Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
letter
. 2025 Apr 16;122(3):e20240444. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20240444
View full-text in English

Desvendando um Enigma Genético: Hipertrofia Assimétrica em um Receptor de Transplante Cardíaco Relacionado à Síndrome de Birt-Hogg-Dubé

Silas Ramos Furquim 1, Lucas Vieira Lacerda Pires 1, Nara Alves Buriti 1, Mariana Lombardi Peres de Carvalho 1, Emanuelle Leonilia Marques 1, Bianca Domit Werner Linnenkamp 1, Luciana Sacilotto 1, Fabiana G Marcondes-Braga 1, Iascara Wozniak de Campos 1, Luis Fernando Bernal da Costa Seguro 1, Sandrigo Mangini 1, Monica S Avila 1, Fernando Bacal 1, José Eduardo Krieger 1
PMCID: PMC12133066  PMID: 40332209

Resumo

Um caso de um homem de 54 anos que se submeteu a um transplante cardíaco com hipertrofia assimétrica precoce não relacionada à rejeição. A análise genética do doador revelou uma variante no gene da foliculina, associada à síndrome de Birt-Hogg-Dubé. O rastreamento da família do doador identificou uma hipertrofia similar e a mesma variante genética no pai do doador. Embora a avaliação genética dos tecidos dos doadores não seja realizada rotineiramente, ela pode ser crucial para compreender alterações não relacionadas ao procedimento do transplante e identificar carreadores de variantes patogênicas.

Keywords: Cardiomiopatia Hipertrófica, Transplante de Coração, Genética

Introdução

O aumento na espessura da parede ventricular esquerda, não explicado por condições de sobrecarga, é conhecido como cardiomiopatia hipertrófica. Essa condição é primariamente causada por variantes nos genes sarcoméricos, embora 5-10% dos casos possam envolver outros fatores genéticos.1O desenvolvimento de hipertrofia ventricular esquerda (HVE) pós-transplante não é incomum, e as causas incluem hipertensão induzida por inibidores de calcineurina, efeitos de imunossupressão e lesão imune.2 Este relato destaca um caso atípico de HVE que ocorreu imediatamente após o transplante, relacionada a uma variante genética específica. A descoberta da variante facilitou o rastreamento familiar.

Relato de Caso

Um homem de 54 anos, com cardiomiopatia dilatada avançada, recebeu um transplante cardíaco (TC) de um doador de 44 anos que foi a óbito por hemorragia subaracnóidea. O histórico clínico do doador incluia hipertensão e tabagismo. Antes do TC, foi realizado um ecocardiograma à beira-leito no hospital do doador, que não indicou anormalidades estruturais importantes. O TC foi realizado sem complicações, e o paciente passou por um processo padrão de recuperação. No entanto, o ecocardiograma pós-operatório revelou hipertrofia assimétrica no septo interventricular medindo 16mm, e fração de ejeção ventricular esquerda normal (Figura 1). Essa hipertrofia foi confirmada por ressonância magnética cardíaca, que mostrou uma espessura máxima de 20mm na região média anterosseptal, sem obstrução da via de saída (Figura 2). Rejeição foi descartada após duas biópsias endomiocárdicas realizadas com intervalo de oito dias, que mostraram resultados 1R e PAMR0.

Figura 1. – Ecocardiograma após o transplante cardíaco.

Figura 1

Figura 2. – Ressonância magnética cardíaca após o transplante.

Figura 2

Seguimento

A pressão arterial do paciente foi controlada com enalapril (15mg/ dia) e diltiazem (180 mg/dia). Contudo, os ecocardiogramas mostraram consistentemente hipertrofia septal assimétrica. O paciente foi submetido a três biópsias adicionais, sem sinais de rejeição celular ou humoral. O painel imunológico foi negativo para antígenos classe I e II, em um regime de ciclosporina, micofenolato e prednisona.

Assim, consideramos uma doença genética relacionada aos genes sarcoméricos no doador, apesar do ecocardiograma prévio normal. O sequenciamento de exoma completo foi conduzido no DNA de células esplênicas armazenadas do doador, inicialmente coletadas para teste de histocompatibilidade.

A análise revelou uma variante frameshift em heterozigose no gene da foliculina - FLCN (NM_144997.7):c.1285dupC:p.(His429Profs*27). Essa variante foi classificada como patogênica de acordo com as diretrizes do American College of Medical Genetics e do Genomics/Association for Molecular Pathology.

Rastreamento familiar

Após a identificação da variante hereditária, nós informamos a central estadual de transplante para alertar a família do doador sobre sua presença. Oferecemos avaliações cardiológicas e genéticas aos familiares, que compareceram às avaliações clínicas. Realizado heredograma (Figura 3), exame clínico, eletrocardiograma, ecocardiograma e o sequenciamento (Sanger) para detectar a variante nos familiares.

Figura 3. – Pedigree familiar e achados genéticos da variante do gene da foliculina (FLCN) (NM_144997.7):c.1285dupC:p.(His429Profs*27). A) pedigree da família do doador; quadrados e círculos indicam homens e mulheres, respectivamente; a seta indica o paciente índice (doador do coração); linhas diagonais indicam indivíduos falecidos. As cores representam os fenótipos dos familiares: cinza para hipertrofia, azul para múltiplos fibrofoliculomas cutâneos, e preto para hipertensão. Alelo do tipo selvagem está representado por “+” e alelo do gene da FLCN p.His429Profs*27 está representado por “-“ (+/+ para indivíduos selvagens e +/- para heterozigotos). B) Cromatogramas gerados por sequenciamento de Sanger dos familiares rastreou a presença da variação do gene da FLCN p.His429Profs*27 (+/+ para indivíduos selvagens e +/- para heterozigotos).

Figura 3

As avaliações revelaram a mesma hipertrofia septal assimétrica (17 mm) e a idêntica variante genética no pai do doador (indivíduo I.1), conforme ilustrado nas Figuras 4 e 5. Clinicamente, o pai do doador apresentava múltiplos fibrofoliculomas cutâneos, um importante critério diagnóstico para Síndrome de Birt-Hogg-Dubé (SBHD), em conformidade com achados moleculares. Como a SBHD pode aumentar o risco de vários tumores, o pai do doador foi orientado a se submeter a um rastreamento oncológico abrangente.

Figura 4. – Eletrocardiograma do pai do doador sugestivo de hipertrofia ventricular esquerda.

Figura 4

Figura 5. – Ecocardiograma transtorácico do pai do doador mostrando septo anterior basal com 17 mm.

Figura 5

Quanto aos irmãos do doador, observou-se que seu irmão carregava a mesma variante genética, embora sem hipertrofia cardíaca, enquanto suas irmãs não possuíam a variante nem foliculomas cutâneos. Consequentemente, o irmão do doador foi encaminhado para um rastreamento mais amplo das principais manifestações clínicas da SBHD.

Discussão

A HVE é uma condição comum pós-TC, que afeta até 83% dos pacientes em um ano, aumentando o risco de morte em 1,9 vezes.2 As causas da HVE incluem hipertensão causada por inibidores de calcineurina, imunossupressão, e lesão imune.2 A apresentação precoce não usual de hipertrofia assimétrica após o transplante gerou preocupações no processo de doação do órgão.

Pesquisas recentes sugerem que a HVE em aloenxertos pode estar associada a vias de sinalização pró-fibrótica e ativação da proteína alvo da rapamicina em mamíferos (mTOR), sugerindo potenciais implicações terapêuticas.3 O estudo RADTAC revelou que uma combinação de everolimus e tacrolimus em baixa dose reduz a HVE em comparação ao tacrolimus em dose padrão em um ano após o TC.4

Cardiomiócitos hipertrofiados exibem síntese proteica aumentada e estímulo de crescimento, principalmente pela via de sinalização AMPK-mTOR. O gene da FLCN, associado a essa via, codifica uma proteína envolvida em várias sinalizações. A perda da função da FLCN tem sido relacionada à desregulação da via mTOR. Ainda, variantes patogênicas no gene da proteína interativa com foliculina 1 (FNIP1) foram associadas à déficit imunológico e hipertrofia cardíaca. Modelos animais sugerem que o knockout do gene da FLCN leva à hipertrofia cardíaca, modulada pela via mTOR.5,6

Variantes patogênicas em ambos os alelos da FNIP1 foram associadas a uma condição caracterizada por disfunção imune e hipertrofia cardíaca.7-9 Estudos usando modelos animais revelaram que a deleção do gene da FLNC leva a um aumento do coração em camundongos, acompanhado de uma redução na fosforilação de AMPKα e atividade da mTORC1 aumentada. O tratamento subsequente com um inibidor da via mTOR reverteu o aumento cardíaco e melhorou marcantemente a função ventricular. Tal fato destaca a conexão previamente estabelecida entre desregulação do mTOR e haploinsuficiência da FLCN e sugere essa via específica como um potencial alvo terapêutico.10 Variantes no gene da FLCN tipicamente resultam em SBHD, caracterizada por neoplasias renais, fibrofoliculomas, e cistos pulmonares.11 Esse caso pode representar a primeira relação conhecida entre hipertrofia cardíaca e SBHD.

A avaliação genética dos tecidos do doador, apesar de não ser padrão, foi crucial neste caso. O rastreamento familiar após a identificação da variante é vital para o seguimento clínico e rastreamento para câncer entre os que carregam a variante patogênica. Neste caso, a cossegregação da variante na família do doador apoia e desafia a associação com a HVE, destacando a necessidade de mais pesquisas.

Conclusões

A HVE não é tipicamente vista precocemente após o transplante, e geralmente está associada a variantes genéticas sarcoméricas. Este relato é provavelmente o primeiro a associar a FLCN com hipertrofia assimétrica, o que foi corroborado por rastreamento familiar. Isso destaca a importância e a viabilidade da avaliação genética dos tecidos do doador, ampliando o entendimento das complicações pós-transplante e melhorando o cuidado do paciente.

Agradecimentos

Agradecemos ao Laboratório de Imunologia, ao Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP, ao Departamento de Transplante de Órgãos do Estado de São Paulo, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, e ao PROADI-SUS-Hospital BP do Ministério da Saúde para a prática de medicina de precisão em cardiologia.

Footnotes

Vinculação acadêmica: Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Aprovação ética e consentimento informado: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo sob o número de protocolo CAAE 55200322.5.2001.0068. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo.

Fontes de financiamento: O presente estudo foi financiado por Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência/SP – PROADI-SUS.

Referências

  • 1.Elliott PM, Anastasakis A, Borger MA, Borggrefe M, Cecchi F, Charron P, et al. 2014 ESC Guidelines on Diagnosis and Management of Hypertrophic Cardiomyopathy: The Task Force for the Diagnosis and Management of Hypertrophic Cardiomyopathy of the European Society of Cardiology (ESC) Eur Heart J. 2014;35(39):2733–2779. doi: 10.1093/eurheartj/ehu284. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Goodroe R, Bonnema DD, Lunsford S, Anderson P, Ryan-Baille B, Uber W, et al. Severe Left Ventricular Hypertrophy 1 Year after Transplant Predicts Mortality in Cardiac Transplant Recipients. J Heart Lung Transplant. 2007;26(2):145–151. doi: 10.1016/j.healun.2006.11.003. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 3.Sciarretta S, Forte M, Frati G, Sadoshima J. New Insights into the Role of mTOR Signaling in the Cardiovascular System. Circ Res. 2018;122(3):489–505. doi: 10.1161/CIRCRESAHA.117.311147. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 4.Anthony C, Imran M, Pouliopoulos J, Emmanuel S, Iliff JW, Moffat KJ, et al. Everolimus for the Prevention of Calcineurin-Inhibitor-Induced Left Ventricular Hypertrophy after Heart Transplantation (RADTAC Study) JACC Heart Fail. 2021;9(4):301–313. doi: 10.1016/j.jchf.2021.01.007. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 5.Baba M, Furihata M, Hong SB, Tessarollo L, Haines DC, Southon E, et al. Kidney-Targeted Birt-Hogg-Dube Gene Inactivation in a Mouse Model: Erk1/2 and Akt-mTOR Activation, Cell Hyperproliferation, and Polycystic Kidneys. J Natl Cancer Inst. 2008;100(2):140–154. doi: 10.1093/jnci/djm288. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 6.Malhowski AJ, Hira H, Bashiruddin S, Warburton R, Goto J, Robert B, et al. Smooth Muscle Protein-22-Mediated Deletion of Tsc1 Results in Cardiac Hypertrophy that is mTORC1-Mediated and Reversed by Rapamycin. Hum Mol Genet. 2011;20(7):1290–1305. doi: 10.1093/hmg/ddq570. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 7.Siggs OM, Stockenhuber A, Deobagkar-Lele M, Bull KR, Crockford TL, Kingston BL, et al. Mutation of Fnip1 is Associated with B-Cell Deficiency, Cardiomyopathy, and Elevated Ampk Activity. Proc Natl Acad Sci USA. 2016;113(26):3706–3715. doi: 10.1073/pnas.1607592113. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 8.Niehues T, Özgür TT, Bickes M, Waldmann R, Schöning J, Bräsen J, et al. Mutations of the Gene FNIP1 Associated with a Syndromic Autosomal Recessive Immunodeficiency with Cardiomyopathy and Pre-Excitation Syndrome. Eur J Immunol. 2020;50(7):1078–1080. doi: 10.1002/eji.201948504. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 9.Saettini F, Poli C, Vengoechea J, Bonanomi S, Orellana JC, Fazio G, et al. Absent B Cells, Agammaglobulinemia, and Hypertrophic Cardiomyopathy in Folliculin-Interacting Protein 1 Deficiency. Blood. 2021;137(4):493–499. doi: 10.1182/blood.2020006441. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 10.Hasumi Y, Baba M, Hasumi H, Huang Y, Lang M, Reindorf R, et al. Folliculin (Flcn) Inactivation Leads to Murine Cardiac Hypertrophy Through mTORC1 Deregulation. Hum Mol Genet. 2014;23(21):5706–5719. doi: 10.1093/hmg/ddu286. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 11.Schmidt LS, Linehan WM. Molecular Genetics and Clinical Features of Birt-Hogg-Dubé Syndrome. Nat Rev Urol. 2015;12(10):558–569. doi: 10.1038/nrurol.2015.206. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2025 Apr 16;122(3):e20240444. [Article in English] doi: 10.36660/abc.20240444i

Unveiling the Genetic Puzzle: Asymmetric Hypertrophy in a Heart Transplant Recipient Linked to Birt-Hogg-Dubé Syndrome

Silas Ramos Furquim 1, Lucas Vieira Lacerda Pires 1, Nara Alves Buriti 1, Mariana Lombardi Peres de Carvalho 1, Emanuelle Leonilia Marques 1, Bianca Domit Werner Linnenkamp 1, Luciana Sacilotto 1, Fabiana G Marcondes-Braga 1, Iascara Wozniak de Campos 1, Luis Fernando Bernal da Costa Seguro 1, Sandrigo Mangini 1, Monica S Avila 1, Fernando Bacal 1, José Eduardo Krieger 1

Abstract

A case of a 54-year-old man who underwent a heart transplant with early asymmetric hypertrophy unrelated to rejection. Donor’s genetic analysis revealed a variant in folliculin gene, associated with Birt-Hogg-Dubé Syndrome. Screening of the donor’s family uncovered a similar hypertrophy and same genetic variant in the donor’s father. Although genetic evaluation of donors’ tissues is not routine, it can be crucial for understanding changes unrelated to the transplant procedure and identifying carriers of pathogenic variants.

Keywords: Hypertrophic Cardiomyopathy, Heart Transplantation, Genetics

Introduction

Increased left ventricle (LV) wall thickness non explained by loading conditions is known as hypertrophic cardiomyopathy. This condition is primarily caused by genetic variants in sarcomeric genes, though 5-10% of cases may involve other genetic factors.1 The development of post-transplantation LV hypertrophy (LVH) is not infrequent, with causes including hypertension induced by calcineurin inhibitors, effects of immunosuppression, and immune injury.2 This report highlights an atypical case of LVH occurring immediately after transplantation, linked to a specific genetic variant. The variant discovery facilitated family screening.

Case Report

A 54-year-old male, with advanced dilated cardiomyopathy, received a heart transplant (HT) from a 44-year-old donor who had succumbed to an arachnoid hemorrhage. The donor’s medical background included hypertension and tobacco usage. Prior to HT, evaluations included a bedside echocardiogram conducted at the donor’s hospital, which indicated no gross structural abnormalities. The HT procedure was performed without complications, and the patient experienced a standard recovery process. However, a postoperative echocardiogram revealed asymmetric hypertrophy in the interventricular septum measuring 16 mm, and normal LV ejection fraction (Figure 1). This hypertrophy was further confirmed by cardiac magnetic resonance imaging, which showed a maximum thickness of 20 mm in the mid-anteroseptal region, without systolic obstruction (Figure 2). Rejection was ruled out following two endomyocardial biopsies conducted eight days apart, which showed 1R and PAMR0 results.

Figure 1. – Echocardiogram after cardiac transplantation.

Figure 1

Figure 2. – Cardiac magnetic resonance after cardiac transplantation.

Figure 2

Follow-up

Patient’s blood pressure was well-managed with enalapril (15 mg/day) and diltiazem (180 mg/day). However, echocardiograms consistently showed asymmetrical septal hypertrophy. The patient underwent three additional biopsies, with no signs of humoral or cellular rejection. An immunological panel also returned negative for class I and II antigens, on a regimen of cyclosporine, mycophenolate, and prednisone.

Hence, we considered a genetic disease related to sarcomeric genes in the heart donor despite the previously reported normal echocardiogram. Whole exome sequencing was conducted on DNA from the donor’s stored splenic cells, initially collected for histocompatibility testing.

Remarkably, analysis uncovered a heterozygous frameshift variant in folliculin gene - FLCN (NM_144997.7):c.1285dupC:p.(His429Profs*27). This variant was classified as pathogenic according to the American College of Medical Genetics and Genomics/Association for Molecular Pathology guidelines.

Family screening

Following hereditary variant identification, we informed the state transplantation center to alert the donor’s family about its presence. We offered cardiological and genetic assessments to family members, who then attended clinical evaluations. We constructed a family pedigree (Figure 3), conducted comprehensive clinical examinations, ECGs, echocardiograms, and Sanger sequencing to detect the variant in relatives.

Figure 3. – Family pedigree and genetic findings of folliculin (FLCN) gene variant (NM_144997.7):c.1285dupC:p.(His429Profs*27). A) Donor’s family pedigree; squares and circles indicate males and females respectively; the arrow indicates index patient (heart donor). Diagonal lines indicate deceased individuals. Colors represent family member’s phenotypes; gray for cardiac hypertrophy, blue for multiple cutaneous fibrofolliculomas and black hypertension. Wildtype allele is represented by “+” and FLCN p.His429Profs*27 allele is represented by “-“ (+/+ for wildtype individuals and +/- for heterozygotes). B) Chromatograms generated by Sanger sequencing of family members screened for FLCN p.His429Profs*27 variation. (+/+ for wildtype individuals and +/- for heterozygotes).

Figure 3

These assessments revealed the same asymmetric septal hypertrophy (17 mm) and the identical genetic variant in the donor’s father (individual I.1), as shown in Figures 4 and 5. Clinically, donor’s father exhibited multiple cutaneous fibrofolliculomas, a major diagnostic criterion for Birt-Hogg-Dubé syndrome (BHDS), aligning with molecular findings. Given that BHDS can increase the risk of various tumors, the donor’s father was advised to undergo comprehensive cancer screening.

Figure 4. – Donor´s father electrocardiogram suggestive of left ventricular hypertrophy.

Figure 4

Figure 5. – Donor´s father transthoracic echocardiogram showing basal anterior septum with 17 mm.

Figure 5

Regarding donor’s siblings, his brother was found to carry the same genetic variant, though without any cardiac hypertrophy, while his sisters did not have the variant and no visible cutaneous folliculomas. Consequently, the donor’s brother was referred for broader screening to cover the primary clinical manifestations of BHDS.

Discussion

LVH is a common post-HT condition, affecting up to 83% of patients within a year and increasing mortality risk by 1.9 times.2 Causes of LVH include hypertension due to calcineurin inhibitors, immunosuppression, and immune injury.2 Unusual early presentation of asymmetric hypertrophy post-transplant could raise concerns in the organ donation process.

Emerging research suggests that LVH in allografts may be linked to pro-fibrotic signaling pathways and mammalian target of rapamycin (mTOR) activation, suggesting potential therapeutic implications.3 The RADTAC study revealed that a combination of low-dose everolimus and tacrolimus reduces LVH compared to standard-dose tacrolimus one year post-HT.4

Hypertrophied cardiomyocytes exhibit increased protein synthesis and growth stimulus, primarily through the AMPK-mTOR signaling pathway. FLCN gene, associated with this pathway, encodes a protein implicated in various intracellular signals. Loss of FLCN function has been tied to mTOR pathway deregulation. Moreover, pathogenic variants in Folliculin-interacting protein 1 (FNIP1) have been linked to immunological impairment and cardiac hypertrophy. Animal models suggest that FLCN knockout leads to heart hypertrophy, modulated by the mTOR pathway.5,6 Pathogenic variants in both alleles of FNIP1 have been linked to a condition characterized by immune dysfunction and cardiac hypertrophy.7-9 Studies using animal models revealed that FLNC gene deletion leads to heart enlargement in mice accompanied by reduced phosphorylation of AMPKα and heightened mTORC1 activity. Subsequent treatment with an inhibitor of the mTOR pathway reversed the cardiac enlargement and markedly improved heart function. This underscores the previously established connection between mTOR dysregulation and FLCN haploinsufficiency and suggests targeting this pathway as a potential therapeutic approach.10 FLCN gene mutations typically result in BHDS, characterized by renal neoplasms, fibrofolliculomas, and lung cysts.11 This case may represent the first known link between cardiac hypertrophy and BHDS.

Genetic evaluation of donor’s tissues, although not standard, was crucial in this case. Family screening following variant identification is vital for clinical follow-up and cancer screening for those carrying the pathogenic variant. In this case, variant cosegregation within the donor’s family both supports and challenges LVH association, highlighting the need for further research.

Conclusions

LVH is not typically seen early after transplantation, and asymmetric hypertrophy is often linked to sarcomeric gene variants. This report is possibly the first to associate FLCN with asymmetrical hypertrophy, supported by familial screening. It underscores the importance and feasibility of genetic evaluation of donor’s tissues, broadening the understanding of post-transplant complications and enhancing patient care.

Acknowledgements

We acknowledge the Laboratory of Immunology, the Laboratory of Genetics and Molecular Cardiology of the Heart Institute of USP Faculty of Medicine, the Department of Organ Transplant of São Paulo State, to the state of São Paulo Research Foundation (FAPESP), and to the PROADI-SUS-Hospital BP program from the Brazilian Ministry of Health for Precision Medicine in Cardiology.

Footnotes

Study association: This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Ethics approval and consent to participate: This study was approved by the Ethics Committee of the Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo under the protocol number CAAE 55200322.5.2001.0068. All the procedures in this study were in accordance with the 1975 Helsinki Declaration, updated in 2013. Informed consent was obtained from all participants included in the study.

Sources of funding: This study was partially funded by Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência/SP – PROADI-SUS.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES