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editorial
. 2025 Mar 12;60(1):1–2. doi: 10.1055/s-0045-1802355

SBOT Turns 90

Gilberto Luis Camanho 1,
PMCID: PMC11903114  PMID: 40084291

A group of doctors interested in a new specialty from general and pediatric surgery founded the Brazilian Orthopedic Society 90 years ago.

The only thing they had in common was the desire to share knowledge and ignorance about several aspects of the treatment and etiology of diseases and traumas affecting the musculoskeletal system.

Most had some training abroad in different places and had divergent orientations and conducts. They came together to start an inclusive institution, distinct from extractive institutions – terms used by the winners of the 2024 Nobel Prize in Economics to explain why some nations have prospered over the last few years (those with inclusive institutions) and others did not (those with extractive institutions).

The idea was to develop the new specialty, teach it, and disseminate its principles.

With this spirit, the Society developed despite a few disagreements between the founding leaders, always with the idea of teaching by creating new orthopedists in the various national centers.

In 1945, the first medical residency in Brazil was created in orthopedics and traumatology, based on the vision of Godoy Moreira, one of the precursors of the new specialty.

The world was going through one of the most changing times in history, with the emergence of communist doctrine and the reaction of the rest of humanity to it. Great revolutions were beginning in Europe (Germany, Italy, Spain, Russia), parallel to the Industrial Revolution, requiring new doctors capable of rehabilitating traumatized workers and those limited by its post-effects.

The multiplication of orthopedists was proportional to the advance of the specialty, driven by the scourge of World War II, with large-scale traumas and industrial accidents requiring a growing number of specialists. Locomotor system disorders resulting from viruses, such as polio and tuberculosis, created the need for developing specialists in the study of the treatment and rehabilitation of patients with severe limitations as sequelae of these diseases.

This outlined the future of orthopedics: treating and rehabilitating people with musculoskeletal system injuries.

The Brazilian Society of Orthopedics and Traumatology ( Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia [SBOT]) has seen significant development in several regions, especially in the Rio de Janeiro-São Paulo region: Pernambuco, Bahia, Goias, Minas Gerais, Parana, and Rio Grande do Sul were the first centers, but soon followed by other states teaching orthopedics and traumatology in their medical schools and sending their young doctors to specialize in centers already structured in the country. The specialty needed a publication to promote it; after unsuccessful attempts, the publication of Revista Brasileira de Ortopedia started to occur periodically in Minas Gerais, in 1966. Read and admired by current SBOT members, the journal promotes Brazilian orthopedics worldwide after its indexation in PubMed in 2015. The initial spirit of the founders, i.e., promoting the specialty by teaching it to young doctors, lives on.

In the 1970s, SBOT members, in addition to requiring a minimum of two years of supervised training, decided to create an exam to qualify those who deserved the title of orthopedist, giving rise to the Title of Specialist in Orthopedics and Traumatology ( Título de Especialista em Ortopedia e Traumatologia [TEOT]).

This SBOT exam evolved so much that it became an example for several specialties.

In the 1980s, knowledge, as a consequence of all this growth, required a division into areas of study, resulting in the rise of specialties within orthopedics. One by one, the specialties were born and developed like the original Society, always teaching to disseminate their knowledge.

Like branches of a tree that never separate from the trunk, a tree that Nicolas Andry used as a symbol of the specialty correcting pediatric deformities in the book Orthopedics or the Art of Correcting and Preventing Deformities in Children , from 1741, the specialties organized themselves.

After 90 years, disagreements, although rarer, persist, as does ignorance about some specialty areas. However, the drive to teach and disseminate information remains growing.

The first CBOT occurred in July 1936 and has been held ever since. This year marks the 57th SBOT meeting. The presidents continue to be elected by SBOT members and still perform their roles of teaching and keeping the unity of the specialty.

Today, SBOT has over 15,000 members and offers numerous modern instruction and teaching systems to them.

It recently opened an international standard training center and laid the cornerstone for a building that will house all its administrative and teaching activities.

I wonder if Rezende Puech, Achilles de Araujo, and Barros Lima would have imagined, in September 1935, that they were founding a society with such a future.

Footnotes

Conflito de Interesses O autor não tem conflito de interesses a declarar.

editorial Rev Bras Ortop (Sao Paulo). 2025 Mar 12;60(1):1–2. [Article in Portuguese]

SBOT faz 90 anos


Um grupo de médicos que se interessavam por uma especialidade nova, originária da cirurgia geral e da cirurgia pediátrica, fundaram há 90 anos a Sociedade Brasileira de Ortopedia.

A única coisa em comum entre eles era a vontade de compartilhar conhecimentos e a ignorância sobre vários aspectos do tratamento e da etiologia das doenças e dos traumas que afetam o sistema musculoesquelético.

A maioria, com alguma formação no exterior, em locais distintos, tinha orientações e condutas diferentes, e se uniu para iniciar uma instituição de caráter inclusivo, diferente das instituições de caráter extrativo – termos esses utilizados pelos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2024, para explicar porque algumas nações prosperaram ao longo dos últimos anos (as com instituições inclusivas) e outras não, (as com instituições extrativas).

A ideia era desenvolver a nova especialidade, ensinando-a e divulgando os seus princípios.

Com esse espírito, a sociedade desenvolveu-se, apesar de alguns desentendimentos entre os líderes fundadores, sempre com a ideia de ensinar formando novos ortopedistas nos diversos centros do país.

Já em 1945, criou-se a primeira residência médica do Brasil, que foi na área de ortopedia e traumatologia, baseada na visão de Godoy Moreira, um dos precursores da nova especialidade.

O mundo passava por um dos momentos de maiores mudanças na história, com o surgimento da doutrina comunista e a reação do resto da humanidade a tal doutrina. Grandes revoluções se iniciavam na Europa (Alemanha, Itália, Espanha, Rússia), paralelas à Revolução Industrial, que exigiam novos médicos capazes de recuperar os funcionários traumatizados e limitados pelas sequelas.

A multiplicação dos ortopedistas era na mesma proporção em que a especialidade avançava, impulsionada pelo flagelo da Segunda Guerra Mundial, os traumas de grande proporção e os acidentes industriais exigiram um aumento no número de especialistas. As doenças do aparelho locomotor provocadas por viroses, como a paralisia infantil e as infecções como a tuberculose, criaram a necessidade de um desenvolvimento dos especialistas no estudo do tratamento e da reabilitação dos pacientes seriamente limitados pelas sequelas dessas doenças.

Assim, desenhava-se o futuro da ortopedia: tratar e reabilitar pessoas com lesões no sistema musculoesquelético.

A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) teve grande desenvolvimento em várias regiões, destacando-se do eixo Rio-São Paulo: Pernambuco, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul foram os primeiros centros, mas logo foram seguidos por outros estados que ensinavam em suas escolas médicas, a ortopedia e a traumatologia, e enviavam seus jovens médicos para se especializar em centros já estruturados no país.

A especialidade precisava de um órgão de divulgação, e depois de tentativas infrutíferas a Revista Brasileira de Ortopedia , em 1966 nas Minas Gerais, começou a ser publicada com periodicidade. Lida e admirada pelos atuais sócios da SBOT é hoje uma revista que divulga a ortopedia brasileira no mundo, após a sua indexação no PubMed em 2015.

Aquele espírito inicial dos fundadores de divulgar a especialidade ensinando-a aos jovens médicos progredia.

Na década de 1970, os membros da SBOT, além da exigência de um período mínimo de dois anos de treinamento supervisionado, resolveram criar um exame para qualificar quem merecia ter o título de ortopedista e criou-se o Título de Especialista em Ortopedia e Traumatologia (TEOT).

Esse exame da SBOT evoluiu tanto que passou a ser um exemplo para várias especialidades.

Na década de 1980, o conhecimento, como consequência de todo este crescimento, exigiu uma divisão por áreas de estudo e então surgiram as especialidades dentro da ortopedia. Uma a uma, as especialidades foram nascendo e desenvolvendo-se, como a sociedade de origem, sempre ensinando para divulgar.

Como galhos de uma árvore que nunca se dissociaram do tronco, árvore essa que Nicolas Andry usou como símbolo da especialidade que corrigia deformidade em crianças, no livro Ortopedia ou a arte de corrigir e prevenir deformidades em crianças , de 1741, as especialidades foram se organizando.

Após 90 anos os desentendimentos, embora mais raros, persistem assim como a ignorância sobre algumas áreas da especialidade, mas o ímpeto de ensinar e divulgar progride intensamente.

O primeiro CBOT foi em julho de 1936 e os demais se sucederam ininterruptamente. Este ano, a SBOT realiza o de número 57, os presidentes continuam a ser eleitos, sempre pela escolha dos sócios, continuam a sua função de ensinar e manter a especialidade unida.

Hoje, a SBOT tem mais de 15.000 sócios e dispõe de vários sistemas modernos de instrução e ensino para os membros.

Recentemente, inaugurou um centro de treinamento de padrão internacional e lançou a pedra fundamental para um edifício que agregará todas as atividades, administrativas e de ensino.

Será que Rezende Puech, Achilles de Araujo e Barros Lima imaginaram, em setembro de 1935, que fundavam uma sociedade com tanto futuro?


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