Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
editorial
. 2020 Nov 1;115(5):860–861. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20200563
View full-text in English

Resultado Evolutivo de Infartos Agudos do Miocárdio em Cinco Regiões Geográficas Brasileiras ao Longo de Duas Décadas

Editor: Alfredo José Mansur1,
PMCID: PMC8452189  PMID: 33295448

Este é um método de pesquisa atual para avaliar o desfecho de doenças ao longo de décadas, principalmente nas doenças mais prevalentes, como o infarto do miocárdio, um problema de saúde pública com impacto significativo na morbidade e mortalidade da população. Além de evoluir ao longo do tempo, as condições locais também podem contribuir para diferenças de desfecho, principalmente em países com dimensões continentais como o Brasil, bem como com grandes populações (206.081.432 habitantes em 2016; 210.147.125 habitantes em 2019).1 Outras variáveis epidemiológicas, como idade, sexo, acesso a tratamento, comorbidades, etc., fazem parte do espectro contínuo da atenção à saúde e dos fatores de risco para doenças cardiovasculares.

No presente estudo2 os autores avaliaram dados de mortalidade do Sistema de Informação sobre Mortalidade em cinco regiões geográficas brasileiras entre 1996 e 2016. Os pesquisadores corrigiram dados obtidos de atestados de óbito ajustando-os para: a) causas mal definidas de morte; b) causas básicas inespecíficas ou incompletas (garbage codes) sem sentido para um estudo de causalidade; c) correção por sub-registro ou notificação. A análise foi realizada em uma série temporal com regressão linear segmentada.

Inconsistências refletem limitações nas instalações e recursos de tratamento, no diagnóstico e nos detalhes operacionais na coleta, processamento e notificação de dados nos atestados de óbito. Esforços para melhor qualificação dos dados de saúde são um objetivo constante na atenção à saúde e continuamente estimulados nos diferentes níveis de organização do Sistema3 coleta e análise de dados.4,5

Os resultados do estudo demonstraram diferenças na qualidade dos dados examinados entre as capitais e algumas cidades do interior. Houve tendência de diminuição da mortalidade por infarto do miocárdio. No entanto, essa queda não foi homogênea em todas as regiões do país no período do estudo. Na região Nordeste não foi este o caso.

Além das diferenças regionais, surgiu uma diferença adicional em relação ao sexo: houve um aumento da mortalidade em mulheres na região Nordeste entre 2002 a 2006. As apresentações fisiopatológicas, clínicas e os desfechos podem ter características específicas nas mulheres em relação aos homens.6,7 Em alguns estudos foi sugerido que o acesso ao tratamento pode ser otimizado.8,9

Algumas outras variáveis relacionadas ao desfecho estão fora do escopo dessas investigações, conforme reconhecidos pelos autores, como hipertensão, obesidade, diabetes, tabagismo, hipercolesterolemia, histórico familiar de doença cardiovascular e infarto do miocárdio. No entanto, elas não chegam a atingir um ponto de aprendizado com a contribuição dos achados deste estudo.

Os autores concluíram que, apesar de uma tendência de queda na mortalidade por infarto do miocárdio em diferentes regiões do Brasil, essa queda foi heterogênea no decorrer desta pesquisa e em relação ao sexo. Significa que há avanços a serem trabalhados neste campo da saúde.

Footnotes

Minieditorial referente ao artigo: Mortalidade por Infarto Agudo do Miocárdio no Brasil de 1996 a 2016: 21 Anos de Contrastes nas Regiões Brasileiras

Referências

  • 1.1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (IBGE). Estimativas populacionais.[Citado em 21 maio 2020] Disponível em: https://www.ibge.gov.br/en/statistics/social/18448-estimates-of-resident-population-for-municipalities-and-federation-units.html?edicao=21737&t=downloads.
  • 2.2. Ferreira LCM, Nogueira MC, Carvalho MS, Teixeira MTB. Mortality Due to Acute Myocardial Infarction in Brazil from 1996 to 2016: 21 Years of Disparities in Brazilian Regions. Arq Bras Cardiol. 2020; 115(5):849-859. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 3.3. Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 3.222, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2019, dispõe sobre os indicadores do pagamento por desempenho. Define ações estratégicas e indicadores para 2020. [Citado em 24 janeiro 2020] Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=11/12/2019&jornal=515&pagina=172&totalArquivos=217
  • 4.4. Vasconcelos MM, Gribel EB, Moraes IH. Registros em saúde: avaliação da qualidade do prontuário do paciente na atenção básica, Rio de Janeiro(Brasil). Cad Saúde Pública. 2008;24(supl 1): S173-S182.: 24 (Sup 1)S173-S182. [DOI] [PubMed]
  • 5.5. Azzolini E, Furia G, Cambieri A, Ricciardi W, Volpe M, Poscia A. Quality improvement of medical records through internal auditing: a comparative analysis. J Prev Med Hyg. 2019 Sep 30;60(3):E250-E255. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 6.6. Mehta LS, Beckie TM, DeVon HA, Grines CL, Krumholz HM, Johnson MN, et al.; American Heart Association Cardiovascular Disease in Women and Special Populations Committee of the Council on Clinical Cardiology, Council on Epidemiology and Prevention, Council on Cardiovascular and Stroke Nursing, and Council on Quality of Care and Outcomes Research. Acute Myocardial Infarction in Women: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation. 2016 Mar 1;133(9):916-47. [DOI] [PubMed]
  • 7.7. Gabet A, Chatignoux E, Ducimetière P, Danchin N, Olié V. Differential trends in myocardial infarction mortality over 1975-2010 in France according to gender: An age-period-cohort analysis. Int J Cardiol. 2016; Nov 15;223:660-4. [DOI] [PubMed]
  • 8.8. Alabas OA, Gale CP, Hall M, Rutherford MJ, Szummer K, Lawesson SS, et al. Sex Differences in Treatments, Relative Survival, and Excess Mortality Following Acute Myocardial Infarction: National Cohort Study Using the SWEDEHEART Registry. J Am Heart Assoc. 2017 Dec 14;6(12):e007123. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 9.9. Hao Y, Liu J, Liu J, Yang N, Smith SC Jr, Huo Y,et al. Sex Differences in In-Hospital Management and Outcomes of Patients With Acute Coronary Syndrome. Circulation. 2019 Apr 9;139(15):1776-85. [DOI] [PubMed]
Arq Bras Cardiol. 2020 Nov 1;115(5):860–861. [Article in English]

Evolving Outcome of Acute Myocardial Infarctions in Five Brazilian Geographic Regions Over Two Decades

Editor: Alfredo José Mansur1,

It is a current research method to evaluate the outcome of diseases over decades, mainly in most prevalent diseases such as myocardial infarction, a public health issue with a significant toll in morbidity and mortality of the population. In addition to evolving over time, local conditions may also contribute to differences in outcome, mainly in countries with continental dimensions as Brazil is, as well as with large populations (206.081.432 habitants in 2016; 210.147.125 habitants in 2019).1 Other epidemiologic variables, such as age, sex, access to treatment, co-morbidities, etc. – are part of the continuous spectrum of health care and risk factors for cardiovascular diseases.

In the current study2 authors evaluated mortality data from a National Database System on Mortality in five geographic Brazilian regions between 1996 and 2016. Researchers corrected obtained from death certificates adjusting for: a) ill defined causes of death; b) codes-garbage without meaning for a causality study; c) correction for under registry or notification. The analysis was made in time series with segmented linear regression.

Inconsistencies would reflect limitations in treatment facilities and resources, in diagnosis and operational details in data collecting, processing and reporting in the deaths certificates. Efforts for better qualifying health data is a constant drive in health care and is continuously stimulated at the different levels of organization of the system,3 data collection and analysis.4,5

The results of the study demonstrated differences in the quality of examined data between State capitals and some cities in the countryside. There was a tendency to decrease in mortality due to myocardial infarction. However, such a decrease was not homogeneous in every region of the country in the study period. In the Northeast region that was not the case.

In addition to the regional differences, an additional difference emerged relative to sex: there was an increase in mortality in women in the Northeast region between 2002 to 2006. Pathophysiological, clinical presentations, and outcome may have specific characteristic in women relative to men.6,7 In some studies, it was suggested that access to treatment might be optimizes.8,9

Some other variables related to outcome are out of the scope of this investigations as the authors recognized such as hypertension, obesity, diabetes, smoking, hypercholesterolemia, family history of cardiovascular disease and myocardial infarction. However, they are not to the point of learning with the contribution of the findings of this study.

The authors concluded that in spite of a tendency in decrease in mortality due to myocardial infarction in different regions of Brazil, such a decrease was heterogeneous in the time course of this research and relative to sex. It means that there is progress to be worked out in this field of health care.

Footnotes

Short Editorial related to the article: Mortality Due to Acute Myocardial Infarction in Brazil from 1996 to 2016: 21 Years of Disparities in Brazilian Regions


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES