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. 2020 Jun 29;114(6):1067–1071. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20200358
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Síndromes Coronarianas Agudas no Contexto Atual da Pandemia COVID-19

Raphael Boesche Guimarães 1, Breno Falcão 2,3, Ricardo Alves Costa 4,5, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes 6, Roberto Vieira Botelho 7, Ricardo Petraco 8, Rogério Sarmento-Leite 1,9,10
PMCID: PMC8416128  PMID: 32638899

Introdução

A COVID-19, descrita inicialmente no final de 2019 na China, pode, nas formas graves, cursar como pneumonia atípica e síndrome do desconforto respiratório grave.1 Classificada em fevereiro de 2020 como pandemia2 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem determinado importantes repercussões clínicas, sociais, políticas e econômicas, deixando marcas, consequências e aprendizados. A sociedade como um todo teve que se adaptar à uma nova realidade. Hospitais precisaram reescrever suas rotinas e procedimentos operacionais. A criação de cuidados especiais para evitar a disseminação interna dos vetores de contaminação tornou-se imperativa. Unidades dedicadas à COVID foram montadas, e ações protocolares de biossegurança foram instaladas. Recursos humanos, materiais e financeiros foram alocados no intuito de proporcionar a melhor qualidade assistencial possível, sem prejuízo à segurança das equipes.

O isolamento social, principal forma de conter a disseminação da doença, permitiu, em algumas localidades, o “achatamento da curva”, evitando o esgotamento total do sistema de saúde. No entanto, ainda é uma incógnita a extensão de duração da doença, risco de contágio e manutenção de todos os cuidados.

Os sintomas clássicos da COVID-19 são bem conhecidos,3 , 4 e a maioria dos infectados tem apresentações clínicas brandas. Todavia, em virtude das recomendações das autoridades de saúde para procurar atendimento hospitalar somente em casos graves, literalmente, do medo da população de se expor ao vírus, o diagnóstico, o tratamento e o prognóstico de várias outras condições clínicas a que usualmente os seres humanos estão expostos também têm sido duramente impactados. Isso aumenta o sinal de alerta para questões inerentes ao manejo da síndrome coronariana aguda (SCA), que pode encontrar obstáculos no atual cenário mundial.5

Não obstante a isso, indivíduos acima de 60 anos de idade ou que tenham doenças respiratórias, cardiovasculares prévias ou diabetes estão mais propensos a desenvolver as formas graves da COVID-19, podendo ter o seu sistema cardiovascular comprometido e sofrer manifestações de miocardite ou infartos do tipo II e fenômenos tromboembólicos.6 , 7

Experiências Internacionais

Experiências internacionais de países que nos antecederam na aparição de casos apontaram associações importantes entre a COVID-19 e a doença cardiovascular.

Portadores de doença cardiovascular ou cerebrovascular acometidos por COVID-19 representam cerca de 40% dos casos graves e têm pior prognóstico.8 Em pacientes com COVID-19, contrastando com uma taxa de fatalidade por caso geral de 2,3%, a taxa de fatalidade por caso entre os portadores de doença cardiovascular preexistente foi de 10,5% e, entre os diabéticos, de 7,3%.9 Manifestações cardiológicas atribuídas à COVID-19 também foram reportadas. Arritmias ocorreram em 16,7% e lesão miocárdica aguda em 7% dos casos,10 com elevações de troponina registradas, particularmente nos casos mais graves.11

Além dessas associações diretas, “efeitos colaterais” da pandemia de COVID-19 no atendimento de SCA geraram preocupação. Registrou-se queda brusca na procura por atendimento ao pronto-socorro cardiológico pelos pacientes com SCA, possivelmente relacionada com o medo de contrair a infecção no ambiente hospitalar, que pode redundar em subdiagnóstico e tratamento inadequado, com risco de sequelas e mortes evitáveis.12 , 13 Além disso, atrasos para angioplastia primária foram registrados tanto pré-hospitalares, por relutância na procura ou por dificuldades de acesso, fazendo com que o paciente seja admitido em uma condição mais grave, como intra-hospitalares, atribuídos a modificações nos fluxos decorrentes das barreiras de biossegurança necessárias contra o coronavírus.14

Alertas à população sobre a importância de valorizar sintomas sugestivos de SCA e de procurar ajuda rapidamente são fundamentais e vêm sendo gerados por associações importantes em outros países.15 A telemedicina é uma ferramenta facilitadora nesse contexto, tem o potencial de permitir ao médico reconhecer remotamente sintomas suspeitos de SCA e orientar o paciente a procurar imediatamente por atendimento. Além disso, permite diagnóstico pré-hospitalar de infarto agudo do miocárdio com supradesnível de segmento ST, possibilitando acionamento rápido dos laboratórios de hemodinâmica e seleção da melhor estratégia de reperfusão miocárdica, fibrinolítica ou angioplastia primária, de maneira personalizada. Pode-se evitar a passagem pelo pronto-socorro, conduzindo o paciente diretamente à sala de cateterismo, de forma a minimizar o risco de infecção nosocomial e encurtar o tempo para recanalização, reduzindo tempo de internação e sequelas.16 , 17

Assim, o preparo das equipes com treinamento médico continuado, protocolos assistenciais, alertas de novas políticas públicas populacionais e o uso da telemedicina como ferramenta auxiliar têm demonstrado ser fundamentais.

Manejo da Síndrome Coronariana Aguda (Protocolos de Atendimento)

A pandemia da COVID-19 fez emergir novos questionamentos, desafios e paradigmas na abordagem da SCA18 – uma emergência médica que deve ser diagnosticada e tratada precocemente conforme protocolos validados extensamente na literatura.19 É fato incontestável que o tratamento da SCA, sobretudo do infarto agudo do miocárdio, tem evoluído e demonstrado reduções significativas nas taxas de mortalidade, especialmente se implementado nas primeiras horas do evento cardiovascular.20 A trombólise, a angioplastia e os stents coronários promoveram uma verdadeira revolução. Com ações precoces, verifica-se menor número de arritmias ventriculares, redução do tamanho do dano miocárdico, menores incidências de reinfarto e maior preservação da função ventricular.21 Tais efeitos se sustentam a longo prazo e impactam na qualidade e expectativa de vida. Infelizmente, a pandemia da COVID-19 tem impactado negativamente no diagnóstico precoce e no adequado tratamento da SCA atualmente. São muitos os relatos apontando para uma significativa redução nos atendimentos por essa apresentação nos setores de emergências. Dados reportados de todo o mundo e da cidade de Nova York, Estados Unidos, apontam para redução de até 70% no volume de atendimentos por SCA e aumento em até 800% nas mortes súbitas.22 , 23

Recomendações de diversas Sociedades Médicas19 , 20 destacam as implicações clínicas cardiovasculares do coronavírus e atenção para os riscos individuais e populacionais.20 , 21 Além das estratégias de saúde pública para prevenção da disseminação da infecção, vacinação anti-influenza e antipneumocócica, há alerta para a muito provável subnotificação e a falta de assistência para os casos de infarto agudo do miocárdio durante a pandemia da COVID-19.21 , 22 Nesse contexto, a criação de rotas e fluxos voltados para dar atenção a esses pacientes precisa de ampla estruturação e divulgação. As Figuras 1 e 2 apresentam sugestões de protocolos assistenciais que precisam ser validados e ajustados às diferentes realidades locais. Para tanto, equipamentos de proteção individual (óculos antirrespingos, protetores faciais, máscaras N95 ou equivalentes, gorros e aventais impermeáveis) para paramentação completa devem estar disponíveis para toda a equipe assistencial e seguir rígidas rotinas institucionais no seu uso.

Figura 1. – Infarto agudo com supra ST na era COVID.

Figura 1

Figura 2. – Angina instável/síndrome coronariana sem supra ST na era COVID.

Figura 2

Somado a isso, a criação de redes de infarto, apoiadas por telemedicina, pode diminuir a mortalidade e o tempo de hospitalização. O programa Mission Lifeline STEMI Systems Accelerator23 observou o impacto da implementação de redes de infarto em 167 hospitais, que atenderam a 23.498 pacientes com infarto com supradesnivelamento do segmento ST. Documentou-se melhora de 3 processos-chave para o cuidado: ativação pré-hospitalar da hemodinâmica (62% para 91%; p < 0,001); protocolo de chamada única para transferência de unidade externa (45% a 70%; p < 0,001); encaminhamento direto para a hemodinâmica (evitando-se atrasos no pronto-socorro) (48% a 59%; p = 0,002); além de significativa redução do tempo entre o primeiro contato médico até o balão (88 minutos × 98 minutos; p < 0,001). O programa LATIN24 - 28 conectou 13 hospitais terciários a 86 unidades de pronto atendimento (UPA) no Brasil. Mais de 6.000 pacientes com dor torácica foram atendidos através de telemedicina. O tempo médio para o diagnóstico de infarto foi de 5 minutos. A angioplastia primária foi empregada em 49% desses pacientes, atingindo-se mortalidade hospitalar média de 5%. Nessas redes, casos atendidos precocemente seguem rotas que evitam o pronto atendimento e conduzem o paciente diretamente à sala de hemodinâmica, encurtando os retardos evitáveis, e podem até prescindir de UTI, aliviando a sobrecarga ao sistema de saúde.

Perspectivas Futuras

A inerente e iminente recessão econômica dificulta a manutenção da população em quarentena. Fato que, teoricamente, poderá implicar na maior disseminação da doença ou surgimento de uma segunda onda com chances reais de superlotação e esgotamento no sistema de saúde. Nesse sentido, compilar ambiente seguro e protocolos adequados de tratamento dos pacientes com SCA é fundamental no enfrentamento da pandemia, tanto no âmbito da saúde pública como suplementar. Revisão contínua das medidas institucionais de gerenciamento protocolar são fundamentais no manejo dos pacientes com COVID-19 que apresentam SCA e para aqueles com doença arterial coronariana aguda sem infecção coexistente. A equipe médica deverá estar sempre alinhada e trabalhando de forma multidisciplinar, atenta aos potenciais efeitos colaterais cardiológicos das diferentes medicações e terapêuticas utilizadas no enfrentamento da COVID-19. Será imperativo o treinamento da equipe de atendimento com relação a: triagem, biossegurança, escalas de trabalho, equipamentos de proteção individual, técnicas corretas de paramentação, observância absoluta nos processos de desparamentação, cuidados com pacientes, isolamento, medidas de higienização, adequação diagnóstica e terapêutica, de modo a exposição da equipe de saúde. Aliado a todo esse preparo, é urgente alertar a população de que “o infarto e as doenças do coração não respeitam quarentena”. Campanhas dedicadas, como a Coração Alerta (https://coracaoalerta.com.br), patrocinada pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), ações governamentais, sociais e comunitárias e espaços para este fim na mídia leiga e literatura médica podem, como nunca, salvar vidas.

Um novo modo de viver e de fazer assistência se apresentou e segue em nosso horizonte. O real desfecho de tudo o que estamos vivenciando ainda não é sabido, mas é certo que esta complicada situação irá passar, e as patologias cardiovasculares (em especial as SCA) não podem ser colocadas em segundo plano – o melhor manejo disponível sempre deverá estar disponível e ser oferecido. Com ciência, sabedoria e bom senso, sairemos desta grave situação, mais fortes e com muitos ensinamentos, o que nos ajudará ainda mais a qualificar a atividade assistencial em prol de nosso bem maior: a vida.

Vinculação Acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Aprovação Ética e Consentimento Informado

Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores.

Fontes de Financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

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Acute Coronary Syndromes in the Current Context of the Covid-19 Pandemic

Raphael Boesche Guimarães 1, Breno Falcão 2,3, Ricardo Alves Costa 4,5, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes 6, Roberto Vieira Botelho 7, Ricardo Petraco 8, Rogério Sarmento-Leite 1,9,10

Introduction

COVID-19, initially described at the end of 2019 in China, may present as atypical pneumonia and severe respiratory failure.1 Classified in February 2020 as a pandemic2 by the World Health Organization (WHO), COVID-19 has had major clinical, social, political and economic implications. Society as a whole has had to adapt to a new reality, forcing hospitals to rewrite their routine practices and clinical pathways. Specific measures have had to be put in place to prevent hospital transmission of the infection. Also, dedicated COVID units have been set up and infection control protocols implemented. Finally, additional human, material and financial resources have been allocated in order to provide patients with the best possible care, without compromising the safety of healthcare workers.

Social isolation as a way of containing the spread of the disease may have helped, in some places, to “flatten the curve”, preventing the collapse of healthcare systems. However, the duration of the pandemic, as well as the precise risk of transmission are still largely unknown.

Typical symptoms of COVID-have been described3 , 4 and most infected patients present with mild viral syndromes. As a result, and as part of social distancing measures, patients are recommended to seek hospital care only in case of severe symptoms. This policy has, on the other hand, has generated a widespread reluctance by the population to go to hospitals, for fear of being exposed to the virus in healthcare settings. As a result, diagnosis, treatment and prognosis of several other clinical conditions have been unintentionally impacted. This applies to cardiology and, particularly, to Acute Coronary Syndromes (ACS), a phenomenon described globally.5

Furthermore, individuals who are over 60 years old and those with previous cardiovascular or respiratory disorders are more likely to develop severe forms of COVID-19, with increased cardiovascular compromise during the infection course, such as myocarditis, type II infarctions and thromboembolic phenomena.6 , 7

International Experiences

Experiences shared from countries in which the COVID-19 infection wave preceded ours indicate important associations between COVID-19 and cardiovascular disease.

COVID-19 patients with established cardiovascular disease and those with hypertension and diabetes represent about 40% of the severe cases and have a worse prognosis.8 These groups have a much higher fatality rate – 7.3-10.5% compared to 2.3% for the general population9 . Cardiac manifestations attributed to COVID-19 have also been reported, with arrhythmias occurring in 16.7% and acute myocardial injury in up to 7% of hospitalized cases.10 , 11

In addition to these direct associations, the “side effects” of the COVID-19 pandemic in the care of acute coronary syndromes have generated concern. There was a sharp drop in the search for cardiac emergency room care by patients with ACS, possibly related to the fear of contracting infections in the hospital environment, which can result in underdiagnosis and inadequate treatment, with risk of death and long-term morbidity.12 , 13 In addition, delays in primary angioplasty have been reported, with complications of late-presenting myocardial infarction having been described.14

National campaigns targeted to raise awareness of ACS symptoms have been put in place internationally, advising patients to seek help quickly in case of suspected cardiac emergencies.15 Telemedicine is a facilitating tool for such complex COVID-19 circumstances, as it has the potential to allow the physician to remotely recognize suspected symptoms of acute coronary syndrome and guide the patient to seek care immediately. In addition, it allows pre-hospital diagnosis of acute ST-elevation myocardial infarction, enabling the rapid activation of catheterization laboratories and selection of the best myocardial reperfusion strategy using an individualized approach. It is possible to refer the patient directly to the heart attack center or catheterization laboratory, by-passing emergency departments, reducing hospitalization time and myocardial sequelae.16 , 17

Therefore, early training of cardiology teams with pathways that include the use of telemedicine is essential for the successful implementation of such tools.

Management of ACS (protocols of care)

The COVID-19 pandemic has impacted the management of acute coronary syndromes,18 particularly the speed at which proven medical and interventional therapies can be implemented.19 For instance, in STEMI cases, reperfusion is known to be most beneficial if implemented within the first few hours of symptom onset.20 With early actions, there is a reduction of ventricular arrhythmias, reduced myocardial damage, lower incidences of reinfarction and greater preservation of ventricular function.21 Unfortunately, late presentations of ACS have been reported worldwide. In New York, United States, there has been a reduction of up to 70% in the volume of emergency calls due to ACS and an increase of up to 800% in sudden deaths.22 , 23

Recommendations from several Medical Societies19 , 20 highlight the cardiovascular clinical implications of coronavirus and call for attention to be paid to individual and populational risks.20 , 21 In addition to public health strategies to prevent the spread of infection, such as influenza and pneumococcal vaccination, there is a warning of a very likely underreporting and lack of assistance for cases of acute myocardial infarction during the COVID-19 pandemic.21 , 22 In this context, the creation of routes and flows aimed at the care of these patients need extensive structuring and dissemination. Figures 1 and 2 depict suggestions of care pathways that can be adjusted to local hospital circumstances. For this purpose, personal protective equipment (anti-splash goggles, facial protectors, respirator masks, caps and waterproof aprons/gowns) should be available to the entire team with strict institutional routines for their use.

Figure 1. – Acute ST elevation myocardial infarction in the COVID era.

Figure 1

Figure 2. – Unstable Angina/Coronary Syndrome Without ST elevation in the COVID era.

Figure 2

In addition, the creation of infarction networks, supported by telemedicine, can reduce mortality and length of hospitalization. The “Mission: Lifeline STEMI Systems Accelerator”23 program observed the impact of the implementation of infarction networks in 167 hospitals, which treated 23,498 patients with acute ST elevation myocardial infarction. It documented key processes for improved care: pre-hospital catheterization laboratory activation (62% to 91%; P<0.001), single call protocol for external unit transfer (45% - 70%; P<0.001), and direct referral to the laboratory (avoiding delays in the emergency room) (48%- 59%; P=0.002). There was also a significant reduction in the time between the first medical contact and balloon inflation (88 minutes x 98 minutes; p<0.001). The LATIN24 - 28 program connected 13 tertiary hospitals to 86 emergency care units (UPAs) in Brazil. It treated more than 6,000 patients with chest pain through telemedicine. The mean time for the diagnosis of infarction was 5 minutes. Primary percutaneous coronary intervention was used in 49% of these patients, reaching an average hospital mortality of 5%. In these networks, cases assisted early follow routes that avoid emergency care and lead the patient directly to the hemodynamics room, shortening the avoidable delays, which may even prevent the need for ICU, relieving the overload of the health care system.

Future Perspectives

The imminent economic recession caused by COVID-19 makes it challenging to maintain the population lockdown for long. This fact may theoretically imply a greater spread of the disease or the emergence of a second wave, with real chances of overcrowding and exhausting the health system. In this sense, providing a safe environment and adequate protocols for the treatment of patients with ACS is fundamental for coping with the pandemic, both in the public and supplementary health areas. The continuous review of institutional protocol management measures are fundamental for the management of patients with COVID-19 who have ACS, as well as for those without the co-existing infection. The medical staff should always be aligned and work as multidisciplinary teams, always alert to the potential cardiac side effects of the different drugs and therapies used to treat COVID-19. Training of the care team in relation to screening, biosafety, work routes, personal protective equipment, correct donning techniques, stringent observance of the doffing processes, patient care, isolation, hygiene measures, diagnostic adequacy and therapy avoiding the exposure of the health team will be imperative. Combined with all this preparation, it is urgent to warn the population that “myocardial infarction and heart diseases do not respect the quarantine”. Dedicated campaigns such as Coração Alerta (https://coracaoalerta.com.br) sponsored by the Brazilian Society of Hemodynamics and Interventional Cardiology (SBHCI), governmental, social and community actions and spaces for this purpose in the lay media and medical literature, as never before, can save lives.

A new way of living and providing care has emerged. The real final outcome of everything we are experiencing is not yet known, but what is certain is that this acute complicated situation will pass and cardiovascular pathologies, especially ACS, cannot be put in the background. Therefore, the best available management should always be available and offered. With science, wisdom and common sense we will come out stronger out of this serious situation with many teachings that will further help us to qualify our care activity for the greater good, which is the protection of life.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Ethics Approval and Consent to Participate

This article does not contain any studies with human participants or animals performed by any of the authors.

Sources of Funding

There were no external funding sources for this study.


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