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editorial
. 2021 Feb 19;116(2):213–218. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20210012
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Vacinação do Cardiopata contra COVID-19: As Razões da Prioridade

Wolney de Andrade Martins 1,2,3, Gláucia Maria Moraes de Oliveira 4,5, Andréa Araujo Brandão 5,6, Ricardo Mourilhe-Rocha 5,6,7, Evandro Tinoco Mesquita 1,3,5, José Francisco Kerr Saraiva 5,8, Fernando Bacal 5,9, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes 5
PMCID: PMC7909963  PMID: 33656067

A pandemia da COVID-19

A Organização Mundial da Saúde reconheceu a COVID-19 como pandemia em 11 de março de 2020 e, desde então, essa emergência de saúde pública converteu-se na principal causa de óbitos no mundo, o que tornou seu enfrentamento uma prioridade inquestionável. Ao escrevermos este editorial contabilizávamos 86.969.386 casos confirmados e 1.915.657 mortes por COVID-19 no mundo, dos quais 8.013.708 casos ocorreram no Brasil e resultaram em 201.460 mortes.1 Segundo as projeções do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME)2 o Brasil atingirá 248.476 mortes por COVID-19 em 4 de abril de 2021. As projeções para o dia 19 de março de 2021 estimam 242.738 [232.202 – 255.044] mortes, que poderiam ser reduzidas para 241.668 [231.337 – 253.770], caso a vacina fosse rapidamente administrada, e para 223.910 [215.565 – 233.360], caso a máscara fosse utilizada em 95% das situações em todos os locais. Preocupa a magnitude do número de casos e óbitos por única doença em tão pouco tempo. No momento, quando há crescimento de novos casos e internações, começar a vacinar terá impacto na redução de mortes e internações em intervalo curto. Apesar do esforço da comunidade científica, não há um tratamento específico para bloquear a replicação viral. Nesse sentido, programas de vacinação são poderosos aliados e, em virtude do notável progresso da ciência, já dispomos desse recurso.

O Brasil, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), tem se notabilizado pelo êxito da execução de programas de vacinação da sua população. É premente a instituição de política pública para vacinar dentro dos princípios do SUS: universalidade, integralidade e equidade. Entretanto, diante dos movimentos antivacina que têm surgido em nível mundial, é necessário um forte esforço para que se obtenha a adesão da população. No passado, já enfrentamos com muito êxito essa incredulidade, como na Revolta da Vacina vivida por Oswaldo Cruz. Miremo-nos nesse exemplo para superar essa grave crise sanitária.

A epidemiologia das doenças cardiovasculares na COVID-19

No Brasil, entre 17 de março e 22 de maio de 2020, houve número maior de óbitos nas capitais das regiões Norte, Nordeste e Sudeste, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Belém e Manaus, com menor ocorrência de notificação de óbitos nas capitais do Sul e do Centro-Oeste e nos municípios do interior. Observamos aumento de notificação de óbitos por causas cardiovasculares inespecíficas em todas as regiões, nas capitais e no interior, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Por outro lado, houve redução percentual das notificações de óbitos por síndrome coronariana aguda (SCA) e acidente vascular cerebral (AVC), com maior magnitude no Nordeste, seguindo-se as regiões Centro-Oeste e Sudeste (capital e interior).3

A pandemia pelo coronavírus em 2020 no Brasil aumentou o número de óbitos gerais, por doenças cardiovasculares (DCV) e por causas inespecíficas, assim como o número de mortes súbitas em domicílio. As diferenças regionais exprimem as desigualdades socioeconômicas e étnicas de um país continental, sendo ainda consequência de um sistema de saúde com recursos heterogêneos e mal distribuídos.3

COVID-19 é a novidade pandêmica. A DCV é nossa realidade endêmica, consolidada e irresoluta. Ambas comprometem a saúde em todos os aspectos, individuais e coletivos, físicos, psíquicos, sociais e econômicos. Em comum, ceifam vidas produtivas e promissoras.

Ainda carecemos de estudos duplo-cegos, randomizados, placebo-controlados que mostrem a relação de causalidade entre vacinação contra COVID-19 e benefício nos cardiopatas. Utilizemos então a melhor evidência disponível.

As vacinas e o impacto na humanidade

Apesar de terem surgido antes mesmo dos imunologistas, as vacinas provocaram impacto no controle ou até erradicação de doenças outrora devastadoras. A varíola matava 29% das crianças na Londres dos séculos XVII e XVIII e foi declarada extinta em 1980. Quem entre nós fez diagnóstico de miocardite diftérica nos últimos 10 anos? Quantos casos de tétano neonatal foram internados em seu hospital em 2020? Vacinações mudaram a história natural das epidemias de difteria em 1940, de poliomielite em 1956, de coqueluche em 1950, de sarampo em 1968, de doença meningocócica em 1999, entre muitas outras. Entretanto, o vacilo nas campanhas resultou, invariavelmente, em reincidência.4

O modelo ‘influenza’

A vacinação contra influenza é a experiência exitosa baseada em evidências mais próxima da atual situação pandêmica pela COVID-19. Apesar de a vacinação contra influenza ser recomendada pelas principais diretrizes em cardiologia, a cobertura vacinal é baixa e aumentou pouco na última década.5 A vacinação depende, em muito, da recomendação do cardiologista, que é, sobretudo, “o clínico” do cardiopata, ouvido em diversas situações. O conhecimento e consequente convencimento sobre a necessidade da vacina é determinante para sua difusão. A vacina da influenza é o exemplo inequívoco: acha-se disponível, é de fácil acesso em campanhas, mas sua cobertura não ultrapassa 25% dos pacientes com insuficiência cardíaca (IC).5 , 6

A necessidade da vacinação contra influenza em cardiopatas foi determinada primeiramente pelos relatos históricos de aumento de mortalidade nas epidemias e, posteriormente, por estudos epidemiológicos.5 O Quadro 1 apresenta evidências que embasaram tais recomendações.7 - 15 Hoje, sabe-se que a vacinação é medida eficaz na prevenção secundária, pois reduz internações hospitalares por IC, AVC e SCA, além de reduzir mortalidade geral de modo mais expressivo que muitos medicamentos ou intervenções.5 , 6

Quadro 1. – Principais evidências que embasaram a recomendação da vacinação contra influenza em cardiopatas.

Autor Ano n Principais conclusões
Nichol KL et al.7 2003 286.383 idosos Vacina contra influenza reduziu mortalidade geral em 48%, hospitalizações por doença cardíaca em 19% e AVC entre 16% e 23%
Yap FHY et al.8 2004 17.226 internações por DCNT Influenza causou excedente de 45,6% de internações por IC
Sandoval C et al.9 2008 5.448 pacientes com disfunção ventricular sistólica O risco de hospitalização por IC é 8% a 10% maior durante a estação de influenza, independentemente de como é definida
Jorge JEL et al.10 2009 6.596 hospitalizações por IC A sazonalidade com maior número de internações por IC descompensada ocorre também em regiões de clima tropical
Estabragh ZR & Mamas MA11 2013 40 estudos Influenza leva a efeito direto: miocardite com choque cardiogênico, aumento de IAM, diminuição da mortalidade cardiovascular após vacinação
Wu WC et al.12 2014 107.045 pacientes com IC Vacinação contra influenza reduziu mortalidade de pacientes com IC em 30 dias e 1 ano
Caldeira D et al.13 2015 4 estudos Vacinação contra influenza é eficaz na prevenção secundária em pacientes com doença cardiovascular. Faltam dados para comprovar a mesma ação em prevenção primária
Blaya-Nováková V et al.14 2016 227.984 pacientes seguidos por 5 anos Vacinação contra influenza reduziu risco de mortalidade global no inverno em 41% por ano
Fang YA et al.15 2016 4.406 pacientes com IRC e idade ≥55 anos. Idosos com doença renal crônica que receberam vacinação anual contra influenza apresentam menor risco de hospitalizações por IC

AVC: acidente vascular cerebral; DCNT: doenças crônicas não transmissíveis; IC: insuficiência cardíaca; IAM: infarto agudo do miocárdio; IRC: insuficiência renal crônica.

As infecções e a síndrome inflamatória sistêmica

A influenza predispõe a pneumonia bacteriana secundária e, dessa forma, descompensa o paciente com IC. Sim, é fato. Entretanto, deve-se ressaltar que a síndrome inflamatória sistêmica secundária à influenza leva a alteração dos fatores de coagulação, hiperagregabilidade plaquetária, além de aumento das proteínas de fase inflamatória, das citocinas e do fator de necrose tumoral. Consequentemente, tem-se incremento dos fenômenos trombóticos e depósito de fibrina, hipocontratilidade do cardiomiócito, inflamação e aceleração da aterogênese e do remodelamento ( Figura 1 ). Assim, explica-se facilmente o porquê da redução de SCA e AVC nos pacientes vacinados em relação aos controles nos ensaios clínicos e observações epidemiológicas.5 , 16

Figura 1. – Fisiopatologia das alterações cardiovasculares secundárias à inflamação sistêmica na influenza.

Figura 1

A COVID-19 trouxe à tona a discussão dos mesmos mecanismos e manifestações já muito bem estudados na influenza. É inegável que a resposta inflamatória apresentada na COVID-19 seja mais exuberante e grave, associada ao risco de trombose. Portanto, conhecemos as peculiaridades da imunização nesse subgrupo de indivíduos e somos capazes de recomendar providências eficientes para ampliar as chances de sucesso do programa de imunização contra a COVID-19.

COVID-19 e grupos de risco

Desde as primeiras séries publicadas a partir da China e da Itália, a gravidade da COVID-19 sobressaiu nos portadores das doenças crônicas não transmissíveis, muito provavelmente tomados em comum pela inflamação sistêmica crônica.17 Descontadas as confusões suscitadas por interpretações inadequadas de estudos ecológicos, o conceito de grupo de risco manteve-se nas publicações subsequentes. Na verdade, fato já conhecido desde os estudos da influenza. O paciente com IC é um indubitável exemplo de grupo prioritário e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) já se manifestou a respeito.18

Recentemente, a SBC foi convidada pelo Ministério da Saúde para integrar a Câmara Técnica e revisar o Programa Nacional de Imunização contra a COVID-19 e apontou sugestões relativas à vacinação em enfermos acometidos por todas as DCV, definindo e especificando grupos prioritários para a vacinação ( Quadro 2 ).

Quadro 2. – Doenças cardiovasculares e cerebrovasculares prioritárias para vacinação contra COVID-19. Sugestões oferecidas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia ao Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Síndrome/Doença cardiovascular ou cerebrovascular Definição
Insuficiência cardíaca
  • IC com fração de ejeção reduzida, intermediária ou preservada, em estágios B, C ou D, independentemente de classe funcional da New York Heart Association

  • Pós-transplante cardíaco (usar vacinas de vírus inativado)

Cor-pulmonale e hipertensão pulmonar Cor-pulmonale crônico, hipertensão pulmonar primária ou secundária
Hipertensão arterial resistente Quando a PA permanece acima das metas recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou PA controlada em uso de quatro ou mais fármacos anti-hipertensivos
Hipertensão arterial estágio 3 PA sistólica ≥180 mmHg e/ou diastólica ≥110 mmHg independentemente da presença de LOA ou comorbidade
Hipertensão arterial estágios 1 e 2 com LOA e/ ou comorbidade PA sistólica entre 140 e 179 mmHg e/ou diastólica entre 90 e 109 mmHg na presença de LOA e/ ou comorbidade
Cardiopatia hipertensiva Cardiopatia hipertensiva (hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação, sobrecarga atrial e ventricular, disfunção diastólica e/ou sistólica, lesões em outros órgãos-alvo)
Síndromes coronarianas Síndromes coronarianas crônicas ( angina pectoris estável, cardiopatia isquêmica, pós infarto agudo do miocárdio, outras)
Valvopatias Lesões valvares com repercussão hemodinâmica ou sintomática ou com comprometimento miocárdico (estenose ou insuficiência aórtica, estenose ou insuficiência mitral, estenose ou insuficiência pulmonar, estenose ou insuficiência tricúspide, outras)
Miocardiopatias e pericardiopatias
  • Miocardiopatias de qualquer etiologia ou fenótipo

  • Pericardite crônica

  • Cardiopatia reumática

Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas Aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos
Arritmias cardíacas Arritmias cardíacas com importância clínica e/ou cardiopatia associada (fibrilação e flutter atriais, outras)
Cardiopatias congênitas no adulto Cardiopatias congênitas com repercussão hemodinâmica, crises hipoxêmica, insuficiência cardíaca, arritmias, comprometimento miocárdico.
Próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados Portadores de próteses valvares biológicas ou mecânicas e dispositivos cardíacos implantados (marca-passos, cardiodesfibriladores, ressincronizadores, assistência circulatória de média e longa permanência)
Doença cerebrovascular Acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico, ataque isquêmico transitório, demência vascular

IC: insuficiência cardíaca; PA: pressão arterial; LOA: lesão de órgão-alvo. Fonte: correspondência enviada ao Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, em 02/01/2021.

As atuais perspectivas com as diferentes vacinas contra COVID-19

Ainda há poucas vacinas testadas em estudos fase 2 ou 3. No entanto, os resultados são muito positivos e impactantes, tanto em segurança quanto em eficácia. Merece destaque que as vacinas apoiadas pela Pfizer,19 Moderna20 e AstraZeneca21 incluíram idosos, cardiopatas, diabéticos, obesos graves, afrodescendentes e latinos. E, apesar do número relativamente reduzido, essa inclusão permite-nos inferir a segurança e a eficácia em pacientes cardiopatas. Os efeitos adversos observados foram locais, porém menos comuns nos mais idosos. Os efeitos cardiovasculares observados, como hipertensão, bradicardia, taquicardia, fibrilação atrial, SCA ou tromboembolia pulmonar, tiveram frequência menor que 0,1% e foram semelhantes entre os vacinados e os que receberam placebo ( Quadro 3 ).

Quadro 3. – Características demográficas e clínicas dos voluntários vacinados contra COVID-19 nos ensaios clínicos.

Características BNT162b2 (Pfizer/BioNTech)19 mRNA-1273 (Moderna / NIAID / NIH)20 ChAdOx1 COV 003 (Oxford/ AstraZeneca)21
Número de voluntários (n) 44.820 30.420 23.848 (4.088 Brasil)
Faixa etária (anos) 16 a 91 18 a 95 ≥18
Mediana idade (anos) 52 (42,2% ≥55) 51 (24,8% ≥65) -
Afrodescendentes (%) 9 10,2 10,4**
Latinos ou Hispânicos (%) 28 24,8 -
Efeitos adversos Dor local foi mais comum em vacinados Mais frequente nos mais jovens
  • Dor local após injeção mais frequente no grupo vacinado que placebo

  • Os efeitos adversos são mais comuns após a segunda dose Mais comuns nos mais jovens

Indisponível
Efeitos cardiovasculares Indisponível Bradicardia, síncope, taquicardia, síndrome coronariana aguda, fibrilação atrial, hipertensão, hipotensão, todos <0,1% e semelhante frequência entre placebo e vacinados Indisponível
Eficácia (%) 95,0 [IC 90,3 – 97,6] 94,1 [IC 89,3 – 96,8] 64,2 [IC 30,7 – 81,5]
Eficácia em subgrupos Semelhante nos subgrupos, incluindo hipertensos, idosos, obesos e brasileiros Semelhante em subgrupo de risco para COVID-19 grave Indisponível
Obesos (IMC>30 kg/m2) (%) 35,1 6,7 20,4
Diabéticos (%) 38,4* 9,5 3,0**
Doença cardiovascular (%) 2,7* 4,5 12,0**

IMC: índice de massa corpórea. (*) Cálculo aproximado a partir de dados publicados em apêndices do trabalho. (**) Dados referem-se à casuística do trabalho realizado no Brasil (COV 003). Nota: dados obtidos e analisados com critérios diferentes, portanto, com limitação quanto à comparação.

É oportuno destacar que o Brasil firmou parcerias, desde maio de 2020, para pesquisa e desenvolvimento de vacinas que incluem transferência de tecnologia por intermédio da Fundação Oswaldo Cruz e do Instituto Butantan. A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford já teve seus resultados preliminares publicados e encontra-se em uso na Inglaterra. Essa vacina será produzida em larga escala entre nós. Concomitantemente, a vacina denominada CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac, será produzida no Instituto Butantan. Esse Instituto informou nos meios de comunicação que “em estudo clínico com 12.400 voluntários, o imunizante demonstrou eficácia de 78% para casos leves e de 100% para casos moderados e graves.”22 Portanto, há perspectivas objetivas de dispormos de vacinas.

É necessário enfatizar que o Brasil tem uma das mais avançadas legislações sanitárias do mundo. A Constituição Federal consagra o acesso à saúde como direito fundamental: “ A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas ...”. Assim, políticas públicas de saúde seguras, eficazes, efetivas e custo-efetivas fazem parte do mínimo existencial de cada brasileiro, devendo ser ofertadas de maneira universal, integral e gratuita. Enquadram-se nesse contexto as campanhas de vacinação, verdadeiro patrimônio consolidado dos brasileiros e orgulho nacional. À vista disso, criar todas as condições para ofertar vacinas em um amplo programa de imunização contra a COVID-19 é “ direito de todos e dever do Estado ”, sob pena do dever constitucional converter-se em promessa inconsequente, frustrando as justas expectativas depositadas no Estado brasileiro.

Por que vacinar?

Resumimos as dez razões para indicar a vacina ao seu paciente na Figura 2 . É nosso ponto de vista, baseado na melhor evidência existente, que devemos nos engajar na difusão desse conhecimento e motivar nossos pacientes. No entanto, impõe-se a manutenção das eficazes e comprovadas medidas de prevenção ao contágio pela COVID-19: higienização das mãos, uso de máscaras e distanciamento social. Em que pese que o programa de vacinação poderá contribuir para a minimização do contágio, certamente as medidas clássicas de prevenção deverão ser mantidas até que se prove definitivamente o benefício do programa de vacinação.

Figura 2. – Dez razões para vacinar o paciente com doença cardiovascular contra COVID-19. AVC: acidente vascular cerebral; SCA: síndrome coronariana aguda; IC: insuficiência cardíaca.

Figura 2

A Sociedade Brasileira de Cardiologia e seu compromisso com a ciência

A SBC não fugirá ao legado histórico, edificado no exemplo de Carlos Chagas, Dante Pazzanese e nossos pioneiros, transmitido por mais de sete décadas aos mais de 14.000 associados, confirmado em seu propósito social. É objetivo da SBC “ Expandir, divulgar e incentivar, em todos os níveis, o conhecimento, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento das DCV, desenvolvendo campanhas educativas em conjunto com o poder público e com outras entidades e associações, e divulgar, junto à sociedade civil, os aspectos epidemiológicos das DCV, esclarecendo-a quanto às possibilidades de prevenção e tratamento ”.23

Apesar do elevado custo em vidas perdidas, a busca por solução eficiente para a pandemia, trouxe-nos rápido avanço nas pesquisas, alicerçado em ciência de boa qualidade, deixando um notável legado e conquistas. No curso de um ano, descreveram-se o quadro clínico, o perfil epidemiológico e o agente etiológico em nível molecular, aprimoraram-se cuidados, refutaram-se tratamentos empíricos e fúteis e produziram-se vacinas testadas em ensaios clínicos. É a ciência em sua fascinante evolução por eficácia em prol da qualidade e quantidade de vida. Mas, a grande lição tem sido a necessidade do fortalecimento do sistema de saúde, o nosso SUS. A defesa intransigente do SUS, em síntese, é a defesa da dignidade da pessoa humana, compromisso fundamental do Estado brasileiro. A SBC e as demais sociedades científicas devem se aliar na luta pelo progresso e difusão da ciência e pela consecução de políticas públicas capazes de melhorar a vida de cada um dos mais de 220 milhões de brasileiros. Os princípios que nortearam a criação da SBC em 1943, no meio da Segunda Guerra Mundial, são os mesmos que nos motivam nesta crise sanitária sem precedentes.

Referências

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Vaccinating Patients with Heart Disease Against COVID-19: The Reasons for Priority

Wolney de Andrade Martins 1,2,3, Gláucia Maria Moraes de Oliveira 4,5, Andréa Araujo Brandão 5,6, Ricardo Mourilhe-Rocha 5,6,7, Evandro Tinoco Mesquita 1,3,5, José Francisco Kerr Saraiva 5,8, Fernando Bacal 5,9, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes 5

The COVID-19 pandemic

The World Health Organization recognized COVID-19 as a pandemic on March 11, 2020. Since then, this public health emergency has become the leading cause of death in the world and has made addressing it an unquestionable priority. At the time of writing this editorial, we counted 86 969 386 confirmed cases and 1 915 657 deaths from COVID-19 worldwide, of which, 8 013 708 cases in Brazil resulted in 201 460 deaths.1According to projections by the Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME),2Brazil will have 248 476 deaths from COVID-19 on April 4, 2021. By March 19, 2021, 242 738 [232 202 – 255 044] deaths are estimated, and those numbers could be reduced to 241 668 [231 337 – 253 770], with the quick administration of vaccines, and to 223 910 [215 565 – 233 360], with a 95% level of face mask use in public. The magnitude of the number of cases and deaths from a single disease in such a short time is worrisome. Now, when there is a growth in the number of new cases and hospitalizations, starting to vaccinate will have an impact on reducing deaths and hospitalizations in a short interval. Despite the efforts of the scientific community, there is no specific treatment to block viral replication. In this sense, vaccination programs are powerful allies. In addition, due to the remarkable progress of science, we already have this resource.

Brazil, through its Unified Health System (SUS), has been known for the successful implementation of vaccination programs for its population. The institution of a public policy to vaccinate within the SUS principles, which are universality, integrality, and equity, is urgent. However, because of the antivaccine movements that have emerged worldwide, a strong effort to obtain the population’s adhesion is required. In the past, in the Vaccine Revolt experienced by Oswaldo Cruz, we have successfully faced that disbelief. Let us be inspired by that episode to overcome this serious health crisis.

The epidemiology of cardiovascular diseases in COVID-19

In Brazil, between March 17 and May 22, 2020, there was a greater number of deaths in the capitals of the Northern, Northeastern and Southeastern regions, especially São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Belém, and Manaus, and a lower number of reports of death in the capitals of the Southern and West-Central regions, and in the inner country cities. We observed an increase in the number of deaths due to non-specific cardiovascular causes in all regions, in the capitals and in the inner country, mainly in the Northern, Northeastern, and Southeastern regions. On the other hand, there was a percentage reduction in the reports of deaths from acute coronary syndrome (ACS) and stroke, with greater magnitude in the Northeastern region, followed by the West-Central and Southeastern regions (capital and inner country).3

In 2020, the COVID-19 pandemic in Brazil increased the number of general deaths and of deaths due to cardiovascular diseases (CVD) and non-specific causes, as well as that of sudden deaths at home. Regional differences express the socioeconomic and ethnic inequalities of a continental country, as well as the consequence of a health system with heterogeneous and poorly distributed resources.3

COVID-19 is the pandemic novelty and CVD are our endemic, consolidated, and irresolute reality. Both compromise health in all aspects, individually and collectively, physically, psychologically, socially, and economically. In common, they reap productive and promising lives.

We still lack double-blind, randomized, placebo-controlled studies that show the causal relationship between vaccination against COVID-19 and benefit for cardiac patients. Let us, then, use the best available evidence.

Vaccines and the impact on humanity

Despite having arisen even before immunologists, vaccines have had an impact on the control and even eradication of once devastating diseases. Smallpox killed 29% of children in London in the 17thand 18thcenturies, being declared extinct in 1980. Who among us diagnosed diphtheria myocarditis in a patient in the past ten years? How many cases of neonatal tetanus were admitted to your hospital in 2020? Vaccinations changed the natural history of some epidemics, such as that of diphtheria in 1940, of polio in 1956, of pertussis in 1950, of measles in 1968, of meningococcal disease in 1999. However, vacillation in campaigns has invariably resulted in recurrence.4

The influenza model

Influenza vaccination is the successful evidence-based experience closest to the current COVID-19 pandemic situation. Although influenza vaccination is recommended by the main guidelines in cardiology, that vaccination coverage is low and has increased little in the last decade.5Vaccination depends to a great extent on the cardiologist’s recommendation. The cardiologist is “the clinician” of the patient with CVD, heard in several situations. The knowledge and consequent conviction about the need for a vaccine is crucial for its dissemination. The influenza vaccine is an unequivocal example: it is available, is easily accessed in campaigns, but its coverage does not exceed 25% of the patients with heart failure (HF).5 , 6

The need for influenza vaccination in cardiac patients has been first determined by historical reports of increased mortality in epidemics, and, later, by epidemiological studies.5 Table 1 shows evidence that supported these recommendations.7 - 15Today, influenza vaccination is known to be an effective measure for secondary prevention because it reduces hospital admissions from HF, stroke, and ACS, in addition to reducing overall mortality more significantly than many medications or interventions.5 , 6

Table 1. – Main evidence that supported the recommendation of influenza vaccination in cardiac patients.

Author Year n Main conclusions
Nichol KL et al.7 2003 286 383 elderly Influenza vaccine reduced overall mortality by 48%, hospitalizations for heart disease by 19%, and stroke by 16-23%
Yap FHY et al.8 2004 17 226 admissions for NCD Influenza caused a 45.6% increase in hospitalizations for HF
Sandoval C et al.9 2008 5448 patients with systolic ventricular dysfunction The risk of hospitalization for HF is 8-10% higher during the influenza season, regardless of how it is defined
Jorge JEL et al.10 2009 6596 hospitalizations for HF The seasonality with the highest number of hospitalizations for decompensated HF also occurs in tropical regions
Estabragh ZR & Mamas MA11 2013 40 trials Influenza leads to direct effect: myocarditis with cardiogenic shock, increased AMI, decreased cardiovascular mortality after vaccination
Wu WC et al.12 2014 107 045 patients with HF Influenza vaccination reduced mortality of patients with HF in 30 days and 1 year
Caldeira D et al.13 2015 4 trials Influenza vaccination is effective in secondary prevention in patients with cardiovascular disease. Data is lacking to prove the same action in primary prevention
Blaya-Nováková V et al.14 2016 227 984 patients followed for 5 years Influenza vaccination reduced risk of global winter mortality by 41% per year
Fang YA et al.15 2016 4406 patients with CKD and age ≥55 years. Elderly people with chronic kidney disease who received an annual influenza vaccination have a lower risk of hospitalizations for HF

NCD: chronic noncommunicable diseases; HF: heart failure; AMI: acute myocardial infarction; CKD: chronic kidney disease.

Infections and systemic inflammatory syndrome

Influenza predisposes to secondary bacterial pneumonia and, thus, decompensates patients with HF, and that is a fact. However, it should be noted that the systemic inflammatory syndrome secondary to influenza leads to changes in the coagulation factors and platelet hyperaggregability, and to an increase in inflammatory phase proteins, cytokines, and tumor necrosis factor. Consequently, there is an increase in thrombotic phenomena and fibrin deposition, cardiomyocyte hypocontractility, inflammation, acceleration of atherogenesis, and remodeling ( Figure 1 ). Thus, this easily explains the reduction in ACS and stroke in vaccinated patients as compared to controls in clinical trials and epidemiological observations.5 , 16

Figure 1. – Pathophysiology of cardiovascular changes secondary to systemic inflammation in Influenza infection. Source: The authors.

Figure 1

COVID-19 brought up the discussion of the same mechanisms and manifestations already well studied for influenza. It is undeniable that the COVID-19 inflammatory response is more exuberant and severe, and associated with the risk of thrombosis. Therefore, we are aware of the peculiarities of immunization in that subgroup of individuals and recommend efficient measures to increase the chances of success of the immunization program against COVID-19.

COVID-19 and risk groups

Since the first series published from China and Italy, the severity of COVID-19 has stood out in patients with chronic noncommunicable diseases, most likely because of the chronic systemic inflammation they have in common.17Discounting the confusions caused by inadequate interpretations of ecological studies, the concept of risk group has remained in subsequent publications, which has been an already known fact since the studies about influenza. The patient with HF is an undoubted example of a priority group, and the Brazilian Society of Cardiology (SBC) has already expressed its opinion.18

Recently, the SBC has been invited by the Ministry of Health to join the Technical Chamber and review the National Immunization Program against COVID-19. The SBC has pointed out suggestions regarding vaccination in patients affected by all CVD, defining and specifying priority groups for vaccination ( Table 2 ).

Table 2. – Cardiovascular and cerebrovascular diseases priority to COVID-19 vaccination. Suggestions offered by the Brazilian Society of Cardiology to the National Immunization Program of the Brazilian Ministry of Health.

Cardiovascular or cerebrovascular syndrome / disease Definition
Heart failure
  • HF with reduced, intermediate or preserved ejection fraction, in stages B, C or D, regardless of New York Heart Association functional class

  • Post-heart transplantation (using inactivated virus vaccines)

Cor pulmonale and pulmonary hypertension Chronic cor pulmonale, primary or secondary pulmonary hypertension
Resistant arterial hypertension When BP remains above the recommended targets with the use of three or more antihypertensive drugs of different classes, at maximum recommended and tolerated doses, administered frequently, appropriate dosage and proven adherence or BP controlled by using four or more antihypertensive drugs
Stage 3 hypertension Systolic BP ≥180 mm Hg and / or diastolic BP ≥110 mm Hg regardless of the presence of TOD or comorbidity
Stage 1 and 2 hypertension with TOD and / or comorbidity Systolic BP between 140 and 179 mm Hg and / or diastolic BP between 90 and 109 mm Hg in the presence of TOD and / or comorbidity
Hypertensive heart disease Hypertensive heart disease (left ventricular hypertrophy or dilation, atrial and ventricular overload, diastolic and / or systolic dysfunction, injuries to other target organs)
Coronary syndromes Chronic coronary syndromes (angina pectoris, ischemic heart disease, post-acute myocardial infarction, others)
Valvopathies Valve lesions with hemodynamic or symptomatic repercussions or with myocardial impairment (aortic stenosis or insufficiency, mitral stenosis or insufficiency, pulmonary stenosis or insufficiency, tricuspid stenosis or insufficiency, and others)
Cardiomyopathies and pericardiopathies
  • Myocardiopathies of any etiology or phenotype

  • Chronic pericarditis

  • Rheumatic heart disease

Diseases of the aorta, large vessels, and arteriovenous fistulas Aneurysms, dissections, hematomas of the aorta and other large vessels
Cardiac arrhythmias Cardiac arrhythmias of clinical importance and / or associated heart disease (atrial fibrillation and flutter, and others)
Congenital heart disease in adults Congenital heart disease with hemodynamic repercussions, hypoxemic crises, heart failure, arrhythmias, myocardial involvement
Valve prostheses and implanted cardiac devices Individuals with biological or mechanical valve prostheses and implanted cardiac devices (pacemakers, cardioverter defibrillators, resynchronizers, medium and long-term circulatory assistance)
Cerebrovascular disease Ischemic or hemorrhagic stroke, transient ischemic attack, vascular dementia

HF: heart failure; BP: blood pressure; TOD: target organ damage. Source: correspondence sent to the National Immunization Program of the Brazilian Ministry of Health, on January 2, 2021.

The current perspectives with the different vaccines against COVID-19

There are still few vaccines tested in phase 2 or 3 studies. However, the results are positive and impactful, both in terms of safety and effectiveness. It is worth mentioning that the vaccines supported by Pfizer,19Moderna,20and AstraZeneca21have included the elderly, cardiac patients, diabetics, severely obese individuals, Afro-descendants, and Latinos. And, despite their relatively small number, that inclusion allows us to infer safety and efficacy for cardiac patients. The adverse effects observed were local, but less common in the elderly. The cardiovascular effects observed, such as hypertension, bradycardia, tachycardia, atrial fibrillation, ACS, and pulmonary thromboembolism, had a frequency lower than 0.1% and were similar in those who received the vaccines and those who received placebo ( Table 3 ).

Table 3. – Demographic and clinical characteristics of volunteers vaccinated against COVID-19 in clinical trials.

Characteristics BNT162b2 (Pfizer/BioNTech)19 mRNA-1273 (Moderna / NIAID / NIH)20 ChAdOx1 COV 003 (Oxford/ AstraZeneca)21
Number of volunteers (n) 44 820 30 420 23 848 (4088 Brazil)
Age range (years) 16 to 91 18 to 95 ≥18
Median age (years) 52 (42.2% ≥55) 51 (24.8% ≥65) -
Afrodescendants (%) 9 10.2 10.4**
Latin or Hispanic (%) 28 24.8 -
Adverse effects Local pain was more common in vaccinated individuals More frequent in younger people
  • Local pain after injection more frequent in the vaccinated than placebo group

  • Adverse effects are more common after the second dose

  • Most common in younger people

not available
Cardiovascular effects not available Bradycardia, syncope, tachycardia, acute coronary syndrome, atrial fibrillation, hypertension, hypotension, all <0.1% and similar frequency for those receiving placebo and vaccines not available
Efficiency (%) 95.0 [CI 90.3 – 97.6] 94.1 [CI 89.3 – 96.8] 64.2 [CI 30.7 – 81.5]
Subgroup effectiveness Similar in subgroups, including hypertensive, elderly, obese and Brazilians Similar in risk subgroup for severe COVID-19 not available
Obese (BMI> 30 kg/m2) (%) 35.1 6.7 20.4
Diabetics (%) 38.4* 9.5 3.0**
Cardiovascular disease (%) 2.7* 4.5 12.0**

BMI: body mass index. (*) Approximate calculation based on data published in the trial appendices. (**) Data refer to the series of the trial carried out in Brazil (VOC 003). Note: data obtained and analyzed with different criteria, therefore with limited comparisons.

It is worth mentioning that Brazil has entered into partnerships since May 2020 for the research and development of vaccines that include technology transfer through the Oswaldo Cruz Foundation and the Butantan Institute. The vaccine developed by AstraZeneca and the Oxford University has already had its preliminary results published, being in use in England. This vaccine will be produced on a large scale in Brazil. Concomitantly, the vaccine called CoronaVac, developed by the Sinovac laboratory, will be produced at the Butantan Institute, which has reported in the media that “ in a clinical study with 12 400 volunteers, the immunizing agent showed 78% effectiveness for mild cases and 100% for moderate and severe cases ”.22Thus, the perspective of having vaccines is good.

It is necessary to emphasize that Brazil has one of the most advanced health legislations in the world. The Brazilian Federal Constitution enshrines access to health as a fundamental right: “ Health is a right for all and a duty of the State, guaranteed through social and economic policies ...”. Thus, public health policies that are safe, effective, and cost-effective are part of the existential minimum of each Brazilian, and should be offered in a universal, comprehensive, and free manner. That includes the vaccination campaigns, a true consolidated patrimony of Brazilians and national pride. In view of this, creating all the conditions to offer vaccines in a comprehensive immunization program against COVID-19 is “ a right for all and a duty of the State ”, under penalty of constitutional duty becoming an inconsequential promise, frustrating the fair expectations deposited in the Brazilian State.

Why vaccinate?

Figure 2 summarizes ten reasons for recommending the vaccine to your patient. It is our view, based on the best evidence available, that we should engage in the dissemination of this knowledge and motivate our patients. However, it is necessary to maintain the effective and proven measures to prevent COVID-19 spread: hand hygiene, face mask wearing, and social distancing. Even though the vaccination program may contribute to minimize spread, the classic preventive measures must certainly be maintained until the vaccination program benefit is definitively proven.

Figure 2. – Ten reasons to vaccinate a patient with cardiovascular disease against COVID-19. ACS: acute coronary syndrome; HF: heart failure. Source: The authors.

Figure 2

The Brazilian Society of Cardiology and its commitment to science

The SBC will not escape the historical legacy, built on the example of Carlos Chagas, Dante Pazzanese, and our pioneers and transmitted for more than seven decades to more than 14 000 members, confirmed in its social purpose. The SBC’s objective is “ to expand, disseminate and encourage, at all levels, the knowledge, diagnosis, prevention and treatment of CVD, developing educational campaigns jointly with the government and other entities and associations, and disseminating the epidemiological aspects of CVD to the civil society, which should be educated about the prevention and treatment possibilities ”.23

Despite the high cost of lost lives, the search for an efficient solution to the pandemic has brought us rapid advances in research, based on good quality science, leaving a remarkable legacy and achievements. In one year, the clinical picture, the epidemiological profile and the etiological agent at the molecular level were described, care was improved, empirical and futile treatments were refuted, and vaccines tested in clinical trials were produced. This is science in its fascinating evolution for effectiveness in favor of quality and quantity of life. However, the great lesson has been the need to strengthen the health system, our SUS.

The uncompromising defense of SUS, in short, is the defense of the dignity of the human person, a fundamental commitment of the Brazilian State. The SBC and the other scientific societies must ally themselves in the fight for the progress and diffusion of science and for the achievement of public policies capable of improving the lives of each of the more than 220 million Brazilians. The principles that guided the creation of the SBC in 1943, in the middle of the Second World War, are still the same that motivate us in this unprecedented health crisis.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

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