Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
editorial
. 2021 Jul 15;117(1):49–50. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20210511
View full-text in English

A Importância de Reconhecer a Co-ocorrência de Fatores de Risco Cardiometabólico na População para Estabelecer Prioridades em Políticas Públicas

Helena Cramer Veiga Rey 1
PMCID: PMC8294716  PMID: 34320067

A doença cardiometabólica (DCM) é a principal causa de morbimortalidade em todo o mundo.1 A síndrome metabólica (SM) é um conjunto de fatores de risco para doenças metabólicas, incluindo pressão arterial elevada, hipertensão, hiperglicemia, dislipidemia e obesidade. Quando esses fatores de risco estão presentes em combinação, a probabilidade de futuros problemas cardiovasculares aumenta mais do que quando qualquer um dos riscos está presente sozinho.2

A SM tem uma frequência estimada entre 20% e 25% na população adulta em todo o mundo, e a prevalência aumenta com a idade.3;4

Em um estudo transversal de base populacional com dados laboratoriais da Pesquisa Nacional de Saúde de 2014-2015, a prevalência da Síndrome Metabólica (SM) foi estimada em 38,4% na população brasileira.5 De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, os subgrupos que são sociodemograficamente vulneráveis e têm estilos de vida pouco saudáveis têm uma prevalência maior de SM.6;7

Pesquisas anteriores estabeleceram associações entre indicadores inflamatórios, aterosclerose e componentes da SM.8;9 É fundamental entender a co-ocorrência de fatores de risco cardiometabólico e sua associação com inflamação crônica e doença aterosclerótica para controlar melhor os fatores de risco de uma maneira multifacetada.

Com base nisso, Lima et al.,10 tiveram como objetivo caracterizar grupos de fatores de risco cardiometabólico e sua relação com a aterosclerose e inflamação crônica em adultos e idosos residentes no sul do Brasil. Foi realizada uma análise transversal baseada em censo de dados de duas coortes populacionais de adultos e idosos (EpiFloripa Adult e Aging Cohost Studies) para determinar a associação entre variáveis como pressão arterial, circunferência da cintura, exames laboratoriais de perfil lipídico e de glicose, isoladas ou combinadas, com os resultados da espessura da camada íntima-média da carótida, placas ateroscleróticas e níveis séricos de proteína C-reativa.

O estudo mostrou que indivíduos com componentes da síndrome metabólica em grupos estavam relacionados com aumento da espessura da artéria carótida e níveis de proteína C-reativa em comparação com pessoas sem SM. O aumento da circunferência da cintura foi um preditor prevalente de inflamação, e o agrupamento de circunferência da cintura elevada com hipertensão arterial estava associado ao aumento dos níveis de aterosclerose e proteína C-reativa. A espessura da camada íntima-média e da proteína C-reativa associada aumentaram em proporção ao número de fatores de risco presentes no mesmo indivíduo. Os agrupamentos de fatores de risco para inflamação e aterosclerose incluíram obesidade central e hipertensão, ambos modificáveis.10

Os estudos de coorte que avaliam os fatores de risco cardiovascular são extremamente importantes para estabelecer as prioridades de saúde pública e o ponto vital é que se trata de um estudo de base populacional, onde os dados foram medidos e coletados através de um método apropriado, que incluiu adultos de renda média e idosos no Brasil, mas que não deveria ser extrapolado para diferentes populações.

A prevalência estimada de obesidade em adultos é de 23,5% no sul do Brasil11 e, de acordo com a pesquisa nacional de saúde, esse número dobrou nas últimas duas décadas.12 De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, a prevalência de hipertensão em 2013 era de 22,8% e aumentou com a idade.13

Intervenções de base populacional para controle de peso e pressão arterial são urgentemente necessárias. Foi feita uma estimativa dos custos atribuíveis às doenças crônicas não transmissíveis a partir dos riscos relativos e prevalência populacional de hipertensão, diabetes e obesidade, considerando custos de internações, procedimentos ambulatoriais e medicamentos distribuídos pelo sistema público de saúde no Brasil (SUS) para tratar essas doenças na população adulta do Brasil. O custo do SUS atribuível à hipertensão foi de R$2,03 bilhões e à obesidade em 2018 foi de R$1,42 bilhão.14 Juntos, esses custos representam cerca de 4,2% do orçamento anual do sistema público de saúde no Brasil.

As principais recomendações para a prevenção e tratamento da SM são mudanças no estilo de vida com foco na educação, atividade física frequente e dieta nutritiva, bem como intervenções medicamentosas.15,16 Revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados indicam que programas de mudança de estilo de vida têm benefícios no controle da SM e impacto na qualidade de vida.15,17

Em um país que possui um sistema de saúde universal, e a maior parte da população depende do financiamento público da saúde, saber onde alocar os recursos é fundamental para um melhor controle da morbimortalidade das DCM.

Footnotes

Minieditorial referente ao artigo: Agrupamentos de Fatores de Risco Cardiometabólicos e sua Associação com Aterosclerose e Inflamação Crônica em Adultos e Idosos em Florianópolis, Sul do Brasil

Referências

  • 1.. World Health Organization. (WHO)_World health statistics 2018: monitoring health for the SDGs, sustainable development goals. 2018. Disponível em: < https://www.who.int/data/gho/data/themes/topics/topic-details/GHO/world-health-statistics >. Acesso em: 2nd July 2019.
  • 2.. Sposito A, Caramelli B, Fonseca FA, Bertolami MC, Afiune Neto A, Souza AD, et al.[IV Brazilian Guideline for Dyslipidemia and Atherosclerosis prevention: Department of Atherosclerosis of Brazilian Society of Cardiology]. Arq Bras Cardiol.2007;88(supl1):2-19. [DOI] [PubMed]
  • 3.. Alberti KG, Eckel R, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato KA, et al.Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation. 2009;120(16):1640-5. [DOI] [PubMed]
  • 4.. Saad M AN, Cardoso GP, Martins WA, Velarde LG, Cruz Filho RA. Prevalence of metabolic syndrome in elderly and agreement among four diagnostic criteria. Arq Bras Cardiol.2014;102(3):263-9. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 5.. Oliveira LVA, Santos BNS, Machado IE, Malta DC, Velasquez-Nelendez G, Felisbino Mendes MS.Prevalence of the Metabolic Syndrome and its components in the Brazilian adult population. Cien Saude Colet.2020;25(11):4269-80. [DOI] [PubMed]
  • 6.. Ramires KN, Menezes RC, Longo-Silva G, Gama dos Santos T, Marinho PM, Silveira JAC. Prevalence and Factors Associated with Metabolic Syndrome among Brazilian Adult Population: National Health Survey - 2013. Arq Bras Cardiol. 2018;110(5):455-66. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 7.. Francisco PMS, Assumpção D, Malta DC. Co-occurrence of Smoking and Unhealthy Diet in the Brazilian Adult Population. Arq Bras Cardiol.2019;113(4):699-709. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 8.. Vu JD, Vu JB, Pio JR, Malik S, Franklin SS, Chen RS, et al.. Impact of C-reactive protein on the likelihood of peripheral arterial disease in United States adults with the metabolic syndrome, diabetes mellitus, and preexisting cardiovascular disease. Am J Cardiol.2005;96(5):655-8. [DOI] [PubMed]
  • 9.. Garcia VP, Rocha HN, sales AR, Rocha NG, Nobrega ACL. Sex Differences in High Sensitivity C-Reactive Protein in Subjects with Risk Factors of Metabolic Syndrome. Arq Bras Cardiol.2016;106(3):182-7. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 10.. Lima TR, Silva DAS, Giehl MWC, D’Orsi E, González-Chica DA. Clusters of Cardiometabolic Risk Factors and Their Association with Atherosclerosis and Chronic Inflammation among Adults and Elderly in Florianópolis, Southern Brazil. Arq Bras Cardiol. 2021; 117(1):39-48. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 11.. Vedana EH, Peres MA, Neves J, Rocha GC, Longo GZ. Prevalence of obesity and potential causal factors among adults in southern Brazil. Arq Bras Endocrinol Metabol.2008;52(7):1156-62. [DOI] [PubMed]
  • 12.. Szwarcwald CL, Malta DC, Pereira CA, Vieira MLF, Conde WL, Souza Jr PRB, et al.. [National Health Survey in Brazil: design and methodology of application. Cien Saude Colet.2008;52(7):333-42. [DOI] [PubMed]
  • 13.. Malta DC, Santos NB, Perillo RO, Szwarcwald CL.Prevalence of high blood pressure measured in the Brazilian population, National Health Survey, 2013. São Paulo Med J.2016;134(2):163-70. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 14.. Nilson EAF, Andrade RCS, Brito DA, Oliveira ML. Costs attributable to obesity, hypertension, and diabetes in the Unified Health System, Brazil, 2018Costos atribuibles a la obesidad, la hipertensión y la diabetes en el Sistema Único de Salud de Brasil, 2018. Rev Panam Salud Publica.2020;44:e32. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 15.. Saboya PP, Bodanese LC, Zimmerman PR, Gustavo AS, Macagnan FE, Zimmerman PR, ty al.Lifestyle Intervention on Metabolic Syndrome and its Impact on Quality of Life: A Randomized Controlled Trial. Arq Bras Cardiol.2017;108(1):60-9. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 16.. Executive Summary of The Third Report of The National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, And Treatment of High Blood Cholesterol In Adults (Adult Treatment Panel III). JAMA.2001;285(19):2486-97. [DOI] [PubMed]
  • 17.. Bassi N, Karogodin I, Wang S, Vassallo P, Priyanath A, Massaro E, et al. Lifestyle modification for metabolic syndrome: a systematic review. Am J Med. 2014;127(12):1242.e1-10. [DOI] [PubMed]
Arq Bras Cardiol. 2021 Jul 15;117(1):49–50. [Article in English]

The Importance of Recognizing the Co-Occurrence of Cardiometabolic Risk Factors in the Population to Establish Priorities in Public Policies

Helena Cramer Veiga Rey 1

Cardiometabolic disease (CMD) is the leading cause of morbidity and mortality around the globe.1 Metabolic syndrome (MS) is a collection of risk factors for metabolic disease, including elevated blood pressure, hypertension, hyperglycemia, dyslipidemia, and obesity. When these risk factors are present in combination, the likelihood of future cardiovascular issues increases more than when any of these risks is present alone.2

MS has an estimated frequency between 20% and 25% in the adult population worldwide, and the prevalence increases with age.3;4

In a cross-sectional population-based investigation using laboratory data from the 2014–2015 National Health Survey, the prevalence of Metabolic Syndrome (MS) was estimated to be 38.4% in the Brazilian population.5 According to the National Health Survey, subgroups that are sociodemographically vulnerable and have unhealthy lifestyles have a higher prevalence of MS.6;7

Previous research has established associations between inflammatory indicators, atherosclerosis, and MS components.8;9 It is critical to understand the co-occurrence of cardiometabolic risk factors and their association with chronic inflammation and atherosclerotic disease to better control risk factors in a multifaceted way.

Based on this, Lima et al.10 aimed to characterize clusters of cardiometabolic risk factors and their relationship with atherosclerosis and chronic inflammation in adults and the elderly living in southern Brazil. A census-based, cross-sectional analysis of data from two population cohorts of adults and elderly (EpiFloripa Adult and Aging Cohost Studies) was conducted to determine the association between variables such as blood pressure, waist circumference, laboratory tests of lipid and glucose profile, isolated or in combination, with the outcomes of carotid intima-media thickness, atherosclerotic plaques, and serum levels of – C-reactive protein.

The study showed that individuals with the metabolic syndrome components in groups were related with increased carotid artery thickness and C-reactive protein levels, as compared to individuals without MS. Increased waist circumference was a prevalent predictor of inflammation, and the clustering of high waist circumference with arterial hypertension was associated with increased atherosclerosis and C-reactive protein levels. The intima-media thickness and associated protein C increased in proportion to the number of risk factors present in the same individual. The clusters of risk factors for inflammation and atherosclerosis included central obesity and hypertension, which are both modifiable.10

Cohort studies that assess cardiovascular risk factors are extremely important to establish public health priorities and the vital point is that this is a population-based study, where data were measured and collected using an appropriate method, which included middle-income adults and older adults in Brazil but should not be extrapolated to different populations.

The estimated prevalence of obesity in adults is 23.5% in southern Brazil,11 and, according to the national health survey, this number has doubled in the last two decades.12 According to the National Health Survey, the prevalence of hypertension in 2013 was 22.8% and increased with age.13

Population-based interventions for weight and blood pressure control are urgently needed. An estimate was carried out of the costs attributable to non-communicable chronic diseases based on the relative risks and population prevalence of hypertension, diabetes, and obesity, considering costs of hospitalizations, outpatient procedures, and drugs distributed by the public health system in Brazil (SUS) to treat these diseases in the adult population in Brazil. The SUS cost attributable to hypertension was R$2.03 billion, and to obesity in 2018 was R$1.42 billion.14 These costs together make up about 4.2% of the annual budget of the public health system in Brazil.

The key recommendations for MS prevention and treatment are lifestyle changes focused on education, frequent physical activity, and a nutritious diet, as well as drug interventions.15;16 Systematic reviews of randomized clinical trials indicate that lifestyle change programs have benefits for the control of MS and an impact on quality of life.15;17

In a country that has a universal health system, and most of the population depends on public health financing, knowing where to allocate resources is crucial for better control of CMD morbidity and mortality.

Footnotes

Short Editorial related to the article: Clusters of Cardiometabolic Risk Factors and Their Association with Atherosclerosis and Chronic Inflammation among Adults and Elderly in Florianópolis, Southern Brazil


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES