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editorial
. 2021 Jan 27;116(1):12–13. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20200561
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Treinamento Resistido de Intensidade Moderada Melhora o Estresse Oxidativo no Coração

Marcelo Diarcadia Mariano Cezar 1, Silvio Assis de Oliveira Junior 2, Ricardo Luiz Damatto 1
PMCID: PMC8159501  PMID: 33566959

A hipertensão renovascular (HRV) é uma das principais causas de hipertensão secundária, muitas vezes levando à hipertensão resistente, ou seja, que não responde bem ao tratamento médico agressivo. Essa condição é definida como hipertensão arterial sistêmica que se manifesta em decorrência do comprometimento do suprimento sanguíneo para os rins.1 , 2 No contexto epidemiológico, a HRV é responsável por 1 a 5% de todos os casos de hipertensão e 5,4% da hipertensão secundária em adultos jovens.3

Estudos demonstram associação da doença com baixos níveis de atividade física ou aptidão física em hipertensos.4 , 5 Sabe-se que o treinamento físico tem ação protetora contra doenças cardiovasculares.6 - 8 Em 2016, a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, da Sociedade Brasileira de Cardiologia,9 reportou que a redução da pressão arterial é a medida mais eficaz para diminuir o risco cardiovascular e retardar a progressão dos danos renais, independentemente do anti-hipertensivo utilizado. O treinamento de resistência/exercício aeróbio promove importante efeito hipotensor em pacientes hipertensos e, portanto, tem sido recomendado como o tipo de exercício preferencial para prevenção e tratamento da hipertensão arterial.9 , 10

No entanto, é visto agora um interesse científico crescente nos efeitos cardiovasculares de outro tipo de exercício: o treinamento resistido.11 , 12 Treinamento resistido/força é uma atividade cujo esforço é realizado contra uma força oposta específica gerada pela resistência, projetada especificamente para aumentar a força e resistência muscular.11 Os efeitos benéficos do treinamento resistido abrangem a melhora do consumo máximo de oxigênio, da força e resistência muscular, além de ser um poderoso modulador do estresse oxidativo.13

Na edição atual da ABC, lemos com grande interesse o importante estudo entitulado “Treino de força reduz o estresse oxidativo cardíaco e renal em ratos com hipertensão renovascular”14 que aborda o impacto potencial de um protocolo de treinamento resistido sobre os danos oxidativos e nos sistemas enzimáticos antioxidantes endógenos no coração e rim contralateral em resposta à HRV. De fato, os animais com HRV induzida apresentaram características importantes da hipertensão, incluindo aumento da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC). Animais sedentários hipertensos apresentavam elevada concentração de hidroperóxidos e níveis reduzidos de grupos sulfidrila.14

Os autores utilizaram um protocolo de treinamento resistido com 70% de sobrecarga de uma repetição máxima (1RM), com quatro séries de 12 repetições e intervalos de noventa segundos no decorrer de 12 semanas. Como consequência, os animais do grupo de hipertensos submetidos ao protocolo apresentaram redução nos valores de PAS, PAD, PAM e FC.14 É possível que o treinamento resistido tenha aumentado a disponibilidade de óxido nítrico e sua síntese pelas células endoteliais, contribuindo assim para a modulação do tônus vascular.15 Como consequência, o aumento da resposta bradicárdica poderia diminuir a atividade simpática no coração, levando a uma redução na FC de repouso, no débito cardíaco e nos níveis pressóricos.4

Outros achados foram: redução na concentração de hidroperóxidos e preservação de grupos sulfidrila no rim direito e no coração em animais hipertensos submetidos aos treinos. O grupo treinado apresentou aumento das atividades da superóxido dismutase (SOD), catalase e glutationa peroxidase no coração. Quanto ao rim em animais hipertensos, as atividades de SOD e catalase melhoraram em resposta ao treinamento resistido, embora a atividade da glutationa peroxidase não tenha se alterado.14 Exercícios regulares elevam a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) a um nível que pode induzir danos toleráveis, que, por sua vez, podem induzir adaptações benéficas ao regular positivamente os sistemas antioxidantes celulares e estimular os sistemas de reparo de danos oxidativos.13

Portanto, os resultados encontrados pelos autores indicam que o treinamento resistido de intensidade moderada pode ser uma intervenção eficaz no tratamento das doenças cardiometabólicas, principalmente a hipertensão renovascular. Porém, mais estudos são necessários para que possamos compreender os mecanismos moleculares relacionados ao balanço oxidativo em resposta aos treinos de força.

Footnotes

Minieditorial referente ao artigo: Treino de Força Reduz Stress Oxidativo Cardíaco e Renal em Ratos com Hipertensão Renovascular

Referências

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Arq Bras Cardiol. 2021 Jan 27;116(1):12–13. [Article in English]

Moderate-Intensity Resistance Training Improves Oxidative Stress in Heart

Marcelo Diarcadia Mariano Cezar 1, Silvio Assis de Oliveira Junior 2, Ricardo Luiz Damatto 1

Renovascular hypertension (RVHT) is one of the main causes of secondary hypertension, often leading to resistant hypertension, that is, that does not respond well to aggressive medical treatment. This condition is defined as systemic hypertension that manifests as a result of compromised blood supply to the kidneys.1 , 2In an epidemiological context, RVHT accounts for 1 to 5% of all cases of hypertension and 5.4% of secondary hypertension among young adults.3

Studies have shown an association this disease with low levels of physical activity or physical fitness in hypertensive individuals.4 , 5It is known that physical training has a protective action against cardiovascular diseases.6 - 8In 2016, the 7thBrazilian Guideline of Arterial Hypertension, by the Brazilian Society of Cardiology,9stated that blood pressure reduction is the most effective measure to decrease cardiovascular risk and slow kidney damage progression, regardless of the antihypertensive drug used. Endurance/aerobic exercise training promotes an important hypotensive effect in hypertensive patients and, therefore, has been recommended as the preferential type of exercise for arterial hypertension prevention and treatment.9 , 10

However, there is now a growing scientific interest in the cardiovascular effects of another type of exercise: the resistance exercise training.11 , 12Resistance/strength training is an activity whose effort is performed against a specific opposing force generated by resistance and which is designed specifically to increase muscular strength, resistance, and/or endurance.11The beneficial effects of resistance training encompass improved maximum oxygen consumption, muscle strength and endurance, in addition to being a powerful oxidative stress modulator.13

In the current edition of ABC, we read with great interest the important study “Strength Training Reduces Cardiac and Renal Oxidative Stress in Rats with Renovascular Hypertension”,14which addresses the potential impact of a resistance training protocol on oxidative damage and endogenous antioxidant enzymatic systems in the heart and contralateral kidney in response to RVHT. Indeed, the animals submitted to RVHT induction showed important characteristics of hypertension, including increase in systolic (SBP) and diastolic (DBP) blood pressure, mean blood pressure (MBP) and heart rate (HR). Sedentary hypertensive animals presented with an elevated concentration of hydroperoxides and reduced levels of sulfhydryl groups.14

The authors used a resistance training protocol with 70% overload of 1-repetition maximum (1RM), with four sets of 12 repetitions and ninety seconds intervals over a period of 12 weeks. As a result, the animals in the hypertensive group submitted to the resistance training protocol showed a reduction in the values of SBP, DBP, MBP, and HR.14Possibly, the resistance training has increased the availability of nitric oxide and its synthesis by endothelial cells, thus contributing to the modulation of vascular tone.15As a consequence, increased bradycardic response could decrease the sympathetic activity in the heart, leading to a reduction in HR at rest, in cardiac output, and in blood pressure levels.4

Other findings were reduction in the concentration of hydroperoxides and preservation of sulfhydryl groups in the right kidney and heart in trained hypertensive animals. The trained group presented enhanced superoxide dismutase (SOD), catalase and glutathione peroxidase activities in the heart. Regarding kidney in hypertensive animals, SOD and catalase activities were improved in response to resistance training, although glutathione peroxidase activity was unchanged.14Regular exercise elevates reactive oxygen species (ROS) production to a level that may induce tolerable damage, which in turn, can induce beneficial adaptations by upregulating cellular antioxidant systems and stimulating oxidative damage repair systems.13

Therefore, the results found by the authors indicate that resistance training of moderate intensity can be an effective intervention in the treatment of cardiometabolic diseases, especially renovascular hypertension. However, further studies are needed so we can understand the molecular mechanisms related to oxidative balance in response to resistance training.

Footnotes

Short Editorial related to the article: Strength Training Reduces Cardiac and Renal Oxidative Stress in Rats with Renovascular Hypertension


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