Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
letter
. 2021 Apr 8;116(4):840–843. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20201110
View full-text in English

Bioprótese Valvar Porcina: Um Legado de Mario Vrandecic

Erika Correa Vrandecic 1, Ektor Correa Vrandecic 1, Bayard Gontijo Filho 1, Rossana Dall’Orto Elias 1, Braulio Roberto Gonçalves Marinho Couto 1, Marcus Vinicius Bolivar Malachias 1,2,
PMCID: PMC8121389  PMID: 33886737

A doença valvar cardíaca ocupa atualmente os holofotes da medicina cardiovascular em face dos recentes avanços das técnicas de imagens e emergentes possibilidades terapêuticas, atraindo a atenção de médicos, pesquisadores, fabricantes de dispositivos e investidores.1 O Brasil ocupa um lugar de destaque internacional na história e no desenvolvimento tecnológico de substitutos valvares utilizados no tratamento dessa enfermidade.

O primeiro implante mundial de uma bioprótese valvar suína, comercialmente disponível, aconteceu em outubro de 1968.2 Cerca de meio século depois, em setembro de 2019, faleceu o médico e cientista Mario Vrandecic, criador da única bioprótese cardíaca de tecido porcino produzida no Brasil e aprovada na agência norte-americana Food and Drug Adminstration (FDA), há décadas globalmente utilizada no tratamento da doença cardíaca valvar.

Nesse artigo, destacamos a história do seu criador e as evidências de efetividade e segurança da bioprótese valvar Biocor, hoje denominada St. Jude Medical Biocor (St. Jude Medical, Inc., St Paul, MN).316

Mario Vrandecic, de ascendência croata e nascido na Bolívia, cursou Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (FM/UFMG). Especializou-se em cirurgia geral e cardiovascular nos Estados Unidos da América (EUA), onde serviu ao exército americano como cirurgião, inclusive durante a guerra do Vietnã. Retornou definitivamente ao Brasil em 1976 e passou a atuar como professor da FM/UFMG e cirurgião cardiovascular na Santa Casa de Belo Horizonte, entre outros hospitais.

Tendo realizado pesquisas com tecidos biológicos durante a sua residência nos EUA, em 1981 criou a Biocor Indústria, empresa na qual desenvolveu uma bioprótese valvar cardíaca de tecido porcino, entre outras patentes. Inicialmente usada no Brasil, na América Central e na Ásia, a bioprótese logo obteve o CE Marking, passando a ser utilizada na Europa e, posteriormente, com a aprovação pelo FDA, também nos EUA. Recebeu homenagens de várias sociedades científicas e de entidades da área de inovação nacionais e internacionais. Em 1997, a Biocor Indústria foi vendida à empresa norte-americana St. Jude Medical, sendo posteriormente incorporada no ano de 2016 à Abbott Laboratories.

Após quase 40 anos de uso clínico, as evidências de seguimentos de curto, médio e longo prazos demonstram efetividade, durabilidade e segurança da referida bioprótese valvar em séries nacionais e de outros países (Tabela 1).316 Em um dos seguimentos mais longos, Mykén e Bech-Hansen, avaliaram 1.712 pacientes que receberam a bioprótese Biocor porcina no Sahlgrenska University Hospital, em Gotemburgo, na Suécia, demonstrando uma sobrevida livre de mortalidade devido à falência valvar após 20 anos de 84,3% ± 6,9% e 88,0% ± 4,0%, para implantes em posições aórtica e mitral, respectivamente16 (Tabela 1).

Tabela 1. Desfechos clínicos observados em pacientes que receberam bioprótese porcina Biocor em posições aórtica e mitral*.

Autor/referência Período de acompanhamento Posição da bioprótese Tamanho da amostra (n) Desfecho Resultado observado
Vrandecic3,4 Março 1981– março 1988(48 [1 a 84] meses) Aórtica + Mitral 1.713 Mortalidade hospitalar 6,1%
Sobrevida após 7 anos 97,1%
Aórtica 385 Complicações tardias 13,2%
Sobrevida livre de falência valvar após 7 anos 96,9%
Mitral 716 Complicações tardias 14,2%
Sobrevida após 7 anos 95,2%
Gontijo-Filho5 Maio 1990 – março 1992 (9 [1 a 22] meses) Aórtica 81 Mortalidade hospitalar 4,9%
Gontijo-Filho6 Junho 1990 – janeiro 1993 Aórtica stentless em alterações do anel aórtico 16 Mortalidade hospitalar 6,3%
Vrandecic7 Março 1992 – março 1993 (6 [1 a 12] meses) Mitral 38 Mortalidade hospitalar 0%
Retroca valvar 3,8%
Vrandecic8 Maio 1990 –dezembro 1993 Áortica stentless 120 Mortalidade hospitalar 5%
Retroca valvar 4%
Vrandecic9 (14 [1 a 26] meses) Mitral stentless 85 Mortalidade hospitalar 0%
Retroca valvar 6%
Vrandecic10 Março 1992 –dezembro 1995 (26 [3 a 45] meses) Mitral stentless 108 Mortalidade hospitalar 6,5%
Retroca valvar 12,5%
Vrandecic11 Março 1992 – agosto 1996 (29 [2 a 54] meses) Mitral stentless 120 Mortalidade hospitalar 6,5%
Retroca valvar 14,3%
Vrandecic12 Janeiro 1990 – junho 1999 (54 [3 a 114] meses) Aórtica stentless vs stented 407 Sobrevida em 8 anos 71,8% ± 0,7% (stentless) vs 62,9% ± 13,4% (stented)
Kirali13 Janeiro 1985 – junho 1999 (10 [1 a 15] anos) Mitral 158 Mortalidade em 30 dias 4,4%
Retroca valvar 14%
Sobrevida livre em 5 anos 83,7% ± 3%
Sobrevida em 13 anos 77,8% ± 3,4%
Sobrevida livre de falência valvar após 5 anos 95,5% ± 1.8%
Sobrevida livre de falência valvar após 13 anos 64,8% ± 5,3%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 5 anos 98,4% ± 1,1%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 10 anos 89,2% ± 2,9%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 14 anos 76,8% ± 7,9%
Pomerantzeff14 Março 1983 – dezembro 2000 Mitral 546 Mortalidade hospitalar 9,5%
Sobrevida em 15 anos 45% ± 15,8%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 15 anos 33,9% ± 10,4%
Eichinger15 Janeiro 1985 –dezembro 2006 (8 [1 a 21] anos) Aórtica 455 Mortalidade em 30 dias 5.3%
Sobrevida em 5 anos 74,7% ± 2,0%
Sobrevida em 10 anos 44,9% ± 2,4%,
Sobrevida em 15 anos 20,9% ± 2,5%
Sobrevida em 20 anos 9,4% ± 2,8%.
Sobrevida livre de falência valvar após 5 anos 97,5% ± 0,8%
Sobrevida livre de falência valvar após 10 anos 93,1% ± 1,7%
Sobrevida livre de falência valvar após 15 anos 88,4% ± 3,5%
Sobrevida livre de falência valvar após 20 anos 70,3% ± 10,9%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 5 anos 95,9% ± 1%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 10 anos 91,9% ± 1,6%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 15 anos 90,6% ± 2,1%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 20 anos 86,5% ± 4,5%
Mykén16 Janeiro 1983 – janeiro 2003 [média 6 anos] Aórtica 1.518 Mortalidade hospitalar 5,1%
Incidência de reoperação 0,9%/paciente-ano
Sobrevida livre de mortalidade, devido falência valvar após 20 anos 84,3% ± 6.9%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 20 anos 61,1% ± 8,5%
Mitral 194 Mortalidade hospitalar 12,9%
Incidência de reoperação 0,9%/paciente-ano
Sobrevida livre de mortalidade, devido falência valvar após 20 anos 88,0% ± 4,0%
Sobrevida livre de reoperação, devido falência valvar após 20 anos 79,3% ± 6,0%
*

Dados de 14 publicações que avaliaram os desfechos de curto, médio e longo prazos das biopróteses porcinas Biocor, publicados entre 1988 e 2008.316

Mario Vrandecic fundou ainda, em 1985, o Biocor Instituto, localizado em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Inicialmente dedicado às doenças cardiovasculares, o hospital logo evoluiu para ser um importante centro de Medicina de alta complexidade. O hospital tem sido o responsável pela especialização e atuação de muitas gerações de cardiologistas, cirurgiões cardíacos, médicos de diversas especialidades e outros profissionais de saúde, além de ser referência em assistência de qualidade à população do estado, com importantes certificações nacionais e internacionais. A gestão de Mario Vrandecic foi pautada na ética, na geração de confiança, na qualificação de pessoas e na educação continuada. O seu legado simboliza um exemplo de humanismo e dedicação à Medicina, um marco de inovação em ciência cardiovascular e uma prova da potencialidade biotecnológica do país.

Footnotes

Fontes de financiamento

O presente estudo não contou com fontes de financiamento externas.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Referências

  • 1.1. Binder RK, Dweck M, Prendergast B. The year in cardiology: valvular heart disease. Eur Heart J. 2020; 41(8): 912-20. [DOI] [PubMed]
  • 2.2. Bortolotti U, Milano AD, Valente M, Thiene G. The Stented Porcine Bioprosthesis: a 50-year journey through hopes and realities. Ann Thorac Surg. 2019; 108(1):304-8. [DOI] [PubMed]
  • 3.3. Vrandecic MO, Filho BG, Silva JAP, Fantini FA, Barbosa IT, São Jose MC, et al. Clinical results with the Biocor porcine bioprosthesis. J Cardiovasc Surg (Torino). 1991; 32(6): 807-13. [PubMed]
  • 4.4. Vrandecic MO, Filho BG, Silva JAP, Radegran KI, Silva JAP< Fantini FA, et al. Estudo multicêntrico dos resultados das trocas valvares com o uso da bioprótese Biocor no Estado de Minas Gerais. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1988; 3(3): 159-68.
  • 5.5. Gontijo Filho B, Vrandecic MO, Morea M, Morea M, Nova bioprótese aórtica sem suporte: resultados clínicos. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1992; 7(3): 208-14.
  • 6.6. Gontijo Filho B, Vrandecic MO, Fantini FA, Barbosa JT, Avelar SS, et al. Implante de bioprótese aórtica “stentless” em pacientes com alterações do anel aórtico. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1993; 8(2): 118-24.
  • 7.7. Vrandecic MO, Filho BG, Fantini FA, Barbosa JT, Silva JAP, Barbosa JT, Gutierrez C, et al. Transplante de valva mitral heteróloga: nova alternativa cirúrgica: estudo clínico inicial. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1993; 8(2): 83-90.
  • 8.8. Vrandecic MO, Filho BG, Fantini FA, Oliveira OC, Martins Jr IC, Bioprótese aórtica porcina “stentless”: acompanhamento clínico a médio prazo. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1994; 9(1): 60-3.
  • 9.9. Vrandecic MOP, Fantini FA, Gontijo BF, Oliveira OC, Martins Jr JC. Surgical technique of implanting the stentless porcine mitral valve. Ann Thorac Surg. 1995; 60 (2 Suppl): S439–S442. [DOI] [PubMed]
  • 10.10. Vrandecic MO, Filho BG, Fantini FA, Martins MH, Avelar SS, Vandrecic E. Valva mitral heteróloga sem suporte: resultados clínicos a médio prazo. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1996; 11(3): 148-54.
  • 11.11. Vrandecic MO, Gontijo B, Fantini FA, Martins I, Oliveira MH, Avelar SS, et al. Porcine mitral stentless valve mid-term clinical results. Eur J Cardiothorac Surg. 1997; 12(1): 56-62. [DOI] [PubMed]
  • 12.12. Vrandecic M, Fantini FA, Filho BG, Filho BG, Oliveira OC, Costa Jr IM, et al. Retrospective clinical analysis of stented vs stentless porcine aortic bioprostheses. Eur J Cardiothorac Surg. 2000; 18: 46-53. [DOI] [PubMed]
  • 13.13. Kirali K, Güler M, Tuncer A, Daglar B, Ipek G, Isik O, et al. Fifteen-year clinical experience with the biocor porcine bioprostheses in the mitral position. Ann Thorac Surg. 2001; 71(3): 811-5. [DOI] [PubMed]
  • 14.14. Pomerantzeff PM, Brandão CM, Albuquerque JM, Stolf NA, Grinberg M, Oliveira AS. Long-term follow up of the Biocor porcine bioprosthesis in the mitral position. J Heart Valve Dis. 2006; 15(6): 763-7. [PubMed]
  • 15.15. Eichinger WB, Hettich IM, Ruzicka DJ, Holper K, Schricker C, Bleiziffer S, et al. Twenty-year experience with the St. Jude medical Biocor bioprosthesis in the aortic position. Ann Thorac Surg. 2008; 86(4):1204-10. [DOI] [PubMed]
  • 16.16. Mykén PS, Bech-Hansen O. A 20-year experience of 1712 patients with the Biocor porcine bioprosthesis. J Thorac Cardiovasc Surg. 2009; 137(1): 76-81. [DOI] [PubMed]
Arq Bras Cardiol. 2021 Apr 8;116(4):840–843. [Article in English]

Porcine Valve Bioprosthesis: a Legacy from Mario Vrandecic

Erika Correa Vrandecic 1, Ektor Correa Vrandecic 1, Bayard Gontijo Filho 1, Rossana Dall’Orto Elias 1, Braulio Roberto Gonçalves Marinho Couto 1, Marcus Vinicius Bolivar Malachias 1,2,

Heart valve disease currently occupies the spotlight in cardiovascular medicine due to recent advances in imaging techniques and emerging therapeutic possibilities, attracting the attention of physicians, researchers, device manufacturers, and investors.1 Brazil has a prominent international role in the history and technological development of prosthetic heart valves used to treat this disease.

The first worldwide implantation of a commercially available porcine valve bioprosthesis occurred in October 1968.2 About half a century later, in September 2019, passes on the physician and scientist Mario Vrandecic, creator of the only heart valve bioprosthesis made from porcine tissue produced in Brazil and approved by the United States (US) Food and Drug Administration (FDA), globally used for decades in the treatment of heart valve disease.

In this article, we highlight the history of the creator and the evidence of effectiveness and safety of the Biocor valve bioprosthesis, known today as St. Jude Medical Biocor (St. Jude Medical, Inc., St Paul, MN).316

Mario Vrandecic, of Croatian ancestry and a native of Bolivia, studied medicine at the School of Medicine at Universidade Federal de Minas Gerais (FM/UFMG). He specialized in general and cardiovascular surgery in the US, where he served in the US army as a surgeon, including during the Vietnam War. He returned permanently to Brazil in 1976 and started working as a professor at FM/UFMG and as a cardiovascular surgeon at Santa Casa de Belo Horizonte, among other hospitals.

Having conducted research on biological tissues during his residency in the US, Vrandecic created in 1981 the Biocor Indústria, where he developed a heart valve bioprosthesis made of porcine tissue, among other patents. Initially used in Brazil, Central America, and Asia, the bioprosthesis soon obtained CE Marking, and was used in Europe and, with later FDA approval, also in the US. He received honors from several scientific societies and national and international entities in the area of innovation. In 1997, Biocor Indústria was sold to the US company St. Jude Medical, which was acquired by Abbott Laboratories later in 2016.

After almost 40 years of clinical use, evidence of short-, medium-, and long-term follow-up has demonstrated the effectiveness, durability, and safety of the valve bioprosthesis in national and international series (Table 1).316 In one of the most prolonged follow-up periods, Mykén and Bech-Hansen evaluated 1712 patients who received the Biocor porcine bioprosthesis at Sahlgrenska University Hospital (Gothenburg, Sweden), demonstrating rates of freedom from valve-related death at 20 years of 84.3 ± 6.9% and 88.0% ± 4.0% for aortic and mitral valve replacement, respectively16 (Table 1).

Table 1. Clinical outcomes observed in patients who received aortic and mitral valve replacement with the Biocor porcine bioprosthesis*.

Author/Reference Follow-up period Bioprosthesis position Sample size (n) Outcome Observed outcome
Vrandecic 3.4 March 1981 - March 1988 (48 [1 to 84] months) Aortic + Mitral 1713 In-hospital mortality 6.1%
Survival at 7 years 97.1%
Aortic 385 Late complications 13.2%
Freedom from valve dysfunction at 7 years 96.9%
Mitral 716 Late complications 14.2%
Survival at 7 years 95.2%
Gontijo-Filho5 May 1990 - March 1992 (9 [1 to 22] months) Aortic 81 In-hospital mortality 4.9%
Gontijo-Filho6 June 1990 -January 1993 Aortic "stentless" in aortic annulus abnormalities 16 In-hospital mortality 6.3%
Vrandecic7 March 1992 -March 1993 (6 [1 to 12] months) Mitral 38 In-hospital mortality 0%
Valve reoperation 3.8%
Vrandecic8 May 1990 -December 1993 Aortic "stentless" 120 In-hospital mortality 5%
Valve reoperation 4%
Vrandecic9 (14 [1 to 26] months) Mitral “stentless” 85 In-hospital mortality 0%
Valve reoperation 6%
Vrandecic10 March 1992 -December 1995 (26 [3 to 45] months) Mitral "stentless" 108 In-hospital mortality 6.5%
Valve reoperation 12.5%
Vrandecic11 March 1992 -August 1996 (29 [2 to 54] months) Mitral “stentless" 120 In-hospital mortality 6.5%
Valve reoperation 14.3%
Vrandecic12 January 1990 -June 1999 (54 [3 to 114] months) Aortic "stentless" vs. "stented" 407 8-year survival 71.8 ± 0.7% (“stentless”) vs. 62.9 ± 13.4% (“stented”)
Kirali13 January 1985 -June 1999 (10 [1 to 15] years) Mitral 158 30-day mortality 4.4%
Valve reoperation 14%
5-year cumulative survival 83.7±3%
13-year cumulative survival 77.8±3.4%
Freedom from structural valve deterioration at 5 years 95.5±1.8%
Freedom from structural valve deterioration at 13 years 64.8±5.3%
Freedom from structural valve deterioration-related reoperation at 5 years 98.4±1.1%
Freedom from structural valve deterioration-related reoperation at 10 years 89.2±2.9%
Freedom from structural valve deterioration-related reoperation at 14 years 76.8±7.9%
Pomerantzeff14 March 1983 - December 2000 Mitral 546 In-hospital mortality 9.5%
15-year survival 45±15.8%
Freedom from structural valve deterioration-related reoperation at 15 years 33.9 ± 10.4%
Eichinger15 January 1985 -December 2006 (8 [1 to 21] years) Aortic 455 30-day mortality 5.3%
5-year survival 74.7% ± 2.0%
10-year survival 44.9% ± 2.4%,
15-year survival 20.9% ± 2.5%
20-year survival 9.4% ± 2.8%.
Freedom from nonstructural valve dysfunction at 5 years 97.5 % ± 0.8%
Freedom from nonstructural valve dysfunction at 10 years 93.1% ± 1.7%
Freedom from nonstructural valve dysfunction at 15 years 88.4% ± 3.5%
Freedom from nonstructural valve dysfunction at 20 years 70.3% ± 10.9%
Freedom from reoperation due to structural valve deterioration at 5 years 95.9% ± 1%
Freedom from reoperation due to structural valve deterioration at 10 years 91.9% ± 1.6%
Freedom from reoperation due to structural valve deterioration at 15 years 90.6% ± 2.1%
Freedom from reoperation due to structural valve deterioration at 20 years 86.5% ± 4.5%
Mykén16 January 1983 -January 2003 (mean 6 years) Aortic 1518 In-hospital mortality 5.1%
Incidence of reoperation 0.9%/patient-year
Freedom from valve-related death at 20 years 84.3 ± 6.9%
Freedom from reoperation due to structural valve deterioration at 20 years 61.1% ± 8.5%
Mitral 194 In-hospital mortality 12.9%
Incidence of reoperation 0.9%/patient-year
Freedom from valve-related death at 20 years 88.0% ± 4.0%
Freedom from reoperation due to structural valve deterioration at 20 years 79.3% ± 6.0%
*

Data from 14 publications evaluating short-, medium-, and long-term outcomes with the Biocor Porcine Bioprosthesis, published between 1988 and 2008.3-16

Mario Vrandecic also founded, in 1985, the Biocor Institute, located in Nova Lima, metropolitan region of Belo Horizonte, MG. Initially dedicated to cardiovascular diseases, the hospital soon evolved into an important high-complexity medical center. The hospital has been responsible for specialization and work of many generations of cardiologists, cardiac surgeons, physicians of various specialties, and other health care professionals, in addition to being a reference in quality assistance to the population of the state, with important national and international certifications. Mario Vrandecic's management was based on ethics, generation of trust, qualification of individuals, and continuing education. His legacy symbolizes an example of humanism and dedication to medicine, a landmark of innovation in cardiovascular science, and a testament to the country's biotechnological potential.

Footnotes

Sources of Funding

There was no external funding source for this study.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES