Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
. 2020 Sep 18;115(3):547–557. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20200405
View full-text in English

Câncer e Doenças Cardiovasculares na Pandemia de COVID-19

Lucas Tokio Kawahara 1, Isabela Bispo Santos da Silva Costa 2,3, Cecília Chie Sakaguchi Barros 1, Gabriel Coelho de Almeida 1, Cristina Salvadori Bittar 2,4, Stephanie Itala Rizk 2,4, Laura Testa 2,5, Camila Motta Venchiarutti Moniz 2,5, Juliana Pereira 2, Gláucia Maria Moraes de Oliveira 6, Maria Del Pilar Estevez Diz 2, Patricia Oliveira Guimarães 2, Ibraim Masciarelli Pinto 7,8, Roberto Kalil Filho 3,4, Ludhmila Abrahão Hajjar 2,4, Paulo M Hoff 2,5
PMCID: PMC9363105  PMID: 33027380

Resumo

O desafio imposto ao sistema de saúde pela pandemia da COVID-19 faz com que haja uma necessidade de readequações de rotinas e serviços de saúde, com os objetivos de controlar a disseminação do vírus e preservar a saúde. Torna-se ainda mais importante o manejo seguro e correto dos pacientes dos grupos de risco, como os pacientes idosos, os portadores de doenças cardiovasculares e os pacientes com câncer. Dessa forma, a cardio-oncologia ganha novo dimensionamento, no intuito de se adequar às necessidades dos pacientes diante de uma pandemia, reestruturando o sistema de atendimento de forma a oferecer qualidade e segurança na assistência à saúde.

Keywords: Coronavírus, COVID-19, Betacoronavirus/complicações, Doenças Cardiovasculares/complicações, Síndrome Respiratória Aguda Grave, SARS-CoV-2, Pandemia, Neoplasias/complicações, SARS-CoV-19

Introdução

A coronavirus disease 2019 (COVID-19), cujo agente patogênico foi descrito como um betacoronavírus de RNA envelopado, nomeado de severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) , teve seus primeiros casos descritos em dezembro de 2019 e rapidamente se disseminou pelo mundo, tendo sido denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia em 11 de março de 2020. 1

Os dados epidemiológicos atuais mostram que pacientes com câncer e doenças cardiovasculares (DCV) são frequentemente acometidos e apresentam pior evolução quando infectados pela COVID-19. A incidência e a mortalidade por complicações cardiovasculares são maiores nesses pacientes. 2 - 4 O número crescente de pacientes e a sobrecarga nos serviços de saúde em áreas nas quais o risco de contágio é elevado geraram a necessidade de se discutir adequações nas rotinas de cuidados desses pacientes visando preservá-los, sem causar impacto no tratamento de suas comorbidades. 5 - 7

Dessa forma, esta revisão tem por objetivo sistematizar o atendimento dos serviços de cardio-oncologia quanto ao manejo do paciente com câncer e DCV durante a pandemia, buscando adotar o tratamento necessário com a máxima segurança.

Covid-19 em Pacientes com Câncer

Pacientes com câncer ativo ou em remissão, demonstraram-se como um notável grupo de risco à infecção pelo SARS-CoV-2. Vários aspectos corroboram para o enquadramento dos pacientes oncológicos como um grupo de maior vulnerabilidade relacionada à infecção pelo SARS-CoV-2, com maior chance de evolução para formas graves, com velocidade mais rápida de deterioração e óbito. 3 O risco aumentado em pacientes oncológicos pode estar relacionado ao estado de imunossupressão sistêmica que pode ser atribuído tanto aos tratamentos antineoplásicos (quimioterapias e cirurgias para ressecção tumoral) como também à própria malignidade tumoral e ao mesmo tempo ao aumento de DCV nessa população. 8 , 9

A prevalência de câncer nos estudos epidemiológicos que descrevem pacientes com COVID-19 é bastante variável. 10 , 11 Estudos chineses mostram prevalência de 1%, número consideravelmente mais elevado que a prevalência de câncer nesse país (0,29%). 2 Em análise de 5.700 casos em Nova York, 6% dos pacientes tinham câncer. 11 Grasselli et al. em coorte italiana com 1.571 pacientes demonstraram que câncer era uma das comorbidades mais prevalentes, correspondendo a 8% de todos os pacientes analisados. 12

Em estudo recentemente publicado, quando comparados a paciente sem câncer, os pacientes com câncer e COVID-19 eram mais idosos (63,1 anos [± 12,1%] vs. 48,7 anos [± 16,2]), mais frequentemente tabagistas (2 [22%] vs. 107 [7%]) e tinham alterações mais graves na tomografia computadorizada (TC) de tórax (17 [94%] vs. 1113 [71%]). 3 Não foram observadas diferenças quanto a sexo ou outras comorbidades. 3 Os pacientes com câncer apresentaram maior taxa de complicações (7 [39%] vs. 124 [8%]). 3

A idade avançada é preditor independente de gravidade em pacientes com COVID-19. A mediana de idade dos pacientes que evoluíram a óbito na Itália foi de 81 anos (IQR 73 – 86). 13 Zhou et al., 4 observaram que na análise multivariada a chance de óbito foi maior (OR 1,10; 95% CI 1,03 – 1,17) para cada ano a mais. 4 Nos pacientes com câncer, Liang et al. observaram que a idade avançada foi o único preditor independente da forma grave da doença (OR 1,43; 95% CI 0,97 – 2,12). 3 Estes dados sugerem que seja dada especial atenção aos pacientes com idade avançada e câncer, pela maior gravidade observada nesta população.

No grupo com histórico de câncer, foi observada uma heterogeneidade associada ao intervalo de tempo desde a última intervenção terapêutica (cirúrgica ou quimioterápica). Os pacientes que haviam passado por esses procedimentos no mês anterior à infecção pelo SARS-CoV-2 apresentaram maior incidência de eventos graves do que os sobreviventes de câncer que não tinham sido submetidos a nenhuma intervenção terapêutica, sugerindo a associação entre o estado de imunossupressão causado pelo tratamento antitumoral e o maior risco de gravidade na apresentação da COVID-19. 3

Os dados iniciais de mortalidade de pacientes com câncer e COVID-19 sugerem que estes casos têm mortalidade elevada em comparação aos pacientes sem câncer. Estudos de coortes italianas mostram uma prevalência de 16% a 20% de pacientes com câncer ativo dentre os pacientes que vieram a óbito pela COVID-19. 13 , 14 Pacientes com câncer apresentam taxa de letalidade de 7,6% em virtude da COVID-19, substancialmente maior do que a taxa de letalidade de 1,4% de pacientes sem condições de comorbidades. 9

Dessa maneira, conhecendo os riscos que esses pacientes correm ao serem infectados pelo SARS-CoV-2, é essencial que pacientes com câncer sejam constantemente acompanhados e monitorados em locais em que casos de COVID-19 estejam em ascensão. Este acompanhamento pode utilizar o auxílio da telemedicina. 6

Definição do Tratamento Oncológico

Muito se discute a respeito do adiamento das intervenções diagnósticas e terapêuticas nos pacientes com câncer durante o período da pandemia. As visitas frequentes aos hospitais poderiam aumentar o risco de contágio desses pacientes e da equipe de saúde. 6 As medidas de distanciamento social têm sido incentivadas no intuito de diminuir a disseminação da COVID-19, uma vez que a transmissão é elevada e ocorre mesmo por pessoas assintomáticas. 15 Em contrapartida, sabe-se que muitos tipos de câncer apresentam morbidade e mortalidade mais elevadas que a COVID-19 e o adiamento de terapia tem implicações prognósticas importantes, 16 especialmente em locais onde os recursos de saúde são habitualmente limitados e a espera pelo atendimento oncológico pode demorar meses. Dessa forma, uma avaliação criteriosa que leve em consideração o tipo de câncer, o status da performance do paciente e o tipo de terapia antineoplásica necessária são extremamente relevantes para se fazer um balanço entre riscos e benefícios do possível adiamento do tratamento antitumoral. 17

Recomenda-se iniciar ou continuar terapias adjuvantes e neoadjuvantes (ou qualquer outra terapia com potencial curativo), bem como manter terapia para doenças metastáticas nas quais o benefício do tratamento seja claro na literatura. 6 Procedimentos cirúrgicos oncológicos com potencial curativo continuam a ser recomendados, avaliando sempre a morbidade cirúrgica do procedimento e a existência de outras terapias neoadjuvantes mais seguras. 18

Algumas estratégias têm sido discutidas como alternativas benéficas durante a pandemia, especialmente para pacientes idosos em locais com transmissão elevada. A escolha da terapia oncológica deve levar em consideração as opções locais disponíveis, evitando que pacientes façam longos deslocamentos (viagens intermunicipais) até o serviço de saúde. Deve-se dar preferência à realização de quimioterapia oral quando indicada e à endocrinoterapia em tumores sensíveis. 5

Pode-se ainda considerar, a depender da resposta do paciente, tipo do tumor e tempo da terapia, espaçar ciclos de pacientes em imunoterapia de duas ou três para quatro ou seis semanas. 5 Em pacientes em radioterapia, para tratamento de doenças mais comuns (como mama, próstata, pulmão e cabeça), discute-se a redução do fracionamento da dose, na qual utiliza-se dose mais elevada e menor número de sessões. Esta abordagem pode levar ao aumento da toxicidade, e dessa forma, devem ser sempre discutidos o risco e o benefício do hipofracionamento. 19

É importante que toda estratégia seja discutida e debatida com o paciente e familiares. A relação médico paciente é extremamente importante nesse momento e o auxílio da telemedicina pode aproximar esta interação e diminuir a exposição do paciente. 6 , 17 Recomenda-se ainda que, se possível, existam serviços de saúde direcionados para o tratamento oncológico, que não sejam referências para receber pacientes com a COVID-19. As recomendações realizadas pela American Society of Clinical Oncology referentes a cada tipo de procedimento específico em pacientes oncológicos estão resumidas na Tabela 1 . 20

Tabela 1. – Orientações quanto aos procedimentos em pacientes oncológicos durante a pandemia da COVID-19.

Período Procedimentos Recomendações
Pré-diagnóstico Rastreamento oncológico - Procedimentos de rotina em pacientes assintomáticos que requisitem visitas a centros de saúde, como mamografias e colonoscopias, devem ser postergados. - Pacientes com suspeita de doença devem ser investigados. - Biópsias e exames de imagem em pacientes com suspeita de neoplasia devem ser realizados.
Diagnóstico oncológico ativo Estadiamento - Avaliação criteriosa de adiamento considerando doenças de comportamento indolente.
Radioterapia - Em pacientes com tumores de progressão rápida ou em pacientes nos quais a radioterapia curativa tem benefício claro, a radioterapia deve ser mantida; - Alguns pacientes podem ter sua radioterapia adiada de forma segura, porém discussões multidisciplinares são fundamentais na tomada de decisão individual.
Imunoterapia - A decisão clínica de postergar as terapias imunossupressoras deve ser tomada de maneira individualizada, considerando os seguintes fatores: • risco de recorrência do câncer caso haja alguma mudança na rotina de terapia; • número de ciclos da terapia completados; • tolerância do paciente ao tratamento. - Em pacientes com tumores não estáveis, não se recomenda suspender a quimioterapia.
Quimioterapia
Cirurgia oncológica - Deve ser feita rotineiramente uma análise de riscos do dano em virtude do adiamento da cirurgia e dos benefícios da cirurgia, em meio a pandemia pela COVID-19.
Transplante de célula-tronco - Pacientes em alto risco para a COVID-19 cuja neoplasia possa ser temporariamente controlada com terapia convencional podem ter o transplante de célula-tronco adiado. - Apesar da falta de evidências quanto à transmissão do SARS-CoV-2 via transfusão sanguínea, é prudente testar os potenciais doadores para COVID-19.
Diagnóstico oncológico em remissão Rotina de seguimento - Em casos de pacientes com baixo risco de recorrência e assintomáticos no período de acompanhamento, pode-se postergar a rotina de seguimento para evitar as visitas clínicas e a possível exposição; - A telemedicina é ferramenta útil para que a avaliação dos pacientes seja feita de maneira segura e regular; - Nos casos em que haja uma recomendação de uma frequência de intervenção em um paciente, adiar a rotina de intervenção para a menor frequência recomendada é prudente.

Avaliação Prognóstica

O manejo do paciente com câncer deve incluir a discussão de cuidados paliativos naqueles cuja expectativa de vida seja limitada. No contexto dessa pandemia, essa discussão ganha ainda mais importância, evitando-se a exposição desses pacientes com prognóstico ruim ao contágio da COVID-19. É importante a discussão de diretivas antecipadas com os pacientes portadores de doenças crônicas terminais, sempre respeitando as regulações locais, para que estes não sejam submetidos a terapia de cuidados intensivos (ventilação mecânica, procedimentos invasivos, reanimação cardiopulmonar), caso essa opção seja considerada a mais adequada e proporcional dentro do contexto da doença de base. 21

Interseção entre Câncer, Doença Cardiovascular e a COVID-19

As DCV e o câncer são as duas principais causas de morte nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, apesar de melhorias significativas na prevenção, triagem e tratamento de ambas as doenças. 16 , 22 Com muitos fatores de risco em comum, o câncer e as DCV frequentemente coexistem nos mesmos indivíduos; aqueles diagnosticados com câncer de pulmão, câncer de mama e câncer de cólon têm maior risco de DCV e aqueles com DCV têm maior risco de desenvolver muitos tipos de câncer. 22 A prevalência de fatores de risco cardiovasculares nos pacientes com câncer é elevada, sendo que 60,4% dos pacientes têm hipertensão, 23,9% têm diabetes e 22,4% tem dislipidemia. 23

O manejo dos pacientes com câncer e DCV sob tratamento oncológico é multidisciplinar, tendo como metas o controle de fatores de risco, a redução de complicações cardiovasculares e a minimização de interrupções desnecessárias do tratamento oncológico. As terapias antineoplásicas são potencialmente tóxicas ao coração e a incidência de complicações cardiovasculares em sobreviventes é elevada. 24 A interação entre as especialidades oncológicas (clínica e cirúrgicas) e o serviço de cardio-oncologia é fundamental para o manejo adequado desses pacientes. 23 , 25

Esse cuidado integral ganha ainda mais sentido em pacientes com a infecção pelo SARS-CoV-2, que agrega morbimortalidade considerável. A interseção entre as três doenças vai desde o controle de fatores de riscos, quanto ao manejo das complicações pulmonares e cardiovasculares, bem como o ajuste do tratamento oncológico e prevenção de eventos tromboembólicos. A Figura 1 ilustra os principais pontos de ligação entre essas três doenças. O conhecimento e a implementação precoce de medidas terapêuticas adequadas podem resultar em melhora do prognóstico dos pacientes com câncer.

Figura 1. – Interseção entre o câncer, o coração e a COVID-19. A hipertensão, idade avançada, diabetes, obesidade e tabagismo são fatores de risco comuns às três doenças. O manejo no câncer na COVID-19 visa evitar visitas desnecessárias aos serviços de saúde, uma vez que estes pacientes sob tratamento oncológico são imunossuprimidos e mais suscetíveis ao desenvolvimento de complicações da COVID-19. As formas graves da COVID-19, manifestadas por hipoxemia e síndrome do desconforto respiratório agudo, decorrem de processo inflamatório sistêmico, com elevações de citocinas inflamatórias e fatores pró-trombóticos. As complicações cardiovasculares são frequentes nessa população, como trombose, arritmias, miocardite e disfunção ventricular. ECA2: enzima conversora de angiotensina 2; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; IL-6: interleucina-6; SDRA: síndrome do desconforto respiratório agudo; SRIS: síndrome da resposta inflamatória sistêmica. Quimio: quimioterapia; Radio: Radioterapia; Imuno: imunoterapia.

Figura 1

A COVID-19 e as Doenças Cardiovasculares

A presença de DCV preexistente é apontada como um dos principais fatores de risco para ocorrência e gravidade da COVID-19 (9). Uma meta-análise recentemente publicada, abrangendo um total de 1.527 pacientes, observou que em pacientes com COVID-19, as prevalências de hipertensão, doenças cardíacas e cerebrovasculares, e diabetes eram de 17,1%, 16,4% e 9,7%, respectivamente. 26 Richardson et al. em uma coorte estadunidense com 5.700 pacientes observaram que as comorbidades mais prevalentes foram hipertensão (3026 [56,6%]), obesidade (1737 [41,7%]) e diabetes (1808 [33,85%]). 11 Em uma coorte italiana com 1.591 pacientes, hipertensão (509 [49%]) foi a comorbidade mais prevalente, seguida de DCV (223 [21%]), dislipidemia (188 [18%]) e diabetes (180 [17%]). 12

Além da prevalência elevada, estes pacientes têm maior predisposição para o desenvolvimento de formas graves da doença e sua evolução a óbito. Em estudo chinês, a mortalidade de pacientes com DCV foi de 10,5%, sendo nos diabéticos 7,3% e nos hipertensos 6,0%, taxas estas maiores que nos pacientes sem comorbidades (2,3%). 27 Dos pacientes que vieram a óbito na Itália, 3,6% não tinham comorbidades, 14,4% uma única comorbidade, 21,1% duas, e 60,9% três ou mais, sendo hipertensão (69,1%), diabetes (31,7%) e DCV (27,5%) as comorbidades mais prevalentes. 13 Em estudo publicado por Jianfeng Xie et al., com 168 pacientes que morreram pelo novo coronavírus , 74,4% tinha alguma comorbidade. 28 As comorbidades mais comuns foram hipertensão (50%), diabetes (25%) e cardiopatia isquêmica (18,5%). 28

O SARS-CoV-2 causa lesão ao sistema cardiovascular por diferentes mecanismos. O vírus utiliza a proteína de membrana enzima conversora de angiotensina 2 (ECA 2) no início da ligação do vírus com o hospedeiro. 29 A ECA2 modula negativamente o sistema renina-angiotensina-aldosterona por meio da conversão de angiotensina 2 em angiotensina 1-7, o que se opõe à ação da enzima conversora de angiotensina (ECA). 30 Ela é altamente expressa em tecidos pulmonares e cardíacos, e exerce funções importantes de proteção cardiovascular e pulmonar. 9 , 31 A ligação viral a essa proteína de membrana causa inibição desses mecanismos de proteção, podendo resultar em inflamação do miocárdio, edema pulmonar e insuficiência respiratória aguda. 32 , 33

A lesão cardiovascular pode ainda decorrer da resposta inflamatória sistêmica, que resulta no fenômeno de tempestade de citocinas. Nesse sentido, em casos mais graves, a infecção resultaria em uma resposta desbalanceada por células Th1 e Th2. 34 A elevação de interleucina-6 (IL-6) foi apontada como um dos preditores de mortalidade na COVID-19, sugerindo que a hiperinflamação em resposta à infecção pelo SARS-CoV-2 seja um fator importante de mortalidade. 35

As principais complicações cardiovasculares resultantes da COVID-19 são injúria miocárdica, insuficiência cardíaca, miocardite, arritmias cardíacas, choque e insuficiência coronária. 36 Em alguns estudos, a elevação isolada de troponina foi preditor independente de mortalidade ( OR = 26.909, 95% CI 4.086 – 177.226).37 Guo et al., observaram que entre 187 pacientes com COVID-19, 52 (27,8%) tinham lesão miocárdica e a mortalidade foi marcadamente maior em pacientes com níveis elevados de troponina T do que em pacientes com níveis normais de troponina T (59,6% vs. 8,9%).38 Níveis aumentados de dímero-D também tem relação direta com mortalidade.4 A injúria miocárdica esteve relacionada a quadros graves da doença, com maior necessidade de internação em unidade de terapia intensiva (UTI), disfunção ventricular e choque.4,39

Os casos de disfunção ventricular observados nos pacientes com COVID-19 são resultados de síndrome coronariana aguda (SCA), miocardite e síndrome de takotsubo. 40 , 41 A SCA com elevação do segmento ST nos pacientes com COVID-19 acontece mesmo sem doença arterial coronariana (DAC) obstrutiva, sendo necessária avaliação criteriosa desses pacientes com avaliação da função ventricular e dos níveis de biomarcadores. Em uma coorte com 18 pacientes, 10 (55%) apresentaram supra desnivelamento do segmento ST sem doença coronária obstrutiva, e nestes pacientes a mortalidade chegou a 90%, sendo decorrente possivelmente de inflamação, vasoespasmo, hipóxia e trombose de microcirculação. 42

As arritmias cardíacas na COVID-19 podem ser consequência dos quadros de miocardite aguda, injúria miocárdica e de efeitos colaterais da terapia farmacológica. 38 , 39 , 43 Em um estudo conduzido com 138 pacientes hospitalizados, 16,7% apresentaram arritmias, sendo mais prevalentes em pacientes internados em UTI (44,4% vs. 6,9%). 39 Guo et al., 38 observaram que 11,7% apresentavam arritmias malignas (taquicardias ventriculares ou fibrilação ventricular). 38 Essas arritmias eram significativamente mais comuns em pacientes com níveis séricos elevados de troponina cardíaca T e de fragmento N-terminal do peptídeo natriurético tipo B. 38

Como a COVID-19 é uma doença recente, não se sabe ao certo quais seriam suas consequências cardíacas a longo prazo. Entretanto, constata-se, em um estudo de 12 anos de seguimento, que sobreviventes da infecção por SARS-CoV apresentaram índices aumentados de anormalidades cardiovasculares e de distúrbios no metabolismo de lipídios e glicose. 44

Embora os mecanismos de tais alterações não tenham sido explicitados, devido à semelhança estrutural entre o SARS-CoV e o SARS-CoV-2, aventa-se a possibilidade de que a COVID-19 possa ter implicações semelhantes a longo prazo. 45

Manejo Clínico de Pacientes com Câncer e Doenças Cardiovasculares em Áreas de Alta Transmissão de COVID-19

Prevenção. As medidas de prevenção são etapa primordial no cuidado dos pacientes com câncer e DCV durante a pandemia da COVID-19. A associação de DCV e câncer aumenta o risco da COVID-19 e a gravidade da doença. Considerando todos os aspectos relacionados à quarentena, ao isolamento social e ao distanciamento, a prevenção cardiovascular deve ser reforçada nesses pacientes, com a adoção de medidas de controle da pressão arterial, dos níveis de glicemia e de lipídios, adoção de dieta adequada e o estímulo à realização de atividade física.

Como ainda não há vacina comprovadamente eficaz para o SARS-CoV-2, recomenda-se a atualização do cartão vacina contra influenza e antipneumocócica como forma de diminuir a incidência de infecções sobrepostas. 5 , 46

Medidas necessárias para frear a disseminação do vírus devem ser ainda mais enfáticas nessa população, como a higienização correta das mãos com sabão ou álcool em gel, assim como recomendações de evitar o contato com pessoas sintomáticas, bem como aglomerações. O Ministério da Saúde, em concordância com a OMS, aconselha que todos devam higienizar frequentemente as mãos e os objetos de uso frequente, além de minimizar o compartilhamento de objetos e evitar levar as mãos aos olhos, boca e nariz. 47

Em locais de risco elevado, medidas de minimização de contato e de exposição devem ser tomadas nos casos de maior vulnerabilidade. Nesse sentido, o acompanhamento e a visita dos pacientes com DCV e/ou câncer estável pode ser feito com o auxílio da telemedicina, evitando a transmissão do SARS-CoV-2 a esse grupo de risco. 48 A telemedicina foi recentemente regularizada pelo Conselho Federal de Medicina durante a pandemia e deve ser utilizada nesses pacientes a fim de reduzir as idas frequentes aos serviços. As consultas podem ser feitas via telefone ou vídeo-consulta, visando especialmente controle de fatores de risco cardiovasculares (como hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade, dentre outros) e monitorização de sintomas.

Para pacientes com histórico recente de transplante de células-tronco, o auto-isolamento pode ser uma maneira eficaz de evitar exposição em áreas de risco elevado. Pessoas em contato com esses pacientes também precisam aderir às medidas de precauções necessárias, minimizando a exposição ou obtendo testes para SARS-CoV-2 quando apresentarem sintomas gripais.

Pelas alterações imunológicas, pacientes em tratamento para neoplasias podem apresentar um quadro atípico de COVID-19, com sintomas mais brandos mascarando quadros graves. Pacientes em tratamento oncológico e seus médicos devem ter atenção redobrada para quaisquer sintomas.

As medidas de prevenção envolvem também a organização dos serviços de saúde para o atendimento correto desses pacientes. Idealmente, os hospitais dos pacientes com câncer não devem ser os mesmos que atendem casos com suspeita/confirmação de COVID-19. Caso exista essa possibilidade, recomenda-se que haja um serviço direcionado para atendimento destes pacientes. 47 , 49 Em caso de suspeita de COVID-19, estes pacientes devem ter seu atendimento priorizado pois apresentam rápida progressão para formas graves. 3 Caso não haja um serviço referenciado a eles, recomenda-se organizar fluxo seguro de atendimento a esses pacientes nas clínicas e hospitais, com a adoção de todas as medidas de prevenção.

É importante também que os profissionais de saúde envolvidos no atendimento desses pacientes tomem os cuidados adequados com relação a medidas de prevenção. É recomendado o uso de equipamentos de proteção individual, higienização das mãos antes e depois do contato com o paciente ou materiais de uso do paciente, bem como o cuidado na manipulação de fármacos a serem empregados ( Figura 2 ). 6

Figura 2. – Medidas de prevenção para a população geral em área com alto risco de infecção por SARS-CoV-2. SARS-CoV-2: severe acute respiratory syndrome coronavirus 2.

Figura 2

Pacientes com câncer já são submetidos a grande estresse psicológico em resultado do próprio diagnóstico. Dessa forma, aconselha-se que estes pacientes recebam informações claras, apoio de familiares e sejam estimulados a terem um estilo de vida saudável durante a quarentena, com prática de exercício físico e alimentação saudável. Isso pode auxiliar a reduzir ansiedade e estresse emocional. As medidas de distanciamento social são importantes para prevenção da disseminação da COVID-19, entretanto podem causar prejuízo à saúde mental dos pacientes com quadro de ansiedade. 50 Um recente trabalho sobre o impacto psicológico da quarentena indica a existência de tensão psicológica sobre aqueles que não podem ou não são capazes de participar da vida social. 51 É importante ressaltar a todos os pacientes com câncer que havendo urgência ou complicações relacionadas ao câncer ou ao sistema cardiovascular, os mesmos devem procurar os serviços de emergência imediatamente, evitando-se maus resultados relacionados ao receio de procurar assistência de saúde.

Conduta em Relação a Exames Diagnósticos e a Terapia nos Pacientes com Câncer

Exames diagnósticos : Os pacientes com câncer frequentemente necessitam da realização de exames para diagnóstico, estadiamento e avaliação de resposta terapêutica. O monitoramento varia a depender do diagnóstico oncológico, mas, muitas vezes, é necessária a realização de marcadores tumorais séricos, TC, cintilografia óssea e tomografia por emissão de pósitrons (PET , siglas em inglês de positron emission tomography) .

A realização dos exames de medicina nuclear (cintilografia e PET) demandam tempo prolongado e vários profissionais envolvidos. A exposição do paciente e dos profissionais de saúde ao contágio da COVID-19 é, por isso, relativamente elevada, sugerindo-se que a indicação da realização desses exames, durante o período da pandemia, seja discutida e individualizada, avaliando-se os riscos e os benefícios para cada paciente. Recomenda-se o adiamento dos exames para, pelo menos, 14 dias em pacientes suspeitos ou confirmados como portadores da infecção pelo novo coronavírus. 52

A realização de TC deve ser priorizada no contexto atual para avaliação da infecção por COVID-19, e da presença de tromboembolismo pulmonar. 49 Os achados tomográficos da COVID-19 são variáveis, sendo mais comuns as imagens reticulares e infiltrado em vidro fosco periféricas e bilaterais. 49 Recomenda-se evitar a realização de ecocardiograma transesofágico e de cintilografia pulmonar durante a pandemia pelo elevado risco de contaminação. 7 , 52 A realização de ressonância magnética cardíaca deve ser feita após cuidadosa avaliação do paciente e da indicação clínica, uma vez que pela maior duração e pelas características deste tipo de exame, tanto o risco de contágio como a limpeza do equipamento têm maior complexidade. 53 O Centro de Controle de Doenças estadunidense sugere cautela na indicação deste tipo de investigação e sociedades internacionais recomendam que sua realização obedeça a protocolos rigorosos. 53

Durante o período da pandemia, recomenda-se que aqueles pacientes que estejam em remissão, sem doença oncológica ativa e estejam assintomáticos possam ter seus exames de controle reagendados para momento oportuno, após a pandemia, 6 Adicionalmente, deve-se priorizar a realização de exames em pacientes com indicações urgentes e que necessitem iniciar tratamento com potencial curativo. 6 Pacientes com idade superior a 65 anos, ou na presença de comorbidades e com fatores para imunossupressão (neutropenia, neoplasias hematológicas, quimioterapia nos últimos 30 dias, transplantados e em uso de medicações imunossupressoras) devem ter seus atendimentos priorizados, evitando longas esperas, o que poderia sobrecarregar ainda mais os serviços de saúde. 53 , 54

Rastreio de cardiotoxicidade : Os pacientes sob terapia oncológica têm risco potenciais de desenvolvimento de cardiotoxicidade. O espectro de manifestações da cardiotoxicidade é amplo, sendo os principais tipos: insuficiência cardíaca, arritmias, trombose e DAC. 55 Os exames de imagem cardíaca são fundamentais para correto diagnóstico e manejo dos pacientes, especialmente em pacientes com indicação de uso de antraciclina e trastuzumabe. O diagnóstico de cardiotoxicidade por essas drogas é classicamente definido pela queda da fração de ejeção de > 10 pontos percentuais para valores menores de 50%.

Nos últimos anos, diversas estratégias de monitorização e rastreio de toxicidade precoce, com diagnóstico ainda na fase subclínica, foram incorporadas na prática clínica para evitar que esses pacientes desenvolvam disfunção ventricular e insuficiência cardíaca. 55 - 58 Lopez-Sendon et al. 59 identificaram a incidência de cardiotoxicidade em 37% dos pacientes previamente submetidos a terapia com elevado potencial cardiotóxico e que tiveram monitoramento cardíaco durante a quimioterapia. 59 Entretanto, no cenário atual da pandemia, avaliando-se o risco potencial de contaminação por COVID-19 em pacientes com câncer sob quimioterapia, considera-se rediscutir a indicação desses exames, reorganizando-se a marcação de exames de maneira personalizada. 60

Os principais fatores de risco de cardiotoxicidade são dose elevada de antraciclina (> 250 mg/m 2 ): uso concomitante de terapias cardiotóxicas (radioterapia, ciclofosfamida, trastuzumabe, imunoterapia e antraciclinas): doença cardíaca prévia; presença de dois ou mais fatores de risco cardiovasculares; e extremos de idade (< 18 anos ou > 65 anos). 55 A presença de sinais e sintomas de insuficiência cardíaca também é indicativa de risco de cardiotoxicidade. Dessa forma, nesses pacientes com risco elevado de cardiotoxicidade deve-se considerar a realização de investigação cardiovascular.

Quando existir a suspeita de cardiotoxicidade, a avaliação da função ventricular nesses pacientes deve ser feita preferencialmente com a ecocardiografia transtorácica, com exame feito de modo direcionado para elucidar a questão. É importante o uso de equipamentos de proteção individual para diminuir o risco de transmissão do vírus durante o exame. 61 Pode-se considerar a realização da pesquisa de biomarcadores cardíacos, caso o paciente tenha visita programada para coleta de exames durante a quimioterapia. 61 Entretanto, não se recomenda a solicitação rotineira de biomarcadores para pesquisa de cardiotoxicidade. 62

Outros exames de imagem (angiotomografia coronária, ressonância magnética cardíaca e angiografia coronária) podem ser necessários para investigação adicional de etiologia de disfunção ventricular, uma vez que cardiotoxicidade é diagnóstico de exclusão e as complicações cardiovasculares são frequentes em pacientes com câncer e COVID-19. 9 No contexto da exclusão de DAC, a tomografia pode ser particularmente útil na exclusão desta entidade e, assim, dispensar a realização de outros exames, nos quais o risco de contaminação e complexidade são maiores. Recomenda-se a investigação apenas nos pacientes em que a realização do exame deve propiciar modificação da conduta médica. A Figura 3 ilustra as recomendações que visam auxiliar no manejo racional da cardiotoxicidade destes pacientes durante a pandemia.

Figura 3. – Recomendações para manejo da cardiotoxicidade durante a pandemia. *Miocardiopatia, doença valvar moderada a importante, arritmia e doença arterial coronariana com revascularização prévia. #Idade > 60 anos, hipertensão arterial, tabagismo, obesidade e dislipidemia. ATAC, angiotomografia de artérias coronárias; DCV: doença cardiovascular; EcoTT, ecocardiograma transtorácico; FRCV: fatores de risco cardiovascular; RMC, ressonância magnética cardíaca.

Figura 3

Terapia Medicamentosa: Pacientes com DCV prévias e pacientes que receberam o diagnóstico de cardiotoxicidade (disfunção ventricular) têm indicação de uso de inibidores da enzima de conversão da angiotensina e bloqueadores de angiotensina II. Postulou-se que estes fármacos podem aumentar a expressão dos receptores da ECA2, facilitando a entrada do vírus nas células hospedeiras. Entretanto, evidências mais recentes não confirmaram estes achados e não sugerem que estas medicações aumentem o risco de infecção pela COVID-19. Recomenda-se que essas medicações devam ser mantidas em pacientes com COVID-19, na ausência de contra-indicações. 63 - 67 Não se recomenda o uso dessas medicações como profilaxia primária de cardiotoxicidade.

A abordagem do paciente com COVID-19 deve levar em conta a apresentação clínica e a presença de sinais e sintomas de gravidade, como hipoxemia e dispneia. Vários medicamentos foram testados nestes cenários, como imunomoduladores, antivirais, antibióticos, corticosteroides, inibidores de Il-6 e interferon, entretanto, ainda não há dados definitivos sobre a eficácia e a segurança desses fármacos na COVID-19. 68

Estudos iniciais sugeriram benefício potencial do uso da cloroquina e hidroxicloroquina na COVID-19, por terem a capacidade de aumentar o pH endossômico das células e reduzir a replicação do SARS-CoV-2. 69 , 70 Entretanto, outros estudos não conseguiram corroborar o benefício do uso dessas drogas, e ainda mais, sugerem aumento do risco de mortalidade dos pacientes que receberam cloroquina. 71 , 72 Dessa forma, o Ministério da Saúde, pelas evidências apenas incipientes do benéfico dessas drogas, sugere que estes medicamentos possam ser utilizados, em casos confirmados e a critério médico, como terapia adjuvante no tratamento de formas graves, em pacientes hospitalizados, sem que outras medidas de suporte sejam preteridas. 73

A linfohistiocitose hemofagocítica (LHH) é uma síndrome hiperinflamatória ainda subdiagnosticada em pacientes com a COVID-19. Esta síndrome é caracterizada como um estado de hipercitocinemia potencialmente fatal que leva a múltipla disfunção orgânica. 74 Os principais achados da LHH incluem: febre, citopenias e hiperferritinemia; envolvimento pulmonar (incluindo síndrome do desconforto respiratório agudo) ocorre em aproximadamente 50% dos pacientes. 74

Dos pacientes com COVID-19, aqueles que evoluíram a óbito tinham níveis mais elevados de ferritina e Il-6, sugerindo que a inflamação esteja relacionada com a mortalidade desses pacientes. 75 Dessa forma, na hiperinflamação observada na COVID-19, a imunossupressão parece ser benéfica. As opções terapêuticas incluem esteróides, imunoglobulina intravenosa, bloqueio seletivo de citocinas (por exemplo, anakinra ou tocilizumabe) e inibição de Janus Kinase. 74

Perspectivas

Espera-se que com a evolução do conhecimento da infecção pelo novo coronavírus, entendamos cada vez mais o comportamento da doença em pacientes com comorbidades como câncer e DCV. As perspectivas em relação a um tratamento eficaz são grandes, e independentemente do tempo necessário para que a ciência abra o caminho para melhores resultados, o oncologista e o cardiologista devem fortalecer ainda mais a linha de cuidado do paciente com câncer. A prevenção cardiovascular, o tratamento adequado do câncer e da DCV, e a análise criteriosa da estratégia diagnóstica e terapêutica são essenciais para a obtenção de bons resultados nessa população frente à pandemia da COVID-19.

Conclusão

A interseção entre câncer, o coração e COVID-19 é complexa e a racionalização do cuidado desses pacientes é pautada em uma interação entre as especialidades e na personalização de condutas. A avaliação dos riscos e benefícios da realização de intervenções terapêuticas e diagnósticas requer atenção individualizada, considerando-se o prognóstico oncológico e o risco de contágio da COVID-19, especialmente em regiões cuja transmissibilidade esteja elevada. Os pacientes com câncer e com DCV apresentam formas mais graves da infecção pelo novo coronavírus, e por isto, devemos reforçar ainda mais as medidas de prevenção nesses pacientes.

Vinculação Acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Fontes de Financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Referências

  • 1.1. World Health Organization .. Rolling updates on coronavirus disease (COVID-19) . Geneva ; 2020 .
  • 2.2. Guan WJ , Ni ZY , Hu Y , Liang WH , Ou CQ , He JX , et al . Clinical characteristics of coronavirus disease 2019 in China . N Engl J Med . 2020 ; 382 ( 18 ): 1708 - 20 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 3.3. Liang W , Guan W , Chen R , Wang W , Li J , Xu K , et al . Cancer patients in SARS-CoV-2 infection: a nationwide analysis in China . Lancet Oncol . 2020 ; 21 ( 3 ): 335 - 7 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 4.4. Zhou F , Yu T , Du R , Fan G , Liu Y , Liu Z , et al . Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, China: a retrospective cohort study . Lancet . 2020 ; 395 ( 10229 ): 1054 - 62 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 5.5. Falandry C , Filteau C , Ravot C , Le Saux O . Challenges with the management of older patients with cancer during the COVID-19 pandemic . J Geriatr Oncol . 2020 ; 11 ( 5 ): 747 - 9 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 6.6. Lambertini M , Toss A , Passaro A , Criscitiello C , Cremolini C , Cardone C , et al . Cancer care during the spread of coronavirus disease 2019 (COVID-19) in Italy: young oncologists’ perspective . ESMO Open . 2020 ; 5 ( 2 ): e000759 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 7.7. Skulstad H , Cosyns B , Popescu BA , Galderisi M , Salvo GD , Donal E , et al . COVID-19 pandemic and cardiac imaging: EACVI recommendations on precautions, indications, prioritization, and protection for patients and healthcare personnel . Eur Heart J Cardiovasc Imaging . 2020 ; 21 ( 6 ): 592 - 8 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 8.8. Burki TK . Cancer guidelines during the COVID-19 pandemic . Lancet Oncol . 2020 ; 21 ( 5 ): 629 - 30 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 9.9. Ganatra S , Hammond SP , Nohria A . The novel coronavirus disease (COVID-19) threat for patients with cardiovascular disease and cancer . JACC CardioOncology . 2020 ; 2 ( 2 ): 350 - 5 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 10.10. Fu L , Wang B , Yuan T , Chen X , Ao Y , Fitzpatrick T , et al . Clinical characteristics of coronavirus disease 2019 (COVID-19) in China: A systematic review and meta-analysis . J Infect . 2020 ; 80 ( 6 ): 656 - 65 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 11.11. Richardson S , Hirsch JS , Narasimhan M , Crawford JM , McGinn T , Davidson KW , et al . Presenting characteristics, comorbidities, and outcomes among 5700 patients hospitalized with COVID-19 in the New York City area . JAMA . 2020 ; 323 ( 20 ): 2052 - 9 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 12.12. Grasselli G , Zangrillo A , Zanella A , Antonelli M , Cabrini L , Castelli A , et al . Baseline characteristics and outcomes of 1591 patients infected with SARS-CoV-2 admitted to ICUs of the Lombardy Region, Italy . JAMA . 2020 ; 323 ( 16 ): 1574 - 81 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 13.13. Palmieri L , Andrianou X ; Barbariol P ; Bella A , Bellino S , Benelli E , et al . Characteristics of SARS-CoV-2 patients dying in Italy . Report based on available data on April 23th ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://www.epicentro.iss.it/en/coronavirus/bollettino/Report-COVID-2019_23_april_2020.pdf .
  • 14.14. Onder G , Rezza G , Brusaferro S . Case-fatality rate and characteristics of patients dying in relation to COVID-19 in Italy . JAMA . 2020 Mar 23 . [ Epub ahead of print ]. [DOI] [PubMed]
  • 15.15. Li Q , Guan X , Wu P , Wang X , Zhou L , Tong Y , et al . Early transmission dynamics in Wuhan, China, of novel coronavirus-infected pneumonia . N Engl J Med . 2020 ; 382 ( 13 ): 1199 - 207 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 16.16. American Cancer Society . Global cancer facts and figures . 4th Edition. Atlanta : American Cancer Society . 2018 ; 1 : 1 - 73 .
  • 17.17. Schrag D , Hershman DL , Basch E . Oncology practice during the COVID-19 pandemic . JAMA . 2020 Apr 13 . [ Epub ahead of print ]. [DOI] [PubMed]
  • 18.18. Carneiro A , Wroclawski ML , Nahar B , Soares A , Cardoso AP , Kim NJ , et al . Impact of the COVID-19 pandemic on the urologist’s clinical practice in Brazil: a management guideline proposal for low- and middle-income countries during the crisis period . Int Braz J Urol . 2020 ; 46 ( 4 ): 501 - 10 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 19.19. Mayor S . COVID-19: impact on cancer workforce and delivery of care ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://www.thelancet.com/pdfs/journals/lanonc/PIIS1470-2045(20)30240-0.pdf. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 20.20. American Society of Clinical Oncology . . COVID-19 Patient Care Information . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://www.asco.org/asco-coronavirus-information/care-individuals-cancer-during-covid-19 .
  • 21.21. Curtis JR , Kross EK , Stapleton RD . The importance of addressing advance care planning and decisions about do-not-resuscitate orders during Novel Coronavirus 2019 (COVID-19) . JAMA . 2020 ; 323 ( 18 ): 10.1001/2020.4894 [DOI] [PubMed]
  • 22.22. Handy CE , Quispe R , Pinto X , Blaha MJ , Blumenthal RS , Michos ED , et al . Synergistic opportunities in the interplay between cancer screening and cardiovascular disease risk assessment: together we are stronger . Circulation . 2018 ; 138 ( 7 ): 727 - 34 . [DOI] [PubMed]
  • 23.23. Costa IBSS , Bittar CS , Fonseca SMR , Silva CMPD , Rehder MHHS , Rizk SI , et al . Brazilian cardio-oncology: the 10-year experience of the Instituto do Cancer do Estado de Sao Paulo . BMC Cardiovasc Disord . 2020 ; 20 ( 206 ): 1 - 10 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 24.24. Lenneman CG , Sawyer DB . Cardio-oncology: an update on cardiotoxicity of cancer-related treatment . Circ Res . 2016 ; 118 ( 6 ): 1008 - 20 . [DOI] [PubMed]
  • 25.25. Lenihan DJ , Fradley MG , Dent S , Brezden-Masley C , Carver J , Kalil Filho R , et al . Proceedings from the global cardio-oncology summit. The Top 10 priorities to actualize for CardioOncology . JACC CardioOncology . 2019 ; 1 ( 2 ): 256 - 72 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 26.26. Li B , Yang J , Zhao F , Zhi L , Wang X , Liu L , et al . Prevalence and impact of cardiovascular metabolic diseases on COVID-19 in China . Clin Res Cardiol . 2020 ; 109 ( 5 ): 531 - 8 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 27.27. Wu Z , McGoogan JM . Characteristics of and important lessons from the Coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak in China: summary of a report of 72314 cases from the Chinese Center for Disease Control and Prevention . JAMA . 2020 Feb 24 . [ Epub ahead of print ]. [DOI] [PubMed]
  • 28.28. Xie J , Tong Z , Guan X , Du B , Qiu H . Clinical characteristics of patients who died of Coronavirus Disease 2019 in China . JAMA Netw Open . 2020 ; 3 ( 4 ): e205619 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 29.29. Wang H , Yang P , Liu K , Guo F , Zhang Y , Zhang G , et al . SARS coronavirus entry into host cells through a novel clathrin- and caveolae-independent endocytic pathway . Cell Res . 2008 ; 18 ( 2 ): 290 - 301 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 30.30. Kuba K , Imai Y , Penninger JM . Multiple functions of angiotensin-converting enzyme 2 and its relevance in cardiovascular diseases . Circ J . 2013 ; 77 ( 2 ): 301 - 8 . [DOI] [PubMed]
  • 31.31. Imai Y , Kuba K , Rao S , Huan Y , Guo F , Guan B , et al . Angiotensin-converting enzyme 2 protects from severe acute lung failure . Nature . 2005 ; 436 ( 7047 ): 112 - 6 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 32.32. Xiong TY , Redwood S , Prendergast B , Chen M . Coronaviruses and the cardiovascular system: acute and long-term implications . Eur Heart J . 2020 ; 41 ( 19 ): 1798 - 1800 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 33.33. Oudit GY , Kassiri Z , Jiang C , Liu PP , Poutanen SM , Penninger JM , et al . SARS-coronavirus modulation of myocardial ACE2 expression and inflammation in patients with SARS . Eur J Clin Invest . 2009 ; 39 ( 7 ): 618 - 25 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 34.34. Zheng YY , Ma YT , Zhang JY , Xie X . COVID-19 and the cardiovascular system . Nat Rev Cardiol . 2020 ; 17 ( 5 ): 259 - 60 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 35.35. Huang C , Wang Y , Li X , Ren L , Zhao J , Hu Y , et al . Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China . Lancet . 2020 ; 395 ( 10223 ): 497 - 506 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 36.36. Costa IBSS , Bittar CS , Rizk SI , Araújo Filho AE , Santos KAQ , Machado TIV , et al . The Heart and COVID-19: What Cardiologists Need to Know . Arq Bras Cardiol . 2020 ; 114 ( 5 ): 805 - 16 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 37.37. Chen C , Chen C , Yan JT , Zhou N , Zhao JP , Wang DW . Analysis of myocardial injury in patients with COVID-19 and association between concomitant cardiovascular diseases and severity of COVID-19 . Zhonghua Xin Xue Guan Bing Za Zhi . 2020 ; 48 ( 0 ): E008 . [DOI] [PubMed]
  • 38.38. Guo T , Fan Y , Chen M , Wu X , Zhang L , He T , et al . Cardiovascular implications of fatal outcomes of patients with coronavirus disease 2019 (COVID-19) . JAMA Cardiol . 2020 ; 5 ( 7 ): 1 - 8 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 39.39. Wang D , Hu B , Hu C , Zhu F , Liu X , Zhang J , et al . Clinical characteristics of 138 hospitalized patients with 2019 novel coronavirus-infected pneumonia in Wuhan, China . JAMA . 2020 ; 323 ( 11 ): 1061 - 9 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 40.40. Meyer P , Degrauwe S , Delden CV , Ghadri JR , Templin C . Typical takotsubo syndrome triggered by SARS-CoV-2 infection . Eur Heart J . 2020 ; 41 ( 19 ): 1860 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 41.41. Hu H , Ma F , Wei X , Fang Y . Coronavirus fulminant myocarditis saved with glucocorticoid and human immunoglobulin . Eur Heart J . 2020 Mar 16 . [ Epub ahead of print ]. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 42.42. Bangalore S , Sharma A , Slotwiner A , Yatskar L , Harari R , Shah B , et al . ST-Segment elevation in patients with Covid-19 - a case series . N Engl J Med . 2020 ; 382 ( 25 ): 2478 - 80 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 43.43. Simpson TF , Kovacs RJ , Stecker EC . Ventricular arrhythmia risk due to hydroxychloroquine-azithromycin treatment for COVID-19 . American College of Cardiology . 2020 Mar 29 .
  • 44.44. Wu Q , Zhou L , Sun X , Yan Z , Hu C , Wu J , et al . Altered lipid metabolism in recovered SARS patients twelve years after infection . Sci Rep . 2017 ; 7 ( 1 ): 9110 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 45.45. Zheng YY , Ma YT , Zhang JY , Xie X . COVID-19 and the cardiovascular system . Nature reviews Cardiology . 2020 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 46.46. Ministério da Saúde . Calendário de vacinação do adulto e idoso ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/calendario-vacinacao .
  • 47.47. Ministério da Saúde . Protocolo de manejo clínico do novo coronavírus (2019-nCoV) ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/30/20200330-ProtocoloManejo-ver06-Final.pdf .
  • 48.48. American College of Cardiology . COVID-19 clinical guidance for the cardiovascular care team ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://www.acc.org/~/media/665AFA1E710B4B3293138D14BE8D1213.pdf .
  • 49.49. Ministério da Saúde . Fluxo de manejo clínico na atenção primária à saúde em transmissão comunitária ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: http://profsaude-abrasco.fiocruz.br/publicacao/fluxo-manejo-clinico-atencao-primaria-saude-transmissao-comunitaria .
  • 50.50. Bauerle A , Skoda EM , Dorrie N , Bottcher J , Teufel M . Psychological support in times of COVID-19: the Essen community-based CoPE concept . J Public Health ( Oxf ). 2020 Apr 20 ; fdaa053 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 51.51. Brooks SK , Webster RK , Smith LE , Woodland L , Wessely S , Greenberg N , et al . The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence . Lancet . 2020 ; 395 ( 10227 ): 912 - 20 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 52.52. Departamento de Imagem Cardiovascular . . Recomendações DIC/SBC para realização de Exames de Imagem Cardiovascular durante a pandemia pela COVID-19 ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://dicsbc.com.br/recomendacoes-dic-sbc-para-a-realizacao-de-exames-de-imagem/ . .
  • 53.53. Han Y , Chen T , Bryant J , Bucciarelli-Ducci C , Dyke C , Elliott MD , et al . Society for Cardiovascular Magnetic Resonance (SCMR) guidance for the practice of cardiovascular magnetic resonance during the COVID-19 pandemic . J Cardiovasc Magn Reson . 2020 ; 22 ( 1 ): 26 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 54.54. Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica . Posicionamento SBOC - Coronavírus (COVID-19) - Informação ao Oncologista ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://sboc.org.br/noticias/item/1802-posicionamento-sboc-coronavirus-covid-19-informacao-ao-oncologista .
  • 55.55. Zamorano JL , Lancellotti P , Rodriguez Munoz D , Aboyans V , Asteggiano R , Galderisi M , et al . 2 016 ESC position paper on cancer treatments and cardiovascular toxicity developed under the auspices of the ESC Committee for Practice Guidelines: The Task Force for cancer treatments and cardiovascular toxicity of the European Society of Cardiology (ESC) . Eur Heart J . 2016 ; 37 ( 36 ): 2768 - 801 . [DOI] [PubMed]
  • 56.56. Hajjar LA , Kalil Filho R , Hoff PMG . Manual de Condutas em Cardio-Oncologia . Rio de Janeiro : Atheneu ; 2018 .
  • 57.57. Ky B , Putt M , Sawaya H , French B , Januzzi Jr JL , Sebag IA , et al . Early increases in multiple biomarkers predict subsequent cardiotoxicity in patients with breast cancer treated with doxorubicin, taxanes, and trastuzumab . J Am Coll Cardiol . 2014 ; 63 ( 8 ): 809 - 16 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 58.58. Cardinale D , Colombo A , Bacchiani G , Tedeschi I , Meroni CA , Veglia F , et al . Early detection of anthracycline cardiotoxicity and improvement with heart failure therapy . Circulation . 2015 ; 131 ( 22 ): 1981 - 8 . [DOI] [PubMed]
  • 59.59. Lopez-Sendon J , Alvarez-Ortega C , Zamora Aunon P , Buno Soto A , Lyon AR , Farmakis D , et al . Classification, prevalence, and outcomes of anticancer therapy-induced cardiotoxicity: the CARDIOTOX registry . Eur Heart J . 2020 ; 41 ( 18 ): 1720 - 9 . [DOI] [PubMed]
  • 60.60. Calvillo-Argüelles O , Abdel-Qadir H , Ky B , Liu JE , Lopez-Mattei JC , Amir E , et al . Modified routine cardiac imaging surveillance of adult cancer patients and survivors during the COVID-19 pandemic . JACC CardioOncology . 2020 ; 2 ( 2 ): 345 - 9 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 61.61. European Society of Cardiology (ESC) . Routine cardiotoxicity echo screening for chemotherapy patients during COVID-19: from the Council of Cardio-Oncology of the European Society of Cardiology (ESC) ; 2020 Apr , 15 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://www.escardio.org/Councils/council-of-cardio-oncology/News/routine-cardiotoxicity-echo-screening-for-chemotherapy-patients-during-covid-19 .
  • 62.62. Curigliano G , Cardinale D , Suter T , Plataniotis G , Azambuja E , Sandri MT , et al . Cardiovascular toxicity induced by chemotherapy, targeted agents and radiotherapy: ESMO Clinical Practice Guidelines . Ann Oncol . 2012 Oct ; 23 Suppl 7 : vii155 - 66 . [DOI] [PubMed]
  • 63.63. Mancia G , Rea F , Ludergnani M , Apolone G , Corrao G . Renin-angiotensin-aldosterone system blockers and the risk of Covid-19 . N Engl J Med . 2020 ; 382 ( 25 ): 2431 - 40 . T [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 64.64. Mehra MR , Sapan MD , Desai SS , Kuy S , Henry TD , Patel AN . Cardiovascular disease, drug therapy, and mortality in Covid-19 . N Engl J Med . 2020 ; 382 ( 25 ): e102 . [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Retracted]
  • 65.65. Queiroga M , Bacal F , Hajjar L.A. SBC Informa - Nota de esclarecimento. Infecção pelo Coronavírus 2019 (COVID-19) . Sociedade Brasileira de Cardiologia . 2020 mar 13 .
  • 66.66. Reynolds HR , Adhikari S , Pulgarin C , Troxel AB , Iturrate E , Johnson SB , et al . Renin–angiotensin–aldosterone system inhibitors and risk of Covid-19 . N Engl J Med . 2020 ; 382 ( 25 ): 2441 - 8 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 67.67. Jarcho JA , Ingelfinger JR , Hamel MB , D’Agostino RB , Harrington DP . Inhibitors of the renin–angiotensin–aldosterone system and Covid-19 . N Engl J Med . 2020 ; 382 ( 25 ): 2462 - 4 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 68.68. Phua J , Weng L , Ling L , Egi M , Lim CM , Divatia JV , et al . Intensive care management of coronavirus disease 2019 (COVID-19): challenges and recommendations . Lancet Respir Med . 2020 ; 85 ( 5 ): 506 - 17 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 69.69. Gao J , Tian Z , Yang X . Breakthrough: chloroquine phosphate has shown apparent efficacy in treatment of COVID-19 associated pneumonia in clinical studies . Bioscience Trends . 2020 ; 14 ( 1 ): 72 - 3 . [DOI] [PubMed]
  • 70.70. Yao X , Ye F , Zhang M , Cui C , Huang B , Niu P , et al . In vitro antiviral activity and projection of optimized dosing design of hydroxychloroquine for the treatment of severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) . Clin Infect Dis . 2020 ; 71 ( 15 ): 732 - 9 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 71.71. Magagnoli J , Narendran S , Pereira F , Cummings T , Hardin JW , Sutton SS , et al . Outcomes of hydroxychloroquine usage in United States veterans hospitalized with COVID-19 . medRix . 2020 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 72.72. Borba MGS AF , Sampaio VS , Alexandre MAA , Melo GC et al . Effect of high vs low doses of chloroquine diphosphate as adjunctive therapy for patients hospitalized with severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) infection: a randomized clinical trial . JAMA Netw Open . 2020 ; 3 ( 4 ): e208857 ). [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 73.73. Ministério da Saúde . Diretrizes para diagnóstico e tratamento da COVID-19 ; 2020 . [ acesso em 16 maio 2020 ]. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/ministerio-da-saude-divulga-diretrizes-para-diagnostico-e-tratamento-da-covid-19 .
  • 74.74. Mehta P , McAuley DF , Brown M , Sanchez E , Tattersall RS , Manson JJ , et al . COVID-19: consider cytokine storm syndromes and immunosuppression . Lancet . 2020 ; 395 ( 10229 ): 1033 - 4 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 75.75. Ruan Q , Yang K , Wang W , Jiang L , Song J . Clinical predictors of mortality due to COVID-19 based on an analysis of data of 150 patients from Wuhan, China . Intensive Care Med . 2020 ; 46 ( 5 ): 846 - 8 . [DOI] [PMC free article] [PubMed]
Arq Bras Cardiol. 2020 Sep 18;115(3):547–557. [Article in English]

Cancer and Cardiovascular Diseases during the COVID-19 Pandemic

Lucas Tokio Kawahara 1, Isabela Bispo Santos da Silva Costa 2,3, Cecília Chie Sakaguchi Barros 1, Gabriel Coelho de Almeida 1, Cristina Salvadori Bittar 2,4, Stephanie Itala Rizk 2,4, Laura Testa 2,5, Camila Motta Venchiarutti Moniz 2,5, Juliana Pereira 2, Gláucia Maria Moraes de Oliveira 6, Maria Del Pilar Estevez Diz 2, Patricia Oliveira Guimarães 2, Ibraim Masciarelli Pinto 7,8, Roberto Kalil Filho 3,4, Ludhmila Abrahão Hajjar 2,4, Paulo M Hoff 2,5

Abstract

The challenges that the COVID-19 pandemic cretead to the healthcare system have made it necessary to adapt routines and services, with the objectives of controlling the spread of the virus and preserving health. Safe and correct management of patients in risks groups, such as elderly patients, patients with cardiovascular diseases, and patients with cancer, has become even more important. Thus, cardio-oncology has gained a new dimension, with the aim of adapting to patients’ needs during the pandemic by restructuring the system of care in a manner that offers quality and safety in healthcare.

Keywords: Coronavirus, COVID-19, Betacoronavirus/complications, Cardiovascular Diseases/complications, Severe Acute Respiratory Syndrome/complications, Neoplasms/complications, Pandemics, SARS-CoV-19

Introduction

The first cases of coronavirus disease 2019 (COVID-19), whose pathological agent has been described as an RNA-enveloped betacoronavirus, named severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2), were described in December 2019; the disease rapidly spread throughout the world, and it was declared a pandemic by the World Health Organization (WHO) on March 11, 2020. 1

The current epidemiological data show that patients with cancer and cardiovascular diseases (CVD) are frequently affected, and they show worse prognosis when infected with COVID-19. Incidence and mortality due to cardiovascular complications are higher in these patients. 2 - 4 The growing number of patients and the overload in health services in areas where the risk of contagion is high have generated the need to discuss adjustments in the care routines for these patients in order to preserve care, without impacting the treatment of comorbidities. 5 - 7

Thus, the objective of this review is to systematize the care provided by cardio-oncology services regarding management of patients with cancer and CVD during the pandemic, seeking to adopt the necessary treatment with maximum safety.

COVID-19 in Patients with Cancer

Patients with cancer, whether active or in remission, have been shown to be a notable risk group for SARS-CoV-2 infection. Several aspects corroborate the classification of patients in oncology as a group of greater vulnerability in relation to SARS-CoV-2 infection, with higher chances of progressing to severe forms and faster rates of deterioration and death. 3 The increased risk in patients in oncology may be related to the state of systemic immunosuppression that can be attributed both to antineoplastic treatments (chemotherapy and tumor resection surgery) and to tumor malignancy itself, as well as to the increase in cardiovascular diseases in this population. 8 , 9

The prevalence of cancer in epidemiological studies that describe patients with COVID-19 is rather variable. 10 , 11 Studies from China have shown a prevalence of 1%, which is considerably higher than the prevalence of cancer in China (0.29%). 2 In an analysis of 5,700 cases in New York, 6% of patients had cancer. 11 Grasselli et al. in an Italian cohort with 1,571 patients, demonstrated that cancer was one of the most prevalent comorbidities, accounting for 8% of all patients analyzed. 12

In a recently published study, when compared to patients without cancer, patients with cancer and COVID-19 were more older (63.1 years [± 12.1%] vs. 48.7 years [± 16.2]) and more often smokers (2 [22%] vs. 107 [7%]), and they had more severe alterations on chest computed tomography (CT) (17 [94%] vs. 1,113 [71%]). 3 No differences were observed regarding sex or other comorbidities. 3 Patients with cancer also had a higher rate of complications (7 [39%] vs. 124 [8%]). 3

Advanced age is an independent predictor of disease severity in patients with COVID-19. The median age of patients who progressed to death in Italy was 81 years (IQR 73 – 86). 13 Zhou et al. 4 observed in multivariate analysis that the risk of death were higher (OR 1.10; 95% CI 1.03 – 1.17) for each additional year. 4 In patients with cancer, Liang et al. observed that advanced age was the only independent predictor of the severe form of the disease (OR 1.43; 95% CI 0.97 – 2.12). 3 These data suggest that special attention should be given to patients with advanced age and cancer, due to the greater severity observed in this population.

In the group with history of cancer, heterogeneity was observed in association with the time interval since the last therapeutic intervention (surgery or chemotherapy). The patients who had undergone these procedures during the month prior to SARS-CoV-2 infection showed a higher incidence of serious events than cancer survivors who had not undergone therapeutic intervention, suggesting an association between the immunosuppression status caused by antitumor treatment and the increased risk of severity of COVID-19 presentation. 3

Initial data on mortality of patients with cancer and COVID-19 suggest that these cases have higher mortality in comparison with patients without cancer. Cohort studies from Italy have shown a prevalence of 16% to 20% of patients with active cancer among patients who died due to COVID-19. 13 , 14 Patients with cancer have a COVID-19 lethality rate of 7.6%, which is substantially higher than that of 1.4% in patients without comorbidities. 9

Knowing the risks patients with cancer face when infected with SARS-CoV-2, it is essential that they are consistently accompanied and monitored geographic areas where COVID-19 cases are on the rise. Telemedicine can aid in this monitoring. 6

Choice of Oncological Treatment

Postponement of diagnostic and therapeutic interventions in patients with cancer during the pandemic period has been much discussed. Frequent visits to hospitals could increase the risk of contagion in these patients and in the healthcare team. 6 Social distancing measures have been encouraged in order to reduce the spread of COVID-19, given that transmission is high, and it occurs even from people who are asymptomatic. 15 On the other hand, it is also known that many types of cancer have higher morbidity and mortality than COVID-19, and postponement of therapy has important prognostic implications, 16 especially in areas where healthcare resources are typically limited and the wait for oncological care may last months. In this manner, comprehensive evaluation that takes into consideration the type of cancer, patient performance status, and the type of antineoplastic therapy required is extremely relevant to balancing the risks and benefits of possibly postponing antitumor treatment. 17

It is recommended to begin or continue adjuvant and neoadjuvant therapies (or any other therapy with curative potential) and to maintain therapy for metastatic diseases for which the literature has shown a clear benefit. 6 Oncological surgical procedures with curative potential are still recommended, always evaluating the procedure’s surgical morbidity and the possibilty of other safer neoadjuvant therapies. 18

Some strategies have been discussed as beneficial alternatives during the pandemic, especially for elderly patients in areas with elevated transmission. Choice of oncological therapy must consider the local options available, avoiding the need for patients to make long trips (between cities) to reach the health service. Preference should be given to oral chemotherapy, when indicated, and to endocrine therapy in sensitive tumors. 5

Depending on patient response, tumor type, and therapy time, it is also possible to consider spacing cycles of patients in immunotherapy from two or three to four or six weeks. 5 Regarding patients in radiotherapy, for treatment of more common diseases (such as breast, prostate, lung, and head cancer), reduced dose fractionation has been discussed, using a higher dose and a smaller number of sessions. This approach can lead to increased toxicity; therefore, the risks and benefits of hypofractionation should always be discussed. 19

It is important to discuss and weigh each strategy with patients and their family members. The doctor-patient relationship is extremely important during this moment, and the use of telemedicine can bring this interaction closer and decrease patient exposure. 6 , 17 It is, furthermore, recommended that, if possible, there exist health services aimed at oncological treatment that are not references for receiving patients with a COVID-19. Table 1 summarizes the American Society of Clinical Oncology’s recommendations regarding each type of specific procedure for patients with cancer. 20

Table 1. – Guidelines regarding procedures in patients in oncology during the COVID-19 pandemic.

Period Procedures Recommendations
Pre-diagnostic Oncological screening - Routine procedures in asymptomatic patients that require visits to health centers, such as mammograms and colonoscopies, should be postponed. - Patients with suspected disease should be investigated. - Biopsies and imaging exams should be performed in patients with suspected neoplasm.
Active oncological diagnosis Staging - Comprehensive evaluation of postponement, considering diseases with indolent behavior.
Radiotherapy - In patients with rapidly progressing tumors or patients for whom curative radiotherapy has a clear benefit, radiotherapy should be maintained; - Some patients may have radiotherapy postponed safely; however, multidisciplinary discussion is fundamental in making individual decisions.
Immunotherapy - The clinical decision to postpone immunosuppressive therapies should be made in an individualized manner, taking the following factors into consideration: • Risk of recurrence of cancer in the event that there are changes to the therapy routine; • Number of therapy cycles completed; • Patient tolerance to treatment. - In patients with unstable tumors, suspending chemotherapy is not recommended.
Chemotherapy
Oncological surgery - It is necessary to routinely perform analysis of the risks of damage due to postponing surgery and the benefits of the surgery, in the midst of the COVID-19 pandemic.
Stem cell transplant - High-risk patients for COVID-19 whose neoplasms can be temporarily controlled with conventional therapy may have their stem cell transplant postponed. - Notwithstanding the lack of evidence regarding the transmission of SARS-CoV-2 through blood transfusion, it is prudent to test potential donors for COVID-19.
Oncological diagnosis in remission Follow-up routine - In cases of patients with low risk of recurrence who are asymptomatic during the period of follow-up, it is possible to postpone the follow-up routine in order to avoid clinical visits and possible exposure; - Telemedicine is a useful tool for evaluating patients, provided that it is carried out in a safe and regular manner; - In cases where there are recommendations regarding frequency of intervention in patients, it is prudent to postpone the intervention routine to the lowest recommended frequency.

Prognostic Evaluation

Management of patients with cancer should include discussion of palliative care for patients with limited life expectancy. In the context of this pandemic, this discussion gains even more importance, avoiding exposure of patients with poor prognosis to contagion of COVID-19. It is important to discuss advance orders with patients who have terminal chronic diseases, always respecting local regulations, so that they do not undergo to intensive care therapy (mechanical ventilation, invasive procedures, cardiopulmonary resuscitation), in the event that this option is considered the most appropriate and proportional within the context of the underlying disease. 21

Intersection Between Cancer, Cardiovascular Disease, and COVID-19

CVD and cancer are the two leading causes of death in developed and developing countries, notwithstanding significant improvements in prevention, screening, and treatment for both diseases. 16 , 22 With many risk factors in common, cancer and CVD often coexist in the same individuals; patients diagnosed with lung cancer, breast cancer, and colon cancer have greater risk of CVD, and patients with CVD are at a higher risk of developing many types of cancer. 22 The prevalence of cardiovascular risk factors in patients with cancer is elevated, with 60.4% of patients with hypertension, 23.9% with diabetes, and 22.4% with dyslipidemia. 23

Management of patients with cancer and CVD in oncological treatment is multidisciplinary, with the goals of controlling risk factors, reducing cardiovascular complications, and minimizing unnecessary interruptions in oncological treatment. Antineoplastic therapies are potentially toxic to the heart, and the incidence of cardiovascular complications in survivors is high. 24 The interaction between oncological specialists, both clinical and surgical, and the cardio-oncology service is fundamental to adequate management of these patients. 23 , 25

This multidisciplinary care is even more significant in patients with SARS-CoV-2 infection, which aggregates considerable morbidity and mortality. The intersection between the three diseases extends from controlling risk factors to managing pulmonary and cardiovascular complications, in addition to adjusting oncological treatment and preventing thromboembolic events. Figure 1 illustrates the main points of intersection between the three diseases. Knowledge and early implementation of appropriate therapeutic measures can result in improved prognosis for patients with cancer.

Figure 1. – Intersection between cancer, the heart, and COVID-19. Hypertension, advanced age, diabetes, obesity, and smorkers use are risk factors shared by these three diseases. Management of cancer in COVID-19 aims to avoid unnecessary visits to healthcare services, given that patients in oncological treatment are immunosuppressed, and they are more susceptible to developing complications of COVID-19. The most severe forms of COVID-19, manifested by hypoxemia and ARDS, result from the systemic inflammatory process, with increased inflammatory cytokines and pro-thrombotic factors. Cardiovascular complications, such as thrombosis, arrhythmias, myocarditis, and ventricular dysfunction, are frequent in this population. ACE2: angiotensin-converting enzyme 2; ARDS: acute respiratory distress syndrome; IL-6: interleukin-6; LVEF: left ventricular ejection fraction; SIRS: systemic inflammatory response syndrome. Chemo: chemotherapy; Radio: radiotherapy; Immuno: Immunotherapy. BNP: brain natriuretic peptide.

Figure 1

COVID-19 and Cardiovascular Diseases

The presence of pre-existing CVD has been indicated as one of the main risk factors for the occurrence and severity of COVID-19 (9). A recently published meta-analysis, including a total of 1,527 patients, observed that, in patients with COVID-19, the prevalences of hypertension, cardiac and cerebrovascular diseases, and diabetes were 17.1%, 16.4%, and 9.7%, respectively. 26 In a cohort of 5,700 patients from the United States, Richardson et al. observed that the most prevalent comorbidities were hypertension (3,026 [56.6%]), obesity (1,737 [41.7%]), and diabetes (1,808 [33.85%]). 11 In an Italian cohort with 1,591 patients, hypertension (509 [49%]) was the most prevalent comorbidity, followed by CVD (223 [21%]), dyslipidemia (188 [18%]), and diabetes (180 [17%]). 12

In addition to having higher prevalence, these patients are more predisposed to developing severe forms of the disease and progressing to death. In a study from China, the mortality of patients with CVD was 10.5%; in patients with diabetes it was 7.3%, and in those with hypertension it was 6.0%. These rates are higher than those in patients without comorbidities (2.3%). 27 Of patients who died in Italy, 3.6% did not have comorbidities; 14.4% had a single comorbidity; 21.1% had two, and 60.9% had three or more. Hypertension (69.1%), diabetes (31.7%), and CVD (27.5%) were the most prevalent comorbidities. 13 In a study published by Jianfeng Xie et al., of 168 patients who died of the new coronavirus , 74.4% had some comorbidity. 28 The most frequent comorbidities were hypertension (50%), diabetes (25%), and ischemic heart disease (18.5%). 28

SARS-CoV-2 causes damage to the cardiovascular system through different mechanisms. The virus uses the membrane protein angiotensin-converting enzyme 2 (ACE2) to initiate viral binding with the host. 29 ACE2 negatively modulates the renin-angiotensin-aldosterone system by converting angiotensin 2 to angiotensin 1-7, which is opposed to the action of the angiotensin-converting enzyme. 30 It is highly expressed in pulmonary and heart tissues, and it performs important functions of cardiovascular and pulmonary protection. 9 , 31 Viral binding to this membrane protein causes inhibition of these protective mechanisms, which can result in myocardial inflammation, pulmonary edema, and acute respiratory failure. 32 , 33

Cardiovascular injury may also result from the systemic inflammatory response, which leads to the phenomenon of a cytokine storm. In this sense, in more severe cases, infection would result in unbalanced response by Th1 and Th2 cells. 34 Elevated interleukin-6 (IL-6) has been indicated as a predictor of mortality in COVID-19, suggesting that hyperinflammation in response to SARS-CoV-2 infection is an important factor for mortality. 35

The main cardiovascular complications resulting from COVID-19 are myocardial injury, heart failure, myocarditis, cardiac arrhythmias, shock, and coronary failure. 36 In some studies, elevated troponin alone was an independent predictor of mortality (OR = 26,909, 95% CI 4,086 – 177,226). 37 Guo et al., observed that, of 187 patients with COVID-19, 52 (27.8%) had myocardial injury, and mortality was markedly higher in patients with elevated troponin T levels than in those with normal troponin T levels (59.6 % vs. 8.9%). 38 Increased D-dimer levels also have a direct relation with mortality. 4 Myocardial injury was related to severe manifestations of the disease, with greater need for admission to the intensive care unit (ICU), ventricular dysfunction, and shock. 4 , 39

Cases of ventricular dysfunction observed in patients with COVID-19 result from acute coronary syndrome (ACS), myocarditis, and takotsubo syndrome. 40 , 41 ACS with ST segment elevation in patients with COVID-19 occurs, even without obstructive coronary artery disease (CAD), and it requires comprehensive evaluation of these patients with evaluation of ventricular function and biomarker levels. In a cohort with 18 patients, 10 (55%) had ST segment elevation without obstructive coronary disease, and, in these patients, mortality reaches 90%, possibly due to inflammation, vasospasm, hypoxia, and microcirculatory thrombosis. 42

Cardiac arrhythmias in COVID-19 may be a consequence of acute myocarditis, myocardial injury, and side effects of pharmacological therapy. 38 , 39 , 43 In a study conducted with 138 hospitalized patients, 16.7% had arrhythmias, which were more prevalent in patients admitted to the ICU (44.4% vs. 6.9%). 39 Guo et al., 38 observed that 11.7% had malign arrhythmias (ventricular tachycardia or ventricular fibrillation). 38 These arrhythmias were significantly more frequent in patients with elevated serum levels of cardiac troponin T and N-terminal prohormone of brain natriuretic peptide. 38

As COVID-19 is a recent disease, it is not clear what its long-term cardiac consequences might be. Nevertheless, a 12-year follow-up study found that survivors of SARS-CoV infection showed increased rates of cardiovascular abnormalities and lipid and glucose metabolism disorders. 44

Although the mechanisms of these alterations have yet to be explained, due to the structural similarity between SARS-CoV and SARS-CoV-2, the possibility is raised that COVID-19 may have similar long-term implications. 45

Clinical Management of Patients with Cancer and Cardiovascular Diseases in Areas with High Transmission of COVID-19

Prevention. Prevention measures are a fundamental step in caring for patients with cancer and CVD during the COVID-19 pandemic. The association of CVD and cancer increases the risk of COVID-19 and the severity of the disease. Considering all aspects related to quarantine, social isolation, and distancing, cardiovascular prevention should be reinforced in these patients, implementing measures to control blood pressure, blood glucose, and lipid levels, adopting an adequate diet, and encouraging physical activity.

As there is still no vaccine that has proven effective for SARS-CoV-2, it is recommended to update influenza and antipneumococcal vaccines as a means of decreasing the incidence of concurrent infection. 5 , 46

Important measures to reduce the spread of the virus should be emphasized even more in this population, including correct hand hygiene with soap or alcohol gel, as well as recommendations on avoiding contact with symptomatic people and agglomerations. The Brazilian Ministry of Health, in agreement with the WHO, advises everyone to wash their hands and objects that are used frequently, to minimize sharing of objects, and to avoid touching their eyes, mouth, and nose. 47

In high-risk areas, measures must be taken to minimize contact and exposure in the most vulnerable cases. Accordingly, monitoring and visiting patients with CVD and/or stable cancer can be carried out with the aid of telemedicine, thus avoiding transmission of SARS-CoV-2 to this risk group. 48 Telemedicine has recently been regulated by the Brazilian Federal Council of Medicine during the pandemic, and it should be used in these patients in order to reduce frequent visits to healthcare services. Consultations can take place via telephone or video, aiming especially at controlling cardiovascular risk factors (such as hypertension, diabetes, smoking, obesity, and others) and monitoring symptoms.

For patients with a recent history of stem cell transplantation, self-isolation can be an effective way to avoid exposure in high-risk areas. People in contact with these patients also need to adhere to the necessary precautionary measures, minimizing exposure and obtaining tests for SARS-CoV-2 when they have flu-like symptoms.

Due to immunological changes, patients undergoing treatment for neoplasms may present an atypical manifestation of COVID-19, with milder symptoms masking severe conditions. Patients in oncological treatment and their physicians should pay close attention to any symptoms.

Prevention measures also involve organizing health services for the correct care of these patients. Ideally, hospitals for patients with cancer should not be the same as those for cases with suspected or confirmed COVID-19. If this is possible, it is recommended that there exist a service dedicated to attending these patients. 47 , 49 In the event of suspected COVID-19, care should be prioritized for these patients, because they show rapid progression to severe forms. 3 If there is no referral service for these patients, it is recommended to organize a safe flow of care for these patients in clinics and hospitals, with the adoption of all prevention measures.

It is also important for health professionals involved in caring for these patients to practice appropriate caution in relation to prevention measures. Use of personal protective equipment, hand hygiene before and after contact with patients or materials for patient use, and caution when handling medication that will be given are all recommended ( Figure 2 ). 6

Figure 2. – Prevention measures for the general population in areas with high risk of SARS-CoV-2 infection. SARS-CoV-2: severe acute respiratory syndrome coronavirus 2.

Figure 2

Patients with cancer are already under a great deal of psychological stress as a result of the diagnosis in itself. These patients should receive clear information and support from family members, and they are encouraged to maintain a healthy lifestyle during quarantine, with physical exercise and a healthy diet. This can help reduce anxiety and emotional stress. Social distancing measures are important to prevent the spread of COVID-19; they, may, however compromise the mental health of patients with anxiety. 50 A recent study on the psychological impact of quarantine indicates the psychological strain on patients who are not able to take part in social life. 51 It is important to emphasize that all patients with cancer who have emergencies or complications related to cancer or the cardiovascular system should seek emergency service immediately, thus avoiding poor results related to concerns regarding seeking healthcare.

Conduct in Relation to Diagnostic Exams and Therapy in Patients with Cancer

Diagnostic exams: Patients with cancer frequently require exams for diagnosis, staging, and evaluation of therapeutic response. Monitoring varies depending on oncological diagnostic, but it is often necessary to perform serum tumor markers, CT, bone scintigraphy, and positron emission tomography (PET).

Nuclear medicine exams (scintigraphy and PET) take a long time, and several professionals are involved. The exposure of patients and health professionals to the contagion of COVID-19 is, therefore, relatively high, suggesting that the indication for these exams during the pandemic period should be discussed and individualized, assessing the risks and the benefits for each patient. It is recommended to postpone exams for at least 14 days patients with suspected or confirmed SARS-CoV-2 infection. 52

CT should be prioritized in the current context of evaluating COVID-19 infection and the presence of pulmonary thromboembolism. 49 Tomography findings in COVID-19 are variable; reticular images and peripheral and bilateral ground-glass infiltrates are the most common. 49 It is recommended to avoid transesophageal echocardiography and pulmonary scintigraphy during the pandemic, due to the high risk of contamination. 7 , 52 Cardiac magnetic resonance imaging should be performed after careful evaluation of the patient and the clinical indication given that both the risk of contagion and the cleaning of the equipment are more complex, due to the longer duration and the characteristics of this type of exam. 53 The United States Center for Disease Control recommends caution when indicating this type of investigation, and international societies recommend that its performance adhere to strict protocols. 53

During the pandemic period, for asymptomatic patients who are in remission, without active oncological disease, in it recommended to reschedule control exams to an appropriate moment, after the pandemic. 6 Moreover, priority should be given to exams for patients with urgent indications and patients who need to begin treatments with curative potential. 6 For patients over the age of 65 years or patients with comorbidities and with immunosuppression factors (neutropenia, hematological neoplasms, chemotherapy during the past 30 days, transplants and use of immunosuppressive medications), care should be prioritized, thus avoiding long waits, which would further overburden health services. 53 , 54

Screening for cardiotoxicity: Patients undergoing oncological therapy are at potential risks of developing cardiotoxicity. The spectrum of manifestations of cardiotoxicity is wide, with the main types being heart failure, arrhythmias, thrombosis, and CAD. 55 Cardiac imaging exams are essential to correct diagnosis and management of patients, especially in patients indicated for anthracycline and trastuzumab use. Diagnosis of cardiotoxicity due to these drugs is classically defined as a drop of > 10 percentage points in ejection fraction to values below 50%.

Over the past years, several strategies for monitoring and screening for early toxicity, with diagnosis still in the subclinical phase, have been incorporated into clinical practice in order to prevent these patients from developing ventricular dysfunction and heart failure. 55 - 58 Lopez-Sendon et al. identified a 37% incidence of cardiotoxicity in patients who previously underwent therapy with high cardiotoxic potential and who received cardiac monitoring during chemotherapy. 59 Nonetheless, during the current pandemic scenario, given the potential risk of COVID-19 contamination in patients with cancer in chemotherapy, it is possible to reconsider indicating these exams, reorganizing and rescheduling them in a personalized manner. 60

The main risk factors of cardiotoxicity are high doses of anthracycline (> 250 mg/m 2 ), concomitant use of cardiotoxic therapies (radiotherapy, cyclophosphamide, trastuzumab, immunotherapy, and anthracyclines), prior heart disease, the presence of two or more cardiovascular risk factors, and age < 18 or > 65 years. 55 The presence of signs and symptoms of heart failure is also indicative of risk of cardiotoxicity. Thus, in patients with high risk of cardiotoxicity, cardiovascular investigation should be considered.

When cardiotoxicity is suspected, evaluation of ventricular function in these patients should be conducted, preferably with transthoracic echocardiography, with exams carried out in a manner that focuses on clarifying the question. It is important to use personal protective equipment to reduce the risk of viral transmission during the exam. 61 Study of cardiac biomarkers may be considered in the event the patient has a visit scheduled to collect exams during chemotherapy. 61 Otherwise, it is not recommended to routinely solicit biomarkers to investigate cardiotoxicity. 62

Other imaging exams (coronary angiotomography, cardiac magnetic resonance, and coronary angiography) may be necessary for additional investigation of the etiology of ventricular dysfunction, given that cardiotoxicity is a diagnosis of exclusion, and cardiovascular complications are frequent in patients with cancer and COVID-19. 9 In the context of excluding CAD, tomography can be particularly useful and thus dispense with the need for further exams, where the risk of contamination and the complexity are greater. Investigation is recommended only in cases where the exam would promote a change in medical conduct. Figure 3 illustrates the recommendations that aim to assist in rational management of cardiotoxicity in these patients during the pandemic.

Figure 3. – Recommendations for managing cardiotoxicity during the pandemic. *Cardiomyopathy, moderate to important valvular heart disease, arrhythmia, and coronary artery disease with prior revascularization. #Age > 60 years, arterial hypertension, tobacco use, obesity, and dyslipidemia. CCTA: coronary computed tomography angiography; CMR, cardiac magnetic resonance; CVRF: cardiovascular risk factors; TTE: transthoracic echocardiography.

Figure 3

Medical Therapy: For patients with prior CVD and patients who have been diagnosed with cardiotoxicity (ventricular dysfunction), the use of angiotensin converting enzyme inhibitors and angiotensin II blockers is indicated. It has been postulated that these drugs can increase the expression of ACE2 receptors, facilitating viral entry into host cells. However, more recent evidence has not confirmed these findings, and it does not suggest that these medications increase the risk of COVID-19 infection. It is recommended that these medications should be maintained in patients with COVID-19, in the absence of contraindications. 63 - 67 The use of these medications is not recommended as primary prophylaxis of cardiotoxicity.

Treatment of patients with COVID-19 should take into account the clinical presentation and the presence of signs and symptoms of severity, such as hypoxemia and dyspnea. Several drugs have been tested in these settings, such as immunomodulators, antiviral, antibiotics, corticosteroids, and Il-6 and interferon inhibitors; nonetheless, there is still no definitive data on the efficacy and safety of these drugs in COVID-19. 68

Initial studies suggested a potential benefit from the use of chloroquine and hydroxychloroquine in COVID-19, as they have the ability to increase the endosomal pH of cells and reduce the replication of SARS-CoV-2. 69 , 70 Nonetheless, further studies failed to corroborate the benefit to using these drugs, and, furthermore, they have suggested an increased risk of mortality in patients who receive chloroquine. 71 , 72 Accordingly, the Brazilian Ministry of Health, due to the merely incipient evidence on the benefits of these drugs, has suggested that they may be used in confirmed cases and at medical discretion, as an adjuvant therapy for treating severe forms in hospitalized patients, without neglected other measures of support. 73

Hemophagocytic lymphohistiocytosis (HLH) is a hyperinflammatory syndrome that is still underdiagnosed in patients with a COVID-19. This syndrome is characterized by a potentially fatal state of hypercytokinemia that leads to multiple organ dysfunction. 74 The main findings of HLH include fever, cytopenias, and hyperferritinemia; pulmonary involvement (including acute respiratory distress syndrome) occurs in approximately 50% of patients. 74

In patients with COVID-19, those who progressed to death had more elevated levels of ferritin and Il-6, suggesting that inflammation is related to mortality in these patients. 75 In this manner, in the hyperinflammation observed in COVID-19, immunosuppression appears to be beneficial. Therapeutic options include steroids, intravenous immunoglobulin, selective cytokine blockade (for example, anakinra or tocilizumab) and Janus Kinase inhibition. 74

Prospects

It is expected that, as knowledge regarding the infection by the new coronavirus evolves, we will increasingly understand the behavior of the disease in patients with comorbidities such as cancer and CVD. Prospects for effective treatment are very positive, and, regardless of the time required for science to pave the way to better results, oncologists and cardiologists must further strengthen the line of care for patients with cancer. Cardiovascular prevention, adequate treatment of cancer and CVD, and comprehensive analysis of diagnostic and therapeutic strategies are all essential in order to obtain good results in this population while facing the COVID-19 pandemic.

Conclusion

The intersection between cancer, the heart, and COVID-19 is complex, and the rationalization of care for these patients is based on interactions between specialties and personalized conduct. Evaluation of the risks and benefits of carrying out therapeutic and diagnostic interventions requires individualized attention, considering oncological prognosis and the risk of contagion of COVID-19, especially in regions with high transmission. Patients with cancer and CVD show more severe forms of SARS-CoV-2 infection, and, for this reason, we should reinforce prevention measures even further in these patients.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Sources of Funding

There were no external funding sources for this study.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES