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. 2020 Jul 28;115(1):17–28. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20190131
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Bloqueio de Receptores AT1 Melhora o Desempenho Funcional Miocárdico na Obesidade

Silvio Assis de Oliveira-Junior 1, Nayara de Araújo Muzili 1, Marianna Rabelo de Carvalho 1, Gabriel Elias Ota 1, Camila Souza de Morais 1, Larissa Fregapani da Costa Vieira 1, Mateus Oliveira Ortiz 1, Dijon H S Campos 2, Marcelo Diacardia Mariano Cezar 3,4, Marina Politi Okoshi 4, Katashi Okoshi 5, Antonio C Cicogna 2, Paula Felippe Martinez 1
PMCID: PMC8384332  PMID: 32401842

Resumo

Fundamento

A obesidade tem sido associada com ativação crônica do sistema renina-angiotensina-aldosterona e importantes alterações no desempenho cardíaco.

Objetivo

Avaliar a influência do bloqueio de receptores de angiotensina-II do tipo 1 (AT1) sobre a morfologia e desempenho cardíaco de ratos obesos por dieta

Métodos

Ratos Wistar (n=48) foram submetidos a dieta controle (2,9 kcal/g) ou hiperlipídica (3,6 kcal/g) durante 20 semanas. Após a 16ª semana, foram distribuídos em quatro grupos: Controle (CO), Obeso (OB), Controle Losartan (CL) e Obeso Losartan (OL). CL e OL receberam losartan (30 mg/kg/dia) na água durante quatro semanas. Posteriormente, foram analisadas composição corporal, pressão arterial sistólica (PAS) e ecocardiograma. A função de músculos papilares foi avaliada em situação basal com concentração de cálcio ([Ca2+]o) de 2,50 mM e após manobras inotrópicas: potencial pós-pausa (PPP), elevação da [Ca2+]o e durante estimulação beta-adrenérgica com isoproterenol. A análise dos resultados foi feita por meio de Two-Way ANOVA e teste de comparações apropriado. O nível de significância considerado foi de 5%.

Resultados

Embora a alteração da PAS não tenha se mantido ao final do experimento, a obesidade se associou com hipertrofia cardíaca e maior velocidade de encurtamento da parede posterior do ventrículo esquerdo.No estudo de músculos papilares em condição basal, CL mostrou menor velocidade máxima de variação negativa da tensão desenvolvida (-dT/dt) do que CO. O PPP de 60s promoveu menor -dT/dt e pico de tensão desenvolvida (TD) em OB e CL, comparados ao CO, e maior variação relativa de TD e velocidade máxima de variação positiva (+dT/dt) no OL em relação a CL e OB. Sob 1,5, 2,0 e 2,5mM de [Ca2+]o, o grupo OL exibiu maior -dT/dt do que CL.

Conclusão

Losartan melhora a função miocárdica de ratos com obesidade induzida por dieta. (Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):17-28)

Keywords: Doenças Cardiovasculares, Obesidade, Losartan/uso terapêutico, Bloqueadores do Receptor Tipo 1 de Angiotensina II/uso terapêutico, Ratos, Dieta Hiperlipídica/métodos

Introdução

A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, resultante da interação entre diferentes fatores etiológicos.1 , 2 Configura uma disfunção nutricional e metabólica, que pode ser associada a dislipidemia, resistência à insulina e doenças cardiovasculares.3 Estudos clínicos demonstraram que a obesidade pode ocasionar alterações morfológicas e funcionais no coração.4 , 5 Pesquisas experimentais mostraram que essa condição se associa com hipertrofia miocárdica,6 - 8 fibrose intersticial,8 , 9 além de várias mudanças moleculares.10 , 11 Entre essas respostas, incluem-se alterações na expressão e funcionamento de peptídeos envolvidos com trânsito intracelular de cálcio, durante o processo de contração e relaxamento muscular.7 , 12 - 14

Contudo, há importantes divergências entre investigações com relação às repercussões da obesidade sobre desempenho miocárdico. Jacobsen et al.,15 constataram aumento na fase contrátil durante manobra inotrópica no músculo papilar em ratos obesos após três semanas de dieta; outros autores encontraram maior velocidade de encurtamento miocárdico em modelos de 20,8 30,11 33,13 e 35 semanas16 de duração. Outras investigações documentaram prejuízo na contração cardíaca, demonstrado por análises in vitro de músculos papilares de ratos obesos, após 15 semanas de dieta.7 , 17 , 18 Há também relatos de função cardíaca inalterada após 20,9 3019 e 3214 semanas de dieta para indução de obesidade. Portanto, tem-se que o desempenho cardíaco necessita ser melhor estudado na obesidade induzida por dieta.

A condição de obesidade está relacionada com maior atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA).11 , 20 , 21 Altos níveis de angiotensina-II (Ang-II) acoplando a receptores do tipo I (AT1) exercem um efeito vasoconstritor e trófico sobre o miocárdio, estimulando várias cascatas de sinalização intracelular e múltiplas respostas fisiológicas.21 - 23 A ativação do SRAA é o principal mecanismo responsável por distúrbios de pressão arterial e remodelação cardíaca na obesidade; essas desordens foram amenizadas após antagonismo de AT1.6 , 11 , 21 , 24 Entretanto, não foram encontrados estudos que tenham documentado a associação entre ativação do SRAA e remodelação ventricular na obesidade, considerando-se a análise in vitro do músculo papilar.

A preparação in vitro do músculo papilar permite mensurações da capacidade contrátil do miocárdio, em termos de encurtamento e geração de força, a despeito de alterações na carga, frequência cardíaca e geometria do coração, condições estas que modificam o desempenho mecânico in vivo.7 , 13 , 17 , 19 Com a utilização de manobras inotrópicas e lusinotrópicas, pode-se também estudar o desempenho miocárdico para identificar alterações na contração e no relaxamento, que não poderiam ser observadas em condições basais. As manobras mais comumente utilizadas são: potencial pós-pausa, elevação de Ca2 extracelular e estimulação beta-adrenérgica.7

Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do bloqueio de AT1 sobre a morfologia e desempenho cardíaco, utilizando-se de análise in vitro do músculo papilar, em ratos obesos por dieta hiperlipídica, com predomínio de ácidos graxos saturados. Como hipótese inicial, admite-se que a obesidade se associa com alterações no desempenho funcional miocárdico, sustentadas em diferentes condições de estimulação; essas respostas são amenizadas com o antagonismo de receptores AT1.

Métodos

Animais e delineamento experimental

Foram utilizados ratos Wistar machos (n=48), com 30 dias de idade, procedentes do Biotério Central da Universidade Estadual Paulista, campus de Botucatu/SP, Brasil. A definição do tamanho amostral foi baseada em estudo prévio,19 desenvolvido com modelo experimental similar e análise funcional do músculo papilar isolado.

Os animais foram distribuídos em dois grupos: controle (CO), tratado com dieta normolipídica (2,9 kcal/g), e obeso (OB), alimentado com dieta hiperlipídica, com predomínio de ácidos graxos saturados (3,6 kcal/g).9 Os seguintes ingredientes foram utilizados para ambas as preparações dietéticas: milho integral, proteína de soja, dextrina, óleos de soja e palma, vitaminas e minerais. Em termos de composição de ácidos graxos saturados/ insaturados, a dieta normolipídica apresentava 61,6/38,4%, respectivamente, enquanto a dieta hiperlipídica tinha 64,8/35,2%, respectivamente.9 , 16

Após 16 semanas, os animais foram alocados em quatro grupos: CO, OB, CL e OL. Durante mais quatro semanas, enquanto CO e OB continuaram recebendo as respectivas dietas, CL e OL receberam também losartan na água ingerida (30 mg/kg/dia).11 Os animais foram mantidos em gaiolas individuais, em temperatura ambiente de 22±2°C, umidade de 55±5% e ciclos de iluminação claro/escuro de 12 horas. O protocolo experimental foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA/ UNESP; Protocolo 1000/2013)

Estudo cardiovascular

O estudo cardiovascular envolveu mensuração da pressão arterial sistólica (PAS), avaliação da morfologia cardíaca, análise funcional por ecocardiograma e ensaio in vitro com músculo papilar. A análise da PAS e ecocardiograma foram feitos na 16ª e 20ª semana de experimento. A PAS foi obtida por meio de pletismografia,26 utilizando-se esfigmomanômetro ( Narco Bio-Systems ®, modelo 709-0610 - International Biomedical , Austin, TX, USA). Para o ecocardiograma, os animais foram anestesiados com uma mistura de cloridrato de cetamina (50 mg/kg) e cloridrato de xilidino (1 mg/kg), administrados por via intramuscular. Após a tricotomia na região anterior do tórax, cada animal foi posicionado em decúbito lateral esquerdo. Para análise da geometria cardíaca, foram obtidas imagens em modo monodimensional (modo-M) com o feixe de ultrassom orientado em modo bidimensional, mantendo-se o transdutor em posição paraesternal, eixo menor. A imagem do ventrículo esquerdo (VE) foi obtida posicionando-se o cursor do modo-M abaixo do plano da valva mitral no nível dos músculos papilares.27 As imagens da aorta e do átrio esquerdo (AE) foram obtidas com o cursor de modo-M posicionado ao nível do plano aórtico. As imagens foram registradas em impressora (modelo UP-890, Sony Co.). As estruturas cardíacas foram medidas manualmente com o auxílio de um paquímetro. No momento de diâmetro máximo da cavidade ventricular, foram mensurados o diâmetro diastólico do VE (DDVE), e espessuras diastólicas da parede posterior do VE (EDPP) e do septo interventricular (EDSIV). No momento de diâmetro mínimo da cavidade, foi avaliado o diâmetro sistólico do VE (DSVE). O AE foi medido no momento de seu diâmetro máximo. A massa do VE (MVE) foi calculada de acordo com a seguinte fórmula: MVE = [(DDVE+EDPP+EDSIV)3-(DDVE)3]x1,04. Considerou-se também a razão entre DDVE e comprimento da tíbia.

A função sistólica do VE foi avaliada pela velocidade de encurtamento da parede posterior (VEPP) e porcentagem de encurtamento endocárdico (%Enc.Endo): [(DDVE - DSVE)/DDVE]. A função diastólica foi analisada pelos seguintes índices: 1) razão entre os picos de velocidade de fluxo de enchimento inicial (onda E) e da contração atrial (onda A) do fluxo transmitral (E/A); 2) tempo de desaceleração da onda E (TDE); 3) tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV); 4) pico de velocidade de deslocamento diastólico inicial do anel mitral (E’) e pico de velocidade de deslocamento diastólico tardio do anel mitral (A’) obtidas pelo Doppler tissular; 5) razão entre as ondas E e E’ (E/E’). Todas as medidas foram feitas pelo mesmo pesquisador, conforme procedimentos da American Society of Echocardiography ,28 utilizando-se um ecocardiógrafo ( General Electric Medical Systems, Vivid S6, Tirat Carmel , Israel), equipado com transdutor eletrônico multifrequencial (5-11,5 MHz).

Caracterização geral e análise da função miocárdica in vitro

A ingestão calórica foi avaliada diariamente.6 - 8 A eficiência alimentar foi obtida a partir da relação entre variação de massa corporal e energia total ingerida.6 - 8 A massa corporal foi mensurada semanalmente, enquanto o ganho de massa foi obtido a partir da diferença entre os valores de massa corporal inicial e final. O tecido adiposo das regiões retroperitoneal, epididimal e visceral foi utilizado para determinação do conteúdo de gordura corporal.6 - 12

A análise da função miocárdica foi realizada por ensaio in vitro com músculo papilar isolado do VE.7 , 16 , 18 , 29 Após 20 semanas, os animais foram submetidos a anestesia intraperitoneal com cloridrato de cetamina (80 mg/Kg) e xilazina (5 mg/Kg) e eutanásia. Após toracotomia mediana, o coração foi prontamente removido e dissecado. As massas de átrios (MA) e dos ventrículos direito (MVD) e esquerdo (MVE) foram utilizadas para análise macroscópica. Os músculos papilares dissecados do VE foram presos entre dois anéis de aço inoxidável e colocados verticalmente em uma câmara de vidro contendo solução de Krebs-Henseleit a 28°C, continuamente oxigenada com O2 (95%) e CO2 (5%). A composição da solução de Krebs foi a seguinte: 118,5 mM NaCl; 4,69 mM KCl; 2,50 mM CaCl2; 1,16 mM MgSO4; 1,18 mM KH2PO4; 5,50 mM glicose; e 24,88 mM NaCO3. A extremidade inferior do anel foi acoplada a um transdutor de força 120T-20B ( Kyowa , Tóquio, Japão) por um fio de aço (1/15,000) que atravessava uma fenda preenchida por mercúrio, existente no assoalho da câmara de vidro.7 , 16 , 18 , 29

Os músculos foram contraídos isotonicamente mediante carga leve por 60 minutos; a seguir, esses foram colocados em contração isométrica e estirados gradualmente até a tensão máxima desenvolvida (TD) atingir seu valor máximo. Após 5 minutos sob contrações isotônicas, os músculos foram colocados novamente em contração isométrica para determinação do pico da curva comprimento-tensão (Lmax). O comportamento dos músculos papilares foi avaliado em situação basal com concentração de cálcio ([Ca2]o) de 2,50 mM e após manobras inotrópicas: potencial pós-pausa (PPP), elevação da [Ca2]o extracelular de 0,5 até 2,5 mM e durante estimulação beta-adrenérgica com 0,1 e 1,0 mM de isoproterenol. O potencial pós-pausa foi estudado em [Ca2]o extracelular de 1,25 mM, em que o estímulo foi cessado por 30 e 60 segundos, antes de ser reiniciado.7 , 30

Depois do PPP, a resposta do músculo papilar foi avaliada após manobra extracelular da [Ca2]o.31 Os parâmetros contráteis isométricos foram registrados em 10 minutos após adição progressiva de cálcio (0,5 até 2,5mM) na solução extracelular. Além disso, a estimulação do sistema beta-adrenérgico foi também estudada para testar a integridade do complexo beta-adrenérgico, a sensibilidade da troponina C e a absorção de cálcio pelo retículo sarcoplasmático.7 , 31 A estimulação dos receptores adrenérgicos beta foi induzida utilizando-se concentrações cumulativas de isoproterenol (0,1 e 1,0 mM) na presença da [Ca2]0 de 1,0 mM.

Estimadores mecânicos

Respostas mecânicas convencionais em Lmax foram obtidas em contração isométrica: tensão máxima desenvolvida normalizada pela área seccional transversa do músculo papilar (TD [g/mm2]) e velocidades máximas de variação positiva (+dT/dt [g/mm2/s]) e negativa (-dT/dt [g/mm2/s]) da TD, normalizada pela área seccional transversa do músculo papilar. Os estimadores usados para caracterizar o tamanho dos músculos papilares foram comprimento (mm), massa do músculo (mg) e área seccional transversa (AST [mm2]). Ao término de cada experimento, o comprimento do músculo em Lmax foi mensurado com auxílio de um catetômetro Gaertner ( Gaertner Scientific Corporation , Chicago, IL, USA), e a porção do músculo entre os anéis de aço foi cortada e pesada. A AST foi calculada dividindo-se a massa muscular pelo seu comprimento, assumindo uniformidade e uma gravidade específica de 1,0.

Análise estatística

Para a análise dos dados, utilizou-se o programa Sigma Stat, versão 3.5. Inicialmente, os resultados foram submetidos a análise de normalidade por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov. Como as variáveis tiveram distribuição paramétrica, os resultados foram apresentados em média e desvio-padrão. Para análise dos resultados nutricionais, composição corporal, morfologia cardíaca e desempenho funcional do músculo papilar, foi feita análise de variância de duas vias ( Two-Way ANOVA) e teste de comparações múltiplas de Tukey. As medidas de PAS e ecocardiograma foram analisadas por meio de Two-Way ANOVA no modelo de medidas repetidas (RM)e teste de comparações múltiplas de Bonferroni. O nível de significância considerado foi de 5%.

Resultados

Os dados de comportamento nutricional, composição corporal e morfologia macroscópica do coração estão na Tabela 1 . Embora ingestão calórica não tenha sido alterada, OB e OL mostraram maior ingestão de gordura e eficiência alimentar do que CO e CL, respectivamente. A obesidade foi caracterizada por maiores medidas de massa e adiposidade corporal.

Tabela 1. – Média e desvio-padrão de variáveis de perfil nutricional, murinometria e morfologia cardíaca macroscópica, segundo o grupo.

Variável Grupo

CO OB CL OL
Perfil Nutricional Massa Corporal (g) 451 ± 58 507 ± 64 * 456 ± 49 517 ± 50
Ing. Calórica (Kcal) 81,9 ± 8,2 80,7 ± 7,5 80,3 ± 9,2 78,7 ± 7,9
Ing. G. Insaturada (g) 122 ± 12 235 ± 22 * 120 ± 14 230 ± 23
Ing. G. Saturada (g) 196 ± 20 433 ± 40 * 193 ± 22 422 ± 43
Ef. Alimentar (%) 26,82 ± 2,11 32,22 ± 4,38 * 28,43 ± 0,94 35,12 ± 4,78
Adiposidade (%) 3,48 ± 0,73 5,19 ± 1,47 * 3,61 ± 1,27 5,50 ± 1,48
Morfologia Macroscópica Átrios (g) 0,096 ± 0,015 0,113 ± 0,015 * 0,092 ± 0,009 0,100 ± 0,022
Átrios/Tíbia (mg/mm) 2,22 ± 0,33 2,59 ± 0,35 * 2,15 ± 0,21 2,29 ± 0,46
MVD (g) 0,231 ± 0,029 0,241 ± 0,030 0,230 ± 0,039 0,245 ± 0,040
MVD/Tíbia (mg/mm) 5,36 ± 0,68 5,50 ± 0,70 5,34 ± 0,79 5,64 ± 0,86
MVE (g) 0,844 ± 0,083 0,950 ± 0,099 0,800 ± 0,082 * 0,799 ± 0,087
MVE/Tíbia (mg/mm) 19,6 ± 1,7 21,7 ± 2,4 * 18,7 ± 1,5 18,4 ± 1,7

Ing. Calórica: ingestão calórica; Ing. G. Insaturada: ingestão total de gordura insaturada; Ing. G. Saturada: ingestão total de gordura saturada; Ef. Alimentar: eficiência alimentar; MVD: massa de ventrículo direito; MVE: massa de ventrículo esquerdo; CO: grupo Controle; OB: grupo Obeso; CL: grupo controle sob losartan; OL: grupo obeso sob losartan. Efeitos de grupo: * p<0,05 comparado ao CO; † p<0,05 comparado ao OB; ‡ p<0,05 comparado ao CL; Two-Way ANOVA e teste de Tukey.

Quanto à morfologia cardíaca, comparado ao CO, o OB apresentou maiores valores de massa de átrios e das respectivas relações entre massa de átrios e VE com o comprimento tibial. O losartan repercutiu em menores medidas de átrios e VE, em valores absolutos e normalizados pelo comprimento da tíbia, no OL comparado ao OB ( Tabela 1 ).

Na Tabela 2 , são apresentados os resultados de PAS, bem como estrutura e desempenho do coração, avaliados por meio de ecocardiograma. Após 16 semanas, a obesidade esteve associada com maior PAS; o losartan culminou em redução da PAS no CL e OL, ao final do experimento. A razão entre diâmetro diastólico de ventrículo esquerdo (DDVE) e comprimento da tíbia não foi diferente entre grupos e momentos. Ao final do experimento, a obesidade culminou em maior velocidade de encurtamento da parede posterior do ventrículo esquerdo (VEPP), como observado nos grupos OB e OL. Considerando-se o desempenho diastólico, o grupo OL apresentou menor relação E/A do que o CL na 20ª semana. O Doppler tecidual da velocidade diastólica tardia do anel valvar mitral (A’ média) foi menor no CL do que no CO; S média e E’ média foram ampliadas da 16ª à 20ª semana no grupo OL.

Tabela 2. – Média e desvio-padrão de pressão arterial sistólica, medidas de estrutura e desempenho funcional do coração analisado por ecocardiograma e Doppler tecidual do ventrículo esquerdo, segundo grupo e momento de avaliação.

Variável Momento Grupo

CO OB CL OL
PAS (mmHg) 16ª Sem 119,4 ± 9,2 133,3 ± 12,3 * 119,5 ± 9,4 132,0 ± 9,6
20ª Sem 129,6 ± 9,3 139,3 ± 12,6 103,0 ± 13,2 * § 107,7 ± 7,4 † §
FC (bpm) 16ª Sem 277 ± 41 272 ± 27 276 ± 48 273 ± 44
20ª Sem 285 ± 32 266 ± 39 265 ± 39 277 ± 39
AE (mm) 16ª Sem 5,47 ± 0,79 5,80 ± 0,60 5,87 ± 0,74 5,81 ± 0,89
20ª Sem 5,69 ± 0,56 5,95 ± 0,55 5,70 ± 0,60 5,77 ± 0,67
AE/AO 16ª Sem 1,37 ± 0,18 1,45 ± 0,14 1,48 ± 0,14 1,42 ± 0,18
20ª Sem 1,42 ± 0,16 1,44 ± 0,10 1,40 ± 0,11 1,42 ± 0,12
EDPP (mm) 16ª Sem 1,317 ± 0,072 1,374 ± 0,044 1,313 ± 0,071 1,361 ± 0,058
20ª Sem 1,272 ± 0,067 § 1,305 ± 0,043 § 1,262 ± 0,085 § 1,271 ± 0,061 §
DDVE (mm) 16ª Sem 7,95 ± 0,64 7,91 ± 0,37 7,80 ± 0,57 7,82 ± 0,44
20ª Sem 8,11 ± 0,41 8,15 ± 0,26 8,06 ± 0,54 8,08 ± 0,52
DDVE/ Tíbia (mm/mm) 16ª Sem 0,184 ± 0,015 0,180 ± 0,008 0,182 ± 0,012 0,180 ± 0,007
20ª Sem 0,188 ± 0,010 0,186 ± 0,007 0,188 ± 0,011 0,187 ± 0,012
DSVE (mm) 16ª Sem 3,65 ± 0,68 3,56 ± 0,39 3,54 ± 0,65 3,69 ± 0,56
20ª Sem 3,66 ± 0,42 3,55 ± 0,50 3,86 ± 0,67 3,75 ± 0,62
VEPP (mm/s) 16ª Sem 40,44 ± 4,70 43,63 ± 2,95 42,31 ± 5,11 39,29 ± 3,96
20ª Sem 42,92 ± 4,45 48,72 ± 4,81 * § 42,82 ± 3,60 47,96 ± 4,03 ‡ §
FE 16ª Sem 0,900 ± 0,039 0,907 ± 0,023 0,903 ± 0,037 0,892 ± 0,037
20ª Sem 0,907 ± 0,022 0,914 ± 0,033 0,887 ± 0,039 0,898 ± 0,037
EE (%) 16ª Sem 54,32 ± 6,38 55,00 ± 3,72 54,83 ± 6,28 52,92 ± 5,41
20ª Sem 54,94 ± 3,58 56,49 ± 5,67 52,34 ± 5,73 53,83 ± 5,45
E/A 16ª Sem 1,65 ± 0,35 1,49 ± 0,25 1,52 ± 0,25 1,43 ± 0,23
20ª Sem 1,60 ± 0,33 1,50 ± 0,23 1,74 ± 0,27 1,39 ± 0,26
TDE (ms) 16ª Sem 50,09 ± 6,85 49,50 ± 4,56 47,64 ± 8,69 51,10 ± 6,19
20ª Sem 47,64 ± 7,47 50,58 ± 6,59 50,17 ± 5,84 54,40 ± 5,77
TRIVn 16ª Sem 58,88 ± 6,98 58,12 ± 4,22 55,38 ± 7,72 54,66 ± 5,26
20ª Sem 53,60 ± 4,22 52,47 ± 4,87 53,49 ± 7,17 52,72 ± 3,78
S’ média (cm/s) 16ª Sem 3,57 ± 0,31 3,79 ± 0,28 3,72 ± 0,24 3,79 ± 0,45
20ª Sem 4,00 ± 0,24 § 4,05 ± 0,47 3,91 ± 0,29 4,19 ± 0,27 §
E’ média (cm/s) 16ª Sem 4,62 ± 0,53 4,23 ± 0,40 4,25 ± 0,39 4,04 ± 0,53
20ª Sem 4,85 ± 0,57 4,80 ± 0,32 § 4,83 ± 0,38 § 4,92 ± 0,52 §
A’ média (cm/s) 16ª Sem 3,75 ± 0,86 3,85 ± 0,59 3,78 ± 0,83 3,49 ± 0,50
20ª Sem 4,37 ± 0,87 3,78 ± 1,08 3,61 ± 0,75 * 4,31 ± 0,81 §
E/E’ 16ª Sem 16,80 ± 3,62 18,76 ± 3,13 18,12 ± 2,27 18,86 ± 2,61
20ª Sem 17,89 ± 2,59 18,79 ± 2,35 17,27 ± 1,52 17,22 ± 2,51

PAS: pressão arterial sistólica; FC: frequência cardíaca; AE/AO: relação entre os diâmetros do átrio esquerdo (AE) e da artéria aorta (AO); EDPP: espessura diastólica da parede posterior; DDVE: diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo; DSVE: diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo; VEPP: velocidade de encurtamento da parede posterior do ventrículo esquerdo; FE: fração de ejeção; EE: encurtamento endocárdico; E/A: relação entre as ondas E e A do fluxo transmitral; TRIVn: tempo de relaxamento isovolumétrico normalizado pela frequência cardíaca (R-R0,5); TDE: tempo de desaceleração da onda E; S’: velocidade sistólica do anel valvar mitral ao Doppler tecidual (TDI); E’: TDI da velocidade diastólica do anel valvar mitral (média entre paredes septal e lateral); A’: TDI da velocidade diastólica tardia do anel valvar mitral (média das paredes septal e lateral); E/E’: relação obtida entre as velocidades de fluxo inicial transvalvar mitral e do TDI do anel valvar mitral; CO: grupo Controle; OB: grupo Obeso; CL: grupo controle sob losartan; OL: grupo obeso sob losartan. Efeitos de grupo: * p<0,05 comparado ao CO; † p<0,05 comparado ao OB; ‡ p<0,05 comparado ao CL; Efeito de momento: § p<0,05 comparado à 16ª semana (Sem); Two-Way RM ANOVA e teste de Bonferroni.

O desempenho funcional dos músculos papilares é mostrado nas Figuras 1 a 4 . Em condições basais, os índices de TD e +dt/dt foram similares entre os grupos ( Figura 1A e 1B ), enquanto a -dt/dt foi menor no CL do que no CO ( Figura 1C ). A influência da elevação das concentrações de cálcio sobre a função dos músculos papilares é apresentada na Figura 2 . O aumento da [Ca2]0 de 1,0 a 2,5 mM resultou em resposta progressivamente maior da TD, +dt/dt e -dT/dt em todos os grupos. Nas concentrações de cálcio de 1,5, 2,0 e 2,5 mM, o OL mostrou os valores superiores de TD, +dt/dt e -dT/dt em comparação ao CL. Na manobra de 2,5 mM de [Ca2]0, as variáveis TD (CO, 109±37; OB, 113±31; CL, 98±33; OL, 134±46 %) e +dt/dt (CO, 118±43; OB, 122±27; CL, 109±37; OL, 153±49 %) foram maiores no OL do que no OB ( Figura 2A e 2B ).

Figura 1. – Avaliação funcional do músculo papilar em situação basal com concentração extracelular de cálcio de 2,5 mM; valores em média±desvio-padrão; (A) TD: tensão máxima desenvolvida; (B) +dT/dt: velocidade máxima de variação da TD; (C) –dT/dt: velocidade máxima de variação de decréscimo da TD; CO: grupo Controle; OB: grupo Obeso; CL: grupo Controle sob losartan; OL: grupo Obeso sob losartan. * p<0,05 comparado ao CO; Two-Way ANOVA e teste de Tukey.

Figura 1

Figura 2. – Avaliação funcional do músculo papilar segundo concentração extracelular de cálcio (1,0-2,5 mM). Resultados expressos em relação ao valor basal com concentração extracelular de cálcio de 0,5 mM; (média±desvio-padrão); (A) TD: tensão máxima desenvolvida; (B) +dT/dt: velocidade máxima de variação positiva da TD; (C) -dT/dt: velocidade máxima de decréscimo da TD. CO: grupo Controle; CL: grupo Controle sob losartan; OB: grupo Obeso; OL: grupo Obeso sob losartan. Efeito de grupo: † p<0,05 vs OB; ‡ p<0,05 vs CL. Efeito de Cálcio: §, p<0,05 vs 1,0 mM; ¶, p<0,05 vs 1,5 mM;Two-Way RM ANOVA e teste de Bonferroni.

Figura 2

Na Figura 3 , são apresentados os resultados de desempenho funcional de músculos papilares em resposta ao PPP. A variação do PPP de 30 a 60s culminou em aumento dos valores de TD, +dt/dt e -dt/dt, em geral. No PPP de 60s, o grupo OB mostrou menores medidas de TD, +dt/dt e -dt/dt do que CO; o OL revelou maior TD (C, 65,7±23,6; OB, 56,3±13,9; CL, 58,0±17,4; OL, 66,4±17,4 %) do que os grupos OB e CL e valores superiores de +dt/dt (C, 70,0±25,4; OB, 59,3±15,9; CL, 62,7±20,0; OL, 70,7±20,7%) em relação ao CL.

Figura 3. – Avaliação do músculo papilar isolado, segundo tempo de potencial pós-pausa (PPP). Resultados expressos em relação ao valor basal com concentração extracelular de cálcio de 0,5 mM (média±desvio-padrão); (A) TD: tensão máxima desenvolvida; (B) +dT/dt: velocidade máxima de variação positiva da TD; (C) -dT/dt: velocidade máxima de decréscimo da TD. CO: grupo Controle; CL: grupo Controle sob losartan; OB: grupo Obeso; OL: grupo Obeso sob losartan. Efeito de PPP: §, p<0,05 vs 30s; Efeito de grupo: * p<0,05 vs CO; † p<0,05 vs OB; ‡ p<0,05 vs CL. Two-Way RM ANOVA e teste de Bonferroni.

Figura 3

Sobre as manobras de estimulação β-adrenérgica ( Figura 4 ), as concentrações de 0,1 e 1mM repercutiram em aumento da TD em comparação às condições basais. A manobra de 1mM de isoproterenol resultou em redução da +dt/dt no OB ( Figura 4B ) e ampliou as medidas -dt/dt em todos os grupos, em comparação às concentrações de base e de 0,1mM ( Figura 4C ). Considerando-se o efeito de grupo, o CL mostrou maior TD (C, 22,8±11,4; OB, 19,5±10,9; CL, 40,4±13,6; OL, 28,7±11,9 %) e menor -dt/dt do que o C (C, 67,5±18,5; OB, 67,2±22,6; CL, 25,3±9,2; OL, 68,8±19,1 %), em resposta a 0,1mM de isoproterenol.

Figura 4. – Avaliação do músculo papilar isolado, segundo estímulo com isoproterenol (0,1 e 1,0 mM). Resultados expressos em relação ao valor basal com concentração extracelular de cálcio de 1,0 mM (média±desvio-padrão); (A) TD: tensão máxima desenvolvida; (B) +dT/dt: velocidade máxima de variação positiva da TD; (C) -dT/dt: velocidade máxima de decréscimo da TD. CO: grupo Controle; CL: grupo Controle sob losartan; OB: grupo Obeso; OL: grupo Obeso sob losartan. Efeito de Isoproterenol: §, p<0,05 vs Basal; ¶, p<0,05 vs 0,1 mM; Efeito de grupo: * p<0,05 vs CO; † p<0,05 vs OB; ‡ p<0,05 vs CL. Two-Way RM ANOVA e teste de Bonferroni.

Figura 4

Discussão

Este trabalho foi proposto para avaliar a influência do antagonismo de receptores AT1 sobre características cardiovasculares em ratos obesos por dieta. De fato, os ratos obesos exibiram alterações de PAS, hipertrofia do VE, mudanças no desempenho sistólico avaliado por meio de ecocardiograma e distúrbios na função do músculo papilar. Grande parte desses efeitos foi amenizada com a administração de losartan, um fármaco antagonista de receptores AT1.

O presente modelo experimental é caracterizado pela indução de obesidade a partir da administração de dieta hiperlipídica, com predomínio de ácidos graxos saturados.9 , 16 Nesse sentido, apesar do consumo calórico inalterado entre os grupos, os animais obesos mostraram maiores medidas de ingestão lipídica e eficiência energética em comparação aos respectivos controles. Como resultado, os valores de massa corporal e adiposidade foram também maiores na obesidade. Em razão da maior densidade energética dos lipídeos, o consumo de dietas hiperlipídicas se associa com acúmulo de reservas corporais e hipertrofia do tecido adiposo. Com isso, a variação ponderal positiva dos obesos resultou, possivelmente, de aumento da adiposidade, conforme previamente documentado.9 , 11 , 19

Após a 16ª semana de experimento, a PAS mostrou-se maior na obesidade. A associação entre obesidade e alterações pressóricas foi também comprovada por outros estudos.8 , 11 , 17 Além disso, a PAS foi cronicamente ampliada após estresse físico32 e ao longo do tempo,8 ainda que os níveis basais estivessem inalterados ao final do experimento. Em geral, fatores inflamatórios e/ou neuro-hormonais relacionados com o excesso de tecido adiposo contribuem para a ocorrência de desordens hemodinâmicas em obesos.20 , 23 Na vigência de losartan, os níveis de PAS foram reduzidos, confirmando a participação do SRAA na promoção de distúrbios hemodinâmicos pressóricos derivados da obesidade.

Por sua vez, persistente aumento na PAS tem sido associado com maior pós-carga, deformação parietal e hipertrofia cardíaca.33 , 34 Nossos resultados confirmaram hipertrofia ventricular e elevado desempenho sistólico, comprovado pela maior VEPP na obesidade ( Tabela 2 ). A função sistólica é afetada por diferentes fatores, incluindo-se frequência cardíaca, contratilidade, além de mudanças na pré e pós-carga.33 Embora a obesidade não tenha modificado a frequência cardíaca e a geometria ventricular, maiores medidas de parede poderiam preservar, ou ainda, diminuir a pré-carga. Nesse estado, entretanto, a reduzida pré-carga poderia causar menor ejeção,11 , 33 o que não foi confirmado pelos resultados. Provavelmente, o maior desempenho sistólico se associa com hipertrofia ventricular e/ou mudanças na pós-carga no grupo OB. Cabe dizer que a pós-carga é uma variável mecânica diretamente influenciada por alterações na pressão e no diâmetro intraventricular e inversamente relacionada com a espessura da parede ventricular.33 , 34

Entretanto, a avaliação da função papilar mostrou que a obesidade, per se , não se associou com alterações basais, nem em resposta a diferentes concentrações de Ca2 e isoproterenol. Estudo prévio mostrou diminuição da força contrátil e outros distúrbios funcionais em condições basais de músculos papilares de obesos.35 Lima-Leopoldo et al.7 mostraram que a elevação da concentração extracelular de Ca2 resultou em menor resposta nos índices de função miocárdica na contração (TD) e no relaxamento (-dT/dt) na obesidade. Essas divergências podem ter relação com diferenças na composição das dietas, incluindo-se acréscimo de açúcar7 e/ou perfil lipídico constituinte das formulações. Utilizando modelo similar ao do presente trabalho, Vileigas et al.16 também constataram ausência de diferenças na função miocárdica em preparação de músculo papilar na condição basal e após acréscimo de isoproterenol.

Quanto à avaliação de potencial pós-pausa (PPP), pode-se afirmar que a obesidade promoveu disfunção miocárdica, muito provavelmente, em razão de alterações no trânsito intracelular de Ca2. A manobra de 60s reduziu a TD, +dT/dt e -dT/dt no miocárdio de ratos obesos ( Figura 3 ). Os dados são consistentes com estudo prévio que mostrou menor resposta contrátil em ratos obesos Zucker após 60s de PPP.35 Como -dT/dt é influenciada pela frequência de absorção de íons cálcio pelo retículo sarcoplasmático,7 a menor recaptura de Ca2 demonstrada pela -dT/dt nos ratos obesos sugere que a atividade da proteína SERCA2 foi deprimida. A diminuição da -dT/dt com altas concentrações citosólicas de Ca2 sugere que a ativação da SERCA2 via Ca2 - calmodulina cinase pode ser deprimida pela obesidade. A redução significativa da TD nos ratos obesos poderia ser resultante de redução de Ca2no retículo sarcoplasmático e também de menor liberação de Ca2 por meio dos receptores rianodínicos .

Provavelmente, os distúrbios no trânsito Ca2 e na contratilidade miocárdica em obesos decorrem da estimulação do SRAA. Quando comparados aos grupos OB e CL, os animais do OL mostraram melhor desempenho contrátil em resposta às manobras de elevação de Ca2, PPP e isoproterenol ( Figuras 2-4 ). Considerando-se a manutenção de elevada VEPP e o comportamento mecânico do músculo papilar na vigência de losartan, é provável que o desempenho sistólico tenha sido regulado por maior sensibilidade ao Ca2 no grupo OL. Nessa perspectiva, não se pode descartar um possível efeito metabólico do bloqueio de AT1, propiciando maior eficiência energética a partir da combustão melhorada de macronutrientes, em especial, lipídeos.24 , 36 Excessiva oferta de ácidos graxos pode culminar em maior atividade mitocondrial, estimulando mecanismos relacionados com aumento no trânsito de Ca2.19 , 23 Em experimento prévio, intervenção com losartan resultou na inibição de mecanismos moleculares de resistência à insulina no miocárdio, normalizando também o desempenho contrátil do coração em ratos obesos por dieta de cafeteria.11 Recentemente, o bloqueio de AT1 culminou em melhora na função mitocondrial em ratos obesos com resistência à insulina.37

Nessa perspectiva, as repercussões clínicas dos achados deste estudo são variadas. Condições de ativação do SRAA têm sido associadas a desordens metabólicas e cardiopatias.23 No presente trabalho, tem-se a descrição de distúrbios de resposta contrátil que possibilitam a proposição de intervenções voltadas ao tratamento cardiovascular em obesos.

Não obstante, embora esses efeitos tenham sido amenizados com antagonismo de AT1, não está descartada a participação de outras variáveis, comuns à dieta hiperlipídica de forma isolada, como causa de remodelação cardíaca. Em estudo prévio,8 mostramos que o consumo aumentado de lipídeos tem relação direta com indicadores de resposta cardiovascular na obesidade. Nesse sentido, essa é uma importante limitação do trabalho e novas investigações devem ser desenvolvidas para melhor esclarecer o papel isolado de ácidos graxos saturados e insaturados no presente modelo experimental.

Conclusão

Os resultados permitem concluir que a obesidade induzida por dieta promove remodelação cardíaca, sustentada por hipertrofia ventricular e disfunção miocárdica. Considerando-se que o Losartan amenizou grande parte dessas desordens, confirma-se a hipótese inicial desta investigação, segundo a qual a estimulação de receptores AT1 está associada com prejuízos na função miocárdica em ratos obesos.

Funding Statement

Fontes de financiamento

Vinculação acadêmica

Este artigo é relacionado ao tema da dissertação de Mestrado de Nayara de Araújo Muzili pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Aprovação ética e consentimento informado

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UNESP sob o número de protocolo 1000/2013. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013.

Fontes de financiamento

O presente estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq processo nº 422776/2016-5) e UFMS.

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Arq Bras Cardiol. 2020 Jul 28;115(1):17–28. [Article in English]

AT1Receptor Blockade Improves Myocardial Functional Performance in Obesity

Silvio Assis de Oliveira-Junior 1, Nayara de Araújo Muzili 1, Marianna Rabelo de Carvalho 1, Gabriel Elias Ota 1, Camila Souza de Morais 1, Larissa Fregapani da Costa Vieira 1, Mateus Oliveira Ortiz 1, Dijon H S Campos 2, Marcelo Diacardia Mariano Cezar 3,4, Marina Politi Okoshi 4, Katashi Okoshi 5, Antonio C Cicogna 2, Paula Felippe Martinez 1

Abstract

Background

Obesity has been associated with chronic activation of the renin-angiotensin-aldosterone system and with significant changes in cardiac performance.

Objective

To assess the impact of a blockade of angiotensin-II receptor type 1 (AT1receptor) on morphology and on myocardial functional performance in rats with high-fat diet- induced obesity.

Methods

Wistar rats (n=48) were submitted to control (2.9 kcal/g) or high-fat (3.6 kcal/g) diet for 20 weeks. After the 16thweek they were divided into four groups: Control (CO), Obese (OB), Control Losartan (CL) and Obese Losartan (OL). CL and OL received losartan (30 mg/kg/day) in drinking water for four weeks. Subsequently, body composition, systolic blood pressure (SBP) and echocardiographic variables were analyzed. Papillary muscle function was assessed at baseline with 2.50 mM calcium concentration ([Ca2+]o) and after inotropic maneuvers: post-pause potentiation (PPP), [Ca2+]oelevation, and during beta-adrenergic stimulation with isoproterenol. Analysis of the results was performed by the Two-Way ANOVA and by the appropriate comparison test. The level of significance was set at 5%.

Results

Although SBP change had been not maintained at the end of the experiment, obesity was associated with cardiac hypertrophy and with increased left ventricle posterior wall shortening velocity. In the study of papillary muscles in basal condition, CL showed lower developed tension maximum negative variation velocity (-dT/dt) than CO. The 60s PPP promoted lower -dT/dt and maximum developed tension (DT) in OB and CL compared with CO, and higher relative DT variation and maximum positive variation velocity (+dT/dt) in OL compared with CL and OB. Under 1.5, 2.0, and 2.5mM [Ca2+]o, the OL group showed higher -dT/dt than CL.

Conclusion

Losartan improves myocardial function in high-fat diet-induced obesity. (Arq Bras Cardiol. 2020;115(1):17-28)

Keywords: Cardiovascular Diseases; Obesity; Losartan/therapeutic use; Angiotensin II Type 1 Receptor Blockers/therapeutic use; Rats; Diet, High-fat/methods

Introduction

Obesity is a chronic and multifactorial disease resulting from interaction among many etiological factors.1 , 2 This disease is a nutritional and metabolic dysfunction that may be associated with dyslipidemia, insulin resistance and cardiovascular diseases.3 Clinical studies have shown obesity may cause morphological and functional changes in the heart.4 , 5 Moreover, experimental research proved this condition is associated with myocardial hypertrophy,6 - 8 interstitial fibrosis,8 , 9 and several molecular changes.10 , 11 These responses include disorders in expression and functioning of peptides involved with intracellular calcium handling during muscle contraction and relaxation.7 , 12 - 14

However, there are important divergences among studies regarding potential effects of high-fat diet induced obesity on myocardial performance. Jacobsen et al.15 found increased contractile phase during inotropic maneuver of papillary muscle in obese rats after three weeks of diet; other authors have found higher myocardial shortening velocity in experiments of 20,8 30,11 33,13 and 35 weeks.16 Other investigations have reported impaired cardiac contraction, showed by in vitro papillary muscles analysis of obese rats in experimental models with15 weeks of diet.7 , 17 , 18 There are also reports of unchanged cardiac function after 20,9 30,19 and 3214 weeks of dietary intervention. Therefore, cardiac performance should be further studied in high-fat diet-induced obesity experiments.

Obesity regards greater activity of the renin-angiotensin-aldosterone system (RAAS).11 , 20 , 21 High levels of angiotensin-II (Ang-II) coupling to receptors type I (AT1) exert a vasoconstrictor and a trophic effect on myocardium, stimulating several intracellular signaling cascades and multiple physiological responses.21 - 23 RAAS activation is the main mechanism responsible for blood pressure disorders and cardiac remodeling in obesity; these effects were attenuated after AT1antagonism.16 , 11 , 21 , 24 However, when considering the in vitro analysis of the papillary muscle, the association between RAAS activation and ventricular remodeling in obesity models based on high-fat diet administration is scarcely studied.

The in vitro preparation of papillary muscle allows myocardial contractile capacity measurements in terms of shortening and force generation, despite changes in load, heart rate and heart geometry; such conditions modify mechanical performance in vivo .7 , 13 , 17 , 19 Using inotropic and lusitropic maneuvers, myocardial performance may also be studied to identify changes in contraction and relaxation that could not be observed under baseline conditions. The most used maneuvers are post-pause potentiation, extracellular [Ca2] elevation and beta-adrenergic stimulation.7

From this perspective, the objective of this study was to assess the influence of AT1blockade on cardiac morphology and performance using in vitro papillary muscle analysis in rats with saturated high-fat diet induced obesity. The initial hypothesis is that obesity is associated with changes in myocardial functional performance, sustained under different stimulation conditions; these responses are attenuated by AT1receptor antagonism.

Methods

Animal and experimental design

Male Wistar rats (n=48), aged 30 days-old were used from the Animal Center of São Paulo State University – UNESP – Botucatu/SP, Brazil. The sample size definition was based on a previous study,19 developed with a similar experimental model and functional analysis of the isolated papillary muscle.

Firstly, animals were divided into two groups: control (CO), treated with control diet (2.9 kcal/g), and obese (OB), fed with high-fat diet with a predominance of saturated fatty acids (3.6 kcal/g).9 The following ingredients were used for both dietary preparations: corn bran, soybean bran and hulls, dextrin, and palm and soybean oils, plus vitamin and mineral supplementation. In terms of saturated/unsaturated fatty acids content,9 , 16 while the control diet presented 61.6/38.4%, the high-fat diet showed 64.8/35.2%.

After 16 weeks, the animals were allocated into four groups: CO, OB, CL and OL. For another four weeks, while CO and OB continued to receive their respective diets, CL and OL also received losartan in drinking water (30 mg/kg/day).11 The animals were kept in individual cages at 22±2°C (room temperature), 55±5% humidity, and 12 hours light/dark lighting cycles. The experimental protocol was reviewed and approved by the Ethics Committee on Animal Experiments of the Botucatu Medical School (protocol 1000/2013).

Cardiovascular study

The cardiovascular study involved systolic blood pressure (SBP) measurement, cardiac morphology assessment, echocardiographic functional analysis and in vitro papillary muscle study. SBP and echocardiogram analysis were performed at 16 and 20 weeks of the experiment. SBP was obtained by plethysmography26 using a sphygmomanometer (Narco Bio-Systems®, model 709-0610 - International Biomedical, Austin, TX, USA). For echocardiography, the animals were anesthetized with a mixture of ketamine hydrochloride (50 mg/kg) and xylidine hydrochloride (1 mg/kg) administered intramuscularly. After trichotomy in the anterior thorax, each animal was positioned in the left lateral position. For cardiac geometry analysis, one-dimensional images (M-mode) were obtained with the ultrasound beam adjusted in the two-dimensional mode, keeping the transducer on the parasternal position and smaller axis.

Left ventricle (LV) imaging was obtained by positioning the M-mode cursor below the mitral valve plane at the papillary muscles level.27 Aortic and left atrial images were obtained with the M-mode cursor positioned at the aortic plane level. Images were recorded on a printer (model UP-890, Sony Co.). Cardiac structures were measured manually with a caliper. During the maximum ventricular cavity diameter, LV diastolic diameter (LVDD), LV posterior wall diastolic thickness (LVDT), and interventricular septum (IVDT) were measured. The LV systolic diameter (LVSD) was assessed during the minimum cavity diameter. The left atrium (LA) was measured at its maximum diameter. LV weight (LVW) was estimated according to the following formula: LVW = [(LVDD+LVDT+IVDT)3- (LVDD)3] x 1.04. The ratio between LVDD and tibia length was also considered.

LV systolic function was assessed by posterior wall shortening velocity (PWSV) and percentage of eendocardium fractional shortening (% ES) = [(LVDD-LVSD)/LVDD]. The diastolic function was analyzed by the following indexes: 1) ratio between the initial filling flow velocity peaks (E wave) and the atrial contraction (A wave) of the transmitral flow (E/A); 2) E wave deceleration time (EDT); 3) isovolumetric relaxation time (IVRT); 4) early mitral annulus diastolic displacement velocity peak (E’) and late mitral annulus diastolic displacement velocity peak (A’) obtained by tissue Doppler; and 5) ratio between the waves E and E’ (E/E’). All measurements were performed by the same expert according to the American Society of Echocardiography28 procedures, using an echocardiograph (General Electric Medical Systems, Vivid S6, Tirat Carmel, Israel), equipped with a multifrequency electronic transducer (5-11.5 MHz).

General characterization and in vitro analysis of myocardial performance

Caloric intake was assessed daily.6 - 8 Feeding efficiency was obtained from the relationship between body weight variation and total energy intake.6 - 8 Body weight was measured weekly, while weight gain was obtained from the difference between initial and final body weight values. Adipose tissue from the retroperitoneal, epididymal, and visceral regions was used to determine body fat content.6 - 12

Myocardial performance was assessed by in vitro study with papillary muscle isolated from LV.7 , 16 , 18 , 29 After 20 weeks, animals were submitted to intraperitoneal anesthesia with ketamine hydrochloride (80 mg/kg), xylazine (5 mg/kg), and euthanasia. After median thoracotomy, the heart was removed and dissected. Atria, right ventricle (RVW) as well as left ventricle (LVW) were weighted for macroscopic morphological analysis. Dissected LV papillary muscles were placed between two stainless steel rings and positioned vertically within a glass chamber containing Krebs-Henseleit solution at 28°C, continuously oxygenated with O2(95%) and CO2(5%). The Krebs solution composition was the following: 118.5 mM NaCl; 4.69 mM KCl; 2.50 mM CaCl2; 1.16 mM MgSO4; 1.18 mM KH2PO4; 5.50 mM glucose; and 24.88 mM NaCO3. The lower end of the inferior ring was coupled to a 120T-20B force transducer (Kyowa, Tokyo, Japan) by a steel wire (1/15,000) running through a mercury-filled slot in the glass chamber floor.7 , 16 , 18 , 29

The muscles were kept on isotonic contraction against a light loading for 60 minutes; afterwards, they were then kept on isometric contraction and gradually stretched until the maximum developed tension (DT) was achieved. After 5 minutes under isotonic contraction, the muscles were placed back in isometric contraction to determine the tension-length curve (Lmax) peak. The papillary muscles behavior was assessed at baseline with a 2.50 mM calcium concentration ([Ca2]o) and after the following inotropic maneuvers: post-rest potentiation (PPP), extracellular [Ca2] elevation since 0.5 until 2.5 mM, and during beta-adrenergic stimulation with 0.1 and 1.0 mM isoproterenol. Post-pause potentiation was studied in extracellular [Ca2] equal to 1.50 mM, where the stimulus was stopped for 30 and 60 seconds before it restarted.7 , 30

After PPP, the papillary muscle response was assessed after extracellular [Ca2]omaneuver.31 Isometric contractile parameters were recorded after 10 minutes with progressive calcium addition (0.5 to 2.5mM) in the extracellular solution. The beta-adrenergic system stimulation has also been studied to test beta-adrenergic complex integrity, troponin C sensitivity, and calcium absorption by the sarcoplasmic reticulum.7 , 31 Beta adrenergic receptor stimulation was induced using cumulative isoproterenol concentrations (0.1 to 1.0 mM) in the presence of 1.0 mM [Ca2]o.

Mechanical variables

Conventional mechanical responses at Lmaxwere obtained in isometric contraction: maximum developed tension normalized by the transverse sectional area of the papillary muscle (DT [g/mm2]) and maximum positive variation velocities (+dT/dt [g/mm2/s]); and maximum negative variation velocity (-dT/dt [g/mm2/s]) of maximum developed tension (DT), normalized by the transverse sectional area of the papillary muscle. The measures used to characterize papillary muscle size included length (mm), muscle weight (mg) and transverse sectional area (TSA [mm2]). At the end of each experiment, Lmaxwas measured with the Gaertner catheter (Gaertner Scientific Corporation, Chicago, IL, USA), and the muscle portion between the steel rings was cut and weighed. TSA was obtained from a ratio between muscle weight and length, assuming uniformity and a specific 1.0 gravity.

Statistical analysis

A Sigma-Stat version 3.5 software was used for data analysis. Firstly, the results were subjected to normality analysis by the Kolmogorov-Smirnov test. Since the variables had parametric distribution, measures were presented as mean and standard-deviation. Nutritional results, body composition, cardiac morphology and functional performance of the papillary muscle were analyzed using the two-way analysis of variance ( Two-Way ANOVA) and the Tukey’s multiple comparisons test. SBP and echocardiogram measurements were analyzed by Two-Way ANOVA in the repeated measures (RM) model, and Bonferroni multiple comparison test. The level of significance was set at 5%.

Results

Results of nutritional profile, body composition and cardiac macroscopic morphology are shown in Table 1 . Although caloric intake was unchanged, OB and OL showed higher fat intake and feed efficiency than CO and CL, respectively. Obesity was characterized by higher measures of body weight and adiposity.

Table 1. – Mean and standard deviation of nutritional variables, murinometry and cardiac morphology according with group.

Variable Group

CO OB CL OL
Nutritional Profile Body weight (g) 451 ± 58 507 ± 64 * 456 ± 49 517 ± 50
Caloric intake (Kcal) 81.9 ± 8.2 80.7 ± 7.5 80.3 ± 9.2 78.7 ± 7.9
Total intake of unsaturated lipids (g) 122 ± 12 235 ± 22 * 120 ± 14 230 ± 23
Total intake of saturated lipids (g) 196 ± 20 433 ± 40 * 193 ± 22 422 ± 43
Feed efficiency (%) 26.82 ± 2.11 32.22 ± 4.38 * 28.43 ± 0.94 35.12 ± 4.78
Adiposity (%) 3.48 ± 0.73 5.19 ± 1.47 * 3.61 ± 1.27 5.50 ± 1.48
Cardiac Morphology Atria (g) 0.096 ± 0.015 0.113 ± 0.015 * 0.092 ± 0.009 0.100 ± 0.022
Atria/ Tibia (mg/mm) 2.22 ± 0.33 2.59 ± 0.35 * 2.15 ± 0.21 2.29 ± 0.46
RVW (g) 0.231 ± 0.029 0.241 ± 0.030 0.230 ± 0.039 0.245 ± 0.040
RVW/Tibia (mg/mm) 5.36 ± 0.68 5.50 ± 0.70 5.34 ± 0.79 5.64 ± 0.86
LVW (g) 0.844 ± 0.083 0.950 ± 0.099 0.800 ± 0.082 * 0.799 ± 0.087
LVW/Tibia (mg/mm) 19.6 ± 1.7 21.7 ± 2.4 * 18.7 ± 1.5 18.4 ± 1.7

RVW: right ventricular weight; LVW: left ventricular weight; CO: Control group; OB: Obese group; CL: Control Losartan group; OL: Obese Losartan group Group’s effects: * p <0.05 compared to CO; † p <0.05 compared to OB; ‡ p <0.05 compared to CL; Two-Way ANOVA and Tukey test.

OB presented higher values of atria weight and respective relationships between atrial weight and LV weight with tibia length compared to CO regarding cardiac morphology. Losartan promoted lower atrial and LV measurements comparing OL with OB in absolute values and when normalized by tibia length, as shown in Table 1 .

Table 2 presents SBP results, structure and performance of the heart, assessed by echocardiography. After 16 weeks, obesity was associated with higher SBP; losartan led to SBP reduction in CL and OL at the end of the experiment. The ratio between left ventricular diastolic diameter (LVDD) and tibia length was similar among groups and between the moments. At the end of the experiment, obesity culminated in a higher posterior wall shortening velocity (PWSV), as observed in OB and OL. Considering the diastolic performance, OL presented lower E/A ratio than CL at the 20thweek. Tissue Doppler of late diastolic mitral valve annular velocity (A’ average) was lower in CL than CO; S average and E’ average were increased from week 16 to week 20 in OL.

Table 2. – Mean and standard deviation of systolic blood pressure, measures of structure and functional performance of the heart analyzed by echocardiogram and left ventricular tissue Doppler, according to group and time of assessment.

Variable Moment Group

CO OB CL OL
SBP (mmHg) 16th Wks 119.4 ± 9.2 133.3 ± 12.3 * 119.5 ± 9.4 132.0 ± 9.6
20th Wks 129.6 ± 9.3 139.3 ± 12.6 103.0 ± 13.2 *§ 107.7 ± 7.4† §
HR (bpm) 16th Wks 277 ± 41 272 ± 27 276 ± 48 273 ± 44
20th Wks 285 ± 32 266 ± 39 265 ± 39 277 ± 39
LA (mm) 16th Wks 5.47 ± 0.79 5.80 ± 0.60 5.87 ± 0.74 5.81 ± 0.89
20th Wks 5.69 ± 0.56 5.95 ± 0.55 5.70 ± 0.60 5.77 ± 0.67
LA/AO 16th Wks 1.37 ± 0.18 1.45 ± 0.14 1.48 ± 0.14 1.42 ± 0.18
20th Wks 1.42 ± 0.16 1.44 ± 0.10 1.40 ± 0.11 1.42 ± 0.12
LVDT (mm) 16th Wks 1.317 ± 0.072 1.374 ± 0.044 1.313 ± 0.071 1.361 ± 0.058
20th Wks 1.272 ± 0.067§ 1.305 ± 0.043§ 1.262 ± 0.085§ 1.271 ± 0.061§
LVDD (mm) 16th Wks 7.95 ± 0.64 7.91 ± 0.37 7.80 ± 0.57 7.82 ± 0.44
20th Wks 8.11 ± 0.41 8.15 ± 0.26 8.06 ± 0.54 8.08 ± 0.52
LVDD/ Tibia (mm/mm) 16th Wks 0.184 ± 0.015 0.180 ± 0.008 0.182 ± 0.012 0.180 ± 0.007
20th Wks 0.188 ± 0.010 0.186 ± 0.007 0.188 ± 0.011 0.187 ± 0.012
LVSD (mm) 16th Wks 3.65 ± 0.68 3.56 ± 0.39 3.54 ± 0.65 3.69 ± 0.56
20th Wks 3.66 ± 0.42 3.55 ± 0.50 3.86 ± 0.67 3.75 ± 0.62
PWSV (mm/s) 16th Wks 40.44 ± 4.70 43.63 ± 2.95 42.31 ± 5.11 39.29 ± 3.96
20th Wks 42.92 ± 4.45 48.72 ± 4.81 *§ 42.82 ± 3.60 47.96 ± 4.03‡ §
EF 16th Wks 0.900 ± 0.039 0.907 ± 0.023 0.903 ± 0.037 0.892 ± 0.037
20th Wks 0.907 ± 0.022 0.914 ± 0.033 0.887 ± 0.039 0.898 ± 0.037
ES (%) 16th Wks 54.32 ± 6.38 55.00 ± 3.72 54.83 ± 6.28 52.92 ± 5.41
20th Wks 54.94 ± 3.58 56.49 ± 5.67 52.34 ± 5.73 53.83 ± 5.45
E/A 16th Wks 1.65 ± 0.35 1.49 ± 0.25 1.52 ± 0.25 1.43 ± 0.23
20th Wks 1.60 ± 0.33 1.50 ± 0.23 1.74 ± 0.27 1.39 ± 0.26
EDT (ms) 16th Wks 50.09 ± 6.85 49.50 ± 4.56 47.64 ± 8.69 51.10 ± 6.19
20th Wks 47.64 ± 7.47 50.58 ± 6.59 50.17 ± 5.84 54.40 ± 5.77
IVRT 16th Wks 58.88 ± 6.98 58.12 ± 4.22 55.38 ± 7.72 54.66 ± 5.26
20th Wks 53.60 ± 4.22 52.47 ± 4.87 53.49 ± 7.17 52.72 ± 3.78
S’(cm/s) 16th Wks 3.57 ± 0.31 3.79 ± 0.28 3.72 ± 0.24 3.79 ± 0.45
20th Wks 4.00 ± 0.24§ 4.05 ± 0.47 3.91 ± 0.29 4.19 ± 0.27§
E’ (cm/s) 16th Wks 4.62 ± 0.53 4.23 ± 0.40 4.25 ± 0.39 4.04 ± 0.53
20th Wks 4.85 ± 0.57 4.80 ± 0.32§ 4.83 ± 0.38§ 4.92 ± 0.52§
A’ (cm/s) 16th Wks 3.75 ± 0.86 3.85 ± 0.59 3.78 ± 0.83 3.49 ± 0.50
20th Wks 4.37 ± 0.87 3.78 ± 1.08 3.61 ± 0.75 * 4.31 ± 0.81§
E/E’ 16th Wks 16.80 ± 3.62 18.76 ± 3.13 18.12 ± 2.27 18.86 ± 2.61
20th Wks 17.89 ± 2.59 18.79 ± 2.35 17.27 ± 1.52 17.22 ± 2.51

SBP: systolic blood pressure; HR: heart rate; LA / AO: relationship between the diameters of the left atrium (LA) and the aortic artery (AO); LVDT: diastolic thickness of the posterior wall; LVDD: left ventricular diastolic diameter; LVSD: left ventricular systolic diameter; PWSV: posterior wall shortening velocity; EF: ejection fraction; ES: endocardial shortening; E / A: relationship between the E and A waves of the transmitral flow; IVRT: isovolumetric relaxation time; EDT: E wave deceleration time; S ‘: systolic velocity of the mitral valve ring at tissue Doppler (TDI); E ‘: TDI of the diastolic velocity of the mitral valve ring (mean between septal and lateral walls); A ‘: TDI of the late diastolic velocity of the mitral valve ring (mean of the septal and lateral walls); E / E ‘: relation obtained between the velocities of the initial mitral valve flow and the TDI of the mitral valve ring; CO: Control group; OB: Obese group; CL: Control Losartan group; OL: Obese Losartan group. Group’s effects: * p <0.05 compared to CO; † p <0.05 compared to OB; ‡ p <0.05 compared to CL; Moment’s effect: § p <0.05 compared to the 16th week (Wks); Two-Way RM ANOVA and Bonferroni test.

The functional performance of the papillary muscles is shown in Figures 1 to 4 . Under basal conditions, the DT and +dT/dt indexes were similar among groups ( Figure 1A and 1B ), while the -dT/dt was lower in CL than CO ( Figure 1C ). The effects of diverse calcium concentrations on papillary muscle performance are shown in Figure 2 . Increasing [Ca2]ofrom 1.0 to 2.5 mM resulted in higher DT, +dT/dt and -dT/dt values in all groups. OL showed higher DT, +dT/dt and -dT/dt values compared to CL at calcium concentrations of 1.5, 2.0, and 2.5 mM. In the 2.5 mM [Ca2]omaneuver, DT (CO, 109±37; OB, 113±31; CL, 98±33; OL, 134±46%) and +dT/dt measures (CO, 118±43; OB, 122±27; CL, 109±37; OL, 153±49%) were higher in OL than OB ( Figure 2A and 2B ).

Figure 1. – Functional papillary muscle assessment at baseline with extracellular [Ca2+] equal to 2.5 mM; results in mean±SD; (A) DT: maximum developed tension; (B) +dT/dt: maximum DT variation speed; (C) –dT/dt: maximum DT decrease; CO: Control group; OB: Obese group; CL: Control Losartan group; OL: Obese Losartan group. * p<0.05 compared to CO; Two-Way ANOVA and Tukey Test.

Figure 1

Figure 2. – Functional papillary muscle assessment according to extracellular calcium concentration (1.0-2.5 mM). Results expressed regarding the baseline with extracellular [Ca2+] equal to 0.5 mM value (mean±SD); (A) DT: maximum developed tension; (B) +dT/dt: maximum positive DT change; (C) -dT/dt, maximum DT decrease. CO: Control group; CL: Control Losartan group; OB: Obese group; OL: Obese Losartan group. Group’s effect: † p<0.05 compared to OB; ‡ p<0.05 compared to CL. Calcium’s Effect: §, p<0.05 compared to 1.0 mM; ¶, p<0.05 compared to 1.5 mM; Two-Way RM ANOVA and Bonferroni Test.

Figure 2

Figure 3 presents results of papillary muscles functional performance in response to PPP. In general, the PPP variation from 30 to 60s culminated in increased DT, +dT/dt and -dT/dt values. In the 60s PPP, OB group showed lower DT, +dT/dt and -dT/dt measurements than CO; OL showed higher DT (CO, 65.7±23.6; OB, 56.3±13.9; CL, 58.0±17.4; OL, 66.4±17.4%) than OB and CL, and higher +dT/dt values (CO, 70.0±14.9; OB, 59.3±15.9; CL, 62.7±20.0; OL, 70.7±20.7%) when compared with CL.

Figure 3. – Isolated papillary muscle assessement, according to post-pause potentiation (PPP) time. Results are expressed regarding the baseline with extracellular [Ca2+] equal to 0.5 mM value (mean±SD); (A) DT: maximum developed tension; (B) +dT/dt: maximum positive DT change; (C) –dT/dt: maximum DT decrease; CO: Control group; CL: Control Losartan group; OB: Obese group; OL: Obese Losartan group. PPP’s effect: §, p<0.05 compared to 30s; Group’s effect: * p<0.05 vs CO; † p<0.05 compared to OB; ‡ p<0.05 compared to CL. Two-Way RM ANOVA and Bonferroni Test.

Figure 3

Regarding the β-adrenergic stimulation maneuvers, according to Figure 4 , concentrations of 0.1 and 1mM showed an increase in DT when compared to basal conditions. The 1mM isoproterenol maneuver resulted in reduced +dT/dt in OB ( Figure 4B ) and increased the -dT/dt measurements in all groups when compared to baseline and 0.1mM concentrations ( Figure 4C ). Considering the group effect, CL showed higher DT (CO, 22.8±11.4; OB, 19.5±10.9; CL, 40.4±13.6; OL, 28.7±11.9%) and lower -dT/dt than CO (CO, 67.5±18.5; OB, 67.2±22.6; CL, 25.3±9.2; OL, 68.8±19.1%) in response to 0.1mM isoproterenol.

Figure 4. – Functional assessment of the isolated papillary muscle, according to Isoproterenol concentration. Results expressed regarding the baseline with extracellular [Ca2+] equal to 1.0 mM value (mean±SD); (A) DT: maximum developed tension; (B) +dT/dt: maximum positive DT change; (C) -dT/dt: maximum DT decrease; CO: Control group; OB: Obese group; CL: Control Losartan group; OL: Obese group under Losartan. Group’s effect: * p<0.05 compared to C; ‡ p<0.05 compared to CL. Isoproterenol’s Effect: §, p<0.05 compared to Baseline; ¶, p<0.05 vs 0.1 mM; Two-Way RM ANOVA and Bonferroni Test.

Figure 4

Discussion

This study aimed to assess potential effects of AT1receptor antagonism on cardiovascular characteristics in obese rats. Obese rats exhibited SBP changes, LV hypertrophy, alterations in systolic performance assessed by echocardiography, and disorders of papillary muscle function. Most of these effects have been attenuated by the losartan administration, an AT1receptor antagonist intervention.

This experimental model is characterized by the induction of obesity from the high-fat diet administration, with a predominance of saturated fatty acids.9 , 16 In this context, despite the unchanged caloric consumption between groups, the obese animals showed higher measures of lipid intake and energy efficiency when compared to the respective control counterparts. As a result, body weight and adiposity values were also higher in obesity. Due to higher energy density of lipids, consumption of high-fat diets is associated with accumulation of body reserves and adipose tissue hypertrophy9 , 16 - 19 . Probably, the positive weight variation of obese animals resulted from increased adiposity, as previously reported.9 , 11 , 19

SBP was higher in obese after 16 experimental weeks. The association between obesity and blood pressure changes has also been confirmed by other studies.8 , 11 , 17 Also, SBP was chronically increased after physical stress32 and in response to experimental period,8 even though baseline levels were unchanged at the end of the experiment. In general, inflammatory and/or neurohormonal factors regarding excess adipose tissue contribute to the occurrence of hemodynamic disorders in obese.20 , 23 In the presence of losartan, SBP levels were reduced, confirming the RAAS participation in promoting obesity-derived hemodynamic pressure disorders.

In turn, persistent increase in SBP has been associated with higher afterload, parietal deformation and cardiac hypertrophy.33 , 34 The results of this study confirmed ventricular hypertrophy and high systolic performance, as shown by the higher PWSV in obesity according to Table 2 . Systolic function is affected by several factors, including heart rate, contractility, and changes in preload and afterload.33 Although obesity did not change heart rate and ventricular geometry, larger wall measurements could preserve or decrease preload. However, reduced preload could cause lower ejection,11 , 33 which was not confirmed by the results. Likewise, increased systolic performance is associated with ventricular hypertrophy and/or changes in afterload in OB. The afterload is a mechanical variable directly influenced by changes in pressure and intraventricular diameter and inversely related to ventricular wall thickness.33 , 34

However, the papillary function assessment showed that obesity per se was not associated with basal changes, not only in response to various [Ca2] but also isoproterenol concentrations. A previous study showed decreased contractile strength and other functional disorders in basal conditions of obese papillary muscles.35 Lima-Leopoldo et al.7 showed that increased Ca2extracellular concentration resulted in lower values of myocardial parameters of contraction (DT) and relaxation (-dT/dt) in obesity. These divergences may regard differences in dietary compositions, including added sugar7 and/or lipid profile from formulations. Based on using a similar intervention to this study, Vileigas et al.16 also found unchanged myocardial function in papillary muscle preparation at baseline and after isoproterenol addition.

Regarding the PPP assessment, obesity promoted myocardialdysfunction, most probably due to changes in intracellular Ca2handling. The 60s maneuver reduced DT, +dT/dt and -dT/dt values in myocardium of obese rats, as in Figure 3 . The results agree with previous studies showing lower contractile response in obese Zucker rats after 60s of PPP35 . As -dT/dt is influenced by the frequency of calcium ions absorption into the sarcoplasmic reticulum,7 the lower Ca2recapture shown by -dT/dt in obese rats suggests that SERCA2 protein activity was reduced. Decreasing -dT/dt with high cytosolic Ca2concentrations suggests that activation of SERCA2 from Ca2/ calmodulin-dependent protein kinase may be shortened by obesity. Important reduction in DT of obese rats could result not only from Ca2reduction in the sarcoplasmic reticulum, but also from a lower Ca2release through the Rianodine receptors.

The disturbances in Ca2intracellular handling and myocardial contractility in obese rats probably result from the RAAS stimulation. When compared with OB and CL, OL animals showed better contractile performance in response to Ca2, PPP and isoproterenol elevation maneuvers ( Figures 2-4 ). Considering the high PWSV maintenance and the mechanical behavior of the papillary muscle in response to losartan, it is likely that systolic performance was regulated by greater sensitivity to Ca2in OL. From this perspective, one cannot rule out a possible metabolic effect of AT1blockade, providing greater energy efficiency from improved combustion of macronutrients, especially lipids.24 , 36 Excessive fatty acids supply may promote greater mitochondrial activity, stimulating mechanisms regarding increased Ca2handling.19 , 23 In a previous experiment, intervention with losartan resulted in the inhibition of molecular mechanisms of myocardial insulin resistance, improving contractile heart performance in obese rats by cafeteria diet.11 Recently, AT1blockade resulted in improved mitochondrial function in obese insulin-resistant rats.37

From this perspective, the clinical repercussions of the findings of this study are diverse. RAAS activation conditions have been associated with metabolic disorders and heart disease.23 In this study, important contractile disorders were shown, which could be the focus of interventions for cardiovascular treatment in obese patients.

However, isolated effects of dietary variables as a cause of cardiac remodeling cannot be ruled out, although these effects have been improved with AT1antagonism. In a previous study,8 increased lipid consumption was shown to be directly related to characteristics of cardiovascular response in obesity. Therefore, this is an important study limitation and new investigations should be developed to better clarify the isolated role of saturated and unsaturated fatty acids in this experimental model.

Conclusion

In conclusion, high-fat diet-induced obesity promotes cardiac remodeling, sustained by ventricular hypertrophy and myocardial dysfunction. Considering that Losartan attenuated most of these disorders, the initial hypotheses of this investigation was confirmed, according to which the AT1receptor stimulation is associated with impaired myocardial function in obese rats.

Study Association

This article is related to the thesis of master submitted by Nayara de Araújo Muzili, from Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Ethics approval and consent to participate

This study was approved by the Ethics Committee of the UNESP under the protocol number 1000/2013. All the procedures in this study were in accordance with the 1975 Helsinki Declaration, updated in 2013.

Sources of Funding

This study was funded by Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Financial code 001, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq - process nº 422776/2016-5), and Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS).


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