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. 2021 Apr 8;116(4):774–781. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20200125
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Fatores de Risco Cardiovascular em Cardiologistas Especialistas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia

Maria Emília Figueiredo Teixeira 1,2, Priscila Valverde de O Vitorino 3, Celso Amodeo 4, Tânia Martinez 5, Andréa Araujo Brandão 6, Eduardo Costa Duarte Barbosa 7, Audes Diógenes Magalhães Feitosa 8, Paulo Cesar B Veiga Jardim 9, Ana Luiza Lima Souza 1,2, Weimar Kunz Sebba Barroso 1,2,
PMCID: PMC8121412  PMID: 33886727

Resumo

Fundamento:

Principal causa de morte em todo o mundo, as doenças cardiovasculares (DCV) e sua prevalência nos médicos cardiologistas são pouco conhecidas.

Objetivos:

Descrever os hábitos de vida e os fatores de risco cardiovascular e verificar a prevalência de diagnóstico, conhecimento e controle dos fatores de risco cardiovasculares (FRCV) de médicos cardiologistas associados e especialistas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Métodos:

Estudo multicêntrico nacional transversal que avaliou cardiologistas brasileiros por meio de questionário sobre hábitos de vida, doenças preexistentes, medicações em uso, medidas antropométricas, pressão arterial e dosagens de glicose e lípideos sanguíneos.

Resultados:

Foram avaliados 555 cardiologistas, 67,9% do sexo masculino, média de idade de 47,2±11,7 anos. A maioria era não tabagista (88,7%), fisicamente ativa (77,1%), consumia bebida alcóolica (78,2%), com circunferência abdominal normal (51,7%) e excesso de peso (56,1%). As prevalências de hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM) e dislipidemia (DLP) foram de 32,4%, 5,9% e 49,7%, respectivamente e, destes, apenas 57,2%, 45,5% e 49,6% sabiam ter as doenças.

Conclusões:

Os cardiologistas brasileiros participantes do estudo apresentaram prevalências significativas de HAS, DM e DLP, mas apenas a metade dos participantes sabia ser portador dessas condições e, entre eles, as taxas de controle eram baixas para HAS e DLP, apesar de os cardiologistas serem profissionais detentores de conhecimento diferenciado sobre esses FRCV. Os achados representam um alerta para a abordagem dos FRCV em cardiologistas brasileiros e estimulam a realização de estudos futuros.

Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares, Cardiologistas, Fatores de Risco, Antropometria, Hipertensão, Dislipidemias, Diabetes Mellitus, Estilo de Vida

Introdução

Dentre os fatores de risco cardiovascular (FRCV), aqueles com maior impacto no aumento das taxas de morbidade e mortalidade são hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM) dislipidemia (DLP) e tabagismo.1 Além disso, os hábitos de vida desfavoráveis levam ao excesso de peso e, juntos, interferem de maneira significativa na prevalência desses fatores,2 com consequente aumento da incidência de desfechos cardiovasculares, tais como morte súbita, acidente vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e doença renal crônica.35

Os profissionais de saúde, incluindo a classe médica,, especialmente o cardiologista, assumem papel fundamentalcomo responsáveis por diagnosticar e tratar doenças cardiovasculares.6 Além disso, o cardiologista brasileiro é visto, com frequência, como o responsável pelos cuidados com a saúde global do paciente adulto.7 Portanto, é de se esperar que, além de cuidar, os cardiologistas também sirvam de modelo a ser seguido e, principalmente, que assumam uma postura pessoal de hábitos de vida saudáveis.8

Poucos são os estudos que avaliaram o risco cardiovascular e os hábitos de vida de cardiologistas brasileiros;9 portanto, foram objetivos deste estudo: (1) verificar hábitos de vida e FRCV e (2) identificar as prevalências de diagnóstico, conhecimento e controle de HAS, DM e DLP em médicos cardiologistas associados e especialistas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Métodos

Tipo de estudo, população, amostra e critérios de inclusão

Estudo multicêntrico nacional transversal descritivo.

Em 2017, o Brasil possuía 451.777 médicos, com aproximadamente 25.000 (5,5%) cardiologistas;10 destes, 11.495 tinham o título de especialista em Cardiologia (TEC).11 A população de referência foi constituída por 14.201 médicos cardiologistas sócios da SBC em 2017, distribuídos em todo o território nacional, com sociedades estaduais em 24 unidades federativas. Optou-se por realizar a pesquisa com cardiologistas portadores do TEC/SBC para uniformização da amostra em relação ao nível de conhecimento científico.

A amostra foi de conveniência, tendo sido incluídos no estudo 555 médicos com o TEC/SBC e membros ativos da SBC, o que representa 4,8% da população de referência.

Locais de realização e coordenação do estudo

Todos os 24 representantes regionais da SBC/Diretoria de Prevenção em Saúde Cardiovascular (FUNCOR) foram convidados a integrar o grupo de pesquisadores deste projeto. Desses, 15 aceitaram o convite e, juntamente com outros três centros convidados [Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), Liga de Hipertensão Arterial da Universidade Federal de Goiás (LHA/UFG) e Unidade de Hipertensão da Universidade Estadual do Rio de Janeiro], totalizaram 18 centros de pesquisa que efetivamente integraram o grupo de investigadores e coinvestigadores que coletaram dados no período de maio até outubro de 2017.

A coleta de dados foi feita nas nos seguintes estados: Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Tocantins.

Todo o trabalho foi coordenado pela Diretoria da SBC/FUNCOR, juntamente com as instituições universitárias IDPC e LHA/UFG.

Procedimentos do estudo

Foram realizadas reuniões presenciais com todos os investigadores em maio e junho de 2017 para discussão sobre o desenho do estudo e a coleta de dados. Cada investigador, após treinamento, capacitou sua equipe local para o seguimento rigoroso dos procedimentos do estudo. A coleta foi feita pelo próprio pesquisador médico responsável, ou por outros cardiologistas ou estudantes de medicina devidamente treinados.

Os participantes do estudo receberam explicações acerca do objetivo do estudo, forma de coleta dos dados avaliados e sobre o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), que foi lido e assinado por todos antes do início de qualquer procedimento do estudo.

A entrevista foi realizada individualmente em ambiente privativo e em horário e local previamente acordados com os participantes. O formulário de entrevista continha perguntas referentes a dados pessoais, hábitos de vida e antecedentes pessoais de doenças. Também foram realizadas medidas antropométricas e de pressão arterial (PA) e exames de glicemia e perfil lipídico.

A idade foi calculada a partir da data de nascimento. O sexo foi categorizado em masculino e feminino. Os hábitos de vida avaliados foram tabagismo (sim/não); consumo de bebidas alcóolicas (não/sim, para qualquer quantidade de consumo) e prática de atividade física (sim/não e tempo semanal, sendo considerado ativo o praticante de pelo menos 150 minutos semanais).12

As variáveis antropométricas coletadas foram altura, peso e circunferência da cintura. A altura foi referida pelo participante;13 o peso foi aferido com utilização de balança digital OMRON HN-290T, após retirada de acessórios e calçados e com uso de roupas leves.14

O IMC foi calculado por meio da fórmula peso/altura15 e classificado em: baixo peso (< 18,5 kg/m2), eutrófico (18,5-24,9 kg/m2); sobrepreso (25-29,9 kg/m2); obesidade 1 (30-34,9 kg/m2), obesidade 2 (35 -39,9 kg/m2) e obesidade 3 (≥ 40 kg/m2).16

A circunferência da cintura foi medida com fita inextensível14 e considerada alterada se maior que 88 cm para mulheres e maior que 102 cm para homens.17

A aferição da PA foi realizada com esfigmomanômetro automático da marca OMRON, modelo HBP 1100.1820 de acordo com a recomendação da 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial.21 Foram obtidas três aferições da PA, excluída a primeira medida e calculada a média das duas seguintes. Os participantes foram classificados a partir do valor da média pressórica em normotensos (PA ≤ 120/80 mmHg), pré-hipertensos (121-139/81-89 mmHg), ou hipertensos estágio 1 (140-159/90-99 mmHg), 2 (160-179/100-109 mmHg) ou 3 (PA ≥ 180/110 mmHg).21

A glicemia e os lipídeos séricos foram obtidos com os aparelhos On Call Plus e Mission Cholesterol, respectivamente. Todos os valores dos exames foram obtidos diretamente dos aparelhos em mg/dL, exceto o LDL, que foi calculado pela fórmula de Friedewald.22

Foram realizadas dosagens sem o jejum e, portanto, considerados os valores de glicemia alterados ≥ 160 mg/dL23 e portadores de DLP aqueles com LDL ≥ 130 mg/dL e/ou triglicérides ≥ 175 mg/dL.24

Para o diagnóstico de HAS, DM e DLP, foi considerado pelo menos um dos seguintes critérios: relato de ser portador, feito pelo próprio participante e/ou uso de anti-hipertensivos e/ou PA ≥ 140x90 mmHg na média das medidas casuais; uso de hipoglicemiantes orais e/ou de insulina e/ou glicemia capilar ocasional ≥ 200 mg/dL; uso de estatinas, fibratos, ezetimiba e/ou triglicérides ≥ 175 mg/dL e/ou LDL ≥ 130 mg/dL.

Foi considerado conhecimento da doença o relato do próprio médico sobre ser portador. Os dados referentes às frequências de HAS, DM e DLP foram analisados em relação aos obtidos na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)25 e no sistema de vigilância de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis por inquérito telefônico (VIGITEL);26 para essa análise, foi considerado somente o autorrelato do participante (dados referidos).

Foram consideradas controladas a HAS com pressão arterial sistólica < 140 mmHg e pressão arterial diastólica < 90 mmHg, DM com glicemia < 200 mg/dL e DLP com LDL < 130 e triglicérides < 175 mg/dL.21,23,24

Análise estatística

Os dados foram digitados no programa Excel para Mac versão 16.30 e analisados em software de análise estatística Stata, versão 14. Foi realizada estatística descritiva com apresentação de médias, desvio padrão e frequências absoluta e relativa.

Aspectos éticos

O projeto, desenvolvido pela FUNCOR da SBC, gestão 2016/2017, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do IDPC, sob o número 2.016.859. Todos os participantes assinaram o TCLE antes de qualquer procedimento do estudo, que seguiu a Resolução 466/2012.

Resultados

Foram avaliados 555 cardiologistas com idade média de 47,2±11,7 anos, sendo 159 (28,6%) da Região Centro-Oeste, 147 (26,5%) da Região Nordeste, 103 (18,6%) da Região Norte, 103 (18,6%) da Região Sudeste e 43 (7,7%) da Região Sul.

A maioria dos participantes da pesquisa era do sexo masculino, ativo, com tempo médio de atividade física de 200,0±106,8 minutos por semana, não fumante, e fazia uso de bebida alcóolica (Tabela 1).

Tabela 1. Descrição da amostra segundo o sexo, estilo de vida e condições gerais de saúde, n=555, 2017.

Variável n (%)
Sexo
Feminino 178 (32,1)
Masculino 377 (67,9)
Faixa étária
< 40 anos 183 (33,2)
≥ 40 anos 368 (66,8)
Tabagismo
Sim 03 (0,5)
Não 492 (88,7)
Ex-tabagista 60 (10,8)
Sedentarismo
Sim 127 (22,9)
Não 428 (77,1)
Consumo de bebidas alcoólicas
Sim 434 (78,2)
Não 121 (21,8)
Circunferência abdominal
Normal 285 (51,7)
Elevada 266 (48,3)
Classificação segundo o índice de massa corporal
Sem excesso de peso 243 (43,9)
Sobrepeso 232 (41,9)
Obesidade 79 (14,2)

De acordo com as medidas obtidas durante a entrevista, a maioria dos médicos apresentou níveis pressóricos na categoria de pré-hipertensão e valores de glicemia, LDL e triglicérides dentro da normalidade (Tabela 2).

Tabela 2. Classificação dos cardiologistas de acordo com a medida da pressão arterial, glicemia casual e lipídeos séricos, 2017.

Classificação n (%)
Pressão arterial (n=555)
Normotensos 204 (36,8)
Pré-hipertensos 264 (47,6)
Hipertensão I 75 (13,5)
Hipertensão II 08 (1,4)
Hipertensão III 04 (0,7)
Glicemia casual (n=555)
Não alterada 548 (98,7)
Alterada 07 (1,3)
LDL (n=538)
Não alterado 411 (76,4)
Elevado 127 (23,6)
Triglicérides (n=547)
Não alterado 463 (84,6)
Elevado 84 (15,4)

A prevalência de HAS foi de 32,4% (n=180); destes, 57,2% (n=103) conheciam essa condição, e 48,3% (n=87) estavam com a pressão controlada. A prevalência de DM foi de 5,9% (n=33); destes, 45,5% (n=15) sabiam que tinham a doença, e 78,8% (n=26) estavam com a glicemia dentro dos valores de normalidade. A dislipidemia apresentou valores de prevalência, conhecimento e controle de 49,7% (n=276), 49,6% (n=137) e 31,1% (n=86), respectivamente (Figura 1).

Figura 1. Prevalência de diagnóstico, conhecimento e controle de HAS, DM e DLP em cardiologistas, n=555, 2017. DLP: dislipidemia; DM: diabetes mellitus; HAS: hipertensão arterial sistêmica.

Figura 1

Em relação aos desfechos cardiovasculares, 4 (0,72%) cardiologistas referiram já ter apresentado IAM, e 1 (0,18%) referiu AVE. Todos os quatro portadores de doença arterial coronária diagnosticada estavam em uso de algum anti-agregante plaquetário.

A Tabela 3 apresenta as frequências dos FRCV e desfechos cardiovasculares do PNS,25 do VIGITEL26 e os achados do presente estudo, considerando somente as doenças que foram autorreferidas.

Tabela 3. Prevalência de fatores de risco e desfechos cardiovasculares na população geral e entre os cardiologistas. n = 555, 2017.

PNS Vigitel Cardiologistas (referido) Cardiologistas (aferido)
Sedentarismo 46 61,9 22,9 -
Etilismo 24 17,9 78,2 -
Tabagismo 15 9,3 0,5 -
Hipertensão arterial 21,4 24,7 18,6 32,4
Diabetes mellitus 6,2 7,7 2,7 5,9
Dislipidemia 12,5 - 24,7 49,7
Infarto agudo do miocárdio 4,2 - 0,7 -
Acidente vascular encefálico 1,5 - 0,2 -

Fonte: PNS,25 Vigitel 201826. PNS: Pesquisa Nacional de Saúde.

Discussão

Este é o primeiro estudo no Brasil a avaliar cardiologistas com TEC das cinco regiões geográficas para a presença de FRCV e hábitos de vida. Os cardiologistas apresentaram prevalências mais baixas de sedentarismo e tabagismo e mais altas de etilismo em relação a estudos que avaliaram a população em geral, como o PNS25 e o VIGITEL,26 e também prevalência maior de DLP, ligeiramente menor de HAS, e mais baixa de DM. Entretanto, as taxas de conhecimento de HAS, DM e DLP e as taxas de controle da HAS e DLP observadas foram baixas, considerando-se que a população estudada é de cardiologistas, conhecedores da importância do controle dos FRCV.

Na população brasileira, a prevalência de HAS varia de 30% a 36%;27,28 a de DM é 11,4%;29 e a DLP se divide em hipercolesterolemia, com prevalência de aproximadamente 45,5%,30 e hipertrigliceridemia, com prevalência na América Latina de 26,5% a 31,2%.31,32 Além disso, a prevalência de excesso de peso (sobrepeso/obesidade) no Brasil é de 57% em homens e 43% em mulheres.33 No grupo aqui estudado, considerando os dados referidos e aferidos, houve diagnóstico de 32,4% de HAS, 4,9% de DM, 51,7% de DLP (hipercolesterolemia e/ou hipertrigliceridemia), e 56% de excesso de peso (67,1% entre os homens e 32,2% entre as mulheres).

A falta de conhecimento de ser portador desses FRCV é sabidamente alta na população em geral, mas chama a atenção que também seja elevada entre os cardiologistas, levando-nos a considerar que haja uma negligência desses profissionais em relação aos cuidados com a própria saúde. Essa demora no conhecimento, diagnóstico precoce e tratamento adequado pode aumentar o risco de desfechos relacionados.34

Sabe-se que a educação em saúde para população leiga é capaz de gerar melhora dos hábitos de vida, impactando em redução das doenças cardiovasculares.35 Por esse motivo, surgiu o questionamento sobre a qualidade do autocuidado dos médicos cardiologistas, como portadores desse conhecimento específico. Estudantes de medicina avaliados para FRCV apresentaram prevalência semelhante à população geral de mesma faixa etária, exceto por maior sedentarismo e IMC, suscitando assim o debate sobre a carga horária elevada do curso, a qual pode influenciar na pequena disponibilidade de tempo para a prática de hábitos de vida saudáveis, em comparação com outros adultos jovens.36 Em outro grupo de estudantes de medicina, foram vistos níveis mais baixos de obesidade em comparação com a população da mesma idade, e níveis melhores de lipídeos séricos, mas um elevado consumo de fast food e bebidas alcoólicas, assim como maior sedentarismo, o que também pode ter como explicação a pequena disponibilidade de tempo e o elevado nível de estresse relacionado ao curso.37

Sabe-se também que, muitas vezes, a rotina de trabalho pode afetar negativamente a adoção de práticas de saúde e bem-estar, mesmo que o profissional seja detentor do conhecimento acerca do assunto, como são os profissionais da área de saúde.38 O trabalho nessa área exige a presença de equipes noturnas e, com frequência, esses profissionais trabalham em mais de um emprego. Dessa forma, dificilmente conseguem praticar exercícios físicos regularmente ou priorizar alimentos equilibrados do ponto de vista nutricional.

Por outro lado, a mesma discussão pode ser levantada sem a necessidade de enfatizar o trabalho noturno como malefício mais importante, mas considerando-se apenas a carga horária excessiva desses profissionais, independente do horário. Dois grupos diferentes avaliaram seus profissionais quanto à prevalência dos FRCV, incluindo toda a equipe multiprofissional na avaliação. Em um hospital geral, foi encontrada prevalência elevada de FRCV em todas as classes profissionais avaliadas.39 Resultados semelhantes foram encontrados em outro grupo, com uma situação ainda mais preocupante, que é a falta de conhecimento dessas pessoas acerca do seu quadro de saúde já alterado.40

Nos subgrupos de médicos cardiologistas versus não cardiologistas, não foram observadas diferenças significativas em relação aos níveis séricos de colesterol e frações, assim como em relação ao escore de risco de Framingham, mas os cardiologistas ingeriam mais bebidas alcoólicas, e ambos grupos estavam com IMC acima do ideal, em média.41

Em análise comparativa com os inquéritos populacionais PNS25 e VIGITEL,26 os cardiologistas avaliados no presente estudo referem menos tabagismo e sedentarismo, mas ingerem mais bebida alcoólica. Além disso, considerando apenas os FRCV referidos, relataram menos HAS e DM, porém mais DLP. Esses dados preocupam, não apenas pela falta de conhecimento, mas também porque colocam a questão da credibilidade de inquéritos que utilizam apenas dados referidos.

Sabe-se que HAS, DM e DLP42 resultam de fatores como genética e envelhecimento (não modificáveis), mas também têm relação com hábitos de vida e, nesse contexto, é de se esperar que indivíduos com melhor conhecimento em relação aos riscos cardiovasculares tenham hábitos mais saudáveis,4345 Amplamente conhecedores do assunto, esperava-se que os médicos cardiologistas praticassem bons hábitos em sua totalidade, de modo a prevenir tais doenças, fato contradito em nossa amostra em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, mas confirmado em relação ao tabagismo e à atividade física. Da mesma forma, encontramos prevalências semelhantes ou mesmo mais elevadas dos principais FRCV quando comparados à população, exceto em relação a DM.

Por fim, o percentual relatado de IAM (0,72%) e de AVE (0,18%) na amostra é bem menor que o da população em geral, o que pode estar relacionado ao uso regular e frequente de medicamentos, por conhecimento do tratamento adequado e facilidade do acesso a eles. Além disso, a idade média do grupo é baixa (47,2 anos) e pode justificar, em parte, a prevalência baixa dos desfechos IAM e AVE.46

O presente estudo apresenta como limitações: a ausência do HDL na avaliação de DLP, devido a uma limitação de análise do aparelho; não aplicação de instrumentos para avaliação de atividade física e do consumo de álcool, fato que pode ter superestimado essas taxas; e não foram obtidos exames de bioquímica em jejum. Vale ressaltar, contudo, que foram utilizados aparelhos iguais para aferições tanto de antropometria quanto da PA e da bioquímica sanguínea, com treinamento prévio dos coinvestigadores e coordenação geral dos centros de referência, demonstrando padronização adequada de procedimento.

Destacamos ainda que a amostra não foi representativa dos cardiologistas da SBC, pois se trata de uma amostra de conveniência, fato que pode relativizar os resultados e as discussões apresentadas. Entretanto, foram avaliados cardiologistas em todo o território nacional e, portanto, esse estudo representa um alerta para a abordagem das condições identificadas e para a realização de estudos futuros em cardiologistas brasileiros.

Conclusão

A maioria dos cardiologistas era do sexo masculino, ativo, não fumante; fazia uso de bebida alcóolica; e apresentava prevalências significativas de HAS, DM e DLP, próximas às de outros levantamentos em populações brasileiras. Entretanto, embora tenham conhecimento sobre esses FRCV, aproximadamente a metade sabia ser portador dessas condições e estava com a pressão controlada; além disso, um terço estava com os lipídeos dentro dos valores de normalidade, mas a maioria estava com a glicemia controlada. Os achados representam alerta para adequada abordagem dos FRCV em cardiologistas brasileiros e apontam para a necessidade de estudos futuros.

Coinvestigadores

Alberto de Almeida Las Casas Júnior (Goiás), Alexandre Jorge de Andrade Negri (Paraíba), Andrés Gustavo Sánchez Esteva (Tocantins), Antônio Carlos Avanza Junior (Espírito Santo), Christiano Henrique Souza Pereira (Mato Grosso do Sul), Claudine Maria Alves Feio (Pará), Daniela Martins Lessa Barreto (Alagoas), Diana Patrícia Lamprea Sepúlveda (Pernambuco), Érika Maria Gonçalves Campana (Rio de Janeiro), Evandro Guimarães de Souza (Minas Gerais), Ezilaine Nascimento Rosa (Mato Grosso), Fátima Elizabeth Fonseca de Oliveira Negri (Paraíba), Harry Corrêa Filho (Santa Catarina), João Paulo Fernandes Caixeta (Goiás), João Roberto Gemelli (Rondônia), Joilma Silva Prazeres Tobias (Maranhão), José Fernando Vilela Martin (São Paulo), Juan Carlos Yugar Toledo (São Paulo), Lara Araújo Dias (Goiás), Maurício Pimentel (Rio Grande do Sul), Nivaldo Menezes Filgueiras Filho (Bahia), Sandra Andrade Mendonça Hilgemberg (Rio Grande do Norte), Sílvio Henrique Barberato (Paraná), Simone Nascimento dos Santos (Distrito Federal), Thaynara de Moraes Pacheco (Goiás).

Footnotes

Fontes de Financiamento

O presente estudo foi parcialmente financiado pela Indústria Farmacêutica EMS e de equipamentos Medlevesson e Omron.

Vinculação Acadêmica

Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Maria Emilia Figueiredo Teixeira pela Pós-graduação em Ciências da Saúde - UFG.

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Cardiovascular Risk Factors in Cardiology Specialists from the Brazilian Society of Cardiology

Maria Emília Figueiredo Teixeira 1,2, Priscila Valverde de O Vitorino 3, Celso Amodeo 4, Tânia Martinez 5, Andréa Araujo Brandão 6, Eduardo Costa Duarte Barbosa 7, Audes Diógenes Magalhães Feitosa 8, Paulo Cesar B Veiga Jardim 9, Ana Luiza Lima Souza 1,2, Weimar Kunz Sebba Barroso 1,2,

Abstract

Background:

A major cause of death worldwide, cardiovascular diseases and their prevalence in cardiologists are little known.

Objectives:

To describe life habits and cardiovascular risk factors (CVRF) and to investigate the prevalence of diagnosis, awareness, and control of these CVRF among cardiologists members affiliated to and specialists from the Brazilian Society of Cardiology.

Methods:

National multicenter cross-sectional study to assess Brazilian cardiologists using a questionnaire on life habits, preexisting diseases, current medications, anthropometric measurements, blood pressure, and levels of glucose and lipids.

Results:

A total of 555 cardiologists were evaluated, of which 67.9% were male, with a mean age of 47.2±11.7 years. Most were non-smoker (88.7%) and physically active (77.1%), consumed alcohol (78.2%), had normal weight circumference (51.7%), and were overweight (56.1%). The prevalence of systemic arterial hypertension (SAH), diabetes mellitus (DM), and dyslipidemia (DLP) were 32.4%, 5.9%, and 49.7%, respectively, of which only 57.2%, 45.5%, and 49.6%, respectively, were aware of the diseases.

Conclusions:

The Brazilian cardiologists participating in the study had a high prevalence of SAH, DM and DLP, but only a half of participants were aware of these conditions and, among these, the rates of controlled disease were low for SAH and DLP, although cardiologists are professionals with great knowledge about these CVRF. These findings represent a warning sign for the approach of CVRF in Brazilian cardiologists and encourage the conduction of future studies.

Keywords: Cardiovascular Diseases, Cardiologists, Risk Factors, Antropometry, Hypertension, Dsylipidemias, Diabetes Mellitus, Life Style

Introduction

Among cardiovascular risk factors (CVRF), systemic arterial hypertension (SAH), diabetes mellitus (DM), dyslipidemias (DLP), and smoking are the ones with the greatest impact on increased morbidity and mortality rates.1 Furthermore, unfavorable life habits lead to overweight and, when combined, interfere significantly with the prevalence of CVRF,2 with a consequent increase in the incidence of cardiovascular outcomes, such as sudden death, stroke, acute myocardial infarction (AMI), heart failure, peripheral artery disease, and chronic kidney disease.35

Health care professionals, including physicians, especially cardiologists, play a crucial role in diagnosing and treating cardiovascular diseases.6 Additionally, Brazilian cardiologists are often perceived as the responsible for the overall health care of adult patients.7 Therefore, cardiologists are expected, in addition to providing care, to serve as a role model and, particularly, to personally engage in healthy life habits.8

There are few studies assessing cardiovascular risk and life habits of Brazilian cardiologists;9 thus, this study aimed to: (1) investigate life habits and CVRF and (2) identify the prevalence of diagnosed, self-reported, and controlled SAH, DM, and DLP in cardiologists affiliated to and specialists from the Brazilian Society of Cardiology (Sociedade Brasileira de Cardiologia, SBC).

Methods

Type of study, population, sample, and inclusion criteria

National, descriptive, cross-sectional, multicenter study.

In 2017, Brazil had 451,777 physicians, with approximately 25,000 (5.5%) cardiologists;1; of these, 11,495 had a cardiology specialist degree (CSD).11 The reference population consisted of 14,201 cardiologists members of the SBC from across the country in 2017, with state societies in 24 federative units. The research was conducted with cardiologists having CSD/SBC in an attempt to standardize the sample with regard to level of scientific knowledge.

The sample was selected by convenience and included 555 physicians with CSD/SBC and active members of SBC, which accounts for 4.8% of the reference population.

Sites of study execution and coordination

All 24 regional representatives of SBC/Board of Cardiovascular Health Prevention (FUNCOR) were invited to participate in the group of researchers working in this project. Of these, 15 accepted the invitation and, together with three other invited centers [Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), Liga de Hipertensão Arterial da Universidade Federal de Goiás (LHA/UFG), and Unidade de Hipertensão da Universidade Estadual do Rio de Janeiro], totaled 18 research centers that were effectively included in the group of investigators and coinvestigators who collected data from May to October 2017.

Data collection was conducted in the following states: Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, and Tocantins.

The entire work was coordinated by the Board of SBC/FUNCOR, together with the university institutions IDPC and LHA/UFG.

Study procedures

In-person meetings with all investigators were conducted in May and June 2017 to discuss study design and data collection. After receiving training, each investigator trained his/her local team for strict compliance with study procedures. Collection was made by the very responsible researcher physician, or by other dully trained cardiologists or medical students.

Study participants were explained about the aim of the study, the data collection method, and the informed consent form (ICF), which was read and signed by all participants before the start of any study procedure.

Interviews were conducted individually in a private room at a time and place previously agreed with the participants. The interview form contained questions on personal information, life habits, and personal disease history. Moreover, anthropometric blood pressure (BP) measurements were obtained, and glucose and lipid profile tests were performed.

Age was calculated from date of birth. Sex was categorized into male and female. The life habits assessed were smoking (yes/no); consumption of alcoholic beverages (yes/no, for any amount of consumption), and physical activity practice (yes/no and weekly physical activity time, with active individuals being those who reported at least 150 minutes of physical activity per week).12

Anthropometric variables collected were height, weight, and waist circumference. Height was reported by participants;13 weight was measured using an OMRON HN-290T digital weight scale, without accessories and shoes and using light clothes.14

Body mass index (BMI) was calculated using the weight/height2 formula15 and classified into: underweight (< 18.5 kg/m2), normal weight (18.5-24.9 kg/m2); overweight (25-29.9 kg/m2); class 1 obesity (30-34.9 kg/m2), class 2 obesity (35 -39.9 kg/m2), and class 3 obesity (≥ 40 kg/m2).16

Waist circumference was measured with an inelastic measuring tape14 and considered high if greater than 88 cm for women and greater than 102 cm for men.17

BP was measured using an OMRON sphygmomanometer, model HBP 1100,1820 as recommended by 7th Brazilian Guidelines on Arterial Hypertension.21 Three BP measurements were obtained, the first measurement was excluded, and the mean of the two subsequent measurements was calculated. Based on their mean BP values, participants were classified into those with normal BP (BP ≤ 120/80 mmHg), pre-hypertension (121-139/81-89 mmHg), or stage 1 hypertension (140-159/90-99 mmHg), stage 2 hypertension (160-179/100-109 mmHg), or stage 3 hypertension (BP ≥ 180/110 mmHg).21

Glucose and serum lipids were measured with the On Call Plus and Mission Cholesterol devices, respectively. All test measurements were directly taken from the devices in mg/dL, except for LDL, which was calculated using the Friedewald formula.22

Non-fasting measurements were obtained; thus, high glucose levels were considered as ≥ 160 mg/dL;23 and DLP was diagnosed for those with LDL 130 mg/dL and/or triglycerides ≥ 175 mg/dL.24

For the diagnosis of SAH, DM, and DLP, at least one of the following criteria was considered: self-report of disease, made by the participants themselves, and/or use of anti-hypertensive drugs and/or BP ≥ 140x90 mmHg in the mean of casual measurements; use of oral hypoglycemic agents and/or insulin and/or occasional blood glucose ≥ 200 mg/dL; use of statin, fibrates, ezetimibe, and/or triglycerides ≥ 175 mg/dL, and/or LDL ≥ 130 mg/dL.

Disease awareness was assessed by physicians’ self-report. Data on the frequency of SAH, DM and DLP were compared with that obtained in Brazilian National Health Survey (Pesquisa Nacional de Saúde, PNS)25 e in the Surveillance System for Risk and Protective Factors for Chronic Diseases by Telephone Survey (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por Inquérito Telefônico, VIGITEL);26 for this analysis, only participants’ self-report was considered (reported data).

SAH was considered controlled with systolic BP < 140 mmHg and diastolic BP < 90 mmHg, DM with glucose < 200 mg/dL, and DLP with LDL < 130 mg/dL and triglycerides < 175 mg/dL.21,23,24

Statistical analysis

Data were typed on the Excel for Mac software, version 16.30, and analyzed with Stata statistical analysis software, version 14. Descriptive statistics was expressed as mean, standard deviation, and absolute and relative frequencies.

Ethical aspects

The project was developed by the FUNCOR of the SBC, 2016/2017 term, and was approved by the Research Ethics Committee of IDPC, under number 2.016.859. All participants signed an ICF before any study procedure, in compliance with Resolution 466/2012.

Results

A total of 555 cardiologists were assessed, with a mean age of 47.2±11.7 years, of which 159 (28.6%) were from Central-West Region of Brazil, 147 (26.5%) from the Northeast Region, 103 (18.6%) from the North Region, 103 (18.6%) from Southeast Region, and 43 (7.7%) from the South Region.

Most study participants were male, were physically active, with a mean physical activity time of 200.0±106.8 minutes per week, did not smoke, and consumed alcohol (Table 1).

Table 1. Sample description according to sex, lifestyle, and overall health conditions, n=555, 2017.

Variable n (%)
Sex
Female 178 (32.1)
Male 377 (67.9)
Age
< 40 years 183 (33.2)
≥ 40 years 368 (66.8)
Smoking
Yes 03 (0.5)
No 492 (88.7)
Former smoker 60 (10.8)
Sedentary lifestyle
Yes 127 (22.9)
No 428 (77.1)
Alcohol consumption
Yes 434 (78.2)
No 121 (21.8)
Abdominal circumference
Normal 285 (51.7)
High 266 (48.3)
Body mass index classification
Non-overweight 243 (43.9)
Overweight 232 (41.9)
Obesity 79 (14.2)

According to the measurements taken during the interview, most physicians presented with BP levels into the pre-hypertension category, and glucose, LDL, and triglycerides levels within normal range (Table 2).

Table 2. Classification of cardiologists according to blood pressure, casual glucose, and serum lipids, 2017.

Classification n (%)
Blood pressure (n=555)
Normal 204 (36.8)
Pre-hypertensive 264 (47.6)
Stage I hypertension 75 (13.5)
Stage II hypertension 08 (1.4)
Stage III hypertension 04 (0.7)
Casual glucose (n=555)
Normal 548 (98.7)
High 07 (1.3)
LDL (n=538)
Normal 411 (76.4)
High 127 (23.6)
Triglycerides (n=547)
Normal 463 (84.6)
High 84 (15.4)

The prevalence of SAH was 32.4% of participants (n=180); of these, 57.2% (n=103) were aware of their condition, and 48.3% (n=87) had their BP controlled. The prevalence of DM was 5.9% (n=33) of participants; of these, 45.5% (n=15) were aware of their condition, and 78.8% (n=26) had their glucose levels within normal range. DLP showed rates of prevalence, awareness, and control of 49.7% (n=276), 49.6% (n=137), and 31.1% (n=86), respectively (Figure 1).

Figure 1. Prevalence of diagnosis, awareness, and control of SAH, DM and DLP in cardiologists, n=555, 2017. DLP: dyslipidemia; DM: diabetes mellitus; SAH: systemic arterial hypertension.

Figure 1

With regard to cardiovascular outcomes, 4 (0.72%) cardiologists reported to have suffered an AMI, and 1 (0.18%) reported to have suffered a stroke. All four physicians with diagnosed coronary artery disease were on antiplatelet therapy.

Table 3 shows the frequencies of CVRF and cardiovascular outcomes of PNS,25 VIGITEL,26 and findings from the present study, considering only self-reported diseases.

Table 3. Prevalence of risk factors and cardiovascular outcomes in the general population and among cardiologists. n = 555, 2017.

PNS VIGITEL Cardiologists (reported) Cardiologists (measured)
Sedentary lifestyle 46 61.9 22.9 -
Alcohol consumption 24 17.9 78.2 -
Smoking 15 9.3 0.5 -
Arterial hypertension 21,4 24.7 18.6 32.4
Diabetes mellitus 6,2 7.7 2.7 5.9
Dyslipidemia 12,5 - 24.7 49.7
Acute myocardial infarction 4,2 - 0.7 -
Stroke 1,5 - 0.2 -

Source: PNS25, VIGITEL 201826

Discussion

This is the first Brazilian study to assess cardiologists with CSD from the five geographical regions for the presence of CVRF and life habits. These cardiologists showed a very low prevalence of sedentary lifestyle and smoking, and a higher prevalence of alcohol consumption compared with studies that assessed the general population, such as PNS25 and VIGITEL,26 as well as a higher prevalence of DLP, a slightly lower prevalence of SAH, and a lower prevalence of DM. However, the rates of awareness of SAH, DM and DLP and the rates of control of SAH and DLP were low, considering that the study population consisted of cardiologists, which are supposed to understand the importance of controlling CVRF.

In the Brazilian population, the prevalence of SAH ranges from 30% to 36%;27,28 the prevalence of DM is 11.4%;29 and the prevalence of DLP is divided into hypercholesterolemia, with a prevalence of approximately 45.5%,30 and hypertriglyceridemia, with a prevalence from 26.5% to 31. 2% in Latin America.31,32 Furthermore, the prevalence of excess weight (overweight/obesity) in Brazil is 57% in men and 43% in women.33 In the present study group, considering reported and measured data, the diagnosis rate was 32.4% for SAH, 4.9% for DM, 51.7% for DLP (hypercholesterolemia and/or hypertriglyceridemia), and 56% for excess weight (67.1% in men and 32.2% in women).

Lack of awareness of these CVRF is known to be high in the general population, but strikingly, it is also high among cardiologists, which lead us to consider that these professionals neglect their own health care. This delay in disease awareness, early diagnosis, and appropriate treatment may increased the risk of related outcomes.34

Health education to the lay population is knowingly able to improve live habits, leading to a decrease in cardiovascular diseases.35 Hence, there was the questioning on the quality of cardiologists’ self-care, since they are the bearers of this scientific knowledge. Medical students assessed for CVRF had a similar prevalence than that of the general population of the same age, except for higher rates of sedentary lifestyle and higher BMI, thus raising a discussion on the extensive workload of the course, which may influence on the low time availability for the practice of healthy life habits, compared with other young adults.36 In another group of medical students, obesity rates were lower compared with those of population of the same age, as well as better serum lipid levels, but they showed high consumption of fast food and alcohol, in addition to higher rates of sedentary lifestyle, which may also be explained by low time availability and the high level of stress related to the course.37

It is known that work routine may often have a negative impact on the adoption of health and wellbeing practices, even if the professional have knowledge on the theme, such as health care professionals.38 The work in this area requires working in night shifts, and professionals often have more than one job. Therefore, they have difficulty in practicing regular physical activity or prioritizing nutritionally balanced meals.

Conversely, the same discussion may be raised without the need of emphasizing the night shift as the most important harm, but considering only the excessive workload of these professionals, regardless of the period of the day. Two different groups assessed their professionals with regard to the prevalence of CVRF, including the entire multiprofessional team in the assessment. In a general hospital, a high prevalence of CVRF were observed in all assessed professional categories.39 Similar results were found in another group, with an even more worrisome situation, which is the lack of awareness of these individuals with regard to their already altered health satus.40

In the subgroups of cardiologists versus non-cardiologists physicians, no significant differences were observed in relation to serum levels of cholesterol and its fractions, as well as to Framingham risk score, but cardiologists consumed more alcohol, and both groups had a mean BMI above the ideal range.41

In a comparative analysis with the population surveys PNS25 and VIGITEL,26 the cardiologists assessed in the present study reported lower rates of smoking and sedentary lifestyle, but come more alcohol. Furthermore, considering only reported CVRF, cardiologists reported lower rates of SAH and DM, but higher rates of DLP. These data are worrisome, not only due to lack of awareness, but also because they call into question the credibility of surveys that use only reported data.

SAH, DM and DLP42 are known to result from factors such as genetics and aging (non-modifiable), but are also related to life habits, and, within this context, individual with greater knowledge on cardiovascular risk factors are expected to have healthier habits.4345 With wide knowledge on the topic, cardiologists were expected to fully engage in good habits, so as to prevent these diseases, which is contrary to the findings in our sample with regard to alcohol consumption, but is consistent with findings related to smoking and physical activity. Similarly, a similar, or even higher, prevalence was found for the main CVRF, in comparison to the general population, except for DM.

Finally, the percentage of reported AMI (0.72%) and stroke (0.18%) in the sample was much lower than that of the general population, which may be related to the regular and frequent use of medications, due to physicians’ knowledge on the appropriate treatment and ease of access to medications. Furthermore, mean age of the group was low (47.2 years) and may partly justify the low prevalence of AMI and stroke.46

The present study had the following limitations: the lack of HDL in the assessment for DLP, due to a limitation in the measuring device; lack of administration of instruments to assess physical activity and alcohol consumption, which may have overestimated these rates; and the fact that fasting biochemical tests were not obtained. Nonetheless, it is worth noting that equal devices were used to obtain both anthropometric measurements and BP value and blood biochemistry tests, with previous training of coinvestigators and general coordination of reference centers, showing an appropriate standardization of the procedure.

It is also worth emphasizing that the sample was not representative of cardiologists affiliated to the SBC, because this was a convenience sample, a fact that may relativize the results and the presented discussions. However, cardiologist from all over the country were assessed and, thus, this study represents a warning sign for the approach of the identified conditions and for the conduction of future studies with Brazilian cardiologists.

Conclusion

Most cardiologists were male, were physically active, did not smoke, consumed alcohol, and had a significant prevalence of SAH, DM and DLP, similar to those observed in other surveys with Brazilian populations. However, although cardiologist have knowledge on these CVRF, approximately a half of them were aware of these conditions and were with their pressure controlled; additionally, one third had their lipid levels within normal values, but most had their glucose levels controlled. Study findings represent a warning sign for the adequate approach of CVRF among Brazilian cardiologists and point to the need of future studies.

Coinvestigators

Alberto de Almeida Las Casas Júnior (Goiás), Alexandre Jorge de Andrade Negri (Paraíba), Andrés Gustavo Sánchez Esteva (Tocantins), Antônio Carlos Avanza Junior (Espírito Santo), Christiano Henrique Souza Pereira (Mato Grosso do Sul), Claudine Maria Alves Feio (Pará), Daniela Martins Lessa Barreto (Alagoas), Diana Patrícia Lamprea Sepúlveda (Pernambuco), Érika Maria Gonçalves Campana (Rio de Janeiro), Evandro Guimarães de Souza (Minas Gerais), Ezilaine Nascimento Rosa (Mato Grosso), Fátima Elizabeth Fonseca de Oliveira Negri (Paraíba), Harry Corrêa Filho (Santa Catarina), João Paulo Fernandes Caixeta (Goiás), João Roberto Gemelli (Rondônia), Joilma Silva Prazeres Tobias (Maranhão), José Fernando Vilela Martin (São Paulo), Juan Carlos Yugar Toledo (São Paulo), Lara Araújo Dias (Goiás), Maurício Pimentel (Rio Grande do Sul), Nivaldo Menezes Filgueiras Filho (Bahia), Sandra Andrade Mendonça Hilgemberg (Rio Grande do Norte), Sílvio Henrique Barberato (Paraná), Simone Nascimento dos Santos (Distrito Federal), Thaynara de Moraes Pacheco (Goiás).

Footnotes

Sources of Funding

This study was funded by Indústria Farmacêutica EMS and equipment Medlevesson and Omron.

Study Association

This article is part of the thesis of master submitted by Maria Emilia Figueiredo Teixeira, from Pós-graduação em Ciências da Saúde - UFG.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES