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. 2021 Oct 6;117(4):775–781. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20201134
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Endocardite Infecciosa em Idosos: Características Distintas

Luiz Henrique Braga Lemos 1, Leonardo Ribeiro da Silva 1, Marcelo Goulart Correa 2, Wilma Golebiovski 2, Clara Weksler 2, Rafael Quaresma Garrido 2,3, Giovanna Ferraiuoli Barbosa 2,4, Cristiane da Cruz Lamas 1,2,3
PMCID: PMC8528351  PMID: 34709305

Introdução

A endocardite infecciosa (EI) é uma doença grave, com mortalidade intra-hospitalar média de 20%.1 - 3 Apresenta incidência crescente, com destaque para o aumento de sua prevalência na população idosa.4 - 9 Em pacientes da terceira idade com EI, existem diferenças quanto a apresentação clínica, complicações, presença de comorbidades, abordagem terapêutica e mortalidade.4 , 10 - 13 Diretrizes de EI não abordam especificamente idosos e não está claro até que ponto elas podem ser utilizadas de maneira adequada nesses pacientes.2 , 14 , 15 A população idosa claramente beneficiou-se do progresso médico, com técnicas diagnóstico-terapêuticas que influenciam no aumento da expectativa de vida e em procedimentos menos invasivos.10 Um exemplo é o implante de válvula aórtica transcateter na abordagem de doenças da valva aórtica.15 No entanto, esses procedimentos, em conjunto com o implante crescente de dispositivos eletrônicos cardiovasculares (DEC), contribuem para infecções como a EI. Encontram-se comorbidades em mais da metade de idosos, com consequente necessidade de cuidados prolongados de profissionais da saúde, o que aumenta a probabilidade de aquisição da EI.3 , 16 O diagnóstico de EI em idosos, frequentemente, é atrasado ou esquecido.3 As manifestações podem ser inespecíficas, atribuídas ao envelhecimento e outras condições. A febre pode estar ausente, havendo apenas confusão mental.17 A EI pode se apresentar com complicações semelhantes a outras condições, como insuficiência cardíaca (IC), acidente vascular encefálico (AVE) ou embolia sistêmica atribuível a fibrilação atrial.3 , 16 No Brasil, apesar de uma população idosa crescente, até o momento não foi publicado nenhum artigo publicado a respeito de EI para esse grupo. O objetivo deste estudo é descrever o grupo de idosos em nossa coorte de EI em adultos e compará-los aos não idosos, ressaltando as diferenças entre os grupos.

Métodos

O local do estudo é um hospital público terciário especializado em cardiologia de alta complexidade, com cirurgia cardíaca in loco . O estudo é retrospectivo de pacientes idosos definidos como pelo Estatuto do Idoso do Brasil,18 identificados na coorte de pacientes adultos com critério de EI definitiva pelos critérios modificados de Duke e conduzido pelo período de janeiro de 2006 a dezembro de 2019. As variáveis do estudo foram as incluídas em ficha de coleta de dados padrão ( case report form ) descritas previamente.4 A análise estatística foi realizada utilizando-se o programa Jamovi®, versão 1.2.2. Os dados foram expressos como frequências, médias ± desvio-padrão da média, mediana e intervalo interquartil. Para a análise bivariada, foram usados os testes do Qui-quadrado e Exato de Fisher. Para verificar a normalidade da distribuição, utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk. Os testes t de Student não pareado e o de Mann-Whitney foram utilizados para comparar as variáveis numéricas entre os grupos de interesse. O valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significante.

Resultados

Idosos corresponderam a 97 de 370 casos de EI (26,2%) no período. A idade média foi 68,8±6,3 anos; sexo masculino correspondeu a 73 casos (75,2%). A apresentação foi aguda, isto é, sinais e sintomas foram observados em menos de 1 mês de evolução, em 60% dos casos (57/95) e subaguda em 40% (38/95). A aquisição foi comunitária em 49 (50,5%), nosocomial em 37 (38,1%) e relacionada a saúde não nosocomial em 11 (11,3%). Microrganismos mais prevalentes foram enterococos 18 (25,7%). Entre 12 S. aureus isolados, 10 (83,3%) eram MRSA e, desses, 6 eram hospitalares e 4 comunitários. Hemoculturas foram negativas em 27,8% ( Figura 1 ). Ecocardiograma transesofágico foi positivo em 88/96 (91,6%), e transtorácico em 75/96 (78,1%). Achados mais encontrados foram insuficiência aórtica em 37/96 (38,5%) e mitral em 43/96 (44,7%); vegetações aórticas em 40/96 (41,6%), mitrais em 36/96 (37,5%), tricúspides em 9/96 (9,3%), e em DEC em 11/96 (11,4%). As comorbidades mais frequentes foram hipertensão arterial, insuficiência cardíaca (IC) e doença arterial coronariana ( Figura 2 ); cirurgia cardíaca (CC) prévia foi relatada em 50/97 (51,5%). Havia predisposição de valva nativa em 36/92 (39,1%), prótese valvar em 45/97 (46,4%) e EI prévia em 10/97 (10,7%). As complicações foram IC por insuficiência aórtica ou mitral 57/97 (58,7%), abscesso 24/97 (24,7%), deiscência paravalvar protética 7/45 (15,5%), e perfuração valvar 25/97 (25,7%). Fenômenos embólicos esplênicos ocorreram em 28/97 (28,8%) e cerebrais em 18/97 (18,5%).

Figura 1. – Agentes identificados em hemoculturas de 97 casos de EI em idosos (2006-2019). Outros: 1 Granulicatella; 1 Trichosporon beigelii; 1 Bartonella henselae; 1 Listeria monocytogenes. ECN: estafilococos coagulase-negativos; BGN: bastonetes Gram negativos; HACEK: Haemophilus spp, Aggregatibacter spp, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens, Kingella kingae.

Figura 1

Figura 2. – Comorbidades mais frequentes nos 97 idosos com EI (2006-2019). HAS: hipertensão arterial sistêmica; IC: insuficiência cardíaca; DAC: doença arterial coronariana; DRC: doença renal crônica; DM: diabetes melito; DCV: doença cerebrovascular; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica.

Figura 2

Dos 80 idosos com indicação cirúrgica (82,4%), 59 (73,7%) foram operados. A mortalidade hospitalar foi de 38 (39,1%); 22/59 (37%) morreram entre os que foram abordados cirurgicamente e 16/38 (42%) entre os que não foram.

Realizou-se uma análise comparativa utilizando dados de 359 pacientes adultos com EI de janeiro de 2006 a setembro de 2019 ( Tabela 1 ). Um total de 266 pacientes tinha idade < 60 anos, enquanto 93 pacientes (25,9%) tinha ≥ 60 anos. A proporção de homens entre idosos foi maior, assim como a evolução aguda e a EI hospitalar.

Tabela 1. – Comparação de características clínicas e laboratoriais, e desfechos entre idosos e não idosos com EI, realizada entre janeiro de 2006 e setembro de 2019.

Variável/proporção em percentual (%) Idosos(n=93) Não idosos (n=266) p valor
Gênero masculino 72 60,2 p = 0,04
Evolução aguda 63,3 46,8 p = 0,019
Aquisição hospitalar 39,8 24,5 p = 0,005
Aquisição relacionada a assistência à saúde não hospitalar 10,8 7,2 p = 0,285
Febre 88,2 94,7 p = 0,034
Sopro regurgitante novo 48,8 60,4 p = 0,064
Eventos embólicos 35,2 56,9 P < 0,001
Eventos embólicos para SNC 17,2 29,1 p = 0,025
Esplenomegalia 10,5 26,5 p = 0,002
Enterococos 20,4 7,5 p < 0,001
Estreptococos do grupo viridans 16 26 p = 0,047
Staphylococcus aureus 12,9 10,5 p = 0,531
Valvopatia reumática 20,2 37,7 0,002
Cardiopatia congênita 1,1 18 < 0,001
Prótese valvar* 25,7 11,8 0,006
HAS 72,9 39,2 < 0,001
DM 16,1 10,2 0,123
Dislipidemia 35,0 14,8 < 0,001
Fibrilação atrial 26,1 13,2 0,004
IC pregressa 53,3 35,7 0,003
DPOC 10,9 2,7 0,002
DAC 31,5 6,1 < 0,001
DCV 10,8 4,9 0,047
MP 20,4 8,3 0,002
IRC 27,5 17,7 0,044
Hemodiálise 7,5 7,1 0,902
Neoplasia 12,9 3,9 0,002
CC anterior 52,7 32,2 < 0,001
ICP 10,9 3,4 0,006
RVM 16,2 2,3 < 0,001
Uso de AAS 24,4 5,9 < 0,001
Uso de varfarina 24,4 18,1 0,222
Indicação cirúrgica para EI 81,7 88,7 p = 0,085
Ventilação mecânica** 30,3 18 p = 0,015
Uso de inotrópico** 33,7 21,8 p =0,028
Óbito intra-hospitalar 43,0 18,1 < 0,001

SNC: sistema nervoso central; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DM: diabetes melito; IC: insuficiência cardíaca; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; DAC: doença arterial coronariana; DCA: doença cerebrovascular; MP: marcapasso; IRC: insuficiência renal crônica; CC: cirurgia cardíaca; ICP: intervenções cardíacas percutâneas; RVM: revascularização do miocárdio; AAS: ácido acetilsalicílico; * prótese valvar com mais de 1 ano de inserção; ** no pré-operatório de troca valvar para EI.

Quanto à clínica, pacientes idosos tiveram menos febre, sopro regurgitante novo, eventos embólicos, incluindo eventos para o sistema nervoso central, e menos esplenomegalia. Quanto a etiologia, idosos apresentaram enterococos com maior frequência, a estreptococos do grupo viridans em menor e frequência de S. aureus semelhante.

Idosos tiveram maior necessidade de ventilação mecânica e de inotrópicos antes da cirurgia. Não houve diferença quanto a insuficiência renal aguda, distúrbios de condução, embolização recorrente e abscessos. Não houve diferença na proporção de indicação cirúrgica entre idosos e NI. Idosos tiveram indicação cirúrgica em 81,7%, e foram operados em 66,3%; em comparação, dos 88,7% dos pacientes NI para os quais a cirurgia foi indicada, 84% foram operados. A indicação foi insuficiência ventricular secundária a regurgitação mitral ou aórtica aguda em 56,5% de idosos versus 63,4% de NI (p=0,243). Outras indicações cirúrgicas foram abscesso miocárdico/paravalvar em 21,5% de idosos versus 20% de NI (p=0,757); deiscência de prótese (6,5% versus 4,3%, respectivamente, p=0,409) e bacteremia persistente em 9% versus 4% de NI (p=0,062). A mortalidade foi mais que duas vezes maior em pacientes idosos ( Tabela 1 ).

Discussão

Este estudo é inédito no Brasil, por ter enfoque na EI em idosos. Mais de um quarto dos pacientes com EI em nossa coorte de adultos eram idosos. Em estudos de países desenvolvidos, nota-se aumento da proporção de idosos entre casos de EI.4 - 9

Verificou-se frequência menor de febre, novo sopro regurgitante e complicações embólicas entre os idosos, o que foi constatado em outras publicações,4 , 12 esta última relacionada ao uso de antiagregantes plaquetários e/ou anticoagulantes. Tal situação pode indicar proteção para embolização com uso desses medicamentos; porém, são necessárias mais evidências científicas para comprovar essa hipótese. No estudo, idosos usaram significativamente mais ácido acetilsalicílico, e não varfarina, quando comparados aos NI.

Comorbidades foram mais prevalentes entre idosos, como esperado; tal fator é semelhante em estudo multicêntrico com grande número de pacientes, em que as frequências entre idosos e não idosos, respectivamente, de DM de 22,9% x 11,9% ( p < 0,001), de câncer geniturinário, de 4,7% x 0,6% ( p < 0,001) e de câncer do trato gastrintestinal de 3,2% x 0,8% (p < 0,001).4 Procedimentos invasivos prévios anteriores também foram mais frequentes entre idosos em nosso estudo, como foi nessa mesma publicação (56,2% x 38,5%, p < 0,001).4 Ratifica-se que a população idosa continua sendo mais exposta a procedimentos diagnósticos/terapêuticos, havendo maior predisposição à EI em função de eventos de bacteremia ocorridos nestes cenários e a presença de material sintético/dispositivos.

Observou-se maior frequência de EI hospitalar entre nossos idosos (39,8%); proporção semelhante é notada na literatura, em que a aquisição nosocomial representa 10,2% a 37% dos casos de EI em idosos.6 , 11 , 12 , 19 Na Tabela 2 , estão listados os estudos considerados mais relevantes de EI em idosos.

Tabela 2. – Aspectos da endocardite em idosos em uma revisão da literatura, 2000-2020.

Autor País No do estudo Período Idade/ sexo Valvas acometidas Microrganismos mais frequentes Condições subjacentes Complicações % Cirurgia Mortalidade
Durante-Mangoni, 20084 Vários 2.759 2000- 2005 1.056 idosos (65 anos ou mais); fem: (35,8%) M (50%); Ao (41%); Tri (7%); dispositivos intracardíacos (10%); próteses (26%) S. aureus (28,3%) (MRSA 35,8%); grupo bovis (8,3%); enterococos (16,5%); ECN (14%); estreptococos do grupo viridans (14,2%) RM (63%); EA (28%); procedimento invasivo (56,2%); DM (22,9%); CA geniturinário (4,7%); GI (3,2%) ICC (33,1%); AVE (14,6%); Embolia sistêmica (15,3%); Abscesso (14%); Bacteremia persistente (9,2%) 38,9% 24,9%
Remadi, 200917 França 348 1991-2006 75 idosos (75 anos ou mais); masc: 47; fem: 28 M: 45,3%; Ao: 54,7%; M-Ao: 16%; EI lado direito: 16%; prótese valvar (28%); marcapasso (26,7%) Estreptococos (37,4%); estafilococos (36 %); ECN (27,8%) em pacientes operados DM 2 (25.3%); DRC (17,3%); neoplasia (26,7%) ICC (28%); embolia 18,7%; evento maior de SNC 9,3%; Hemorragia Intracerebral 1,3% Abscessos 18,7% 29,3% Geral: 16% Cirúrgica: 9%;
López, 201019 Espanha 600 EI esquerda 1996-2008 Q3 (64-72 anos): 152; Q4 (>72 anos): 148 Nosocomial: 33%-37%; Prótese: 47%- 42%; prótese precoce: 36%- 39%; M(nat): 51%-61%; M(mec): 54%-35%; Ao (nat): 49%-39%; Ao (mec): 35%-21%; Ao (bio): 12%-33% ECN: 22%-18%; S. aureus: 14%-14%; MRSA: 18%-33%; enterococos:12%-13%; grupo viridans: 12%-12%; grupo bovis: 5%-7%. Reumáticos: 11%-8%; próteses 45- 48%; degeneração 12%-21%; DM: 28%- 29%; CA: 11%-13%; cateter IV: 6%-12%; C. cardíaca prévia: 14%- 12% ICC: 59-64%; AVE: 18- 23% ; IRA: 40- 46%; Bacteremia Persistente: 32- 37%; Embolia: 24- 28%; Sepse: 14%- 16%; Abscesso perivalvar: 25- 26%. 54%-40% Geral: 37%-36%; C. Urg: 44%-39%; C. Ele: 28%-34%. Trat. Med.: 40%-36%
Ramírez-Duque 201112 Espanha 961 EI esquerda 1984-2008 65 anos ou mais: 356; Masc: 63,3% Nosocomial: 21,1%; valva nativa: 74,5%; prótese tardia: 13,2%; prótese precoce: 12,4%; Ao: 50%; M: 37%; M-Ao: 11,4%; Grupo viridans: 16.9%; S. aureus: 17.4%; MRSA 12.9%; ECN: 17,1%; enterococcos: 16,3%; grupo bovis: 5.3%; BGN: 4,2% 80%. AVE: 26,6%; Embolia: 29,2%; IRA: 39,6%; sepse 16,5%; Complicações Intracardíacas: 27,8%; ICC: 28,9% 36% Geral: 43,2%
Bassetti, 20145 Itália 436 2004-2011 Grupo B (65-74 anos): 145; fem: 30%; grupo C (75 anos ou mais): 137; fem: 38,6% Vegetação: 77,2%-78,1% Enterococos: 11,7%-27%; estreptococos spp.: 33,1%-22,6%; viridans: 15,2%-7,3%; grupo bovis: 12,4%-11,2%; S. aureus: 14,5%-19,7%; ECN: 11%-13,1% Doença valvar: 47,6%-40,2%; prótese: 40%-40,2%; ICC: 30,3%-47,7%; DRC: 22,1%-29,2%; DM2: 30,3%-23,4%; CA: 23,5%-25,6%; cardite reumática: 7,6%-2,9% Embolia: 22,1%-13,9% Sinal neurológico focal: 11%-9,5%; Abscesso: 15,9%-14,6% 37,9%- 22,6% Geral: 19,3%-22,6%.
Oliver, 20176 França 454 2008-2013 G2 (65-80 anos): 173; Masc: 71,7%; G3 (acima de 80 anos): 51; Masc: 64,7% Hosp.: 19,9%-23,5%; Pós-op..: 11%-11,8%; Valva nativa: 57,8%-58,8%; Ao G2: 42%; M G3: 43,1%; valva protética: 42,2%-41,2%; EI aguda: 57,1%-68,8%; EI > 3 meses: 14,3%-6,3%; principais portas de entrada (G3): TGI: 33,3%; TGU: 7,8%; pele (23,6%) Enterococos: 15,6%-21,6%; Grupo bovis: 16,2% -17,7%; viridans: 17,9%-15,7%; ECN 9,3%-5,9%; MSSA: 12,7%-11,8%; MRSA: 2,9%- 2% EI prévia: 11%-11,8%; DM2: 19,1%-25,5%; HAS: 49,1%-58,8%; DAC: 17,8%-17%; AVE: 9,3%-7,8%; DRC: 14,5%-27,5%; CA: 24,3%-29,4% Embolia em ATB: G3: 21,6%; IRA: G3:51%; Espondilite: 12,6%-23,5% Abscesso: 26.5%-29,4% 69,6%-42,1% Intrahospitalar: 13,3%-15,7%; Em 1 ano: 19,7%-37,3%; Cirúrgica: G3: 6,3%
Wu, 201911 China 405 2007-2016 G3 (65 anos ou mais): 59; masc: 69,5% Nativa: 83,1%; mitral: 25,4%; Ao: 30,5%; valvas à D: 6,8%; próteses: 13,6% marcapasso: 3,4%; comunitária: 79,7%; nosocomial: 10,2% Estreptococos: 22%; viridans: 5,1%; estafilococos: 18,5%; S. aureus: 3,4%; ECN: 15,3%; enterococos: 1,7% Reumáticos: 18,6%; cirurgia cardíaca prévia: 23,7%; degenerativa: 10,2%; DPOC: 3,4%; CA: 3,4%; HD: 6,8%; HAS: 42,4%; DM: 16,9%; Má higiene oral: 49,2%. ICC: 62,7%; Embolia: 39%; IRA: 30,5%; AVE: 23,7%; Arritmia: 39% FA: 33,9%; Abscesso: 13,6%; Indicação: 96,6% Cirurgia: 40,7% Intra-hospitalar: 20,3%
Chun-Yu Lin, 202020 Taiwan 179 EI esquerda 2005-2015 65 anos ou mais: 38; fem: 36,8%; média de idade: 74.2±6.4 Ao: 50% Troca por: Ao bio: 100%; Ao mec: 0%; M: 36,8 Troca por: M bio: 100%; M mec: 0% Estreptococos: 28,9%; Viridans: 13,2%; Enterococos: 10,5%; S. aureus: 7,9%. HAS: 13,2%; DM: 28,9%; DRC: 10,5% VM: 23,7%; Inotrópicos: 10,5%; Embolia: 23,7%; IRA: 5,3%; FA: 13,2%; ICC: 18,4%; Abscesso: 2,6% Todos os pacientes realizaram cirurgia, visto que o estudo avalia os pacientes submetidos à mesma Intra-hospitalar: 26,3%

Fem: feminino; masc: masculino; M: mitral; Ao: aórtica; Tri: tricúspide; MRSA: Meticilin Resistant Staphylococcus aureus; ECN: estafilococos coagulase negativo; RM: revascularização miocárdica; EA: estenose aórtica; DM: diabetes melito; CA: câncer; GI: gastrintestinal; ICC: insuficiência cardíaca congestiva; AVE: acidente vascular encefálico; EI: endocardite infecciosa; DRC: doença renal crônica; SNC: sistema nervoso central; (mec): mecânica; (nat): nativa; bio: biológica; IRA: injúria renal aguda; C. Urg: cirurgia de urgência; C. Ele: cirurgia eletiva; Trat. med.: tratamento medicamentoso; BGN: bacilos gram-negativos; P. valv.: procedimento valvar; hosp.: hospitalar; pós-op.: pós-operatória; TGU: trato geniturinário; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DAC: doença arterial coronariana; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; VM: ventilação mecânica; FA: fibrilação atrial.

Microrganismos mais prevalentes e observados em nossa série foram enterococos (25,7%), estreptococos do grupo viridans (17,1%) e S. aureus (17,1%). Ainda que estreptococos orais tenham sido anteriormente responsáveis pela maioria dos casos de EI em idosos, estafilococos predominam nas últimas décadas, especialmente S. aureus .8 , 9 Enterococos também estão relacionados a bacteremia por acessos vasculares, tendência epidemiológica que está ligada ao aumento da incidência de EI associada a cuidados de saúde.5 , 6 , 12 A frequência de EI causada por estreptococos que colonizam o trato digestivo, como Streptococcus gallolyticus e enterococos, acontece por conta da maior incidência de lesões do cólon em pacientes idosos.4 , 8 , 19 Todos os 7 pacientes com EI por grupo bovis tiveram o TGI investigado, mas não aqueles com EI por enterococos.

Em nosso centro de referencia em cirurgia cardíaca, houve indicação de troca valvar em mais de 4/5 dos idosos; porém, mais de 1/4 deles não foram operados. Tal fato possui aspecto multifatorial, incluindo idade avançada, múltiplas comorbidades, fragilidade, risco cirúrgico elevado e não aceitação de cirurgia pelo paciente ou sua família, entre outros, como observado através de estudo em EI em octogenários.6 Motivos pelos quais idosos que tiveram indicação cirúrgica não foram operados dizem respeito, sobretudo, ao status pré-operatório crítico, como observado pela elevada frequência de ventilação mecânica e uso de inotrópicos no pré-operatório. É importante notar que aneurismas micóticos e insuficiência renal aguda não foram mais frequentes entre idosos e NI, e que eventos de SNC foram menos frequentes em idosos. Em alguns estudos, a idade avançada é um preditor independente de mortalidade intra-hospitalar,4 , 12 o que influencia negativamente na decisão pelo procedimento. Contudo, em estudo recente realizado na China, notou-se que a sobrevida em 1 ano dos idosos que foram submetidos à abordagem cirúrgica foi maior do que nos indivíduos submetidos à terapêutica medicamentosa isoladamente (95,8% x 68,6%, p = 0,007).11 Além disso, mesmo entre os octogenários,6 os pacientes operados apresentam melhor sobrevida em 1 ano (93,6%) e em 3 anos (75,0%), respectivamente.

A mortalidade entre idosos em nosso estudo foi de 39,1%; na literatura, a taxa de óbitos variou de 16% a 43,2%.4 - 6 , 11 , 12 , 17 , 19 , 20 Por fim, notamos que:

Proporção expressiva (um quarto) das EI ocorreu em idosos, mesmo no sistema de saúde pública no Brasil;

Enterococos foi o patógeno mais frequente, e houve elevada proporção de MRSA entre a etiologia estafilocócica, o que sugere aquisição nosocomial ou foco gastrintestinal/geniturinário;

A clínica é menos exuberante em idosos, com menos febre, sopro novo e eventos embólicos;

A mortalidade nos idosos foi alta, o que sugere a contribuição da idade e das comorbidades, e possivelmente de diagnóstico tardio e não realização de cirurgia cardíaca.

Agradecimentos

A todos os colegas do INC que atuam nas enfermarias, unidades fechadas e centro cirúrgico por seu cuidado aos pacientes, e a nossos ecocardiografistas e radiologistas, e especialmente, a Francisca Pereira Ribeiro, do laboratório de Microbiologia, pelo suporte técnico.

Vinculação acadêmica

Este artigo é parte de trabalho de conclusão de graduação de Luiz Henrique Braga Lemos pela Unigranrio.

Aprovação ética e consentimento informado

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto Nacional de Cardiologia sob o número de protocolo 080/12.09.2005 e 171/2006. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo.

Fontes de financiamento: Dra. Cristiane Lamas recebeu auxilio à pesquisa pela Fundação Carlos Chagas de Amparo a Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ, JCNE ), Luiz Henrique Braga Lemos bolsa de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento e Pesquisa (CNPq) e Leonardo Ribeiro da Silva bolsa deIniciação Científica do Santander.

Referências

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Infective Endocarditis in the Elderly: Distinct Characteristics

Luiz Henrique Braga Lemos 1, Leonardo Ribeiro da Silva 1, Marcelo Goulart Correa 2, Wilma Golebiovski 2, Clara Weksler 2, Rafael Quaresma Garrido 2,3, Giovanna Ferraiuoli Barbosa 2,4, Cristiane da Cruz Lamas 1,2,3

Introduction

Infectious endocarditis (IE) is a serious disease with a mean in-hospital mortality of 20%.1 - 3 It has shown an increasing incidence, and the rise in its prevalence among the elderly population deserves to be highlighted.4 - 9 In elderly patients with IE, there are differences regarding the clinical presentation, complications, presence of comorbidities, therapeutic approach and mortality.4 , 10 - 13 IE guidelines do not specifically address the elderly population and it is not clear to what extent they can be appropriately used in these patients.2 , 14 , 15 The elderly population has clearly benefited from medical progress, with diagnostic-therapeutic techniques that influence the increase in life expectancy and less invasive procedures.10 One example is the transcatheter aortic valve implantation in the management of aortic valve diseases.15 However, these procedures, together with the increasing implantation of cardiovascular electronic devices (CED) contribute to infections such as IE. Comorbidities are found in more than half of the elderly, with the consequent need for long-term care from health professionals, which increases the probability of acquiring IE.3 , 16 The diagnosis of IE in the elderly is often delayed or forgotten.3 Manifestations may be nonspecific, attributed to aging and other conditions. Fever may be absent, with the presence of mental confusion only.17 IE can present with complications similar to those of other conditions, such as heart failure (HF), cerebrovascular accident (CVA) or systemic embolism attributable to atrial fibrillation.3 , 16 In Brazil, despite a growing elderly population, to date there is no published article about IE in this group. The aim of our study was to describe the elderly group in our adult IE cohort and compare them with non-elderly individuals, highlighting the differences between the groups.

Methods

The study site is a tertiary, public, high-complexity cardiology hospital with on-site cardiac surgery. This is a retrospective study of elderly patients, as defined by the Statute of the Elderly of Brazil,18 identified in the cohort of adult patients with definitive IE, according to the modified Duke criteria, conducted from January 2006 to December 2019. The study variables were included in the previously described data collection form (case report form).4 The statistical analysis was performed using the Jamovi software, version 1.2.2. Data were expressed as frequencies, means ± standard deviation of the mean, median and interquartile range. For the bivariate analysis, Chi-square and Fisher’s exact tests were used. The Shapiro-Wilk test was used to verify the normality of the distribution. The unpaired Student’s t test and the Mann-Whitney test were used to compare numerical variables between the groups of interest. A value of p<0.05 was considered statistically significant.

Results

Elderly patients accounted for 97 of 370 (26.2%) cases of IE in the period. The mean age was 68.8±6.3 years; the male gender corresponded to 73 cases (75.2%). The presentation was acute, i.e., signs and symptoms were observed in less than one month of evolution, in 60% (57/95) of the cases and subacute in 40% (38/95). The disease was community acquired in 49 (50.5%), nosocomial in 37 (38.1%) and related to non-nosocomial health care in 11 (11.3%). The most prevalent microorganisms were enterococci 18 (25.7%). Of the 12 isolated S. aureus cases, 10 (83.3%) were MRSA and of these, 6 were hospital and 4 community-acquired cases. Blood cultures were negative in 27.8% ( Figure 1 ). Transesophageal echocardiography was positive in 88/96 (91.6%), and transthoracic echocardiography in 75/96 (78.1%). The most common findings were aortic regurgitation in 37/96 (38.5%) and mitral regurgitation in 43/96 (44.7%); aortic vegetation in 40/96 (41.6%), mitral in 36/96 (37.5%), tricuspid in 9/96 (9.3%), and in CED in 11/96 (11.4%). The most frequent comorbidities were arterial hypertension, heart failure (HF) and coronary artery disease ( Figure 2 ); previous heart surgery (HS) was reported in 50/97 (51.5%). There was predisposition of the native valve in 36/92 (39.1%), prosthetic valve in 45/97 (46.4%) and previous IE in 10/97 (10.7%). The complications were HF due to aortic or mitral regurgitation 57/97 (58.7%), abscess 24/97 (24.7%), prosthetic paravalvular dehiscence 7/45 (15.5%), and valve perforation in 25/97 (25.7%). Splenic embolic phenomena occurred in 28/97 (28.8%) and cerebral in 18/97 (18.5%).

Figure 1. – Agents identified in blood cultures of 97 cases of IE in the elderly, 2006-2019. Others: 1 Granulicatella, 1 Trichosporon beigelii, 1 Bartonella henselae, 1 Listeria monocytogenes. CNS: coagulase-negative staphylococci; GNB: Gram negative bacilli; HACEK: Haemophilus spp, Aggregatibacter spp, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens, Kingella kingae.

Figure 1

Figure 2. – Most frequent comorbidities in 97 elderly people with IE, 2006-2019. SAH: Systemic Arterial Hypertension; HF: Heart Failure; CAD: Coronary Artery Disease; CKD: Chronic Kidney Disease; DM: Diabetes Mellitus; CVD: Cerebrovascular Disease; COPD: Chronic Obstructive Pulmonary Disease.

Figure 2

Of the 80 (82.4%) elderly with surgical indication, 59 (73.7%) were submitted to surgery. Hospital mortality was 38 (39.1%); 22/59 (37%) died among those who were submitted to surgery and 16/38 (42%) among those who were not.

A comparative analysis was performed using data from 359 adult patients with IE from January 2006 to September 2019 ( Table 1 ). A total of 266 patients were aged <60 years, while 93 (25.9%) patients were aged ≥60 years. The proportion of men among the elderly was higher, as well as the acute evolution and in-hospital IE.

Table 1. – Comparison of clinical-laboratory characteristics and outcomes between elderly and non-elderly individuals with IE, January 2006 to September 2019.

Variable/proportion in percentage (%) Elderly (n=93) Non-elderly (n=266) p-value
Male gender 72 60.2 p=0.04
Acute evolution 63.3 46.8 p=0.019
Hospital-acquired infection 39.8 24.5 p=0.005
Non-hospital healthcare setting acquired infection 10.8 7.2 p=0.285
Fever 88.2 94.7 p=0.034
New regurgitating murmur 48.8 60.4 p=0.064
Embolic events 35.2 56.9 p<0.001
Embolic events for CNS 17.2 29.1 p=0.025
Splenomegaly 10.5 26.5 p=0.002
Enterococci 20.4 7.5 p<0.001
Viridans group streptococci 16 26 p=0.047
Staphylococcus aureus 12.9 10.5 p=0.531
Rheumatic valve disease 20.2 37.7 0.002
Congenital cardiopathy 1.1 18 <0.001
Valve prosthesis* 25.7 11.8 0.006
SAH 72.9 39.2 <0.001
DM 16.1 10.2 0.123
Dyslipidemia 35.0 14.8 <0.001
Atrial fibrillation 26.1 13.2 0.004
Previous HF 53.3 35.7 0.003
COPD 10.9 2.7 0.002
CAD 31.5 6.1 <0.001
CVD 10.8 4.9 0.047
PM 20.4 8.3 0.002
CKD 27.5 17.7 0.044
Hemodialysis 7.5 7.1 0.902
Neoplasia 12.9 3.9 0.002
Previous HS 52.7 32.2 <0.001
PCI 10.9 3.4 0.006
CABG 16.2 2.3 <0.001
ASA use 24.4 5.9 <0.001
Warfarin use 24.4 18.1 0.222
Surgical indication for IE 81.7 88.7 p=0.085
Mechanical ventilation** 30.3 18 p=0.015
Inotropic use** 33.7 21.8 p=0.028
In-hospital death 43.0 18.1 <0.001

CNS: central nervous system; SAH: systemic arterial hypertension; DM:diabetes mellitus; HF: heart failure; COPD: chronic obstructive pulmonary disease; CAD: coronary artery disease; CVD: cerebrovascular disease; PM: pacemaker; CKD: chronic kidney disease; HS: heart surgery; PCI: percutaneous coronary interventions; CABG: coronary artery bypass graft; ASA: acetylsalicylic acid; *valve prosthesis with more than 1 year of insertion; ** in the preoperative period of valve replacement for IE.

Regarding clinical features, elderly patients had less often presented with fever, new regurgitant murmur, embolic events, including central nervous system events, and splenomegaly. As for the etiology, the elderly had enterococci more frequently, streptococci from the Viridans group less frequently, and similar frequency of S. aureus . Elderly individuals had a greater need for mechanical ventilation and inotropic agent use before the surgery. There was no difference regarding acute kidney injury, conduction disorders, recurrent embolization and abscesses. There was no difference regarding the proportion of surgical indications between the elderly and non-elderly (NE). Elderly individuals had surgical indication in 81.7% of the cases and 66.3% were submitted to surgery; in comparison, of the 88.7% of NE patients for whom surgery was indicated, 84% were operated. The indication was heart failure failure secondary to acute mitral or aortic regurgitation in 56.5% of the elderly vs. 63.4% of NE (p=0.243). Other surgical indications were myocardial/paravalvular abscess in 21.5% of elderly vs. 20% of NE (p=0.757); prosthesis dehiscence (6.5% vs. 4.3%, respectively, p=0.409) and persistent bacteremia in 9% vs. 4% of NE (p=0.062). Mortality was more than twice as high in elderly patients ( Table 1 ).

Discussion

Our study is an unprecedented one in Brazil, as it focuses on IE in the elderly. More than a quarter of the patients with IE in our cohort of adults were elderly, and studies from developed countries have shown an increase in the proportion of elderly individuals among IE cases.4 - 9 A lower frequency of fever, new regurgitant murmur and embolic complications was identified among the elderly, which was found in other publications,4 , 12 with the latter being related to the use of antiplatelet and/or anticoagulant agents. This situation may indicate protection against embolization with the use of these drugs, but more scientific evidence is required to prove this hypothesis. In our study, elderly individuals used significantly more aspirin, but not warfarin, when compared to NE.

Comorbidities were more prevalent among the elderly, as expected; this is similar to a multicenter study with a large number of patients, with the frequencies in the elderly and non-elderly, of DM being 22.9% vs. 11.9% (p<0.001); of genitourinary cancer, being 4.7%, respectively, vs. 0.6% (p<0.001) and 3.2% vs. 0.8% of gastrointestinal tract cancer (p<0.001).4 Previous invasive procedures were also more frequent among the elderly in our study, as it was in this same publication (56.2% vs. 38.5%, p<0.001).4 It has been confirmed that the elderly population continues to be more exposed to diagnostic/therapeutic procedures, with a greater predisposition to IE due to bacteremic events that occurred in these scenarios and the presence of synthetic material/devices.

A higher frequency of in-hospital IE was observed, which represented 39.8% among our elderly patients; a similar proportion has been observed in the literature, in which hospital-acquired disease represents 10.2 to 37% of IE cases in the elderly.6 , 11 , 12 , 19Table 2 lists the IE studies carried out in the elderly that are considered to be the most relevant ones.

Table 2. – Aspects of endocarditis in the elderly in a literature review, 2000-2020.

Author Country N of study Period Age/ Sex Affected valves More frequent microorganisms Underlying conditions Complications % of Surgeries Mortality
Durante-Mangoni, 20084 Several 2,759 2000- 2005. 1056 elderly (65 years and over) females: (35.8%) Mi (50%) Ao (41%) Tri (7%) Intracardiac devices (10%); prostheses (26%) S. aureus (28.3%) (MRSA 35.8%), bovis group (8.3%), Enterococci (16.5%) CoNS (14%); Viridans group streptococci (14.2%) CABG (63%) AS (28%) invasive procedure (56.2%) DM (22.9%) and GUT (4.7%) and GIT CA (3.2%) CHF (33,1%); CVA (146%); systemic embolism (15.3%); Abscess (14%); persistent Bacteremia (9.2%) 38.9% 24.9%
Remadi, 200917 France 348 1991 – 2006 75 elderly (75 years or older) M:47; F:28 Mi: 45.3%; Ao: 54.7%; Mi-Ao: 16%; right-side IE: 16% valvar prosthesis (28%); Pacemaker (26.7%) Streptococci (37.4%), staphylococci (36 %). CoNS (27.8%) in patients submitted to surgery. DM 2 (25.3%); CKD (17.3%); Neoplasia (26.7%); CHF (28%); embolism 18.7%; CNS major event 9,3%; Intracerebral Hemorrhage 1.3% Abscesses 18.7% 29.3% Overall: 16% Surgical: 9%;
Lopez, 201019 Spain 600 Left-side IE cases 1996-2008 Q3 (64-72 years): 152 and Q4 (>72 years): 148. Nosocomial: 33%-37%; Prosthesis: 47%- 42%; Early prosthesis: 36%- 39%; Mi (nat): 51%-61% Mi (mech): 54%-35% Ao (nat): 49%-39% Ao (mech): 35%-21% Ao (bio): 12%-33% CoNS: 22%-18%. S. aureus: 14%-14% MRSA: 18%-33%. Enterococci: 12%-13%; Viridans group: 12%-12% bovis group: 5%-7%. Rheumatics: 11%-8%. Prostheses 45- 48%; Degeneration 12%-21%; DM: 28%- 29%. CA: 11%-13%. IV Catheter: 6%-12% Previous H. surgery: 14%- 12%. CHF : 59-64% ; CVA: 18- 23% ; AKI: 40- 46%; Persistent Bacteremia: 32- 37%; Embolism: 24- 28%; Sepsis: 14%- 16%; Perivalvar abscess: 25- 26%. 54%-40% Overall: 37%-36%; Urg. S: 44%-39%; Elec S.: 28%-34%. D. Treatment: 40%-36%
Ramírez-Duque 201112 Spain 961 Left IE cases 1984 –2008 65 years or older: 356 M: 63.3% Nosocomial: 21.1%; native valve: 74,5%; Late prosthesis: 13.2%; Early prosthesis: 12.4% Ao: 50%; Mi: 37%; Mi-Ao: 11.4%; Viridans group: 16.9%; S. aureus: 17.4%; MRSA 12.9%; CoNS: 17.1%; Enterococci: 16.3%; bovis group: 5.3%; GNB: 4.2%. 80%. CVA: 26.6%; Embolism: 29,2%; AKI: 39.6%; sepsis 16.5%; Intracardiac Complications: 27.8%; CHF: 28.9% 36% Overall: 43.2%
Bassetti, 20145 Italy 436 2004 –2011 Group B: 65-74 years: 145 F: 30% Group C: 75 years or older: 137 F: 38.6% Vegetation: 77.2%-78.1% Enterococci: 11.7%-27%; Streptococci spp .: 33.1%-22.6%; Viridans group: 15.2%-7.3%; bovis group: 12.4%-11.2%; S. aureus: 14.5%-19.7%; CoNS: 11%-13.1%. Valve disease: 47.6%-40.2%; Prosthesis: 40%-40.2% CHF: 30.3%-47.7%; CKD: 22.1%-29.2% DM2: 30.3%-23.4% CA: 23.5%-25.6% rheumatic carditis: 7.6%-2.9% Embolism: 22.1%-13.9% Focal neurological sign11%-9.5%; Abscess: 15.9%-14.6% 37.9%- 22.6% Overall: 19.3%-22.6%.
Oliver, 20176 France 454 2008 –2013 G2: 65-80 years: 173 M: 71.7% G3: age > 80 years: 51 M: 64.7% Hosp.: 19.9%-23.5%; Post-op.: 11%-11.8%; Native valve: 57.8%-58.8%; Ao: G2: 42% Mi G3: 43.1%; Prosthetic valve: 42.2%-41.2%; Acute IE: 57.1%-68.8%; IE > 3 months: 14.3%-6.3%; Most common sites of entry (G3): GIT: 33.3%, GUT: 7.8%, skin (23.6%); Enterococci: 15.6%-21.6% ; bovis group: 16.2% - 17.7%; viridans group: 17.9%-15.7%; CoNS 9,3%-5.9%; MSSA: 12.7%-11.8%; MRSA: 2.9%- 2% Previous IE: 11%-11.8%; DM2: 19.1%-25.5%; SAH: 49.1%-58.8%; CAD: 17.8%-17%; CVA: 9.3%-7.8%; CKD: 14.5%-27.5%; CA: 24.3%-29.4% Embolism in ATB: G3: 21.6%; AKI: G3:51%; Spondylitis: 12.6%-23.5% Abscess: 26.5%-29.4% 69,6%-42,1% In-hospital: 13.3%-15.7%; One-year: 19.7%-37.3%; Surgical: G3: 6,3%
Wu, 201911 China 405 2007 – 2016 G3: 65 years or older: 59 M: 69.5% Native: 83.1%; Mitral: 25.4%; Ao: 30.5%; Valves to the right: 6.8%; Prostheses: 13.6% Pacemaker: 3.4%; Community: 79.7%; Nosocomial: 10.2% Streptococci: 22%; Viridans group: 5.1%; Staphylococci: 18.5%; S. aureus: 3.4%; CoNS: 15.3%; Enterococci: 1.7%. Rheumatics: 18.6%; Previous Heart Surgery: 23.7%; Degenerative: 10.2%; COPD: 3.4%; CA: 3.4%; HD: 6.8%; SAH: 42.4%; DM: 16.9%; Bad oral hygiene: 49.2%. CHF: 62.7%; Embolism: 39%; AKI: 30.5%; CVA: 23.7%; Arrythmia: 39% AF: 33.9%; Abscess: 13.6%; Indication: 96.6% Surgery: 40.7% In-hospital: 20.3%
Chun-Yu Lin, 202020 Taiwan 179 left IE cases 2005 –2015 65 years or older: 38 F: 36.8% Mean age: 74.2±6.4 Ao: 50% Exchange for: bio Ao: 100%; mech Ao: 0% Mi: 36.8 Exchange for: bio Mi: 100%; mech Mi: 0%. Streptococci: 28.9%; Viridan s group: 13.2%; Enterococci: 10.5%; S. aureus: 7.9%. SAH: 13.2%; DM: 28.9%; CKD: 10.5%; MV: 23.7%; Inotropic drugs: 10.5%; Embolism: 23.7%; AKI: 5.3%; AF: 13.2%; CHF: 18.4%; Abscess: 2.6% All patients underwent surgery, as the study evaluates patients undergoing it In-hospital: 26.3%

F: female; M: male; Mi: mitral; Ao: aortic; Tri: tricuspid; MRSA: methicillin-resistant Staphylococcus aureus; CoNS: Coagulase Negative Staphylococci; CABG: coronary artery bypass graft; AS: aortic stenosis; DM: diabetes mellitus; CA: cancer; GIT: gastrointestinal tract; CHF: congestive heart failure; CVA: cerebrovascular accident; IE: infective endocarditis; CKD: chronic kidney disease; CNS: central nervous system; (mech): mechanical; (nat): native; (bio): biological; AKI: acute kidney injury; Urg. S: urgent surgery; Elec. S: elective surgery; D. Treatment: Drug Treatment; GNB: Gram-Negative Bacilli; Valv. P.: Valve procedure; Hosp.: Hospital; Post-op.: Post-operative; GUT: genitourinary tract; SAH: systemic arterial hypertension; CAD: coronary artery disease; COPD: chronic obstructive pulmonary disease; MV: mechanical ventilation; AF: atrial fibrillation.

The most prevalent microorganisms observed in our series were enterococci (25.7%), streptococci from the Viridans group (17.1%) and S. aureus (17.1%). Although oral streptococci have been previously responsible for most cases of IE in the elderly, staphylococci have predominated in recent decades, especially S. aureus. 8 , 9 Enterococci are also related to bacteremia caused by vascular access. This epidemiological trend is linked to the increased incidence of IE associated with healthcare.5 , 6 , 12 The frequency of IE caused by streptococci that colonize the digestive tract, such as Streptococcus gallolyticus and enterococci , is also higher due to the higher incidence of colon lesions in elderly patients;4 , 8 , 19 all 7 patients with IE caused by the bovis group had their GIT investigated, but not those with IE caused by enterococci .

In our referral center for heart surgery, valve replacement was indicated in more than 4/5 of the elderly, but more than 1/4 of them were not submitted to surgery. This fact has a multifactorial aspect, including older age, multiple comorbidities, frailty, high surgical risk, non-acceptance of surgery by the patient or their family, among others, as observed in a study on IE in octogenarians.6 In our study, the reasons why elderly individuals who had surgical indication were not submitted to the surgical procedure are mainly related to their critical preoperative status, as noted by the high frequency of mechanical ventilation and the use of inotropic agents in the preoperative period. It is noteworthy that events such as mycotic aneurysms and acute kidney injury were not more frequent among the elderly compared to the NE, and that CNS events were less frequent in the elderly. In some studies, older age is an independent predictor of in-hospital mortality,4 , 12 which negatively influences the decision to perform the procedure. However, in a study carried out recently in China, it was observed that the one-year survival among the elderly submitted to surgical procedures was greater than that of those who underwent drug therapy alone (95.8% vs. 68.6%, p = 0.007).11 Moreover, even among octogenarians,6 those submitted to the surgical procedure showed better one-year (93.6%) and three-year (75.0%) survival, respectively. Mortality among the elderly in our study was 39.1%; in the literature, the mortality varies from 16% to 43.2%.4 - 6 , 11 , 12 , 17 , 19 , 20

As conclusions, we observed that i) a significant proportion (one quarter) of IE occurred in the elderly, even in the public health system in Brazil ii) enterococci were the most frequent pathogens, and there was a high proportion of MRSA in the staphylococcal etiology, suggesting nosocomial acquisition or gastrointestinal/genitourinary focus, iii) the clinical picture is less exuberant in the elderly, with less fever, new murmur and embolic events and iii) mortality in the elderly was high, suggesting the contribution of age and comorbidities, and possibly a late diagnosis and not undergoing cardiac surgery.

Acknowledgements

We thank our colleagues from the wards, post operative and surgical units for their good care of our patients, to our echocardiographists and radiologists, and especially, Mrs. Francisca Pereira Ribeiro, from the Microbiology Lab at INC, for the laboratory support to patient assistance.

Study Association

This article is part of the graduation work by de Luiz Henrique Braga Lemos, from Unigranrio.

Ethics approval and consent to participate

This study was approved by the Ethics Committee of the Instituto Nacional de Cardiologia under the protocol number 080/12.09.2005 and 171/2006. All the procedures in this study were in accordance with the 1975 Helsinki Declaration, updated in 2013. Informed consent was obtained from all participants included in the study.

Sources of Funding: Dr. Cristiane Lamas received a grant to conduct research on endocarditis from Fundação Carlos Chagas de Amparo a Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ, JCNE ), Luiz Henrique Braga Lemos a studenship grant ( Iniciação Científica) from Conselho Nacional de Desenvolvimento e Pesquisa (CNPq) and Leonardo Ribeiro da Silva a studenship grant (Iniciação Científica) from Santander.


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