Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
letter
. 2022 Jul 28;119(4):619–621. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20210711
View full-text in English

Uso Concomitante de Ranolazina e Trimetazidina em Pacientes com Angina Refratária: Uma Experiência Inicial

Luciana Oliveira Cascaes Dourado 1, Cristian Paul Delgado Moreno 1, Sarah Fagundes Grobe 1, Luis Henrique Wolff Gowdak 1, Luiz Antonio Machado Cesar 1
PMCID: PMC9563874  PMID: 35946755

Introdução

A angina refratária (AR), uma condição extremamente debilitante, requer tratamento médico especializado com ajustes terapêuticos muitas vezes complexos na tentativa de melhorar ao máximo os sintomas e a qualidade de vida.1

O tratamento médico geralmente compreende uma combinação de medicamentos antianginosos. Dentre eles, a trimetazidina (T) e a ranolazina (R) são uma terapia complementar devido ao seu perfil de eficácia e segurança no tratamento de pacientes com AR.1 - 3 No entanto, na recente “abordagem diamante”,4 que descreve combinações preferenciais de diferentes classes de medicamentos antianginosos para o tratamento de pacientes com angina, o uso concomitante de T e R não é considerado uma estratégia útil devido ao seu mecanismo de ação relacionada.4 Embora nenhuma interação conhecida entre ambas as drogas tenha sido descrita,5 não há dados sobre a eficácia e segurança do uso de R em pacientes que já estão usando T. Portanto, objetivamos avaliar o efeito do uso concomitante de R e T em pacientes com AR.

Métodos

Analisamos retrospectivamente os prontuários clínicos de pacientes acompanhados em um ambulatório especializado de um hospital universitário terciário com diagnóstico de AR, definida como angina incapacitante com pelo menos 3 meses causada por insuficiência coronariana em quadro de doença arterial coronariana,6 , 7 confirmada por angiografia e em pacientes não elegíveis para revascularização miocárdica.8 Uma amostragem de conveniência de pacientes que estavam sintomáticos após 3 meses de uso de pelo menos 3 medicamentos antianginosos (incluindo T) foi elegível para receber R. Esta análise fez parte de um estudo aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CAAE:24308213.7.0000.0068). As investigações seguiram a Declaração de Helsinque. Todos os pacientes forneceram consentimento informado por escrito.

Os pacientes foram reavaliados mensalmente durante 3 meses (visita inicial: V1; última visita: V4) quanto aos seus sintomas de acordo com a classificação da Canadian Cardiovascular Society (CCS). ECG de repouso e exames laboratoriais foram realizados em V1 e V4. A critério do médico, era possível adicionar R à terapia de base9 se a) QTc < 500 ms; b) taxa de filtração glomerular > 30 mL.kg-1.min-1; e c) ausência de disfunção hepática grave. Foi adotada uma dose padrão de 500 mg duas vezes ao dia.

Análise estatística

A análise estatística foi realizada usando IBM SPSS, versão 20. As variáveis apresentaram distribuição normal de acordo com o teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Portanto, as variáveis contínuas foram expressas como média ± desvio padrão (DP) e as variáveis categóricas foram expressas como números absolutos. Para comparação entre os pontos temporais, foi utilizado o teste t de Student pareado ou o teste de postos sinalizados de Wilcoxon, conforme apropriado. A significância estatística foi estabelecida como valor p < 0,05.

Resultados

Este relato inicial avaliou 10 pacientes (7 homens), 61 ± 7 anos, acompanhados por angina limitante com CCS 3 (n = 3) ou 4 (n = 7), entre 2019 e 2020. A Tabela 1 mostra suas características basais. No ECG de repouso basal, a frequência cardíaca era de 64 ± 7 bpm e o QTc era de 414 ± 16 ms.

Tabela 1. Dados clínicos, eletrocardiográficos e laboratoriais de V1 a V4.

Variável V1 V4 p
Fatores de risco cardiovascular      
Hipertensão (n) 6    
Diabetes mellitus (n) 5    
Hiperlipidemia (n) 10    
Tabagismo (anterior ou atual) (n) 7    
Obesidade (n) 3    
Histórico familiar de DAC (n) 3    
Histórico médico      
Tempo de diagnóstico de DAC, anos (média ± DP) 8,7±6,0    
Infarto agudo do miocárdio (n) 8    
Intervenção coronária percutânea (n) 9    
CRM (n) 4    
Padrão obstrutivo e função do VE      
FEVE (ecocardiografia), (média ± DP) 0,56±0,07    
Doença de um vaso (n) 2    
Doença de dois vasos (n) 3    
Doença de três vasos (n) 5    
Medicamentos      
Aspirina (n) 10    
Clopidogrel (n) 4    
Estatina (n) 10    
% dosagem máxima (média ± DP) 100    
Betabloqueadores (n) 9    
% dosagem máxima (média ± DP) 100    
Bloqueadores dos canais de cálcio (n) 10    
% dosagem máxima (média ± DP) 80±26    
Nitratos de ação prolongada (n) 10    
% dosagem máxima (média ± DP) 90±23    
Trimetazidina (n) 10    
Ivabradina (n) 2    
Inibidores da enzima conversora de angiotensina (n) 1    
Bloqueadores dos receptores de angiotensina (n) 4    
% dosagem máxima (média ± DP) 100    
Diuréticos, tiazidas (n) 4    
Medicamentos antidiabéticos orais (n) 4    
Insulina (n) 2    
Dados clínicos      
Pressão arterial sistólica, mmHg (média ± DP) 122±17 118±17 0,5
Pressão arterial diastólica, mmHg (média ± DP) 75±5 71±9 0,1
Frequência cardíaca, bpm (média ± DP) 65±5 62±10 0,7
ECG      
Frequência cardíaca, bpm (média ± DP) 64±7 61±9 0,39
QTc, ms (média ± DP) 414±16 417±19 0,44
Laboratório      
Hemoglobina, g/dL (média ± DP) 13,4±1,7 13,9±0,9 0,2
Creatinina, mg/dL (média ± DP) 1,06±0,20 1,08±0,10 0,6
HbA1C, % (média ± DP) 7,1±2,5 6,7±1,3 0,4
LDL-colesterol, mg/dL (média ± DP) 91±43 96±33 0,9
HDL-colesterol, mg/dL (média ± DP) 42±9 43±11 0,7
Triglicerídeos, mg/dL (média ± DP) 118±27 118±32 0,9
ALT, mg/dL (média ± DP) 26±8 28±8 0,8
AST, mg/dL (média ± DP) 20±4 20±6 0,6
Sódio, mmol/L (média ± DP) 139±3 141±2 0,07
Potássio, mmol/L (média ± DP) 4,7±0,5 4,8±0,4 0,8

ALT: alanina aminotransferase; AST: aspartato aminotransferase; CRM: cirurgia de revascularização do miocárdio; DAC: doença arterial coronariana; DP: desvio padrão; ECG: eletrocardiograma; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; Hb: hemoglobina; HDL: lipoproteína de alta densidade; LDL: lipoproteína de baixa densidade; V: visita; VE: ventrículo esquerdo.

Com a exceção de 1 paciente, todos compareceram às visitas agendadas. Em V2, 4 dos 10 pacientes apresentaram hipotensão sintomática levando a uma mudança no tratamento anti-hipertensivo: os anti-hipertensivos tiveram que ser interrompidos em 2 pacientes em uso de anlodipino ou hidroclorotiazida ou reduzidos em um paciente em uso de losartana. Na V4, apenas 1 paciente faltou à consulta e, embora tenha sido contatado por telefone, confirmando que estava clinicamente estável, essa informação não foi incluída na análise.

A Tabela 2 mostra a CCS dos pacientes individualmente em cada visita. Observamos melhora significativa na CCS de V1 para V4 (Z= −2,07; p = 0,038). Dois pacientes melhoraram 2 classes de CCS e 3 pacientes melhoraram 1 classe. No entanto, 4 pacientes não apresentaram melhora.

Tabela 2. CCS de linha de base e de V4 dos pacientes individualmente.

Paciente CCS p*
  V1 V4 0,038
1 3 2  
2 3 1  
3 4 4  
4 4 3  
5 4 4  
6 3 3  
7 4 3  
8 4 -  
9 4 2  
10 4 4  

CCS: Canadian Cardiovascular Society; V: visita. * Teste dos postos sinalizados de Wilcoxon

A análise dos ECGs de repouso obtidos em V4 não revelou alterações significativas na frequência cardíaca (61 ± 9 bpm) e QTc (417 ± 19 ms) em relação à linha de base (valores p de 0,39 e 0,44, respectivamente).

Discussão

Até onde sabemos, este é o primeiro relato do uso combinado de R (inibidor da corrente de Na+ tardia) com T (inibidor parcial da oxidação de ácidos graxos livres) para otimizar o tratamento médico em pacientes com AR. Nesta experiência inicial, a combinação foi segura e bem tolerada e resultou em uma melhora da CCS.

Devido à persistência da angina limitante apesar da associação de pelo menos três medicamentos antianginosos, incluindo T, a introdução de R na tentativa de melhor controlar os sintomas foi cuidadosamente monitorada. O único evento adverso observado após R foi hipotensão sintomática, embora R seja presumivelmente livre de qualquer efeito hemodinâmico significativo. A possível explicação para a hipotensão vem das muitas interações medicamentosas atribuídas a R que pode, por exemplo, diminuir a taxa de excreção de losartana, o que poderia resultar em um nível sérico mais elevado.5 Da mesma forma, a concentração sérica de levanlodipino pode ser aumentada quando combinada com R. No ensaio CARISA,9 a incidência de hipotensão foi em torno de 1%, muito inferior à observada em nosso estudo. A única interação relatada entre R e hidroclorotiazida é risco ou gravidade maior de prolongamento do intervalo QTc.

Três meses após a introdução do R, observamos melhora significativa na CCS e ausência de prolongamento do intervalo QTc ou anormalidades laboratoriais, sugerindo que o uso concomitante de medicamentos antianginosos atuando tanto no nível celular quanto cardíaco é seguro e oferece alívio adicional da angina. A mensagem central dessa experiência inicial é que, ao enfrentar um desafio médico, o clínico deve ser cautelosamente audacioso. Acreditamos que novas estratégias, desde que seguras e baseadas em um raciocínio lógico, devem ser consideradas, com o objetivo de levar esperança aos pacientes ditos “sem opção” .

Limitações

Os achados do presente estudo devem ser vistos à luz de algumas limitações. Nosso estudo é uma análise retrospectiva dos dados de uma amostra pequena, de um ensaio aberto, avaliando o desfecho subjetivo de sintomas de angina em pacientes com AR acompanhados por 3 meses. Portanto, embora nossas conclusões não sejam definitivas, elas geram hipóteses para ensaios futuros.

Conclusões

O uso concomitante de R e T em pacientes com AR, durante 3 meses, melhorou a CCS e foi seguro, sem evidência de prolongamento do QTc ou anormalidades laboratoriais.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Fontes de financiamento: O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Referências

  • 1.Dourado LO, Poppi NT, Adam EL, Leite TNP, Pereira AC, Krieger JE, et al. The effectiveness of intensive medical treatment in patients initially diagnosed with refractory angina. 10.1016/j.ijcard.2015.03.150.Int J Cardiol. 2015;186:29–31. doi: 10.1016/j.ijcard.2015.03.150. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Storey KM, Wang J, Garberich RF, Bnnet NM, Traverse JN, Arndt TL, et al. Long-term (3 Years) outcomes of ranolazine therapy for refractory angina pectoris (from the Ranolazine Refractory Registry) 10.1016/j.amjcard.2020.05.020.Am J Cardiol. 2020;129:1–4. doi: 10.1016/j.amjcard.2020.05.020. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 3.Peng S, Zhao M, Wan J, Fang Q, Fang D, Li K. The efficacy of trimetazidine on stable angina pectoris: a meta-analysis of randomized clinical trials. 10.1016/j.ijcard.2014.10.149Int J Cardiol. 2014;177(3):780–785. doi: 10.1016/j.ijcard.2014.10.149. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 4.Ferrari R, Camici PG, Crea F, Danchin N, Fox K, Maggioni A, et al. Expert consensus document: A ‘diamond’ approach to personalized treatment of angina. 10.1038/nrcardio.2017.131.Nat Rev Cardiol. 2018;15(2):120–132. doi: 10.1038/nrcardio.2017.131. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 5.DrugBank.5.0. [Cited in 2020 Sept 09]. www.drugbank.ca Internet.
  • 6.Mannheimer C, Camici P, Chester MR, Collins A, Dejongste M, Eliasson T, et al. The problem of chronic refractory angina; report from the ESC Joint Study Group on the Treatment of Refractory Angina. 10.1053/euhj.2001.2706.Eur Heart J. 2002;23(5):355–370. doi: 10.1053/euhj.2001.2706. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 7.Knuuti J, Wijns W, Saraste A, Capodanno D, Barbato E, Funck-Brentano E, et al. 2019 ESC Guidelines for the diagnosis and management of chronic coronary syndromes. 10.1093/eurheartj/ehz425.Eur Heart J. 2020;41(3):407–477. doi: 10.1093/eurheartj/ehz425. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 8.Fihn DP, Gardin JM, Abrams J, et al. Berra K, Blankenship JC, Dallas AP, et al. 2012 ACCF/AHA/ACP/AATS/PCNA/SCAI/STS Guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines, and the American College of Physicians, American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. 10.1016/j.jacc.2012.07.013.J Am Coll Cardiol. 2012 Dec;60(24):e44–e164. doi: 10.1016/j.jacc.2012.07.013. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 9.Sendón JL, Lee S, Cheng ML, Ben-Yehuda O, CARISA study investigators Effects of ranolazine on exercise tolerance and angina frequency in patients with severe chronic angina receiving maximally-tolerated background therapy: analysis from the Combination Assessment of Ranolazine In Stable Angina (CARISA) randomized trial. 10.1177/2047487312450133.Eur J Prev Cardiol. 2012;19(5):952–959. doi: 10.1177/2047487312450133. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2022 Jul 28;119(4):619–621. [Article in English]

Concomitant Use of Ranolazine and Trimetazidine in Patients with Refractory Angina: An Initial Experience

Luciana Oliveira Cascaes Dourado 1, Cristian Paul Delgado Moreno 1, Sarah Fagundes Grobe 1, Luis Henrique Wolff Gowdak 1, Luiz Antonio Machado Cesar 1

Introduction

Refractory angina (RA), an extremely debilitating condition, requires specialized medical treatment with often complex therapeutic adjustments in an attempt to improve symptoms and quality of life as much as possible.1

Medical treatment usually comprises a combination of antianginal drugs (AAD). Among them, trimetazidine (T) and ranolazine (R) are an add-on therapy due to their efficacy and safety profile in the treatment of patients with RA.1 - 3 However, in the recent “diamond approach”,4 depicting preferred combinations of different classes of AAD for the treatment of patients with angina, does not consider the concomitant use of T and R a useful strategy due to their related mechanism of action.4 Although no known interaction between both drugs has been described,5 there is no data on the efficacy and safety of the use of R in patients already on T. Therefore, we aimed to evaluate the effect of the concomitant use of R and T in patients with RA.

Methods

We retrospectively analyzed the clinical records of patients followed in a specialized, outpatient clinic of a tertiary university hospital with diagnosis of RA, defined as disabling angina for at least 3 months caused by coronary insufficiency in the setting of coronary artery disease,6 , 7 confirmed by angiography and in patients not eligible for myocardial revascularization.8 A convenience sampling of patients who were symptomatic after 3 months of at least 3 AAD (including T) were eligible to receive R. This analysis was part of a study approved by the research ethics committee (CAAE:24308213.7.0000.0068). Investigations followed the Declaration of Helsinki. All patients provided written informed consent.

Patients were reassessed monthly for 3 months (baseline visit: V1; last visit: V4) regarding their symptoms according to the Canadian Cardiovascular Society (CCS). Resting ECG and laboratory tests were performed on V1and V4. At the physician’s discretion, R could be added to the background therapy9 if a) QTc< 500 ms; b) glomerular filtration rate > 30 mL.kg-1.min-1; and c) absence of severe hepatic dysfunction. A standard dose of 500 mg twice daily was adopted.

Statistical analysis

Statistical analysis was performed using IBM SPSS, version 20. Variables presented a normal distribution according to Shapiro-Wilk normality test. Therefore, continuous variables were expressed as mean ± standard deviation (SD), and categorical variables were expressed as absolute numbers. For comparison between time points, the paired Student t-test or Wilcoxon signed-rank test were used, as appropriate. Statistical significance was set at a p-value of < 0.05.

Results

This early report evaluated 10 patients (7 men), 61 ± 7 years old, followed for limiting angina CCS 3 (n = 3) or 4 (n = 7), between 2019 and 2020. Table 1 shows their baseline characteristics. On baseline resting ECG, heart rate was 64 ± 7 bpm, and QTcwas 414 ± 16 ms.

Table 1. Clinical, electrocardiographic, and laboratory data from V1 to V4.

Variable V1 V4 p
Cardiovascular risk factors      
Hypertension (n) 6    
Diabetes mellitus (n) 5    
Hyperlipidemia (n) 10    
Smoking (previous or current) (n) 7    
Obesity (n) 3    
Family history of CAD (n) 3    
Past medical history      
CAD diagnostic time, years (mean ± SD) 8.7±6.0    
Acute myocardial infarction (n) 8    
Percutaneous coronary intervention (n) 9    
CABG (n) 4    
Obstructive pattern and LV function      
LVEF (echocardiography), (mean ± SD) 0.56±0.07    
One-vessel disease (n) 2    
Two-vessel disease (n) 3    
Three-vessel disease (n) 5    
Medication      
Aspirin (n) 10    
Clopidogrel (n) 4    
Statin (n) 10    
% maximum dosage (mean ± SD) 100    
β-blockers (n) 9    
% maximum dosage (mean ± SD) 100    
Calcium channel blockers (n) 10    
% maximum dosage (mean ± SD) 80±26    
Long-acting nitrates (n) 10    
% maximum dosage (mean ± SD) 90±23    
Trimetazidine (n) 10    
Ivabradine (n) 2    
Angiotensin-converting-enzyme inhibitors (n) 1    
Angiotensin receptor blockers (n) 4    
% maximum dosage (mean ± SD) 100    
Diuretics, thiazides (n) 4    
Oral antidiabetic drugs (n) 4    
Insulin (n) 2    
Clinical data      
Systolic blood pressure, mmHg (mean ± SD) 122±17 118±17 0.5
Diastolic blood pressure, mmHg (mean ± SD) 75±5 71±9 0.1
Heart rate, bpm (mean ± SD) 65±5 62±10 0.7
ECG      
Heart rate, bpm (mean ± SD) 64±7 61±9 0.39
QTc, ms (mean ± SD) 414±16 417±19 0.44
Laboratory      
Hemoglobin, g/dL (mean ± SD) 13.4±1.7 13.9±0.9 0.2
Creatinine, mg/dL (mean ± SD) 1.06±0.20 1.08±0.10 0.6
Hb1C, % (mean ± SD) 7.1±2.5 6.7±1.3 0.4
LDL-cholesterol, mg/dL (mean ± SD) 91±43 96±33 0.9
HDL-cholesterol, mg/dL (mean ± SD) 42±9 43±11 0.7
Triglycerides, mg/dL (mean ± SD) 118±27 118±32 0.9
ALT, mg/dL (mean ± SD) 26±8 28±8 0.8
AST, mg/dL (mean ± SD) 20±4 20±6 0.6
Sodium, mmol/L (mean ± SD) 139±3 141±2 0.07
Potassium, mmol/L (mean ± SD) 4.7±0.5 4.8±0.4 0.8

ALT: alanine aminotransferase; AST: aspartate aminotransferase; CABG: coronary artery bypass graft; CAD: coronary artery disease; ECG: electrocardiogram; Hb: hemoglobin; HDL: high-density lipoprotein; LDL: low-density lipoprotein; LV: left ventricular; LVEF: left ventricular ejection fraction; SD: standard deviation; V: visit.

All but one patient attended the scheduled visits. At V2, 4 of the 10 patients presented symptomatic hypotension leading to a change in antihypertensive treatment: antihypertensive drugs had to be either stopped in 2 patients using amlodipine or hydrochlorothiazide or reduced in one patient using losartan. At V4, a single patient missed his appointment, and, although he was reached by phone, confirming he was clinically stable, this information was not included in the analysis.

Table 2 shows CCS of patients individually at each visit. We observed significant improvement in CCS from V1to V4(Z= −2.07; p = 0.038). Two patients improved 2 CCS classes, and 3 patients improved 1 class. However, 4 patients exhibited no improvement.

Table 2. Baseline and V4 CCS of patients individually.

Patient CCS p*
  V1 V4 0.038
1 3 2  
2 3 1  
3 4 4  
4 4 3  
5 4 4  
6 3 3  
7 4 3  
8 4 -  
9 4 2  
10 4 4  

CCS: Canadian Cardiovascular Society; V: visit. * Wilcoxon signed-rank test.

Analysis of the resting ECGs obtained at V4disclosed no significant changes in heart rate (61 ± 9 bpm) and QTc(417 ± 19 ms) compared to baseline (p-values of 0.39 and 0.44, respectively).

Discussion

To our knowledge, this is the first report on the combined use of R (a late Na+current inhibitor) with T (a partial free fatty acid oxidation inhibitor) to optimize medical treatment in patients with RA. In this early experience, the combination was safe and well tolerated, and it led to an improvement in CCS.

Because of the persistence of limiting angina despite the association of at least three AAD, including T, the introduction of R in an attempt to better control symptoms was carefully monitored. The only observed adverse event after R was symptomatic hypotension, although R is presumably devoid of any significant hemodynamic effect. The possible explanation for hypotension comes from the many drug-to-drug interactions ascribed to R. Ranolazine, for instance, may decrease the excretion rate of losartan which could result in a higher serum level.5 Likewise, the serum concentration of levamlodipine can be increased when it is combined with R. In the CARISA trial,9 the incidence of hypotension was around 1%, much lower than that observed in our study. The only reported interaction between R and hydrochlorothiazide is an increased risk or severity of QTcprolongation.

Three months after the introduction of R, we observed significant improvement in CCS and no QTcprolongation or laboratory abnormalities, suggesting that the concomitant use of AAD acting both at the cardiac cell level is safe and offers additional angina relief. The central message of this early experience is that, when facing a medical challenge, the clinician must be cautiously audacious. We believe that new strategies, provided they are safe and based on a logical rationale, must be considered, which the aim of bringing hope to so-called “no-option” patients.

Limitations

The findings of this study have to be seen in light of some limitations. Our study is a retrospective analysis of the data of a small sample size, of an open trial, evaluating the subjective endpoint of angina symptoms in patients with RA followed during 3 months. Therefore, although our conclusions are not definite, they generate hypotheses for future trials.

Conclusions

Concomitant use of R and T in patients with RA, during 3 months, improved CCS and was safe, with no evidence of QTcprolongation or laboratory abnormalities.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation. work.

Sources of Funding: There were no external funding sources for this study.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES