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. 2024 Jun 6;121(5):e20210352. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20210352
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Incidência de Complicações Cardiovasculares em Pacientes Pediátricos Tratados com Antraciclinas em um Centro Oncológico Brasileiro

Cristina Chaves dos Santos de Guerra 1,2,, Geisa Sant'Ana 2, Osório Luiz Rangel de Almeida 2
PMCID: PMC11216333  PMID: 38922271

Resumo

Fundamento:

A introdução das antraciclinas no tratamento do câncer infantojuvenil propiciou um aumento significativo na sobrevida, mas também nas taxas de morbimortalidade devido às complicações cardiovasculares (CVs).

Objetivos:

Conhecer o perfil cardiológico de pacientes pediátricos tratados com antraciclinas em um centro oncológico no Brasil e a incidência das complicações CVs.

Métodos:

Foram coletados, de prontuários de pacientes de ambos os sexos com idade até 19 anos – frequência e forma de apresentação clínica das complicações CVs Gerais (G1) e relacionadas à Disfunção Ventricular (G2) – e correlacionados com fatores de risco, faixa etária e estado vital, medicações cardiológicas e cardioprotetoras. Um valor de p < 0,05 foi considerado significativo.

Resultados:

Foram incluídos 326 pacientes, destes, 214 (65,6%) eram menores de 10 anos e 192 (58,89%) do sexo masculino. As complicações do G1 ocorreram em 141 (43,3%) pacientes e a mais frequente foi a hipertensão arterial sistêmica; as complicações do G2 ocorreram em 84 pacientes (25,76%). Uma Dose Cumulativa (DC) das antraciclinas > 250mg/m2 foi usada em 26,7% dos pacientes e a associação de complicações do G2 com essa DC não mostrou significância estatística (p=0,305; RC=1,330 e [95% IC= 0,770- 2,296]). As medicações cardiológicas mais usadas foram os diuréticos em 34,7% dos pacientes.

Conclusões:

O estudo mostrou, como na literatura, uma alta incidência de complicações CVs no tratamento do câncer infantojuvenil, sendo as do G1 as mais frequentes.

Palavras-chave: Cardiotoxicidade, Antraciclinas, Neoplasias, Criança, Tratamento Farmacológico

Introdução

Nas últimas décadas, a taxa de sobrevida após o tratamento do câncer infantojuvenil aumentou consideravelmente, cerca de 80%, principalmente pela introdução de novos protocolos terapêuticos.1,2 Contudo, devido aos efeitos adversos sobre o sistema cardiovascular (CV), houve um aumento na morbimortalidade de 8,4 vezes em sobreviventes.2,3

As complicações CVs podem levar a, pelo menos, uma internação em até 8,1% dos casos após o tratamento,1 com taxa de hospitalização 14 vezes maior em sobreviventes na primeira década de vida, comparada com adultos de 60 anos.1Essas complicações podem ser causadas por diferentes grupos de quimioterápicos e ter diferentes formas de apresentação.1,2 As alterações relacionadas à disfunção cardíaca estão mais frequentemente ligadas à toxicidade das antraciclinas ao cardiomiócito e à microvasculatura.4,5 Ela é causada principalmente pelo estresse oxidativo, com a formação do complexo ferro-antraciclina intracelular responsável pela geração dos radicais superóxidos e pela ação sobre a enzima topoisomerase 2β, sinalizando a necrose e a apoptose celular.4 O dexrazoxano, é um quelante de ferro que inibe a formação desses complexos quando administrado antes de cada dose de antraciclina, minimizando os efeitos cardiotóxicos, e é empregado com função cardioprotetora.47

A presença de disfunções cardíacas associadas ao quadro de insuficiência cardíaca foi descrita, pela primeira vez, como um efeito adverso das antraciclinas, em 1967, e a relação com a dose, em 1971, podendo se manifestar logo após a exposição ou anos depois do tratamento.2,3,5,8,9 Os estudos com análise retrospectiva de efeitos tardios em sobreviventes de tratamento de câncer foram as principais fontes para o conhecimento atual sobre a cardiotoxicidade dessas medicações.8,9

No Brasil, embora haja vários centros pediátricos de tratamento oncológico, ainda carecemos de dados estatísticos mais robustos sobre a incidência de complicações CVs nesta população. O objetivo deste estudo é conhecer o perfil cardiológico de pacientes oncológicos pediátricos que usaram antraciclinas em um centro oncológico brasileiro, identificando a frequência dessas alterações, os fatores de risco, e as formas clínicas de apresentação, para que essas informações possam auxiliar na formulação de futuras estratégias de prevenção e redução de danos.

Métodos

Delineamento do estudo

Este foi um estudo observacional, longitudinal, retrospectivo, descritivo e analítico, realizado por meio de pesquisa em prontuários físicos e eletrônicos. Realizou-se coleta de dados desde o início do tratamento dos pacientes, com os seguintes critérios de inclusão: ambos os sexos, com idade até 19 anos, portadores de doença neoplásica tratados com antraciclinas, com início de tratamento entre 2014 e 2018 e conclusão até 10 de abril de 2020. Os critérios de exclusão foram informações incompletas.

Esta pesquisa foi desenvolvida após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisas da nossa instituição conforme protocolo no 3.711.502.

Variáveis do estudo e coleta de dados

Foram consideradas as seguintes variáveis: idade ao diagnóstico; sexo; procedência; tipo de câncer e sua distribuição por faixa etária; complicações CV, uso de medicações cardiológicas e de dexrazoxano; relação das complicações CV com idade e estado vital (vivo/óbito); causas dos óbitos e avaliação cardiológica.

As complicações CVs foram divididas em dois grupos: Gerais (G1) e Disfunção Ventricular (G2). As complicações do G1 foram Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); derrame pericárdico; Fenômenos Tromboembólicos (FTE) venosos; alterações do ritmo; miocardite; endocardite; isquemia ou Infarto Agudo do Miocárdio (IAM); acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) por causas não relacionadas às antraciclinas.4,5,10 As complicações G2 foram cardiotoxicidade suspeita, determinada pela queda da Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) em 10 pontos em relação ao ecocardiograma basal e maior ou igual a 55%; disfunção diastólica de ventrículo direito (DD-VD); disfunção diastólica do ventrículo esquerdo (DD-VE); disfunção sistólica do VE (DS-VE) quando FEVE < 55% e percentual de encurtamento sistólico (%D < 28%).4,5 A % D e a FEVE foram avaliadas pelo ecocardiograma convencional, pelo modo M com método de Teichholz; e a função diastólica foi avaliada pelo Doppler pulsado e tecidual e pela análise do diâmetros do átrio esquerdo, por mais de um observador.

Os fatores de risco para cardiotoxicidade relacionados ao G2 avaliados foram idade; sexo feminino; Dose Cumulativa (DC) de antraciclinas maior que 250mg/m2; associação com outras drogas cardiotóxicas (ifosfamida e ciclofosfamida), radioterapia mediastinal ou torácica; presença de síndrome genética, e presença de cardiopatia congênita. A DC das antraciclinas foi convertida em doxorrubicina-equivalência.11

Análise estatística

Foram feitas análises descritivas e de associação. As variáveis qualitativas nominais e ordinais foram apresentadas por meio de frequência (n) e porcentagem (%). Foram avaliadas associações das complicações CVs relacionadas à faixa etária e ao estado vital; a média da idade ao diagnóstico foi descrita por média e desvio-padrão. As análises foram feitas por meio do teste qui-quadrado de Pearson com correção de continuidade (estado vital) e simulação de Monte Carlo (para faixa etária) quando necessário (ao menos uma célula tinha uma frequência esperada menor que 5). Para o estado vital, foi possível calcular a razão de chance para variáveis com duas categorias e na ausência de células iguais a zero. As análises dos dados foram realizadas no programa IBM SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 23, de 2015. O nível de significância utilizado em todo o estudo foi de 5%.

Resultados

Dos 826 pacientes admitidos, 444 (53,7%) usaram antraciclinas e, desses, 326 (73,4%) foram incluídos. A procedência foi determinada em 302 (92,6%) pacientes, sendo 155 (47,5%) residentes no Distrito Federal; a média da idade ao diagnóstico foi de 6,8 anos com desvio-padrão de 5,0 anos e houve predomínio do sexo masculino com 192 (58,9 %). A Tabela 1 resume os tipos de câncer por faixa etária.

Tabela 1. Tipo de câncer em diferentes faixas etárias.

Faixa etária ao diagnóstico Total
< 1 ano 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 19 anos
Tipo Leucemias n (%) 9 (39,13) 77 (63,64) 36 (51,43) 34 (39,08) 11 (44,00) 167 (51,23)
Linfomas n (%) 0 (00,00) 9 (7,44) 21 (30,00) 18 (20,69) 9 (36,00) 57 (17,48)
Tumor Renal n (%) 4 (17,39) 16 (13,22) 4 (5,71) 0 (0,00) 0 (0,00) 24 (7,36)
Neuroblastomas n (%) 8 (34,78) 11 (9,09) 1 (1,43) 2 (2,30) 0 (0,00) 22 (6,75)
Tumores hepáticos n (%) 0 (0,00) 3 (2,48) 2 (2,86) 2 (2,30) 0 (0,00) 7 (2,15)
Osteossarcomas n (%) 0 (0,00) 1 (0,83) 1 (1,43) 15 (17,24) 4 (16,00) 21 (6,44)
Sarcomas n (%) 2 (8,70) 4 (3,31) 5 (7,14) 12 (13,79) 1 (4,00) 24 (7,36)
Outros n (%) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 4 (4,60) 0 (0,00) 4 (1,23)
Total n 23 121 70 87 25 326
% 100 100 100 100 100 100

Complicações CV do G1

As complicações CVs do G1 ocorreram em 141 (43,3%) pacientes, sendo que em alguns houve mais de uma complicação. A HAS ocorreu em 50 (15,3%); derrame pericárdico em 48 (14,7%); FTE em 41 (12,57%); alteração do ritmo em 32 (9,8%); ICC com uso de drogas vasoativas em 25 (7,7%); miocardite em 4 (1,22%); endocardite em 4 (1,2%); isquemia com IAM em 1 (0,3%) e AVC em 1 (0,3%).

Complicações CV do G2 e associação com fatores de risco para cardiotoxicidade

As complicações CV do G2 ocorreram em 84 (25,8%) pacientes, sendo que em alguns houve mais de uma complicação. A suspeita da cardiotoxicidade ocorreu em 49 (15,0%); a DD-VD em 15 (4,6%); a DD-VE em 36 (11,0%); e a DS-VE em 24 (7,4%). Não se observou associação significativamente entre os fatores de risco para cardiotoxicidade e complicações do G2 (Tabela 2).

Tabela 2. Associação dos fatores de risco para cardiotoxicidade com complicações cardiovasculares do grupo G2 (disfunção ventricular).

Complicação cardiovascular do G2 Total
n (%)
p RC IC 95%
Não
n (%)
Sim
n (%)
< 5 anos Não 128 (52,89) 54 (64,29) 182 (55,83) 0,070 0,624 0,374 - 1,042
Sim 114 (47,11) 30 (35,71) 144 (44,17)
Sexo feminino Masculino 141 (58,26) 51 (60,71) 192 (58,90) 0,694 0,903 0,544 - 1,500
Feminino 101 (41,74) 33 (39,29) 134 (41,10)
Síndrome Genética Sim - S Down 8 (3,31) 1 (1,19) 9 (2,76) 0,561 - -
Sim - Outra 11 (4,55) 3 (3,57) 14 (4,29)
Não 223 (92,15) 80 (95,24) 303 (92,94)
Cardiopatia prévia Sim 11 (4,55) 3 (3,57) 14 (4,29) 0,947 1,286 0,350 - 4,724
Não 231 (95,45) 81 (96,43) 312 (95,71)
DC de antraciclinas Dose até 249 181 (74,79) 58 (69,05) 239 (73,31) 0,305 1,330 0,770 - 2,296
Dose > 250 61 (25,21) 26 (30,95) 87 (26,69)
Radioterapia Sim 19 (7,85) 5 (5,95) 24 (7,36) 0,566 1,346 0,486 - 3,726
Mediastinal/tórax Não 223 (92,15) 79 (94,05) 302 (92,64)
Outras Drogas cardiotóxicas Sim 147 (60,74) 61 (72,62) 208 (63,80) 0,051 0,583 0,338 - 1,006
Não 95 (39,26) 23 (27,38) 118 (36,20)
TOTAL 242 (100) 84 (100) 326 (100)

DC: dose cumulativa; RC: risco de chance (Oddis ratio); IC: intervalo de confiança.

Uso de drogas cardiológicas e de Dexrazoxano

As drogas cardiológicas mais utilizadas foram: diuréticos por 113 (34,7%) pacientes, anti-hipertensivos por 56 (17,2%) e drogas vasoativas por 54 (16,6%).

Dos 73 pacientes que usaram Dexrazoxano, 18 (24,7%) apresentaram as complicações do G2, e somente 36 (49,3%) usaram o cardioprotetor em 100% das doses de antraciclinas. Dos 253 pacientes que não usaram, 66 (26,08%) apresentaram complicações do G2. O uso da Dexrazoxano não mostrou associação significante com cardioproteção (p=0,806; RC=1,078 e [95% I.C.= 0,591-1,968]).

Complicações CVs do G1 e G2 e associação com faixa etária e estado vital

As complicações CV dos G1 e G2 ocorreram em 173 (53,1%) pacientes. A Tabela 3 resume a associação dessas complicações e a faixa etária ao diagnóstico, e a Tabela 4, a associação entre as complicações do G1 e G2 com estado vital

Tabela 3. Análise de associação das complicações cardiovasculares gerais (G1) e disfunção ventricular (G2) com faixa etária ao diagnóstico.

Faixa etária Total p*
< 1 ano
n (%)
1-4 anos
n (%)
5-9 anos
n (%)
10-14 anos
n (%)
15-19anos
n (%)
Alterações do ritmo Não 21 (91,3) 109 (90,1) 65 (92,9) 76 (87,4) 23 (92,0) 294 (90,2) 0,839
Sim 2 (8,7) 12 (9,9) 5 (7,1) 11 (12,6) 2 (8,0) 32 (9,8)
Miocardite Não 23 (100,0) 119 (98,3) 69 (98,6) 87 (100,0) 24 (96,0) 322 (98,8) 0,553
Sim 0 (0,0) 2 (1,7) 1 (1,4) 0 (0,0) 1 (4,0) 4 (1,2)
Isquemia- IAM Não 23 (100,0) 121 (100,0) 70 (100,0) 87 (100,0) 24 (96,0) 325 (99,7) 0,143
Sim 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (4,0) 1 (0,3)
HAS Não 15 (65,2) 104 (85,9) 58 (82,9) 77 (88,5) 22 (88,0) 276 (84,7) 0,080
Sim 8 (34,8) 17 (14,1) 12 (17,1) 10 (11,5) 3 (12,0) 50 (15,3)
FTE com cateter Não 23 (100,0) 118 (97,5) 66 (94,3) 83 (95,4) 24 (96,0) 314 (96,3) 0,696
Sim 0 (0,00) 3 (2,5) 4 (5,7) 4 (4,6) 1 (4,0) 12 (3,7)
FTE sem cateter Não 21 (91,3) 113 (93,4) 63 (90,0) 79 (90,8) 21 (84,0) 297 (91,1) 0,672
Sim 2 (8,7) 8 (6,6) 7 (10,0) 8 (9,2) 4 (16,0) 29 (8,9)
DP sem antraciclinas Não 22 (95,6) 113 (93,4) 64 (91,4) 82 (94,3) 20 (80,0) 301 (92,3) 0,163
Sim 1 (4,4) 8 (6,6) 6 (8,6) 5 (5,7) 5 (20,0) 25 (7,7)
DP com antraciclinas Não 22 (95,6) 112 (92,6) 69 (98,6) 81 (93,1) 23 (92,0) 307 (94,2) 0,481
Sim 1 (4,4) 9 (7,4) 1 (1,4) 6 (6,9) 2 (8,0) 19 (5,8)
DP com drenagem Não 22 (95,6) 121 (100,0) 70 (100,0) 84 (96,5) 25 (100,0) 322 (98,8) 0,073
Sim 1 (4,4) 0 (0,0) 0 (0,0) 3 (3,5) 0 (0,0) 4 (1,2)
AVC Não 22 (95,6) 121 (100,0) 70 (100,0) 87 (100,0) 25 (100,0) 325 (99,7) 0,069
Sim 1 (4,5) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (0,3)
ICC com DVA Não 17 (73,9) 113 (93,4) 66 (94,3) 82 (94,3) 23 (92,0) 301 (92,3) 0,019
Sim 6 (26,1) 8 (6,6) 4 (5,7) 5 (5,7) 2 (8,0) 25 (7,7)
Endocardite Não 22 (95,6) 120 (99,2) 69 (98,6) 86 (98,8) 25 (100,0) 322 (98,8) 0,740
Sim 1 (4,4) 1 (0,8) 1 (1,4) 1 (1,2) 0 (0,0) 4 (1,2)
DD-VD Não 22 (95,6) 117 (96,7) 68 (97,1) 81 (93,1) 23 (92,0) 311 (95,4) 0,622
Sim 1 (4,4) 4 (3,3) 2 (2,9) 6 (6,9) 2 (8,0) 15 (4,6)
Cardiotoxicidade suspeita Não 19 (82,6) 108 (89,3) 56 (80,0) 74 (85,1) 20 (80,0) 277 (85,0) 0,458
Sim 4 (17,4) 13 (10,7) 14 (20,0) 13 (14,9) 5 (20,0) 49 (15,0)
DD-VE Não 20 (87,0) 110 (90,9) 63 (90,0) 74 (85,1) 23 (92,0) 290 (89,0)
Sim DC=0 1 (4,3) 3 (2,5) 0 (0,0) 6 (6,9) 1 (4,0) 11 (3,4) 0,766
Sim DC<250 2 (8,7) 6 (5,0) 6 (8,6) 6 (6,9) 1 (4,0) 21 (6,4)
Sim DC>250 0 (0,0) 2 (1,6) 1 (1,4) 1 (1,1) 0 (0,0) 4 (1,2)
DS-VE Não 23 (100,0) 118 (97,5) 63 (90,0) 78 (89,6) 20 (80,0) 302 (92,7)
Sim DC=0 0 (00,0) 0 (00,00) 0 (00,0) 4 (4,6) 0 (00,0) 4 (1,2) 0,009
Sim DC<250 0 (00,0) 1 (0,8) 6 (8,6) 4 (4,6) 3 (12,0) 14 (4,3)
Sim DC>250 0 (0,0) 2 (1,7) 1 (1,4) 1 (1,2) 2 (8,0) 6 (1,8)
TOTAL 23 (100) 121 (100) 70 (100) 87 (100) 25 (100) 326 (100)

IAM: infarto agudo do miocárdio; HAS: hipertensão arterial sistêmica; FTE: fenômenos tromboembólicos; DP: derrame pericárdico; AVC: acidente vascular cerebral; ICC com DVA: insuficiência cardíaca com uso de drogas vasoativas; DD-VD: disfunção diastólica de ventrículo direito; DD-VE: disfunção diastólica de ventrículo esquerdo; DS-VE: disfunção sistólica de ventrículo esquerdo, DC: dose cumulativa;

*

Nível de significância de 5%.

Tabela 4. Análise de associação das complicações cardiovasculares gerais (G1) e disfunção ventricular (G2) com estado vital.

Estado Vital Óbito n (%) p* RC IC 95%
Total n (%) Vivo n (%)
Alterações do ritmo Não 210 (89,36) 84 (92,31) 294 (90,18) 0,423 0,700 0,292 - 1,680
Sim 25 (10,64) 7 (7,69) 32 (9,82)
Miocardite Não 234 (99,57) 88 (96,70) 322 (98,77) 0,121 7,977 0,819 - 77,711
Sim 1 (0,43) 3 (3,30) 4 (1,23)
Isquemia- IAM Não 235 (100,00) 90 (98,90) 325 (99,69) 0,622 - -
Sim 0 (0,00) 1 (1,10) 1 (0,31)
HAS Não 210 (89,36) 66 (72,53) 276 (84,66) <0,001 3,182 1,712 - 5,912
Sim 25 (10,64) 25 (27,47) 50 (15,34)
FTE com cateter Não 227 (96,60) 87 (95,60) 314 (96,32) 0,921 1,305 0,383 - 4,443
Sim 8 (3,40) 4 (4,40) 12 (3,68)
FTE sem cateter Não 216 (91,91) 81 (89,01) 297 (91,10) 0,409 1,404 0,626 - 3,146
Sim 19 (8,09) 10 (10,99) 29 (8,90)
DP sem
antraciclinas
Não 220 (93,62) 81 (89,01) 301 (92,33) 0,161 1,811 0,782 - 4,193
Sim 15 (6,38) 10 (10,99) 25 (7,67)
DP com antraciclinas Não 226 (96,17) 81 (89,01) 307 (94,17) 0,013 3,100 1,216 - 7,902
Sim 9 (3,83) 10 (10,99) 19 (5,83)
DP com drenagem Não 234 (99,57) 88 (96,70) 322 (98,77) 0,121 7,977 0,819 - 77,711
Sim 1 (0,43) 3 (3,30) 4 (1,23)
AVC Não 234 (99,57) 91 (100,00) 325 (99,69) 1,000 - -
Sim 1 (0,43) 0 (0,00) 1 (0,31)
ICC com DVA Não 225 (95,74) 76 (83,52) 301 (92,33) <0,001 4,441 1,915 - 10,300
Sim 10 (4,26) 15 (16,48) 25 (7,67)
Endocardite Não 232 (98,72) 90 (98,90) 322 (98,77) 1,000 0,859 0,088 - 8,369
Sim 3 (1,28) 1 (1,10) 4 (1,23)
DD-VD Não 227 (96,60) 84 (92,31) 311 (95,40) 0,173 2,365 0,832 - 6,722
Sim 8 (3,40) 7 (7,69) 15 (4,60)
Cardiotoxicidade subclínica Não 195 (82,98) 82 (90,11) 277 (84,97) 0,106 0,535 0,248 - 1,153
Sim 40 (17,02) 9 (9,89) 49 (15,03)
DD-VE Não 211 (89,79) 79 (86,81) 290 (88,96) 0,676 - -
Sim DC=0 6 (2,55) 5 (5,49) 11 (3,37)
Sim DC<250 15 (6,38) 6 (6,59) 21 (6,44)
Sim DC>250 3 (1,28) 1 (1,10) 4 (1,23)
DS-VE Não 219 (93,19) 83 (91,21) 302 (92,64) 0,757 - -
Sim DC=0 3 (1,28) 1 (1,10) 4 (1,23)
Sim DC<250 10 (4,26) 4 (4,40) 14 (4,29)
Sim DC>250 3 (1,28) 3 (3,30) 6 (1,84)
TOTAL 235 (100) 91 (100) 326 (100)

IAM: infarto agudo do miocárdio; HAS: hipertensão arterial sistêmica; FTE: fenômenos tromboembólicos; DP: derrame pericárdico; AVC: acidente vascular cerebral; ICC com DVA: insuficiência cardíaca com uso de drogas vasoativas; DD-VD: disfunção diastólica de ventrículo direito; DD-VE: disfunção diastólica de ventrículo esquerdo; DS-VE: disfunção sistólica de ventrículo esquerdo; DC: dose cumulativa;

*

Nível de significância de 5%.

Causas de óbitos

Foram a óbito 91 (27,91%) pacientes. O tempo médio até o óbito foi 17 meses, as causas foram recorrência e/ou progressão da doença em 57 (62,6%) pacientes, doenças infecciosas e/ou parasitárias em 16 (17,6%), insuficiência respiratória aguda em oito (8,8%), doença CV em cinco (5,5%), e outras em cinco (5,5%).

Avaliação cardiológica

Realizaram consulta cardiológica pediátrica 216 pacientes (66.3%) e 318 ecocardiograma (97,54%). A Figura 1A e B resume a porcentagem de pacientes que compareceram na primeira consulta e que realizaram o ecocardiograma antes da primeira dose de antraciclinas.

Figura 1. A) Primeira consulta x primeira dose de antraciclinas. B) Primeiro ecocardiograma x primeira dose de antraciclinas.

Figura 1

Discussão

As antraciclinas são empregadas em mais de 50% dos tratamentos de câncer infantojuvenil.12

Segundo o Ministério da Saúde, existem 317 unidades habilitadas para o tratamento de câncer no Brasil;13 mesmo assim, aproximadamente 50% dos pacientes do estudo não residiam no Distrito Federal.

Em concordância com a literatura, houve predominância em crianças de até quatro anos de idade e do sexo masculino (Tabela 1).1416 Além disso, predominaram as leucemias (Tabela 1) que correspondem a 33% de todos os cânceres na faixa etária entre 0 e 14 anos.17,18

Durante e após o tratamento, diversas complicações CV podem ocorrer, com diferentes formas de apresentação clínica e gravidade3,10,19(Tabelas 3 e 4), podendo ocorrer antes do uso das antraciclinas nas leucemias.20,21

Segundo a literatura, durante o tratamento do câncer infantojuvenil, as alterações CVs são as complicações mais frequentes não relacionadas ao tumor, que podem contribuir para uma maior morbimortalidade precoce na vida adulta. Apesar disso, não dispomos de dados estatísticos robustos da incidência dessas complicações nessa população em território brasileiro, podendo dar/ a impressão de que essas alterações não estão presentes em nossa realidade. A pesquisa constatou, como descrito na literatura, que as complicações CVs foram frequentes, mas, para nossa surpresa, as mais prevalentes foram as não relacionadas à disfunção ventricular. Assim, essas formas de apresentação devem ser consideradas na formulação das estratégias de prevenção.

As Tabelas 3 e 4 resumem a frequência das complicações CVs, sendo a HAS a mais prevalente, provavelmente relacionada ao emprego de glicocorticoides na fase de indução de alguns protocolos, e isso pode explicar por que as drogas mais usadas foram os diuréticos e anti-hipertensivos.22 O derrame pericárdico pode ocorrer em até 21% dos pacientes;4 no estudo, essa foi a segunda complicação CV mais comum, ocorrendo mesmo antes do uso das antraciclinas. Os FTE venosos corresponderam à terceira complicação CV mais frequente, podendo ocorrer pela presença de acesso venoso de longa permanência ou pelo efeito trombogênico das células tumorais, com incidência de até 20% em pacientes adultos hospitalizados e 8% nas crianças.35 A incidência das alterações do ritmo cardíaco pode estar subestimada devido a não realização de método diagnóstico de rotina; a incidência descrita é de até 38%.4 A ICC por outras causas, com uso de drogas vasoativas, ocupou o quinto lugar no estudo, e isso pode ocorrer devido à sobrecarga volêmica, imunossupressão que favorece quadros infecciosos com disfunção miocárdica transitória e/ou choque séptico.23

O dano miocárdico subclínico pode ocorrer com a FEVE e a % D ainda normais que, quando alteradas, esse dano já seria irreversível.5,2427 Com a intenção de aplicar métodos mais sensíveis, novas técnicas vêm sendo empregadas, entre elas está o Strain Longitudinal Global Longitudinal (SLG) para diagnóstico de disfunção subclínica com alta sensibilidade.5,2427

No estudo, as complicações CV ocorreram em mais de 50% dos pacientes, e sabemos que dois de cada três sobreviventes podem ter alguma complicação cardiovascular até 30 anos após o tratamento oncológico.4,28

Na avaliação da associação dos fatores de risco com complicações CV do G2 (Tabela 2), a DC> 250mg/m2 não demonstrou significância, apesar de esse ser o principal fator de risco para cardiotoxicidade do G23,29e de quase 2/3 dos pacientes terem utilizado DC< 250mg/m2. As complicações CV do G2 não foram infrequentes (Tabelas 3 e 4), demonstrando que não existe dose segura, como também foi evidenciada a presença de alterações subclínicas pelo ecocardiograma com dose de antraciclinas de 100 mg/m2.2

Em estudos controlados em que o Dexrazoxano foi utilizado em todas as doses de antraciclinas, foi demonstrada a cardioproteção em relação ao grupo controle.2,6,7 Em nossas observações, o uso de Dexrazoxano não demonstrou significância estatística para cardioproteção, o que pode ser explicado pelo fato de que mais de 50% dos pacientes não utilizaram o cardioprotetor em todas as doses de antraciclinas conforme recomendações, sendo este um viés do nosso trabalho.30

Como mostrado na Tabela 3, ICC com uso de drogas vasoativas apresentou associação significativa com idade inferior a um ano, o que pode ser explicado pela imaturidade do sistema CV e a sensibilidade relativa das células mais jovens à quimioterapia.4 Ainda, a DS-VE associou-se significativamente com idade maior que 15 anos, o que pode ser explicado pela predominância de tumores que usam altas DC de antraciclinas.17 Na Tabela 4, apresentaram associação significativa com óbito – HAS, derrame pericárdico após início das antraciclinas e ICC com DVA – contudo, concordando com a literatura, no estudo, a recorrência com progressão da doença subjacente foi a principal causa de óbito.1

As complicações CVs são as complicações mais frequentes relacionadas ao tratamento antineoplásico são as CV. A avaliação cardiológica desde as fases iniciais do tratamento para estratificação de risco, a aplicação de protocolos de seguimento e a implementação de medidas preventivas são de fundamental importância.3,5 No estudo, cerca de 80% dos pacientes realizaram ecocardiograma antes do uso de antraciclinas, o mesmo não ocorreu em relação às consultas cardiológicas (Figura 1).

Este estudo apresenta algumas limitações a serem consideradas. O desenho retrospectivo e unicêntrico expõe o viés de informação e a inabilidade para controlar variáveis de confusão, (falta de informação). Assim, informações das complicações CVs poderiam estar subestimadas ao realizar avaliação ecocardiográfica com modo M (Teichholz), sendo que as recomendações orientam para avaliação volumétrica do ventrículo esquerdo (Simpson biplanar). No período estudado, a falta de outros métodos que auxiliam no diagnóstico de alterações subclínicas da função ventricular, como o ecocardiograma com strain, avaliação dos biomarcadores de lesão miocárdica, assim como a realização rotineira do eletrocardiograma, pode ter subestimado a incidência das complicações do G2 e de alterações do ritmo cardíaco.

Conclusões

Embora as complicações CVs relacionadas à disfunção ventricular sejam as mais graves, mais temidas e mais estudadas, o presente estudo mostrou que as gerais foram mais frequentes, denotando a necessidade dessas formas de apresentação serem incluídas nas estratégias de monitoramento e prevenção.

A alta DC de antraciclinas é o principal fator de risco para cardiotoxicidade relacionada à disfunção ventricular, mas não existe dose segura. O estudo reforça esse entendimento uma vez que 73,3% dos pacientes usaram DC < 250mg/m2 e mesmo assim essas complicações ocorreram em um de cada quatro pacientes.

Apesar das limitações, o estudo oportunizou um primeiro levantamento, já que existe uma escassez de trabalhos brasileiros publicados com análises das alterações CVs durante o tratamento quimioterápico na população infantojuvenil. Porém, o cenário clínico aqui apresentado certamente reproduz a realidade de outros centros de tratamento do câncer. Por isso, esperamos chamar a atenção para a necessidade do reconhecimento in loco das reais demandas, buscando instituir estratégias para o aprimoramento dos pontos fortes e o ajuste das deficiências identificadas.

Os dados encontrados neste estudo enfatizam a importância de uma parceria entre oncologistas e cardiologistas com formulação de estratégias de prevenção, diagnóstico, terapia precoce otimizada das diferentes formas de apresentação de cardiotoxicidade. Isso possibilitaria a continuidade do tratamento, uma melhor qualidade de vida futura, e uma redução das taxas de morbimortalidade.

Footnotes

Fontes de financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Vinculação acadêmica

Este artigo é parte de dissertação de mestrado de Cristina Chaves dos Santos de Guerra pela Escola Superior em Ciências da Saúde.

Aprovação ética e consentimento informado

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde sob o número de protocolo 4.185.55. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013.

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Incidence of Cardiovascular Complications in Pediatric Patients Treated with Anthracyclines at a Brazilian Cancer Center

Cristina Chaves dos Santos de Guerra 1,2,, Geisa Sant'Ana 2, Osório Luiz Rangel de Almeida 2

Abstract

Background:

The introduction of anthracyclines in the treatment of children and adolescents with cancer has promoted a significant increase in survival, but also in morbidity and mortality rates due to cardiovascular (CV) complications.

Objectives:

To determine the cardiovascular profile of pediatric patients treated with anthracyclines at a cancer center in Brazil and the incidence of CV complications.

Methods:

The following data were collected from the medical records of patients of both sexes, aged younger than 19 years – frequency and form of clinical presentation of general CV complications (G1) and CV complications related to ventricular dysfunction (G2) – and correlated with risk factors, age range and vital status, cardiovascular and cardioprotective medications. A p<0.05 was considered statistically significant.

Results:

A total of 326 patients were included, 214 (65.6%) were younger than 10 years and 192 (58.9%) of male sex. G1 complications occurred in 141 (43.3%) patients, and the most frequent was systemic arterial hypertension; G2 complications occurred in 84 patients (25.8%). Cumulative dose (CD) of anthracyclines > 250mg/m2 was used in 26.7% of patients and the association of G2 complications with this CD was not statistically significant (p=0.305; OR=1.330 and [95% CI = 0.770- 2.296]). The most used cardiac medications were diuretics (34.7% of patients).

Conclusions:

In accordance with literature, the study showed a high incidence of CV complications in the treatment of children and adolescents with cancer, with general CV complications as the most prevalent.

Keywords: Cardiotoxicity, Anthracyclines, Neoplasms, Child, Drug Therapy

Introduction

In the last decades, survival rates of children and adolescents after cancer treatment have considerably increased (approximately 80¨%), mainly with the introduction of new therapeutical protocols.1,2 However, due to the adverse effects of the therapy on the cardiovascular (CV) system, there was an 8.4- time increase in morbidity and mortality among survivors.2,3

At least one hospitalization is caused by CV complications in up to 8.1% of patients in the post-treatment,1 and hospitalization rates are 14 times higher in survivors in the first decade of life as compared with adults older than 60 years.1 These complications may be caused by different chemotherapy agents and may have different presentations.1,2 Changes related to cardiac dysfunction are more frequently linked to anthracycline cardiotoxicity, which leads to myocardial and microvascular damage.4,5 It is mainly caused by oxidative stress, with formation of intracellular anthracycline-iron complexes, which are responsible for the generation of superoxide radicals, and by the effect of anthracyclines on topoisomerase 2β, thereby signaling apoptosis and necrosis.4 Dexrazoxane is an iron chelator that inhibits the formation of these complexes when administered prior to each dose of anthracycline, minimizing its cardiotoxic effects, and hence used with a cardioprotective function.47

The presence of cardiac dysfunction associated with heart failure was first described as an adverse event of anthracyclines in 1967, and the relationship with the dose in 1971; this may manifest either early, immediately after exposure, or late, years after treatment.2,3,5,8,9 Studies with retrospective analysis of late effects in cancer treatment survivors were the main source of current knowledge about cardiotoxicity of these drugs.8,9

In Brazil, although there are several pediatric cancer centers, there are still few statistical data on the incidence of CV complications in this population. The aim of this study was to describe the CV profile of pediatric oncologic patients treated with anthracyclines at a cancer center, identifying the frequency of these complications, risk factors, and clinical presentations. This information would help in the development of strategies for prevention and reduction of damage.

Methods

Study design

This was an observational, longitudinal, retrospective, descriptive and analytical study, with review of electronic and paper medical records. Data were collected from the beginning of treatment; the following inclusion criteria were used: patients of both sexes, aged less than 19 years, with neoplastic disease and treated with anthracyclines, with the onset of treatment between 2014 and 2018 and end of treatment before April 10, 2020. Patients with missing data were excluded.

The study was approved by the ethics committee of our institution (approval number 3.711.502).

Variables and data collection

The following variables were considered for analysis: age at diagnosis, sex, place of origin, type of cancer and its distribution by age range, CV complications, use of cardiovascular medications, use of dexrazoxane, relationship of CV complications with age and vital status (alive/dead), cause of death, and cardiac assessment.

CV complications were divided into two groups – general complications (G1) and ventricular dysfunction (G2). G1 were systemic arterial hypertension (SAH), pericardial effusion, venous thromboembolic events (TEE), rhythm disturbances, myocarditis, endocarditis, ischemia or acute myocardial infarction (AMI), cerebrovascular accident (CVA), and congestive heart failure (CHF) due to causes unrelated to anthracyclines.4,5,10 G2 were defined as suspected cardiotoxicity, determined by a reduction in the left ventricular ejection fraction (LVEF) by 10 points in comparison with baseline echocardiogram and greater than or equal to 55%; right ventricular diastolic dysfunction (RVDD); left ventricular diastolic dysfunction (LVDD); left ventricular systolic dysfunction (LVSD) with LVEF < 55% and systolic fractional shortening (FS < 28%).4,5 Both FS and LVEF were assessed by conventional M-mode echocardiography, using the Teichholz formula; and diastolic function was assessed by pulsed tissue Doppler imaging, by analysis of left atrial diameter, made by two observers.

The following risk factors for cardiotoxicity, related to G2, were evaluated: age, female sex, cumulative dose (CD) of anthracyclines greater than 250mg/m2, association with other cardiotoxic drugs (iphosphamide and cyclophosphamide), mediastinal or thoracic radiotherapy, presence of genetic syndrome, and presence of congenital heart disease. The CD of anthracyclines was converted into doxorubicin equivalent.11

Statistical analysis

Descriptive and association analyses were performed. Qualitative nominal and ordinal variables were described as frequency (n) and percentage (%). Associations of CV complications related to age and vital status were assessed; mean age at diagnosis was described as mean and standard deviation. For these analyses, Pearson's chi-square test with continuity correction (vital status) was used, as well as Monte Carlo simulation (for age range), as appropriate (at least one cell had an expected cell count less than 5). For vital status, odds ratio was calculated for variables with two categories and in the absence of zero cell count. Statistical analysis was performed using the IBM SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) software 23 (2015). Statistical analysis was set at 5%.

Results

Of the 826 patients admitted, 444 (53.7%) used anthracyclines and 326 of them (73.4%) were included. The place of origin of 302 patients (92.6%) was found in the medical records; 155 (47,5%) lived in the Federal District. Mean age at diagnosis was 6.85 ± 5.0 years, and most patients were men (n=192, 58.9%). Table 1 summarizes the types of cancer by age range.

Table 1. Type of cancer in different age ranges.

Age at diagnosis Total
< 1 year 1 – 4 years 5 – 9 years 10 – 14 years 15 – 19 years
Type Leukemias n (%) 9 (39.13) 77 (63.64) 36 (51.43) 34 (39.08) 11 (44.00) 167 (51.23)
Lymphomas n (%) 0 (00.00) 9 (7.44) 21 (30.00) 18 (20.69) 9 (36.00) 57 (17.48)
Renal tumor n (%) 4 (17.39) 16 (13.22) 4 (5.71) 0 (0.00) 0 (0.00) 24 (7.36)
Neuroblastomas n (%) 8 (34.78) 11 (9.09) 1 (1.43) 2 (2.30) 0 (0.00) 22 (6.75)
Liver tumor n (%) 0 (0.00) 3 (2.48) 2 (2.86) 2 (2.30) 0 (0.00) 7 (2.15)
Osteosarcomas n (%) 0 (0.00) 1 (0.83) 1 (1.43) 15 (17.24) 4 (16.00) 21 (6.44)
Sarcomas n (%) 2 (8.70) 4 (3.31) 5 (7.14) 12 (13.79) 1 (4.00) 24 (7.36)
Others n (%) 0 (0.00) 0 (0.00) 0 (0.00) 4 (4.60) 0 (0.00) 4 (1.23)
Total n 23 121 70 87 25 326
% 100 100 100 100 100 100

CV complications in the G1 group

In the G1 group, CV complications occurred in 141 (43.3%) patients, with more than one complication in some of them. SAH was observed in 50 patients (15.3%); pericardial effusion in 48 (14.7%); TEE in 41 (12.6%); abnormal heart rhythm in 32 (9.8%); CHF in 25 (7.7%) in patients using vasoactive drugs; myocarditis in four (1.2%); endocarditis in four (1.2%); ischemia with AMI in one (0.3%) and CVA in one (0.3%).

CV complications related to G2 (ventricular dysfunction) and their association with risk factors for cardiotoxicity

CV complications related to G2 were reported in 84 (25.8%) patients, with more than one complication in some patients. Cardiotoxicity was suspected in 49 (15.0%); RVDD in 15 (4.6%); LVDD in 36 (11.0%); and LVSD in 24 (7.4%). There was no statistically significant association between cardiotoxicity and G2 complications (Table 2).

Table 2. Association of risk factors for cardiotoxicity with cardiovascular (CV) complications in G2 (ventricular dysfunction).

CV complication in G2 Total
n (%)
p OR 95% CI
No
n (%)
Yes
n (%)
< 5 years No 128 (52.89) 54 (64.29) 182 (55.83) 0.070 0.624 0.374 - 1.042
Yes 114 (47.11) 30 (35.71) 144 (44.17)
Female sex Male 141 (58.26) 51 (60.71) 192 (58.90) 0.694 0.903 0.544 - 1.500
Female 101 (41.74) 33 (39.29) 134 (41.10)
Genetic syndrome Yes – Down
syndrome
8 (3.31) 1 (1.19) 9 (2.76) 0.561 - -
Yes – Others 11 (4.55) 3 (3.57) 14 (4.29)
No 223 (92.15) 80 (95.24) 303 (92.94)
Previous heart disease Yes 11 (4.55) 3 (3.57) 14 (4.29) 0.947 1.286 0.350 - 4.724
No 231 (95.45) 81 (96.43) 312 (95.71)
*CD of anthracyclines Dose ≤249 181 (74.79) 58 (69.05) 239 (73.31) 0.305 1.330 0.770 - 2.296
Dose > 250 61 (25.21) 26 (30.95) 87 (26.69)
Mediastinal / chest Yes 19 (7.85) 5 (5.95) 24 (7.36) 0.566 1.346 0.486 - 3.726
radiotherapy No 223 (92.15) 79 (94.05) 302 (92.64)
Other cardiotoxic drugs Yes 147 (60.74) 61 (72.62) 208 (63.80) 0.051 0.583 0.338 - 1.006
No 95 (39.26) 23 (27.38) 118 (36.20)
TOTAL 242 (100) 84 (100) 326 (100)

CD: cumulative dose; OR: odds ratio; CI: confidence interval.

Use of cardiovascular medications and dexrazoxane

The most used cardiovascular drugs were diuretics (n=113; 34.7%), followed by antihypertensives (n=56; 17.2%) and vasoactive drugs (n=54;16.6%).

Of 73 patients using dexrazoxane, 18 (24.7%) had G2 complications, and only 36 (49.3%) used cardioprotective agents in 100% of the anthracycline doses. Of the 253 patients that did not use cardioprotective agents for anthracyclines, 66 (26.1%) had G2 complications. The use of dexrazoxane was not significantly associated with cardioprotection (p=0.806; OR=1.078 and [95%CI = 0.591-1.968]).

CV complications in G1 and G2 and association with age and vital status

CV complications in G1 and G2 occurred in 173 (53.1%) patients. Table 3 summarizes the association of these complications and age at diagnosis, and associations of G1 and G2 complications with vital status are summarized in Table 4.

Table 3. Associations of general cardiovascular complications (G1) and ventricular dysfunction (G2) with age at diagnosis.

Faixa etária Total p*
< 1 year
n (%)
1-4 years
n (%)
5-9 years
n (%)
10-14 years
n (%)
15-19 years
n (%)
Heart rhythm changes No 21 (91.3) 109 (90.1) 65 (92.9) 76 (87.4) 23 (92.0) 294 (90.2) 0.839
Yes 2 (8.7) 12 (9.9) 5 (7.1) 11 (12.6) 2 (8.0) 32 (9.8)
Myocarditis No 23 (100.0) 119 (98.3) 69 (98.6) 87 (100.0) 24 (96.0) 322 (98.8) 0.553
Yes 0 (0.0) 2 (1.7) 1 (1.4) 0 (0.0) 1 (4.0) 4 (1.2)
Ischemia- AMI No 23 (100.0) 121 (100.0) 70 (100.0) 87 (100.0) 24 (96.0) 325 (99.7) 0.143
Yes 0 (0.0) 0 (0.0) 0 (0.0) 0 (0.0) 1 (4.0) 1 (0.3)
SAH No 15 (65.2) 104 (85.9) 58 (82.9) 77 (88.5) 22 (88.0) 276 (84.7) 0.080
Yes 8 (34.8) 17 (14.1) 12 (17.1) 10 (11.5) 3 (12.0) 50 (15.3)
TEE with catheter No 23 (100.0) 118 (97.5) 66 (94.3) 83 (95.4) 24 (96.0) 314 (96.3) 0.696
Yes 0 (0.00) 3 (2.5) 4 (5.7) 4 (4.6) 1 (4.0) 12 (3.7)
TEE without catheter No 21 (91.3) 113 (93.4) 63 (90.0) 79 (90.8) 21 (84.0) 297 (91.1) 0.672
Yes 2 (8.7) 8 (6.6) 7 (10.0) 8 (9.2) 4 (16.0) 29 (8.9)
PE without anthracyclines No 22 (95.6) 113 (93.4) 64 (91.4) 82 (94.3) 20 (80.0) 301 (92.3) 0.163
Yes 1 (4.4) 8 (6.6) 6 (8.6) 5 (5.7) 5 (20.0) 25 (7.7)
PE with anthracyclines No 22 (95.6) 112 (92.6) 69 (98.6) 81 (93.1) 23 (92.0) 307 (94.2) 0.481
Yes 1 (4.4) 9 (7.4) 1 (1.4) 6 (6.9) 2 (8.0) 19 (5.8)
PE with drainage No 22 (95.6) 121 (100.0) 70 (100.0) 84 (96.5) 25 (100.0) 322 (98.8) 0.073
Yes 1 (4.4) 0 (0.0) 0 (0.0) 3 (3.5) 0 (0.0) 4 (1.2)
CVA No 22 (95.6) 121 (100.0) 70 (100.0) 87 (100.0) 25 (100.0) 325 (99.7) 0.069
Yes 1 (4.5) 0 (0.0) 0 (0.0) 0 (0.0) 0 (0.0) 1 (0.3)
CHF with VAD No 17 (73.9) 113 (93.4) 66 (94.3) 82 (94.3) 23 (92.0) 301 (92.3) 0.019
Yes 6 (26.1) 8 (6.6) 4 (5.7) 5 (5.7) 2 (8.0) 25 (7.7)
Endocarditis No 22 (95.6) 120 (99.2) 69 (98.6) 86 (98.8) 25 (100.0) 322 (98.8) 0.740
Yes 1 (4.4) 1 (0.8) 1 (1.4) 1 (1.2) 0 (0.0) 4 (1.2)
RVDD No 22 (95.6) 117 (96.7) 68 (97.1) 81 (93.1) 23 (92.0) 311 (95.4) 0.622
Yes 1 (4.4) 4 (3.3) 2 (2.9) 6 (6.9) 2 (8.0) 15 (4.6)
Suspected cardiotoxicity No 19 (82.6) 108 (89.3) 56 (80.0) 74 (85.1) 20 (80.0) 277 (85.0) 0.458
Yes 4 (17.4) 13 (10.7) 14 (20.0) 13 (14.9) 5 (20.0) 49 (15.0)
LVDD No 20 (87.0) 110 (90.9) 63 (90.0) 74 (85.1) 23 (92.0) 290 (89.0)
Yes CD=0 1 (4.3) 3 (2.5) 0 (0.0) 6 (6.9) 1 (4.0) 11 (3.4) 0.766
Yes CD<250 2 (8.7) 6 (5.0) 6 (8.6) 6 (6.9) 1 (4.0) 21 (6.4)
Yes CD>250 0 (0.0) 2 (1.6) 1 (1.4) 1 (1.1) 0 (0.0) 4 (1.2)
LVSD No 23 (100.0) 118 (97.5) 63 (90.0) 78 (89.6) 20 (80.0) 302 (92.7)
Yes CD=0 0 (00.0) 0 (00.00) 0 (00.0) 4 (4.6) 0 (00.0) 4 (1.2) 0.009
Yes CD<250 0 (00.0) 1 (0.8) 6 (8.6) 4 (4.6) 3 (12.0) 14 (4.3)
Yes CD>250 0 (0.0) 2 (1.7) 1 (1.4) 1 (1.2) 2 (8.0) 6 (1.8)
TOTAL 23 (100) 121 (100) 70 (100) 87 (100) 25 (100) 326 (100)

AMI: acute myocardial infarction; SAH: systemic arterial hypertension; TEE: thromboembolic events; PE: pericardial effusion; CVA: cerebrovascular accident; CHF: congestive heart failure; VAD: vasoactive drugs; RVDD: right ventricular diastolic dysfunction; LVDD: left ventricular diastolic dysfunction; LVSD: left ventricular systolic dysfunction; CD: cumulative dose;

*

level of significance of 5%.

Table 4. Association of general cardiovascular complications (G1) and ventricular dysfunction (G2) with vital status.

Vital status Total n (%) p* OR 95%CI
Alive n (%) Dead n (%)
Heart rhythm changes No 210 (89.36) 84 (92.31) 294 (90.18) 0.423 0.700 0.292 - 1.680
Yes 25 (10.64) 7 (7.69) 32 (9.82)
Myocarditis No 234 (99.57) 88 (96.70) 322 (98.77) 0.121 7.977 0.819 - 77.711
Yes 1 (0.43) 3 (3.30) 4 (1.23)
Ischemia- AMI No 235 (100.00) 90 (98.90) 325 (99.69) 0.622 - -
Yes 0 (0.00) 1 (1.10) 1 (0.31)
SAH No 210 (89.36) 66 (72.53) 276 (84.66) <0.001 3.182 1.712 - 5.912
Yes 25 (10.64) 25 (27.47) 50 (15.34)
TEE with catheter No 227 (96.60) 87 (95.60) 314 (96.32) 0.921 1.305 0.383 - 4.443
Sim 8 (3.40) 4 (4.40) 12 (3.68)
TEE without catheter No 216 (91.91) 81 (89.01) 297 (91.10) 0.409 1.404 0.626 - 3.146
Sim 19 (8.09) 10 (10.99) 29 (8.90)
PE without anthracyclines No 220 (93.62) 81 (89.01) 301 (92.33) 0.161 1.811 0.782 - 4.193
Yes 15 (6.38) 10 (10.99) 25 (7.67)
PE with anthracyclines No 226 (96.17) 81 (89.01) 307 (94.17) 0.013 3.100 1.216 - 7.902
Yes 9 (3.83) 10 (10.99) 19 (5.83)
PE with drainage No 234 (99.57) 88 (96.70) 322 (98.77) 0.121 7.977 0.819 - 77.711
Yes 1 (0.43) 3 (3.30) 4 (1.23)
CVA No 234 (99.57) 91 (100.00) 325 (99.69) 1.000 - -
Yes 1 (0.43) 0 (0.00) 1 (0.31)
CHF with VAD No 225 (95.74) 76 (83.52) 301 (92.33) <0.001 4.441 1.915 - 10.300
Yes 10 (4.26) 15 (16.48) 25 (7.67)
Endocarditis No 232 (98.72) 90 (98.90) 322 (98.77) 1.000 0.859 0.088 - 8.369
Yes 3 (1.28) 1 (1.10) 4 (1.23)
LVDD No 227 (96.60) 84 (92.31) 311 (95.40) 0.173 2.365 0.832 - 6.722
Yes 8 (3.40) 7 (7.69) 15 (4.60)
Subclinical cardiotoxicity No 195 (82.98) 82 (90.11) 277 (84.97) 0.106 0.535 0.248 - 1.153
Yes 40 (17.02) 9 (9.89) 49 (15.03)
LVDD No 211 (89.79) 79 (86.81) 290 (88.96) 0.676 - -
Yes CD=0 6 (2.55) 5 (5.49) 11 (3.37)
Yes CD<250 15 (6.38) 6 (6.59) 21 (6.44)
Yes CD>250 3 (1.28) 1 (1.10) 4 (1.23)
LVSD No 219 (93.19) 83 (91.21) 302 (92.64) 0.757 - -
Yes CD=0 3 (1.28) 1 (1.10) 4 (1.23)
Yes CD<250 10 (4.26) 4 (4.40) 14 (4.29)
Yes CD>250 3 (1.28) 3 (3.30) 6 (1.84)
TOTAL 235 (100) 91 (100) 326 (100)

AMI: acute myocardial infarction; SAH: systemic arterial hypertension; TEE: thromboembolic events; PE: pericardial effusion; CVA: cerebrovascular accident; CHF: congestive heart failure; VAD: vasoactive drugs; RVDD: right ventricular diastolic dysfunction; LVDD: left ventricular diastolic dysfunction; LVSD: left ventricular systolic dysfunction; CD: cumulative dose;

*

level of significance of 5%.

Causes of death

Ninety-one (27.9%) patients died; mean time to death was 17 months, and the causes of death were disease recurrence or progression in 57 (62.6%) patients, infectious and/or parasitic disease in 16 (17.6%), acute respiratory failure in eight (8.8%), CV disease in five (5.5%), and others in five (5.5%).

Cardiovascular assessment

A total of 216 pediatric patients underwent cardiac assessment and 318 underwent echocardiography (8=97.5%). Figures 1A and B show the percentage of patients that attended the first visit and those who underwent echocardiography before the first dose of anthracycline.

Figure 1. A) First visit x first dose of anthracyclines. B) First echocardiogram x First dose of anthracyclines.

Figure 1

Discussion

Anthracyclines have been used in more than 50% of children and adolescents being treated for cancer.12

According to the Ministry of Health, there are 317 centers for the treatment of cancer in Brazil.13 Nearly 50% of our patients did not live in the Federal District.

In accordance with the literature, there was a predominance of children of male sex, and younger than four years old (Table 1).1416 In addition, leukemia was the most common neoplasm, corresponding to 33% of all cancers in the age range from 0 to 14 years.17,18

During and after treatment, several CV complications may occur, with different clinical presentations and severity3,10,19 (Tables 3 and 4), even before the use of anthracyclines in leukemias.20,21

According to the literature, during the treatment of cancer, CV abnormalities are the most common complications unrelated to the tumor, that may contribute to early morbidity and mortality in adulthood. Despite that, there is a lack of robust statistical data on the incidence of these complications in this population in Brazil, suggesting that these changes are not even present in the country. Our study showed, in line with the literature, that CV complications were common, but, to our surprise, the most prevalent were those unrelated to ventricular dysfunction. This finding indicates that this form of presentation should be considered in the formulation of preventive strategies.

Tables 3 and 4 describe the frequency of CV complications. SAH was the most prevalent and probably related to the use of glucocorticoids in the induction phase, which may explain why the most used drugs were diuretics and anti-hypertensive medications.22 Pericardial effusion may occur in up to 21% of patients;4 in the present study, this was the second most common CV complication, occurring even before the use of anthracyclines. Venous TEE were the third most common CV complication and was probably caused by the presence of long-term venous access or by the thrombogenic effect of tumor cells, with an incidence of up to 20% in in-hospital adult patients and 8% in children.35 The incidence of abnormal heart rhythm may be underestimated due to the non-performance of routine diagnostic methods; the incidence described in the literature is 38%.4 CHF due to other causes in patients using vasoactive drugs was the fifth most common complication and may be caused by fluid overload, which favors the development of infectious diseases, with transient myocardial dysfunction and/or septic shock.23

Subclinical myocardial injury may occur in the presence of normal LVEF and FS%, which if altered, the damage would be irreversible.5,2427 In search for more sensitive methods, new techniques have been used, including global longitudinal strain (GLS) for the diagnosis of subclinical dysfunction with high sensitivity.5,2427

In the present study, CV complications occurred in more than 50% of patients, and it is known that two out of three survivors may have late CV complications 30 years after cancer treatment.4,28

In the analysis of associations of risk factors with CV complications of G2 (Table 2), a CD > 250mg/m2 did not show statistical significance, although this was the main risk factor for cardiotoxicity of this group3,29 and almost two-thirds of patients had used a CD < 250mg/m2. CV complications were not uncommon in G2 (Tables 3 and 4), indicating that there is no safe dose, and subclinical changes were evidenced in the echocardiogram with doses of anthracyclines 100mg/m2.2

A cardioprotective effect of dexrazoxane as compared with control was demonstrated in controlled studies in which the drug was used prior to the administration of all doses of anthracyclines.2,6,7 In our observations, the use of dexrazoxane did not show statistical significance for cardioprotection, which may be explained by the fact that more than 50% of patients did not use the cardioprotective agent prior to all doses of anthracyclines as recommended, which was a bias of our study.30

As described in Table 3, CHF with vasoactive drugs showed a significant association with age less than one year, which may be explained by immaturity of the CV system and relative sensitivity of younger cells to chemotherapy.4 Also, LVSD was significantly associated with age less than 15 years, which may be due to the prevalence of tumors requiring high CD of anthracyclines.17 In Table 4, complications that showed significant association with death – SAH, pericardial effusion after initiation of anthracycline treatment, and CHF with vasoactive drugs – however, in accordance with literature, disease recurrence and progression was the main disease cause of death.1

CV complications are the most common complications related to antineoplastic treatment. Cardiac assessment since early stages of treatment, the use of follow-up protocols and preventive measures are of utmost importance.3,5 However, nearly 80% of patients underwent echocardiography before starting anthracycline, differently from the visits for cardiac assessment (Figure 1).

This study has limitations that should be considered. The retrospective and single-center design could cause information bias and lack of control of confounding variables (lack of information). Thus, information about CV complications may have been underestimated with the use of M-mode echocardiography (Teichholz formula), since it has been recommended the volumetric assessment of the left ventricle instead (Simpson's biplane method). In the study period, the lack of other methods that may help in the diagnosis of subclinical changes of ventricular function, such as echocardiography with strain imaging, assessment of biomarkers of myocardial injury, as well as routine echocardiography may have underestimated the incidence of G2 complications and abnormal cardiac rhythm.

Conclusions

Although CV complications related to ventricular dysfunction are the most severe, the most feared and the most studied ones, the present study showed that general complications are the most prevalent. This highlights the need to include these manifestations in the monitoring and preventive strategies.

High CD of anthracyclines is the main risk factor for cardiotoxicity related to ventricular dysfunction, but there is no safe dose. This study reinforces this knowledge, since although 73.3% of the patients used CD < 250mg/m2, one out of four patients had these complications.

Despite its limitations and based on the scarcity of published data on CV abnormalities in Brazilian children and adolescents undergoing chemotherapy treatment, this study makes a preliminary report on the subject. However, the clinical scenario here presented certainly reproduces the reality of other cancer centers. Thus, we hope to draw attention to the need for local identification of real demands, focusing on the development of strategies for the enhancement of strengths and correction of deficiencies.

Our findings highlight the importance of a partnership between oncologists and cardiologists in the development of strategies for prevention, diagnosis, optimal early therapy of different cardiotoxicity presentations. This would enable treatment continuity, better quality of life in the future, and reduction of morbidity and mortality rates.

Footnotes

Sources of Funding

There were no external funding sources for this study.

Study association

This article is part of the thesis of master submitted by Cristina Chaves dos Santos de Guerra, from Escola Superior em Ciências da Saúde.

Ethics approval and consent to participate

This study was approved by the Ethics Committee of the Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde under the protocol number 4.185.55. All the procedures in this study were in accordance with the 1975 Helsinki Declaration, updated in 2013.


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RESOURCES