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. 2021 Aug 9;117(2):329–340. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20200233
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Taxas de Mortalidade por Doenças Cardiovasculares e Câncer na População Brasileira com Idade entre 35 e 74 Anos, 1996-2017

Antonio de Padua Mansur 1,, Desiderio Favarato 1
PMCID: PMC8395784  PMID: 34495229

Resumo

Fundamento:

As doenças cardiovasculares (DCV) e câncer são as principais causas de morte no mundo. Essas doenças apresentam muitos fatores de risco em comum, e o controle de fatores de risco tradicionais para DCV foi associado com menor incidência de câncer.

Objetivo:

Analisar tendências nas taxas de mortalidade por câncer na população brasileira com idade entre 35 e 74 anos de 1996 a 2017.

Métodos:

As tendências nas taxas de mortalidade (bruta e ajustada por idade) foram analisadas quanto a todas as causas de morte, DCV e câncer. Os dados foram obtidos do banco de dados de mortalidade do Ministério da Saúde. O programa Joinpoint Regression foi usado para análise das tendências e ajustes nas taxas de saúde. O grau de mudanças nas taxas foi determinado pela variação percentual anual média (VPAM). O nível de significância estatística foi estabelecido em p<0,05.

Resultados:

A mortalidade por todas as causas (VPAM=-1,6%; p<0,001), CVD (VPAM =-2,3; p<0,001), doenças isquêmicas do coração (DIC) (VPAM =-1,6; p<0,001) e doenças cerebrovasculares (DCbV) (VPAM =-3.7; p<0.001) diminuiu. As mesmas tendências foram observadas para DCV em homens e mulheres (p<0,001). As taxas de mortalidade por todos os tipos de câncer (AAPC=-0,1; p=0,201), em homens (VPAM =-0,1; p=0,193) e mulheres (VPAM =-0,1; p=0,871) permaneceram inalteradas. Em 2002, a mortalidade por câncer excedeu a soma de mortes por DIC e DCbV. Se as tendências continuarem, a mortalidade por câncer também excederá a mortalidade por DCV até 2024. Nas mulheres, a mortalidade por câncer de mama, pulmão e cólon, aumentou, e a mortalidade por câncer de colo de útero e de estômago diminuiu. Nos homens, a mortalidade por câncer de pulmão, estômago, e esôfago diminuiu, e por câncer de próstata permaneceu inalterada.

Conclusão:

As DCV são atualmente as principais causas de morte no Brasil, mas as taxas de morte por câncer irão superar as taxas por DCV em poucos anos.

Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares/mortalidade, Epidemiologia, Mortalidade, Brasil, Doenças cerebrovasculares, Neoplasias, Isquemia Miocárdica

Introdução

As doenças cardiovasculares (DCV) e as neoplasias são as principais causas de morte no Brasil e no mundo.1,2 Em 2017, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) foram responsáveis por 73,4% das mortes no mundo.2 Acredita-se que mais de 85% das mortes prematuras por DCNT de pessoas com idade entre 30 e 69 anos ocorreram em países de baixa renda.3 Doenças isquêmicas do coração (DIC) e doenças cerebrovasculares (DCbV) foram responsáveis por 60% das mortes por DCV. Um estudo prévio conduzido no Brasil apresentou uma tendência de diminuição da mortalidade por DCV de 1980 a 2012.4 Durante esse período, a mortalidade por DCbV reduziu de maneira mais significativa que a mortalidade por DIC. A mortalidade por DCV teve importante variações regionais no Brasil, com taxas mais altas nas regiões sul e sudeste,5 e convergência das taxas de mortalidade por DIC e DCbV nas cinco regiões. A convergência das taxas de mortalidade nessas regiões ocorreu mais cedo para DCbV, ao redor do ano de 1999, e mais tarde para DIC, no ano de 2007.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), câncer foi a segunda principal causa de morte por DCNT na população mundial.3 Em muitos países desenvolvidos, câncer foi a principal causa de morte em adultos com idade inferior a 70 anos. Nos EUA, a taxa de mortalidade por câncer foi mais alta que a mortalidade por DCV no grupo etário de 45 a 64 anos de 1999 a 2017,6 e diminuiu em 27% de 1991 a 2016. De 2007 a 2016, a redução anual foi de 1,4% nas mulheres e de 1,8% nos homens.7 No Brasil, câncer foi a segunda principal causa de morte em 2017.1

As DCV e câncer apresentam alguns fatores de risco em comum. Os principais fatores de risco para DCV estão também associados com uma maior incidência de câncer. Uma metanálise recente mostrou que cada fator de risco para DCV – tabagismo, hipertensão, diabetes, obesidade, consumo excessivo de álcool, sedentarismo e baixo nível socioeconômico, foi associado com maior incidência de câncer.8 Por outro lado, o controle dos principais fatores de risco para DCV associou-se com uma redução significativa na incidência de câncer.9 Assim, o controle dos fatores de risco para DCV tem um impacto significativo na redução de taxa de mortalidade por câncer.

Este estudo analisou tendências nas taxas de morte por todas as causas, por DCV, DIC, DCbV e câncer em mulheres e homens da população brasileira entre 1996 e 2017.

Métodos

Nós analisamos tendências de taxa de morte por todas as causas, DCV, DIC, DCbV e câncer em homens e mulheres brasileiros entre 1996 e 2017. A taxa de mortalidade por 100 000 pessoas foi avaliada a cada cinco anos no grupo etário entre 35 e 74. A taxa de mortalidade ajustada por idade (por 100 000 pessoas) foi calculada para esse grupo etário para o período do estudo (1996-2017) usando-se o método direto estabelecido pela OMS (2000). Os dados de mortalidade foram obtidos da Estatística Vital do DATASUS do Ministério da Saúde, disponível online em www2.datasus.gov.br.10 As causas de morte foram classificadas segundo Classificação Internacional de Doenças (CID), 10ª revisão. As DCV foram agrupadas em códigos I00 a I99, a DIC em códigos entre I20 e I25, DCbV em códigos entre I60 e I69, e câncer em códigos entre C00 e C97. Os códigos usados para câncer de pulmão, estômago, próstata, esôfago, cólon, mama, e cervical foram, respectivamente: C34, C15, C61, C15, C18, C50 e C53. As cinco causas principais de morte foram analisadas em mulheres e homens no período entre 1996 e 2017.

Análise estatística

Utilizamos o programa Joinpoint Regression Program versão 4.7.0.0 da Divisão de Controle de Câncer e Estudos Populacionais do Instituto Nacional do Câncer (National Cancer Institute, Division of Cancer Control and Population Sciences) para análise de tendências da taxa de morte ajustada por idade.11 A análise por joinpoint foi usada para identificar os anos (variável independente) no qual mudanças significativas na taxa de mortalidade (variável dependente) ocorreram durante o período de estudo. A intensidade das mudanças foi determinada pela variação percentual anual média (VPAM). As inclinações das linhas de regressão de DCV versus câncer e DIC versus DCbV foram comparadas pelo programa Microsoft Excel 2010 usando a estatística t e a distribuição t bicaudal.12 O nível de significância estatística foi estabelecido em p<0,05. O estudo não necessitou de aprovação por comitê de ética uma vez que os dados de mortalidade foram obtidos de um website público, e não se conhecia a identidade dos participantes.

Resultados

A taxa de mortalidade ajustada por idade para DCV e câncer por 100 000 pessoas correspondeu a 50% das mortes por todas as causas. DCV e câncer foram responsáveis por aproximadamente 30% e 20% da mortalidade total, respectivamente. A mortalidade por DCV diminuiu em 38% de 1996 a 2017, e a mortalidade por câncer permaneceu a mesma (p<0,01 para as comparações das inclinações das linhas de regressão das taxas de mortalidade ajustada pela idade por DCV e câncer). Em 1996, a mortalidade por câncer foi 52% menor que a mortalidade por DCV, mas 22% mais baixa em 2017. Se essas tendências continuarem, a mortalidade por câncer será igual à mortalidade por DCV no início de 2024 (Figura 1). Igualmente, a taxa bruta de mortalidade analisada a cada cinco anos no período entre 35 e 74 anos mostrou que a mortalidade por DCV foi sempre mais alta que a taxa de mortalidade por câncer (Tabela 2).

Figura 1. Tendências nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) e câncer na população brasileira com idade entre 35 e 74 anos, entre 1996 e 2017.

Figura 1

Tabela 2. Taxas de mortalidade (por 100000 pessoas) por doenças cardiovasculares (DCV) e câncer na população geral no Brasil entre 1996 e 2017.

Doenças cardiovasculares Câncer
Faixa etária 1996 2017 % mudança VPAM (%) IC99% 1996 2017 % mudança VPAM (%) IC99%
35 – 39 47,62 26,36 –45 –2,5* –2,8 –2,2 26,64 25,65 –4 –0,3* –0,5 –0,1
40 – 44 88,85 49,41 –44 –2,8* –3,0 –2,7 49,73 43,99 –12 –0,9* –1,0 –0,7
45 – 49 153,2 87,01 –43 –2,8* –3,1 –2,6 86,77 76,26 –12 –0,9* –1,2 –0,6
50 – 54 245,94 146,86 –40 –2,7* –3,0 –2,4 135,69 130,53 –4 –0,5* –0,8 –0,2
55 – 59 394,94 229,14 –42 –2,5* –2,9 –2,2 212,25 209,39 –1 –0,1 –0,4 0,2
60 – 64 614,22 383,33 –38 –2,2* –2,4 –2,0 306,56 316,44 3 0,1 –0,1 0,2
65 – 69 936,57 599,92 –36 –2,1* –2,3 –1,9 431,34 441,09 2 0,1 –0,1 0,3
70 – 74 1449,9 952,99 –34 –2,0* –2,2 –1,8 566,21 610,74 8 0,2 –0,0 0,4
Homens
35 – 39 57,21 32,28 –44 –2,4* –2,8 –2,1 21,47 18,25 –15 –1,0* –1,2 –0,8
40 – 44 109,8 60,55 –45 –2,8* –3,1 –2,6 44,29 34,95 –21 –1,5* –1,7 –1,2
45 – 49 188,97 106,62 –44 –2,8* –3,1 –2,6 87,5 68,5 –22 –1,5* –1,9 –1,1
50 – 54 188,97 106,62 –44 –2,8* –3,1 –2,6 146,38 130,76 –11 –0,8* –1,1 –0,4
55 – 59 501,07 302,72 –40 –2,4* –2,7 –2,1 248,35 226,81 –9 –0,3 –0,7 0,0
60 – 64 775,24 501,75 –35 –2,0* –2,3 –1,8 377,57 374,18 –1 –0,1 –0,3 0,1
65 – 69 1151 777,83 –32 –1,9* –2,0 –1,7 541,39 541,7 0 –0,1 –0,3 0,1
70 – 74 1715,4 1207,8 –30 –1,7* –1,9 –1,4 725,44 779,78 7 0,2 –0,0 0,5
Mulheres
35 – 39 38,45 20,5 –47 –2,6* –3,0 –2,3 31,52 32,98 5 0,2 –0,1 0,5
40 – 44 68,57 38,54 –44 –2,9* –3,1 –2,7 54,91 52,82 –4 –0,4* –0,6 –0,3
45 – 49 118,44 68,14 –42 –2,8* –3,1 –2,6 86,06 83,7 –3 –0,4* –0,7 –0,0
50 – 54 118,44 68,14 –42 –2,8* –3,1 –2,6 125,55 130,31 4 –0,2 –0,6 0,1
55 – 59 296,71 161,73 –45 –2,7* –3,1 –2,4 179,35 193,43 8 0,2 –0,1 0,5
60 – 64 468,94 278,6 –41 –2,5* –2,7 –2,3 243,39 265,39 9 0,3* 0,1 0,5
65 – 69 748,39 449,47 –40 –2,4* –2,6 –2,1 336,33 356,04 6 0,3* 0,1 0,5
70 – 74 1218,50 751,48 –38 –2,4* –2,6 –2,1 430,65 477,05 11 0,2 –0,1 0,4

%mudança: taxa de mortalidade em 2017 menos a taxa de mortalidade em 1996; VPAM: variação percentual anual média; IC: intervalo de confiança;

*

<0,001

Mortalidade por todas as causas

A frequência das seis principais causas de morte na população brasileira está apresentada na Figura 2. As porcentagens de mortes por DCV diminuíram, e por neoplasias aumentaram na população geral, tanto em homens como em mulheres, de 1996 a 2017. Nos anos de 1996 e 2017, as DCV e as neoplasias foram causas de, respectivamente, 48,4% e 51,0% das mortes na população geral, 45,0% e 47,4% em homens e 53,8% e 56,7% nas mulheres. A taxa de mortalidade por todas as causas, ajustada por idade (35 a 74 anos), está descrita na Tabela 1. Observamos uma redução de 28% na taxa de mortalidade por todas as causas ajustada por idade na população geral (VPAM = −1.6%; p <0,001) e em ambos os sexos (p<0.001). A análise da taxa de mortalidade a cada cinco anos na faixa etária entre 35 e 74 anos mostrou uma redução significativa na mortalidade por todas as causas em todos os grupos na população geral (p<0,001). Também observamos uma redução significativa na mortalidade por todas as causas na população geral (p<0,01) e em ambos os sexos (Tabela 3).

Figura 2. Frequências das seis principais causas de morte na população brasileira. DCV: doenças cardiovasculares; DSD: doenças do sistema digestivo; DENM: doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; Externas: causas externas de morbimortalidade; DSG: doenças do sistema geniturinário; DIP: algumas doenças infecciosas e parasitárias; DSR: doenças do sistema respiratório; Outros: sinais, sintomas, e achados clínicos e laboratoriais anormais sem outra classificação.

Figura 2

Tabela 1. Taxas de mortalidade, ajustadas por idade, por doenças cardiovasculares (DCV), doenças isquêmicas do coração, doenças cerebrovasculares (DCbV), e câncer, por 100 000 pessoas, na população total, homens e mulheres, no Brasil entre 1996 e 2017.

População geral 1996 2017 % mudança VPAM(%) IC99% p
Todas as causas de mortes 1032,24 744,67 –28 –1,6 –1,8 –1,4 <0,000
Doença cardiovascular 342,85 211,94 –38 –2,3 –2,5 –2,1 <0,001
Doenças isquêmicas do coração 111,46 79,19 –29 –1,6 –1,8 –1,5 <0,001
DCbV 85,5 38,6 –55 –3,7 –3,9 –3,5 <0,001
Doenças isquêmicas do coração + DCbV 196,96 117,78 –40 –2,4 –2,6 –2,2 <0,001
Câncer 166,13 166,37 0 –0,1 –0,4 0,1 0,2
Homens
Todas as causas de mortes 1327,36 964,96 –27 –1,6 –1,8 –1,3 <0,000
Doença cardiovascular 421,96 272,35 –35 –2,1 –2,3 –1,9 <0,001
Doenças isquêmicas do coração 150,23 110,52 –26 –1,5 –1,7 –1,3 <0,001
DCbV 102,9 49,13 –52 –3,5 –3,7 –3,3 <0,001
Doenças isquêmicas do coração + DCbV 253,13 159,65 –37 –2,2 –2,4 –2 <0,001
Câncer 194,36 187,29 –3,7 –0,3 –0,5 –0,1 <0,001
Mulheres
Todas as causas de mortes 764,76 548,76 –28 –1,7 –1,9 –1,5 <0,000
Doença cardiovascular 270,84 159,26 –41 –2,5 –2,8 –2,3 <0,001
Doenças isquêmicas do coração 76,25 51,63 –32 –1,9 –2,1 –1,7 <0,001
DCbV 69,81 29,66 –57 –3,9 –4,2 –3,7 <0,001
Doenças isquêmicas do coração + DCbV 146,07 81,29 –44 –2,8 –3 –2,5 <0,001
Câncer 141,23 149,38 5,8 0,1 –0,1 0,3 0,4

%mudança: taxa de mortalidade em 2017 menos a taxa de mortalidade em 1996; VPAM: variação percentual anual média; IC: intervalo de confiança.

Tabela 3. Taxas de mortalidade (por 100 000 pessoas) por todas as causas na população geral no Brasil entre 1996 e 2017.

População geral 1996 2017 % mudança VPAM (%) IC99%
35 – 39 462,36 289,21 –37 –1,8* –2,0 –1,6
40 – 44 577,73 363,58 –37 –2,0* –2,2 –1,9
45 – 49 757,12 499,16 –34 –2,0* –2,2 –1,7
50 – 54 1029,54 730,39 –29 –1,8* –2,1 –1,6
55 – 59 1487,2 1062,17 –29 –1,7* –1,9 –1,4
60 – 64 2137,66 1614,4 –24 –1,5* –1,7 –1,3
65 – 69 3118,78 2374,82 –24 –1,5* –1,7 –1,3
70 – 74 4550,93 3605,81 –21 –1,4* –1,7 –1,1
Homens
35 – 39 462,36 289,21 –37 –2,0* –2,2 –1,8
40 – 44 577,73 363,58 –37 –2,2* –2,3 –2,0
45 – 49 757,12 499,16 –34 –2,0* –2,3 –1,7
50 – 54 1029,54 730,39 –29 –1,8* –2,1 –1,5
55 – 59 1487,2 1062,17 –29 –1,6* –2,0 –1,3
60 – 64 2137,66 1614,4 –24 –1,4* –1,7 –1,1
65 – 69 3118,78 2374,82 –24 –1,4* –1,6 –1,1
70 – 74 4550,93 3605,81 –21 –1,2* –1,5 –0,9
Mulheres
35 – 39 180,12 125,12 –30 –1,5* –1,8 –1,2
40 – 44 260,07 178,54 –31 –1,8* –2,0 –1,6
45 – 49 388,86 267,28 –31 –1,9* –2,1 –1,6
50 – 54 568,95 400,78 –30 –1,9* –2,2 –1,6
55 – 59 855,6 599,49 –30 –1,7* –2,0 –1,4
60 – 64 1273,52 928,53 –27 –1,6* –1,8 –1,4
65 – 69 1951,63 1408,09 –28 –1,6* –1,8 –1,4
70 – 74 3031,34 2257,57 –25 –1,6* –1,8 –1,3

%mudança: taxa de mortalidade em 2017 menos a taxa de mortalidade em 1996; VPAM: variação percentual anual média; IC: intervalo de confiança;

*

p<0,001.

Doenças cardiovasculares

As frequências das principais causas de morte por DCV na população geral são apresentadas na Figura 3. Nos anos 1996 e 2017, DIC e DCbV foram responsáveis, respectivamente, por 55,3% e 51,3% de mortes por DCV na população geral, 59,5% e 58,2% em homens e 51,4% e 46,2% nas mulheres. A taxa de mortalidade por DCV, ajustada por idade (35 a 74 anos) está apresentada na Tabela 1. A taxa de mortalidade por DCV ajustada por idade correspondeu, em média, a 31% de mortes por todas as causas, diminuindo de 33% em 1996 a 28% em 2017. As principais causas de morte por DCV foram DIC (média de 35% de mortes por DCV), aumentando de 33% em 1996 para 37% em 2017, seguida de DCbV (média de 22% de mortes por DCB), aumentando de 18% em 1996 para 25% em 2017. A DIC e o DCbV corresponderam a uma média de 57% das DCV no período entre 1996 e 2017 (Tabela 1; Figura 4). Comparações das inclinações da reta de regressão ajustada por idade de DIC versus DCbV mostrou uma maior redução na mortalidade por DCbV (−1,58 vs. −2,25; p<0,001). Observamos uma redução significativa na taxa de mortalidade ajustada por idade para DCV, DIC e DCbV na população geral, em ambos os sexos (p<0,0001 para todos) (Tabela 1; Figuras 5 e 6). A taxa de mortalidade por DIC e DCbV, ajustada por idade, foi respectivamente duas vezes e 1,5 vezes maior em homens em comparação a mulheres. Contudo, comparações de regressões lineares entre homens e mulheres mostraram uma maior redução na taxa de mortalidade por DCV, DIC, e DCbV em homens (p <0,0001).

Figura 3. Frequência das seis principais causas de morte por doenças cardiovasculares na população brasileira. DCbV: doenças cerebrovasculares; HC: hemorragia cerebral; CMP: cardiomiopatia; IC: insuficiência cardíaca; HCH: hipertensão e cardiopatia hipertensiva; DIC: doenças isquêmicas do coração.

Figura 3

Figura 4. Tendências nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV), doenças isquêmicas do coração (DIC), doenças cerebrovasculares (DCbV) e câncer no Brasil entre 1996 e 2017.

Figura 4

Figura 5. Tendências nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV), doenças isquêmicas do coração (DIC), doenças cerebrovasculares (DCbV) e câncer nos indivíduos do sexo masculino no Brasil, entre 1996 e 2017.

Figura 5

Figura 6. Tendências nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV), doenças isquêmicas do coração (DIC), doenças cerebrovasculares (DCbV) e câncer nos indivíduos do sexo feminino no Brasil, entre 1996 e 2017.

Figura 6

A análise da taxa de mortalidade a cada cinco anos no grupo etário entre 35 e 74 anos mostrou uma redução significativa em todos os grupos para mortes por DCV, DIC, e DCbV na população geral (p<0,001) e em ambos os sexos. A redução foi maior para DCbV em comparação à DIC (Tabelas 2 e 4). Observou-se uma redução significativa na taxa de mortalidade por DCV, DIC, e DCbV para todas as idades.

Tabela 4. Taxas de mortalidade (por 100 000 pessoas) por doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares na população geral no Brasil entre 1996 e 2017.

Doença isquêmica do coração Doença cerebrovascular
1996 2017 % mudança VPAM (%) IC99% 1996 2017 % mudança VPAM (%) IC99%
35 – 39 13.29 8.07 –39 –1,7* –2,2 –1,2 7,75 2,59 –67 –4,6* –5,1 –4,1
40 – 44 26.61 17.66 –34 –2,1* –2,4 –1,8 16,41 6,07 –63 –5,0* –5,3 –4,7
45 – 49 49.47 32.99 –33 –2,1* –2,3 –1,9 32,28 10,93 –66 –5,3* –5,5 –5,0
50 – 54 81.50 58.58 –28 –1,9* –2,2 –1,6 55,99 19,51 –65 –5,1* –5,3 –4,8
55 – 59 134.79 93.00 –31 –1,7* –2 –1,4 94,01 35,01 –63 –4,5* –4,7 –4,3
60 – 64 211.01 151.31 –28 –1,5* –1,7 –1,3 149,57 67,34 –55 –3,8* –4,0 –3,6
65 – 69 307.56 223.24 –27 –1,5* –1,6 –1,3 247,26 122,81 –50 –3,3* –3,5 –3,1
70 – 74 443.13 326.20 –26 –1,6* –1,8 –1,3 415,42 220,28 –47 –2,9* –3,1 –2,7
Homens
35 – 39 18,95 11,53 –39 –1,8* –2,3 –1,2 8,16 2,91 –64 –4,5* –5,1 –4,0
40 – 44 39,03 25,05 –36 –2,3* –2,7 –2,0 18,52 6,59 –64 –5,1* –5,5 –4,8
45 – 49 70,45 46,04 –35 –2,2* –2,5 –2,0 36,38 11,75 –68 –5,4* –5,7 –5,0
50 – 54 117,12 84,66 –28 –1,8* –2,1 –1,6 64,97 23,53 –64 –5,0* –5,3 –4,7
55 – 59 188,45 134,54 –29 –1,6* –1,9 –1,3 116,25 44,08 –62 –4,5* –4,7 –4,2
60 – 64 287,28 212,78 –26 –1,3* –1,6 –1,0 186,52 87,85 –53 –3,7* –3,9 –3,5
65 – 69 403,3 307,46 –24 –1,2* –1,4 –1,0 305,16 160,48 –47 –3,1* –3,3 –2,8
70 – 74 556,69 439,34 –21 –1,1* –1,3 –0,9 495,87 285,93 –42 –2,6* –2,8 –2,4
Mulheres
35 – 39 7,92 4,65 –41 –1.8* –2,5 –1,0 7,35 2,28 –69 –4,7* –5,2 –4,1
40 – 44 14,76 10,44 –29 –1.8* –2,1 –1,4 14,4 5,57 –61 –4,8* –5,2 –4,5
45 – 49 29,43 20,46 –30 –1.9* –2,2 –1,5 28,36 10,13 –64 –5,1* –5,5 –4,7
50 – 54 47,72 34,04 –29 –1.9* –2,3 –1,5 47,48 15,73 –67 –5,2* –5,6 –4,8
55 – 59 85,91 54,97 –36 –1.8* –2,5 –1,2 73,75 26,7 –64 –4,6* –4,9 –4,3
60 – 64 143,16 96,96 –32 –1.9* –2,1 –1,7 143,16 96,96 –32 –4,0* –4,2 –3,8
65 – 69 224,89 152,05 –32 –1.8* –2,1 –1,6 197,26 90,97 –54 –3,6* –3,9 –3,3
70 – 74 346,44 236,73 –31 –2.1* –2,3 –1,8 346,93 168,36 –51 –3,2* –3,5 –2,9

%mudança: taxa de mortalidade em 2017 menos a taxa de mortalidade em 1996; VPAM: variação percentual anual média; IC: intervalo de confiança;

*

p<0,001

Câncer

A taxa de mortalidade por câncer ajustada para idade permaneceu inalterada de 1996 a 2017 e correspondeu, em média, a 20% da mortalidade total, aumentando de 16% em 1996 para 22% em 2017. A mortalidade por câncer excedeu a mortalidade por DIC e DCbV no ano de 2002 (Tabela 1; Figura 4).

Nos homens, houve uma redução significativa na taxa de mortalidade por câncer ajustada por idade no período (p<0,001) e correspondeu, em média, a 17% de mortes por todas as causas, variando de 15% em 1996 a 19% em 2017. A taxa de mortalidade por câncer em homens superou a taxa de mortalidade por DIC e DCbV em 2008 (Tabela 1; Figura 5).

A taxa de mortalidade ajustada por idade nas mulheres permaneceu inalterada entre 1996 e 2017 e correspondeu, em média, a 23% de todas as mortes, aumentando de 18% em 1996 para 27% em 2017. A taxa de mortalidade por câncer, ajustada por idade, superou a taxa de mortalidade por DIC e DCbV em 1997 (Tabela 1; Figura 6). A comparação da diferença das linhas de regressão linear entre homens [y = 203,12 – 0,50 (R2 = 0,21; p = 0,099)] e mulheres [y = 146,82 + 0,16 (R2 = 0,05; p = 0,276)] para todos os tipos de câncer mostrou diferença estatisticamente significativa (p=0,011), indicando uma tendência descendente para homens e ascendente para mulheres.

As principais causas de morte por câncer nos homens foram câncer de pulmão, estômago, próstata, esôfago e cólon. De 1996 a 2017, observamos uma redução na taxa de mortalidade ajustada por idade por câncer de pulmão, estômago e esôfago e um aumento na taxa de mortalidade ajustada por idade por câncer de cólon. A taxa de mortalidade por câncer de próstata permaneceu inalterada durante o período (Tabela 5; Figura 7). As principais causas de câncer nas mulheres foram câncer de mama, pulmão, cervical, de estômago e de cólon. De 1996 a 2017, houve uma redução na taxa de mortalidade ajustada para idade para câncer de estômago e colo de útero, e um aumento na taxa de mortalidade por câncer de mama, pulmão e cólon (p<0,001) (Tabela 5; Figura 8).

Tabela 5. Taxas de mortalidade (por 100000 pessoas) das principais causas de morte por câncer em homens e mulheres no Brasil entre 1996 e 2017.

Homens 1996 2017 % mudança VPAM (%) IC99%
Pulmão 35,55 27,78 –22 –1,3* –1,6 –1,1
Estômago 25,88 15,83 –39 –2,2* –2,5 –2,0
Próstata 15,51 15,64 1 –0,2 –0,4 0,1
Esôfago 15,73 13,24 –16 –0,8* –1,0 –0,5
Cólon 6,69 9,26 38 1,5* 1,3 1,8
Mulheres
Mama 24,44 28,01 15 0,4* 0,2 0,6
Pulmão 11,50 17,80 55 1,9* 1,6 2,2
Colo de útero 11,22 10,91 –3 –0,9* –1,3 –0,6
Estômago 10,22 6,95 –32 –1,6* –1,9 –1,4
Cólon 6,40 8,20 28 1,0* 0,8 1,3

%mudança: taxa de mortalidade em 2017 menos a taxa de mortalidade em 1996; VPAM: variação percentual anual média; IC: intervalo de confiança;

*

p<0,001

Figura 7. Taxa de mortalidade pelas cinco principais causas de morte por câncer nos indivíduos do sexo masculino no Brasil, entre 1996 e 2017.

Figura 7

Figura 8. Taxa de mortalidade pelas cinco principais causas de morte por câncer nos indivíduos do sexo feminino no Brasil, entre 1996 e 2017.

Figura 8

A análise da taxa de mortalidade por todos os cânceres em períodos de cinco anos mostrou uma redução na mortalidade no grupo etário entre 35 e 54 anos na população total e nos homens, e nenhuma alteração entre 55 e 74 anos de idade. Nas mulheres, a taxa de mortalidade por câncer diminuiu nos grupos entre 40 e 49 anos e entre 60 e 69 anos. Para todos os demais grupos, a mortalidade manteve-se inalterada (Tabela 2).

Discussão

O presente estudo mostrou uma redução gradual e persistente na mortalidade por DCV, DIC, e DCbV em homens e mulheres. A redução foi mais acentuada nos homens que nas mulheres.

Doenças cardiovasculares

O declínio na mortalidade por DCV no Brasil foi similar à observada em países desenvolvidos e em muitos países em desenvolvimento. A redução na mortalidade foi mais significativa em países com maior índice sociodemográfico.13 Apesar da redução significativa na mortalidade por DCV no período entre 1996 e 2017, a taxa de mortalidade por DCV nos grupos etários entre 35 e 74 anos no Brasil permaneceu maior que em outros países. Em 2017, a taxa de mortalidade em homens brasileiros foi próxima à observada em homens nos EUA na última atualização da American Heart Association (AHA)14 Os países com as maiores taxas de mortalidade por DCV em homens foram Bielorrússia, Ucrânia, Rússia, Romênia, Hungria, Sérvia, Eslováquia, Croácia, e República Checa. A taxa de mortalidade nas mulheres por DCV no Brasil em 2017 foi ainda pior se comparada à taxa de mortalidade nos homens, ficando atrás somente da Ucrânia, da Rússia, da Sérvia, e da Romênia segundo última atualização de estatísticas da AHA.4 Estudo prévio na população brasileira mostrou uma estabilização na tendência da mortalidade por DIC de 2007 a 2012.4 Essa mesma tendência de estabilização nas taxas de morte por DIC foi observada em outros países e foi associada com uma incidência maior de obesidade e diabetes na população.15,16 Estima-se que um em cada dois indivíduos será obeso até o ano de 2030 nos EUA.17 Acredita-se que o aumento na incidência desses fatores de risco foi responsável pela desaceleração na tendência descendente de mortes por DCV nos EUA no período entre 2010 e 2017.18 Nossos dados, no entanto, indicaram que no Brasil, a partir de 2013, ocorreu uma retomada da tendência descendente na taxa de mortes por DCV, provavelmente devido a uma redução na prevalência de fumantes e melhor controle da hipertensão.

Câncer

A tendência nas taxas de mortalidade por todos os cânceres permaneceu inalterada entre 1996 e 2017. As principais causas de morte em mulheres foram câncer de mama, pulmão, colo do útero, e estômago de 1996 a 2012, e câncer de cólon de 2013 a 2017. Houve uma tendência crescente nas taxas de mortalidade por câncer de mama, pulmão e cólon, e uma tendência decrescente nas taxas de mortalidade por câncer de estômago. As principais causas de morte por câncer em homens foram câncer de pulmão, estômago, próstata e esôfago, com tendências decrescentes nas taxas de mortalidade por câncer de estômago e pulmão, mas tendência inalterada na mortalidade por câncer de próstata e esôfago. As principais causas de morte por câncer, mas não as tendências nas taxas de mortalidade, foram próximas às observadas em países desenvolvidos, em que câncer de pulmão foi a principal causa de morte, seguida de câncer de próstata em homens e câncer de mama em mulheres.1922 Desde 1990 e ao contrário do que foi observado no Brasil, houve uma redução na taxa de mortalidade pelos principais tipos de câncer em homens (câncer de pulmão, próstata e cólon) e mulheres (câncer de pulmão, mama, e cólon) nos EUA. A análise mais recente da mortalidade por câncer nos EUA mostrou uma redução significativa de 2,2% entre 2016 e 2017, atribuída, em grande parte, à redução na mortalidade por câncer de pulmão.23 Tais variações nas taxas de mortalidade devem-se provavelmente a diferentes tipos e níveis de exposição a carcinógenos, e disponibilidade de serviços de imagens para um diagnóstico precoce. A mesma tendência descendente na mortalidade por todos os tipos de câncer foi observada em homens de 53 de 60 países e em mulheres de 54 de 60 países países de acordo com dados da OMS de 2000 a 2010.24 Por outro lado, este estudo mostrou que o Brasil foi um dos poucos países onde a mortalidade por todos os tipos de câncer não diminuiu, e segundo os nossos dados, essa tendência persistiu até (pelo menos) o ano de 2017.

Doenças cardiovasculares e câncer

Este estudo mostrou que as mortes por DCV e câncer corresponderam a aproximadamente 50% de todas as mortes no período entre 1996 e 2017. Houve uma tendência decrescente na mortalidade por DCV, enquanto as taxas de mortalidade por todos os tipos de câncer permaneceram inalteradas. Um estudo prévio mostrou a mesma tendência de redução da mortalidade por DCV e manutenção da tendência na mortalidade por câncer no Brasil. Em países mais desenvolvidos, no entanto, além da redução da mortalidade por DCV, observou-se também uma redução na mortalidade por câncer.25 Uma convergência da mortalidade por essas doenças também foi observada no mundo. Nossos dados mostraram que a mortalidade por DCV no Brasil em 1996 foi duas vezes a mortalidade por câncer, enquanto em 2017, a mortalidade por DCV foi somente 22% maior que a mortalidade por câncer. No entanto, em alguns países desenvolvidos, a mortalidade por câncer já era maior que a mortalidade por DCV. Um estudo recente mostrou que a mortalidade por câncer entre 1999 e 2017 foi maior que por doença cardíaca nos EUA na faixa de idade entre 45 e 64 anos.7 A mesma tendência foi observada em muitos países europeus.26 Nosso estudo também mostrou que, desde 2002, a mortalidade por câncer foi maior que a soma de mortes por DIC e DCbV. Essa tendência ocorreu mais cedo nas mulheres, em 1997, e mais tarde nos homens, em 2008. Apesar de câncer ter sido a principal causa de mortes em vários países nesse período, observou-se uma tendência de diminuição da mortalidade por todos os tipos de câncer na maioria desses países. Tal fato não foi observado no Brasil, onde as taxas de mortalidade por câncer permaneceram inalteradas.

Limitações do estudo

A baixa qualidade dos dados de mortalidade no Brasil, exemplificada por erros relacionados ao diagnóstico e à acurácia dos certificados de óbito, a mortes associadas a causas desconhecidas, além de erros na entrada de dados foram as principais limitações do estudo. O número de certificados de óbito com diagnósticos baseados em sintomas, sinais, e achados clínicos e laboratoriais anormais, e não na CID, é um indicador indireto das limitações da qualidade dos dados. Apesar da melhora progressiva, tais certificados são ainda significativos nas regiões nordeste, norte e central, e bem menos nas regiões sul e sudeste do Brasil. Ainda, estudos de validação de dados de mortalidade não são disponíveis na maioria dos estados e cidades do país.

Conclusão

A população brasileira apresenta diferentes tendências nas taxas de mortalidade por DCV e câncer. As DCV ainda são as principais causas de morte no país, mas, se as tendências observadas nas taxas de mortalidade continuarem, em poucos anos, câncer será a principal causa de morte na população brasileira com idade entre 35 e 74 anos. Assim, prevenção primária das DCV e de câncer deveria ser prioridade, intensificando-se o controle dos principais fatores de risco para DCV, o que também afetaria a incidência de novos tipos de câncer, e melhorando o diagnóstico precoce de câncer.

Footnotes

Fontes de financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Referências

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Cardiovascular and Cancer Death Rates in the Brazilian Population Aged 35 to 74 Years, 1996-2017

Antonio de Padua Mansur 1,, Desiderio Favarato 1

Abstract

Background:

Cardiovascular diseases (CVD) and cancer are the main causes of death worldwide. These diseases share many risk factors. Control of traditional risk factors for CVD was associated with lower incidence of cancers.

Objective:

To analyze CVD and cancer mortality rate trends in Brazilian population aged 35-74 years from 1996 to 2017.

Methods:

Crude and age-adjusted death rate trends were analyzed for all causes of death, CVD, and cancer. Data were obtained from mortality database of the Ministry of Health. Joinpoint Regression Program performed analysis of trends and adjustments in death rates. The degree of changes was determined by the average annual percent change (AAPC). Level of statistical significance was set at p <0.05.

Results:

Mortality from all causes of death (AAPC=-1.6%; p<0.001), CVD (AAPC=-2.3; p<0.001), ischemic heart disease (IHD) (AAPC=-1.6; p<0.001) and stroke (AAPC=-3.7; p<0.001) declined. Same trends were observed for CVD (p<0.001) in men and women. Death rates from all causes of cancer (AAPC=-0.1; p=0.201), in men (AAPC=-0.1; p=0.193) and in women (AAPC=-0.1; p=0,871) remained unchanged. In 2002, mortality from cancer exceeded the sum of deaths from IHD and stroke. If trends continue, cancer mortality will also exceed mortality from CVD by 2024. In women, death rates from breast, lung and colon cancer increased, and from cervical and gastric cancers decreased. In men, mortality from lung, stomach and esophagus cancer decreased, and from prostate cancer remained unchanged.

Conclusion:

CVD are currently the leading cause of death in Brazil, but death rates from cancer will exceed those from CVD in a few years.

Keywords: Cardiovascular Diseases/mortality, Epidemiology, Mortality, Brazil, Stroke, Neoplasms, Myocardial Ischemia

Introduction

Cardiovascular diseases (CVD) and neoplasms are the leading causes of death in Brazil and worldwide.1,2 In 2017, chronic non-communicable diseases (NCD) were responsible for 73.4% of world mortality.2 It is believed that more than 85% of premature deaths due to NCD, of people aged 30 to 69 years, occurred in low-income countries.3 Ischemic heart disease (IHD) and stroke accounted for approximately 60% of deaths from CVD. A previous study in Brazil showed a downward trend in mortality from CVD from 1980 to 2012.4 During this period, stroke mortality reduced more significantly than IHD mortality. Death rate from CVD had important regional variations in Brazil, with the highest rates in the southeast and south regions,5 and convergence of mortality from IHD and stroke in the five regions. The convergence of death rates in these regions occurred earlier for stroke, around 1999, and later for IHD in 2007.

According to the World Health Organization (WHO), cancers were the second leading cause of death from NCD in the world population.3 In many developed countries, cancers were the leading cause of death in adults under 70 years of age. In the USA, cancer death rate was higher than CVD death rate in the 45 to 64 age group from 1999 to 2017,6 and decreased by 27% from 1991 to 2016. From 2007 to 2016, the annual reduction was 1.4% in women and 1.8% in men.7 In Brazil, cancers were the second leading cause of death in 2017.1

CVD and cancers share some risk factors. The main risk factors for CVD are also associated with higher incidence of cancers. Recent meta-analysis showed that each risk factor for CVD – smoking, hypertension, diabetes, obesity, excessive alcohol consumption, physical inactivity and low socioeconomic status – was associated with higher incidence of cancers.8 On the other hand, control of the main risk factors for CVD was associated with a significant reduction in the incidence of cancer.9 Therefore, control of CVD risk factors has also a significant impact in reducing cancer death rate.

This study analyzed trends in death rates from all causes, CVD, IHD, stroke and cancer in women and men of the Brazilian population from 1996 to 2017.

Methods

We analyzed death rate trends from all causes of diseases, CVD, IHD, stroke and cancers in Brazilian men and women from 1996 to 2017. Crude death rate per 100 000 population was analyzed for each five-year age group between 35 to 74 years. We calculated age-adjusted death rate for this age group per 100 000 population for the study period (1996-2017) using the direct method based on WHO world standard population (2000). Mortality data were obtained from the Vital Health Statistics of the Ministry of Health DATASUS, available online at www2.datasus.gov.br.10 The causes of death were classified by the 10th revision of the International Classification of Diseases (ICD). CVD were grouped in codes I00 to I99, IHD in codes I20 to I25, stroke in codes I60 to I69 and cancers in codes C00 to C97. The following codes were used for lung, gastric, prostate, esophageal, colon, breast, and cervical cancers, respectively: C34, C15, C61, C15, C18, C50 and C53. The five main causes of death from cancer were analyzed by sex in period from 1996 to 2017.

Statistical Analysis

We used the statistical program Joinpoint Regression Program version 4.7.0.0. from the National Cancer Institute, Division of Cancer Control and Population Sciences for analysis of age-adjusted death rate trends.11 The joinpoint analysis was used to identify the year (independent variable) when significant changes in the mortality rate (dependent variable) occurred during the study period. The degree of the changes was determined by the average annual percent change in death rate (AAPC). Slopes of regression lines of CVD versus cancer and IHD versus stroke were compared using the Microsoft Excel 2010 with t-statistic and two tailed t-distribution.12 The statistical significance was set at p <0.05. The study did not require ethical approval as mortality data were obtained from a public website and identity of individuals was not known.

Results

CVD and cancer age-adjusted death rate per 100 000 population corresponded to 50% of the death rate from all causes. CVD and cancer accounted for approximately 30% and 20% of total mortality, respectively (Table 1). CVD mortality decreased by 38% from 1996 to 2017 and cancer mortality remained unchanged (p<0.001 for comparisons of the slopes of regression lines of CVD versus cancer age-adjusted death rate). In 1996, cancer mortality was 52% lower than CVD mortality but 22% lower in 2017. If these trends continue, cancer mortality will equal CVD mortality in the beginning of 2024 (Figure 1) Likewise, the crude death rate analyzed, every 5 years, for the 35 and 74 age group showed that the mortality from CVD was always higher than cancer death rate (Table 2).

Table 1. Age-adjusted mortality rates (per 100 000 population) from cardiovascular diseases, ischemic heart disease, stroke, and cancer in total population, men and women, in Brazil from 1996 to 2017.

General population 1996 2017 % change AAPC(%) 99%CI p
All causes of deaths 1032.24 744.67 –28 –1.6 –1.8 –1.4 <0.000
Cardiovascular disease 342.85 211.94 –38 –2.3 –2.5 –2.1 <0.001
Ischemic Heart disease 111.46 79.19 –29 –1.6 –1.8 –1.5 <0.001
Stroke 85.5 38.6 –55 –3.7 –3.9 –3.5 <0.001
Ischemic heart disease + stroke 196.96 117.78 –40 –2.4 –2.6 –2.2 <0.001
Cancer 166.13 166.37 0 –0.1 –0.4 0.1 0.2
Men
All causes of death 1327.36 964.96 –27 –1.6 –1.8 –1.3 <0.000
Cardiovascular disease 421.96 272.35 –35 –2.1 –2.3 –1.9 <0.001
Ischemic Heart disease 150.23 110.52 –26 –1.5 –1.7 –1.3 <0.001
Stroke 102.9 49.13 –52 –3.5 –3.7 –3.3 <0.001
Ischemic heart disease + stroke 253.13 159.65 –37 –2.2 –2.4 –2 <0.001
Cancer 194.36 187.29 –3.7 –0.3 –0.5 –0.1 <0.001
Women
All causes of death 764.76 548.76 –28 –1.7 –1.9 –1.5 <0.000
Cardiovascular disease 270.84 159.26 –41 –2.5 –2.8 –2.3 <0.001
Ischemic Heart disease 76.25 51.63 –32 –1.9 –2.1 –1.7 <0.001
Stroke 69.81 29.66 –57 –3.9 –4.2 –3.7 <0.001
Ischemic heart disease + stroke 146.07 81.29 –44 –2.8 –3 –2.5 <0.001
Cancer 141.23 149.38 5.8 0.1 –0.1 0.3 0.4

%change: 2017 death rate minus 1996 death rate; AAPC: average annual percentage change; CI: confidence interval.

Figure 1. Trends in mortality rates from cardiovascular disease (DCV) and cancers in Brazilian population aged 35 to 74 years from 1996 to 2017.

Figure 1

Table 2. Crude mortality rates (per 100 000 population) from cardiovascular diseases (CVD) and cancer in the general population in Brazil from 1996 to 2017.

Cardiovascular disease Cancer
Age group 1996 2017 % change AAPC(%) 99%CI 1996 2017 % change AAPC(%) 99%CI
35 – 39 47,62 26,36 –45 –2.5* –2.8 –2.2 26,64 25,65 –4 –0.3* –0.5 –0.1
40 – 44 88,85 49,41 –44 –2.8* –3.0 –2.7 49,73 43,99 –12 –0.9* –1.0 –0.7
45 – 49 153,2 87,01 –43 –2.8* –3.1 –2.6 86,77 76,26 –12 –0.9* –1.2 –0.6
50 – 54 245,94 146,86 –40 –2.7* –3.0 –2.4 135,69 130,53 –4 –0.5* –0.8 –0.2
55 – 59 394,94 229,14 –42 –2.5* –2.9 –2.2 212,25 209,39 –1 –0.1 –0.4 0.2
60 – 64 614,22 383,33 –38 –2.2* –2.4 –2.0 306,56 316,44 3 0.1 –0.1 0.2
65 – 69 936,57 599,92 –36 –2.1* –2.3 –1.9 431,34 441,09 2 0.1 –0.1 0.3
70 – 74 1449,9 952,99 –34 –2.0* –2.2 –1.8 566,21 610,74 8 0.2 –0.0 0.4
Men
35 – 39 57,21 32,28 –44 –2.4* –2.8 –2.1 21,47 18,25 –15 –1.0* –1.2 –0.8
40 – 44 109,8 60,55 –45 –2.8* –3.1 –2.6 44,29 34,95 –21 –1.5* –1.7 –1.2
45 – 49 188,97 106,62 –44 –2.8* –3.1 –2.6 87,5 68,5 –22 –1.5* –1.9 –1.1
50 – 54 188,97 106,62 –44 –2.8* –3.1 –2.6 146,38 130,76 –11 –0.8* –1.1 –0.4
55 – 59 501,07 302,72 –40 –2.4* –2.7 –2.1 248,35 226,81 –9 –0.3 –0.7 0.0
60 – 64 775,24 501,75 –35 –2.0* –2.3 –1.8 377,57 374,18 –1 –0.1 –0.3 0.1
65 – 69 1151 777,83 –32 –1.9* –2.0 –1.7 541,39 541,7 0 –0.1 –0.3 0.1
70 – 74 1715,4 1207,8 –30 –1.7* –1.9 –1.4 725,44 779,78 7 0.2 –0.0 0.5
Women
35 – 39 38,45 20,5 –47 –2.6* –3.0 –2.3 31,52 32,98 5 0.2 –0.1 0.5
40 – 44 68,57 38,54 –44 –2.9* –3.1 –2.7 54,91 52,82 –4 –0.4* –0.6 –0.3
45 – 49 118,44 68,14 –42 –2.8* –3.1 –2.6 86,06 83,7 –3 –0.4* –0.7 –0.0
50 – 54 118,44 68,14 –42 –2.8* –3.1 –2.6 125,55 130,31 4 –0.2 –0.6 0.1
55 – 59 296,71 161,73 –45 –2.7* –3.1 –2.4 179,35 193,43 8 0.2 –0.1 0.5
60 – 64 468,94 278,6 –41 –2.5* –2.7 –2.3 243,39 265,39 9 0.3* 0.1 0.5
65 – 69 748,39 449,47 –40 –2.4* –2.6 –2.1 336,33 356,04 6 0.3* 0.1 0.5
70 – 74 1218,50 751,48 –38 –2.4* –2.6 –2.1 430,65 477,05 11 0.2 –0.1 0.4

%change: 2017 death rate minus 1996 death rate; AAPC: average annual percentage change; CI: confidence interval;

*

p<0.001

All-cause mortality

The frequency of the six main causes of death in the Brazilian population is shown in Figure 2. The percentage of CVD decreased, and neoplasms increased in the general population, in both men and women, from 1996 to 2017. In 1996 and 2017, CVD and neoplasms accounted for, respectively, 48.4% and 51.0% of deaths in the general population, 45.0% and 47.4% in men and 53.8% and 56.7% in women. The all-cause mortality rate, adjusted for age (35 to 74 years of age), is described in Table 1. We observed a 28% reduction in age-adjusted all-cause mortality rate in the general population (AAPC = −1.6%; p <0.001) and in both sexes (p<0.001).

Figure 2. Frequencies of the six main causes of death in the Brazilian population. CVD: Cardiovascular disease; DSD: Diseases of the digestive system; ENMD: Endocrine, nutritional and metabolic diseases; External: External causes of morbidity and mortality; GUSD: Diseases of the genitourinary system; IPD: Certain infectious and parasitic diseases; RSD: Diseases of the respiratory system; Others: Symptoms, signs and abnormal clinical and laboratory findings, not elsewhere classified.

Figure 2

The analysis of the crude death rate every five years from 35 to 74 years of age showed a significant reduction in all-cause mortality in all age groups in the general population (p <0.001) and in both sexes (Table 3).

Table 3. Crude mortality rates per 100 000 population from all causes of death in the general population in Brazil from 1996 to 2017.

General population 1996 2017 % change AAPC(%) 99%CI
35 – 39 462,36 289,21 –37 –1.8* –2.0 –1.6
40 – 44 577,73 363,58 –37 –2.0* –2.2 –1.9
45 – 49 757,12 499,16 –34 –2.0* –2.2 –1.7
50 – 54 1029,54 730,39 –29 –1.8* –2.1 –1.6
55 – 59 1487,2 1062,17 –29 –1.7* –1.9 –1.4
60 – 64 2137,66 1614,4 –24 –1.5* –1.7 –1.3
65 – 69 3118,78 2374,82 –24 –1.5* –1.7 –1.3
70 – 74 4550,93 3605,81 –21 –1.4* –1.7 –1.1
Men
35 – 39 462,36 289,21 –37 –2.0* –2.2 –1.8
40 – 44 577,73 363,58 –37 –2.2* –2.3 –2.0
45 – 49 757,12 499,16 –34 –2.0* –2.3 –1.7
50 – 54 1029,54 730,39 –29 –1.8* –2.1 –1.5
55 – 59 1487,2 1062,17 –29 –1.6* –2.0 –1.3
60 – 64 2137,66 1614,4 –24 –1.4* –1.7 –1.1
65 – 69 3118,78 2374,82 –24 –1.4* –1.6 –1.1
70 – 74 4550,93 3605,81 –21 –1.2* –1.5 –0.9
Women
35 – 39 180,12 125,12 –30 –1.5* –1.8 –1.2
40 – 44 260,07 178,54 –31 –1.8* –2.0 –1.6
45 – 49 388,86 267,28 –31 –1.9* –2.1 –1.6
50 – 54 568,95 400,78 –30 –1.9* –2.2 –1.6
55 – 59 855,6 599,49 –30 –1.7* –2.0 –1.4
60 – 64 1273,52 928,53 –27 –1.6* –1.8 –1.4
65 – 69 1951,63 1408,09 –28 –1.6* –1.8 –1.4
70 – 74 3031,34 2257,57 –25 –1.6* –1.8 –1.3

%change: 2017 death rate minus 1996 death rate; AAPC: average annual percentage change; CI: confidence interval;

*

p<0.001

Cardiovascular diseases

The frequencies of the main causes of death from CVD in the general population are displayed in Figure 3. From 1996 to 2017, the percentage of deaths from IHD increased and from stroke decreased in both men and women. For the years 1996 and 2017, IHD and stroke accounted for, respectively, 55.3% and 51.3% of deaths from CVD in the general population, 59.5% and 58.2% in men and to 51.4% and 46.2% in women. The mortality rate from CVD, adjusted for age (35 to 74 years of age) is shown in Table 1. The age-adjusted death rate from CVD corresponded, on average, to 31% of all causes of death, decreasing from 33% in 1996 to 28% in 2017. The main causes of death from CVD were IHD (average of 35% of deaths from CVD), increasing from 33% in 1996 to 37% in 2017, followed by stroke (average of 22% of deaths from CVD), increasing from 18% in 1997 to 25% in 2017. IHD and stroke corresponded on average to 57% of all CVD in the period from 1996 to 2017 (Table 1; Figure 4). Comparisons of the age-adjusted regression slopes of IHD versus stroke showed higher reduction in stroke death rate (−1.58 vs. −2,25, respectively; p<0.001). We observed a significant reduction in age-adjusted death rate for CVD, IHD and stroke in the general population, in both women and men (p <0.0001) (Table 1; Figures 5 and 6). The age-adjusted death rate for IHD and stroke were two times and 1.5 times higher in men, respectively, compared to women. However, comparisons of linear regressions between men and women showed a greater reduction in death rate from CVD, IHD and stroke in men (p <0.0001 for all comparisons).

Figure 3. The percentage of the six main causes of cardiovascular death in the Brazilian population. CH: cerebral hemorrhage; CMP: cardiomyopathy; HF: heart failure; HHC: hypertension and hypertensive cardiopathy; IHD: ischemic heart disease.

Figure 3

Figure 4. Trends in mortality rates from cardiovascular disease (CVD), ischemic heart disease (IHD), stroke, and cancer in Brazil from 1996 to 2017.

Figure 4

Figure 5. Trends in mortality rates from cardiovascular disease (CVD), ischemic heart disease (IHD), stroke, and cancer in Brazilian men from 1996 to 2017.

Figure 5

Figure 6. Trends in the mortality of cardiovascular disease (CVD), ischemic heart disease (IHD), stroke, and cancer in Brazilian women from 1996 to 2017.

Figure 6

The analysis of the crude death rate every five years from 35 to 74 years of age showed a significant reduction in all age groups for deaths from CVD, IHD and stroke in the general population (p <0.001) and in both sexes. The reduction was greater for stroke compared with IHD (Tables 2 and 4) There was a significant reduction in the crude death rate from CVD, IHD and stroke for all age groups.

Table 4. Crude mortality rates per 100 000 population from ischemic heart disease and stroke in the general population in Brazil from 1996 to 2017.

Ischemic heart disease Stroke
1996 2017 % change AAPC(%) 99%CI 1996 2017 % change AAPC(%) 99%CI
35 – 39 13.29 8.07 –39 –1,7* –2,2 –1,2 7,75 2,59 –67 –4.6* –5.1 –4.1
40 – 44 26.61 17.66 –34 –2,1* –2,4 –1,8 16,41 6,07 –63 –5.0* –5.3 –4.7
45 – 49 49.47 32.99 –33 –2,1* –2,3 –1,9 32,28 10,93 –66 –5.3* –5.5 –5.0
50 – 54 81.50 58.58 –28 –1,9* –2,2 –1,6 55,99 19,51 –65 –5.1* –5.3 –4.8
55 – 59 134.79 93.00 –31 –1,7* –2 –1,4 94,01 35,01 –63 –4.5* –4.7 –4.3
60 – 64 211.01 151.31 –28 –1,5* –1,7 –1,3 149,57 67,34 –55 –3.8* –4.0 –3.6
65 – 69 307.56 223.24 –27 –1,5* –1,6 –1,3 247,26 122,81 –50 –3.3* –3.5 –3.1
70 – 74 443.13 326.20 –26 –1,6* –1,8 –1,3 415,42 220,28 –47 –2.9* –3.1 –2.7
Men
35 – 39 18,95 11,53 –39 –1,8* –2.3 –1.2 8,16 2,91 –64 –4.5* –5.1 –4.0
40 – 44 39,03 25,05 –36 –2,3* –2.7 –2.0 18,52 6,59 –64 –5.1* –5.5 –4.8
45 – 49 70,45 46,04 –35 –2,2* –2.5 –2.0 36,38 11,75 –68 –5.4* –5.7 –5.0
50 – 54 117,12 84,66 –28 –1,8* –2.1 –1.6 64,97 23,53 –64 –5.0* –5.3 –4.7
55 – 59 188,45 134,54 –29 –1,6* –1.9 –1.3 116,25 44,08 –62 –4.5* –4.7 –4.2
60 – 64 287,28 212,78 –26 –1,3* –1.6 –1.0 186,52 87,85 –53 –3.7* –3.9 –3.5
65 – 69 403,3 307,46 –24 –1,2* –1.4 –1.0 305,16 160,48 –47 –3.1* –3.3 –2.8
70 – 74 556,69 439,34 –21 –1,1* –1.3 –0.9 495,87 285,93 –42 –2.6* –2.8 –2.4
Women
35 – 39 7,92 4,65 –41 –1.8* –2.5 –1.0 7,35 2,28 –69 –4.7* –5.2 –4.1
40 – 44 14,76 10,44 –29 –1.8* –2.1 –1.4 14,4 5,57 –61 –4.8* –5.2 –4.5
45 – 49 29,43 20,46 –30 –1.9* –2.2 –1.5 28,36 10,13 –64 –5.1* –5.5 –4.7
50 – 54 47,72 34,04 –29 –1.9* –2.3 –1.5 47,48 15,73 –67 –5.2* –5.6 –4.8
55 – 59 85,91 54,97 –36 –1.8* –2.5 –1.2 73,75 26,7 –64 –4.6* –4.9 –4.3
60 – 64 143,16 96,96 –32 –1.9* –2.1 –1.7 143,16 96,96 –32 –4.0* –4.2 –3.8
65 – 69 224,89 152,05 –32 –1.8* –2.1 –1.6 197,26 90,97 –54 –3.6* –3.9 –3.3
70 – 74 346,44 236,73 –31 –2.1* –2.3 –1.8 346,93 168,36 –51 –3.2* –3.5 –2.9

%change: 2017 death rate minus 1996 death rate; AAPC: average annual percentage change; CI: confidence interval;

*

p<0.001

Cancers

The age-adjusted mortality rate from cancer remained unchanged from 1996 to 2017, and corresponded, on average, to 20% of total mortality, increasing from 16% in 1996 to 22% in 2017. Mortality from all cancers exceeded mortality from IHD and stroke in the year 2002 (Table 1; Figure 4).

In men, there was a significant reduction in age-adjusted death rate from all cancers in the period (p<0.001) and corresponded, on average, to 17% of all-cause mortality, ranging from 15% in 1996 to 19% in 2017. Mortality rate from all cancers in men exceeded the death rate from IHD and stroke in 2008 (Table 1; Figure 5).

Age-adjusted death rate from cancer among women remained unchanged from 1996 to 2017 and corresponded, on average, to 23% of all deaths, increasing from 18% in 1996 to 27% in 2017. The age-adjusted mortality rate from cancer exceeded the death rate from IHD and stroke in the year of 1997 (Table 1; Figure 6). The comparison of the difference of the linear regression lines between men [y = 203.12 - 0.50 (R2 = 0.21; p = 0.099)] and women [y = 146.82 + 0.16 (R2 = 0.05; p = 0.276)] for all cancers was statistically significant (p = 0.011) showing declining trend for men and an increasing trend for women.

The main causes of deaths from cancer in men were lung, gastric, prostate, esophagus and colon cancer. From 1996 to 2017, we observed a reduction in age-adjusted death rate for lung, gastric and esophageal cancers, and an increase in colon cancer (p<0.001). Death rate from prostate cancer remained unchanged in the period (Table 5; Figure 7).

Table 5. Age-adjusted mortality rates (per 100 000 population) of the main causes of death from cancer in men and women in Brazil from 1996 to 2017.

Men 1996 2017 % change AAPC(%) 99%CI
Lung 35.55 27.78 –22 –1.3* –1.6 –1.1
Gastric 25.88 15.83 –39 –2.2* –2.5 –2.0
Prostate 15.51 15.64 1 –0.2 –0.4 0.1
Esophagus 15.73 13.24 –16 –0.8* –1.0 –0.5
Colon 6.69 9.26 38 1.5* 1.3 1.8
Women
Breast 24.44 28.01 15 0.4* 0.2 0.6
Lung 11.50 17.80 55 1.9* 1.6 2.2
Cervix 11.22 10.91 –3 –0.9* –1.3 –0.6
Gastric 10.22 6.95 –32 –1.6* –1.9 –1.4
Colon 6.40 8.20 28 1.0* 0.8 1.3

%change: 2017 death rate minus 1996 death rate; AAPC: average annual percentage change; CI: confidence interval.

*

p<0.001

Figure 7. Mortality rates of the five main cause of deaths from cancer in Brazilian men from 1996 to 2017.

Figure 7

The main causes of cancer in women were breast, lung, cervical, gastric and colon cancers. From 1996 to 2017, there was reduction in the age-adjusted death rate for cervical and gastric cancers and an increase in breast, lung, and colon cancers (p<0.001) (Table 5; Figure 8).

Figure 8. Mortality rates of the four main cause of deaths from cancer in Brazilian women from 1996 to 2017.

Figure 8

The analysis of death rate from all cancers in five-year periods showed a reduction in mortality for the age group between 35 and 54 years, and no change between 55 and 74 years of age in total population and in men. In women, mortality rate from all cancers reduced only for age groups between 40 and 49 years and between 60 and 69 years. For other age groups, mortality remained unchanged (Table 2).

Discussion

This study showed persistent and gradual reduction in mortality from CVD, IHD and stroke in men and in women. The reduction was more pronounced in men than in women.

Cardiovascular diseases

The decline in CVD mortality in Brazil was similar to that observed in developed countries and in many developing countries. The reduction in mortality was more significant in countries with a higher sociodemographic index.13 Despite the significant reduction in CVD mortality in the period from 1996 to 2017, the death rate from CVD in age groups between 35 and 74 years in Brazil remained higher when compared to other countries. In Brazil, in 2017, the mortality rate in men was close to that the death rate seen in US men in the latest update of the American Heart Association (AHA).14 Countries with the highest CVD death rates in men were, in decreasing order, Belarus, Ukraine, Russia, Romania, Hungary, Serbia, Slovakia, Croatia and Czech Republic. CVD death rate in women in Brazil in 2017 was even worse when compared to death rate in men, ranking behind only the Ukraine, Russia, Belarus, Serbia and Romania according to the latest AHA statistical update.14 Previous study in Brazilian population showed stabilization in the trend in mortality from IHD from 2007 to 2012.4 This same trend stabilization in IHD death rates was observed in other countries and it was associated with increased incidence of obesity and diabetes in the population.15,16 It is estimated that one of two individuals will be obese by 2030 in USA.17 It is believed that the increase in the incidence of these risk factors was responsible for the slowdown in the downward trend in mortality from CVD in the USA in the period from 2010 to 2017.18 Our data, however, indicated that in Brazil, starting from 2013, there was a resumption of the downward trend of CVD death rate, probably resulting from a lower prevalence of smoking and better hypertension control.

Cancer

Trends in mortality rates from all cancers remained unchanged from 1996 to 2017. The main causes of cancer death in women were breast, lung, cervical and stomach from 1996 to 2012 and colon from 2013 to 2017. Increasing trends in mortality rates from breast, lung and colon cancers and decreasing trends in deaths from stomach cancer were observed. The main causes of deaths from cancer in men were lung, stomach, prostate and esophageal cancer, with decreasing trends in lung and stomach cancer death rates, but unchanged trends in mortality from prostate and esophageal cancers. The main causes of death from cancers, but not the trends in death rates, are close to those observed in developed countries, where lung cancer was the most important cause of death followed by prostate cancer in men and breast cancer in women.1922 Since 1990 and contrary to what was observed in Brazil, decreasing trends in mortality rates from main cancers were observed in men (lung, prostate and colon cancer) and in women (lung, breast and colon cancer) in the United States. The most recent analysis of the death rate from cancer in USA showed a significant reduction of 2.2% between 2016 and 2017, and attributed, in large part, to the reduction in lung cancer mortality.23 These variations in death rates are probably due to different types and levels of exposure to carcinogens, and availability of imaging services for early diagnosis. The same downward trends in mortality from all cancers was observed in men from 53 of 60 countries in women from 54 of 60 countries according to WHO data from 2000 to 2010.24 On the other hand, this study showed that Brazil was one of the few countries where mortality from all cancers did not decrease and, according to our data, this trend persisted until (at least) 2017.

Cardiovascular diseases and cancer

This study showed that deaths from CVD and cancers corresponded to around 50% of all deaths in the period from 1996 to 2017. There was a downward trend in mortality from CVD, while mortality rates from all cancers remained unchanged. Previous study showed the same trend of decreasing mortality from CVD and an unchanged trend of mortality from all causes of cancer in Brazil. In more developed countries, however, in addition to the reduction in mortality from CVD, there was also a reduction in cancer mortality.25 Likewise, a significant convergence of mortality from these diseases has been observed globally. Our data showed that CVD mortality in Brazil in 1996 was twice as high as cancer mortality, while in 2017, CVD mortality was only 22% higher than cancer mortality. However, in some developed countries, mortality from cancer was already higher than from CVD. A recent study showed that cancer mortality from 1999 to 2017 was higher than from heart disease in USA in the 45 to 64 age group.7 The same trend has been observed in several European countries.26 Our study also showed that since 2002, cancer mortality has been greater than the sum of death from IHD and stroke. This trend occurred earlier in women, in 1997, and later in men, in 2008. Although cancer was the main cause of death in several countries in this period, a decreasing trend in mortality from all cancers was observed in most of them, which was not observed in Brazil, where mortality rates from all types of cancer remained unchanged.

Study limitations

The poor quality of mortality data in Brazil, exampled by errors related to the diagnosis and accuracy of death certificates, deaths associated with unknown causes, and errors in data entry were the main limitations of the study. The number of death certificates with diagnosed based on symptoms, signs, and abnormal clinical and laboratory findings, rather than on the ICD, is an indirect indicator of limitations of data quality. Despite progressive improvements, such certificates are still significantly present in the northeast, north, and central west regions of Brazil, but much less in the south and southeast regions. Validation studies for mortality data are also not available in most states or cities in Brazil.

Conclusion

The Brazilian population has different trends in mortality rates from CVD and cancer. CVD are still the main causes of death in the country, but if the observed death rate trends continue, in a few years cancers will be the main causes of death in the Brazilian population aged 35-74 years. Therefore, primary prevention of CVD and cancers should be prioritized, by intensifying control of the main risk factors for CVD, which will also affect the incidence of new cancers, and improving the early diagnosis of cancer.

Footnotes

Sources of Funding

There were no external funding sources for this study.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.


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