Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
editorial
. 2020 Aug 19;115(2):172–173. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20200540
View full-text in English

Obesidade, Sobrepeso, Adiposidade Corporal e Risco Cardiovascular em Crianças e Adolescentes

Weimar Kunz Sebba Barroso 1, Ana Luiza Lima Souza 1,2
PMCID: PMC8384296  PMID: 32876179

A obesidade e o sobrepeso são considerados um problema de saúde pública global e que contribuem fortemente para várias doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), dentre elas a síndrome metabólica, diabetes mellitus (DM), doenças cardiovasculares (DCV) e câncer. São estimados mais de 1.9 bilhões de adultos com sobrepeso, o que representa 39% da população mundial, e 13% de adultos obesos. A Organização Mundial da Saúde estimou, para 2019, mais de 38 milhões de crianças abaixo dos cinco anos com sobrepeso ou obesidade. A obesidade na infância está associada a maior chance de morte prematura, aumento do risco de hipertensão arterial, DM e câncer. Além disso, crianças obesas apresentam marcadores precoces de DCV, aumento do risco de fraturas, dificuldades respiratórias e resistência à insulina.1

A obesidade, como fator de risco independente para doenças cardiovasculares,2 está relacionada com a elevação dos níveis de apolipoproteínas B (ApoB) e consequente disfunção endotelial. A presença de obesidade e dislipidemias durante a infância reflete o desenvolvimento de morbidades cardiovasculares na idade adulta.3

O excesso de adiposidade corporal está relacionado com a presença de dislipidemia, identificada a partir do aumento dos níveis de colesterol total sérico e lipoproteínas de baixa e alta densidade. Ainda, entendendo que a dislipidemia aterogênica e doença aterosclerótica podem ter o seu início na infância e podem estar acompanhadas da obesidade, elas deve ser analisadas como fatores de risco associados à presença da doença coronária (DAC) na fase adulta.2 , 4 - 6

Altas concentrações de ApoB e baixas concentrações de ApoA1 têm sido identificadas como marcadores bioquímicos para aterosclerose mesmo em idades mais precoces,7 estando associadas com circunferência da cintura, adiposidade e história familiar de DAC.8

As apolipoproteínas A1 e B são proteínas essenciais para o metabolismo das partículas de lipoproteínas e seus níveis séricos são reconhecidos como preditores de risco para doença aterosclerótica. A avaliação dos níveis plasmáticos pode auxiliar na identificação do aumento do risco e adoção de estratégias de intervenção precoce. Têm, portanto, a capacidade de adicionar informações clínicas que vão além daquelas obtidas pela avaliação do LDL e HDL.9 , 10

Em adultos, as altas taxas de ApoB estão associadas fortemente com a síndrome metabólica e obesidade e são melhores preditoras de risco cardiovascular que as medidas tradicionais de lipídeos sanguíneos. Na população jovem, o perfil lipídico convencional não é um bom preditor de DAC na idade adulta.7 , 10 - 12

Na revisão sistemática “Adiposidade corporal e apolipoproteínas em crianças e adolescentes: metanálise de estudos prospectivos”,13 a ApoB foi registrada como um marcador cardiometabólico associado com a massa corporal entre adolescentes e crianças, indicando alteração no perfil das apolipoproteínas nessa população.

A relevância desse estudo13 pode ser destacada não só pelo achado clínico, definindo relações entre morbidades e biomarcadores, mas também pelo fato de ter sido direcionado para a população de crianças e adolescentes. Os resultados sensibilizam para a necessidade de estratégias de enfrentamento coletivo para problemas de magnitude global como a obesidade e as doenças cardiovasculares.

A inclusão das apolipoproteínas na avaliação padrão do perfil lipídico, como biomarcadores sensíveis para a identificação de risco, pode ser útil como estratégia de rastreamento e detecção precoce, além da construção de indicadores para a vigilância da saúde nessa população.

Footnotes

Minieditorial referente ao artigo: Adiposidade Corporal e Apolipoproteínas em Crianças e Adolescentes: Metanálise de Estudos Prospectivos

Referências

  • 1.1. World Health Organization.(WHO) Obesity and overweight [Internet]. Geneva: WHO; 2018 [acesso em 26 maio 2020]. Disponível em: http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight.
  • 2.2. Ades PA,Savage PD. Obesity in coronary heart disease: an unaddressed behavioral risk factor. Prev Med. 2017 Nov;104:117-9. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 3.3. Palmeira AC, Leal AA, Ramos NMN, Neto JAF, Simões MOS, Medeiros CCM. Lipoprotein (a) and cardiovascular risk factors in children and adolescents. Rev Paul Pediatr. 2013;31(4):531-7. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 4.4. Montazerifar F, Bolouri A, Mahmoudi Mozaffar M, Karajibani M. The prevalence of metabolic syndrome in coronary artery disease patients. Cardiol Res. 2016;7(6):202-8. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 5.5. Dhungana SP, Mahato AK, Ghimire R, Shreewastav RK. Prevalence of dyslipidemia in patients with acute coronary syndrome admitted at Tertiary Care Hospital in Nepal: a descriptive cross-sectional study. JNMA J Nepal Med Assoc. 2020;58(224):204-8. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 6.6. Lee YH, Choi SH, Lee KW, Kim DJ. Apolipoprotein B/A1 ratio is associated with free androgen index and visceral adiposity and may be an indicator of metabolic syndrome in male children and adolescents. Clin Endocrinol (Oxf). 2011;74(5):579-86. [DOI] [PubMed]
  • 7.7. Aditya GP, Bari MS, Bari MA, Mutalib MA, Paul GK. Association of metabolic syndrome with hyper apolipoprotein B status in young people with acute coronary syndrome. Mymensingh Med J. 2017;26(1):68-74. [PubMed]
  • 8.8. Khalil A, Aggarwal A, Arora S, Bhattacharya J. Lipoprotein (a)--lipid profile and apolipoprotein B in children of young parents with coronary artery disease. Indian Heart J. 2011;63(5):450-3. [PubMed]
  • 9.9. Aditya GP, Bari MA. Apolipoprotein B versus non- high density lipoprotein cholesterol as a discriminating factor for acute coronary syndrome in young people. Mymensingh Med J. 2016;25(3):458-64. [PubMed]
  • 10.10. Bari MA, Aditya GP, Bhuiyan AS, Ahmed MU, Islam MZ, Rahman MM, et al. Measurement of apolipoprotein B may predict acute coronary syndrome in hyper-triglyceridemic young population. Mymensingh Med J. 2015;24(2):257-62. [PubMed]
  • 11.11. Soria-Florido MT, Castaner O, Lassale C, Estruch R, Salas-Salvadó J, Martínez-Gonzáles MA, et al. Dysfunctional high-density lipoproteins are associated with a greater incidence of acute coronary syndrome in a population at high cardiovascular risk: a nested case-control study. Circulation. 2020;141(6):444-53. [DOI] [PubMed]
  • 12.12. Aditya GP, Bari MS, Bari MA, Mutalib MA, Islam MZ, Paul GK, et al. Risk of acute coronary syndrome is better predicted by apolipoprotein B in young people than dyslipidemic parameter of conventional lipid profile. Mymensingh Med J. 2016;25(4):663-8. [PubMed]
  • 13.13. Jesus GS, Costa PRF, Oliveira LPM, Queiroz VAO, Cunha CM, Pereira EM et al. Body Adiposity and Apolipoproteins in Children and Adolescents: A Meta-Analysis of Prospective Studies. Arq Bras Cardiol. 2020; 115(2):163-171. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
Arq Bras Cardiol. 2020 Aug 19;115(2):172–173. [Article in English]

Obesity, Overweight, Body Adiposity and Cardiovascular Risk in Children and Adolescents

Weimar Kunz Sebba Barroso 1, Ana Luiza Lima Souza 1,2

Obesity and overweight are considered a global public health problem and contribute strongly to several chronic non-communicable diseases (NCDs), including metabolic syndrome, diabetes mellitus (DM), cardiovascular diseases (CVD) and cancer. More than 1.9 billion overweight adults are estimated, representing 39% of the world population, and 13% of obese adults. The World Health Organization estimated, for 2019, more than 38 million overweight or obese children under the age of five. Childhood obesity is associated with higher chances of premature death, increased risk of high blood pressure, DM and cancer. Besides, obese children have early CVD markers, increased risk of fractures, breathing difficulties and insulin resistance.1

Obesity, as an independent risk factor for cardiovascular diseases,2 is related to increased levels of apolipoproteins B (ApoB) and consequent endothelial dysfunction. The presence of obesity and dyslipidemia during childhood reflects the development of cardiovascular morbidities in adulthood.3

Excess of body adiposity is related to the presence of dyslipidemia, identified from the increase in the levels of total serum cholesterol and low and high-density lipoproteins. Also, assuming that atherogenic dyslipidemia and atherosclerotic disease can start in childhood and be accompanied by obesity, they must be analyzed as risk factors associated with the presence of coronary heart disease (CAD) in adulthood.2 , 4 - 6

High concentrations of ApoB and low concentrations of ApoA1 have been identified as biochemical markers for atherosclerosis even at earlier ages,7 being associated with waist circumference, adiposity and family history of CAD.8

Apolipoproteins A1 and B are essential proteins for the metabolism of lipoprotein particles and their serum levels are recognized as risk predictors for atherosclerotic disease. Evaluation of plasma levels can help to identify increased risk and to adopt early intervention strategies. Therefore, they can add clinical information that goes beyond that obtained by the evaluation of LDL and HDL.9 , 10

In adults, high rates of ApoB are strongly associated with metabolic syndrome and obesity and are better predictors of cardiovascular risk than traditional blood lipid measurements. In the young population, the conventional lipid profile is not a good predictor of CAD in adulthood.7 , 10 - 12

In the systematic review “Body adiposity and apolipoproteins in children and adolescents: meta-analysis of prospective studies”,13 ApoB was recorded as a cardiometabolic marker associated with body mass among adolescents and children, indicating changes in the profile of apolipoproteins in this population.

The relevance of this study13 is due not only to the clinical finding, defining relationships between morbidities and biomarkers, but also to the fact that it was aimed at a population of children and adolescents. The findings raise awareness of the need for strategies for collective coping of problems of global magnitude, such as obesity and cardiovascular diseases.

The inclusion of apolipoproteins in the standard evaluation of the lipid profile, such as sensitive biomarkers for risk identification, can be useful as a screening and early detection strategy, in addition to the development of indicators for health monitoring in this population.

Footnotes

Short Editorial: Body Adiposity and Apolipoproteins in Children and Adolescents: A Meta-Analysis of Prospective Studies


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES