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. 2022 Oct 5;119(4):622–626. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20210886
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Influência do Bem-estar Espiritual na Pressão Arterial, Hemodinâmica Central e Função Endotelial

Maria Emília Figueiredo Teixeira 1,2, Priscila Valverde de Oliveira Vitorino 3, Andrea A Brandão 4, Ana Luiza Lima Souza 1,2, Talles Marcelo Gonçalves de Andrade Barbosa 5, Roberto Esporcatte 4, Mário Henrique Elesbão de Borba 6, Álvaro Avezum 7, Weimar Kunz Sebba Barroso 1
PMCID: PMC9563879  PMID: 36287417

Science is not only compatible with spirituality; it is a profound source of spirituality.

Carl Sagan

Introdução

Espiritualidade 1 e religiosidade (E/R) são aspectos culturais presentes desde os primórdios da existência humana. Vistas por muito tempo como opostas à ciência, apenas recentemente, E/R ganharam relevância no âmbito da saúde. 1

As definições de E/R estão em evolução constante, de acordo com as necessidades de adequação a novos conhecimentos. Religião tem sido relacionada, contemporaneamente, com aspectos organizacionais, institucionais e dogmáticos, ou seja, o contato com a deidade acontece por meio de formatos pré-determinados e específicos para cada segmento religioso. 2 Espiritualidade, termo mais amplo, engloba a busca pelo bem-estar pessoal, psicológico, espiritual e nas relações pessoais. Para o Departamento de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular (DEMCA) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), “espiritualidade é um conjunto de valores morais, mentais e emocionais que norteiam pensamentos, comportamentos e atitudes nas circunstâncias da vida de relacionamento intra e interpessoal”. 3

A hipertensão arterial (HA) é doença de elevada prevalência e principal fator de risco para outras doenças cardiovasculares, 4 o que a torna a principal causa direta e indireta de mortalidade em todo o planeta. 5 Por ser uma doença multifatorial, seu tratamento contempla medidas farmacológicas e não farmacológicas, 6 que incluem medidas voltadas para o bem-estar físico e mental. 7 , 8

Práticas que busquem o bem-estar espiritual, aliadas ou não à religiosidade, tem sido relacionadas ao bom controle de muitas doenças, 9 além de redução de mortalidade em diversas situações. 10 Existem evidências da associação entre E/R e desfechos positivos em cardiologia, tais como Doença Arterial Coronariana (DAC), 11 Insuficiência Cardíaca (IC) 12 e HA. 13 , 14

Estudos sobre E/R são ainda incipientes, e a maioria observacionais. Em conjunto, E/R foram associadas a melhores hábitos de vida (menos sedentarismo, etilismo ou tabagismo), 15 menores valores pressóricos, menor risco de HA 16 e melhor adesão terapêutica. 17 Bem-estar espiritual isoladamente pode ser um fator cardioprotetor, por estar relacionado a menores níveis de pressão arterial (PA), glicemia, triglicérides e LDL colesterol. 18 Por outro lado, um estudo observou maior probabilidade de HA associada à maior frequência de orações, mas menor probabilidade de HA associada a variáveis de propósito e perdão. 19

Diante disso, torna-se relevante avaliar o efeito de uma intervenção voltada para o bem-estar espiritual no controle pressórico e de outros parâmetros hemodinâmicos. Este artigo descreve o método de um ensaio clínico para avaliar uma intervenção em espiritualidade sobre a PA periférica e central (PAC), parâmetros de rigidez arterial e função endotelial, em hipertensos estágios 1 e 2 de baixo ou moderado risco cardiovascular antes e após 12 semanas de seguimento dentro de cada grupo (controle [GC] e intervenção [GI]) e entre os grupos.

Métodos

Tipo e local do estudo

Ensaio clínico randomizado de não inferioridade cuja coleta de dados será realizada na Liga de Hipertensão Arterial da Universidade Federal de Goiás (UFG) e na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O protocolo será devidamente cadastrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC).

População, amostra e amostragem

A população do estudo será composta por adultos hipertensos (estágio 1 ou 2) com risco cardiovascular baixo e moderado, em uso estável de medicação anti-hipertensiva há mais de trinta dias, avaliada por medidas pressóricas da última consulta.

A amostra foi calculada utilizando o OpenEpi. Foi considerada uma pressão arterial sistólica (PAS) no GI de 130,9 ± 9,2 e no GC de 135,81 ± 9,3 mmHg, 20 com intervalo de confiança de 95% e poder de teste de 80% com 54 participantes em cada grupo.

Serão excluídos hipertensos estágio 3 [PAS ≥ 180 mmHg e/ou PA Diastólica (PAD) ≥ 110 mmHg].

Após a inclusão, serão retirados aqueles que se recusarem a realizar qualquer procedimento e/ou apresentarem elevação pressórica durante o seguimento que impossibilite manter a conduta proposta sem alteração da medicação.

Recrutamento e randomização dos pacientes do estudo

As equipes envolvidas se reunirão para apresentação, discussão do projeto e treinamento para execução rigorosa do protocolo e uniformização na abordagem aos pacientes, com vistas a garantir rigor metodológico.

Os pacientes serão selecionados pelo último registro da PA em prontuário, verificando o estágio de HA e o risco cardiovascular em que se encontram e serão convidados a participarem no estudo por meio de ligação telefônica. Aqueles que aceitarem participar, serão chamados para a visita inicial.

Visita inicial (V0)

Os participantes serão randomizados no site www.randomizer. org para um dos dois grupos.

Todos receberão orientações relacionadas a hábitos de vida saudáveis e serão submetidos à anamnese, exame clínico e entrevista para preenchimento de quatro questionários: Durel, 21 , 22 predisposição ao perdão, 23 escala de gratidão 24 e escala de bem-estar espiritual. 25 Todo processo será feito por pesquisadores previamente treinados, que utilizarão um roteiro padronizado, de forma a uniformizar a consulta e as orientações.

Além disso, será aferida PA casual por método oscilométrico com aparelho Dyna- MAPA AOP (Cardios, Brasil), que fornece valores de PA periférica e central (PAC), velocidade de onda de pulso (VOP) obtida por algoritmo e equação matemática ARC SOLVER e expressa em metros/segundo, e Augmentation Index corrigido para 75% da frequência cardíaca (AIx). 26 , 27 PA periférica será obtida conforme recomendação da Diretriz Brasileira de HA 2020. 8

A Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) será executada com aparelho Dyna-MAPA (Cardios, Brasil), seguindo as recomendações da mais recente Diretriz Brasileira de MAPA. 28 A dilatação fluxo-mediada (DFM) será realizada em aparelho de ultrassom de alta resolução automatizado e com braço robótico para a precisa localização e medida da artéria braquial (UNEX EF 38G), de acordo com a técnica de Celermajer et al., 29 preconizada pela International Brachial Artery Reactivity Task Force. 30 , 31 A DFM é o atual padrão ouro para avaliar função endotelial; o endotélio saudável apresenta FMD > 10%, e valores abaixo a esse são preditivos de maior risco cardiovascular. 32

Visita intermediária (V1)

A V1 ocorrerá seis semanas após V0 por ligação telefônica para todos, com o intuito de avaliar o bem-estar individual e estimular o seguimento ativo na realização da intervenção para aqueles do GI, esclarecendo a importância da execução diária da atividade proposta e o questionamento sobre possíveis fatores que possam limitar o acesso ou a compreensão. Pacientes com níveis pressóricos acima de 180/110 mmHg ou com sintomas como dor precordial ou cefaleia intensa terão consultas presenciais agendadas.

Visita final (V2)

A V2 será feita para ambos os grupos ao final do treinamento proposto, com janela aceitável de ± três dias. Todos serão submetidos aos mesmos procedimentos de V0.

Grupo intervenção

A intervenção terá início na manhã seguinte à finalização de V0, com duração de 12 semanas. Esse tempo de seguimento foi utilizado em estudos com intervenções não medicamentosas em hipertensos, e demonstrou ser suficiente para obter mudanças nos valores pressóricos. 33 , 34 A intervenção consistirá em uma sequência de vídeos previamente gravados, mensagens, tarefas curtas relacionadas ao tema do vídeo e dias de folga ( Tabela 1 ). Serão abordados assuntos ligados à espiritualidade, como perdão, gratidão, otimismo, propósito de vida e bem-estar espiritual. O conteúdo será disponibilizado diariamente em um aplicativo para smartphone, que registrará as atividades realizadas por cada participante.

Tabela 1. Sequência de tarefas por dia da semana do grupo intervenção.

Dia Tarefa Dia Tarefa Dia Tarefa Dia Tarefa
1 V 1 22 AT 6 43 F 64 MR 22
2 MR 1 23 MR 8 44 V 9 65 AT 21
3 AT 1 24 F 45 MR 15 66 F
4 F 25 V 6 46 AT 14 67 V 12
5 V 2 26 MR 9 47 MR 16 68 MR 23
6 MR 2 27 AT 7 48 AT 15 69 AT 22
7 AT 2 28 MR 10 49 MR 17 70 MR 24
8 F 29 AT 8 50 AT 16 71 AT 23
9 V 3 30 F 51 F 72 F
10 MR 3 31 V 7 52 V 10 73 V 13
11 AT 3 32 MR 11 53 MR 18 74 MR 25
12 F 33 AT 9 54 AT 17 75 AT 24
13 V 4 34 AT 10 55 MR 19 76 MR 26
14 MR 4 35 MR 12 56 F 77 F
15 AT 4 36 AT 11 57 V 11 78 V 14
16 MR 5 37 AT 12 58 MR 20 79 MR 27
17 F 38 F 59 AT 18 80 MR 28
18 V 5 39 V 8 60 MR 21 81 F
19 MR 6 40 MR 13 61 AT 19 82 V 15
20 AT 5 41 AT 13 62 F 83 MR 29
21 MR 7 42 MR 14 63 AT 20 84 AT 25

V: vídeo; MR: mensagem de reflexão; AT: atividade; F: folga.

Serão considerados participantes com adesão satisfatória à intervenção aqueles que realizarem pelo menos 75% das tarefas propostas.

Grupo controle

O GC será acompanhado nos serviços dentro da mesma periodicidade definida para o GI. Se observamos resultados superiores no GI, o GC receberá o mesmo tratamento após a conclusão do estudo.

Análise dos dados

Os dados coletados serão analisados com a utilização do Software Stata 14.0. As variáveis qualitativas serão apresentadas com média e desvio padrão e as quantitativas com média e desvio padrão ou mediana e intervalo interquartil.

A distribuição dos dados das variáveis será verificada quanto à normalidade com o teste de Kolmogorov Smirnov. Serão aplicados testes de acordo com a normalidade dos dados para a avaliação entre os grupos (intervenção e controle) e intra-grupo (antes e depois) para cada um deles. Se o caso, será realizada a análise “intention-to-treat”, e somente com pacientes que completaram o protocolo do estudo.

O desfecho primário do estudo será a pressão arterial sistólica periférica e os desfechos secundários serão: a PASc, a VOP, a PAS média e a DFM.

Aspectos éticos

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da UFG.

Conclusão

Esta pesquisa buscará compreender o efeito de uma intervenção do estímulo e treinamento para a busca do bem-estar espiritual por meio da propensão ao perdão, otimismo, gratidão e propósito de vida no comportamento da pressão arterial.

O estudo poderá impactar positivamente a prática clínica ao trazer embasamento para uma abordagem não farmacológica para o tratamento da HA além de ser, em nosso conhecimento, um dos primeiros ensaios clínicos com esse desenho.

Vinculação acadêmica

Este artigo é parte de tese de doutorado de Maria Emília Figueiredo Teixeira pela Liga de hipertensão arterial da Universidade Federal de Goiás.

Fontes de financiamento: O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

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Influence of Spiritual Well-Being on Blood Pressure, Central Hemodynamics and Endothelial Function

Maria Emília Figueiredo Teixeira 1,2, Priscila Valverde de Oliveira Vitorino 3, Andrea A Brandão 4, Ana Luiza Lima Souza 1,2, Talles Marcelo Gonçalves de Andrade Barbosa 5, Roberto Esporcatte 4, Mário Henrique Elesbão de Borba 6, Álvaro Avezum 7, Weimar Kunz Sebba Barroso 1

Science is not only compatible with spirituality; it is a profound source of spirituality.

Carl Sagan

Introduction

Spirituality1 and religiosity (S/R) are cultural aspects that have existed since the beginnings of human existence. Having been long considered as opponent to science, only recently, S/R have gained importance in the context of health.1

Definitions of S/R have been constantly evolving, according to the need for adaptation to new knowledge. Today, religion has been related to organizational, institutional and dogmatic aspects, that is, the contact with deity occurs through predetermined formats, specific to each religious segment.2 Spirituality is a wider term, encompassing a quest for personal, psychological and spiritual well-being, and good-quality interpersonal relationships. According to the Department of Studies in Spirituality and Cardiovascular Medicine (DEMCA, Departamento de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular ) of the Brazilian Cardiology Society, “spirituality is a set of moral, mental and emotional values that guide thoughts, behaviors and attitudes in life circumstances of intra and interpersonal relationships”.3

Arterial hypertension (AH) is a highly prevalent disease and the main risk factor for cardiovascular diseases,4 and hence the main direct and indirect cause of mortality in the world.5 Since AH is a multifactorial disease, its treatment encompasses both pharmacological and non-pharmacological strategies,6 focusing on physical and mental well-being.7 , 8

Practices that promote spiritual well-being, allied or not to religiosity, have been associated with the good control of many diseases9 and reduction of mortality in several situations.10 There has been evidence of an association between E/R and positive outcomes in heart diseases, such as coronary artery disease (CAD),11 heart failure (HF),12 and AH.13 , 14

S/R studies are still incipient, and mostly observational. In general, E/R have been associated with better life habits (less sedentarism, alcohol consumption and smoking),15 lower blood pressure (BP), lower risk for AH,16 and better treatment compliance.17 Spiritual well-being alone may be a cardioprotective factor, as it is correlated with lower levels of BP, fasting glucose, triglycerides and low-density lipoprotein (LDL) cholesterol.18 On the other hand, an observational study reported an increased likelihood of AH associated with higher frequency of prayer, but a lower likelihood of hypertension associated with variables for meaning and forgiveness.19

In light of this, it is important to evaluate the effect of an intervention focusing on spiritual well-being on the control of BP and other hemodynamic parameters. This paper describes the methodology of a clinical trial to evaluate the effects of an intervention in spirituality on peripheral and central BP (cBP) (parameters of arterial stiffness and endothelial function) in hypertensive patients in stages 1 and 2, at low or moderate cardiovascular risk. The parameters of a control group (CG) and an intervention group (IG) will be analyzed before and after 12 months of follow-up in each group and between the groups.

Methods

Type and place of study

This is a randomized non-inferiority trial; data collection will be carried out in the University of Goias Hypertension League ( Liga de Hipertensão Arterial da Universidade Federal de Goiás ) and in the Rio de Janeiro State University ( Universidade do Estado do Rio de Janeiro ). The protocol will be registered on the Brazilian Registry of Clinical Trials (ReCEB, Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos ).

Population, sample, and sampling

The study population will be composed of hypertensive adults (stage 1 or 2) at low or moderate cardiovascular risk, under stable treatment with antihypertensive medications for more than 30 days, which was evaluated by BP measures taken during the last visit.

Sample calculation was performed using the OpenEpi calculator. A systolic blood pressure (SBP) of 130.9 ± 9.2 and 135.81 ± 9.3 mmHg20 was considered in the IG and the CG, respectively, with a 95% confidence interval and an 80% power of test, with 54 participants in each group.

Stage 3 hypertensive patients (SBP ≥ 180 mmHg and/or diastolic blood pressure [DBP] ≥ 110mmHg) will be excluded.

After patient enrollment, patients who decline to participate in any procedure, and/or show a rise in BP during the follow-up, preventing their participation in the study without changing the drug regimen will be excluded.

Patient recruitment and randomization

The staffs involved in the study will meet for the presentation and discussion about the project, and training of the members for the correct execution of the protocol and uniformization of patient approach, for the sake of methodological rigor.

Patients will be selected based on the last BP recorded in the medical record, and on the classification of AH stage and cardiovascular risk, and will be invited to participate in the study by telephone. Those who accept to participate will be invited for the first visit.

First visit (V0)

Randomization of participants into one of the two groups will be performed by using www. randomizer.org.

All patients will receive information about healthy life habits. Then, the medical history will be taken, and clinical examination and interview will be performed for completion of four questionnaires – Durel,21 , 22 willingness to forgive,23 the gratitude questionnaire,24 and the spiritual well-being questionnaire.25 All procedures will be performed by trained investigators, following the same script, to standardize the visits and instructions.

In addition, casual BP will be measured by oscillometry using a Dyna-MAPA AOP device (Cardios, Brazil), that provides measurements of peripheral BP, central BP (cBP), pulse wave velocity (PWV) (using an algorithm and ARC SOLVER equation and expressed as meter/second), and the augmentation index adjusted to 75% of the heart rate (AIx).26 , 27 Peripheral BP measurements will be obtained according to the latest Brazilian guidelines on hypertension.8

Ambulatory blood pressure monitoring (ABPM) will be performed using a Dyna-MAPA AOP device (Cardios, Brazil), following the latest Brazilian guidelines on ABPM.28

Flow-mediated dilation (FMD) will be determined by a high-resolution ultrasound scanner and a robotic arm to obtain a precise positioning and measurement of the brachial artery (UNEX EF 38G), according to the technique proposed by Celermajer et al.29 and recommendations of the International Brachial Artery Reactivity Task Force.30 , 31 FMD is the current gold standard method to evaluate endothelial function; a FMD > 10% indicates a healthy endothelium, and values below that are predictive of increased cardiovascular risk.32

Intermediate visit (V1)

An intermediate visit will be held six weeks after V0, by telephone call, to verify patient well-being and encourage adherence to the intervention (IG), highlighting the importance of performing the daily activities proposed and clarifying possible doubts. In-person visits will be scheduled with patients with BP levels above 180/110mmHg and patients with symptoms such as precordial pain or severe headache.

Final visit (V2)

The final visit will be held for both IG and CG after the program proposed, with an acceptable time window of ± three days. All patients will undergo the same procedures of V0.

Intervention group

The intervention will begin in the morning after the V0 and have a duration of 12 weeks. This follow-up period was used in previous non-pharmacological intervention studies with hypertensive patients and shown to be sufficient to detect changes in BP.33 , 34

The intervention will consist of a series of previously recorded videos, messages, short tasks related to the subject of the video and days off ( Table 1 ). Themes related to spirituality, forgiveness, gratitude, optimism, life purpose, and spiritual well-being will be addressed. The content will be available through a smartphone app, which will register the activities performed by each participant daily.

Table 1. Sequence of tasks by weekday for the intervention group.

Day Task Day Task Day Task Day Task
1 V 1 22 AT 6 43 R 64 TM 22
2 TM 1 23 TM 8 44 V 9 65 AT 21
3 AT 1 24 R 45 TM 15 66 R
4 R 25 V 6 46 AT 14 67 V 12
5 V 2 26 TM 9 47 TM 16 68 TM 23
6 TM 2 27 AT 7 48 AT 15 69 AT 22
7 AT 2 28 TM 10 49 TM 17 70 TM 24
8 R 29 AT 8 50 AT 16 71 AT 23
9 V 3 30 R 51 R 72 R
10 TM 3 31 V 7 52 V 10 73 V 13
11 AT 3 32 TM 11 53 TM 18 74 TM 25
12 R 33 AT 9 54 AT 17 75 AT 24
13 V 4 34 AT 10 55 TM 19 76 TM 26
14 TM 4 35 TM 12 56 R 77 R
15 AT 4 36 AT 11 57 V 11 78 V 14
16 TM 5 37 AT 12 58 TM 20 79 TM 27
17 R 38 R 59 AT 18 80 TM 28
18 V 5 39 V 8 60 TM 21 81 R
19 TM 6 40 TM 13 61 AT 19 82 V 15
20 AT 5 41 AT 13 62 R 83 TM 29
21 TM 7 42 TM 14 63 AT 20 84 AT 25

V: video; TM: thinking message; AT: activity; R: respite

The adherence to the intervention will be considered satisfactory when 75% or more of the proposed tasks are completed.

Control group

The CG will be monitored at the same frequency as the IG. If the results in the IG are significantly better than in the CG, the latter will receive the same treatment at the end of the study period.

Statistical analysis

Data will be analyzed using the Software Stata 14.0. Qualitative variables will be expressed as mean and standard deviation, and quantitative variables as mean and standard deviation or median and interquartile range.

Normality of data distribution will be tested by the Kolmogorov-Smirnov test. Statistical tests will be applied according to normality of the data for between-group (IG and CG) and within-group comparisons (before and after). If this is the case, the intention-to-treat analysis will be performed, and only with patients who complete the study protocol.

The primary outcome will be peripheral systolic blood pressure and the secondary outcomes will be: cSBP, PWV, mean SBP and FMD.

Ethical aspects

The project was submitted and approved by the Ethics Committee of the UFG General Hospital.

Conclusion

This research will investigate the effects of an intervention based on encouragement and training to achieve spiritual well-being through propensity to forgive, optimism, gratitude, and life purpose on BP behavior.

The study will have a positive impact on clinical practice by presenting the basis for a non-pharmacological approach to the treatment of AH. Also, to our knowledge, this is one of the first clinical trials with this design.

Study Association

This article is part of the thesis of master submitted by Maria Emília Figueiredo Teixeira, from Liga de hipertensão arterial da Universidade Federal de Goiás.

Sources of Funding: There were no external funding sources for this study.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

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