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. 2021 Apr 8;116(4):736–741. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20190513
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Perfil de Prescrição de Estatinas e de Níveis Lipêmicos em Ambulatórios de Hospital Terciário Público

André Schmidt 1,, Henrique Turin Moreira 1, Gustavo Jardim Volpe 1, Vamberto B Foschini 1, Thiago Florentino Lascala 1, Minna Moreira Dias Romano 1, Marcus Vinícius Simões 1, José Ernesto dos Santos 1, Benedito Carlos Maciel 1, José Antonio Marin Neto 1
PMCID: PMC8121392  PMID: 33886720

Resumo

Fundamento:

O surgimento de nova classe de medicamentos com elevada capacidade de reduzir o LDL-colesterol (LDL-c) renovou o interesse na caracterização da hipercolesterolemia familiar (HF). Pouco se conhece do perfil lipídico de pacientes em atendimento terciário em nosso meio para caracterizar a real ocorrência de HF, que começa a ser suspeitada com níveis de LDL-c acima de 190mg/dL.

Objetivos:

O estudo avaliou o perfil lipídico (colesterol total [CT] e LDL-c) de pacientes de hospital público terciário.

Métodos:

Estudo retrospectivo de avaliação de prescrições de estatinas e resultados dos lipídios. O nível de significância foi estabelecido em 5%.

Resultados:

Em 1 ano, 9.594 indivíduos receberam prescrição ambulatorial de estatinas, 51,5% do gênero feminino, idade média de 63,7±12,9 anos (18 a 100 anos). Trinta e duas especialidades prescreveram estatinas, sendo a cardiologia responsável por 43%. Cerca de 15% das prescrições não tinham dosagem recente de CT, e 1.746 (18,0%) não apresentavam resultado recente de LDL-c. A ocorrência de LDL-c > 130mg/dL e < 190mg/dL ocorreu em 1.643 (17,1%) casos, e 228 (2,4%) apresentaram LDL-c ≥ 190mg/dL dentre os que utilizavam estatinas nas diversas doses. Apenas duas estatinas foram utilizadas: sinvastatina e atorvastatina, e a primeira foi prescrita em 77,6% das receitas.

Conclusão:

Nesta coorte transversal de hospital terciário, foi possível verificar que a prescrição de estatinas é disseminada, mas que a obtenção de metas adequadas de CT e LDL-c não é atingida em grande percentual, e que há, possivelmente, significativo contingente de portadores de HF que necessitariam ser investigados por suas implicações prognósticas.

Palavras-chave: Inibidoresde Hidroimetilglutaril CO Redutases, Dislipidemias, Hiperlipoproteinemia Tipo II, Hipercolesterolemia Familiar/terapia, Perfil Lipídico, Hospital Público, Colesterol

Introdução

Apesar de metanálise recente sugerir ser de 1:250 a incidência de HF na população geral,1 desconhece-se a real prevalência específica de casos com alterações extremas da colesterolemia em serviços públicos ambulatoriais terciários de nosso país. Esses serviços concentram, em geral, os casos com mais comorbidades e maior gravidade clínica.

Alguns estudos avaliaram a custo-efetividade da utilização de estatinas pelo Sistema Único de Saude (SUS);2,3 contudo, a aderência ao tratamento foi pouco estudada em grupos seletos (mulheres), atingindo 15,5% em pequena série.4 Com a recente incorporação ao arsenal terapêutico de novos medicamentos altamente eficazes no controle de hipercolesterolemia,5,6 ainda que de elevado custo, os hospitais terciários tornaram-se ponto de convergência de pacientes com perfil lipídico muito alterado, visando à sua prescrição pelo sistema público. No entanto, pouco se conhece do perfil lipídico e do tratamento de pacientes em seguimento ambulatorial nessas instituições.

O objetivo deste estudo consiste em relatar o estado atual da prescrição de estatinas em um hospital público de nível terciário e o grau de controle da dislipidemia assim obtido, além de verificar a possível existência de casos sugestivos de HF (LDL-c > 190mg/dL) mesmo em uso de estatinas.

Material e métodos

Trata-se de estudo de coorte transversal. Uma coleta sistematizada foi obtida no prontuário eletrônico da Instituição cotejando todos os indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos que receberam prescrição ambulatorial de uma estatina no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), hospital terciário de ensino, durante o ano de 2016. Além disso, foram coletadas as dosagens de CT e/ou LDL-c no ano de 2016, posteriormente realizadas ambulatorialmente. Para aqueles que realizaram mais que um exame de lipídios naquele ano, foi considerado o último exame. Idade e gênero foram coletados. Foram também registrados o medicamento prescrito e a dose utilizada, bem como a clínica que a prescreveu quando da realização do último exame. Considerando ser uma busca eletrônica direcionada, não foram coletados dados relativos a comorbidades ou clínicos/antropométricos. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local e registrado com o número CAAE 16516819.0.0000.5440.

Análise estatística

Foi realizada análise descritiva de tais dados, que foram expressos em média e desvio padrão quando a distribuição foi considerada normal pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Variáveis qualitativas foram expressas em porcentagem. Teste de correlação de Pearson foi utilizado para correlacionar os valores de CT e LDL-c. Teste t de Student não pareado foi utilizado para comparação de idades utilizada.

Foi utilizado o programa SPSS v.25 (IBM Corporation, EUA), e o nível de significância foi estabelecido em < 5%.

Resultados

Prescrições realizadas

Ao longo de 2016, 9.594 indivíduos receberam prescrição ambulatorial de estatinas na Instituição. Houve discreto predomínio do gênero feminino com 4.942 (51,5%) prescrições, e a idade média foi de 63,7±12,9 anos (18 a 100 anos). Nesses pacientes, foram identificados 8.110 (84,8%) resultados de CT e 7.848 (82,0%) de LDL-c, indicando que 1.484 (15,2%) indivíduos receberam prescrição sem dosagem recente de CT e 1.746 (18,0%) pacientes não apresentavam resultado recente de LDL-c. Ressalta-se que, em todas as especialidades, houve casos de prescrições sem dosagens; no entanto, na cirurgia vascular, isso foi mais saliente, com cerca de 75% das receitas emitidas sem dosagem de LDL-c.

No que tange as 32 especialidades médicas que as prescreveram, a cardiologia foi responsável por 43,5% das prescrições, seguida pela cirurgia vascular com 9,2% e nefrologia com 8,6%. O restante (32%) ficou distribuído em todas as outras especialidades presentes em um hospital terciário público, sendo a nutrologia responsável por apenas 106 (1,1%) receitas ambulatoriais (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição das prescrições de estatinas por especialidade médica no ano de 2016.

Especialidade N (%)
Cardiologia 4.160 (43,5)
Cirurgia vascular 1.576 (9,2%)
Nefrologia 819 (8,6)
Neurologia 731 (7,6)
Geriatria 657 (6,9)
Endocrinologia 653 (6,8)
Nutrologia 94 (1,0)
Outras 25 especialidades 1.576 (16,5)
Total 9.567 (100)

Perfil de lipídios

Colesterol total médio da amostra foi de 174, 4±49,5mg/dL variando entre 40,0 e 739,0mg/dL, enquanto o LDL-c médio foi de 101,1±40,0mg/dL, variando entre 4,0 e 635,0 mg/dL. Uma forte correlação entre os valores de CT e LDL-c foi observada (r=0,94; p<0,001). A distribuição amostral dos valores obtidos para CT e LDL-c está resumida na Figura 1.

Figura 1. Histogramas de distribuição de frequência dos valores absolutos de colesterol total (A) e LDL-c (B) na amostra de pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) no ano de 2016.

Figura 1

Verificou-se que as mulheres apresentaram níveis lipídicos significativamente mais alterados que os homens, tanto para CT (183,3 ± 49,9 vs. 164,5±47,0mg/dL; p<0,001) quanto para LDL-c (107,1 ± 40,9 vs. 94,3± 7,9mg/dL; p<0,001), ainda que a idade média dos dois gêneros fosse semelhante (63,65±13,56 vs. 63,36±12,60; p=0,29).

A ocorrência de LDL-c > 130mg/dL e < 190mg/dL ocorreu em 1.643 (17,1%) indivíduos com prescrição de estatina. Some-se a isso o fato de que 18,2% da amostra total não apresentava dosagem de LDL-c, apesar da prescrição de estatina ambulatorial. Portanto, possivelmente, um considerável percentual de indivíduos apresenta LDL-c acima do preconizado em diretrizes de prevenção primária, apesar do uso de estatinas e sem levar em consideração as entidades nosológicas concomitantes por eles apresentadas.

Finalmente, 228 (2,4%) indivíduos apresentaram LDL-c ≥ 190mg/dL dentre os que utilizavam estatinas nas diversas doses. Dois terços (152) eram do gênero feminino. Este grupo de pacientes apresenta idade média menor que a da amostra total (55±15 anos vs. 63±13 p<0,05), podendo este ser um indicador a mais para sugerir a ocorrência de HF neste grupo de pacientes de um hospital terciário.

Estatinas utilizadas

Por se tratar de hospital público, apenas duas estatinas estão disponíveis para prescrição ambulatorial: sinvastatina e atorvastatina. A primeira foi prescrita em 7.474 (77,6%) receitas. Sinvastatina na dose de 40mg foi prescrita em 3.760 (39,3%) receitas, seguida por Sinvastatina 20mg em 3158 (33,0%). Atorvastatina na dose de 40mg foi a terceira mais utilizada, em 1.087 (11,4%) receitas ambulatoriais. A Tabela 2 apresenta os níveis de CT e LDL-c de acordo com o medicamento e dose utilizados.

Tabela 2. Níveis séricos de colesterol total e sua fração LDL-c encontrados de acordo com o tipo e a dose da estatina. Pacientes com doses intermediárias não foram incluídos.

Medicamento e dose diária Número de pacientes Colesterol total (mg/dL) Média ± DP LDL-c (mg/dL) Média ± DP
Sinvastatina
10mg 302 168 ± 43 96 ± 36
20mg 3.164 177 ± 49 103 ± 40
40mg 3.764 173 ± 52 100 ± 41
80mg 57 193 ± 66 110 ± 34
Atorvastatina
10mg 92 184 ± 63 109 ± 53
20mg 481 176 ± 56 100 ± 42
40mg 1.088 170 ± 52 97 ± 41
80mg 283 182 ± 51 109 ± 43

DP: desvio padrão.

Verificamos que, no caso da sinvastatina, a dose crescente, aparentemente, foi utilizada em casos mais resistentes, sugerindo que uma adequação da dose foi realizada. Para aqueles em uso de atorvastatina, verificamos que o nível médio do CT e LDL-c decresce de modo não estatisticamente significante (p>0,05) com o incremento da dose até o nível de 40mg diários. A dose de 80 mg, utilizada em 3% dos indivíduos, foi possivelmente utilizada em indivíduos com menor resposta ao seu uso, pois ambos os valores de CT e LDL-c foram significativamente maiores que os dos que receberam atorvastatina 40mg diários (p<0,05). De modo geral, verifica-se que doses mais elevadas foram utilizadas, sugerindo a tentativa por um melhor controle da hipercolesterolemia.

Os níveis médios de CT e LDL-c foram menores significativamente (p<0,05) nos pacientes recebendo prescrições pela especialidade de cardiologia comparativamente aos outros grupos ambulatoriais, sendo o único com CT médio abaixo de 170mg/dL e LDL-c médio abaixo de 95mg/dL (Tabela 3).

Tabela 3. Níveis séricos médios de colesterol total e sua fração LDL-c de acordo com a especialidade prescritora no ano de 2016.

Especialidade Colesterol total (mg/dL) LDL-c (mg/dL)
Cardiologia 166,1 ± 45,1 94,6 ± 36,3
Endocrinologia 179,5 ± 49,3 103,8 ± 40,3
Geriatria 171,6 ± 45,0 98,4 ± 37,2
Nefrologia 183,3 ± 58,5 104,6 ± 46,6
Neurologia 171,9 ± 45,1 104,5 ± 36,9
Vascular 175,0 ± 51,8 104,2 ± 39,4
Nutrologia 186,5 ± 47,0 112,7 ± 41,1
Outras 192,5 ± 53,4 115,3 ± 44,6

Discussão

Neste estudo, pudemos verificar que a prescrição de estatinas em um hospital terciário do sistema público é bastante frequente, possivelmente pela densa concentração de pacientes com elevado número de comorbidades de ordem cardiovascular em seguimento na Instituição. Vannucchi et al., em nossa Instituição, nos anos 1970, descreveram o perfil lipídico em lipidogramas de cerca de 1.700 pacientes coletados durante período de cerca de 3 anos. Esses autores verificaram que 25,5% dos lipidogramas solicitados apresentavam alterações diagnósticas de pelo menos uma dislipidemia. Contudo, diante da inexistência de tratamentos específicos à época, nada foi discutido sobre o tópico da terapêutica.7 Na literatura mundial, Pant et al. reportaram dados de perfil lipídico em hospital de nível terciário no Nepal.8 Esses autores utilizaram uma amostra de conveniência ambulatorial sem registro do uso de estatinas ou comorbidades e verificaram que, em 408 casos avaliados com idade média de 50 anos, os valores médios de LDL-c e CT eram 113±41 mg/dL e 180±54mg/dL, respectivamente. Estudo na Turquia utilizou os resultados de lipidogramas para proceder à busca ativa de casos de HF, tendo verificado que muitos casos de elevação de LDL-c nem estavam recebendo tratamento.9

De modo original, nesta investigação, verificamos que a prescrição de estatinas ocorre de modo disseminado na Instituição. Tal fato indica o conhecimento do fator de risco cardiovascular, mas sem necessariamente visar a uma meta específica, pois há grande variabilidade nos valores médios em cada especialidade, notadamente naquelas lidando com doenças cardiovasculares (Divisão de Cirurgia Vascular do Departamento de Cirurgia e Departamento de Neurologia). Verificamos que a nutrologia, responsável por 1,1% das receitas emitidas, apresenta os níveis médios lipídicos mais elevados, fato possivelmente relacionado com a circunstância de que casos resistentes ou com HF são referenciados preferencialmente para esse ambulatório em nível terciário. Além disso, para essa amostra específica de pacientes, pode-se especular que, além de estatinas, outros medicamentos mais novos – como a ezetimiba, que reduz a absorção intestinal de colesterol, e os inibidores da proproteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9) – ainda não estão disponíveis e devem ser necessários.

A utilização de atorvastatina foi modesta (22%). Por ser necessária a prescrição mais elaborada e demorada, com inclusão dos resultados laboratoriais, pode ter havido subutilização. O encontro de elevado percentual de pacientes em uso de estatinas sem que haja pelo menos um exame anual de controle sugere que não são utilizados protocolos clínicos locais ou diretrizes publicadas.10 Podemos ainda constatar que, em grande número de pacientes, nenhum ajuste medicamentoso é realizado, e a dose utilizada é prescrita de modo “automático”, ou seja, em critérios avalizados. Possivelmente, as doses em uso necessitariam ser ajustadas de modo periódico e coordenado, dentro de protocolos clínicos institucionais bem estabelecidos, visto que pacientes oriundos de ambulatórios vinculados fortemente com a ocorrência de doenças cardiovasculares, mas sem protocolos clínicos definidos, apresentam níveis médios significativamente maiores que aqueles observados nos ambulatórios de cardiologia, nos quais eles existem, sugerindo que o controle de fatores de risco é visto com enfoques distintos, ainda que inseridos em um mesmo contexto nosológico.

Apesar de os níveis médios globais estarem dentro de níveis aceitáveis para uma amostra da população geral, cabe lembrar que há um grande número de indivíduos com elevado risco cardiovascular nessa amostra, o que sugere a existência de espaço para maior redução dos valores médios. É possível ainda constatar uma elevada proporção de pacientes com valores muito elevados apesar da utilização de estatinas. Isso pode indicar um problema relativo à aderência ao tratamento. Como estão disponíveis gratuitamente na rede pública, não há por que discutir restrições financeiras, e, no período avaliado, não houve falta de medicamentos na rede assistencial.

Outro aspecto a ser ressaltado está no fato de que pacientes do gênero feminino apresentavam níveis lipídicos significativamente mais elevados que os do gênero masculino. A proporção de mulheres acima de 60 anos de idade com elevação do colesterol total é maior em várias séries,11,12 sem que uma clara explicação fosse oferecida. O papel da menopausa nesse incremento não pode ser desconsiderado. Embora especulativamente no contexto, é plausível supor que haja certa displicência com o ajuste medicamentoso em pacientes desse gênero no que tange ao controle de fatores de risco para doença arterial coronariana, algo também previamente relatado.13

O predomínio da utilização de sinvastatina possivelmente decorre da sua disponibilização pelo sistema único de saúde (SUS) em nível ambulatorial de forma mais disseminada. A utilização de atorvastatina depende de receituário especial, por se tratar de medicamento incluído no programa de alto custo do governo estadual, e tem sido reservada para casos refratários ou com intolerância à sinvastatina. De modo geral, verificamos a utilização em sua maioria com doses elevadas, seja de sinvastatina ou de atorvastatina.

A grande variabilidade nos níveis lipídicos associados às diversas doses utilizadas indica a necessidade de ajustes nas doses dos medicamentos e, possivelmente, na utilização de estatina com maior potência, reforçando ainda mais a necessidade de utilização de protocolos clínicos bem estabelecidos e de uso institucional para estabelecimento sobre a ação medicamentosa e as doses a serem utilizadas.

Por fim, o número de indivíduos com níveis de LDL-c acima de 190mg/dL, apesar do uso de estatinas, é significativamente mais elevado do que o reportado na população geral. Esse percentual (2,4%) reflete, muito provavelmente, como fator precípuo, a concentração em nível terciário de indivíduos com maior número de comorbidades. Entretanto, considerando ainda o fato de serem mais jovens, isso sugere fortemente a presença de HF, que deve ser investigada de modo sistematizado após se atingirem as doses máximas possíveis de estatina.

Limitações

Diversas limitações estão presentes neste estudo. Em primeiro lugar, não incluímos todo o perfil lipídico, como os níveis de triglicerídios e colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-c). Tal ocorrência deveu-se ao fato de ser artigo focado no uso de estatinas, e essas dosagens não interferirem diretamente na sua prescrição. Não foram coletados dados referentes ao uso de ezetimibe, que contribui para a redução dos lipídios mesmo em uso de doses elevadas de estatinas,14 pois não faz parte das medicações disponíveis no SUS, apesar de existirem prescrições desse medicamento no receituário ambulatorial, pois alguns pacientes conseguiam adquiri-lo. Outro aspecto limitante foi o fato de não terem sido coletadas as comorbidades e dados antropométricos apresentados pelos indivíduos. Infelizmente, em estudos como este, com grande número de dados, a revisão individual dos prontuários não é factível, e o sistema eletrônico de registro de dados (big data) ainda está em fase de implantação, e seu acesso nessa fase preliminar poderia gerar dados errôneos. Desse modo, uma classificação de risco cardiovascular dos pacientes não foi obtida.

Conclusão

Nesta coorte transversal em um hospital terciário, foi possível verificar que a prescrição de estatinas é disseminada, mas que a obtenção de metas bem estabelecidas de controle de CT e LDL-c não é atingida em grande percentual de indivíduos, e que há, possivelmente, um elevado percentual de portadores de HF que necessitariam ser investigados apropriadamente para melhor definição diagnóstica e de enfoque terapêutico, por suas implicações prognósticas. A adesão institucional a protocolos clínicos diagnósticos e de tratamento mais uniformemente padronizado favoreceria melhor controle de dislipidemias em instituição terciária e a eventual alocação de recursos para prescrição de fármacos novos e efetivos, como os inibidores de PCSK9 em casos selecionados conforme diretrizes clínicas.15

Footnotes

Fontes de financiamento

O presente estudo não contou com fontes de financiamento externas.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Referências

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Arq Bras Cardiol. 2021 Apr 8;116(4):736–741. [Article in English]

Statins Prescriptions and Lipid Levels in a Tertiary Public Hospital

André Schmidt 1,, Henrique Turin Moreira 1, Gustavo Jardim Volpe 1, Vamberto B Foschini 1, Thiago Florentino Lascala 1, Minna Moreira Dias Romano 1, Marcus Vinícius Simões 1, José Ernesto dos Santos 1, Benedito Carlos Maciel 1, José Antonio Marin Neto 1

Abstract

Background:

The development of a new class of medications that are highly capable of reducing LDL-cholesterol renewed the interest in the characterization of familial hypercholesterolemia patients. Nevertheless, little is known about the lipid profile of patients in tertiary healthcare centers in Brazil in order to better estimate the real occurrence of familial hypercholesterolemia, with initial suspect of LDL-cholesterol levels above 190 mg/d/L.

Objectives:

This study evaluated the lipid profile (total cholesterol and LDL-cholesterol) in ambulatory patients from a general tertiary public hospital.

Methods:

Retrospective study comparing prescriptions of statins and lipid profile results. The significance level was established in 5%.

Results:

In one year, 9,594 individuals received statin prescriptions, of whom 51.5% were females and the mean age was 63.7±12.9 years-old (18 to 100 years-old). Thirty-two medical specialties prescribed statins. Cardiology was responsible for 43% of the total. Nearly 15% of those patients with a prescription did not have a recent total cholesterol result and 1,746 (18%) did not have a recent LDL-cholesterol measurement. The occurrence of the latter between 130 and 190 mg/dL was present in 1,643 (17.1%) individuals, and 228 (2.4%) patients had an LDL-cholesterol ≥190mg/dL among those using statins at distinct doses. Only two statins were used: simvastatin and atorvastatin. The first was prescribed in 77.6% of the prescriptions.

Conclusion:

In this cross-sectional cohort at a tertiary general hospital, statins have been widely prescribed but with little success in achieving recognized levels of control. There is probably a significant number of FH individuals in this cohort that need to be properly diagnosed in order to receive adequate treatment due to its prognostic implications.

Keywords: Hydroxymethylglutaryl CO-Reductase Inhibitors, Dyipidemias, Hyperpoprotein Type II. Hypercholesterolemia Familial/therapy, Cholesterol, Public Hospital, Lipid Profile

Introduction

Although a recent metanalysis indicates an incidence of 1:250 for familial hypercholesterolemia (FH) in the general population,1 the real specific prevalence of cases with high cholesterol values in tertiary public healthcare outpatient centers in Brazil is unknown. In general, these centers concentrate patients with more comorbidities and severe clinical presentations.

Only few studies have evaluated the cost-effectiveness of statins use in the Brazilian unified public health system (Sistema Único de Saude – SUS);2,3 however, adherence to treatment was evaluated in selected samples (women) and reached only 15.5% in a small series.4 The recent incorporation to the therapeutic arsenal of new highly effective medications for hypercholesterolemia control,5,6 although with high financial costs, led to a convergence of patients with a very ominous lipid profile to the public health system looking for the prescription of these medications. Nevertheless, little is known about the lipid profile and treatment of these outpatients in tertiary centers.

Our purpose is to report the real profile of statins prescription in a tertiary public hospital, profile of resultant lipids, and possible presence of FH patients (LDL-cholesterol > 190 mg/dL) despite the use of statins.

Methods

This cross-sectional study was based on a systematic electronic data collection from the institution clinical records, including patients of both genders ≥ 18 years-old who received an ambulatory prescription of any statin, in the Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), which was a tertiary public teaching institution in 2016. In addition, total cholesterol (TC) and/or LDL-cholesterol (LDL-c) measurements were obtained later that year. For individuals with more than one measurement in such year, only the last one was considered. We collected information regarding gender, age, used statin and its dose, and the specialty that requested the prescription. Since an electronic search was performed in clinical records, no data were obtained about comorbidities and clinical and anthropometric parameters. This study was approved by the local institutional review board (CAAE 16516819.0.0000.5440).

Statistical analysis

A descriptive analysis was carried out, and values were expressed as mean and standard deviation if a normal distribution by the Kolmogorov-Smirnov test was observed. Qualitative variables were expressed as percentages, and the Pearson's correlation test was used to correlate TC and LDL-c values. Unpaired Student's t-test was applied to compare age categories.

SPSS v.25 (IBM Corporation, EUA) was the statistical package used, and the level of significance was established as 5%.

Results

Prescriptions

In 2016, 9,594 patients followed at our institution received an ambulatory prescription of statins. A discrete larger number of women (51.5% - 4,942 patients) received a prescription of statins. Mean age was 63.7±12.9 years-old (18 to 100 years-old). A TC of 8,110 (84.8%) and LDL-c level of 7,848 (82.0%) were available, indicating that 1,484 (15.2%) patients received a prescription without a recent TC measurement, whereas 1,746 (18.0%) did not present an LDL-c measurement. All medical specialties had patients prescribed without a recent lipid profile, but nearly 75% of them had a statin prescribed without a LDL-c recent result in Vascular Surgery.

Among the 32 medical specialties that prescribed statins, Cardiology was responsible for 43.5%, followed by Vascular Surgery (9.2%) and Nephrology (8.6%). The remaining 32% was distributed among the other medical specialties of this public tertiary hospital, and Nutrology was responsible for only 106 (1.1%), as seen in Table 1.

Table 1. Prescription of statins according to medical specialty in the year of 2016.

Specialty Number (%)
Cardiology 4160 (43.5)
Vascular surgery 1576 (9.2)
Nephrology 819 (8.6)
Neurology 731 (7.6)
Geriatrics 657 (6.9)
Endocrinology 653 (6.8)
Nutrology 94 (1.0)
Other 25 specialties 1,576 (16.5)
Total 9,567 (100)

Lipid profile

The mean TC of four samples was 174.4± 49.5 mg/dL (40.0–739.0 mg/dL) and mean LDL-c was 101.1±40.0 mg/dL (4.0–635.0 mg/dL). A strong correlation between these two variables was observed (r= 0.94 - p<0.001). Figure 1 presents the individual values for TC and LDL-c.

Figure 1. Histograms of the absolute values of total cholesterol (A) and low-density cholesterol fraction – LDL-c; (B) in the sample of patients from Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, year 2016.

Figure 1

Women had significantly worse values for TC (183.3±49.9 versus 164.5±47.0 mg/dL; p<0.001) and LDL-c (107.1±40.9 versus 94.3±7.9 mg/dL; p<0.001) than men, although the mean age was equal: 63.65±13.56 versus 63.36±12.60; p=0.29.

LDL-c levels above 130 mg/dL and below 190 mg/dL were observed in 1,643 (17.1%) patients with a prescription of statins. In addition, 18.2% of the total sample did not have an LDL-c measurement despite the prescription of a statin. Therefore, a considerable number of patients presented an LDL-c value above recommendations of guidelines, despite using statins and without taking other comorbidities into account.

Finally, 228 (2.4%) patients presented LDL-c ≥ 190 mg/dL and were prescribed distinct statins in various dosages. Two-thirds (152) were females and had a mean age below the whole sample (55±15 versus 63±13years-old; p<0.05), which is a possible indicator of the occurrence of FH in this tertiary hospital group of patients.

Statin use

Since this is a hospital part of the Brazilian public health system, only two statins were available for prescription: Simvastatin e Atorvastatin. The first was 77.6% (7,474) of the recipes. Simvastatin 40 mg was the most used dosage in 3,760 (39.3%) prescriptions, followed by its dosage of 20 mg in 3,158 (33.0%). Atorvastatin 40 mg was the third most used in 1,087 (11.4%) ambulatory prescriptions. Table 2 summarizes TC and LDL-c levels according to the type of statin and dosage in the prescription.

Table 2. Mean serum levels of total cholesterol and its low-density cholesterol fraction according to statin used and its daily dosage. Patients using intermediary dosages were excluded.

Statin and daily dosage Number of patients Total cholesterol (mg/dL) mean±SD LDL-c (mg/dL) mean±SD
Simvastatin
10 mg 302 168±43 96±36
20 mg 3164 177±49 103±40
40 mg 3764 173±52 100±41
80 mg 57 193±66 110±34
Atorvastatin
10 mg 92 184±63 109±53
20 mg 481 176±56 100±42
40 mg 1088 170±52 97±41
80 mg 283 182±51 109±43

SD: standard deviation.

We verified that higher simvastatin dosages were probably delivered in patients with the worst lipid profile, indicating that dosage adjustments were being applied. Both TC and LDL-c levels reduced without statistical significance (p>0.05) for atorvastatin until a daily dosage of 40 mg was achieved. The 80-mg dosage was prescribed to only 3% of our sample. Those, individuals had a worse response, since both TC and LDL-c levels were higher than in those who received atorvastatin 40 mg daily (p<0.05). In general, higher dosages were prescribed that suggest a better lipid level control.

Mean TC and LDL-c levels were significantly (p<0.05) lower in patients prescribed by Cardiology in comparison to other specialties, which is the only specialty with a mean TC below 170 mg/dL and mean LDL-c below 95 mg/dL (Table 3).

Table 3. Mean serum levels of total cholesterol and its low-density cholesterol fraction (LDL-c) according to medical specialty in the year 2016.

Specialty Total cholesterol (mg/dL) LDL-c (mg/dL)
Cardiology 166.1±45.1 94.6±36.3
Vascular surgery 179.5±49.3 103.8±40.3
Nephrology 171.6±45.0 98.4±37.2
Neurology 183.3±58.5 104.6±46.6
Geriatrics 171.9±45.1 104.5±36.9
Endocrinology 175.0±51.8 104.2±39.4
Nutrology 186.5±47.0 112.7±41.1
Others 192.5±53.4 115.3±44.6

Discussion

In this study we verified that prescribing statins is common practice in a tertiary public hospital environment, probably related to the elevated presence number of cardiovascular comorbidities present in this selected sample. Vannucchi et al., in our institution in the late 1970s, described the lipid profile of nearly 1,700 patients obtained during a three-year period. They verified that 25.5% of the exams presented at least one diagnosis of dyslipidemia. Yet, due to the absence of specific treatments back then, nothing was discussed about this topic.7 In the literature, Pant et al. reported the lipid profile of a tertiary hospital in Nepal.8 This study obtained a convenience outpatient sample of patients that did not use statins or had comorbidities and verified that in 408 patients with a mean age of 50, LDL-c and TC were 113±41 mg/dL and 180±54 mg/dL, respectively. Another study from Turkey used the lipid profile results to identify FH patients and concluded that many patients with elevated LDL-c were not receiving any specific treatment.9

As an original contribution of our investigation, we reported that prescription of statins is disseminated at our institution. This indicates a widespread of this cardiovascular risk factor, apparently without a specific target, since the great variability of the mean values for each specialty is notably those dealing directly with cardiovascular diseases (vascular surgery division in the Surgery Department and the Neurology Department). The fact that the Nutrology Division, responsible for 1.1% of the prescriptions, presented the highest lipid levels probably indicates that resistant patients or those with FH are probably referred to their tertiary level outpatient clinic. In addition, this specific sample suggests that new medications, such as ezetimibe, which reduce the intestinal absorption of cholesterol and the proprotein convertase subtilisin/kexin type 9 (PCSK9), although not available for prescription in the public health system, may be needed.

Atorvastatin prescription was modest (22%), considering that an elaborated procedure for statin prescription with the inclusion of laboratorial results and underutilization of this statin may have occurred. The elevated percentage of patients receiving statins without at least one annual lipid measurement suggests that local clinical protocols or societies guidelines were not observed.10 Additionally, in a great number of patients, no dosage adjustments were performed, and the prescription dosage was automatically repeated.

Periodical dosage adjustments guided by well-established institutional clinical protocols should have been applied. Patients from services that are highly associated with the occurrence of cardiovascular diseases without well-established treatment protocols presented higher mean lipid levels than those observed in Cardiology ambulatories where they exist, suggesting that the enforcement of risk factors control is distinct despite being in the same nosological context.

Although the mean lipid levels of our sample were within those acceptable for a general population, the large number of individuals with elevated cardiovascular risk in our sample suggests the existence of space for improvement. In addition, there is a significant proportion of patients with very high lipid levels despite the use of statins. It may indicate an adherence to treatment problem. Since these statins are distributed without charge by the public health system, there is no point in considering financial restrictions and, for the study period, no lack of medication in the public pharmacies was reported.

Another relevant aspect to be considered is that female patients had higher lipid levels compared to male patients. The proportion of women older than 60 years-old was reported in other studies11,12 without any clear reason. The role of menopause in these increased values needs to be considered. Although speculative in this context, it is plausible to attribute some lenience with dosage adjustments in this gender for controlling coronary artery disease risk factors, as previously reported.13

The preponderant prescription of simvastatin is probably related to its widespread availability in the ambulatory public health system. Atorvastatin needs a special request since it is included in a program to deliver high-cost medications of the São Paulo state government and preferred in refractory patients or in simvastatin intolerance. In general, we observed a high dosage use of both statins.

The high variability in lipid levels related to the various dosages indicates that adjustments and use of a more effective statin is a necessity, reinforcing the need for well-established institutional clinical protocols to improve drug and dosage selection.

Finally, the number of individuals with LDL-c above 190 mg/dL, despite the use of statins, is significantly higher than the one reported in the general population. This percentage (2.4%) certainly reflects the high concentration of patients, in this tertiary level, with more comorbidities. Nevertheless, since these patients were younger, the occurrence of FH is a strong possibility that needs systematic investigation after reaching the higher statins dosages.

Limitations

Our study presents many limitations. First, we did not include the complete lipid profile, with triglycerides and high-density cholesterol (HDL-c) levels, because our focus was on the use of statins, and their levels do not interfere with statin prescription. No data on the use of ezetimibe were collected, even though its use may have contributed to the reduction of lipids,14 because it was not included in the list of medications available in the Brazilian public health system, although some patients may have acquired it by suggestion of their physicians. Another limitation is the fact that comorbidities and anthropometric data were not obtained. Unfortunately, in studies like this, with a large number of patients, revision of patient's notes individually is not feasible and as the big data system is being established at the moment of the data collection of our study, many errors could have occurred. For this reason, there is no cardiovascular risk numbers.

Conclusions

In this cross-sectional cohort of a tertiary hospital, we observed that prescription of statins is widespread, but clear TC and LDL-c targets are not achieved in a high proportion of patients. It is possible that a high percentage of FH exists and should be better investigated, for prognostic reasons. Institutional adherence to uniform clinical diagnostic and treatment protocols would probably increase a better control of dyslipidemia in this tertiary institution. It would also allow resource allocation for prescription of new effective medications, such as PCSK9 inhibitors in selected patients as recommended by guidelines.15

Footnotes

Sources of Funding

There was no external funding source for this study.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation.


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