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. 2020 Apr 6;114(3):574–575. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20190817
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Resposta a ‘’Reinternação de Pacientes com Síndrome Coronariana Aguda e seus Determinantes’’: Uma Visão da APS

Laís Cruz Lima 1, Eliane Mazzuco 1, André Luís Prudêncio 1
PMCID: PMC7792732  PMID: 32267334

O estudo de Oliveira et al.,1 mostra dados de suma importância sobre reinternações de pacientes em hospitais em até um ano após internação prévia por SCA e seus determinantes. Nesse estudo, foram avaliadas inúmeras variáveis, e entre as mais determinantes destaca-se o tipo de serviço de saúde utilizado pelos pacientes durante as internações.

Dessa forma, para melhor compreensão da realidade retratada não só na cidade-sede do estudo, mas em inúmeras outras cidades por todo o Brasil, e a fim de permitir maior entendimento sobre as variáveis abordadas, gostaríamos de salientar questões anteriormente discutidas em arsenais literários.

O artigo mostra que, dos 21,46% dos pacientes que necessitaram de reinternação, a maioria utilizava serviços privados de saúde, ressaltando um dos fatores de risco utilizados no presente estudo: o perfil socioeconômico dos participantes. Já entre aqueles que dependiam do sistema público de saúde foi menor a taxa de readmissão, pois, como as vagas são limitadas, nem todos são internados, ao contrário do que se observa no serviço privado.

O estudo afirma que a procura pelo serviço hospitalar ocorre devido à dificuldade de acesso a consultas em nível primário, evidenciando uma falha na comunicação entre a atenção básica à saúde e a população, que, a longo prazo, tem reflexo nas internações hospitalares e seus altos custos, potencialmente evitáveis. Segundo Cecílio et al.,2 quando se trata do acesso da população ao serviço de saúde, a atenção básica é a porta de entrada para esse sistema, ressaltando um dos papéis fundamentais da Unidade básica: a prevenção, seja primaria, secundaria ou terciaria.

Para Starfield3 a Atenção Básica à Saúde que deve coordenar os fluxos dos usuários entre os vários serviços de saúde, buscando garantir maior equidade no acesso. Todavia, para isso é necessária uma comunidade informada e amparada, que seja incentivada a prevenir doenças, cardiovasculares ou não, tanto antes quanto depois de internações prévias. Essa realidade é possível a partir de campanhas, projetos, rastreamento e acompanhamento feitos pela unidade de saúde responsável em cada região.

Desse modo, é de suma importância que os profissionais de saúde informem a população sobre os serviços oferecidos pela Atenção Básica de Saúde e suas funções em relação a prevenção de doenças e hospitalização. Assim agindo, garantem uma alternativa potencialmente capaz de reduzir as taxas de internação, pelo serviço público de saúde, durante e após a vigência de SCA. Desta forma, será possível fazer jus à aplicação da Lei 8.080,4 de 19/9/1990, da Constituição brasileira, que visa à promoção de saúde para todos.

Carta-resposta

Somos gratos pelos comentários e pelo interesse por nossa pesquisa, que versa sobre um tema relevante, no qual se destaca a reinternação de portadores de síndrome coronariana aguda (SCA) e seus determinantes, em usuários dos serviços de saúde, tanto da rede pública (SUS) como da rede privada. Um melhor entendimento das constatações a que chegamos, que certamente refletem o que acontece no País, resultará em benefícios na abordagem terapêutica de quem padece dessa importante enfermidade.

A expressiva taxa de reinternações observada, que seguramente tem impacto significativo nos custos com saúde, decorre não só de fatores clínicos, mas também do tipo de assistência recebida pelo paciente, tanto durante a internação no hospital como após a alta. É oportuno salientar que cerca de 72% da população brasileira dependem exclusivamente do SUS. Por conseguinte, conforme ressaltamos, a Atenção Básica à Saúde (ABS) pode desempenhar papel crucial na adoção e no reforço de medidas de prevenção secundárias que seguramente lograrão êxito para quem padece particularmente de SCA. Segundo a Portaria no 2.436 do Ministério da Saúde, publicada em 21/9/2017, constitui diretriz da Política Nacional de Atenção Básica a longitudinalidade do cuidado, com prestação de acompanhamento dos efeitos das intervenções em saúde e coordenação do cuidado. Portanto, o cuidado centrado na pessoa, também defendido nessa portaria, faz com que a ABS exerça papel fundamental no auxílio dos pacientes para que desenvolvam conhecimentos, aptidões e competência para melhor cuidarem da própria saúde. As ações de educação em saúde são fundamentais para reforçar o autocuidado e a prevenção de reinternações subsequentes. Por fim, a corresponsabilização entre profissionais de saúde e pacientes na implementação de ações de prevenção de complicações da doença, promoção de saúde e adequada adesão terapêutica pode influir positivamente na redução das taxas de reinternação.

Atenciosamente,

Larissa Marina Santana Mendonça de Oliveira

Danielle Góes da Silva

Antônio Carlos Sobral Sousa

Referências

  • 1.. Oliveira LMSM, Costa IMNBC, Silva DG, Barreto Filho JA, Almeida Santos MA, Oliveira JM, et al. Reinternação de pacientes com síndrome coronariana aguda e seus determinantes. Arq Bras Cardiol. 2019;113(1):42-9.; Oliveira LMSM, Costa IMNBC, Silva DG, Barreto JA, Filho, Almeida Santos MA, Oliveira JM, et al. Reinternação de pacientes com síndrome coronariana aguda e seus determinantes. Arq Bras Cardiol. 2019;113(1):42–49. doi: 10.5935/abc.20190104. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.. Cecilio LCO, Andreazza R, Carapinheiro G, Araujo EC, Oliveira LA, Andrade MG, et al. A atenção básica à saúde e a construção das redes temáticas de saúde: qual pode ser o seu papel? Ciênc saude coletiva. 2012;17(11):2893-901. [DOI] [PubMed]; Cecilio LCO, Andreazza R, Carapinheiro G, Araujo EC, Oliveira LA, Andrade MG, et al. A atenção básica à saúde e a construção das redes temáticas de saúde: qual pode ser o seu papel? Ciênc saude coletiva. 2012;17(11):2893–2901. doi: 10.1590/s1413-81232012001100006. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 3.. Starfield B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco, Ministério da Saúde; 2002.; Starfield B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco, Ministério da Saúde; 2002. [Google Scholar]
  • 4.. Brasil. Leis, etc. Lei n.8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília (DF), 1990.; Brasil . Leis, etc. Lei n.8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília (DF): 1990. [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2020 Apr 6;114(3):574–575. [Article in English]

Response to “Readmission of Patients with Acute Coronary Syndrome and its Determinants”: An Overview of PHC

Laís Cruz Lima 1, Eliane Mazzuco 1, André Luís Prudêncio 1

The study by Oliveira et al.1 shows extremely important data on readmissions of patients within one year after hospitalization for ACS and its determinants. In their study, a number of variables were evaluated. The most determinant one includes the type of health service used by patients during hospitalizations.

Thus, for a better understanding of the reality portrayed not only in the host city of the study, but in many other cities throughout Brazil, and in order to allow a greater understanding of the variables addressed, we would like to highlight issues previously discussed in the literature.

The article shows that, of 21.46% of the patients who required readmission, the majority used private health services, highlighting one of the risk factors used in the study: the socioeconomic profile of the participants. Among those who depended on the public health system, the readmission rate was lower, because, as the spots are limited, not all of them are admitted, as opposed to what is seen in the private service.

The study reports that the demand for hospital service is because it is difficult to make an appointment at the primary care level, evidencing failure in communication between primary health care and the population, which, in the long term, affects hospital admissions and their high — potentially avoidable — costs. According to Cecílio et al.,2 when it comes to the population’s access to health services, primary health care is the gateway to this system, highlighting one of the fundamental roles of basic health units: prevention, whether primary, secondary or tertiary.

For Starfield,3 it is Primary Health Care that must coordinate the flow of users between the multiple health services, in order to ensure greater equity in access to health services. However, this requires an informed and supported community that is encouraged to prevent cardiovascular or other diseases, both before and after hospitalizations. This reality can be made possible with campaigns, projects, tracking and monitoring by the health unit in charge in each region.

Thus, it is extremely important that health professionals inform the population about the services offered by Primary Health Care and its role in disease prevention and prevention of hospitalization. In doing so, they can provide an alternative potentially capable of reducing hospitalization rates by the public health service during and after the duration of ACS. This way, it will be possible to enforce Law 8080,4 of 19/9/1990, of the Brazilian Constitution, which aims to promote health for all.

Reply

We are thankful to the comments and for the interest in our study, which is about a relevant topic, i.e., readmission of patients with acute coronary syndrome (ACS) and its determinants to both public hospitals (Brazil’s public health system — SUS) and private hospitals. A better understanding of the findings we reached, which certainly reflect what happens in the country, will result in benefits for the therapeutic approach of those who have this major disease.

The expressive rate of readmissions observed, which certainly has a significant impact on health costs, results not only from clinical factors, but also from the type of assistance received by the patient, both during hospitalization and after discharge. It is worth noting that about 72% of the Brazilian population depends exclusively on the public health system. Therefore, as we said, Primary Health Care (PHC) can play a pivotal role in the adoption and reinforcement of secondary prevention measures that will surely be successful for those particularly affected by ACS. According to Ordinance No. 2436 of the Ministry of Health, published on 21/9/2017, Brazil’s Policy on Primary Health Care provides for the longitudinality of care, with monitoring of the effects of health interventions and coordination of care. Therefore, person-centered care, also advocated in this ordinance, places PHC in a fundamental role of helping patients to develop knowledge, skills and competence to better take care of their own health. Health education actions are essential to stress self-care and the prevention of subsequent readmissions. Finally, co-responsibility between health professionals and patients in the implementation of actions to prevent complications of the disease, health promotion and proper therapeutic adherence can positively influence the reduction of readmission rates.

Sincerely,

Larissa Marina Santana Mendonça de Oliveira

Danielle Góes da Silva

Antônio Carlos Sobral Sousa


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