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. 2020 May 11;114(4 Suppl 1):27–30. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20190104
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Infarto Agudo do Miocárdio como Primeira Manifestação da Policitemia Vera

Caroline Ferreira da Silva Mazeto Pupo da Silveira 1, Lívia Beatriz Santos Limonta Vitali 1, Fabiana Garcia Faustino 1, Alejandra Del Carmen Villanueva Maurício 1, Renato Teixeira 1, Silméia Garcia Zanati Bazan 1
PMCID: PMC8149117  PMID: 32428108

Introdução

A policitemia vera (PV) é uma neoplasia mieloproliferativa clonal progressiva crônica caracterizada por um aumento absoluto nos eritrócitos e, geralmente, leucocitose, trombocitose e esplenomegalia. Sua incidência está em torno de 2,8/100.000 pessoas por ano.1 O diagnóstico é feito utilizando os critérios definidos pelas diretrizes revisadas da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2016.2 Os principais critérios são níveis de hemoglobina acima de 16,5 e 16,0 g/dL ou hematócritos acima de 49 e 48% em homens e mulheres, respectivamente, ou aumento da massa de glóbulos vermelhos em mais de 25% acima do valor médio normal previsto; biópsia da medula óssea apresentando hipercelularidade para a idade com crescimento de trilinhagem; presença de mutação no éxon 12 do gene JAK2V617F ou JAK2. Um critério menor é o nível sérico reduzido de eritropoietina. O diagnóstico requer que se atenda aos três critérios principais ou aos dois critérios principais e ao critério menor. O paciente também é considerado em risco de trombose; aqueles com mais de 60 anos ou com histórico de trombose são considerados de alto risco; se ambos os fatores de risco estiverem ausentes, é considerado baixo risco.

O tratamento inclui medicamentos citorredutores, como hidroxiureia, antiagregantes plaquetários e sangrias terapêuticas.

A trombose representa importante causa de morbidade e mortalidade em pacientes com PV. Esses eventos trombóticos são mais frequentemente microcirculatórios e arteriais.2

O infarto agudo do miocárdio (IAM) nas doenças mieloproliferativas é atribuído principalmente à trombose coronariana devido à hiperviscosidade e trombocitose. O risco aumenta na presença de fatores de risco cardiovascular.3 Os eventos coronarianos são comuns durante o acompanhamento da PV, com uma taxa de 11,4% no seguimento de 10 anos, conforme consta na literatura.4 , 5 Além disso, em estudos recentes, os eventos trombóticos arteriais foram mais comuns que os trombóticos venosos quando diagnosticados pouco antes do diagnóstico de PV. Entretanto, a primeira apresentação da PV como IAM é considerada rara, com menos de 10 casos na literatura.3 , 6 - 15

Relato de caso

Paciente do sexo masculino, 68 anos de idade, branco, em tratamento regular para hipertensão, sem histórico de eventos trombóticos. Deu entrada no serviço de emergência com mal-estar inespecífico, sem dor precordial ou dispneia, dormência na porção proximal de ambos os braços. Foi internado hemodinamicamente estável com boa saturação de oxigênio. No exame físico, apresentava face pletórica e macicez à percussão no espaço de Traube. Devido à probabilidade de apresentação atípica de síndrome coronariana aguda, inicialmente, o paciente foi investigado com eletrocardiograma (ECG) e marcadores de necrose miocárdica (MNM), hemograma completo e função renal. ECG em repouso ( Figura 1a ) mostrou onda Q patológica e inversão da onda T em DII, DIII e aVF, posteriormente evoluindo ( Figura 1b ) com elevação do segmento ST em DII, DIII e aVF, enquanto as demais características foram mantidas. Os MNM foram positivos (CK-MB de 34 a 36 ng/mL; referência <16 ng/dL e troponina de 0,12 a 0,81 e, depois, 1,07 ng/mL; referência <0,01 ng/mL). A embolia pulmonar foi descartada devido ao dímero D negativo. Outras análises laboratoriais mostraram função renal normal e hemoglobina 21,3 g/dL, hematócrito 65,4%, plaquetas 805.000/mm3 (referência: 140,000 - 440,000/mm3), caracterizando hiperviscosidade, macroplaquetas e leucócitos 15.400/mm3 (referência: 4,000–11,000/mm3) e, principalmente, neutrófilos. Também não mostrou alterações lipídicas ou de glicose. O paciente foi diagnosticado com IAM causado por PV e, ao contrário do que é mais encontrado na literatura, o diagnóstico de IAM ocorreu antes da descoberta da PV. Ele foi classificado como em alto risco de trombose devido à idade, tendo sido iniciada terapia antiplaquetária dupla com AAS (dose de ataque de 300 mg mais 100 mg/dia) e clopidogrel (dose de ataque de 300 mg mais 75 mg/dia), além de enoxaparina 1 mg/kg duas vezes ao dia. Como observado na Figura 1 , a elevação do segmento ST foi inferior a 1 mm. Além disso, os sintomas não pioraram com a alteração do ECG; portanto, a equipe optou por ponderar a relação benefício-risco em relação a submeter à angiografia um possível IAM com supradesnivelamento do segmento ST ou mesmo um IAM com supradesnivelamento do segmento ST com um nível elevado de hematócritos. O paciente foi então submetido a três sangrias terapêuticas antes que a angiografia coronária ( Figura 2A e 2B ) pudesse ser realizada com segurança, mostrando ausência de evidência angiográfica de trombo intracoronariano e dilatação aneurismática na porção mediana da artéria coronária direita e nenhuma alteração ou obstrução na artéria coronária descendente anterior esquerda ou artéria circunflexa. O paciente apresentava grau 3 de fluxo TIMI nas artérias coronária direita, circunflexa e descendente anterior esquerda ( Figura 2B ). Não há informações sobre a contagem de quadros TIMI. A avaliação fisiológica das artérias não estava disponível no serviço. Embora nenhum trombo tenha sido encontrado, pois pode ter sido causado pelo tratamento anterior à angiografia e, devido à ausência de outra hipótese, mantivemos o diagnóstico de IAM tipo 2. O ecocardiograma mostrou função sistólica preservada com fração de ejeção de 64% (Teichholz), disfunção diastólica leve (razão E/A de 1,0, razão E/e’ de 8,67) e nenhuma alteração da contratilidade ventricular esquerda. A área do IAM foi visualizada por ressonância magnética cardíaca ( Figura 2C ), que mostrou realce tardio do padrão isquêmico, compatível com o infarto definidor da área fibrótica da porção média e ápice da parede inferior, com fração de ejeção preservada. A ultrassonografia do abdome confirmou esplenomegalia homogênea e baixa eritropoietina (1,5 mUI/mL; referência 5,4–31,9 mUI/mL), e a mutação JAK-2 confirmou nossa hipótese. Iniciou-se tratamento com hidroxiureia, o clopidogrel foi suspenso e a anticoagulação foi mantida até a alta (8 dias). O paciente evoluiu sem complicações durante sua internação hospitalar ou durante o acompanhamento precoce.

Figura 1. - Eletrocardiogramas: na admissão (a) com onda Q patológica, inversão da onda T em DII, DIII e aVF e inversão assimétrica da onda T nas derivações precordiais (V4–V6); e 1 hora após (b) com elevação do segmento ST em DII, DIII e aVF, mantendo as demais características.

Figura 1

Figura 2. - A. Angiografia coronariana. Quadro mostrando a coronária direita com aneurisma, 8,0 mm de largura e 16,2 mm de comprimento; B. Angiografia coronária. Quadro mostrando o grau 3 de fluxo TIMI da artéria coronária descendente anterior esquerda; C. Ressonância magnética cardíaca. Quadro mostrando realce tardio de gadolínio no segmento apical inferior, padrão isquêmico.

Figura 2

Discussão

Relatamos aqui um caso muito raro de primeira apresentação de PV como IAM. Até onde sabemos, menos de 10 casos semelhantes a esse foram relatados até o momento.3 Geralmente, os pacientes são diagnosticados com PV e, posteriormente, apresentam alguma forma de síndrome coronariana aguda, em cerca de 11,4% dos casos.4

Nosso paciente apresentava apenas hipertensão e idade como fatores de risco, e não apresentava alterações significativas no perfil lipídico, nível de glicemia de jejum, função renal ou histórico familiar que poderiam ter aumentado o risco de desenvolver IAM. No caso desse paciente, havia duas condições que poderiam ter contribuído para o infarto do miocárdio: o aneurisma coronariano e a própria PV, os quais podem contribuir para a formação de trombo e IAM.

Os mecanismos pelos quais a PV levaria a eventos vasculares ainda não estão bem estabelecidos. No entanto, algumas hipóteses foram apresentadas na literatura, como superprodução de tromboxano A2, disfunção endotelial e ativação plaquetária e de leucócitos.16 A elevação da contagem de leucócitos ocorre em 50 a 60% dos pacientes com PV, o que também pode ter um efeito prejudicial à microcirculação na PV. Os leucócitos ativados podem liberar proteases e radicais de oxigênio que alteram as células endoteliais e as plaquetas, a fim de favorecer o desenvolvimento de um estado protrombótico. Na PV, a quantidade de agregados plaquetas-leucócitos aumenta, estando associados ao aumento da propensão à trombose. Além disso, o estado protrombótico na PV tem sido atribuído a uma resistência adquirida ao anticoagulante natural — proteína C — que está associada a níveis reduzidos de proteína S2 . De acordo com essa afirmação, nosso paciente teve um aumento não apenas na contagem de plaquetas, mas também na contagem de leucócitos, principalmente neutrófilos, sem sinais de infecção, embora isso também possa corresponder ao processo inflamatório do IAM.

Outro achado interessante na literatura é que eventos trombóticos podem ocorrer mesmo quando os níveis de hematócritos e plaquetas são aceitáveis,17 indicando que o médico deve estar atento a esse diagnóstico diferencial, mesmo em doenças controladas.

Em conclusão, este é um caso raro de primeira manifestação de PV como IAM, curiosamente com a falta de obstrução na angiografia, indicando uma possível resolução do trombo após a terapia antiplaquetária. Nesses casos, o desafio continua sendo a terapia em pacientes com obstrução sustentada, uma vez que a colocação do stent pode significar um risco maior de oclusão subsequente devido à suscetibilidade do paciente a formar trombos plaquetários.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Aprovação ética e consentimento informado

Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores.

Fontes de financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Referências

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Arq Bras Cardiol. 2020 May 11;114(4 Suppl 1):27–30. [Article in English]

Acute Myocardial Infarction as First Onset of Polycythemia Vera

Caroline Ferreira da Silva Mazeto Pupo da Silveira 1, Lívia Beatriz Santos Limonta Vitali 1, Fabiana Garcia Faustino 1, Alejandra Del Carmen Villanueva Maurício 1, Renato Teixeira 1, Silméia Garcia Zanati Bazan 1

Introduction

Polycythemia vera (PV) is a chronic clonal progressive myeloproliferative neoplasm characterized by an absolute increase in erythrocytes and, usually, leukocytosis, thrombocytosis, and splenomegaly. Its incidence rates around 2.8/100,000 people per year.1 Diagnosis is confirmed using the criteria defined by the 2016 revised World Health Organization (WHO) guidelines.2 Major criteria include hemoglobin levels over 16.5 and 16.0 g/dL or hematocrit over 49 and 48% in men and women, respectively, or increased red cell mass of more than 25% above the mean normal predicted value; bone marrow biopsy showing hypercellularity for age with trilineage growth; presence of JAK2V617F or JAK2 exon 12 mutation. A minor criterion is reduced serum erythropoietin level. Diagnosis requires meeting either all 3 major criteria or 2 major criteria and the minor criterion. The patient is also considered as at thrombosis risk; those aged over 60 or with thrombosis history are considered at considered high risk; if both risk factors are absent, low risk is considered.

Treatment includes cytoreductive drugs, such as hydroxyurea, antiplatelet agents and therapeutic sangrias.

Thrombosis is a major cause of morbidity and mortality in PV patients. These thrombotic events are most frequently microcirculatory and arterial.2

Acute myocardial infarction (AMI) in myeloproliferative diseases is mostly attributed to coronary thrombosis due to hyperviscosity and thrombocytosis. The risk is increased in the presence of cardiovascular risk factors.3 Coronary events are common during the follow-up of PV, with a rate of 11.4% in 10-year follow-up in the literature.4 , 5 Also, in recent studies, arterial thrombotic events were more common than venous thrombotic events when diagnosed shortly before the PV diagnosis. However, the first presentation of PV as AMI is considered rare, with fewer than 10 cases in the literature.3 , 6 - 15

Case Report

Patient was a 68 years-old white male, regularly treating hypertension, without any previous history of thrombotic events. He presented at the emergency room with an unspecific malaise, without chest pain or dyspnea, numbness in the proximal portion of both arms. He was admitted hemodynamically stable with good oxygen saturation. At physical examination, he had a plethoric face and dullness to percussion over Traube’s space. Due to the likelihood of atypical presentation of acute coronary syndrome, he was initially investigated with an electrocardiogram (ECG) and myocardial necrosis markers (MNM), blood cell count and kidney function. The rest ECG ( Figure 1a ) showed pathologic Q wave and inversion of T wave in DII, DIII and aVF, later evolving ( Figure 1b ) with elevation of the ST segment in DII, DIII and aVF, while the other characteristics were maintained. MNM came positive (CK-MB from 34 to 36 ng/mL; reference <16 ng/dL and troponin from 0.12 to 0.81 and then to 1.07 ng/mL; reference <0.01 ng/mL). Pulmonary embolism was ruled out due to negative D-dimer. Other laboratorial analysis showed normal renal function and hemoglobin 21.3 g/dL, hematocrit 65.4%, platelets 805,000/mm3(reference: 140,000–440,000/mm3), thus characterizing hyperviscosity, macroplatelets and leucocytes 15,400/mm3(reference: 4,000–11,000/mm3), mainly neutrophils. It also showed no lipids or glucose alterations. The patient was diagnosed with AMI caused by PV and, against what is mostly found in the literature, the AMI diagnosis came prior to the discovery of PV. He was classified as at high thrombosis risk due to his age and double anti-platelet therapy was initiated with AAS (loading dose of 300 mg plus 100 mg/day) and clopidogrel (loading dose of 300 mg plus 75 mg/day), as well as enoxaparin 1 mg/kg twice a day. As observed in Figure 1 , ST elevation was less than 1 mm. Also, the symptoms did not get worse as the ECG changed, so the team opted for weighing the benefit-risk ratio regarding submitting a possible non ST segment elevation AMI or even a non-reperfused ST segment elevation AMI to angiography under a high hematocrit situation. He was then submitted to 3 therapeutic sangrias before the coronary angiography ( Figure 2A and 2B ) could be performed safely, showing absence of angiographic evidence of intra-coronary thrombus and aneurysmatic dilatation in the median portion of the right coronary artery and no abnormalities or obstructions in the left anterior descending coronary artery or circumflex artery. The patient had TIMI 3 flow grade in the right coronary, circumflex and left anterior descending arteries ( Figure 2B ). There is no information on TIMI frame count. Physiology assessment of the arteries was not available in the service. Even though no thrombus was found, as this may have been caused by treatment prior to angiography, and due to the lack of another hypothesis, we sustained the diagnosis of type 2 AMI. Echocardiogram showed preserved systolic function with an ejection fraction of 64% (Teichholz), mild diastolic dysfunction (E/A ratio of 1.0, E/e’ ratio of 8.67) and no alteration of left ventricular contractility. The AMI area was viewed on cardiac magnetic resonance imaging ( Figure 2C ), which showed late enhancement of ischemic pattern, compatible with fibrotic area defining infarction of the medium and apex portion of the inferior wall, with preserved ejection fraction. Abdomen ultrasound confirmed homogeneous splenomegaly and low erythropoietin (1,5 mUI/mL; reference 5.4–31.9 mUI/mL), and JAK-2 mutation confirmed our hypothesis. He was then started on hydroxyurea, clopidogrel was suspended and anticoagulation was kept until discharge (8 days). The patient evolved without complications during his in-hospital stay or during early follow-up.

Figure 1. - Electrocardiograms: at admission (a) with pathologic Q wave, inversion of T wave in DII, DIII and aVF, and asymmetric inversion of T wave in the precordial leads (V4–V6); and 1 hour after (b) with ST segment elevation in DII, DIII and aVF, keeping the other characteristics.

Figure 1

Figure 2. - A. Coronary angiography. Frame showing the right coronary with aneurysm, 8.0-mm wide and 16.2-mm long; B. Coronary angiography. Frame showing the left anterior descending coronary artery TIMI 3 flow; C. Cardiac magnetic resonance imaging. Frame showing late gadolinium enhancement in the apical inferior segment, ischemic pattern.

Figure 2

Discussion

We report here a very rare case of first presentation of PV as AMI. To our knowledge, fewer than 10 cases similar to this have been reported so far.3 Usually, the patients are diagnosed with PV and, later, present some form of coronary acute syndrome, in about 11.4% of cases.4

Our patient had only hypertension and age as risk factors, and had no significant alterations in lipid profile, fasting glucose level, renal function or family history that could have increased the risk of developing AMI. In this patient’s case, there were two conditions that could have contributed to myocardial infarction: the coronary aneurysm and the PV itself, both of which can contribute to the formation of thrombus and AMI.

The mechanisms through which PV would lead to vascular events are not yet well established. However, some hypotheses have been displayed in literature, such as overproduction of thromboxane A2, endothelial dysfunction and platelet and leukocyte activation.16 Elevation of leukocyte count occurs in 50 to 60% of PV patients, which may also have a detrimental effect on microcirculation in PV. Activated leukocytes may release proteases and oxygen radicals that alter endothelial cells and platelets in order to favor the development of a prothrombotic state. Platelet-leukocyte aggregates are increased in number in PV and are associated with increased propensity of thrombosis. In addition, the prothrombotic state in PV has been attributed to an acquired resistance to the naturally occurring anticoagulant — protein C — which is associated with reduced levels of protein S2 . In agreement with that statement, our patient had an increase not only in platelet but also in leukocyte count, mainly neutrophils, without any signs of infection, although that could also correspond to the AMI inflammation process.

Another interesting finding in the literature is that thrombotic events might happen even when hematocrit and platelet levels are acceptable, 17 indicating that the physician should be alert to that differential diagnosis even in controlled diseases.

In conclusion, this is a rare case of first onset of PV as AMI, interestingly with lack of obstruction in the angiography, indicating a possible resolution of the thrombus after antiplatelet therapy. The challenge in those cases remains the therapy in patients with sustained obstruction, once stent placing might mean a higher risk of subsequent occlusion due to the patient’s susceptibility to form platelet thrombi.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Ethics approval and consent to participate

This article does not contain any studies with human participants or animals performed by any of the authors.

Sources of Funding

There were no external funding sources for this study.


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