Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
editorial
. 2022 Jul 29;119(2):244–245. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20220381
View full-text in English

A Influência da Obesidade e da Atividade Física no Risco Cardiovascular

Claudio Leinig Pereira da Cunha 1,
PMCID: PMC9363052  PMID: 35946685

A doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA) é comum na população geral, afetando a maioria dos adultos após os 60 anos. A doença inclui quatro áreas principais: (1) Cardiopatia coronária, (2) Doença cérebro vascular, (3) Doença arterial periférica e (4) Aterosclerose aórtica com aneurismas.1 As condições que tradicionalmente são associadas à instalação de DCVA (os chamados “fatores de risco”) são as dislipidemias, diabetes mellitus, hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, sedentarismo e histórico familiar de DCVA.2 As alterações vasculares ateroscleróticas podem começar na infância, preparando o cenário para eventos cardiovasculares na vida adulta.3 Tornquist et al.,4 apresentam neste número dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia alguns aspectos da obesidade e da aptidão cardiorrespiratória em relação ao risco cardiometabólico em crianças.

A obesidade é um problema de saúde pública que tem se expandido no mundo inteiro. De acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde em 2016, a obesidade triplicou desde 1980.5 A prevalência de obesidade e sobrepeso aumentou também entre os jovens, passando de 16% em 1980 para 23% em 2013.5

De longa data a obesidade é relacionada com um risco aumentado de DCVA. Há várias alterações fisiológicas e metabólicas associadas com a obesidade que podem contribuir para o aumento deste risco: (1) Resistência à insulina e hiperinsulinemia; (2) Anormalidades no metabolismo lipídico; (3) Hipertensão arterial; (4) Remodelamento do ventrículo esquerdo; (5) Transtornos do sono; (6) Inflamação sistêmica aumentada; (7) Ativação do sistema nervoso simpático, e, (8) Disfunção endotelial.6

A obesidade tem sido associada com a mortalidade total em diversos estudos, assim como com a Cardiopatia Coronária, Insuficiência Cardíaca, Fibrilação Atrial e Morte Súbita.6

Estudos de autópsias de crianças demonstram que a obesidade se correlaciona positivamente com alterações ateroscleróticas na aorta e nas artérias coronárias durante a infância.7 Também, um grande estudo prospectivo dinamarquês, com 276.835 crianças nascidas entre 1930 e 1976, avaliou o Índice de Massa Corporal das crianças e observou uma relação linear positiva com o número de eventos coronarianos isquêmicos na vida adulta.8

Desta forma, muitas são as evidências que associam a obesidade à DCVA, desde a infância. Por outro lado, a redução do peso melhora muito os fatores de risco relacionados à obesidade: diminui a pressão arterial, reduz a incidência de diabetes, melhora o perfil lipídico, diminui a resistência à insulina, melhora a função endotelial e reduz a concentração da proteína C-reativa.9

O estilo de vida sedentário tem sido reconhecido como um fator de risco independente para DCVA. O incremento da atividade física se relaciona com ganho de saúde, melhor qualidade de vida e maior expectativa de vida.2 A atividade física envolve modalidades ocupacionais, domésticas e de lazer.10

Melhora da capacidade física e da qualidade de vida seriam razões suficientes para a adesão aos exercícios físicos, mas vários outros efeitos benéficos são relacionados à prática física. Contribui no controle do peso, melhora o perfil lipídico, reduz a pressão arterial, ajuda no tratamento e prevenção da diabetes mellitus, reduz a inflamação (expressa pela proteína C-reativa). O exercício influencia também o estilo de vida, diminuindo a possibilidade de fumar, reduzindo o estresse e o apetite.11

Os benefícios do exercício rotineiro são extremamente valiosos. Se repetem nas diversas faixas etárias, desde jovens até idosos,12 e são ratificados para crianças e jovens na pesquisa de Tornquist.4

Footnotes

Minieditorial referente ao artigo: Risco Cardiometabólico em Crianças e Adolescentes: O Paradoxo entre Índice de Massa Corporal e Aptidão Cardiorrespiratória

Referências

  • 1.Arnett DK, Blumenthal RS, Albert MA, Buroker AB, Goldberger ZD, Hahn EJ et al. 2019 ACC/AHA Guideline on the Primary Prevention of Cardiovascular Disease. Circulation. 2019;140(11):e596-e646. doi: 10.1161/CIR.0000000000000678. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 2.Précoma DB, Oliveira GMM, Simão AF, Dutra OP, Coelho OR, Izar MCO, et al. Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019; 113(4):787-891. DOI: 10.5935/abc.20190204
  • 3.de Ferranti SD, Steinberger J, Ameduri R, Baker A, Gooding H, Kelly AS et al. Cardiovascular Risk Reduction in High-Risk Pediatric Patients: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation. 2019;139(13):e603-e634. https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000000618 [DOI] [PubMed]
  • 4.Tornquist L, Tornquist D, Schneiders LB, Franke SIR, Renner JDP, Reuter CP. Risco Cardiometabólico em Crianças e Adolescentes: O Paradoxo entre Índice de Massa Corporal e Aptidão Cardiorrespiratória. Arq Bras Cardiol. 2022; 119(2):236-243. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 5.Swinburn BA, Kraak VI, Allender S, Atkins VJ, Baker PI, Bogard JR, et al. The global syndemic of obesity, undernutrition, and climate change: the Lancet Commission report. Lancet. 2019;393(10173):791-846. doi: 10.1016/S0140-6736(18)32822-8. [DOI] [PubMed]
  • 6.Alpert MA, Hashimi MW. Obesity and the heart. Am J Med Sci. 1993;306(2):117-23. DOI: 10.1097/00000441-199308000-00011 [DOI] [PubMed]
  • 7.Juhola J, Magnussen CG, Viikari JS, Kähönen M, Hutri-Kähönen N, Jula A et al. Tracking of serum lipid levels, blood pressure, and body mass index from childhood to adulthood: the Cardiovascular Risk in Young Finns Study. J Pediatr. 2011;159(4):584-90. doi: 10.1016/j.jpeds.2011.03.021. [DOI] [PubMed]
  • 8.Baker JL, Olsen LW, Sørensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary heart disease in adulthood. N Engl J Med. 2007;357(23):2329-37 doi: 10.1056/NEJMoa072515. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 9.Klein S, Burke LE, Bray GA, Blair S, Allison DB, Pi-Sunyer X et al. Clinical implications of obesity with specific focus on cardiovascular disease: a statement for professionals from the American Heart Association Council on Nutrition, Physical Activity, and Metabolism. Circulation. 2004; 110(18):2952-67. doi: 10.1161/01.CIR.0000145546.97738.1E. [DOI] [PubMed]
  • 10.Cunha CLP. Influence of Physical Activity on Arterial Hypertension in Workers. Arq Bras Cardiol 2020; 114(5):762-3 doi: 10.36660/abc.20200318. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 11.Reddigan JI, Ardern CI, Riddell MC, Kuk JL. Relation of physical activity to cardiovascular disease mortality and the influence of cardiometabolic risk factors. Am J Cardiol. 2011;108(10):1426-31. doi: 10.1016/j.amjcard.2011.07.005. [DOI] [PubMed]
  • 12.Wannamethee SG, Shaper AG, Walker M. Physical activity and mortality in older men with diagnosed coronary heart disease. Circulation. 2000;102(12):1358-63. doi: 10.1161/01.cir.102.12.1358. [DOI] [PubMed]
Arq Bras Cardiol. 2022 Jul 29;119(2):244–245. [Article in English]

The Influence of Obesity and Physical Activity on Cardiovascular Risk

Claudio Leinig Pereira da Cunha 1,

Atherosclerotic cardiovascular disease (ACVD) is common in the general population, affecting most adults over 60 years of age. The disease includes four main areas: (1) Coronary heart disease, (2) Cerebrovascular disease, (3) Peripheral arterial disease, and (4) Aortic atherosclerosis with aneurysms.1 The conditions traditionally associated with the installation of ACVD (the so-called “risk factors”) are dyslipidemia, diabetes mellitus, arterial hypertension, smoking, obesity, sedentary lifestyle and a family history of ACVD.2 Atherosclerotic vascular changes may begin in childhood, setting the stage for cardiovascular events in adulthood.3 Tornquist et al.4 present in this issue of Arquivos Brasileiros de Cardiologia some aspects of obesity and cardiorespiratory fitness in relation to cardiometabolic risk in children.

Obesity is a public health problem that has expanded worldwide. According to a report by the World Health Organization in 2016, obesity has tripled since 1980.5 The prevalence of obesity and overweight also increased among young people, from 16% in 1980 to 23% in 2013.5

Obesity has long been associated with an increased risk of ACVD. There are several physiological and metabolic changes associated with obesity that may contribute to increased risk: (1) Insulin resistance and hyperinsulinemia; (2) Abnormalities in lipid metabolism; (3) Arterial hypertension; (4) Left ventricular remodeling; (5) Sleep disorders; (6) Increased systemic inflammation; (7) Activation of the sympathetic nervous system, and, (8) Endothelial dysfunction.6

Obesity has been associated with total mortality in several studies, as well as with Coronary Heart Disease, Heart Failure, Atrial Fibrillation and Sudden Death.6

Autopsy studies of children show that obesity is positively correlated with atherosclerotic changes in the aorta and coronary arteries during childhood.7 Also, a large prospective Danish study, with 276,835 children born between 1930 and 1976, evaluated the Body Mass Index of children and observed a positive linear relationship with the number of ischemic coronary events in adulthood.8

Thus, there is much evidence that associates obesity with ACVD since childhood. On the other hand, weight reduction greatly improves obesity-related risk factors: it lowers blood pressure, reduces the incidence of diabetes, improves the lipid profile, decreases insulin resistance, improves endothelial function, and reduces protein C-reactive concentration.9

A sedentary lifestyle has been recognized as an independent risk factor for ACVD. The increase in physical activity is related to health gains, a better quality of life and longer life expectancy.2 Physical activity involves occupational, domestic and leisure activities.10

Improvement in physical capacity and quality of life would be sufficient reasons for adhering to physical exercises, but several other beneficial effects are related to physical practice. It contributes to weight control, improves lipid profile, lowers blood pressure, helps treat and prevent diabetes mellitus, and reduces inflammation (expressed by C-reactive protein). Exercise also influences lifestyle, reducing the possibility of smoking, reducing stress and appetite.11

The benefits of routine exercise are extremely valuable. They are repeated in different age groups, from young people to the elderly,12 and are confirmed for children and young people in the study by Tornquist.4

Footnotes

Short Editorial related to the article: Cardiometabolic Risk in Children and Adolescents: The Paradox between Body Mass Index and Cardiorespiratory Fitness


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES