RESUMO
O presente estudo utilizou dados da pesquisa TIC Domicílios, realizada em 2023 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br|NIC.br), para analisar o acesso à internet por mulheres no Brasil, assim como a realização de atividades on-line relacionadas à saúde (busca por informações de saúde, acesso a serviços digitais de governo e acesso a serviços públicos de saúde). Esses indicadores foram comparados quanto a grau de instrução, faixa etária, área de residência (urbana ou rural) e classe social. Os dados mostraram maior frequência de usuárias de internet entre mulheres jovens (95% com 10 a 15 anos e 96% com 16 a 24 anos), de classe social A (98%), residentes em área urbana (86%) e com ensino superior (97%). No entanto, houve menor frequência (56%) de usuárias idosas (60 anos ou mais), de classe social DE (73%), residentes em área rural (80%) e analfabetas ou com educação infantil (32%) no uso de internet e para todas as variáveis investigadas, exceto a utilização de serviços públicos on-line, que permaneceu baixa em todas as categorias. Os resultados demonstram que as mulheres em maior situação de vulnerabilidade social e econômica (baixa renda, residência em áreas rurais ou baixa escolaridade) enfrentam maiores barreiras para acessar serviços de saúde digital. Recomenda-se que políticas públicas de inclusão e governo digital considerem essas disparidades, promovendo maior acesso à internet e outras tecnologias para as mulheres, o que pode ampliar seu acesso a cuidados de saúde.
Palavras-chave: Saúde digital, equidade de gênero, mulheres, inclusão digital, Brasil
ABSTRACT
The present study used data from the 2023 ICT Households Survey conducted by the Regional Center for Studies on the Development of the Information Society (Cetic.br|NIC.br) to analyze internet access among women in Brazil, as well as their engagement in online health-related activities (searching for health information, accessing government digital services, and using public health services). These indicators were compared based on education level, age, area of residence (urban or rural), and social class. The data revealed higher internet usage rates among young women (95% for ages 10–15 and 96% for ages 16–24), those in social class A, the highest social class bracket (98%), urban residents (86%), and women with higher education (97%). In turn, lower usage rates were observed among older women (56% for ages 60 or older), those in social class DE (73%), rural residents (80%), and women with no formal education or only preschool education (32%). This was observed across all variables investigated, except for the use of public online services, which was low across all categories. The results highlight that women facing greater social and economic vulnerability (low income, rural residence, or low educational attainment) face significant barriers to accessing digital health services. It is recommended that public policies on inclusion and digital governance address these disparities by promoting greater access to the internet and other technologies for women, which could enhance their access to healthcare services.
Keywords: Digital health, gender equity, women, digital inclusion, Brazil
RESUMEN
En este estudio se utilizaron datos de la encuesta TIC Hogares, realizada en el 2023 por el Centro Regional de Estudios para el Desarrollo de la Sociedad de la Información (Cetic.br|NIC.br, por su sigla en portugués), para analizar el acceso a internet por parte de las mujeres en Brasil, así como las actividades en línea relacionadas con la salud (búsqueda de información sobre salud, acceso a servicios digitales gubernamentales y acceso a servicios de salud pública). Estos indicadores se compararon en función del nivel de escolaridad, el grupo etario, la zona de residencia (urbana o rural) y la clase social. Los datos mostraron una mayor frecuencia de usuarias de internet en el caso de las mujeres jóvenes (95% de 10 a 15 años y 96% de 16 a 24 años), de clase social A (98%), residentes en zonas urbanas (86%) y con estudios de educación superior (97%). Sin embargo, hubo una menor frecuencia (56%) de usuarias adultas mayores (60 años o más), de clase social DE (73%), que viven en zonas rurales (80%) y que son analfabetas o que solo han recibido educación inicial (32%) sobre el uso de internet y para todas las variables investigadas, con la excepción del uso de servicios públicos en línea, que se mantuvo baja en todas las categorías. Los resultados muestran que las mujeres en situación de mayor vulnerabilidad social y económica (con ingresos bajos, que viven en zonas rurales o con un nivel bajo de escolarización) se enfrentan a mayores barreras para acceder a los servicios de salud digital. Se recomienda que las políticas públicas de inclusión digital y gobierno digital tengan en cuenta estas disparidades y promuevan un mayor acceso de las mujeres a internet y a otras tecnologías para que, a su vez, aumente su acceso a la atención de salud.
Palabras clave: Salud digital, equidad de género, mujeres, inclusión digital, Brasil
A transformação digital no Brasil tem expandido o acesso da população à internet e a tecnologias digitais, impulsionando também a saúde digital. Esses avanços significativos na adoção das tecnologias digitais na área da saúde têm contribuído para a universalização dos sistemas de saúde, ampliando a oferta e o acesso a serviços de qualidade (1), inclusive no caso do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. De acordo com a Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos estabelecimentos de saúde brasileiros (TIC Saúde), em 2023, quase a totalidade dos estabelecimentos públicos e privados utilizaram computador e internet. A pesquisa revela que a implementação de sistemas eletrônicos para registro das informações dos pacientes chegou a 85% dos estabelecimentos públicos e 90% dos privados (2). Esse avanço se refletiu na maior disponibilidade de dados dos pacientes em formato eletrônico, facilitando a troca de informações entre diferentes unidades de saúde e a continuidade do cuidado. Observou-se ainda uma melhora considerável na oferta de serviços públicos digitais de saúde para os cidadãos, principalmente em relação a agendamento de consultas e exames e visualização de resultados de exames (2).
A saúde digital pode contribuir também para o enfrentamento de alguns desafios da saúde pública, como a pouca disponibilidade de médicos especialistas em certas regiões — no Brasil, um em cada três municípios enfrenta escassez de médicos para atender a população, sendo o Norte e o Nordeste as regiões mais afetadas (3). Além disso, cerca de 55% dos médicos atuam nas capitais, atendendo 23,8% da população. Em outras palavras, mais da metade dos profissionais está localizada onde reside menos de um quarto da população (4). Essas disparidades limitam o acesso à saúde, especialmente à saúde especializada. Outros desafios incluem os atrasos no agendamento de consultas e exames e a falta de equipamentos adequados.
Nesse contexto, a transformação digital da saúde e a maior disponibilização de serviços de telessaúde podem ser alternativas eficazes para facilitar o contato com profissionais da área, ampliar o acesso a especialidades médicas e a determinados exames e diagnósticos e monitorar condições crônicas, sem a necessidade de deslocamento, reduzindo custos e aumentando a eficiência do atendimento. Além disso, os sistemas integrados de prontuários eletrônicos podem ajudar a gerenciar consultas e exames e evitar duplicidade. Já as ferramentas de inteligência artificial ajudam a prever demandas e absenteísmo, alocar recursos de forma mais eficiente e priorizar casos de acordo com a gravidade. Adicionalmente, aplicativos e portais facilitam a triagem inicial, possibilitando uma gestão mais ágil e precisa das filas.
Considerando a importância da saúde digital, o Ministério da Saúde do Brasil criou, em 2023, a Secretaria de Informação e Saúde Digital (Seidigi) (5), que recebeu a atribuição de formular políticas públicas orientadas para a gestão da saúde digital. Além de regulamentar o desenvolvimento de produtos (aplicativos, sistemas de prontuários eletrônicos e serviços de telessaúde), essas políticas precisam levar em conta a capacidade de acesso das pessoas à internet e às tecnologias digitais.
Um outro aspecto da transformação digital é o maior acesso das pessoas à internet. Em 2023, 86% dos brasileiros com 10 anos ou mais acessaram a internet (6, 7); no entanto, existem disparidades significativas nesse acesso para parcelas diferentes da população brasileira, refletindo desigualdades associadas a questões econômicas, geográficas e de educação. Além disso, uma análise sobre a inclusão digital deve levar em conta não apenas a conectividade, mas também investigar quais tipos de atividades estão sendo realizadas na internet e quais os benefícios que o uso da internet está trazendo para a melhora da qualidade de vida das pessoas.
No que se refere às mulheres, que representam 51,5% (8) da população brasileira, o enfoque de gênero na saúde reconhece necessidades específicas e diferenças em relação aos homens e orienta a implementação de ações direcionadas a esse grupo como um direito fundamental, reconhecendo, desse modo, as suas características particulares (9-11). As mulheres enfrentam diversas barreiras sociais, culturais, econômicas e legais, que limitam sua capacidade de atender às necessidades de saúde. Elas têm menos autonomia e poder de decisão, além de responsabilidades como trabalho doméstico e cuidado de dependentes, o que reduz o tempo disponível para buscar os serviços de saúde (12). Entretanto, embora o gênero seja reconhecido como um determinante estrutural do acesso à saúde, há pouca informação sobre as barreiras enfrentadas pelas mulheres (10). Entre as mulheres brasileiras, aquelas que vivem em áreas rurais e aquelas com baixa renda ou baixa escolaridade enfrentam maiores dificuldades de acesso a serviços de planejamento familiar e atenção ao pré-natal e ao parto, assim como a serviços de detecção e resposta à violência sexual (13).
Nesse contexto, como prevê a Política de Igualdade de Gênero (9), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem liderado esforços para incorporar uma visão transversal e integradora em seus planos de ação e atividades de cooperação estratégica, como, por exemplo, a Estratégia de Transversalização de Gênero na Saúde (14) e a Agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018-2030 (15). Além disso, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável promove uma visão universal e integrada da saúde, em que a saúde e a igualdade de gênero estão interligadas ao crescimento econômico e à sustentabilidade social, e reconhece que as tecnologias de informação e comunicação (TIC) desempenham um papel crucial na disseminação e no acesso à informação e na oferta de serviços públicos digitais (16).
A inclusão digital tem o potencial de ampliar e tornar mais eficazes as políticas públicas, além de melhorar o acesso aos serviços públicos digitais, assegurando a garantia de direitos e proporcionando a todos a oportunidade de se desenvolverem no contexto social atual, o qual exige conhecimento e uso de dispositivos digitais (17). No entanto, as oportunidades associadas à inclusão digital, como o acesso a informações de saúde e a serviços digitais de saúde pública, podem ser limitadas por barreiras impostas pelas desigualdades socioeconômicas.
Nesse contexto, as desigualdades digitais podem ser compreendidas em três níveis: o primeiro nível refere-se ao acesso à infraestrutura de TIC, como dispositivos e internet; o segundo nível diz respeito às atividades realizadas na internet, às habilidades digitais e às motivações para o uso da rede; e o terceiro nível aborda a apropriação dessas tecnologias para a obtenção de benefícios tangíveis a partir desse uso (18, 19). Portanto, a inclusão digital não se resume a garantir o acesso à internet e aos dispositivos, como computadores e celulares, mas envolve também os tipos de usos que essa conectividade possibilita e os benefícios para a qualidade de vida que podem ser obtidos a partir dessas atividades.
Assim, para que os benefícios do uso das TIC na saúde alcancem os que mais necessitam dos serviços públicos de saúde, é fundamental que a população tenha garantido o acesso a tecnologias e letramento digital. Nesse sentido, a inclusão digital é essencial para promover oportunidades e direitos, pois as condições de acesso e uso da internet são influenciadas por desigualdades territoriais e socioeconômicas que, por sua vez, reforçam as lacunas digitais. A apropriação das TIC, portanto, é fundamental para o bem-estar e o desenvolvimento humano (20, 21). À medida que as tecnologias avançam em áreas como educação, saúde, trabalho e cultura, por exemplo, a inclusão digital se torna um fator chave para promover a participação social e diminuir a lacuna entre aqueles que têm acesso digital e os que não têm (17). Do mesmo modo, as desigualdades digitais podem afetar o acesso a serviços fundamentais, como os de saúde, o que exige identificar tais desigualdades e as diferenças no acesso a serviços digitais entre a população, principalmente grupos mais vulneráveis, como as mulheres.
Em vista disso, o objetivo deste artigo foi identificar desigualdades entre as mulheres brasileiras no acesso a tecnologias digitais e seus reflexos na realização de atividades relacionadas à saúde. Para isso, analisamos as diferenças de acesso entre mulheres de acordo com local de residência, faixa etária, classe social e grau de instrução no uso da internet. O principal motivo declarado para não uso da internet também foi analisado. Em relação a atividades on-line, foram analisados o uso da internet para a busca de informações relacionadas à saúde ou a serviços de saúde, o uso de governo eletrônico e a procura ou utilização de serviços públicos de saúde.
METODOLOGIA
Para estimar o acesso à internet e a dispositivos digitais, bem como a realização de atividades on-line relacionadas à saúde, foram utilizados os dados da pesquisa TIC Domicílios, realizada desde 2005 pelo Cetic.br|NIC.br, vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Os dados utilizados se referem ao ano de 2023, quando foram entrevistados 21 271 indivíduos (homens e mulheres) de 10 anos ou mais, representativos da população brasileira.
A pesquisa tem como objetivo medir o uso das TIC pela população brasileira a partir de 10 anos de idade. Para isso, utiliza-se uma amostra probabilística representativa para essa população. Essa amostra é selecionada a partir de uma estratificação de conglomerados em três estágios, na seguinte ordem: seleção das unidades primárias de amostragem (UPA), seleção de domicílios e, por fim, seleção de moradores. Os detalhes da metodologia da pesquisa TIC Domicílios 2023, incluindo detalhes sobre seleção da amostra, entrevistas e ponderação dos dados, estão disponíveis em uma publicação anterior (7). As entrevistas foram realizadas presencialmente entre março e julho de 2023 por meio da técnica de coleta de dados que utiliza um questionário baseado em computador (Computer-Assisted Personal Interviewing [CAPI]).
O presente estudo enfocou a análise de indicadores relacionados ao acesso à internet e à realização de atividades on-line (busca por informações de saúde, uso de governo eletrônico e a busca por informações ou realização de serviços públicos). Adicionalmente, são apresentados os principais motivos declarados para não utilização da internet. Esses indicadores foram comparados quanto a faixa etária, grau de instrução, área de residência (urbana ou rural) e classe social (seguindo o Critério de Classificação Econômica Brasil [CCEB], conforme definido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa [Abep]) (22). Excetuando-se as perguntas de governo eletrônico, que foram respondidas por usuários de internet com 16 anos ou mais, as demais foram respondidas por indivíduos a partir de 10 anos de idade. A pesquisa TIC Domicílios não necessita de aprovação do sistema CEP/CONEP para a sua realização, com base no parágrafo único do artigo 1º da resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando a população de mulheres, foco do presente estudo, a TIC Domicílios 2023 mostrou que 86% das mulheres com 10 anos ou mais no Brasil eram usuárias de internet (ou seja, conforme a definição da pesquisa, haviam utilizado a internet nos 3 meses anteriores ao momento da entrevista) (7). Entretanto, como mostra a figura 1, 95% das crianças e adolescentes de 10 a 15 anos e 96% das jovens de 16 e 24 anos no Brasil acessaram a rede em 2023, percentual que cai para cerca de metade em mulheres com mais de 60 anos (56%). O fator econômico demonstrou grande influência no acesso à internet, com 98% das mulheres das classes sociais A e B acessando a rede em comparação a 73% da classe DE. Por fim, um percentual menor de mulheres que viviam em zonas rurais acessaram a internet (80%) em relação às que viviam em zonas urbanas (86%).
FIGURA 1. Mulheres que utilizaram a internet no Brasil conforme categoria de análise, Brasil, 2023a .
Fonte : CGI.br/NIC.br, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros - TIC Domicílios 2023.
a Total = porcentagem total de usuárias da internet na população brasileira. Considera-se “usuária” a mulher que utilizou a internet há menos de 3 meses em relação ao momento da entrevista.
Em geral, as mulheres que não acessam a internet indicaram como principais motivos a falta de interesse (69%) e a falta de habilidade com o computador (66%). A falta de necessidade (46%), preocupações com segurança ou privacidade (45%) e precaução para evitar contato com conteúdo perigoso (46%) foram apontados por pouco menos da metade das mulheres. Apesar do motivo relacionado ao preço alto da internet ter sido indicado por 41% das mulheres, esse motivo teve maior relevância para as mulheres das zonas rurais (48%), para os grupos de 16 a 24 anos (90%) e de 35 a 44 anos (70%) e para a classe DE (50%). Essas desigualdades digitais no acesso à rede podem impactar os tipos de atividades realizadas na internet, bem como o desenvolvimento de habilidades e uso de serviços digitais, limitando a busca por informações, a realização de transações ou o acesso a serviços públicos on-line.
A busca por informações on-line relacionadas à saúde é outro tema investigado pela pesquisa TIC Domicílios. Do total de mulheres usuárias de internet, 56% realizaram buscas por esse tipo de informação (figura 2). Quanto à classe social, menos da metade (44%) das mulheres da classe DE buscou informações relacionadas à saúde na internet, contra 88% das mulheres na classe A e 72% na classe B. Além disso, do total de usuárias de internet que buscaram esse tipo de informação, 47% vivem em área rural e 57% vivem em áreas urbanas.
FIGURA 2. Usuárias de internet que buscaram informações relacionadas à saúde ou a serviços de saúde na rede conforme categoria de análise, Brasil, 2023a .
Fonte : CGI.br/NIC.br, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros - TIC Domicílios 2023.
a Do total de usuárias da internet (86%) na população brasileira, 56% realizaram buscas por informações de saúde. As porcentagens se referem ao subtotal de usuárias de internet para cada categoria.
Em relação ao nível educacional, apenas 19% das mulheres usuárias de internet que são analfabetas ou possuem educação infantil e 35% das com ensino fundamental buscaram na rede informações sobre saúde, em comparação com 59% daquelas com ensino médio e 81% das com ensino superior. Por fim, considerando a idade, os menores percentuais estão nas duas pontas de faixa etária de usuárias de internet, pois apenas 16% de meninas de 10 a 15 anos e 45% das mulheres com 60 anos ou mais acessaram esse tipo de informação on-line.
A pesquisa TIC Domicílios também investiga o uso de governo eletrônico (23). Como mostra a figura 3, 72% do total de usuárias de internet com 16 anos ou mais declararam utilizar a rede para buscar informações ou realizar algum dos serviços públicos investigados pela pesquisa (documentos pessoais, saúde pública, educação pública, direitos do trabalhador ou previdência social, impostos e taxas governamentais, polícia e segurança e transporte público ou outros serviços urbanos). No entanto, as usuárias de internet em área rural (57%), com 60 anos ou mais (53%), na classe social DE (56%) e com menor grau de instrução (30% analfabetas ou com educação infantil e 51% com ensino fundamental) apresentaram menores níveis de uso de serviços de governo eletrônico.
FIGURA 3. Usuárias de internet que utilizaram serviços de governo eletrônico, Brasil, 2023a,b .
Fonte : CGI.br/NIC.br, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros - TIC Domicílios 2023.
a Do total de usuárias da internet (86%) na população brasileira, 72% utilizaram serviços de governo eletrônico. As porcentagens se referem ao subtotal de usuárias de internet para cada categoria.
b Para os indicadores de uso de serviços de governo eletrônico é considerada apenas a população com 16 anos ou mais.
Entre os tipos de serviços públicos investigados pela pesquisa, mais mulheres (36%) declararam realizar aqueles relacionados à saúde pública (como agendamento de consultas, remédios ou outros serviços do sistema público de saúde) – trata-se do único serviço pesquisado em 2023 pela TIC Domicílios que mulheres realizam mais do que homens (24). Para o caso desse serviço, os resultados da figura 4 indicam que as mulheres com menor escolaridade são as que menos acessaram esse serviço, sendo 20% das analfabetas ou com educação infantil e 31% das com ensino fundamental. Além disso, apenas 27% das mulheres com 60 anos ou mais acessaram esse serviço na internet. Quanto à classe social, observa-se que 39% das mulheres da classe C realizaram essa atividade, assim como 34% das classes B e DE. O menor percentual, nesse caso, é referente às mulheres da classe A; isso porque, em geral, acessam os serviços de saúde na rede privada.
FIGURA 4. Usuárias de internet que utilizaram serviços de governo eletrônico e procuraram ou realizaram serviços públicos de saúde na rede, Brasil, 2023a,b .
Fonte : CGI.br/NIC.br, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros - TIC Domicílios 2023.
a Do total de usuárias da internet que utilizaram serviços de governo eletrônico (72%) na população brasileira, 36% procuraram ou realizaram serviços públicos de saúde na rede. As porcentagens se referem ao subtotal de usuárias de internet que utilizaram serviços de governo eletrônico para cada categoria.
b Para os indicadores de uso de serviços de governo eletrônico é considerada apenas a população com 16 anos ou mais.
Para além das questões relativas aos papéis de gênero na sociedade, os dados permitem destacar três aspectos em relação ao uso de serviços públicos de saúde por mulheres. Primeiro, mesmo o serviço público de saúde sendo o principal tipo de serviço on-line realizado por mulheres, ainda é acessado por menos de dois quintos delas. O segundo aspecto se refere ao fato de as mulheres que mais utilizam esses serviços serem aquelas que reportaram menor uso de serviços públicos digitais, em geral, e aquelas que pertencem aos grupos com menores níveis de acesso à tecnologias digitais. Por fim, existe, portanto, uma lacuna: as mulheres que mais poderiam se beneficiar do uso desse serviço de saúde pública digital têm menor acesso à internet.
Recomendações de ações e políticas públicas
Diante do exposto, é fundamental que os diversos atores envolvidos na formulação e implementação de políticas públicas de governo e saúde digital considerem as desigualdades digitais identificadas neste estudo, com ênfase especial nas mulheres das classes sociais mais baixas, com menor escolaridade e residentes em áreas rurais.
Em relação à expansão de infraestrutura e conectividade acessível, recomenda-se priorizar investimentos em redes de internet acessíveis ou gratuitas, especialmente em áreas rurais, regiões de baixa renda e comunidades desfavorecidas, onde a cobertura digital é limitada. Os últimos dois relatórios do índice de governo eletrônico da Organização das Nações Unidas (ONU) ressaltaram a importância de ações para diminuir as barreiras para o acesso à rede, incluindo centros de serviços para acessar dispositivos e internet e pontos de Wi-Fi público em espaços públicos, como parques, praças e transporte público (23).
No que diz respeito ao letramento digital, políticas que fomentem programas de alfabetização digital voltados para mulheres, com foco em habilidades digitais básicas e intermediárias, podem promover um uso mais eficiente da internet e de aplicações. É essencial que esses programas incluam temas como uso seguro da internet e desenvolvimento de competências digitais aplicadas ao cotidiano. No Brasil, ao longo das últimas duas décadas, o governo federal implementou uma série de programas voltados para a ampliação da inclusão digital por meio de centros públicos de acesso gratuito à internet ou telecentros. Apesar das dificuldades de manutenção e sustentabilidade dessas iniciativas, a pesquisa TIC Centros Públicos de Acesso mostrou que, em 2019, oito em cada dez telecentros em funcionamento contavam com monitores, orientadores ou agentes de inclusão digital. Entre os telecentros que contavam com esse tipo de apoio ao usuário, 65% afirmaram que auxiliavam no acesso a serviços de governo eletrônico (25), demonstrando a importância desses espaços para facilitar o acesso a serviços públicos digitais. Mais recentemente, em 2024, o governo federal criou um piloto para o atendimento presencial do login único de acesso a serviços digitais, o Gov.br. Além de apoiar o uso da conta e o acesso ao governo digital, esses espaços também pretendem atuar como um espaço de acesso gratuito à internet (26).
Finalmente, o acesso a serviços públicos digitais de saúde para mulheres deve ser facilitado. O desenvolvimento de aplicativos para acesso a serviços de saúde pública deve considerar que as mulheres são as principais responsáveis pelos cuidados familiares. Portanto, esses aplicativos devem facilitar a gestão desses cuidados de maneira mais prática e acessível para elas.
Considerações finais
Os resultados da pesquisa TIC Domicílios 2023 apresentados neste artigo indicam que as mulheres em situação de maior desigualdade socioeconômica (baixa escolaridade, baixo nível econômico e residentes em áreas rurais) possuem menor conectividade à internet e, consequentemente, acessam menos serviços relacionados à saúde digital, como buscas de informações e acesso a serviços públicos digitais de saúde.
É importante ressaltar uma limitação deste estudo. Não foi possível analisar quais tipos específicos de informações sobre a saúde foram buscadas ou quais tipos de serviços de saúde ou níveis de atendimento foram procurados para se ter uma análise mais detalhada do uso de serviços de saúde digital que está sendo realizado de acordo com o perfil das mulheres.
Em um cenário de contínua transformação digital da saúde, é importante que as políticas públicas voltadas para a adoção de aplicativos e ferramentas de saúde digital levem em consideração a integração da população nesse processo. Por conta disso, o mapeamento das brechas digitais relacionadas às mulheres e as barreiras que elas encontram no acesso ao digital devem ser consideradas e endereçadas nas políticas públicas.
A inclusão digital pode contribuir para que as mulheres busquem e tenham mais acesso a informações na internet, além de contribuir para o seu empoderamento ao acessar conhecimentos essenciais para tomar decisões informadas sobre seu bem-estar físico e mental. A facilidade de acesso pode auxiliar na busca por atendimento e no diagnóstico precoce, na prevenção de doenças e na adoção de hábitos saudáveis, promovendo maior autonomia na gestão da própria saúde. No entanto, é fundamental que essa busca seja realizada com cautela, por meio de fontes confiáveis, como sites de instituições de saúde reconhecidas, para evitar desinformação, autodiagnóstico e tratamentos inadequados. O cuidado com a privacidade e a proteção de dados pessoais e o discernimento entre opiniões e recomendações baseadas em evidências também são aspectos cruciais para garantir uma experiência segura e benéfica.
Declaração.
As opiniões expressas no manuscrito são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem necessariamente a opinião ou política da RPSP/PAJPH ou da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
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