Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
. 2021 May 6;116(5):928–937. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20190356
View full-text in English

Valor Prognóstico de Níveis Elevados de Troponina I Isolados em Pacientes sem Síndrome Coronariana Aguda Admitidos no Serviço de Emergência

Célia Domingues 1,, Maria João Vidigal Ferreira 1,2, Joana Moura Ferreira 1, Ana Vera Marinho 1, Patrícia Marques Alves 1, Cátia Ferreira 1, Isabel Fonseca 1, Lino Gonçalves 1,2
PMCID: PMC8121477  PMID: 34008817

Resumo

Fundamento:

Embora a elevação não isquêmica da troponina seja frequentemente observada em pacientes admitidos no pronto-socorro (PS), não há consenso quanto ao seu manejo.

Objetivos:

Este estudo teve como objetivo caracterizar os pacientes admitidos no PS com elevação da troponina não-isquêmica e identificar potenciais preditores de mortalidade nessa população.

Métodos:

Este estudo observacional retrospectivo incluiu pacientes do PS com resultado positivo no teste da troponina entre junho e julho de 2015. Pacientes com diagnóstico clínico de síndrome coronariana aguda (SCA) foram excluídos. Os dados demográficos dos pacientes e as variáveis clínicas e laboratoriais foram extraídos dos prontuários médicos. Os dados do seguimento foram obtidos por 16 meses ou até a ocorrência de morte. O nível de significância estatística foi de 5%.

Resultados:

A elevação da troponina sem SCA foi encontrada em 153 pacientes no PS. A mediana (IIQ) de idade dos pacientes foi de 78 (19) anos, 80 (52,3%) eram do sexo feminino e 59 (38,6%) morreram durante o seguimento. A mediana do período de seguimento (IIQ) foi de 477 (316) dias. Os sobreviventes eram significativamente mais jovens 76 (24) vs. 84 (13) anos; p=0,004) e apresentaram uma maior proporção de elevação da troponina isolada (sem elevação da creatina quinase ou mioglobina) em duas avaliações consecutivas: 48 (53,9%) vs. 8 (17,4%), p<0,001. Os sobreviventes também apresentaram menor taxa de tratamento antiplaquetário e internação no mesmo dia. Na regressão logística multivariada com ajuste para variáveis significativas na análise univariada, a elevação isolada da troponina em duas avaliações consecutivas mostrou hazard ratio = 0,43 (IC95% 0,17–0,96, p=0,039); hospitalização, tratamento antiplaquetário anterior e idade permaneceram independentemente associados à mortalidade.

Conclusões:

A elevação isolada da troponina em duas medidas consecutivas foi um forte preditor de sobrevida em pacientes no PS com elevação da troponina, mas sem SCA.

Palavras-chave: Troponina I, Prognóstico, Pronto-socorro, Lesão Miocárdica Não Isquêmica

Introdução

O infarto do miocárdio (IM) clínico, de acordo com a quarta definição universal, requer a presença de lesão miocárdica aguda detectada por biomarcadores cardíacos anormais associados a evidências de isquemia miocárdica aguda. A troponina cardíaca (Tnc) acima do ponto de corte do percentil 99, com padrão crescente ou decrescente, é o biomarcador de lesão miocárdica,1 porque não pode ser liberada por tecidos não cardíacos e tem excelente acurácia para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio.13

A Tnc é uma proteína distribuída no citoplasma e sarcômero de um miócito cardíaco, principalmente no retículo sarcoplasmático. Três subunidades constituem o complexo da troponina, um componente inibitório (troponina I), componente de ligação à tropomiosina (troponina T) e componente de ligação de cálcio (troponina C).4

As subunidades T e I (TncT e TncI, respectivamente) são específicas do músculo cardíaco e, portanto, podem atuar como marcadores adequados de lesão cardíaca. A TncT apresenta uma descarga dupla, primeiro o componente citoplasmático e depois o componente de ligação.5 A TncI é específica para o coração, e não foi identificada no músculo esquelético. Esta especificidade de 100% mostra que a TncI pode ser um marcador de necrose miocárdica (MNM) ideal.6

Antes do advento da troponina, os MNM anteriores utilizados eram a creatina quinase-isoenzima muscular/cerebral (CK-MB) e a mioglobina, que eram menos sensíveis e não específicas para IM.7,8 Por essa falta de sensibilidade e especificidade, elas foram progressivamente excluídas das investigações de CSA.2,3

Embora as subunidades Tnc sejam fortemente específicas para miócitos cardíacos, elas podem ser liberadas sob um amplo espectro de condições patológicas não cardíacas, como sepse, doença renal crônica, emergências hipertensivas, sangramento gastrointestinal, acidente vascular cerebral e rabdomiólise.6,9 Nesse cenário, a detecção da troponina pode ser o resultado de 5–8% da liberação do componente citosólico em resposta ao turnover celular do miócito, liberação celular de produtos de degradação e aumento da permeabilidade da parede celular.10

O uso generalizado de ensaios de troponina no pronto-socorro (PS) pode representar um desafio diagnóstico difícil quando o teste é anormal em paciente sem SCA.11 De acordo com a literatura, níveis elevados de Tnc em pacientes sem SCA foram associados a um prognóstico ruim.10,1216

Objetivo

Este estudo teve como objetivo identificar os fatores preditivos de mortalidade/sobrevida em pacientes de PS sem SCA e TncI elevada utilizando as características do paciente, histórico clínico, comorbidades e valores analíticos (incluindo creatinina, CK-MB, mioglobina e TncI) medidos no PS.

Métodos

Desenho, local e participantes do estudo

Neste estudo retrospectivo, analisamos os dados laboratoriais de pacientes consecutivos que vieram ao PS de um hospital universitário da comunidade durante o período de 1 mês, de junho a julho de 2015, e selecionamos pacientes que apresentaram elevação da TncI.

Todas as informações clínicas foram coletadas, incluindo registros médicos e de enfermagem do PS e hospitalizações, análises e outros exames complementares. O seguimento foi realizado através de registros locais e nacionais para observar as taxas de reinternação cardiovascular e morte.

Os dados coletados incluíram dados demográficos, fatores de risco cardiovascular, ensaio de biomarcador miocárdico e resultados da creatinina, sintoma principal no PS, diagnóstico final do PS, hospitalização, mortalidade da hospitalização, taxa de mortalidade em 30 dias e 16 meses e taxa de reinternação cardiovascular.

Neste estudo, os critérios para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio foram: aumento ou diminuição da Troponina I com pelo menos um valor anormal acima do limite superior de referência do ensaio e, ao menos um dos seguintes: 1) sintomas de isquemia; 2) novas alterações da onda T / segmento ST ou novo bloqueio de ramo esquerdo; 3) desenvolvimento de ondas Q patológicas na eletrocardiografia; 4) nova perda de miocárdio viável ou anormalidades regionais de movimento da parede na imagem; ou 5) identificação de um trombo intracoronário na imagem.1

Os registros do PS e a hospitalização de todos os pacientes com TncI elevada foram revisados pelos investigadores, e os pacientes foram divididos em dois grupos: aqueles com diagnóstico de SCA (IM tipo 1 ou tipo 2 com sinais e sintomas isquêmicos (com vasoespasmo, embolia e dissecção coronária não-aterosclerótica) (grupo A) e aqueles sem SCA com um teste de troponina positivo devido ao desequilíbrio de oferta/demanda de oxigênio ou lesão miocárdica sem sinais ou sintomas de isquemia miocárdica aguda (grupo B). Pacientes com IM tipo 4 ou 5 não foram incluídos neste estudo, pois, por definição, estes não são os pacientes regulares do PS e os pacientes com IM tipo 3 não têm medida de TncI.1

Pacientes sem SCA foram identificados através de critérios predefinidos que incluíram o seguinte: 1) miocardite/cardiomiopatia: diagnóstico à alta hospitalar ou achados sugestivos de miocardite em teste de imagem ou patológico, cardiomiopatias infiltrativas, como amiloidose ou sarcoidose, uma fração de ejeção ≤30% antes da admissão, ou transplante cardíaco anterior; 2) infecções: condições com impacto sistêmico, como celulite, pneumonia, sepse e pielonefrite; 3) disritmias agudas não relacionadas com a SCA; 4) doença renal crônica ou aguda: doença renal crônica estágio 5, diálise crônica, receptor de transplante renal ou doença renal aguda moderada a grave; 5) patologia do sistema nervoso central: acidente vascular cerebral, convulsão ou hemorragia subaracnóidea; 6) sangramento abdominal ou gastrointestinal agudo; 7) embolia pulmonar; 8) síncope inexplicada; 9) asma ou exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica; e 10) outros: nível elevado de troponina de etiologia desconhecida que não atende a nenhum dos critérios acima mencionados.

O endpoint primário para este estudo foi a mortalidade durante a hospitalização, em 30 dias e 16 meses, enquanto o endpoint secundário foi a reinternação por doença cardiovascular durante o seguimento.

O seguimento foi concluído em 16 meses ou em caso de morte. O seguimento foi realizado através de consulta aos prontuários eletrônicos e ao registro nacional de óbitos online. O conselho de revisão institucional aprovou o protocolo do estudo. A exigência de consentimento informado foi dispensada porque os pacientes não receberam qualquer tipo de cuidado diferente por causa do estudo.

Ensaios de marcadores de necrose miocárdica

O nível de troponina I foi determinado utilizando o mesmo imunoensaio TncI padrão (Troponina I Siemens Dimension EXL)17-19 em todos os pacientes. O teste foi realizado no laboratório central do hospital. Os limites de detecção inferior e superior estabelecidos pelo fabricante foram 0,017 ng/mL e 4000 ng/mL, respectivamente. As medidas abaixo do limite de detecção receberam o valor de 0. Os resultados do teste de troponina I foram considerados positivos se o nível fosse superior ao limite de referência (> 0,059 ng/mL) usado no laboratório do PS. Os resultados dos ensaios de CK-MB e mioglobina foram considerados normais quando <3,6 ng/mL e 9–82 ng/mL, respectivamente.

Medidas repetidas dos MNM foram realizadas pelo menos 3 horas após a primeira avaliação.

Utilizando a primeira e a segunda avaliação da Tnc, a variação foi calculada da seguinte forma: variação da troponina% = ((segunda troponina × 100)/primeira troponina) × 100%.

Métodos estatísticos

Todos os dados contínuos foram testados quanto à normalidade com o teste de Shapiro-Wilks; todos apresentaram distribuição não-normal e são apresentados por sua mediana e intervalo interquartil. O teste de Mann-Whitney foi aplicado para comparar variáveis contínuas. As variáveis categóricas foram representadas por sua frequência e comparadas utilizando o teste exato de Fisher ou o teste de qui-quadrado.

A sobrevida foi analisada utilizando modelos de risco proporcional de Cox uni- e multivariados. Os resultados foram expressos como hazard ratio (HR) com intervalos de confiança de 95% (IC 95%). Para as variáveis independentes preditoras de sobrevida, um gráfico de sobrevida foi obtido utilizando o método de Kaplan-Meier e o teste de log-rank. O nível de significância estatística foi estabelecido com um valor de p<0,05. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o software SPSS 23.0 para Mac (SPSS, Inc; Chicago, IL, EUA).

Resultados

Características basais e diagnósticos da população de estudo

Durante o período de estudo de 1 mês, 10.564 pacientes foram admitidos no PS da nossa instituição. Os pacientes que foram submetidos a avaliações de MNM, incluindo troponina I, CK-MB e mioglobina e sua distribuição de acordo com o status da troponina e o diagnóstico final, estão descritos na Figura 1. Os pacientes foram divididos em dois grupos: Grupo A (n = 42 [21,5%]) com SCA (todos com oclusão/sub-oclusão aguda de artérias coronárias: 4 deles com IM tipo 2 (2 casos de dissecção coronária e 2 de trombose coronária embólica); de 38 com IM tipo 1, 14 apresentavam IAM com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST); enquanto no Grupo B (n = 153 [78,5%]) sem SCA, 58 apresentavam desequilíbrio entre oferta/demanda de oxigênio, 53 tinham lesão miocárdica aguda sem sinais ou sintomas de isquemia e 42 tinham elevação estável da TncI (variação da TncI em duas análises consecutivas ≤ 20%). Entre os pacientes sem SCA, a primeira medida de MNM foi realizada após uma mediana de 6 (IIQ 4) horas desde o início dos sintomas, e 90 pacientes repetiram a medida de MNM após uma mediana de 5 (IIQ 3) horas a partir da primeira avaliação.

Figura 1. Ilustração esquemática dos pacientes incluídos. MNM, marcadores de necrose miocárdica; SCA, síndrome coronariana aguda.

Figura 1

Na primeira avaliação do MNM do grupo B, 81 pacientes apresentaram elevação de CK-MB e/ou mioglobina (16 apresentaram elevação de CK-MB, e 40 de mioglobina, enquanto 25 tiveram elevação de ambos). Na segunda avaliação, 18 apresentaram elevação de ambos e 6 apresentaram elevação isolada do CK-MB e 31 da mioglobina. Em ambas as avaliações, 88 pacientes apresentaram pelo menos uma elevação de CKMB e / ou mioglobina.

Os pacientes com resultado positivo no teste da troponina apresentaram um amplo espectro de sintomas clínicos na apresentação (Figura 2). Como esperado, os pacientes que ao final receberam o diagnóstico de SCA (Grupo A) apresentaram maior proporção de dor torácica como queixa principal na apresentação hospitalar.

Figura 2. Ilustração esquemática dos sintomas clínicos na apresentação de todos os pacientes e diferentes grupos A: com SCA e grupo B: Sem SCA.

Figura 2

Conforme mostrado na Tabela 1, os pacientes dos Grupos A e B possuíam mediana de idade semelhante, mas tinham proporções de gênero significativamente diferentes. Em relação aos fatores de risco cardiovascular e condições de comorbidade, não foram encontradas diferenças significativas na prevalência de diabetes mellitus e hipertensão, mas hiperlipidemia e doença arterial coronariana anterior foram mais comuns em pacientes com SCA e insuficiência cardíaca anterior e tratamento anticoagulante foram mais prevalentes em pacientes sem SCA.

Tabela 1. Características basais de todos os pacientes com elevação da troponina no PS.

Global
N = 195
Grupo A
n = 42 (22%)
Grupo B
n = 153 (78%)
p-valor
Idade (anos), mediana (IIQ) 77(21) anos 71(19) anos 78(19) anos 0,06
Sexo masculino n (%) 105 (53,8%) 32 (76,2%) 73 (47,7%) 0,001
Diabetes mellitus, n (%) 69 (35,5%) 16 (37,2%) 54 (35%) 0,89
Hipertensão, n (%) 155 (79,3%) 35 (84,4%) 119 (78,1%) 0,57
Hiperlipidemia, n (%) 87 (44,4%) 25 (60%) 61 (40,1%) 0,03
DAC anterior, n (%) 37 (19%) 13 (31%) 24 (16%) 0,02
IC anterior, n (%) 43 (21,9%) 9 (21,9%) 71 (46,7%) 0,02
AVCI anterior, n (%) 31 (14,8%) 3 (6,3%) 26 (16,8%) 0,26
TFG (ml/[min.1.73 m2]), mediana (IIQ) 54 (46) 68 (47) 49(47) 0,10
Medicação Anterior
Anticoagulantes 62 (33,7%) 4 (10%) 47 (31%) 0,007
Antiplaquetários 50 (26,7%) 15(37%) 48 (32%) 0,13
Betabloqueadores 69 (36,9%) 16 (40%) 53 (36,1%) 0,65
Inibidores ECA/ARA 108 (57,8%) 23 (57,5%) 87 (57,8%) 0,97
ARM 15 (17,6%) 2 (12,5%) 13 (18,8%) 0,55
Estatinas 83 (44,4%) 24 (60%) 60 (40,1%) 0,02
Troponina padronizada na primeira avaliação *, n (%) <0,001
1–2,99 95 (48,9%) 10 (23,1%) 85 (55,8%)
3-4,99 36 (18,3%) 5 (12,8%) 31 (19,7%)
5-9,99 19 (9,7%) 4 (10,3%) 15 (9,7%)
10+ 45 (23,1%) 23 (53,8%) 22 (15%)
CK-MB elevada, n (%) 54 (53%) 22 (53%) 32 (21%) <0,001
Mioglobina elevada, n (%) 88 (48%) 23 (56%) 66 (45%) 0,24
CK-MB + Mioglobina elevadas, n (%) 43 (22%) 16 (40%) 25 (16%) 0,003
% de elevação da troponina entre 2 medidas, mediana (IIQ) 7 (73) 183 (666) 2,65(42) <0,001

Grupo A - pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA); Grupo B - pacientes sem SCA. DAC: doença arterial coronariana; IC: insuficiência cardíaca; AVCI: acidente vascular cerebral isquêmico agudo; TFG: taxa de filtração glomerular de acordo com a equação MDRD; Inibidor de ECA: inibidor da enzima conversora da angiotensina; ARM: antagonista do receptor mineralocorticoide.

Os principais diagnósticos dos pacientes do Grupo B foram miocardite /cardiomiopatia (40 [26%]), seguido de infecção (celulite, pneumonia e pielonefrite, 24 [15,5%]), arritmias agudas (25 [16,6%]), doença renal crônica ou aguda (17 [11%]), doença cerebral (13 [8,4%]), sangramento abdominal ou gastrointestinal agudo (11[7,1%]), embolia pulmonar (6 [3,9%]), síncope inexplicada (4 [2,6%]]), asma ou exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (4 [2,6%]) e outros (9 [6,5%]).

Dados de desfechos

A mediana do seguimento (IIQ) foi de 477 dias (316). Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos em relação à mortalidade intra-hospitalar (6 [14,3%] vs. 21 [13,7%], p = 0,077), mortalidade em 30 dias (6 [14,3%] vs. 27 [17,6%], p = 0,4) e reinternação cardiovascular no seguimento (11 [29,7%] vs. 32 [24,2%], p = 0,316). Notavelmente, a taxa de mortalidade em longo prazo foi significativamente maior nos pacientes do grupo B (9 [21,4%] vs. 59 [38,6%], p = 0,039), embora as curvas de sobrevivência dos dois grupos não fossem significativamente diferentes (log rank, 3,45; p = 0,063). As principais causas de morte do grupo B foram: cardiovasculares em 12 indivíduos (nenhum deles com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio), 27 não-cardiovasculares, 13 por causas desconhecidas e 4 mistas de causas cardiovasculares e outras comorbidades.

Resultados principais

Os preditores de mortalidade dos pacientes do Grupo B estão descritos na Tabela 2. Foi observado que maior idade (p <0,001), insuficiência cardíaca anterior (p = 0,049), medicação antiplaquetária anterior (p = 0,005) e hospitalização após a avaliação índice do PS (p < 0,001) foram preditores de mortalidade. A morte no seguimento não foi relacionada com os níveis de TncI, CK-MB ou mioglobina (primeira, segunda ou ambas as avaliações). No entanto, a elevação isolada da troponina (isto é, sem elevação concomitante da CK-MB ou mioglobina) foi um poderoso preditor de sobrevivência; de fato, a elevação isolada da troponina na primeira medida estava presente em 58,7% dos sobreviventes vs. 40% dos não sobreviventes (p = 0,021); os pacientes com duas medidas isoladas de elevação da troponina tinham maior probabilidade de sobreviver (48 [53,9%] dos sobreviventes vs. 8 [17,4%] dos não sobreviventes [p <0,001]).

Tabela 2. Associação entre as Variáveis Clínicas e Sobrevida em Longo Prazo de Pacientes com Elevação da Troponina e Síndrome Coronariana Não-Aguda (Grupo B).

Sobreviventes
(n = 94)
Não-sobreviventes
(n = 59)
p-valor
Idade, mediana (IIQ) 76(24) anos 84 (13) <0,001
Sexo masculino, n (%) 44 (46,8%) 29 (49,2%) 0,77
Fatores de risco CV, n (%)
Diabetes mellitus 28 (30,8%) 22 (38,6%) 0,33
Hipertensão 68 (73,9%) 44 (78,6%) 0,52
DAC anterior 14 (15,2%) 9 (16,4%) 0,85
HF anterior 33 (39,3%) 31 (56,4%) 0,049
TFG, mL / (min.1.73 m2), mediana (IIQ) 56 (48) 45 (34) 0,05
Frequência cardíaca, bpm, mediana (IIQ) 75 (33) 84 (36) 0,10
Medicação Anterior, n (%)
Antiplaquetária 22 (23,9%) 25 (35,5%) 0,02
Anticoagulantes 34 (37%) 12 (21,8%) 0,06
Betabloqueadores 35 (38%) 18 (32,7%) 0,52
Inibidor de ECA 57 (62%) 28 (50,9%) 0,19
ARM 9 (20,5%) 4 (16%) 0,65
Estatinas 36 (39,1%) 23 (41,8%) 0,75
ECG, n (%)
Sem alterações significativas
51 (64,6%) 16 (50%) 0,38
Elevação do ST 1 (1,3%) 0 (0%)
Depressão do ST ou onda T negativa 16 (20,3%) 6 (18,8%)
Fibrilação atrial 28 (35,0%) 18 (46,2%)
BRE 4 (5,1%) 4 (12,5%)
Ritmo 4 (5,1%) 3 (9,4%)
Marcadores de necrose miocárdica, mediana (IIQ)
Troponina (ng/mL) na primeira avaliação 0,13 (0,23) 0,10 (0,18) 0,61
CK-MB (ng/mL) na primeira avaliação 1,6 (1,8) 1,9 (2,05) 0,50
Mioglobina (ng/mL) na primeira avaliação 70 (120) 99 (175) 0,06
Elevação isolada da troponina na primeira avaliação, n (%) 54 (58,7%) 22 (40%) 0,028
Troponina (ng / mL) na segunda avaliação, mediana (IIQ) 0,12(0,16) 0,14(0,32) 0,28
% de variação da troponina I em duas medidas sequenciais, mediana (IIQ) 0 (32) 27 (35) 0,002
Elevação isolada da troponina em duas medidas sequenciais, n (%) 48 (53,9%) 8 (17,4%) <0,001
Hospitalização no evento índice, n (%) 52 (55,3%) 51 (86,4%) <0,001
Revascularização coronária 0,88
Sem terapia específica, n (%) 88 (93,6%) 54 (91,5%)
TMO, n (%) 5 (5,3%) 4 (6,8%)
ICP + TMO, n (%) 1 (1,1%) 1 (1,1%)

IIQ: intervalo interquartil; DAC: doença arterial coronariana; IC: insuficiência cardíaca; AVCI: acidente vascular cerebral isquêmico agudo; TFG: taxa de filtração glomerular de acordo com a equação MDRD; Inibidor da ECA: inibidor da enzima conversora da angiotensina; ARM: antagonista do receptor mineralocorticoide; ECG: eletrocardiograma; CK: creatina-quinase; CK-MB: creatina quinase-MB; TMO: terapia médica otimizada; ICP: intervenção coronária percutânea;

A análise de regressão de Cox é apresentada na Tabela 3. A análise univariada mostrou que em pacientes internados com troponina isolada em duas medidas consecutivas de MNM, a probabilidade de sobrevida em longo prazo no seguimento aumentou em quatro vezes (p <0,001). A análise multivariada de Cox corrigida para idade e sexo demonstrou que a elevação isolada da troponina em duas medidas consecutivas permaneceu um preditor independente de sobrevida (HR, 0,433; IC95%, 0,196-0,958; p = 0,039). A Figura 3 mostra as curvas de sobrevida dos pacientes do Grupo B de acordo com a presença de elevação isolada da troponina em duas medidas consecutivas (log rank, 18,09; p <0,001).

Tabela 3. Análise de regressão de Cox univariada e multivariada (corrigida para idade e sexo) das variáveis clínicas e sobrevida em longo prazo de pacientes com elevação da troponina e síndrome coronariana não-aguda.

Regressão univariada de Cox Regressão multivariada de Cox
HR (IC95%) p-valor HR (IC95%) p-valor
Idade, anos 1,040 (1,017–1,063) 0,001 1,030 (1,002–1,058) 0,038
Sexo 0,899 (0,540–1,499) 0,684 0,807 (0,436–1,493) 0,494
Fatores de risco CV
Diabetes mellitus 1,336 (0,783–2,277) 0,288
Hipertensão 1,245 (0,658–2,358) 0,501
DAC anterior 1,067 (0,521–2,182) 0,860
HF anterior 1,649 (0,967–2,812) 0,066
GFR, mL / (min.1.73 m2) 0,992 (0,984–1,001) 0,082
Frequência cardíaca, bpm 1,006 (0,997–1,014) 0,193
Medicação Anterior
Antiplaquetários 1,867 (1,230–2,835) 0,006 1,823 (1,105–3,006) 0,019
Betabloqueadores 0,806 (0,459–1,416) 0,449
Inibidor de ECA 0,689 (0,406–1,170) 0,170
ARM 0,764 (0,262–2,226) 0,611
Estatinas 1,017 (0,595–1,739) 0,950
Padrão de ECG 1,162 (0,999–1,351) 0,067
Laboratório
Elevação isolada da troponina na primeira avaliação 0,533 (0,311–0,916) 0,021 1,097 (0,378–3,180) 0,865
Elevação isolada da troponina na segunda avaliação 0,528 (0,218–1,279) 0,142
% de elevação da troponina em duas avaliações sequenciais 1,000 (0,999–1,001) 0,750
Elevação isolada da troponina em duas avaliações sequenciais 0, 239 (0,111–0,512) <0,001 0,433 (0,196–0,958) 0,039
Hospitalização no evento índice 3.782 (1.794–7.973) <0.001 4.708 (1.652–13.423) 0.004

IC 95%: intervalo de confiança de 95%; DAC: doença arterial coronariana; IC: insuficiência cardíaca; TFG: taxa de filtração glomerular de acordo com a equação MDRD; CK: creatina quinase; CK-MB: creatina quinase-MB; Inibidor da ECA: inibidor da enzima conversora da angiotensina; ARM: antagonista do receptor mineralocorticoide; ECG: eletrocardiograma.

Figura 3. Curva de sobrevida de Kaplan-Meier no seguimento de 16 meses de pacientes não-SCA de acordo com resultados de duas avaliações consecutivas de MNM.

Figura 3

Discussão

Interpretação

Em nosso estudo, 78% dos pacientes com elevação da troponina receberam diagnóstico de não-SCA, o que está de acordo com estudos anteriores.20,21 Em algumas séries, a isquemia miocárdica não foi identificada em aproximadamente 65% dos pacientes do PS com elevação da troponina. O espectro do diagnóstico clínico foi extremamente heterogêneo em nosso estudo, englobando condições de alto risco. O prognóstico a médio prazo foi claramente pior para pacientes com troponina elevada e sem SCA do que para pacientes com níveis normais de troponina. Provavelmente também foi pior do que para pacientes com diagnóstico de SCA, com esses achados relatados em estudos anteriores.16,22,23

Neste estudo, 33,5% dos pacientes com níveis elevados de troponina e diagnóstico de não-SCA tiveram alta do PS sem internação. Esse percentual parece muito alto, mas taxas mais elevadas foram descritas por outros autores.21,24,25 No grupo sem SCA, a mortalidade em 16 meses foi de 38,6%, mas 81,4% dessas mortes ocorreram durante a internação ou nos primeiros 30 dias, o que reforça o papel do MNM como preditor de mortalidade nesse grupo. Considerando a alta taxa de alta hospitalar após uma internação no PS e o alto risco de mortalidade conferido pela elevação da troponina, não é surpreendente que os pacientes idosos com elevação da troponina que recebem um diagnóstico diferente de SCA e não são hospitalizados apresentem em um risco inaceitável de morte.

Acreditamos que a alta taxa de mortalidade durante a hospitalização e seguimento está intimamente relacionada à idade avançada e maiores comorbidades (insuficiência cardíaca anterior ou medicação antiplaquetária), conforme relatado por outros autores.21

O único biomarcador recomendado para uso no diagnóstico de SCA neste momento é a Tnc, devido à sua sensibilidade e precisão superiores.2,3 De fato, até 80% dos pacientes com IM isquêmico terá um nível elevado de troponina nas 2 a 3 horas após a chegada ao PS.7

Nosso estudo é notável por descobrir que a elevação isolada da TncI em duas análises consecutivas de MNMs é um preditor de sobrevida para pacientes com elevação da TncI e sem SCA, em comparação com a elevação de pelo menos dois MNMs (TncI e CK-MB e/ou mioglobina). Algumas particularidades das diferentes propriedades das moléculas de MNM poderiam explicar esse fato. A mioglobina apresenta liberação precoce e clearance rápida (liberada a partir de 1h após a lesão e retorna à linha de base em 24-36h), enquanto a CK-MB apresenta uma liberação e clearance mais lentas (liberada a partir de 4-9h após a lesão e clearance em 48-72h),26 e a troponina apresenta liberação semelhante à da CK-MB (4–9h), mas clearance retardada (7–10 dias).27 Nossa hipótese é que a elevação persistente da CK-MB e/ou mioglobina junto com a troponina em duas análises consecutivas de MNM implica em uma lesão miocárdica recente ou permanente, mesmo em pacientes sem SCA.

Provavelmente houve uma diferença no mecanismo de liberação de diferentes moléculas de MNM de acordo com o tipo e a gravidade da lesão. Alguns estudos em animais e células humanas sugeriram que a descarga de proteínas miocárdicas, exatamente como a Tnc, pode não implicar em necrose miocárdica.28

Em relação às subunidades T e I, a TncI tem um peso molecular de 37 kDa e a TncT tem um peso molecular de 21 kDa, ambas presentes principalmente nos sarcômeros e 4–6% no citoplasma. Após a lesão miocárdica, a troponina citosólica é liberada primeiro; à medida que mais danos ocorrem, a troponina presente no sarcômero é liberada na circulação;8 estudos anteriores defenderam a ideia de que cardiomiócitos com lesão reversível poderiam liberar troponina.2931

A CK-MB também é liberada com necrose tecidual devido ao seu alto peso molecular (86kDa). A mioglobina tem liberação rápida, provavelmente pelo baixo peso molecular (17kDa) e sua localização citoplasmática, podendo ser liberada sob estresse miocárdico sem necrose,8 assim como a troponina.

Essa propriedade molecular de diferentes MNMs poderia explicar a incapacidade de uma medida isolada da troponina I em predizer mortalidade no presente estudo e em outro.32 Este achado destaca o papel valioso da CK-MB e da mioglobina que não pode ser realizado pela medida isolada da troponina. No entanto, as diretrizes atuais recomendam que a Tnc seja o único biomarcador utilizado para o diagnóstico da SCA, devido à sua sensibilidade e precisão superiores.2,3 No entanto, a não-realização das medidas de CK-MB e mioglobina pode ter um custo, especialmente para aqueles pacientes com um diagnóstico de não-SCA. Acreditamos que a exclusão da CK-MB e mioglobina da avaliação de rotina com MNMs em muitas instituições e diretrizes deve ser reconsiderada, devido ao seu valor prognóstico adjuvante superior, principalmente em pacientes sem SCA, e o aumento do número de pacientes com elevação da troponina que serão observados com níveis de troponinas altamente sensíveis.

Limitações

Nossa instituição segue um protocolo não-restritivo para pedidos de medidas de MNM no PS. Portanto, nossa taxa de pacientes sem SCA estava provavelmente aumentado em comparação com protocolos mais rígidos.

Nosso estudo analisou a mortalidade dos pacientes sem considerar que os pacientes foram tratados de forma diferente de acordo com o diagnóstico inicial. Esta pode parecer uma limitação importante, mas deve ser esclarecido que cada processo clínico geralmente tem seu próprio manejo específico que influencia o prognóstico do paciente. Portanto, o prognóstico dos grupos é inerente, de alguma forma, ao manejo fornecido. Por exemplo, os pacientes com SCA são geralmente admitidos para tratamento com agentes antiplaquetários, anticoagulantes, estatinas, revascularização e outras terapias, e essa abordagem tem um prognóstico específico.

Os dados foram coletados retrospectivamente, sendo possível que alguns prontuários estivessem incompletos e o histórico clínico subvalorizado.

O ensaio de troponina utilizado anteriormente em nosso hospital era um ensaio contemporâneo denominado ‘troponina sensível’ e não era altamente sensível, ao contrário do ensaio de troponina utilizado atualmente, através do qual espera-se detectar valores positivos de troponina em mais pacientes, como descrito para este ensaio de troponina.18,19

Conclusão

Uma alta porcentagem de pacientes com um nível elevado de troponina medido no PS não foi diagnosticada com SCA. Esses pacientes apresentavam perfil clínico de alto risco, ampla heterogeneidade em relação ao diagnóstico principal e prognóstico adverso aos 16 meses. Uma elevação isolada da troponina I em duas determinações consecutivas de MNMs foi um forte preditor de sobrevida em pacientes sem SCA com elevação da troponina.

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer a todos os médicos e enfermeiras envolvidos no tratamento desses pacientes e seus registros. Também agradecemos o Departamento do Laboratório por fornecer a lista de pacientes com elevação da troponina, a base de dados inicial dos pacientes.

Footnotes

Fontes de financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Aprovação ética e consentimento informado

Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores.

Referências

  • 1.1. Thygesen K, Alpert JS, Jaffe AS, Chaitman BR, Bax JJ, Morrow DA, et al. Fourth universal definition of myocardial infarction (2018). Circulation. 2018;138(20):e618-51. [DOI] [PubMed]
  • 2.2. Amsterdam EA, Wenger NK, Brindis RG, Casey DE, Ganiats TG, Holmes DR, et al. 2014 AHA/ACC guideline for the management of patients with non–st-elevation acute coronary syndromes: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2014;130(25):2354-94. [DOI] [PubMed]
  • 3.3. Roffi M, Patrono C, Collet JP, Mueller C, Valgimigli M, Andreotti F, et al. 2015 ESC guidelines for the management of acute coronary syndromes in patients presenting without persistent st-segment elevation: task force for the management of acute coronary syndromes in patients presenting without persistent ST-segment elevation of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J. 2016;37(3):267-315. [DOI] [PubMed]
  • 4.4. Lewandrowski K, Chen A, Januzzi J. Cardiac markers for myocardial infarction. A brief review. Am J Clin Pathol. 2002;118(Suppl):93-9. [DOI] [PubMed]
  • 5.5. Katus HA, Remppis A, Scheffold T, Diederich KW, Kuebler W. Intracellular compartmentation of cardiac troponin T and its release kinetics in patients with reperfused and nonreperfused myocardial infarction. Am J Cardiol. 1991;67(16):1360-7. [DOI] [PubMed]
  • 6.6. Higgins JP, Higgins JA. Elevation of cardiac troponin I indicates more than myocardial ischemia. Clin Invest Med. 2003;26(3):133-47. [PubMed]
  • 7.7. White HD. Pathobiology of troponin elevations: do elevations occur with myocardial ischemia as well as necrosis? J Am Coll Cardiol. 2011;57(24):2406-8. [DOI] [PubMed]
  • 8.8. Santaló M, Martin A, Velilla J, Povar J, Temboury F, Balaguer J, et al. Using high-sensitivity troponin T: the importance of the proper gold standard. Am J Med. 2013;126(8):709-17. [DOI] [PubMed]
  • 9.9. Kehl DW, Iqbal N, Fard A, Kipper BA, Landa AP, Maisel AS. Biomarkers in acute myocardial injury. Transl Res. 2012;159(4):252-64. [DOI] [PubMed]
  • 10.10. Sheyin O, Davies O, Duan W, Perez X. The prognostic significance of troponin elevation in patients with sepsis: a meta-analysis. Heart Lung. 2015;44(1):75-81. [DOI] [PubMed]
  • 11.11. Michos ED, Wilson LM, Yeh HC, Berger Z, Suarez-Cuervo C, Stacy SR, et al. Prognostic value of cardiac troponin in patients with chronic kidney disease without suspected acute coronary syndrome: a systematic review and meta-analysis. Ann Intern Med. 2014;161(7):491-501. [DOI] [PubMed]
  • 12.12. Sarkisian L, Saaby L, Poulsen TS, Gerke O, Jangaard N, Hosbond S, et al. Clinical characteristics and outcomes of patients with myocardial infarction, myocardial injury, and nonelevated troponins. Am J Med. 2016;129(4):446e.5-e21. [DOI] [PubMed]
  • 13.13. Shah KS, Maisel AS, Fonarow GC. Troponin in heart failure. Heart Fail Clin. 2018;14(1):57-64. [DOI] [PubMed]
  • 14.14. Wu C, Singh A, Collins B, Fatima A, Qamar A, Gupta A, et al. Causes of troponin elevation and associated mortality in young patients. Am J Med. 2018;131(3):284-92. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 15.15. Wong P, Murray S, Ramsewak A, Robinson A, Heyningen C, Rodrigues E. Raised cardiac troponin T levels in patients without acute coronary syndrome. Postgrad Med J. 2007;83(977):200-5. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 16.16. Bardají A, Cediel G, Carrasquer A, Castro R, Sánchez R, Boqué C. Troponin elevation in patients without acute coronary syndrome. Rev Esp Cardiol. 2015;68(6):469-76. [DOI] [PubMed]
  • 17.17. Calderón JLM, Pérez JMV, Bustos F, Gómez JCS. Performance characteristics of loci method for measuring cardiac troponin I on the dimension EXL. Pract Lab Med. 2015 Apr 8;1:42-7. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 18.18. Javed U, Aftab W, Ambrose JA, Wessel RJ, Mouanoutoua M, Huang G, et al. Frequency of elevated troponin i and diagnosis of acute myocardial infarction. Am J Cardiol. 2009;104(1):9-13. [DOI] [PubMed]
  • 19.19. Brunner NW, Scheuermeyer FX, Grafstein E, Ramanathan K. Outcomes of non-acute coronary syndrome patients discharged from the emergency department with troponin positivity. Can J Emerg Med. 2014;16(1):41-52. [DOI] [PubMed]
  • 20.20. Schreiber D, Miller SM. Cardiac markers: definition and efficacy. Medscape [Internet]; 2018. [acesso 29 jan 2021]. Disponível em: https://emedicine.medscape.com/article/811905-over.
  • 21.21. Vaidya HC. Myoglobin: an early biochemical marker for the diagnosis of acute myocardial infarction. J Clin Immunoass. 1994;17:35-9.
  • 22.22. Tucker JF, Collins RA, Anderson AJ, Hauser J, Kalas J AF. Early diagnostic efficiency of cardiac troponin I and troponin T for acute myocardial infarction. Acad Emerg Med. 1997;4(1):13-21. [DOI] [PubMed]
  • 23.23. Mair J, Lindahl B, Hammarsten O, Müller C, Giannitsis E, Huber K, et al. How is cardiac troponin released from injured myocardium? Eur Heart J Acute Cardiovasc Care. 2018;7(6):553-60. [DOI] [PubMed]
  • 24.24. Vaidya HC, Vaananen HK. Myoglobin and carbonic anhydrase III. In: Cardiac markers. Totowa: Humana Press; 2011. p. 103-12. (Pathology and Laboratory Medicine book series).
  • 25.25. Wahed A, Dasgupta A. Clinical chemistry, immunology and laboratory quality control. Amsterdam: Elsevier; 2014. Chapter 8, Cardiac markers; p. 127-41.
  • 26.26. Mair J. Tissue release of cardiac markers: from physiology to clinical applications. Clin Chem Lab Med. 1999;37(11-12):1077-84. [DOI] [PubMed]
  • 27.27. Piper HM, Schwartz P, Spahr R, Hütter JF, Spieckermann PG. Early enzyme release from myocardial cells is not due to irreversible cell damage. J Mol Cell Cardiol. 1984;16(4):385-8. [DOI] [PubMed]
  • 28.28. Demonbreun AR, McNally EM. Plasma membrane repair in health and disease. Curr Top Membr. 2016;77:67-96. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 29.29. Kavasoglu M, Eken C, Eray O, Serinken M, Gulen B. Value of high-sensitive cardiac troponin in predicting mortality in the emergency department. Clin Lab. 2016;62(8):1483-9. [DOI] [PubMed]
  • 30.30. Jaffery Z, Nowak R, Khoury N, Tokarski G, Lanfear DE, Jacobsen G, et al. Myoglobin and troponin I elevation predict 5-year mortality in patients with undifferentiated chest pain in the emergency department. Am Heart J. 2008;156(5):939-45. [DOI] [PubMed]
  • 31.31. Croce A, Brunati P, Colzani C, Terramocci R, Favero S, Bordoni G, et al. A rational adoption of the high sensitive assay for cardiac troponin I in diagnostic routine. Dis Markers. 2017;2017:4523096. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 32.32. Reichlin T, Twerenbold R, Reiter M, Steuer S, Bassetti S, Balmelli C, et al. Introduction of high-sensitivity troponin assays: impact on myocardial infarction incidence and prognosis. Am J Med. 2012;125(12):1205-13. [DOI] [PubMed]
Arq Bras Cardiol. 2021 May 6;116(5):928–937. [Article in English]

Prognostic Value of Isolated Elevated Troponin I Levels in Patients without Acute Coronary Syndrome Admitted to the Emergency Department

Célia Domingues 1,, Maria João Vidigal Ferreira 1,2, Joana Moura Ferreira 1, Ana Vera Marinho 1, Patrícia Marques Alves 1, Cátia Ferreira 1, Isabel Fonseca 1, Lino Gonçalves 1,2

Abstract

Background:

Although non-ischemic troponin elevation is frequently seen in patients admitted to the emergency department (ED), consensus regarding its management is lacking.

Objectives:

This study aimed to characterize patients admitted to the ED with non-ischemic troponin elevation and to identify potential mortality predictors in this population.

Methods:

This retrospective observational study included ED patients with a positive troponin test result between June and July of 2015. Patients with a clinical diagnosis of acute coronary syndrome (ACS) were excluded. Data on patient demographics and clinical and laboratory variables were extracted from medical records. Follow-up data were obtained for 16 months or until death occurred. The statistical significance level was 5%.

Results:

Troponin elevation without ACS was found in 153 ED patients. The median (IQR) patient age was 78 (19) years, 80 (52.3%) were female and 59(38.6%) died during follow-up. The median (IQR) follow-up period was 477(316) days. Survivors were significantly younger 76 (24) vs. 84 (13) years; p=0.004) and featured a higher proportion of isolated troponin elevation (without creatine kinase or myoglobin elevation) in two consecutive evaluations: 48 (53.9%) vs. 8 (17.4%), p<0.001. Survivors also presented a lower rate of antiplatelet treatment and same-day hospitalization. In the multivariate logistic regression with adjustment for significant variables in the univariate analysis, isolated troponin elevation in two consecutive evaluations showed a hazard ratio= 0.43 (95%CI 0.17–0.96, p=0.039); hospitalization, previous antiplatelet treatment and age remained independently associated with mortality.

Conclusions:

Isolated troponin elevation in two consecutive measurements was a strong predictor of survival in ED patients with troponin elevation but without ACS.

Keywords: Troponin I, Prognosis, Emergency Department, Myocardial Non-Ischemic Injury

Introduction

Clinical myocardial infarction according to the fourth universal definition requires the presence of acute myocardial injury detected by abnormal cardiac biomarkers associated with evidence of acute myocardial ischemia. Cardiac troponin(cTn) above the 99th percentile cutoff point with an increasing or decreasing pattern is the biomarker of myocardial injury,1 because it cannot be released by non-cardiac tissues and has an excellent accuracy for the diagnosis of acute myocardial infarction.13

cTn is a protein distributed within the cytoplasm and sarcomere of a cardiac myocyte, mostly in the sarcoplasmic reticulum. Three subunits make up the troponin complex, an inhibitory component (troponin I), tropomyosin-binding component (troponin T) and calcium-binding component (troponin C).4

The T and I subunits (cTnT and cTnI, respectively) are specific to cardiac muscle and, thus, can act as suitable markers of cardiac injury. cTnT shows a double discharge, first the cytoplasmic component and later the binding component.5 cTnI is cardiac-specific, and was not identified in skeletal muscle. This 100% specificity shows cTnI can be an ideal myocardial necrosis marker (MNM).6

Before the advent of troponin, the previous MNM used were muscle/brain isoenzyme of creatine kinase (CK-MB) and myoglobin, which were less sensitive and not specific to myocardial infarction.7,8 Due to their lack of sensitivity and specificity, they have been progressively excluded from ACS investigations.2,3

Although cTn subunits are strongly specific to cardiac myocytes, they can be released under a wide spectrum of non-cardiac pathological conditions, such sepsis, chronic kidney disease, hypertensive emergencies, gastrointestinal bleeding, stroke and rhabdomyolysis.6,9 In this setting, the detection of troponin may be the result of 5–8% of the cytosolic component release in response to myocyte cell turnover, cellular release of degradation products, and increased cellular wall permeability.10

The widespread use of troponin assays in the emergency department (ED) may pose a difficult diagnostic challenge when the test is abnormal in patient without an ACS.11According to the literature, elevated cTn levels in patients without an ACS was associated with a poor prognosis.10,1216

Objective

This study aimed to identify factors predictive of mortality/survival in ED patients without ACS and elevated cTnI using patient characteristics, clinical past history, comorbidities and analytic values (including creatinine, CK-MB, myoglobin and cTnI) measured in ED.

Methods

Study design, setting, and participants

In this retrospective study, we analyzed the laboratory data of consecutive patients that came to the ED of a community teaching hospital during 1-month period from June to July of 2015, and selected patients who presented with cTnI elevation.

All clinical information was collected, including medical and nursing records of the ED and hospitalizations, analyses, and other complementary exams. Follow-up was performed through local and national records to observe the rates of cardiovascular re-hospitalization and death.

The collected data included demographics, cardiovascular risk factors, myocardial biomarker assay and creatinine results, main symptom at the ED, final ED diagnosis, hospitalization, hospitalization mortality, mortality rate at 30 days and 16 months, and cardiovascular re-hospitalization rate.

In this study, the criteria for the diagnosis of acute myocardial infarction were an increase or decrease in Troponin I with at least one abnormal value higher than the upper reference limit of the assay and at least one of the following: 1) symptoms of ischemia; 2) new ST-segment/ T-wave changes or new left bundle-branch block; 3) development of pathological Q waves on electrocardiography; 4) new loss of viable myocardium or regional wall motion abnormalities on imaging test; or 5) identification of an intracoronary thrombus on imaging test.1

Emergency and hospitalization registries of all patients with elevated cTnI, were revised by the investigators, and patients were divided into two groups: those diagnosed with an ACS, (Type 1 myocardial infarction(MI) or type 2 with ischemic signs and symptoms (with vasospasm, embolism and non-atherosclerotic coronary dissection) (group A) and those without an ACS with a positive troponin assay due to oxygen supply/demand imbalance or myocardial injury with no signs or symptoms of acute myocardial ischemia(group B). Patients with type 4 or 5 MI were not included in this study, as by definition these are not the regular ED patients, and type 3 MI patients have no cTnI measure.1

Non-ACS patients were identified by predefined criteria that included the following: 1) myocarditis/cardiomyopathy: discharge diagnosis or findings suggestive of myocarditis on imaging test or pathology, infiltrative cardiomyopathies such as amyloidosis or sarcoidosis, an ejection fraction ≤30% prior to admission, or prior cardiac transplantation; 2) infections: conditions with systemic impact such as cellulitis, pneumonia, sepsis, and pyelonephritis; 3) acute dysrhythmias unrelated to ACS; 4) chronic or acute kidney disease: stage-5 chronic kidney disease, chronic dialysis, renal transplant recipient, or moderate to severe acute kidney disease; 5) central nervous system pathology: stroke, seizure, or subarachnoid hemorrhage; 6) acute abdominal or gastrointestinal bleeding; 7) pulmonary embolism; 8) unexplained syncope; 9) asthma or chronic obstructive pulmonary disease exacerbation; and 10) others: elevated troponin level of unknown etiology, which does not meet any of the abovementioned criteria.

The primary endpoint for this study was mortality during hospitalization, at 30 days and 16 months, while the secondary endpoint was rehospitalization for cardiovascular disease during follow-up.

Follow-up was completed at 16 months or at death. Follow-up was performed through electronic medical records and the online national death registry. The institutional review board approved the study protocol. The requirement for informed consent was waived, because the patients did not receive any type of different care because of the study.

Myocardial necrosis marker assays

The troponin I level was determined using the same standard cTnI immunoassay (Troponin I Siemens Dimension EXL)1719 in all patients. The test was performed in the central hospital laboratory. The lower and upper detection limits established by the manufacturer were 0.017 ng/mL and 4000ng/mL, respectively. Measurements below the detection limit were assigned a value of 0. Troponin I test results were considered positive if the level was higher than the reference limit (>0.059 ng/mL) used in the ED laboratory. The CK-MB and myoglobin assay results were considered normal at <3.6ng/mL and at 9–82 ng/mL, respectively.

Repeated MNM measurements were performed at least 3 hours after the first evaluation.

Using the first and second evaluation of cardiac troponin, the variation was calculated as follows: variation of troponin % = ((second troponin × 100)/first troponin) × 100%.

Statistical methods

All continuous data were tested for normality with the Shapiro-Wilks test; all showed non-normal distribution and are presented as median and interquartile range. The Mann-Whitney test was applied to compare continuous variables. Categorical variables were represented by their frequency and compared using Fisher's exact test or the chi-square-test.

Survival was analyzed using uni- and multivariate Cox proportional hazard models. The results were expressed as hazard ratio (HR) with 95% confidence intervals (95%CI). For the independent survival predictor variables, a survival plot was obtained using the Kaplan-Meier method and the log-rank test. The statistical significance level was set at p-value<0.05. All statistical analyses were performed using SPSS 23.0 for Mac (SPSS, Inc; Chicago, IL, USA).

Results

Baseline characteristics and diagnoses of the study population

During the one-month study period, 10,564 patients were admitted to our institution's ED. Patients who underwent MNM evaluations including troponin I, CK-MB, and myoglobin and their distribution according to troponin status and final diagnosis are described in Figure 1. Patients were assigned to two groups: Group A (n=42 [21.5%]) with ACS (all of them with acute occlusion/subocclusion of coronary arteries: 4 of them with type 2 MI (2 coronary dissection and 2 embolic coronary thrombosis); of 38 with type 1 MI, 14 with acute MI with ST-elevation (STEMI)); while in Group B (n=153 [78.5%]) with Non-ACS, 58 had oxygen supply/demand imbalance, 53 had acute myocardial injury without sign or symptoms of ischemia and 42 had stable elevation of cTnI (cTnI variation on two consecutive analysis ≤ 20%). Among the Non-ACS patients, the first measure of MNM was performed after a median of 6 (IQR 4) hours since symptom onset, and 90 patients had the MNM measure repeated after a median of 5 (IQR 3) hours since the first evaluation.

Figure 1. Schematic illustration of patients included. MNM, myocardial necrosis markers; ACS, acute coronary syndrome.

Figure 1

On the first MNM evaluation of group B, 81 had CKMB and/or myoglobin elevation (16 showed CKMB and 40 showed myoglobin elevation, whereas 25 showed elevation of both). On the second evaluation, 18 showed elevation of both and 6 showed isolated elevation of CKMB and 31 of myoglobin. At both evaluations, 88 patients showed at least one elevation of CKMB and/or myoglobin.

Patients with a positive troponin test result had a wide spectrum of clinical symptoms at presentation (Figure 2). As expected, patients who ultimately received a diagnosis of ACS (Group A) had a higher proportion of chest pain as the main complaint at hospital presentation.

Figure 2. Schematic illustration of clinical symptoms at presentation of all patients and different groups A: with ACS and group B: Non ACS.

Figure 2

As shown on Table 1, patients in Groups A and B had a similar median age but had significantly different gender proportions. Concerning cardiovascular risk factors and comorbidity conditions, no significant differences were found in the prevalence of diabetes mellitus and hypertension, but hyperlipidemia and previous coronary artery disease were more common in the ACS patients and previous heart failure and anticoagulant treatment were more prevalent in Non-ACS patients.

Table 1. Baseline characteristics of all patients with troponin elevation at the ED.

Overall
N = 195
Group A
n = 42 (22%)
Group B
n = 153 (78%)
p Value
Age (years), median(IQR) 77(21) years 71(19) years 78(19) years 0.06
Male n (%) 105 (53.8%) 32 (76.2%) 73 (47.7%) 0.001
Diabetes mellitus, n (%) 69 (35.5%) 16 (37.2%) 54 (35%) 0.89
Hypertension, n (%) 155 (79.3%) 35 (84.4%) 119 (78.1%) 0.57
Hyperlipidemia, n (%) 87 (44.4%) 25 (60%) 61 (40.1%) 0.03
Previous CAD, n (%) 37 (19%) 13 (31%) 24 (16%) 0.02
Previous HF, n (%) 43 (21.9%) 9 (21.9%) 71 (46.7%) 0.02
Previous AIS, n (%) 31 (14.8%) 3 (6.3%) 26 (16.8%) 0.26
GFR (ml/[min⋅1.73 m2]), median(IQR) 54 (46) 68 (47) 49(47) 0.10
Previous Medications
Anticoagulants 62 (33.7%) 4 (10%) 47 (31%) 0.007
Antiplatelets 50 (26.7%) 15(37%) 48 (32%) 0.13
Beta-blockers 69 (36.9%) 16 (40%) 53 (36.1%) 0.65
ACE inhibitors/AARA 108 (57.8%) 23 (57.5%) 87 (57.8%) 0.97
MRA 15 (17.6%) 2 (12.5%) 13 (18.8%) 0.55
Statins 83 (44.4%) 24 (60%) 60 (40.1%) 0.02
Standardized troponin at the first evaluation*, n (%) <0.001
1–2.99 95 (48.9%) 10 (23.1%) 85 (55.8%)
3–4.99 36 (18.3%) 5 (12.8%) 31 (19.7%)
5–9.99 19 (9.7%) 4 (10.3%) 15 (9.7%)
10+ 45 (23.1%) 23 (53.8%) 22 (15%)
Elevated CK-MB, n(%) 54 (53%) 22 (53%) 32 (21%) <0,001
Elevated myoglobin, n(%) 88 (48%) 23 (56%) 66 (45%) 0,24
Elevated CK-MB + Myoglobin, n(%) 43 (22%) 16 (40%) 25 (16%) 0,003
% troponin elevation between 2 measurements, median (IQR) 7 (73) 183 (666) 2,65(42) <0.001

Group A- patients with acute coronary syndrome (ACS); Group B- patients without ACS. CAD: coronary artery disease; HF: heart failure; AIS: acute ischemic stroke; GFR: glomerular filtration rate according to the MDRD equation; ACE inhibitor: angiotensin-converting enzyme inhibitor; MRA: mineralocorticoid receptor antagonist.

The main diagnoses in Group B patients were myocarditis/cardiomyopathy (40[26%]), followed by infection (cellulitis, pneumonia, and pyelonephritis, 24[15.5%]), acute dysrhythmias (25 [16.6%]), chronic or acute kidney disease (17 [11%]), cerebral disease (13 [8.4%]), acute abdominal or gastrointestinal bleeding (11 [7.1%]), pulmonary embolism (6 [3.9%]), unexplained syncope (4[2.6%]), asthma or chronic obstructive pulmonary disease exacerbation (4 [2.6%]), and others (9 [6.5%]).

Outcome data

The median (IQR) follow-up was 477 days (316). No significant intergroup differences were found regarding in-hospital mortality (6 [14.3%] vs. 21 [13.7%], p=0.077), 30-day mortality (6 [14.3%] vs. 27 [17.6%], p=0.4) and cardiovascular rehospitalization at follow-up (11 [29.7%] vs 32 [24.2%], p=0.316). Remarkably, the long-term mortality rate was significantly higher in group B patients (9 [21.4%] vs. 59 [38.6%], p=0.039), although the survival curves of the two groups were not significantly different (log rank, 3.45; p=0.063). The main causes of death in group B were cardiovascular in 12 individuals (none of them with a diagnosis of acute myocardial infarction), non-cardiovascular in 27, 13 unknown causes and 4 due to mixed of cardiovascular and other comorbidity.

Main results

Predictors of mortality in Group B patients are described in Table 2. We found that older age (p<0.001), previous heart failure (p=0.049), previous antiplatelet medication (p=0.005) and hospitalization after index ED evaluation (p<0.001) were mortality predictors. Death at follow-up was not related to cTnI, CK-MB, or myoglobin levels (first, second, or both evaluations). However, isolated troponin elevation (i.e., without concomitant CK-MB or myoglobin elevation) was a powerful predictor of survival; in fact, isolated troponin elevation at the first measurement was present in 58.7% of survivors vs. 40% of non-survivors (p=0.021); patients with two isolated troponin elevation measurements were more likely to survive (48 [53.9%] of survivors vs. 8[17.4%] of non-survivors [p<0.001]).

Table 2. Association between Clinical Variables and Long-Term Survival of Patients with Troponin Elevation and Non-Acute Coronary Syndrome (Group B).

Survivors
(n = 94)
Non-survivors
(n = 59)
p-value
Age, median (IQR) 76(24) years 84 (13) <0.001
Male, n(%) 44 (46.8%) 29 (49.2%) 0.77
CV Risk Factors, n(%)
Diabetes mellitus 28 (30.8%) 22 (38.6%) 0.33
Hypertension 68 (73.9%) 44 (78.6%) 0.52
Previous CAD 14 (15.2%) 9 (16.4%) 0.85
Previous HF 33 (39.3%) 31 (56.4%) 0.049
GFR, mL/(min⋅1.73 m2), median(IQR) 56 (48) 45 (34) 0,05
Heart rate, bpm, median(IQR) 75 (33) 84 (36) 0.10
Previous Medication, n (%)
Antiplatelets 22 (23.9%) 25 (35.5%) 0.02
Anticoagulants 34 (37%) 12 (21.8%) 0.06
Beta-blockers 35 (38%) 18 (32.7%) 0.52
ACE inhibitors 57 (62%) 28 (50.9%) 0.19
MRA 9 (20.5%) 4 (16%) 0.65
Statins 36 (39.1%) 23 (41.8%) 0.75
ECG, n (%)
No significant alterations
51 (64.6%) 16 (50%) 0.38
ST elevation 1 (1.3%) 0 (0%)
ST-depression or negative T-wave 16 (20.3%) 6 (18.8%)
Atrial fibrillation 28 (35.0%) 18 (46.2%)
LBBB 4 (5.1%) 4 (12.5%)
Pace rhythm 4 (5.1%) 3 (9.4%)
Myocardial Necrosis Markers, median (IQR)
Troponin (ng/mL) at the first evaluation 0,13 (0,23) 0,10 (0,18) 0.61
CK-MB (ng/mL) at the first evaluation 1,6 (1,8) 1,9 (2,05) 0.50
Myoglobin (ng/mL) at the first evaluation 70 (120) 99 (175) 0.06
Isolated troponin elevation at the first evaluation, n (%) 54 (58.7%) 22 (40%) 0.028
Troponin (ng/mL) at the second evaluation, median (IQR) 0,12(0,16) 0,14(0,32) 0,28
% troponin I variation on two sequential measurements, median (IQR) 0 (32) 27 (35) 0.002
Isolated troponin elevation at two sequential measurements, n(%) 48 (53.9%) 8 (17.4%) <0.001
Hospitalization at index event, n(%) 52 (55.3%) 51 (86.4%) <0.001
Coronary revascularization 0.88
No specific therapy, n(%) 88 (93.6%) 54 (91.5%)
OMT, n(%) 5 (5.3%) 4 (6.8%)
PCI + OMT, n(%) 1 (1.1%) 1 (1.1%)

IQR: interquartile range; CAD: coronary artery disease; HF: heart failure; AIS: acute ischemic stroke; GFR: glomerular filtration rate according to MDRD equation; ACE inhibitor: angiotensin-converting enzyme inhibitor; MRA: mineralocorticoid receptor antagonist; ECG: electrocardiogram; CK: creatine kinase; CK-MB: creatine kinase-MB; OMT: optimized medical therapy; PCI: percutaneous coronary intervention.

Cox regression analysis is shown on Table 3. The univariate analysis showed that in inpatients with isolated troponin in two consecutive MNM measurements, the probability of long-term survival at follow-up increased by four-fold (p<0.001). Cox multivariate analysis corrected for age and gender demonstrated that isolated troponin elevation in two consecutive measurements remained an independent predictor of survival (HR, 0.433; 95%CI, 0.196–0.958; p=0.039). Figure 3 shows the survival curves of Group B patients according to the presence of isolated troponin elevation in two consecutive measurements (log rank, 18.09; p<0.001).

Table 3. Univariate and multivariate (corrected for age and gender) Cox regression analysis of clinical variables and long-term survival of patients with troponin elevation and non-acute coronary syndrome.

Univariate Cox regression Multivariate Cox Regression
HR (95% CI) p Value HR (95% CI) p Value
Age, y 1.040 (1.017–1.063) 0.001 1,030 (1,002–1,058) 0.038
Gender 0.899 (0.540–1.499) 0.684 0,807 (0,436–1,493) 0.494
CV risk factors
Diabetes mellitus 1.336 (0.783–2.277) 0.288
Hypertension 1.245 (0.658–2.358) 0.501
Previous CAD 1.067 (0.521–2.182) 0.860
Previous HF 1.649 (0.967–2.812) 0.066
GFR, mL/(min⋅1.73 m2) 0.992 (0.984–1.001) 0.082
Heart rate, bpm 1.006 (0.997–1.014) 0.193
Previous Medication
Antiplatelets 1.867 (1.230–2.835) 0.006 1,823 (1,105–3,006) 0.019
Beta-blockers 0.806 (0.459–1.416) 0.449
ACE inhibitors 0.689 (0.406–1.170) 0.170
MRA 0.764 (0.262–2.226) 0.611
Statins 1.017 (0.595–1.739) 0.950
ECG pattern 1.162 (0.999–1.351) 0.067
Laboratory
Isolated troponin elevation at the first evaluation 0.533 (0.311–0.916) 0.021 1.097 (0.378–3.180) 0.865
Isolated troponin elevation at the second evaluation 0.528 (0.218–1.279) 0.142
% troponin elevation at two sequential evaluations 1.000 (0.999–1.001) 0.750
Isolated troponin elevation at two sequential evaluations 0. 239 (0.111–0.512) <0.001 0.433 (0.196–0.958) 0.039
Hospitalization at index event 3.782 (1.794–7.973) <0.001 4.708 (1.652–13.423) 0.004

95% CI: 95% confidence interval; CAD: coronary artery disease; HF: Heart failure; GFR: glomerular filtration rate according to MDRD equation; CK: creatine kinase; CK-MB: creatine kinase-MB; ACE inhibitor: angiotensin converting enzyme inhibitor; MRA: mineralocorticoid receptor antagonist; ECG: electrocardiogram.

Figure 3. Survival Kaplan Meier curve at 16-month follow-up of Non-ACS patients according to the results of two consecutive MNM evaluations.

Figure 3

Discussion

Interpretation

In our study, 78% of patients with troponin elevations received a non-ACS diagnosis, which is in agreement with previous studies.20,21 In some series, myocardial ischemia was not identified in approximately 65% of ED patients with troponin elevation. The spectrum of clinical diagnosis was extremely heterogeneous in our study, encompassing high-risk conditions. Mid-term prognosis was clearly worse for patients with elevated troponin and non-ACS than for patients with normal troponin levels. It was also probably worse than for patients diagnosed with ACS, with these findings having been reported in previous studies.16,22,23

In this study, 33.5% of the patients with elevated troponin levels and a non-ACS diagnosis were discharged from the ED without hospitalization. This percentage seems very high, but higher rates have been described by other authors.21,24,25 In the non-ACS group, the 16-month mortality rate was 38.6%, but 81.4% of these deaths occurred during hospitalization or during the first 30 days, which reinforces the role of MNM as a mortality predictor in this group. Considering the high hospital discharge rate after an ED stay and the high risk of mortality conferred by troponin elevation, it is not surprising that elderly patients with troponin elevation who receive a diagnosis other than ACS and are not admitted to the hospital are at an unacceptable high risk of death.

We believe that the high mortality rate during hospitalization and follow-up is closely related to older age and greater comorbidities (past heart failure or antiplatelet medication), as reported by others.21

The only biomarker recommended to diagnose ACS at this time is cardiac troponin, due to its higher sensitivity and accuracy.2,3 In fact, up to 80% of patients with ischemic myocardial infarction will have an elevated troponin level within 2–3 hours after ED arrival.7

Our study is remarkable for finding that isolated cTnI elevation in two consecutive analyses of MNMs is a survival predictor for patients with cTnI elevation and non-ACS, compared to the elevation in at least two MNMs (cTnI and CK-MB and/or myoglobin). Some particularities of the different properties of MNM molecules could explain this fact. Myoglobin has an early release and quick clearance (released starting 1h after the injury and return to baseline at 24–36h), while CK-MB shows slower release and clearance (release starting 4–9h after the injury and clearance after 48–72h),26 and troponin shows a release similar to that of CK-MB (4–9h) but delayed clearance (7–10 days).27 We hypothesize that the persistent elevation of CK-MB and/or myoglobin along with troponin in two consecutive MNM analyses implies a recent or permanent myocardial injury, even in non-ACS patients.

Probably, there was a difference in the release mechanism of different MNM molecules according to the injury type and severity. Some studies in animals and human cells suggested that the discharge of myocardial proteins just like cTn may not imply myocardial necrosis.28

Regarding the T and I subunits, cTnI has a molecular weight of 37 kDa and cTnT has a molecular weight of 21 kDa; both presenting mainly in the sarcomeres and 4–6% in the cytoplasm. After the myocardial injury, cytosolic troponin is released first; as further damage occurs, the troponin present in the sarcomere is released into the circulation;8 previous studies advocated that reversibly injured cardiomyocytes could release troponin.2931

CK-MB is also released when there is tissue necrosis, because of its high molecular weight (86kDa). Myoglobin has a rapid release, probably because of its low molecular weight (17kDa) and cytoplasmic location, and it could be released under myocardial stress without necrosis,8 just like troponin.

This molecular property of different MNMs could explain the incapacity of a single troponin I measurement to predict mortality in the present study and another one.32 This finding highlights the valuable role of CK-MB and myoglobin that cannot be accomplished by an isolated troponin measurement. However, current guidelines recommend that cardiac troponin be the only biomarker used for the diagnosis of ACS, owing to its superior sensitivity and accuracy.2,3 Nevertheless, failing to perform CK-MB and myoglobin measurements may come at a cost, especially for those patients who receive a non-ACS diagnosis. We believe that the exclusion of CK-MB and myoglobin from routine MNM evaluations in many institutions and guidelines should be reconsidered because of its superior adjunctive prognostic value, mainly in non-ACS patients, and the increased number of patients with troponin elevation that will be observed with highly sensitive troponin levels.

Limitations

Our institution follows a non-restrictive protocol for MNM measurement orders at the ED. Therefore, our rate of Non-ACS probably were increased, when compared with more strict protocols.

Our study analyzed patient mortality without considering that patients were managed differently according to the initial diagnosis. This may seem to be an important limitation, but it should be clarified that each clinical process usually has its own specific management, which influences patient prognosis. Therefore, the prognosis of the groups is somehow inherent to the provided management. For instance, patients with ACS are usually admitted for treatment with antiplatelet, anticoagulant agents, statins, revascularization, and other therapies, and this approach has a specific prognosis.

Data were retrospectively collected and it is possible that some medical records were incomplete and the clinical history could have been undervalued.

The troponin assay previously used in our hospital was a contemporary assay called ‘sensitive troponin’ and it was not highly sensitive, unlike the currently used troponin assay, which is expected to detect positive troponin values in more patients, as described for this troponin assay.18,19

Conclusion

High percentage of patients with an elevated troponin level measured in the ED were not diagnosed with ACS. These patients had a high-risk clinical profile, broad heterogeneity regarding the main diagnosis, and an adverse prognosis at 16 months. An isolated troponin I elevation in two consecutive determinations of MNM was a strong predictor of survival in non-ACS patients with troponin elevation.

Acknowledgements

We would like to thank all physicians and nurses involved in patient treatment and their records. We also thank the laboratory department for providing the list of patients with troponin elevation, the initial patient database.

Footnotes

Sources of Funding

There were no external funding sources for this study.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Ethics approval and consent to participate

This article does not contain any studies with human participants or animals performed by any of the authors.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES