9%)
Stroke 530.0 (8.8%)
COPD 1918.1 (31.8%)
Pneumonia 39.0 (0.6%)
Lung cancer 224.3 (3.7%)
Other cancers 457.9 (7.6%)
Second-hand smoke 693.8 (11.5%)
Total cost of caregivers 6023.7 (100%)

CVD: cardiovascular disease; COPD: chronic obstructive pulmonary disease; GDP: gross domestic product. Source: Adapted from Pichon-Riviere et al. 354

Impact of COVID-19 in tobacco consumption

•During the COVID-19 pandemic, the prevalence of adolescent tobacco use remained stable (2.41%; 95% CI, 2.02-2.87). Factors associated with a higher likelihood of using tobacco during the COVID-19 pandemic were as follows: age between 16 and 17 years; self-identification as black; residence in the Southern and Southeastern regions; reported feeling of depression and loneliness; sleeping issues that got worse; alcohol use; passive smoking. 362

•In the Covitel 2022 study, among the population aged ≥ 18 years, there was stability of smoking prevalence: 14.7% (95% CI, 13.0-16.7%) before the COVID-19 pandemic and 12.2% (95% CI, 10.4-14.1%) in the first trimester of 2022 ( Table 10-6 ) . 363

Table 10-6. – Prevalence of smoking before and after the COVID-19 pandemic, according to sex, Brazilian major regions, age groups, and years of schooling.

Before COVID-19 pandemic 2022 first trimester
Total 95% CI Total 95% CI
Lower limit Upper limit Lower limit Upper limit
Total 14.7 13.0 16.7 12.2 10.4 14.1
Sex
Male 18.0 15.5 20.7 14.5 12.2 17.2
Female 11.7 9.9 13.9 9.9 8.1 12.2
Major Regions
Northeast 10.1 7.2 13.9 7.9 5.8 10.7
North 12.1 10.5 13.9 8.0 6.1 10.4
South 18.9 15.0 23,5 15.5 11.9 19.9
Southeast 16.3 14.3 18.5 14.3 12.0 16.8
West-Central 16.7 15.1 18.4 12.6 10.3 15.2
Age groups (years)
18 to 24 13.9 9.9 19.3 12.1 8.4 17.1
25 to 34 17.0 12.7 22.3 14.5 9.9 20.9
35 to 44 13.9 11.0 17.3 11.1 8.7 14.2
45 to 54 13.8 10.9 17.5 12.4 9.3 16.2
55 to 64 17.4 13.8 21.6 13.6 9.6 18.9
≥ 65 12.1 9.3 15.6 8.0 5.8 10.9
Race
White 13.2 11.2 15.4 10.8 9.0 13.1
Black 15.0 12.7 17.5 12.4 10.2 15.0
Others 21.7 15.4 29.6 17.7 11.8 25.7
Years of schooling
0 to 8 17.6 15.2 20.4 14.7 12.4 17.3
9 to 11 14.1 11.5 17.2 11.6 9.0 14.7
≥ 12 8.3 6.8 10.1 6.5 5.4 7.8

Source: COVITEL 2022. 352

•According to an on-line survey, the prevalence of smokers during the COVID-19 pandemic was 12% (95% CI, 11.1-12.9%), and 34% of smokers reported an increase in cigarette consumption. The increased cigarette use was associated with worse quality of sleep, feeling isolated from family members, feeling sad or anxious, financial problems, and having lower self-rated health. 364 , 365

Public policies for tobacco control in Brazil

•The tobacco control process in Brazil began in 1981 with the creation of the Commission for the Study of the Consequences of Tobacco Use by the Ministry of Health. In 2006, Brazil ratified the WHO’s Framework Convention on Tobacco Control. The country banned smoking in closed spaces except for designated spaces (smoking cabins) in 1996 and, in 2011, completely banned smoking in all public and workspaces, in addition to public transport. The 2011 tax reform made a substantial contribution to lowering tobacco use among the numerous anti-smoking laws and regulations put in place in Brazil over the past few decades. The reform gave the govern authority to set a minimum price for a pack of cigarettes, which would be increased every year over anticipated inflation rates. 366 The tax increase that rises cigarette prices has been shown to reduce medical expenses on tobacco-related diseases. Each 10%-price increase due to higher tobacco taxes reduces tobacco consumption by 5%. 367 Due to all these measures, there has been a clear decline in tobacco consumption among adults since 1989. 368 Smoking prevalence has declined sharply by 63.2% over the past three decades. 256

•Consequently, the mortality burden attributable to smoking decreased 70.1% from 1990 to 2017, with the greatest reduction observed for stroke (-75.3%). 256

•Based on statistics from 2019, the proportion of smuggled illicit cigarettes in Brazil was projected at 38.6% (95% CI, 35.8- 41.5%). A quarter of illicit brand cigarettes was sold at or above the minimum legal price. 366

Future Directions

•The progressive reduction in smoking prevalence in Brazil can be attributed to the country’s adoption of various tobacco control measures, such as prohibiting the sale of tobacco to minors, including warning labels on cigarette packs, banning tobacco advertising, promotion, and sponsorship, raising tobacco taxes, creating smoke-free environments, and other recommendations made by the Framework Convention on Tobacco Control. 369 A progressive tobacco tax increase policy would reduce cigarette consumption and medical costs. Consequently, healthier, and more productive lives result in higher incomes for everyone. 369 Policymakers need to continuously promote the framework implementation to eliminate illicit trade in tobacco products, particularly focusing populations with higher prevalences, such as SGM. 370

•There is an increasing concern about the new routes to nicotine addiction by e-cigarettes and hookah. Tobacco industry mainly targets young people, and vaping is promoted as being safe and harmless. Future research should focus on both health risks associated with these products and the development of strategies to target their increasing use in specific populations, such as adolescents and young adults. Furthermore, the prevalence of the use of other types of e-cigarettes and hookah, the type of device, and the frequency of use need to be better estimated. 352

CHAPTER 11 – OBESITY AND OVERWEIGHT

ICD-10 E66

See Tables 11-1 through 11-4 and Charts 11-1 through 11-4

Abbreviations Used in Chapter 11.

BMI Body Mass Index
CI Confidence Interval
CVD Cardiovascular Disease
DALYs Disability-Adjusted Life-Years
ELSA-Brasil The Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (in Portuguese , Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto )
FU Federative Unit
HR Hazard Ratio
ICD International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems
ICU Intensive Care Unit
OR Odds Ratio
PNS Brazilian National Health Survey (in Portuguese, Pesquisa Nacional de Saúde )
SIA/SUS Outpatient Information System from the SUS (in Portuguese, Sistema de Informação Ambulatorial do SUS )
SIH/SUS Inpatient Information System (in Portuguese, Sistema de Informação Hospitalar do SUS )
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
VIGITEL Telephone Survey for Surveillance of Non-Communicable Chronic Diseases (in Portuguese, Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico )
WHO World Health Organization

Overview

•Obesity is a risk factor for CVD, as well as a complex chronic disease. According to the WHO, obesity is defined as abnormal or excessive accumulation of fat that presents a risk to health. A BMI ≥ 30 kg/m 2 is considered obesity, while a BMI greater than or equal to 25 kg/m 2 is considered excess weight or overweight. 371 It is worth noting that obesity is a chronic disease resulting from multifactorial causes mainly related to lifestyle (sedentary lifestyle, inadequate eating habits) and to other conditions, such as genetic, hereditary, psychological, cultural, and ethnic factors.

•Obesity remains a public health threat. Gaspar et al . 372 have investigated the association of hyperglycemia, obesity, dyslipidemia, and smoking from 2005 to 2017 in Brazil, as well as the mortality or incidence rates of CVD, ischemic heart disease or ischemic stroke, per 100 000 individuals. The exposure to risk factors was calculated as the summary exposure value, a measure of the population exposed to a risk factor that considers the extent of exposure by risk level and the severity of that risk contribution to disease burden. In that time range, the age-standardized mortality and incidence of CVDs decreased by 21% and 8%, respectively, from 2005 to 2017. However, there was a 9.5% increase in the summary exposure value for hyperglycemia, a 31% increase for obesity, and a 5.2% increase for dyslipidemia, while the summary exposure value for hypertension was stable, and that of smoking displayed a 33% reduction. This underscores the importance of obesity in relation to CVD and the urgent need for policies to decrease obesity in the Brazilian population, in an effort to mitigate the burden of CVD mortality.

Prevalence

•In Brazil, in 2019, according to anthropometric data from the PNS, the percentages of adults (age ≥18 years) with excess weight and obesity were, respectively, 57.5% (95% CI, 54.8 – 60.2) and 21.8 % (95% CI, 19.2 – 24.7) for men, and 62.6% (95% CI, 59.1 – 66.0) and 29.5% (95% CI, 25.4 – 34.0) for women. 373

•Table 11-1 shows the prevalence of excess weight among individuals aged 18 years and over, both sexes and all ages, in Brazilian capitals, in 2021, according to the age groups from the VIGITEL 2021. In Brazilian capitals, the percentages of adults (age ≥18 years) with excess weight in 2021 were 57.2% (95% CI, 55.7-58.8) overall, 59.9% (95% CI, 57.6-62.2) for men, and 55.0% (95% CI, 53.0-57.0) for women. Progressive increase of excess weight was observed with age increase, ranging from 35.7% (95% CI, 31.5-40.0) [male: 39.3% (95% CI, 33.6-45.1); female: 31.7% (95% CI, 25.5-37.9)] in the age group of 18-24 years to 64.4% (95% CI, 61.5-67.2) [male: 67.2% (95% CI, 62.6-71.9); female: 61.9% (95% CI, 58.5-65.3)] in the age group of 45-54 years. For the age group of 60+ years, there was a slight reduction in the excess weight prevalence, 60.7% (95% CI, 58.8-62.6) [male: 60.7% (95% CI, 57.2-64.2); female: 60.7% (95% CI, 58.6-62.9)].

•Table 11-2 shows the prevalence of obesity among individuals aged 18 years and over, of both sexes and all ages, in Brazilian capitals, in 2021, according to the age groups from the VIGITEL 2021. In Brazilian capitals, the percentages of adults (age ≥18 years) with obesity in 2021 were 22.4% (95% CI, 21.1-23.6) overall, 22.0% (95% CI, 20.0-24.0) for men, and 22.6 (95% CI 21.1-24.2) for women. Progressive increase of obesity was observed with age increase, ranging from 12.2% (95% CI, 9.2-15.3%) [male: 13.1% (95% CI, 9.3-17.0); female: 11.2% (95% CI, 6.4-16.0)] in the age group of 18-24 years to 26.2% (95% CI, 23.7-28.8) [male: 24.3% (95% CI, 20.3-28.3); female: 27.9% (95% CI, 24.7-31.2)] in the age group of 45-54 years. For the age group of 60+ years, there was a slight reduction in the obesity prevalence, 21.8% (95% CI, 20.2-23.4) [male: 16.8% (95% CI, 14.1-19.5); female: 25.3% (95% CI, 23.4-27.2)].

•Table 11-3 shows the percentage of overweight adults, by sex, in the Brazilian capitals and the Distrito Federal, according to VIGITEL 2021 data. Most capitals showed higher percentages than the national values for both sexes, except for Palmas, Salvador, São Luís, Teresina, and Vitória. The same occurred for men in the capitals Belo Horizonte, Boa Vista, Cuiabá, Florianópolis, Maceió, Natal, Palmas, Recife, Salvador, São Luís, São Paulo, Vitória, and Distrito Federal, which showed smaller percentages than the national values. It is worth noting that, for female excess weight, the capitals below the national mean were: Palmas, Salvador, São Luís, Teresina, and Vitória. Chart 11-1 shows the percentage of overweight adults in the Brazilian capitals and the Distrito Federal according to VIGITEL 2021 data, stratified by quartiles. The capitals in the highest quartile were in the states of Acre, Amazonas, Amapá, Pará, and Rondônia.

Chart 11-1. – Percentage of overweight adults in the Brazilian capitals and Distrito Federal, according to VIGITEL 2021 data, stratified by quartiles. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 11-1

•Table 11-4 shows the percentage of obese adults, by sex, in the Brazilian capitals and the Distrito Federal, according to VIGITEL 2021 data. Most capitals showed higher percentages than the national values for both sexes, except for Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis, Palmas, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Teresina, and Vitória. The same occurred for men in the capitals Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis, Maceió, Recife, Salvador, São Luís, São Paulo, and Vitória, which showed lower percentages than the national values. It is worth noting that, for females with obesity, the number of capitals below the national mean was greater than for men: Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis, Palmas, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina, and Vitória. Chart 11-2 shows the percentage of obese adults in the Brazilian capitals and the Distrito Federal according to VIGITEL 2021 data, stratified by quartiles. The capitals in the highest quartile were in the states of Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Mato Grosso, and Goiás.

Chart 11-2. – Percentage of adults with obesity in the Brazilian capitals and Distrito Federal, according to VIGITEL 2021 data, stratified by quartiles. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 11-2

•Charts 11-3 and 11-4 are time series showing the percentage of overweight and obese adults (≥ 18 years), respectively, in Brazil, from 2006 to 2021, according to VIGITEL data. There was an upward trend in the percentage of overweight and obesity in Brazil from 2006 to 2021, according to VIGITEL data.

Children and adolescents

•A cross-sectional study based on data from the Study on Cardiovascular Risk in Adolescents has assessed 2530 adolescents aged 12–17 years enrolled in public and private schools in Belo Horizonte city. The study aimed to associate schools’ internal environment factors and its surroundings with adolescent obesity in a Brazilian metropolis. The prevalence of obesity was 7.21%. Internal and external school food environment aspects, such as the number of operational drinking fountains and availability of stores selling ready-to-eat food around schools, were associated with obesity in adolescents from a Brazilian metropolis. 374

•The increase in obesity prevalence has also been observed among Brazilian children and adolescents. A systematic review and meta-analysis of 53 studies (n = 122 395) held from 1986 to 2015 has shown a prevalence of obesity in the period of 8.2% (95% CI, 8.1–8.4%, I2 = 98.5%). Higher prevalence was observed among boys (9.7% [9.4–9.9%], I2 = 97.4%) than among girls (7.3% [7.1−7.5%], I2 = 96.1%). The prevalence increased according to the decade (1990: 6.5% [6.0–7.0%], I2 = 96.8%; 2000: 7.9% [7.7–8.0%], I2 = 98.8%; 2010: 12.0% [11.5–12.6%], I2 = 95.8%) and Brazilian region (Northeast: 6.4% [6.2−6.7%], I2 = 98.1%; North: 6.7% [6.3−7.2%], I2 = 98.8%; Southeast: 10.6% [10.2−11.0%], I2 = 98.2%; South: 10.1 [9.7−10.4%], I2 = 97.7%). The authors concluded that for every 100 Brazilian children, more than 8 had obesity in the three-decade period and, in more recent estimates, 12 for every 100 had childhood obesity. 375

Incidence

•The ELSA-Brasil study has included 13 625 women and men aged 35-74 years (2008-2010) who attended a medical visit after a mean 3.8-year follow-up. The investigators measured the height and weight of all participants during in-person visits. They reported a global incidence of 7.7% of overweight and of 10.6% of obesity, with higher levels among black women (28.5%), young men (21.1%), and women with low educational levels (35.0%). The proportions of overweight and obesity increased with age, more commonly among those with the lowest per capita income levels and fewer years of schooling. 376

Mortality attributable to obesity

•In 2021, 1.95 million (95% CI, 1.12-2.91) cardiovascular deaths and 3.7 million (95% CI, 1.97-5.49) deaths overall were attributable to elevated BMI. 377

•From 1990 to 2019, there was a negative change in the mortality rates from CVD attributable to high BMI for women [-33.9 (-43.7;-16.7)], which was higher than that for men [-22.8 (-35.9;6.2)]. The highest decreases in the percentage of mortality occurred in the FUs with higher income in Brazil. 4

Burden of Disease Attributable to Obesity

•In 2021, the all-cause DALYs due to high BMI were 1560 (95% CI, 711-2380) per 100 000. 377

•Most FUs had a decrease in the age-standardized rates of DALYs due to CVD attributed to high BMI for women from 1990 to 2019. Similar behavior was observed in those rates for men, with a percent decrease of obesity in the period. 4

Impact on Cardiovascular Health

•Obesity and its accompanying risk factors have a strong interplay. In the EpiFloripa Aging study, 378 a longitudinal, population, home-based study carried out in Florianópolis, in Southern Brazil, from 2009/2010 to 2013/2014, 559 individuals were evaluated. There was an association between those who were or became overweight (OR = 4.59; 95% CI, 3.05–6.89) and the metabolic syndrome diagnosis: they were 4.71 times more likely to have metabolic syndrome than those who neither were nor became overweight. In the Baependi Heart Study , 379 a longitudinal study designed to investigate factors associated with the development of CVD in the citizens of Baependi, Minas Gerais state, since 2005, incident hypertension was monitored for 10 years and was found to be 24.3%. The BMI was the best predictor of hypertension in a model also including age, sex, high-density-lipoprotein cholesterol, and systolic blood pressure.

•Of note, the association between obesity and hypertension is also found in the young, as described by Santiago et al . 380 In a cross-sectional study of 1132 adolescents (16.50 ± 1.14 years) of both genders, male adolescents with excess peripheral, central, and general adiposity were more likely to have high systolic blood pressure.

•Finally, data from two cohorts of the cross-sectional Health Survey of São Paulo focusing on Nutrition (ISA-Nutrition study ), a sub-sample of the Health Survey of São Paulo (ISA-Capital ), carried out in 2008 and 2015, showed that excess body weight was associated with higher odds of presenting all the other risk factors analyzed. 381 The distribution of body fat is also a determinant of risk, with lower body fat accumulation being considered protective as opposed to abdominal obesity. Oliveira et al . 333 have estimated, among 10 917 participants from the ELSA-Brasil study, the associations between lower limb/trunk fat ratio and the 10-year CVD risk, according to the Framingham Risk Score, stratified by gender and adjusted by age, skin color, educational level, alcohol consumption, leisure physical activity, hypolipidemic drug use, and menopausal status. A higher lower limb/trunk fat ratio was related to lower 10-year CVD risk, as well as a reduction in systolic blood pressure, total cholesterol, and antihypertensive drug use, especially in women.

•A meta-analysis with 46 studies has evaluated the association between urbanization (including data from Amazon rainforest deforestation) and cardiometabolic risk factors and outcomes. The assessment of 20 574 adults from 33 Indigenous Brazilian ethnicities has shown higher rates of obesity (West-Central region: 23% [95% CI, 17–29]; and Southern region: 23% [13–34]) in Indigenous peoples living in urban areas in Brazil and lower rates of obesity (11% [95% CI, 8–15]) in those in less urbanized regions of Brazil (Northern region). The prevalence of obesity was 3.5 times higher in participants living in urbanized Indigenous territories (28%) than in those living in lands with >80% native Amazon rainforest (8%). In addition, between 1997 and 2019, the CVD mortality rate in individuals residing in the Southeastern region (the most urbanized) was 2.5 times greater than that observed in the Northern areas. 259

Health Care Utilization and Cost

•Obesity is associated with increased direct costs (for example, for the diagnosis and treatment of the disease) and indirect costs (related to lost labor earnings and premature mortality). Ferrari et al ., 337 in a very interesting study, provided an estimate of the economic burden of diseases attributable to overweight and obesity in the SUS. They developed a macrosimulation model to estimate the economic burden of diseases attributable to high BMI in Brazil. Self-reported data on weight and height from the Brazilian PNS conducted in 2019 were used to calculate the BMI distribution and included 85 715 adults aged ≥20 years. The mean and standard deviation of BMI and prevalence of overweight and obesity were calculated by sex and Brazilian FU. Direct healthcare costs of diseases were obtained from the Outpatient Information System (SIA/SUS) and the Inpatient Information System (SIH/SUS) in 2019. Their results showed that, in Brazil, in 2019, US$ 654 million in direct healthcare costs related to non-communicable diseases were attributable to high BMI. Attributable costs were higher among women than among men. The disease with the highest attributable costs was CVD, followed by chronic respiratory diseases, neoplasms, digestive diseases, musculoskeletal disorders, diabetes, and kidney diseases. Comparing women and men, the diseases with the highest attributable costs in women were neoplasms, digestive diseases, musculoskeletal disorders, diabetes, and kidney diseases, while the diseases with the highest attributable costs in men were CVDs and chronic respiratory diseases. The highest attributable costs were found in the FUs of the Southeastern and Southern regions, São Paulo, followed by Minas Gerais and Paraná. These data underscore the impact of obesity on the Brazilian health and economics, showing the need for public policies to control obesity, which may result in cost savings additionally to the more obvious populational health benefits.

Obesity and COVID-19

•The COVID-19 pandemic led to worldwide observations of the association between obesity and adverse outcomes of infected individuals. 382 - 386 In a hospital-based, multicenter study of 8183 ICU hospitalized patients who tested positive for SARS-CoV-2, 387 when stratifying by BMI categories and adjusting for age, sex, and smoking status, the patients with severe obesity showed an increased risk for COVID-19 mortality (HR 1.21; 95% CI, 1.03–1.43) compared to those with normal/overweight. No difference was observed for the mild/moderate obese (HR 0.91; 95% CI, 0.83–1.00) and underweight (HR 1.21; 95% CI, 0.80–1.81) categories. In addition, for the survivors in the highest BMI category (≥ 40 kg/m 2 ), the length of stay in ICU was 31% higher compared to those in the normal/overweight category. An increased ICU length of stay was also observed for mild/moderate obesity in comparison to normal/overweight. No difference was detected for the underweight group. However, when stratified by age, an increased risk of mortality was only observed for younger patients (< 60 years) compared to those with normal/overweight (HR 1.27; 95% CI, 1.01–1.61). An increased risk for death was also observed for underweight patients (HR 3.74; 95% CI, 1.39–10.07). For patients aged ≥ 60 years, mild/moderate obesity was associated with a reduced mortality risk (HR 0.87; 95% CI, 0.78–0.97).

•On the other hand, a multicenter cohort study conducted in eight different states in Northeastern Brazil, GENSCoV-BR, 386 has analyzed demographic, clinical, and anthropometric data of individuals who tested positive for SARS-CoV-2, as well as outcomes including hospitalization, mechanical ventilation, and death, to assess the effects of extremes in body weight on clinical outcomes. Among 1308 individuals, excess body weight was observed in 66.9%, underweight in 2.7%, and obesity in 32.4%, according to the WHO classification. Hospitalization occurred in 75.2%, and 22.2% died. Hospitalization was more often observed among underweight (3.2% vs. 1.2%) and overweight (68.1% vs. 63.3%) individuals, although, on multivariable analysis, body weight status (underweight or overweight) was not associated with the risk for hospitalization, mechanical ventilation, or death. The different results might reflect the different characteristics of the populations studied and, most importantly, that the studies were focused on either patients who were already hospitalized (and, thus, more severely ill) or outpatients with lower-severity COVID-19. 387

•VIGITEL’s temporal trends have shown that, between 2006 (the beginning of the VIGITEL system) and 2019 (before the pandemic), there was an increase in the prevalence of overweight, from 55.4% (95% CI, 54.4-56.3) in 2019 to 57.2% (95% CI, 55.7-58.8) in 2021/22. In addition, the prevalence of obesity increased from 20.3% (95% CI, 19.5-21.0) in 2019 to 22.4% (95% CI, 21.1-23.6) in 2021/22. Obesity also increased in men, from 19.5% (95% CI, 18.3-20.7) to 22.0% (95% CI, 20.0-24.0). 388

Future Directions

•As obesity builds up worldwide, including in Brazil, and considering the contribution of obesity to CVD, increased efforts are needed to control this issue. Otherwise, the favorable results observed in previous years, showing a reduction in CVD mortality, might soon be lost. In past decades, successful tobacco control programs have been implemented in Brazil, demonstrating that nationwide interventions directed at weight control can be built. National-level policies are needed to 1) prevent obesity, and 2) reduce the prevalence of established obesity. Community-based, sustainable, multidisciplinary interventions aimed at increasing physical activity, reducing the consumption of ultra-processed foods while promoting healthy food ingestion and reinforcing the importance of the Dietary Guidelines for the Brazilian population are key in this process.

•Finally, several discussions regarding the use of the new weight-reducing medications, including their cost-effectiveness, might be necessary, because they are a reality that seems to have come to stay.

CHAPTER 12 – PHYSICAL ACTIVITY

See Tables 12-1 to 12-5 and Charts 12-1 to 12-5

Abbreviations used in Chapter 12.

CI Confidence Interval
COVID-19 Coronavirus Disease 2019
CVD Cardiovascular Disease
DALYs Disability-Adjusted Life-Years
ELSA-Brasil Longitudinal Study of Adult Health - Brazil
GBD Global Burden of Disease
MET Metabolic Equivalent of Task
min minute
PENSE National Survey on the Health of Schoolchildren (in Portuguese, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar )
PNS National Health Survey (in Portuguese, Pesquisa Nacional de Saúde )
SDI Sociodemographic Index
SUS Brazilian Unified Health System (in Portuguese, Sistema Único de Saúde )
TV Television
UI Uncertainty Interval
VIGITEL Surveillance System of Risk and Protection Factors for Chronic Diseases by Telephone Survey (in Portuguese, Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico )
V̇O2 Oxygen consumption

Introduction

•“Physical activity” and “physical exercise” have different meanings. Physical activity is defined as any bodily movement produced by skeletal muscle contraction resulting in an increase in energy expenditure as compared to the state of rest. 389 , 390 Physical activity comprises recreational or occupational activities spontaneously performed, and some examples are as follows: walking to work, house cleaning, lawn mowing, climbing up and down stairs, etc. Physical exercise is a type of physical activity. For physical activity to be considered physical exercise, it must be: (a) structured; and (b) performed to achieve or improve physical fitness components, such as performance, force, power, resistance, balance, etc. 391 , 392

•The terms “sedentary behavior” and “physical inactivity” are controversial regarding their definitions. 393 Sedentary behavior can be defined as performing activities with a very low energy expenditure, of 1.5 MET or less. 394 Typical examples include many hours watching screens (TV or tablet). Physical inactivity refers to performing a smaller volume of physical activity per week than the minimum recommended by current guidelines, which is 150 min/week of moderate-intensity physical activity or 75 min/week of vigorous-intensity physical activity and that corresponds to 450 MET-min/week. 395 Other terms for that definition can be found in the literature, such as “insufficient physical activity practice” used in the VIGITEL Brazil. 252

•One MET is equivalent to the estimated V̇O2at rest, which approximates 3.5 mL.kg- 1 .min- 1 . The following classification related to the V̇O2necessary to perform a certain physical activity, that is, its intensity, can be used: (a) ≤1.5 MET = sedentary behavior; (b) >1.5 and <3 METs = light-intensity physical activity; (c) ≥3 and <6 METs = moderate-intensity physical activity; (d) ≥6 METs = vigorous-intensity physical activity. From an even more practical perspective, 2.5 to 5 hours of moderate-intensity activity per week is equivalent to approximately 7.5 to 29.5 MET-hour/week or 450 to 1770 MET-min/week (equivalent to 150 to 300 min/week of moderate-intensity exercise), and this is the standard recommendation for physical activity practice for adults. 395

•The recommendation of physical activity for children and adolescents is an average of 60 min/day of moderate/vigorous-intensity aerobic physical activity. Older adults (>65 years of age) should do light/moderate-intensity physical activity at least 3 days/week, focusing on activities to reduce the risk of falls and improve muscle function. 395 , 396 In addition, the guidelines emphasize that more than 300 min/week of moderate-intensity physical activity provide additional health benefits. 396

•The first guide of physical activity for the Brazilian population, published by the Brazilian Ministry of Health in 2021, 397 has similar recommendations ( Table 12-1 ). It emphasizes the importance of including activities to strengthen muscles and bones at least 2 days/week. Children and adolescents (5-17 years of age) should engage in at least 1 hour of physical activity per day and at least 3 days/week should be intended for muscle and bone strengthening. Regarding screen time, the American Academy of Pediatrics 398 recommends that children aged less than 18 months should not spend any time watching screens, and those aged 18 months to 5 years should limit it to a maximum of 1 hour/day. For children aged 6 years or more, there is no maximum time defined, as long as screen time does not interfere with sleep or physical activity levels.

Table 12-1. – Recommendations for physical activity practice according to the First Guide of Physical Activity for the Brazilian Population.

Physical activity Young (6-17 years of age) Adults Elderly
If moderate intensity ≥60 min/day* ≥150 min/week ≥150 min/week
If vigorous intensity NM ≥75 min/week ≥75 min/week
Muscle strengthening Include in the 60 min/day ≥2 days/week 2-3 times/week
Balance NM NM 2-3 times/week

*Can be divided in blocks; NM: not mentioned. Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

Prevalence

•According to data from the VIGITEL 2021, approximately 48% of the Brazilian adult population does not meet the recommended level of physical activity, and the percentage is higher among women (56%) as compared to men (39%). The highest frequency of inactive adults was found in the city of Porto Alegre (51.8%) and the lowest, in the city of Goiânia (39.8%). 252 The percentage of physically inactive adults varied as follows: among men, from 30.3% in the city of Goiânia to 46.1% in the city of Campo Grande; while among women, from 43.4% in the city of Florianópolis to 63.1% in the city of Rio de Janeiro ( Chart 12-1 and Table 12-2 ).

Chart 12-1. – Frequency of physically inactive adults aged ≥18 years in the Distrito Federal and capitals of the Brazilian states according to data from VIGITEL 2021.

Chart 12-1

Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252

Table 12-2. – Frequency of physically inactive adults (≥18 years of age), by sex, in the capitals of the Brazilian states and Distrito Federal, based on data from VIGITEL 2021.

Men Women
Capitals % 95% CI % 95% CI
Aracaju 37.6 29.1 - 46.2 49.9 44.4 - 55.5
Belém 36.2 29.1 - 43.3 54.2 48.6 - 59.9
Belo Horizonte 40.1 33.0 - 47.3 50.8 45.2 - 56.3
Boa Vista 33.7 27.3 - 40.1 49.8 44.9 - 54.7
Campo Grande 46.1 36.7 - 55.6 56.1 49.3 - 62.9
Cuiabá 44.8 36.2 - 53.3 53.1 46.5 - 59.6
Curitiba 37.8 30.9 - 44.8 54.1 47.9 - 60.3
Florianópolis 40.9 33.1 - 48.7 43.4 37.3 - 49.4
Fortaleza 36.6 29.2 - 44.0 57.1 51.1 - 63.1
Goiânia 30.3 23.4 - 37.3 48.2 42.2 - 54.1
João Pessoa 43.5 35.1 - 51.9 53 46.7 - 59.4
Macapá 38 31.5 - 44.4 52 46.5 - 57.4
Maceió 40.1 32.2 - 48.0 52 44.9 - 59.1
Manaus 37.3 29.1 - 45.4 59.2 53.5 - 64.8
Natal 33.9 26.7 - 41.1 50.4 44.3 - 56.4
Palmas 38.1 29.5 - 46.6 49.4 43.8 - 55.0
Porto Alegre 42.3 34.9 - 49.7 59.6 52.0 - 67.3
Porto Velho 40.9 33.3 - 48.4 54.9 49.2 - 60.6
Recife 34.4 26.3 - 42.5 58.1 52.1 - 64.1
Rio Branco 39.8 32.7 - 46.8 54.7 48.8 - 60.6
Rio de Janeiro 38.2 30.3 - 46.0 63.1 57.1 - 69.0
Salvador 38.1 30.5 - 45.7 55.8 50.1 - 61.4
São Luís 36 28.4 - 43.7 56.3 50.6 - 61.9
São Paulo 43.2 36.4 - 50.1 55.6 49.3 - 61.8
Teresina 37 29.3 - 44.7 57.3 51.4 - 63.2
Vitória 38 30.6 - 45.3 48.8 42.8 - 54.8
Distrito Federal 38.1 30.4 - 45.7 51.4 45.2 - 57.7

CI: confidence interval. Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

•For both sexes, age showed a direct association with the frequency of physical inactivity ( Table 12-3 ). In the age group of 18-24 years, the frequency of physical inactivity was 35.6% (27.6% among men and 44.5% among women), while, in individuals aged 65 years and older, that percentage was 73% (65.6% among men and 78.2% among women). 252

Table 12-3. – Frequency of physically inactive adults (≥ 18 years of age), according to sex and age group, based on data from VIGITEL 2021.

Men Women Total
Age group % 95% CI % 95% CI % 95% CI
18 - 24 years 27.6 22.5 - 32.7 44.5 37.6 - 51.4 35.6 31.3 - 39.8
25 - 34 years 33.9 28.0 - 39.7 50.2 44.7 - 55.6 42.6 38.5 - 46.7
35 - 44 years 37.0 31.5 - 42.5 51.4 46.9 - 55.9 45.0 41.5 - 48.6
45 - 54 years 37.8 33.1 - 42.4 53.8 50.3 - 57.4 46.3 43.3 - 49.2
55 - 64 years 48.4 43.6 - 53.3 62.8 59.6 - 65.9 56.5 53.8 - 59.3
65+ years 65.6 62.2 - 68.9 78.2 76.4 - 80.0 73.0 71.3 - 74.7

CI: confidence interval. Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

•An inverse relationship was observed between educational level and physical inactivity. Among those with 0 to 8 years of schooling, the frequency of physical inactivity was 58.4% (47.7% among men and 67.9% among women), while, among those with 12 or more years of schooling, that frequency was 43.5% (39.7% among men and 46.3% among women). 252

•Chart 12-1 illustrates the frequency of physical inactivity in the Distrito Federal and capitals of the 26 Brazilian states, according to data from the VIGITEL 2021. 252

•Regarding the adoption of sedentary behaviors, in 2021, 66% of the adults from the capitals of the 26 Brazilian states and Distrito Federal reported spending at least 3 hours/day of their leisure time watching screens (TV, computer, tablet, or cellular phone), and that frequency is similar among men (66.7%) and women (65.4%). 252 The lowest percentages were observed in the city of Recife (58.9%), among adults aged ≥65 years (51%), and those with 0 to 8 years of schooling (49.2%). However, the highest frequencies were found in the city of Rio de Janeiro (70.1%), in the age group of 18-24 years (83.2%), and those with 12 or more years of schooling (73%).

•Chart 12-2 illustrates the frequency of adults (≥18 years) spending ≥3 hours/day of their leisure time watching screens (TV, computer, tablet, or cellular phone) in the capitals of the 26 Brazilian states and Distrito Federal, according to data from the VIGITEL 2021. 252

•Data from the ELSA-Brasil study, between 2008 and 2010, from 15 105 men and women aged 35-74 years, have shown that less than half of that population practiced physical activity. That study showed a prevalence of leisure-time physical activity of 44.1% among men and of 33.8% among women. That proportion was greater among individuals aged ≥ 60 years [men (46.7%) and women (39.7%)]. 399

Trends

•According to the time series of VIGITEL, 400 the frequency of physically inactive adults (≥18 years) remained stable between 2013 and 2020, being 49.4% and 47.2%, respectively, resulting in a mean annual variation measured in percent points per year (pp/year) of -0.48 (95% CI, -1.15;0.19). That stability was also observed when the sexes were assessed separately. In 2013, 39.9% of the men and 57.4% of the women were physically inactive, and, in 2020, the figures were 37.3% and 55.6%, respectively, corresponding to a mean annual variation of -0.50 (95% CI, -1.20;0.21) pp/year for men and of -0.47 (95% CI, -1.25;-0.30) pp/year for women.

•However, the variation between 2013 and 2020 was not similar in the different age groups and educational levels. While the frequency of physically inactive adults was stable in the age groups of 18-24 years, 25-34 years, and 55-64 years, a reduction was observed in the age groups of 35-44 years (-0.68 pp/year; 95% CI, -1.34;-0.02), of 45-54 years (-1.20 pp/year; 95% CI, -1.59;-0.81), and of 65 years or older (-0.55 pp/year; 95% CI, -0.84;-0.26). 400 Regarding educational level, among adults with 0 to 8 years and with 9 to 11 years of schooling, the percentage of physically inactive individuals was stable; however, among those with at least 12 years of schooling, there was a reduction in that percentage (-0.45 pp/year; 95% CI, -0.86;-0.04). 400

•The variation in the percentage of physically inactive adults aged ≥18 years according to Brazilian data of the last 5 years (2017-2021) made available by VIGITEL is shown in Chart 12-3 . 400

Chart 12-3. – Percentage of physically inactive* adults aged ≥18 years in Brazil, according to sex, in the last 5 years available in the VIGITEL database. *Less than 150 min/week of moderate-intensity physical activities or less than 75 min/week of vigorous-intensity physical activities. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 12-3

•Similarly, data from the PNS have shown a relative increase of over 30% in the proportion of Brazilian adults reporting engaging in moderate to vigorous physical activity for at least 150 min/week from 2013 to 2019, increasing from 22.7% in 2013 to 30.1% in 2019. In both years, that proportion was higher among men (27.3% and 34.2%, respectively), young individuals aged 18-24 years (35.6% and 41.0%, respectively), white individuals (23.9% and 31.6%, respectively), and individuals with high educational level (38.8% and 49.1%, respectively). 401

•However, the PENSE has found a reduction in physical activity of Brazilian schoolchildren aged 13-17 years from 2015 to 2019. According to that study, the percentage of physical activity decreased from 31.6% in 2015 to 28.1% in 2019. 402

•Regarding the adoption of sedentary behaviors, between 2010 and 2020, there was a reduction in the frequency of adults spending at least 3 hours/day of their leisure time watching TV [from 27.3% in 2010 to 26.5% in 2020 (-0.31 pp/year; 95% CI, -0.61;-0.01)]. 400 When stratifying by sex, age, and educational level, that reduction was observed only among men (-0.54 pp/year; 95% CI, -0.76;0.32), in the age groups of 18-24 years (-1.49 pp/year; 95% CI, -1.83 to -1.15) and of 25-34 years (-0.57; 95% CI, -1.12;-0.02), and in those with schooling of 9-11 years (-0.43 pp/year; 95% CI, -0.69;-0.18) and ≥12 years (-0.46 pp/year; 95% CI, -0.79;-0.13). That frequency remained stable among women, adults older than 34 years, and those with schooling of 0-8 years.

•Comparing to the global situation, 27.5% of the adults and more than 81% of the adolescents are estimated to not meet the international recommendations for the practice of aerobic physical activity. 395 This suggests that more than 1.4 billion adults are at risk of developing or aggravating diseases related to the lack of physical activity. 403

Mortality due to Cardiovascular Diseases Attributable to Insufficient Physical Activity

•According to data from the GBD 2019 on Brazil, 404 regarding the assessment of the mortality rate from CVD attributable to selected risk factors, low level of physical activity, defined as <3000 MET-min/week, ranked eighth as the most important risk factor in 1990 and seventh in 2019. However, there was a reduction in the age-standardized mortality rate from CVD attributable to low level of physical activity, from 26.1 (95% UI, 12.6;41.4) per 100 000 inhabitants in 1990 to 13.7 (95% UI, 7.6;20.8) per 100 000 inhabitants in 2019 ( Chart 12-4 ). In terms of percent change, in Brazil, that reduction was 47.6% (95% UI, -53.6;-35.0), while, in the different Brazilian states and Distrito Federal, the reductions ranged from 57.1% (75% UI, -63.1;-46.3) in São Paulo to 3.6% (75% UI, -22.9;29.8) in Maranhão ( Table 12-4 and Chart 12-5 ). When comparing sexes, the age-standardized mortality rate from CVD was similar in men [15.4 (95% UI, 7.9;24.5) per 100 000 inhabitants] and women [12.3 (95% UI, 7.4;17.9) per 100 000 inhabitants], as was the percent reduction from 1990 to 2019 [-42.9% (95% UI, -50.3;-24.9) in men and -50.9% (95% UI, -56.7;-39.7) in women]. When comparing the age groups, there was an increase in the mortality rate attributable to low level of physical activity as age advanced in both 1990 and 2019; however, the percent reduction was similar in the different age groups, and the greatest reduction was observed in the age group of 35-39 years [-55.0% (75% UI, -65.9;-39.6)] and the smallest reduction was observed in the age group of 75-79 years [-41.0% (75% UI, -50.0;-16.8)] ( Table 12-5 ). Chart 12-5 shows the percent change in age-standardized mortality rate from 1990 to 2019 in the Brazilian Federative Units.

Chart 12-4. – Age-standardized mortality rate (per 100 000 inhabitants) from cardiovascular disease attributable to low level of physical activity in Brazil from 1990 to 2019. Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Chart 12-4

Table 12-4. – Number of deaths and age-standardized mortality rates (per 100 000 inhabitants) from cardiovascular diseases attributable to low level of physical activity in 1990 and 2019, and percent change of rates, in Brazil and its Federative Units.

Location 1990 2019 Percent change (95% UI)
Number (95% UI) Rate (95% UI) Number (95% UI) Rate (95% UI)
Brazil 17147.7(7861.7;28644.3) 26.1(12.6;41.4) 30228.8(16769.4;46333.5) 13.7(7.6;20.8) -47.6%(-53.6;-35)
Acre 21.8(9.7;36.4) 21.9(10.7;34.5) 68.2(38.2;104.4) 14.2(8.3;21.1) -35.3%(-45.2;-14.9)
Alagoas 251.4(112.3;418.9) 24(11;38.8) 509.9(275.7;799.5) 17(9.1;26.5) -29.2%(-42.3;-4)
Amapá 12.3(5.6;20.6) 18.6(8.9;29.6) 48.8(25.9;75.6) 12(6.7;18.1) -35.5%(-44;-19.1)
Amazonas 113.1(55;183.9) 23.5(12;36.4) 297.4(171.5;447.1) 12.2(7.3;18) -48.2%(-56.2;-31.1)
Bahia 1080.1(499.9;1771.1) 19.4(9.2;31.2) 2055.6(1108.1;3238.8) 12.6(6.8;19.9) -35.1%(-46.4;-14.4)
Ceará 644.7(309.2;1029.1) 17.3(8.5;27.4) 1548.5(873.3;2352.3) 15.9(9;24.2) -8%(-26.4;26.1)
Distrito Federal 87.6(37.3;151.9) 34.7(17;54.1) 237.8(126.2;359.2) 15.2(8.6;22.3) -56.1%(-62.6;-44.1)
Espírito Santo 264(118.2;448.6) 26.9(12.6;43.5) 559.8(290.8;885.6) 14.2(7.5;22.1) -47.1%(-56;-33.2)
Goiás 332.8(142.5;581.3) 25.1(11.8;40.9) 764.8(394.5;1253.4) 12.6(6.7;20.1) -49.9%(-60.5;-33.2)
Maranhão 419.2(180.7;739.7) 20.6(9.7;34.8) 1245.5(676;1929.2) 19.9(10.8;30.7) -3.6%(-22.9;29.8)
Mato Grosso 117.7(51.3;209.9) 23.4(10.9;38.8) 315.6(170.7;506.9) 11.4(6.3;17.8) -51.4%(-59.5;-35.6)
Mato Grosso do Sul 148.2(64.4;261.4) 25.4(12;41.7) 347.4(185;539.9) 13.3(7.3;20.4) -47.7%(-55.5;-34.1)
Minas Gerais 1832.8(822.4;3137.1) 27.2(12.7;43.8) 2810.5(1595.3;4299.8) 10.8(6.2;16.5) -60.3%(-66.2;-49.2)
Pará 363.1(166.7;606) 26(12.7;41.7) 841(467.1;1318) 13.5(7.7;20.9) -48.1%(-57.2;-31.6)
Paraíba 435.4(214.1;687.8) 20.7(10.4;32.4) 814.9(492.9;1200.5) 16.2(9.7;23.9) -21.8%(-36.2;4.4)
Paraná 972.1(430.2;1665.5) 30.9(14.5;49.5) 1575(837.5;2538.4) 13.4(7.2;21.1) -56.5%(-62.6;-45.7)
Pernambuco 923.7(430.7;1521.5) 26.1(12.7;41.7) 1639(877.2;2531.7) 17.6(9.4;27) -32.4%(-42.9;-16.4)
Piaui 220.5(101;381.8) 22.7(10.6;37.3) 517.8(292;786.7) 13.2(7.4;20.1) -41.6%(-52.2;-22.1)
Rio de Janeiro 2527.4(1210.1;4104.4) 35.7(17.7;55.1) 3428.7(1923.7;5200.1) 16(9;24) -55.2%(-61.5;-44.6)
Rio Grande do Norte 249.4(117.3;415.7) 17.4(8.3;28.7) 475.4(262;737.3) 11.8(6.5;18.3) -32.2%(-45.2;-12.1)
Rio Grande do Sul 1347.6(614.2;2263.3) 28.1(13.6;44.9) 2051.2(1105.1;3132.1) 13.6(7.3;20.6) -51.7%(-58.2;-39.1)
Rondônia 51.7(20.4;91.5) 37.7(18.2;59.7) 203.7(115.8;310.3) 15.8(9.2;23.7) -58%(-66.4;-41.1)
Roraima 7.5(3.2;13.3) 27.8(13.2;44.3) 34.4(18.5;54.3) 14.5(8.2;21.7) -47.8%(-55.6;-30.4)
Santa Catarina 519.7(238.6;858.8) 30.2(14.8;47.1) 956.6(535.1;1478.4) 13.8(7.9;21) -54.4%(-61.4;-41.4)
São Paulo 4025(1845.2;6915.6) 30.2(14.8;48.3) 6410.1(3530.9;9836.9) 13(7.3;19.7) -57.1%(-63.1;-46.3)
Sergipe 125.7(56.4;211.7) 23.5(11.1;38.4) 280.1(146.8;447.1) 13.3(7.1;21) -43.4%(-53.5;-29.3)
Tocantins 53.3(23.2;95.2) 25.8(12.6;41.6) 190.8(100.9;302) 14.9(8;23.1) -42.2%(-52.4;-25.8)

UI: uncertainty interval. Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

Chart 12-5. – Percent change of age-standardized mortality rate from cardiovascular disease attributable to low levels of physical activity from 1990 to 2019, according to the sociodemographic index (SDI) 2019 of the Brazilian Federative Units. Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48 .

Chart 12-5

•Chart 12-5 shows that, in the Brazilian Federative Units with the highest SDI (GBD metrics that reflects the socioeconomic conditions of a location and varies from 0 to 1, the best condition being 1), there was a higher reduction in age-standardized mortality rates attributable to low levels of physical activity from 1990 to 2019 (Pearson coefficient of correlation = 0.76, p< 0.001).

•In 1990, 6.4% of all deaths from CVD were attributed to low level of physical activity, but, in 2019, that percentage increased to 7.6%. 404

•That percentage is similar to the one observed around the world. Globally, it is estimated that 7.6% of the cardiovascular deaths are attributable to physical inactivity, and that percentage is higher in high-income countries (9.9%) as compared to middle- (7.2%) and low- (4.6%) income countries. 405

Attributable Burden of Disease

•According to data from the GBD 2019, 404 in both 1990 and 2019, the low level of physical activity ranked ninth as the most important risk factor regarding the age-standardized rate of DALYs due to CVD, which was 434.5 (95% CI, 193.2;747.3) per 100 000 inhabitants in 1990 and 233.1 (95% CI, 118.2;375.7) per 100 000 inhabitants in 2019, representing a percent reduction of 46.4% (95% CI, -84.6;-30.1) in that rate.

•When comparing men and women, the age-standardized DALY rates were similar in 1990 and 2019. 404 Among men, the age-standardized DALY rate decreased from 483.4 (95% CI, 191.0;878.6) per 100 000 inhabitants in 1990 to 275.7 (95% CI, 127.9;478.4) per 100 000 inhabitants in 2019, representing a reduction of 43.0% (95% CI, -49.8;-27.6). Among women, that reduction was 49.1% (95% CI, -54.9;-38.3), from 387.4 (95% CI, 187.6;624.2) per 100 000 inhabitants in 1990 to 197.2 (95% CI, 110.7;303.3) per 100 000 inhabitants in 2019.

•In 2019, the global age-standardized DALY rates due to ischemic heart disease and stroke attributable to low level of physical activity (<3000 MET-min/week) were 96.36 (95% CI, 33.45;210.82) per 100 000 inhabitants and 31.16 (95% CI, 5.69;82.02) per 100 000 inhabitants, respectively. 406

Healthcare Utilization and Cost

•Physical inactivity has an important economic impact on health systems. Bielemann et al . 407 have carried out a study on the costs attributable to physical inactivity of the hospitalizations at the SUS due to malignant breast and colon neoplasms, circulatory system diseases, diabetes, and osteoporosis of individuals aged ≥40 years, in 2013. Of the total of 974 641 hospitalizations due to the chronic diseases assessed, 15.0% were attributed to physical inactivity. Regarding ischemic heart diseases, the attributable fraction of physical inactivity varied in men from 11.3% in the Southern region to 12.6% in the Northern and Northeastern regions, while, in women, from 16.1% in the Southern region to 18.4% in the Northern region. Regarding cerebrovascular diseases, the attributable fraction of physical inactivity varied in men from 20.7% in the Southern region to 22.8% in the Northern and Northeastern regions, while, in women, from 7.6% in the Southern region to 8.8% in the Northern region. 407

•Regarding costs to the SUS in 2013, of the total of 1.8 billion reais (almost 700 million dollars), over 275 million reais were estimated to be due to hospitalizations attributable to physical inactivity from the mentioned diseases. 407 In all regions assessed and in both sexes, ischemic heart diseases accounted for the largest volume of total costs and physical inactivity-attributable costs. Of the total cost of 781 million reais with hospitalizations for ischemic heart disease and almost 155 million reais for cerebrovascular disease, 12% and 22%, respectively, were attributable to physical inactivity among men. Among women, of the total cost of almost 500 million reais with hospitalization for ischemic heart disease and 161 million reais for cerebrovascular disease, 17% and 8%, respectively, were attributable to physical inactivity. 407

•In a retrospective study of 278 residents of the Presidente Prudente city (São Paulo) with CVD, Araújo et al . 408 have assessed the direct health-related costs and the indirect costs due to productivity loss and their association with the usual physical activity pattern measured with the Baecke’s questionnaire. Individuals who reported absenteeism spent US$ 187 more on healthcare services annually than those who did not miss work because of health reasons. In addition, it was estimated that US$ 53 could be saved annually at each increase in the score unit of physical activity pattern measured with that questionnaire.

•According to Santos et al. , 409 if the prevalence of physical inactivity does not decrease, a direct physical inactivity-attributable cost to the Brazilian healthcare system between 2020 and 2023 is estimated at approximately US$ 126 million due to coronary artery disease, almost US$ 4 billion due to arterial hypertension, and more than US$ 470 million due to stroke.

Impact of COVID-19 pandemic on physical activity

•COVID-19 pandemic had a significant impact on the increase of the time spent with sedentary behaviors in Brazil, considerably affecting the practice of physical activity in the entire country and its major geographic regions. According to a study by Silva et al. 410 performed between April/24/2020 and May/24/2020, high prevalence and incidence of physical inactivity and excessive screen time were observed in the Brazilian population. Approximately 40 000 adults filled in an online questionnaire, evidencing a physical inactivity prevalence of 70.4%. This prevalence was even higher among women (74.6%) and younger individuals aged 18-29 years (78.2%). 411

•In addition, 31.4% of the participants reported spending 4 or more hours daily watching TV, while the use of a computer or tablet for at least 4 hours daily had a prevalence of 37.9%. 410 The frequency of participants reporting TV watching for ≥4 hours/day was higher among women (33.6%), and the frequency of participants reporting a high number of hours spent on a computer/tablet was higher among young individuals aged 18-29 years (58.6%). 411

•According to data from the VIGITEL on more than 784 000 individuals, the trend toward an increase in the prevalence of leisure-time physical activity was interrupted during the pandemic. In 2009, that prevalence was 29% and increased to 39% in 2019. However, that prevalence decreased to 36.8% in 2020 and to 36.7% in 2021. Among men, there was a reduction of 3.6%, while, among women, the reduction was 1.1% from 2019 to 2021. 412

•According to Schuch et al. , 413 Brazilians on self-isolation during the COVID-19 pandemic reduced the time dedicated to moderate/vigorous physical activity by 65 min/day as compared to the prepandemic period. However, the time spent in sedentary behaviors increased by 42%, corresponding to an increase of 152 min/day.

Future Directions

•Physical inactivity is one of the major modifiable risk factors for noncommunicable diseases, such as stroke, arterial hypertension, type 2 diabetes, coronary artery disease, several types of cancer, dementia, depression, as well as for all-cause mortality. 414 A physically-active lifestyle plays an unequivocal role in achieving important cardiovascular benefits in both primary and secondary prevention. 415 The linear relationship between the volumes of physical activity and cardiovascular protection 416 determines that the simple fact of quitting a sedentary lifestyle and becoming physically active significantly reduces cardiovascular risk. Thus, sedentary behavior should be discouraged, and adoption of a physically active lifestyle, encouraged.

•Aiming to encourage the practice of physical activity, national actions have been implemented, such as the City Gym Program and the National Policy for Health Promotion, contributing to increase physical activity practice, with a positive impact on health, and encouraging the improvement of public spaces intended for that practice. 417 In addition, the inclusion of physical activity in Brazilian population surveys, such as VIGITEL, PNS, and PENSE, has enhanced physical activity monitoring among Brazilians, helping review and develop public health policies.

•However, despite the trend to reduce physical inactivity among Brazilians in recent years, its prevalence remains high, and that was compounded by the COVID-19 pandemic. Thus, it is necessary to continuously encourage national policies that promote healthy life habits, such as the increase in regular physical activity time, aiming to reduce the deleterious socioeconomic consequences of physical inactivity and sedentary lifestyle in Brazil.

Table 7-1. – Prevalence and 95% confidence interval (95% CI) of hypertension according to sociodemographic characteristics. National Health Survey, Brazil, 2019.

Variables Total Female Male
Prevalence (95% CI) PR Prevalence (95% CI) PR Prevalence (95% CI) PR
Total 23.9 (23.5;24.4) 26.4 (25.7;27.2) 21.1 (20.4;21.8)
Age group (years)
18-24 2.3 (1.7;2.9) 1.0 2.1 (1.5;2.8) 1.0 2.5 (1.6;3.4) 1.0
25-39 7.3 (6.7;7.8) 3.2 7.2 (6.3;8.0) 3.5 7.4 (6.6;8.1) 3.0
40-59 27.2 (26.3;28.1) 11.5 29.5 (28.2;30.7) 13.3 24.6 (23.3;25.9) 9.9
≥ 60 55.0 (53.9;56.1) 22.1 59.4 (57.9;60.8) 24.7 49.3 (47.6;50.9) 19.7
Educational level
No education/ incomplete elementary 36.6 (35.7;37.5) 1.0 43.3 (42.0;44.6) 1.0 29.2 (28.0;30.3) 1.0
Complete elementary / incomplete middle 20.4 (19.1;21.6) 1.0 24.7 (22.8;26.6) 0.9 16.2 (14.6;17.8) 1.0
Complete middle/ incomplete high 15.4 (14.7;16.2) 0.8 15.7 (14.7;16.7) 0.8 15.1 (14.0;16.2) 1.0
Complete high 18.2 (17.1;19.3) 0.7 16.3 (15.0;17.7) 0.6 20.7 (18.8;22.6) 1.0
Self-reported race/skin color
White 24.4 (23.6;25.2) 1.0 26.0 (24.9;27.1) 1.0 22.5 (21.4;23.5) 1.0
Black 25.8 (24.4;27.2) 1.2 30.2 (28.2;32.2) 1.2 20.9 (19.1;22.7) 1.1
Brown 22.9 (22.2;23.6) 1.1 25.7 (24.8;26.7) 1.1 19.7 (18.8;20.6) 1.0

PR: Prevalence Ratio. Source: Brazilian Institute of Geography and Statistics – National Health Survey 2019 272 and Malta et al. 263

Table 7-2. – Percentage distribution and 95% confidence intervals (95% CI) of care-related characteristics of people with self-reported hypertension (n = 38 082), National Health Survey, Brazil, 2019.

Variables % 95% CI
Last healthcare visit
Less than 6 months 57.8 56.6;59.0
6 months – less than 1 year 14.4 13.6;15.2
1 year – less than 2 years 9.4 8.8;10.1
2 years – less than 3 years 2.7 2.3;3.2
3 years or more 13.7 12.9;14.5
Never 1.9 1.6;2.3
Last healthcare visit place
Basic Healthcare Unit 45.8 44.4;47.2
Private office 28.8 27.5;30.1
Emergency service 9.6 8.9;10.5
Public outpatient clinic 7.1 6.5;7.8
Public polyclinic 3.6 3.1;4.2
Private emergency service 1.7 1.4;2.0
Home 1.4 1.2;1.6
Drugstore 0.9 0.7;1.2
Other service 1.0 0.7;1.4
Instructions
Integrative practices 7.4 6.8;8.1
No excessive drinking 66.5 65.1;67.8
No smoking 67.2 65.8;68.6
Regular physical activity 81.7 80.7;82.7
Maintain proper weight 84.4 83.4;85.4
Regular follow-up 85.2 84.2;86.2
Healthy diet 87.2 86.3;88.2
Less salt diet 87.8 86.7;88.8
Tests and referrals
Blood test 79.9 78.8;80.9
Urine test 69.9 68.5;71.2
Electrocardiogram 64.5 63.2;65.8
Exercise test 33.6 32.2;34.9
Referral to a specialist 25.0 23.7;26.2

Source: Brazilian Institute of Geography and Statistics – National Health Survey 2019 272 and Malta et al. 263

Table 7-3. – Healthcare indicators and access to health services of adults with arterial hypertension according to gender. National Health Survey, Brazil, 2019.

Indicators Total Sex
% 95%CI Male (A) Female (B) Adjusted PR (B/A) 95%CI
% 95%CI % 95%CI
Prescribed medication 95.4 94.9; 95.8 938 92.9; 94.5 96.5 95.9; 97.0 1.02 1.01; 1.03
Use of medication in the previous two weeks 86.9 86.1; 87.7 831 81.7; 84.5 89.6 88.6; 90.5 1.06 1.04; 1.08
At least one medication from the “We Have a Popular Pharmacy Here” program 45.1 43.6; 46.5 437 41.7; 45.7 46.0 44.3; 47.7 1.03 0.98; 1.08
Received medical care for hypertension within the last year 72.2 71.1; 73.3 68.9 67.3; 70.5 74.5 73.1; 75.8 1.07 1.04; 1.11
Had the last physician appointment at an UBS 45.8 44.4; 47.2 41.8 39.7; 43.9 48.5 46.9; 50.2 1.11 1.05; 1.17
Had an appointment with the same physician as in the previous appointments 51.9 50.6; 53.3 52.3 50.3; 54.3 51.7 49.8; 53.5 0.99 0.94; 1.05
Appointments with a specialist 49.0 47.6; 50.4 49.5 47.4; 51.5 48.6 46.8; 50.5 1.01 0.96; 1.07
Referral for a specialist 79.1 76.8; 81.1 78.6 75.0; 81.8 79.3 76.5; 82.0 1.01 0.96; 1.06
Hospitalization for hypertension or a complication 15.0 14.2; 15.9 13.6 12.4; 15.0 15.9 14.8; 17.1 1.14 1.01; 1.28
Intense or very intense degree of limitation of daily living activities 3.0 2.7; 3.4 3.1 2.5; 3.7 3.0 2.6; 3.5 0.93 0.73; 1.17

CI: Confidence Interval; PR: Prevalence Ratio; UBS: Basic Healthcare Unit. The reference category used was ‘male’. Source: Malta et al. 261

Table 7-4. – Healthcare indicators of adults with arterial hypertension according to age group. National Health Survey, Brazil, 2019.

Indicator Age Group (years)
18-29 (A) 30-59 (B) ≥ 60 (C) Adjusted PR B/A 95%CI Adjusted PR (C/A) 95%CI
% 95%CI % 95%CI % 95%CI
Prescribed medication 68.4 61.6; 74.5 93.3 92.4; 94.1 98.8 98.4; 99.0 1.35 1.23; 1.49 1.43 1.30; 1.57
Use of medication in the previous two weeks 39.3 31.9; 47.2 81.9 80.6; 83.2 94.3 93.6; 94.9 2.05 1.69; 2.49 2.34 1.93; 2.85
At least one medication from the “Popular Pharmacy Program” 21.1 14.0; 30.6 45.7 43.3; 48.0 45.1 43.5; 46.7 2.16 1.46; 3.20 2.08 1.41; 3.08
Received medical care for hypertension within the last year 62.9 54.9; 70.3 71.1 69.5; 72.8 73.7 72.3; 75.0 1.11 0.98; 1.25 1.13 1.00; 1.27
Had the last physician appointment at UBS 47.1 38.6; 55.7 45.5 43.6; 47.4 46.0 44.3; 47.8 0.95 0.80; 1.14 0.92 0.76; 1.10
Had an appointment with the same physician as in the previous appointments 37.6 29.4; 46.6 49.6 47.6; 51.5 54.9 53.2; 56.7 1.29 1.02; 1.62 1.42 1.13; 1.79
Appointments with a specialist 64.2 48.3; 77.8 75.4 71.7; 78.8 83.4 80.6; 85.9 1.17 0.93; 1.47 1.31 1.04; 1.64
Referral for a specialist 35.8 28.0; 44.5 46.4 44.3; 48.5 52.1 50.4; 53.9 1.27 1.02; 1.58 1.47 1.18; 1.83
Hospitalization for hypertension or a complication 13.0 8.3; 19.9 14.1 12.9; 15.5 16.0 14.8; 17.2 1.02 0.65; 1.58 1.07 0.69; 1.68
Intense or very intense degree of limitation of daily living activities 2.9 1.2; 6.8 3.1 2.6; 3.8 2.9 2.5; 3.4 0.92 0.37; 2.26 0.70 0.29; 1.72

CI: Confidence Interval; PR: Prevalence Ratio; UBS: Basic Healthcare Unit. The reference category used was the ‘age group of 18-29 years’. Source: Malta et al. 261

Table 7-5. – Healthcare indicators of adults with arterial hypertension according to ethnicity. National Health Survey, Brazil, 2019.

Indicator Ethnicity
White (A) Black (B) Mixed-race (C) Adjusted PR (B/A) 95%CI Adjusted PR (C/A) 95%CI
% 95%CI % 95%CI % 95%CI
Prescribed medication 96.2 95.5; 96.8 95.0 93.5; 96.2 94.5 93.7; 95.2 1.00 0.98; 1.01 1.00 0.98; 1.01
Use of medication in the previous two weeks 88.5 87.2; 89.6 86.7 84.6; 88.6 85.3 84.1; 86.5 0.99 0.97; 1.01 1.00 0.98; 1.03
At least one medication from the “Popular Pharmacy Program” 44.8 42.9; 46.8 46.3 43.0; 49.7 44.8 42.8; 46.9 0.94 0.89; 1.00 0.97 0.89; 1.06
Received medical care for hypertension within the last year 71.5 69.9; 73.1 74.7 71.9; 77.3 72.1 70.5; 73.7 1.01 0.98; 1.04 1.05 1.01; 1.09
Had the last physician appointment at UBS 39.4 37.3; 41.6 51.9 48.6; 55.2 50.7 48.9; 52.5 1.01 0.96; 1.07 1.06 0.98; 1.14
Had an appointment with the same physician as in the previous appointments 56.7 54.6; 58.7 48.8 45.4; 52.2 48.2 46.3; 50.2 0.92 0.87; 0.97 0.93 0.85; 1.00
Appointments with a specialist 54.6 52.5; 56.6 47.9 44.6; 51.3 43.4 41.5; 45.3 0.96 0.91; 1.01 0.94 0.87; 1.02
Referral for a specialist 82.9 79.7; 85.7 75.4 68.9; 80.9 76.7 73.3; 79.7 0.92 0.88; 0.97 1.02 0.94; 1.09
Hospitalization for hypertension or a complication 13.2 11.9; 14.6 15.7 13.5; 18.2 16.8 15.4; 18.3 1.20 1.05; 1.38 1.14 0.95; 1.36
Intense or very intense degree of limitation of daily living activities 2.2 1.8; 2.7 3.5 2.7; 4.6 3.6 3.1; 4.3 1.37 1.06; 1.76 1.38 0.99; 1.94

CI: Confidence Interval; PR: Prevalence Ratio; UBS: Basic Healthcare Unit. The reference category used was ‘white’. Source: Malta et al. 261

Table 8-2. – Prevalence of total cholesterol ≥ 200 mg/dL according to sex, age group, educational level, skin color, and country region. Brazil, PNS 2014-2015.

Total Men Women
% 95% CI p % 95% CI p % 95% CI p
Total 32.7 31.5 - 34.1 30.1 28.2 - 32.1 35.1 33.4 - 36.8 < 0.001
Age group (years)
18 - 29 17.9 15.7 - 20.4 < 0.001 13.9 11.2 - 17.4 < 0.001 21.9 18.7 - 25.5 < 0.001
30 - 44 31.0 28.7 - 33.4 34.9 31.2 - 38.8 27.6 24.9 - 30.5
45 - 59 43.4 40.8 - 46.0 39.4 35.7 - 43.4 47.0 43.5 - 50.5
≥ 60 41.9 39.1 - 44.8 33.5 29.5 - 37.9 48.4 44.7 - 52.2
Educational level (school years)
0 - 8 37.1 35.2 - 39.1 < 0.001 31.6 28.9 - 34.5 0.237 42.2 39.6 - 44.8 < 0.001
9 - 11 28.6 25.5 - 32.0 26.6 22.2 - 31.6 30.6 26.4 - 35.2
≥ 12 30.4 28.4 - 32.5 30.0 26.9 - 33.3 30.8 28.3 - 33.4
Skin color
White 33.9 31.9 - 36.0 0.146 30.8 27.8 - 33.9 0.669 36.6 33.9 - 39.4 0.196
Black 33.2 29.0 - 37.6 30.0 23.9 - 37.0 36.0 30.5 - 41.8
Mixed 31.5 29.8 - 33.3 29.5 26.9 - 32.4 33.4 31.1 - 35.7
Others 23.3 14.8 - 34.6 19.6 9.7 - 35.4 25.8 14.2 - 42.2
Region
North 32.5 30.4 - 34.6 0.195 31.0 27.9 - 34.3 0.376 33.9 31.2 - 36.7 0.291
Northeast 34.0 32.3 - 35.8 30.2 27.7 - 33.0 37.4 35.1 - 39.8
Southeast 31.5 29.1 - 34.1 28.7 25.1 - 32.6 34.1 30.9 - 37.4
South 34.7 31.7 - 37.8 33.4 28.9 - 38.3 35.8 32.0 - 39.8
West-Central 31.7 28.7 - 34.8 30.1 25.7 - 34.9 33.0 29.1 - 37.2

Source: Malta et al. 2019. 275

Table 8-3. – Prevalence of low HDLc (< 40 mg/dL) according to sex, age group, educational level, skin color, and Brazilian region, PNS 2014-2015.

Total Men Women
% 95% CI P % 95% CI p % 95% CI p
Total 31.8 30.5 - 33.1 42.8 40.6 - 45.0 22.0 20.6 - 23.5 < 0.001
Age group (years)
18 - 29 29.1 26.2 - 32.2 0.070 39.7 34.9 - 44.7 0.159 18.7 15.9 - 21.9 0.046
30 - 44 31.8 29.4 - 34.2 41.8 37.9 - 45.7 23.0 20.4 - 25.9
45 - 59 34.1 31.6 - 36.6 44.8 40.9 - 48.8 24.3 21.5 - 27.4
≥ 60 32.4 29.8 - 35.2 46.5 42.1 - 51.1 21.5 18.7 - 24.6
Educational level (school years)
0 - 8 33.7 31.8 - 35.7 < 0.001 43.3 40.2 - 46.4 0.006 24.9 22.8 - 27.2 < 0.001
9 - 11 38.5 34.9 - 42.2 50.0 44.3 - 55.6 27.0 22.9 - 31.5
≥ 12 27.8 25.9 - 29.9 39.6 36.2 - 43.2 18.1 16.1 - 20.3
Skin color
White 31.0 29.0 - 33.1 0.072 43.0 39.7 - 46.5 0.586 20.6 18.4 - 23.0 0.006
Black 28.5 24.3 - 33.2 41.8 34.5 - 49.4 16.6 12.6 - 21.6
Mixed 33.5 31.7 - 35.4 43.0 40.0 - 46.1 24.8 22.8 - 27.0
Others 24.7 15.8 - 36.5 27.7 15.1 - 45.2 22.7 11.6 - 39.5
Country region
North 36.6 34.4 - 38.8 < 0.001 47.2 43.7 - 50.7 0.036 26.7 24.2 - 29.4 < 0.001
Northeast 34.8 33.0 - 36.6 44.3 41.4 - 47.2 26.4 24.3 - 28.6
Southeast 30.8 28.3 - 33.4 43.1 38.9 - 47.3 20.0 17.4 - 22.9
South 26.1 23.3 - 29.0 36.3 31.6 - 41.2 16.8 14.1 - 20.0
West-Central 34.3 31.1 - 37.6 45.0 39.8 - 50.3 24.7 21.2 - 28.6

HDLc: high-density-lipoprotein cholesterol. Source: Malta et al. 2019. 275

Table 8-4. – Prevalence of high LDLc (> 130 mg/dL) according to sex, age group, educational level, skin color, and Brazilian region, PNS 2014-2015.

Total Men Women
% 95% CI p % 95% CI p % 95% CI p
Total 18.6 17.5 - 19.7 17.1 15.6 - 18.8 19.9 18.5 - 21.3 0.012
Age group (years)
18 - 29 8.8 7.2 - 10.7 < 0.001 6.6 4.8 - 9.0 < 0.001 11.0 8.7 - 14.0 < 0.001
30 - 44 17.5 15.7 - 19.5 20.2 17.3 - 23.6 15.2 13.0 - 17.6
45 - 59 25.6 23.3 - 27.9 23.2 20.0 - 26.7 27.7 24.7 - 30.9
≥ 60 24.5 22.2 - 27.0 19.5 16.3 - 23.2 28.4 25.1 - 31.9
Educational level (school years)
0 - 8 21.5 20.0 - 23.2 < 0.001 17.8 15.7 - 20.1 0.525 24.9 22.8 - 27.2 < 0.001
9 - 11 16.8 14.3 - 19.7 15.2 11.8 - 19.3 18.5 15.0 - 22.6
≥ 12 16.7 15.1 - 18.4 17.2 14.8 - 20.0 16.2 14.2 - 18.4
Skin color
White 20.1 18.5 - 21.9 0.009 18.8 16.4 - 21.4 0.131 21.3 19.1 - 23.8 0.095
Black 16.6 13.6 - 20.2 15.2 10.9 - 20.8 17.9 13.9 - 22.7
Mixed 17.4 16.1 - 18.8 15.9 13.9 - 18.1 18.8 17.0 - 20.7
Others 10.1 6.0 - 16.6 8.6 3.6 - 19.1 11.2 5.7 - 20.7
Country region
North 16.2 14.7 - 17.9 0.136 15.5 13.2 - 18.1 0.355 17.0 14.9 - 19.2 0.195
Northeast 19.8 18.4 - 21.3 17.5 15.5 - 19.8 21.9 19.9 - 23.9
Southeast 17.9 16.0 - 19.9 16.1 13.4 - 19.3 19.4 16.8 - 22.2
South 20.0 17.6 - 22.6 19.8 16.2 - 24.0 20.1 17.1 - 23.5
West-Central 17.8 15.4 - 20.4 17.8 14.3 - 21.9 17.8 14.8 - 21.3

LDLc: low-density-lipoprotein cholesterol. Source: Malta et al. 2019. 275

Chart 10-1. – Prevalence of adult current smokers (≥ 18 years) according to the Brazilian Federative Units and prevalence quartiles. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 10-1

Chart 10-2. – Prevalence of adult current smokers (≥ 18 years) according to the Brazilian state capitals and Distrito Federal, by sex. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 10-2

Table 11-1. – Percentage of overweight adults (≥ 18 years), by sex, in Brazilian capitals and Distrito Federal, by age group.

Age group Male Female Total
% 95% CI % 95% CI % 95% CI
18 - 24 years 39.3 33.6 - 45.1 31.7 25.5 - 37.9 35.7 31.5 - 40.0
25 - 34 years 63.4 57.7 - 69.1 46.6 41.1 - 52.0 54.4 50.3 - 58.5
35 - 44 years 62.9 57.3 - 68.6 61.9 57.7 - 66.2 62.4 59.0 - 65.8
45 - 54 years 67.2 62.6 - 71.9 61.9 58.5 - 65.3 64.4 61.5 - 67.2
55 - 64 years 61.9 57.2 - 66.7 65.7 62.7 - 68.6 64.1 61.4 - 66.7
60 + years 60.7 57.2 - 64.2 60.7 58.6 - 62.9 60.7 58.8 - 62.6

Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

Table 11-2. – Percentage of obese adults (≥ 18 years), by sex, in Brazilian capitals and Distrito Federal, by age group.

Age group Male Female Total
% 95% CI % 95% CI % 95% CI
18 - 24 years 13.1 9.3 - 17.0 11.2 6.4 - 16.0 12.2 9.2 - 15.3
25 - 34 years 25.5 19.9 - 31.1 16.6 12.8 - 20.4 20.8 17.4 - 24.1
35 - 44 years 25.1 20.7 - 29.6 25.7 21.9 - 29.5 25.5 22.5 - 28.4
45 - 54 years 24.3 20.3 - 28.3 27.9 24.7 - 31.2 26.2 23.7 - 28.8
55 - 64 years 22.1 18.3 - 26.0 29.3 26.2 - 32.5 26.2 23.8 - 28.7
60 + years 16.8 14.1 - 19.5 25.3 23.4 - 27.2 21.8 20.2 - 23.4

Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

Table 11-3. – Percentage of overweight adults (≥ 18 years), by sex, according to the Brazilian capitals and Distrito Federal.

Male Female Total
Capitals % 95% CI % 95% CI % 95% CI
Aracaju 60.9 52.0 - 69.9 54.4 48.8 - 60.1 57.3 52.3 - 62.4
Belém 61.6 54.3 - 68.9 61.0 55.6 - 66.4 61.3 56.8 - 65.7
Belo Horizonte 58.4 51.1 - 65.7 58.7 53.3 - 64.1 58.6 54.1 - 63.0
Boa Vista 58.7 51.9 - 65.5 54.2 49.3 - 59.2 56.4 52.2 - 60.5
Campo Grande 61.3 51.8 - 70.7 55.4 48.6 - 62.1 58.1 52.4 - 63.8
Cuiabá 58.5 50.2 - 66.8 55.7 49.2 - 62.2 57.0 51.8 - 62.3
Curitiba 62.8 55.7 - 69.9 48.9 42.7 - 55.0 55.3 50.6 - 60.1
Florianópolis 59.5 51.6 - 67.4 54.5 48.3 - 60.8 56.9 51.9 - 61.9
Fortaleza 61.2 53.4 - 68.9 57.5 51.5 - 63.6 59.2 54.4 - 64.0
Goiânia 62.1 54.4 - 69.9 51.2 45.2 - 57.2 56.3 51.4 - 61.2
João Pessoa 66.5 58.6 - 74.3 53.9 47.6 - 60.2 59.6 54.6 - 64.6
Macapá 62.3 55.9 - 68.7 55.5 50.1 - 60.9 58.7 54.6 - 62.9
Maceió 59.2 51.3 - 67.2 57.2 50.4 - 64.0 58.1 53.0 - 63.2
Manaus 65.2 57.3 - 73.1 61.8 56.3 - 67.4 63.5 58.7 - 68.2
Natal 60.9 52.7 - 69.1 57.5 51.7 - 63.3 59.1 54.2 - 64.0
Palmas 55.9 47.8 - 64.0 45.0 39.4 - 50.6 50.1 45.2 - 55.0
Porto Alegre 64.4 57.0 - 71.8 60.4 52.9 - 67.8 62.2 56.9 - 67.4
Porto Velho 67.5 60.3 - 74.7 61.0 55.5 - 66.6 64.4 59.8 - 69.0
Recife 58.1 49.1 - 67.1 55.6 49.5 - 61.7 56.7 51.5 - 61.9
Rio Branco 63.2 55.6 - 70.8 57.8 52.0 - 63.6 60.4 55.7 - 65.0
Rio de Janeiro 64.0 56.3 - 71.7 49.4 43.1 - 55.8 56.1 51.0 - 61.2
Salvador 50.8 43.0 - 58.7 55.1 49.5 - 60.8 53.2 48.5 - 57.9
São Luís 51.4 43.2 - 59.7 47.5 41.8 - 53.2 49.3 44.4 - 54.2
São Paulo 57.6 50.7 - 64.5 57.3 51.0 - 63.5 57.4 52.8 - 62.0
Teresina 60.0 52.1 - 67.9 46.4 40.4 - 52.3 52.5 47.5 - 57.5
Vitória 55.8 48.1 - 63.6 47.8 41.9 - 53.7 51.5 46.7 - 56.3
Distrito Federal 59.4 51.7 - 67.2 53.7 47.5 - 59.8 56.4 51.5 - 61.2

Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

Table 11-4. – Percentage of adults (≥ 18 years) with obesity, by sex, according to Brazilian state capitals and the Federal District.

Male Female Total
Capitals % 95% CI % 95% CI % 95% CI
Aracaju 27.9 19.2 - 36.5 22.6 18.4 - 26.9 25.0 20.4 - 29.5
Belém 23.8 17.1 - 30.4 24.2 19.2 - 29.1 24.0 19.9 - 28.0
Belo Horizonte 20.7 14,3 - 27,0 22.0 17,3 - 26,6 21.4 17,5 - 25,2
Boa Vista 25.0 19,1 - 30,8 22.3 18,3 - 26,3 23.6 20,1 - 27,1
Campo Grande 19.4 12,4 - 26,3 21.0 16,1 - 25,9 20.2 16,1 - 24,4
Cuiabá 22.6 15,3 - 29,9 25.0 19,8 - 30,1 23.8 19,4 - 28,2
Curitiba 24.3 17,6 - 30,9 21.1 16,3 - 26,0 22.6 18,6 - 26,6
Florianópolis 21.4 15,0 - 27,9 19.2 14,6 - 23,7 20.2 16,4 - 24,1
Fortaleza 23.2 16,5 - 30.0 24.1 19.1 - 29.1 23.7 19.6 - 27.8
Goiânia 26.7 19.4 - 34.0 20.3 15.7 - 24.8 23.3 19.0 - 27.5
João Pessoa 22.0 15.3 - 28.8 25.1 19.4 - 30.9 23.7 19.3 - 28.1
Macapá 23.7 18.4 - 29.0 23.7 19.2 - 28.2 23.7 20.3 - 27.1
Maceió 23.7 16.2 - 31.2 25.4 18.8 - 31.9 24.6 19.7 - 29.5
Manaus 23.3 16.7 - 29.9 26.6 21.4 - 31.7 25.0 20.8 - 29.1
Natal 23.0 16.3 - 29.8 23.1 17.7 - 28.4 23.0 18.8 - 27.3
Palmas 23.3 14.9 - 31.6 16.1 12.2 - 19.9 19.5 15.0 - 24.0
Porto Alegre 22.9 16.0 - 29.8 22.4 16.4 - 28.3 22.6 18.1 - 27.1
Porto Velho 26.6 19.8 - 33.4 26.2 21.1 - 31.3 26.4 22.1 - 30.7
Recife 17.7 11.5 - 23.9 26.5 20.7 - 32.4 22.6 18.3 - 26.9
Rio Branco 25.0 18.7 - 31.3 23.4 18.7 - 28.0 24.2 20.3 - 28.0
Rio de Janeiro 23.1 15.8 - 30.4 20.1 15.7 - 24.5 21.5 17.4 - 25.6
Salvador 18.6 12.8 - 24.3 22.0 17.7 - 26.3 20.5 17.0 - 23.9
São Luís 18.6 11.1 - 26.0 17.6 13.3 - 22.0 18.0 13.9 - 22.2
São Paulo 20.6 14.8 - 26.3 24.2 19.2 - 29.1 22.5 18.8 - 26.3
Teresina 24.1 16.9 - 31.3 17.2 12.9 - 21.5 20.3 16.3 - 24.3
Vitória 19.2 13.0 - 25.4 16.8 12.9 - 20.6 17.9 14.4 - 21.4
Distrito Federal 23.0 16.6 - 29.4 22.2 17.2 - 27.3 22.6 18.6 - 26.6

Source: VIGITEL Brazil 2021. 252

Chart 11-3. – Percentage of overweight adults (≥ 18 years), Brazil, 2006-2021. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 11-3

Chart 11-4. – Percentage of adults with obesity (≥ 18 years), Brazil, 2006-2021. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 11-4

Table 12-5. – Number of deaths and specific age-standardized mortality rates from cardiovascular diseases attributable to low level of physical activity, in 1990 and 2019, per age group, and percent change of rates, in Brazil.

Location 1990 2019 Percent change (95% UI)
Number (95% UI) Rate (95% UI) Number (95% UI) Rate (95% UI)
25-29 years 70.1(15.4;160) 0.5(0.1;1.2) 49.6(9.1;114.2) 0.3(0.1;0.7) -46.9%(-62.9;-32.5)
30-34 years 144.2(29.7;331) 1.3(0.3;3) 106(18.8;243.1) 0.6(0.1;1.4) -53.4%(-65.5;-36.5)
35-39 years 255.9(53.8;581.2) 2.7(0.6;6.1) 213(39.8;479) 1.2(0.2;2.7) -55%(-65.9;-39.6)
40-44 years 363.9(81.8;823.1) 4.7(1.1;10.6) 340.6(68.9;754.6) 2.2(0.4;4.8) -53.8%(-65.6;-40.3)
45-49 years 572.8(147;1240.9) 9.3(2.4;20.2) 595.2(135.9;1311.9) 4.4(1;9.6) -53.3%(-64.2;-39.8)
50-54 years 794.9(214.2;1689.7) 15.4(4.1;32.7) 919.5(246.8;1976.8) 7.3(1.9;15.6) -52.9%(-62.5;-38.1)
55-59 years 960.9(285.4;1991.3) 22.5(6.7;46.6) 1269.9(367.5;2625.9) 11.3(3.3;23.4) -49.7%(-59.1;-35.1)
60-64 years 1380.4(441.6;2616.1) 38.6(12.4;73.2) 1871.2(624.5;3451.5) 20.2(6.8;37.3) -47.6%(-56.7;-32.5)
65-69 years 1633.8(586;3029.7) 61(21.9;113.2) 2468.2(965.3;4160.9) 34.3(13.4;57.8) -43.8%(-52.4;-23.8)
70-74 years 2083.2(884.8;3490.5) 110.1(46.8;184.5) 3348(1785;5150.2) 63.5(33.8;97.7) -42.3%(-51;-19.9)
75-79 years 2206.7(997.2;3495.6) 172.6(78;273.3) 3636.4(2179.2;5231.9) 101.9(61.1;146.6) -41%(-50;-16.8)
80+ years 6680.9(3508.8;10243.7) 630.9(331.4;967.4) 15411.3(9112.4;22314.1) 363(214.7;525.6) -42.5%(-49.8;-26.4)

UI: uncertainty interval . Source: Data derived from Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease (GBD) Cardiovascular Burden Estimates 1990 and 2021, Institute for Health Metrics and Evaluation, University of Washington. 48

Chart 12-2. – Frequency of adults aged ≥18 years who spent ≥3 hours daily of their leisure time watching television or using a computer, tablet, or cellular phone, in the Distrito Federal and capitals of the Brazilian states according to data from VIGITEL 2021. Data from the VIGITEL Brazil 2021. 252 .

Chart 12-2

Acknowledgment

We would like to thank Mrs. Daniele Gullo for her valuable assistance in carrying out this project and editing the manuscript.

Footnotes

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Ethics approval and consent to participate

This article does not contain any studies with human participants or animals performed by any of the authors.

Sources of Funding

There were no external funding sources for this study.


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