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. 2022 Nov 1;119(5):691–702. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20211055
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Estratégia Fármaco-Invasiva no Infarto do Miocárdio: Análise Descritiva, Apresentação de Sintomas Isquêmicos e Preditores de Mortalidade

Henrique Tria Bianco 1,, Rui Povoa 1, Maria Cristina Izar 2, Claudia Maria Rodrigues Alves 2, Adriano Henrique Pereira Barbosa 2, Maria Teresa Nogueira Bombig 1, Iran Gonçalves Jr 1, Bráulio Luna Filho 1, Ana Caroline Aguirre 1, Pedro Ivo de Marqui Moraes 1, Dirceu Almeida 1, Flávio Tocci Moreira 2, Fernando Focaccia Povoa 2, Edson Stefanini 2, Adriano Mendes Caixeta 2, Amanda S Bacchin 1, Valdir Ambrósio Moisés 2, Francisco AH Fonseca 2
PMCID: PMC9750212  PMID: 36453760

Resumo

Fundamento

O infarto do miocárdio com elevação do segmento-ST (IAMCSST) é definido por sintomas acompanhados por alterações típicas do eletrocardiograma. Entretanto, a caracterização dos sintomas isquêmicos não é clara, principalmente em subgrupos, como mulheres e idosos.

Objetivos

Analisar a tipificação dos sintomas isquêmicos, métricas temporais e observar a ocorrência de desfechos intra-hospitalares, em análise dos escores preditivos, em pacientes com IAMCSST, em estratégia fármaco-invasiva.

Métodos

Estudo envolvendo 2.290 pacientes. Tipos de apresentações clínicas pré-definidas: dor típica, dor atípica, dispnéia, sincope. Medimos o tempo entre o início dos sintomas à demanda pelo atendimento e o intervalo entre a chegada à unidade-médica e trombólise. Odds-ratios (OR; IC-95%) foram estimadas em modelo de regressão. Curvas ROCs foram construídas para preditores de mortalidade. Nível de significância adotado (alfa) foi de 5%.

Resultados

Mulheres apresentaram alta prevalência de sintomas atípicos; maior tempo entre o início dos sintomas e a procura por atendimento; atraso entre a chegada ao pronto-socorro e a fibrinólise. A mortalidade hospitalar foi de 5,6%. Predição de risco pela classificação Killip-Kimball: AUC: [0,77 (0,73-0,81)] em classe ≥II. Subgrupos estudados [OR (IC-95%)]: mulheres [2,06 (1,42-2,99); p=0,01]; insuficiência renal crônica [3,39 (2,13-5,42); p<0,001]; idosos [2,09 (1,37-3,19) p<0,001]; diabéticos [1,55 (1,04-2,29); p=0,02]; obesos 1,56 [(1,01-2,40); p=0,04]; acidente vascular cerebral prévio [2,01 (1,02-3,96); p=0,04] correlacionaram-se com maiores taxas de mortalidade.

Conclusão

Apesar das mais altas taxas de mortalidade em alguns subgrupos, disparidade significativa persiste nas mulheres, com atrasos no reconhecimento dos sintomas e trombólise imediata. Destaca-se a aplicabilidade do escore Killip-Kimball na predição, independentemente da apresentação clínica.

Palavras-chave: Infarto do Miocárdio por Supradesnivelamento do Segmento ST, Síndrome Coronáriana Aguda, Intervenção Coronária Percutânea/métodos, Terapia Trombolítica/métodos Angina Pectoris, Hospitalização, Mortalidade

Introdução

Apesar dos avanços nas abordagens de reperfusão, o infarto agudo do miocárdio continua a ser a principal causa de morte em todo o mundo. Seu diagnóstico é considerado quando se pode detectar alterações típicas do eletrocardiograma (ECG) e/ou a elevação de marcadores, especialmente as troponinas, que recebem cada vez mais atenção como marcadores específicos de injúria miocárdica. O infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) geralmente é causado por oclusão coronária aguda, secundária à ruptura de placa e trombose, e requer a intervenção precoce.1 Portanto, o controle do IAMCSST deve ser realizado o mais rápido possível para evitar maiores lesões ao miocárdio e diminuir o risco de complicações e mortalidade. Embora a intervenção coronária percutânea (ICP) seja considerada o “padrão-ouro” de tratamento, ela não está suficientemente disponível, especialmente nos países em desenvolvimento. O estudo STREAM valoriza uma estratégia de reperfusão combinando terapia fibrinolítica e transferência imediata a um centro terciário, para a realização da ICP de resgate em pacientes que não respondem à fibrinólise, bem como uma angiografia diagnóstica precoce e uma ICP secundária no período de 24 horas após a trombólise.2 Entretanto, alguns fatores podem influenciar a demora em procurar assistência emergencial, tais como a percepção e o reconhecimento de sintomas isquêmicos agudos. A interpretação de sinais de alerta é o gatilho que leva os pacientes a buscar a assistência médica, devido à gravidade dessa condição potencialmente fatal. Em contraste, a dor deve ser vista como um fenômeno multidimensional que envolve aspectos fisiológicos, sensoriais e socioculturais, e pode ser afetado por expectativas dentro de um contexto cultural.

A estratificação dos riscos permite aos prestadores identificar o nível certo de cuidado e serviços para subgrupos de pacientes distintos. Ela é o processo de atribuir um status de risco e, em seguida, usar esse relatório para orientar sobre que cuidado é oferecido para melhorar os desfechos gerais de saúde. No entanto, durante o processo diagnóstico de infarto do miocárdio, com base em relatórios clínicos e critérios de ECG, podem surgir diferenças em relação a como os sintomas são tratados, especialmente em subgrupos específicos, tais como grupos de mulheres ou de pessoas mais idosas, apresentando evidências e relevância de recanalização precoce, cujos benefícios se tornam mais discretos ou até inexistentes na reperfusão tardia.3,4 Além disso, ainda há controvérsias e interesses especiais em relação ao desempenho de preditores de mortalidade precoces em pacientes que passaram por tratamento trombolíticos em uma abordagem fármaco-invasiva. Portanto, o presente estudo considerou a avaliação estratificada de sintomas isquêmicos, fundamentalmente associados a métricas temporais, incluindo o tempo entre o aparecimento dos sintomas e a busca por tratamento médico, as necessidades médicas do paciente entre a chegada à unidade de emergência e o reconhecimento da condição aguda, com o início imediato dos protocolos de reperfusão. No cenário da estratégia fármaco-invasiva, pode-se também especular sobre possíveis diferenças na forma em que os sintomas apareceram e os tempos pivotais em alguns subgrupos, considerando o impacto da reperfusão tardia em desfechos clínicos relevantes.

Dessa forma, nosso estudo teve o objetivo de examinar as associações entre a apresentação de sintomas isquêmicos e fatores de risco com os desfechos cardiovasculares em uma coorte de pacientes com IAMCSST durante o período de hospitalização, bem como realizar uma análise precisa das classificações de previsão de risco.

Métodos

Desenho do estudo e declarações éticas

Estudo prospectivo e observacional, com um tamanho de amostra definido por conveniência, envolvendo 2.290 pacientes com IAMCSST que foram admitidos consecutivamente internados em um hospital universitário na cidade de São Paulo, Brasil. Todos os pacientes foram inicialmente submetidos a terapia trombolítica com tenecteplase (TNK) em unidades hospitalares e centros de cuidado primários e, em seguida, encaminhados à angiografia coronária. Quando apropriado, foram realizadas intervenções coronárias percutâneas no período de 24 horas após a fibrinólise, ou imediatamente, se houvesse a necessidade de tratamento de resgate. Este estudo está de acordo com a Declaração de Helsinki, o comitê de ética local aprovou o protocolo de pesquisa, e o consentimento informado foi obtido de todos os pacientes ou seus guardiões legais. O estudo está registrado em ClinicalTrials.gov (NCT02090712).

Estratégia fármaco-invasiva

A estratégia fármaco-invasiva é definida pelo tratamento de fibrinólise com um bolus intravenoso de TNK, com uma dose ajustada pelo peso, seguida de cateterismo cardíaco no período de 24 horas, mesmo em pacientes estáveis com reperfusão bem-sucedida, com a intenção de tratar a lesão culpada. Após os resultados do estudo STREAM em junho de 2013, os pacientes com mais de 75 anos de idade receberam meia dose de tenecteplase (1/2 TNK). No diagnóstico, os pacientes receberam ácido acetilsalicílico e clopidogrel conforme recomendado pelas diretrizes.5 As angioplastias de resgate foram indicadas pela equipe médica local, devido a trombólise ineficaz no tratamento da artéria relacionada ao infarto (ARI). O termo lesão culpada foi usado para designar o vaso arterial responsável pelos sintomas do paciente com IAMCSST. Na maioria dos casos, apenas as lesões culpadas foram tratadas, ou seja, apenas lesões em ARI foram tratadas diretamente por angioplastia e colocação de stent. O presente estudo contou com um banco de dados centralizado, contendo um perfil demográfico, dados clínicos, ECGs, tratamentos, intervalos de tempo e eventos hospitalares. Portanto, todos os desfechos relevantes foram sistematicamente registrados e as taxas de mortalidade foram analisadas por observadores independentes.

Definições de apresentações clínicas

A apresentação clínica de sintomas isquêmicos agudos foi relatada pelos pacientes, e equipes treinadas analisaram os dados durante o período de internação hospitalar.

  1. Dor torácica típica: dor torácica opressiva à esquerda, que pode se irradiar para o membro superior esquerdo, de grande intensidade e prolongada (mais de 20 minutos), que não melhorou ou teve alívio apenas parcial com repouso ou nitrato sublingual. A irradiação para mandíbula, membro superior direito, dorso, ombros e epigástrio também foi considerada para essa apresentação. Esse grupo incluiu pacientes com apresentação concomitante de dispneia ou episódio sincopal.

  2. Dor atípica: dor no quadrante superior direito ou região epigástrica do abdômen, dorsal, região mandibular ou outra região não torácica, referida como pontada, queimação de intensidade variável, duração prolongada (maior que 20 minutos). Incluídos nesse grupo estavam os pacientes com apresentação concomitante de dispneia ou episódios sincopais.

  3. Dispneia: foram incluídos neste grupo os pacientes que não relataram dor torácica, mas que se queixaram de cansaço agudo ou piora desse sintoma nas últimas horas. Foi considerada a experiência subjetiva de desconforto respiratório, composta por sensações qualitativamente diferentes e com intensidade variável.

  4. Síncope: foram considerados os pacientes que não relataram dor torácica, mas sim desmaio ou perda súbita e transitória da consciência ou qualquer piora nas últimas horas.

Tempos pivotais medidos

  1. Intervalo de tempo entre o início da dor torácica persistente, ou outra queixa representativa de sintomas isquêmicos, e a chegada do paciente à unidade de saúde;

  2. Intervalo de tempo entre chegada à unidade de saúde e trombólise;

  3. Intervalo de tempo entre a trombólise e a angiografia coronária.

Escores de previsão

Preditores de risco usados durante a primeira consulta médica

  1. Classificação Killip-Kimball (KK);6

  2. TIMI-Risk;7

  3. Escore GRACE8

Variáveis angiográficas

Cardiologistas intervencionistas experientes realizaram análises angiográficas pelo escore de fluxo [(TIMI- flow), perfusão coronária epicárdica];9 e [Myocardial Blush Grade (MBG), perfusão miocárdica no nível do tecido];10 obtendo-se TIMI-flow e MBG antes e pós-intervenção percutânea, quando aplicáveis (chamados de escores iniciais e finais). Complicações inerentes ao procedimento também foram relatadas. A estratégia do procedimento (aspiração do trombo, dilatação do balão, seleção do stent e regime de anticoagulação) foi deixada a critério do operador.

Análise estatística

Este estudo buscou alcançar uma coleta de dados prospectiva e consecutiva de uma grande população, em que práticas médicas padrão atuais são aplicadas em uma rede organizada. As variáveis contínuas foram expressas como média ± desvio padrão (DP) ou mediana e faixa interquartil [FIQ (25º - 75º percentis)], de acordo coma normalidade dos dados. Para avaliar as suposições de normalidade, usamos o teste D’Agostino-Pearson, desenvolvido para avaliar uma amostragem grande, e a confirmação foi feita pela inspeção visual de gráficos de dispersão. Variáveis categóricas foram descritas como frequências absolutas e relativas, e examinadas pelo teste qui-quadrado de Pearson. Para comparações de variáveis numéricas entre grupos, usamos o teste t de Student não pareado ou o teste U de Mann-Whitney quando a distribuição não-Gaussiana foi considerada. As análises de variância simples pelo teste “t”, ou de seus equivalentes não paramétricos foram realizadas para a observação da distribuição e da homocedasticidade dos valores. Para comparar proporções entre os grupos, o teste χ2 (qui-quadrado) foi usado para amostras independentes. Para presumir uma igualdade de variância entre os grupos, os ajustes foram feitos usando-se o teste de Levene. O risco relativo foi determinado pela razão entre os portadores de determinada variável e os não portadores. Para analisar a relação de algumas variáveis categóricas e os desfechos, elas foram transformadas em dicotômicas. Portanto, o teste de proporção (qui-quadrado) foi usado para observar a independência entre as univariadas para obter as razões de chance (RC) em um modelo de correlação entre univariadas potencialmente preditivas e os desfechos. Na estatística multivariada verificamos as relações de múltiplas variáveis, apenas para as com significância na entrada (variáveis com p <0,10), para a observação de seu grau de independência. Utilizamos o modelo de regressão logística binária, pela técnica de máxima verossimilhança, em que a variável dependente era dicotômica e as variáveis preditoras inseridas pelo modelo stepwise, considerando a ausência de colinearidade pelo índice VIF (fator de inflação da variância), com a qualidade do ajuste avaliada pelo diagrama de Hosmer-Lemeshow. As variáveis preditoras foram analisadas simultaneamente, de forma que o efeito de cada variável foi ajustado para ter um efeito nas demais. Esse modelo de regressão adiciona sistematicamente a variável mais significativa ou remove a variável menos significativa durante cada etapa. O índice α de Crombach-padronizado foi usado para calcular a confiabilidade dos escores angiográficos TIMI-flow e MBG estimados pelos operadores médicos.

As curvas de característica de operação do receptor (ROC) foram construídas para determinar a sensibilidade e a especificidade dos escores de predição de desfechos hospitalares. A forma da curva ROC e a área sob a curva (AUC) ajudaram a estimar o nível de poder discriminativo de um teste. Um teste diagnóstico perfeito tem uma AUC de 1,0, enquanto um teste não discriminatório tem uma área de 0,5. Outras análises também foram aplicadas, considerando as razões de probabilidade na previsão de eventos. Portanto, com base nas razões de probabilidade, a razão de chance diagnóstica (RCD), uma métrica global de precisão diagnóstica, foi calculada, ou seja, a razão de chance de positividade em sujeitos com o desfecho para a chance em sujeitos sem o desfecho. Consideramos o valor de p<0,05 como estatisticamente significativo, em testes bicaudais. As análises foram realizadas usando SPSS-versão-20 (IBM-SPSS Statistics, EUA)®.

Resultados

Características clínicas e epidemiológicas

A Tabela 1 mostra que os pacientes tinham uma mediana (FIQ) de 58 (50-65) anos de idade, e aproximadamente 70% eram homens. A maioria dos pacientes era hipertenso e fumante, e aproximadamente um terço deles tinha diabetes. Uma pequena proporção dos pacientes teve eventos anteriores, tais como infarto do miocárdio, revascularização cirúrgica ou percutânea, e acidente vascular cerebral prévio. O grupo mais velho tinha ≥60 anos de idade. Os preditores de risco incluíam dados sobre o histórico médico do paciente e os fatores de risco, que foram analisados durante a admissão hospitalar. Este estudo também apresenta dados sobre variáveis hemodinâmicas obtidas na emergência, tais como dados laboratoriais (necrose e marcadores bioquímicos) (Tabela 2).

Tabela 1. Características da linha de base da coorte estudada.

Variáveis
Epidemiológicas Medidas
Idade, md (FIQ) - anos 58 (50-65)
Mulheres: md (FIQ) - anos 60 (52-68)
Homens: md (FIQ) - anos 57 (49-64)
Idosos (≥60 anos), n (%) 998 (43,6)
Sexo; n (%) Masculino: 1607 (70,2)
Feminino: 683 (29,8)
Hábitos - Vícios Medidas
Tabagismo, n (%) 1472 (64,3)
Alcoolismo, n (%) 304 (13,3)
Drogas ilícitas, n (%) 97 (4.2)
Clínicas
Obesidade n (%) 481 (21,0)
IMC, Kg/m²; md (FIQ) 26 (23,8-29,3)
Hipertensão arterial, n (%) 1405 (61,4)
Diabetes mellitus, n (%) 661 (28,9)
Dislipidemia, n (%) 1133 (49,5)
Hipotireoidismo, n (%) 145 (6,3)
Doença renal crônica, n (%) 187 (8,2)
Doença arterial periférica, n (%) 117 (5,1)
Acidente vascular cerebral prévio, n (%) 99 (4.3)
Síndrome coronariana crônica Medidas
Infarto do miocárdio prévio, n (%) 242 (10,6)
Angioplastia coronária prévia, n (%) 129 (5,6)
Revascularização miocárdica cirúrgica prévia, n (%) 45 (2)

Dados sobre histórico médico e comorbidades foram derivados de entrevistas com médicos. As informações demográficas e os perfis de fatores de risco foram relatados por pacientes, e uma equipe treinada analisou esses dados durante a hospitalização. Dados são expressos como mediana (md) e faixa interquartil (FIQ), e variáveis categóricas foram expressas como frequência (%). Para a comparação entre sexos, o teste não paramétrico de Mann-Whitney foi usado. Doença renal crônica (DRC) foi estimada pela equação de Modificação da dieta em doença renal (MDRD) e definida quando a taxa de filtração glomerular (TFGe) estimada <60 mL/min/1,73 m2; obesidade quando IMC ≥30; hipertensão definida pelo uso de medicamentos anti-hipertensivos ou pressão arterial sistólica ≥140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥90 mmHg. Tabagismo foi definido tanto para ex-fumantes como para fumantes ativos; dislipidemia foi definida pelo uso de medicamentos específicos ou colesterol total ≥200 mg/dL, ou triglicérides ≥150 mg/dL; diabetes foi definida como tratamento específico ou hemoglobina glicada (HbA1c) ≥6,5%. IMC: Índice de massa corporal.

Tabela 2. Características clínicas e hemodinâmicas, escores de predição e tempos pivotais foram obtidos durante a primeira consulta médica e durante o período de internação hospitalar.

Variáveis obtidas durante a primeira consulta Medidas
Variáveis hemodinâmicas
Pressão arterial sistólica, mmHg; md (FIQ) 130 (115-150)
Pressão arterial diastólica, mmHg; md (FIQ) 80 (70-93)
Frequência cardíaca, md (FIQ) 76 (66-90)
Classificação Killip-Kimball, n (%) Killip-Kimball – I: 1670 (72,0)
Killip-Kimball – II: 362 (15,8)
Killip-Kimball – III: 52 (2.3)
Killip-Kimball – IV: 203 (8,0)
Apresentação clínica
(sintoma principal), n (%)
Dor típica: 1939 (88,5)
Dor atípica: 166 (7,6)
Dispneia: 38 (1.7)
Síncope: 26 (1.2)
* Alguns pacientes (4%) com mais de um sintoma relatado
Escores de risco
TIMI-Risk, (0-14); md (FIQ) 3 (2-5)
Escore GRACE, (0-14); md (FIQ) 135 (115-160)
Tempos pivotais
Tempo dor-unidade de saúde, min; md (FIQ) 120 (60-220)
Tempo dor-agulha, min; md (FIQ) 222 (140-345)
Tempo porta-agulha, min; md (FIQ) 71 (42-135)
Tempo lise-angiografia, horas, md (FIQ) 12 (5,67-23)
Variáveis obtidas durante a internação hospitalar Medidas
Biomarcadores de necrose
Troponina inicial, mg/L; md (FIQ) 2655 (538-7967)
Troponina máxima, mg/L; md (FIQ) 4718 (1481-9842)
Variáveis laboratoriais
Hemoglobina/hematócritos, g/dL/%; m ± DP 14,37 ± 2,09 /42,92 ± 12,56
Glicemia do sangue/Hemoglobina glicada, mg/dL / %; md (FIQ) 122 (102-160) / 6 (5,6-6,8)
Colesterol total, mg/dL; md (FIQ) 191 (157-225)
HDL-C, mg/dL; md (FIQ) 37 (25-46)
LDL-C, mg/dL; md (FIQ) 110 (60-142)
Triglicérides, mg/dL; md (FIQ) 118 (77-175)
*AST, u/L; md (FIQ) 144 (63-280)
ALT, u/L; md (FIQ) 43 (27-72)
Creatinina, mg/dL; md (FIQ) 0,9 (0,74-1,10)
Taxa de filtração glomerular estimada, (MDRD); md (FIQ) 85 (64-107)

Notas: Dados são expressos como mediana (md) e faixa interquartil (FIQ) ou média e desvio padrão (m ± dp), e variáveis categóricas foram expressas como frequência (%). Métricas de tempo são expressas em minutos (min). Taxa de filtração glomerular por Modificação da dieta em doença renal (MDRD)

*

AST: aspartato aminotransferase

ALT: alanina aminotransferase.

Escores de predição, apresentação clínica e tempos pivotais

Na análise dos sintomas isquêmicos, a maioria dos pacientes relataram dor torácica definida como típica, que pode ou não estar associada a dispneia e síncope. Angina antes do evento estava presente em 28%, que era mais prevalente em pacientes com infarto do miocárdio prévio. As mulheres apresentaram uma alta frequência de sintomas atípicos, tais como dispneia e síncope, conforme mostrado na Tabela 3.

Tabela 3. Variáveis associadas ao tipo de apresentação clínica em um modelo univariado e após ajustes multivariados em regressão logística multinomial.

Modelo sem ajustes Dor típica Dor atípica Dispneia Síncope
Variáveis Razão de chance
(IC 95%), p-valor
Razão de chance
(IC 95%), p-valor
Razão de chance
(IC 95%), p-valor
Razão de chance
(IC 95%), p-valor
n = 1939 n = 166 n = 38 n = 26
Masculino 0,95
(0,71-1,27), p=0,74
1,05
(0,79-1,40), p=0,73
0,51
(0,27-0,96), p=0,026
0,39
(0,18-0,83), p=0,018
Obesidade 1,07
(0,78-1,50), p=0,65
0,92
(0,67-1,28), p=0,65
0,30
(0,09-0,98), p=0,02
0,29
(0,07-1,26), p=0,09
Alcoolismo 0,80
(0,56-1,15), p=0,24
1,24
(0,86-1,78), p=0,24
1,15
(0,48-2,77), p=0,44
1,49
(0,56-3,97), p=0,39
Hipertensão 0,96
(0,73-1,26), p=0,78
1,03
(0,79-1,35), p=0,79
1,31
(0,67-2,56), p=0,26
0,67
(0,31-1,44), p =0,32
Dislipidemia 1,39
(1,07-1,81), p=0,013
0,71
(0,55-0,93), p=0,013
1,25
(0,66-2,35), p=0,52
0,35
(0,15-0,84), p =0,019
Infarto do miocárdio prévio 1,05
(0,68-1,61), p=0,81
0,95
(0,62-1,46), p=0,82
3,31
(1,63-6,72), p=0,002
0,76
(0,16-2,86), p =0,59
Acidente vascular cerebral prévio 0,75
(0,42-1,34), p=0,34
1,32
(0,74-2,37), p=0,34
1,82
(0,55-6,00), p=0,24
0,85
(0,11-6,32), p =0,87
Doença arterial periférica 0,78
(0,45-1,35), p=0,30
1,27
(0,74-2,20), p=0,38
1,52
(0,46-5,00), p=0,45
0,71
(0,09-5,29), p =0,74
Doença renal crônica 0,53
(0,35-0,79), p=0,002
1,88
(1,26-2,80), p=0,002
4,47
(2,19-9,10), p<0,001
1,97
(0,67-5,77), p =0,27
Tabagismo 1,17
(0,90-1,53), p=0,23
0,85
(0,65-1,11), p=0,23
1,15
(0,59-2,25), p=0,74
0,59
(0,27-1,27), p =0,22
Diabetes 0,95
(0,72-1,27), p=0,76
1,04
(0,78-1,39), p=0,75
2,26
(1,21-4,24), p=0,013
0,70
(0,28-1,74), p =0,52
Idosos 0,87
(0,67-1,13), p=0,32
1,14
(0,88-1,48), p=0,32
1,77
(0,94-3,33), p=0,07
0,76
(0,34-1,66) p =0,56
Modelo ajustado Dor típica Dor atípica Dispneia Síncope
Variável Razão de chance
(IC 95%), p-valor
Razão de chance
(IC 95%), p-valor
Razão de chance
(IC 95%), p-valor
Razão de chance
(IC 95%), p-valor
Homens NA NA 0,51
(0,26-0,97), p=0,04
0,32
(0,15-0,70), p=0,005
Obesidade NA NA 0,29
(0,08-0,95), p =0,04
NA
Dislipidemia 1,44
(1,10-1,87), p=0,007
0,69
(0,53-0,90), p =0,007
NA 0,36
(0,15-0,87), p=0,02
Infarto do miocárdio prévio NA NA 2,68
(1,28-5,58), p=0,008
NA
Doença renal crônica 0,50
(0,34-0,75), p=0,001
1,97
(1,32-2,94), p=0,001
3,33
(1,59-6,98), p=0,001
NA
Diabetes mellitus NA NA 1,93
(1,01-3,71), p=0,04
NA

Notas: Os dados são expressos para (RC; IC 95%, p-valor). Na análise multivariada, as variáveis preditoras foram analisadas simultaneamente, de forma que o efeito de cada variável foi ajustado para ter um efeito nas demais. Negrito indica significância estatística. Doença renal crônica (DRC) foi estimada pela Modificação da dieta em doença renal (MDRD); idosos: idade ≥60 anos. Negrito indica significância estatística. NA: não aplicável.

As mulheres apresentaram uma demora entre a chegada do paciente na unidade de emergência e o início do tratamento: [mulheres (2 horas e 17 minutos) vs. homens (1 hora e 58 minutos), p=0,021]. O tempo estratificado (≥240 minutos) para receber o tratamento foi favorável aos homens: [RC 0,73; IC 95% (0,55-0,98), p=0,03]. Outra constatação relevante foi o intervalo mais longo entre o aparecimento dos sintomas e a procura de tratamento médico entre as mulheres: [mulheres: (3 horas e 14 minutos) vs. homens (2 horas e 48 minutos), p=0,008]. Mulheres diabéticas apresentaram maior tempo entre o início dos sintomas até a trombólise, incluindo, nesse período, a chegada à unidade de pronto socorro no início do tratamento (intervalo entre dor e trombólise), especialmente quando comparadas aos homens não diabéticos (Figura 1).

Figura 1. Métricas de tempo relacionadas a sexo e presença ou ausência de diabetes. Nota. Tempo dor-agulha expresso como média (minutos). * P-valor significativo ao se comparar homens não diabéticos com mulheres diabéticas.

Figura 1

A maioria dos pacientes estava em uma classe funcional baixa de acordo com o escore KK: [I (73%), II (16,3%), III (2,2%), e IV (8,6%)]; perfil de baixo risco no escore de previsão TIMI-Risk: [3, FIQ (2-5)]; e escore GRACE: [136, FIQ (117-161)]. Aproximadamente 24% dos pacientes foram encaminhados para angioplastia de resgate, conforme avaliação da equipe médica local, por não atingirem os critérios para uma terapia de reperfusão bem-sucedida.

Achados angiográficos (artéria culpada)

1) artéria descendente anterior esquerda (ADAE): 46,3%; 2) artéria coronária direita (ACD): 32,1%; 3) artéria circunflexa esquerda (ACX): 6,1%; 4) artéria coronária esquerda principal (ACEP): 0,4%; 5) artéria descendente posterior (ADP): 0,3%; 6) tronco ventricular posterior (VP): 0,9%; 7) ramificação marginal esquerda: 1,0%; 8) ramificação diagonal: 0,7%; 9) artéria não identificada: 12,1% A análise de subgrupo não encontrou associações significativas entre a artéria culpada e fatores de risco prévios, nem com a apresentação clínica inicial de sintomas isquêmicos.

Os escores TIMI-flow e MBG (iniciais e finais) foram registrados, classificados de 0 a 3: [TIMI-flow inicial: (3)] e [MBG inicial: (3)] em aproximadamente 60% e 42%, respectivamente. Quando esses escores pós-procedimento percutâneos foram analisados, os índices de TIMI-flow final: (3) e de MGB final: (3) eram 78% e 58%, respectivamente, com um alto nível de confiabilidade. O α de Crombach = 0,88.

Desfechos associados a complicações no laboratório de hemodinâmica e pelo evento índice

A duração média da internação hospitalar foi de 2,0 ± 1,3 dias, da admissão no hospital terciário até a alta ou transferência para um hospital de contrarreferência para continuar o tratamento. Um período de internação mais longo foi observado no grupo dos idosos: [1,9 dias (não idosos) vs. 2,3 dias (idosos), p=0,004] e notadamente no grupo de pacientes que precisaram receber transfusões de material sanguíneo devido a sangramento: [1,9 dias (sem sangramento) vs. 3,4 dias (sangramento importante), p=0,004].

O presente estudo registrou a frequência das complicações durante o procedimento angiográfico, bem como aqueles observados durante o período de hospitalização. Essas complicações incluíram eventos importantes, tais como dissecção ou ruptura da coronária, entre outros, como complicações clínicas, arritmias e sangramento no local na incisão. Embora infrequentes, sangramentos importantes eram independentemente associados à mortalidade hospitalar. Índices de sangramento mais altos foram observados no grupo dos idosos: [RC: 1,86; IC 95% (1,04-3,16), p=0,023].

Preditores e variáveis associadas às taxas de mortalidade

A taxa de mortalidade hospitalar era 5,6%, com 128 mortes, das quais 23 (17,9%) ocorreram no laboratório de hemodinâmica, com instabilidade elétrica ou complicações mecânicas sendo as causas mais prevalentes, e com uma incidência mais alta ocorrendo no grupo de resgate (11,5% vs. 2,4%). Em relação às características epidemiológicas e fatores de risco, uma distribuição similar das variáveis analisadas foi observada em pacientes sobreviventes, em comparação com o que morreram durante o período de internação, exceto pelo escore GRACE, que apresentou valores mais altos nos pacientes que morreram [134 (115-157) vs. 202 (155-233), p<0,001]. O escore GRACE (escore mediano 136) apresentou boa sensibilidade mais especificidade baixa [sensibilidade: 0,86%; especificidade: 0,53%]. O escore de previsão TIMI-Risk (escore mediano 3) apresentou os seguintes resultados: sensibilidade: 0,87%; especificidade: 0,57% (Tabela 4).

Tabela 4. Variáveis clínicas e epidemiológicas entre os grupos de “sobreviventes” e “mortes”.

Grupo de sobreviventes Grupo de mortes p-valor
Variáveis 2162 (94,4%) 128 (5,6%)
Epidemiológicas
Idade, anos: 58 (50-66) 56 (48-65) 0,047
Sexo masculino: Homens: 71,1% Homens: 53,2% 0,02
Escores de risco
Killip-Kimball, (%) Killip-Kimball – I: 75,6% Killip-Kimball – I: 20,6% 0,09
Killip-Kimball – II: 16,4% Killip-Kimball – II: 7,9% 0,42
Killip-Kimball – III: 2,2% Killip-Kimball – III: 4,8% 0,96
Killip-Kimball – IV: 5,7% Killip-Kimball – IV: 66,5% 0,08
TIMI-Risk: 3 (2-5) 6 (5-8,2) 0,26
Escore GRACE: 134 (115-157) 202 (155-233) p <0,001
Variáveis de ECG
Parede do ECG parede anterior parede anterior 0,68
parede inferior parede inferior 0,58
parede lateral parede lateral 0,45
Variáveis hemodinâmicas
Artéria relacionada ao infarto ADA: 45,5% ADA: 38,9% 0,84
ACD: 32,5% ACD: 36,5%
ACX: 6% ACX: 10,3%
Outros: 22,4% Outros: 14,3%
Fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE): 50 (40-59) 49 (40-60) 0,17
TIMI-flow inicial TIMI-0: 19,6% TIMI-0: 36,8% 0,97
TIMI-1: 3,3% TIMI-1: 11,3%
TIMI-2: 15,4% TIMI-2: 17%
TIMI-3: 61,7% TIMI-3: 34,9%
TIMI-flow final TIMI-0: 4,6% TIMI-0: 19,8% 0,10
TIMI-1: 1,2% TIMI-1: 4,7%
TIMI-2: 14,1% TIMI-2: 24,5%
TIMI-3: 80,1% TIMI-3: 50,9%
Grau Blush miocárdico inicial: Blush-0: 40,8% Blush-0: 71,7% 0,77
Blush-1: 3,8% Blush-1: 2,8%
Blush-2: 2,6% Blush-2: 1,9%
Blush-3: 52,8% Blush-3: 23,6%
Grau Blush miocárdico final: Blush-0: 24,7% Blush-0: 61% 0,39
Blush-1: 8,8% Blush-1: 9,5%
Blush-2: 6,1% Blush-2: 5,7%
Blush-3: 60,4% Blush-3: 23,8%
Variáveis laboratoriais
Troponina inicial (na linha de base) 2704 (618-7889) 3413 (280-11506) 0,83
Troponina máxima: 4820 (1661-9796) 7925 (1145-1774) 0,80
*TFGe, (MDRD): 86 (67-107) 91 (66-111) 0,62
Hemoglobina: 14,5 (13,3-15,7) 13,7 (12,5-15,1) 0,05
Hematócritos: 42,9 (39,6-46,2) 41 (37,9-45,5) 0,14
Tempos pivotais
Tempo dor-agulha, (min): 220 (140-345) 245 (150-516) 0,08
Tempo porta-agulha, (min): 75 (45-135) 78,5 (45-163,7) 0,12
Tempo lise-cateterismo, (horas): 11 (5-22) 11 (5-21,7) 0,43

Notas: Dados são expressos como mediana (md) e faixa interquartil (FIQ), e variáveis categóricas foram expressas como frequência (%). O teste χ² (qui-quadrado) foi usado para as amostras independentes. TFGe: Taxa de filtração glomerular estimada por Modificação da dieta em doença renal (MDRD).

FEVE: Fração de ejeção ventricular esquerda.

Lise-CATE (fibrinólise-cateterismo); ECG: eletrocardiograma. Negrito indica significância estatística.

A classificação funcional KK demonstrou bom desempenho na previsão da mortalidade hospitalar: AUC: [0,77 IC 95% (0,73-0,81), p<0,001] no grupo com um escore ≥II, demonstrando melhor precisão que os escores angiográficos de reperfusão: TIMI-Flow (3) e MBG (3), AUC: [0,69; IC 95% (0,64-0,75), p<0,001], bem como um melhor desempenho quando os pacientes foram estratificados de acordo com a fração de ejeção ventricular esquerda, AUC: [0.52; 95% CI (0,47-0,58), p=0,34].

Nosso estudo teve o cuidado de avaliar o desempenho dos escores de previsão: TIMI-Risk, AUC: [0,79; IC 95% (0,75-0,84)], p<0,001; GRACE, AUC: [0,82; IC 95% (0,78-0,86), p<0,001]; AUC de Killip-Kimball AUC: [0,82; IC 95% (0,78-0,87), p<0,001], (Figura 2). Para as categorias de Killip-Kimball, os seguintes escores foram obtidos: razão de probabilidade positiva: 3,76; razão de probabilidade negativa: 0,33; e RCD (Razão de chance diagnóstica: 11,39 para os índices de previsão de mortalidade hospitalar, definidos como a probabilidade dos pacientes na classe funcional ≥ II (II, III, IV) que morreram, em relação à probabilidade dos pacientes do grupo funcional ≥ II que sobreviveram.

Figura 2. Escores de previsão para mortalidade hospitalar. Nota. Estatísticas C, ROC e AUC. TIMI-Risk, AUC: [0,79; IC 95% (0,75-0,84), p<0,001]; Escore GRACE, AUC: [0,82; IC 95% (0,78-0,86), p<0,001]; Killip-Kimball, AUC: [0,82; IC 95% (0,78-0,87), p<0,001].

Figura 2

Em um modelo de regressão logística com análises de covariância, obesidade, sexo feminino, pacientes com diabetes mellitus, insuficiência renal crônica, acidente vascular cerebral prévio e a idade estavam associados aos índices mais altos de eventos fatais (Figura 3). O ajuste do modelo apresentou um bom desempenho preditivo.

Figura 3. Preditores de mortalidade hospitalar Nota. Variáveis de previsão em um modelo de regressão logística binária, com RC-IC 95%, e p-valor.

Figura 3

Discussão

Mesmo com a existência de várias terapias eficazes, as informações qualitativas ainda não estão disponíveis para estratificação, especialmente na estratégia fármaco-invasiva, em que a avaliação de saúde inicial parece estar proximamente relacionada ao prognóstico. Há muitas abordagens para a estratificação de risco. Algumas são muito complexas e caras, mas procedimentos simples também podem ser eficazes. Sob essa perspectiva, o presente estudo tentou oferecer dados epidemiológicos sobre as várias formas de sintomas isquêmicos agudos, bem como demonstrar a aplicabilidade de alguns escores de previsão em pacientes que receberam cuidados médicos principalmente nas unidades de saúde básica, e foram encaminhados a um hospital universitário terciário para estudos angiográficos e procedimentos invasivos.

Nem todas as síndromes coronárias agudas apresentam sinais ou sintomas clássicos, tais como dor pré-cordial ou retroesternal típica, o que atrasa o diagnóstico e as abordagens terapêuticas e afeta o prognóstico. Portanto, há grande interesse nos principais determinantes de mortalidade e complicações de curto prazo após um infarto agudo do miocárdio.11 Nos últimos anos, grandes avanços no diagnóstico e no tratamento contribuíram para a redução da mortalidade devido a doença cardíaca coronária. Na verdade, foram feitos esforços para se alcançar a prevenção primária mais ativa, com um controle melhor dos fatores de risco, e recursos farmacológicos. Entretanto, a prevenção e o tratamento de doenças cardiovasculares precisam estar amplamente disponíveis e aplicados sem distinção.

Apresentação clínica e eventos em subgrupos

Há evidências de diferenças entre os sexos na aplicação dos avanços tecnológicos.1215 Em nossa análise, os sintomas referidos como dispneia e episódios sincopais foram significativamente mais prevalentes em mulheres, e eram particularmente relevantes para esse grupo, apresentando taxas de mortalidade mais altas. Vários mecanismos multifatoriais foram propostos para a maior mortalidade cardíaca entre mulheres. As explicações geralmente incluem um diâmetro menor da coronária em mulheres, fluxo colateral baixo, predisposição a erosão de placas e embolização distal, e outras características fenotípicas de placas ateroscleróticas.1618 As mulheres geralmente apresentam eventos aproximadamente uma década depois dos homens, especialmente na pós-menopausa, possivelmente devido à diminuição do estrogênio e à perda de efeitos protetivos, com a consequente piora dos fatores de risco, ganho de peso, e resistência à insulina.1921 Em nossa coorte, a demora em reconhecer os sintomas, possivelmente devido a sua aparência atípica, teve um impacto em métricas temporais para trombólise, tais como os registrados nos grupos de mulheres e diabéticos.

Diabetes é um fator de risco potencial em mulheres. Uma meta-análise para estimar o risco relativo de doença cardíaca coronária fatal associada ao diabetes, envolvendo aproximadamente 450.000 pacientes, revelou um risco relativo 50% mais alto nas mulheres.22 O risco coronário mais alto associado ao diabetes em mulheres pode refletir um viés de tratamento favorável aos homens. Estudos mostram que homens com diabetes ou doença cardiovascular estabelecida têm maior probabilidade de receber tratamento com antiagregantes plaquetários, estatinas ou medicamentos anti-hipertensivos que as mulheres.23,24 Além disso, há relatórios de má adesão às recomendações de diretrizes entre as mulheres, tais como um tempo mais longo entre a chegada no hospital e a colocação do balão.2528 Também observou-se que os homens receberam a terapia fibrinolítica mais cedo, possivelmente devido à apresentação mais clara de sintomas isquêmicos.

A aparência clínica, definida acima como dispneia, era mais prevalente em pacientes com infartos anteriores, possivelmente devido a comprometimento miocárdico adicional. O relato de dispneia também foi feito por pacientes com diabetes. Isso pode ter tido um impacto significativo na taxa de mortalidade devido à ausência de sintomas típicos ou sinais de alerta.

Escores de risco

Embora não exista um modelo de estratificação ideal, ele deve conter as seguintes características: facilidade de implementação, objetividade, precisão e uso disseminado. Killip-Kimball, um método de classificação funcional aplicado durante a primeira consulta médica, foi um preditor importante de desfechos fatais durante o período de internação hospitalar, com um bom valor preditivo negativo. O índice de gravidade da insuficiência cardíaca em pacientes com infarto agudo do miocárdio foi proposto por Thomas Killip e John Kimball numa tentativa de medir o risco de eventos hospitalares e possível benefício da gestão específica do tratamento médico oferecido em unidades de tratamento coronário. Nossa análise destaca o uso clínico de um exame físico como uma ferramenta simples, sem requisitos tecnológicos sofisticados para identificar os sinais de insuficiência cardíaca na admissão hospitalar, que desempenhou um papel prognóstico relevante nas taxas de mortalidade durante a internação, uma vez que as proporções de mortes e na distribuição de dados de sobrevida foram significativamente diferentes dentro da classe >I de Killip-Kimball.

Taxas de mortalidade hospitalar

A taxa de mortalidade, incluindo eventos durante o procedimento angiográfico e os relacionados ao evento índice, estava associada a complicações mecânicas e distúrbios elétricos graves e irreversíveis. Relatou-se que a demora no tempo de recanalização está associada a um comprometimento maior da função ventricular, distúrbios de microcirculação e taxas de mortalidade mais altas.29 É interessante notar que nosso estudo não identificou associação entre as taxas de mortalidade entre pacientes no grupo com fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) mais baixa nem com os escores angiográficos. De fato, a lesão culpada totalmente ocluída (TIMI-flow-0) não demonstrou estar associada às maiores taxas de mortalidade hospitalar após o IAMCSST tratado com TNK, em comparação com aqueles que apresentavam TIMI-flow ≥1. Além disso, as arritmias ventriculares malignas podem aparecer mais cedo nos processos isquêmicos e continuar a ser uma causa esperada de morte em infartos do miocárdio.30,31 Em nossa coorte, as taxas de mortalidade hospitalar foram mais altas entre os pacientes que apresentaram arritmias ventriculares malignas do que os pacientes que não apresentaram arritmias ventriculares, definidas como taquicardia ou fibrilação. Entretanto, devido à característica observacional de nosso estudo, várias dificuldades foram encontradas na caracterização das arritmias ventriculares, especialmente no período pós-angioplastia, já que a ocorrência desses eventos foi era difícil de prever. Portanto, pode-se especular que distúrbios elétricos graves podem ser um marcador forte de desfechos hospitalares, apesar do sucesso da intervenção coronária percutânea e seus respectivos escores angiográficos, e também podem não estar correlacionados a FEVE. Presume-se que esse seja um marcador melhor quando aplicado a desfechos medidos no médio e no longo prazo.

Alguns subgrupos de interesse especial foram examinados em sua associação com taxas de mortalidade, tais como o grupo das mulheres, os pacientes obesos, os diabéticos e os idosos. Nesse sentido, após o infarto do miocárdio, as mulheres parecem estar em maior risco de um novo infarto e morte, o que pode ser parcialmente explicado pela idade mais avançada, como observado em nosso estudo.

Em contraste, a doença renal crônica (DRC) representa um fator de risco independente para o desenvolvimento de doença cardíaca isquêmica, aumentando a mortalidade com o avanço do comprometimento renal. Lesões renais prévias ou resultantes do infarto estão associadas a desfechos piores.32,33 É provável que haja uma relação recíproca entre o processo aterosclerótico coronário e a função renal, e a presença de doença coronária esteja associada a uma piora da função renal. DRC e doença cardiovascular estão intimamente relacionadas, e a presença de uma condição sinergicamente afeta o prognóstico da outra.34 Nossos dados expressam as taxas de mortalidade mais altas para esses pacientes.

Pacientes que sofreram um acidente vascular cerebral prévio também apresentaram taxas mais altas de eventos fatais, destacando a necessidade de prevenção e tratamento adequado para esse subgrupo.35,36 O mesmo conceito pode ser aplicável aos idosos, possivelmente devido a maior fragilidade biológica nesse grupo. Os mecanismos para essa relação parecem ser múltiplos, envolvendo características anatômicas, bioquímicas e imunológicas, ou mesmo a exposição mais longa a fatores de risco clássicos. Outro achado em nossa coorte foi a taxa de mortalidade mais alta nos pacientes com diabetes mellitus, o que está de acordo com estudos prévios.37–39 O diabetes mellitus frequentemente está associado a múltiplos mecanismos de doença cardiovascular, tais como obesidade, hipertensão, insuficiência renal, inflamação subclínica, disfunção endotelial e comprometimento microvascular. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas nos escores angiográficos de reperfusão MBG ou TIMI-flow na comparação de grupos de pacientes com e sem diabetes.

Pontos fortes e limitações

O presente estudo tem limitações. Primeiramente, foi um estudo observacional, com correção de fatores de confusão medidos ou conhecidos. Portanto, não podemos concluir que as associações observadas são causais. Além disso, nossos registros incluem apenas pacientes que foram submetidos a intervenção fármaco-invasiva, desconsiderando aqueles que foram encaminhados para tratamento percutâneo primário ou que tinham contraindicações formais para fibrinólise. Considerando que o estudo foi realizado em um único centro universitário, esses padrões de prática e resultados devem ser interpretados com cuidado. Outra limitação de nosso estudo foi a análise dos desfechos apenas para o período de internação hospitalar. Em um sentido importante, nossa validação interna indicou que o ajuste do modelo era bom e os modelos de previsão diagnóstica tiveram um bom desempenho para fazer a previsão do prognóstico independentemente.

Conclusões

Nossos dados revelaram taxas de mortalidade hospitalar mais altas em mulheres, em pacientes com diabetes mellitus, obesidade, DRC e acidentes vasculares prévios, bem como em idosos. A disparidade relacionada a sexo persiste nas mulheres, com demoras no reconhecimento dos sintomas de isquemia, e o início imediato de terapia fibrinolítica, levando a priores resultados clínicos. A aplicabilidade do escore de Killip-Kimball para prever eventos fatais com precisão deve ser destacada, independentemente da apresentação clínica do evento isquêmico agudo, medido na primeira consulta médica, especialmente na estratégia fármaco-invasiva.

Footnotes

Fontes de financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Aprovação ética e consentimento informado

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo sob o número de protocolo CAAE: 38692514.1.1001.5505. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo.

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Pharmaco-invasive Strategy in Myocardial Infarction: Descriptive Analysis, Presentation of Ischemic Symptoms and Mortality Predictors

Henrique Tria Bianco 1,, Rui Povoa 1, Maria Cristina Izar 2, Claudia Maria Rodrigues Alves 2, Adriano Henrique Pereira Barbosa 2, Maria Teresa Nogueira Bombig 1, Iran Gonçalves Jr 1, Bráulio Luna Filho 1, Ana Caroline Aguirre 1, Pedro Ivo de Marqui Moraes 1, Dirceu Almeida 1, Flávio Tocci Moreira 2, Fernando Focaccia Povoa 2, Edson Stefanini 2, Adriano Mendes Caixeta 2, Amanda S Bacchin 1, Valdir Ambrósio Moisés 2, Francisco AH Fonseca 2

Abstract

Background

ST-segment elevation myocardial infarction (STEMI) is defined by symptoms accompanied by typical electrocardiogram changes. However, the characterization of ischemic symptoms is unclear, especially in subgroups such as women and the elderly.

Objectives

To analyze the typification of ischemic symptoms, temporal metrics and observe the occurrence of in-hospital outcomes, in the analysis of predictive scores, in patients with STEMI, in a drug-invasive strategy.

Methods

Study involving 2,290 patients. Types of predefined clinical presentations: typical pain, atypical pain, dyspnea, syncope. We measured the time between the onset of symptoms and demand for care and the interval between arrival at the medical unit and thrombolysis. Odds-ratios (OR; CI-95%) were estimated in a regression model. ROC curves were constructed for mortality predictors. The adopted significance level (alpha) was 5%.

Results

Women had a high prevalence of atypical symptoms; longer time between the onset of symptoms and seeking care; delay between arrival at the emergency room and fibrinolysis. Hospital mortality was 5.6%. Risk prediction by Killip-Kimball classification: AUC: [0.77 (0.73-0.81)] in class ≥II. Subgroups studied [OR (CI-95%)]: women [2.06 (1.42-2.99); p=0.01]; chronic renal failure [3.39 (2.13-5.42); p<0.001]; elderly [2.09 (1.37-3.19) p<0.001]; diabetics [1.55 (1.04-2.29); p=0.02]; obese 1.56 [(1.01-2.40); p=0.04]: previous stroke [2.01 (1.02-3.96); p=0.04] correlated with higher mortality rates.

Conclusion

Despite higher mortality rates in some subgroups, significant disparity persists in women, with delays in symptom recognition and prompt thrombolysis. We highlight the applicability of the Killip-Kimball score in prediction, regardless of the clinical presentation.

Keywords: ST Elevation Myocardial Infarction; Acute Coronay Syndrome; Percutaneous Coronary Intervention/methods; Thrombolytic, Therapy/methods; Angina Pectoris; Hospitalization; Mortality

Introduction

Despite advances in reperfusion approaches, acute myocardial infarction continues to be the leading cause of death worldwide. Its diagnosis is considered when typical electrocardiographic (ECG) changes and/or the elevation of markers can be detected, notably troponins, which have received increasing attention as highly specific markers of myocardial injury. ST-segment elevation myocardial infarction (STEMI) is usually caused by acute coronary occlusion, secondary to plaque rupture and thrombosis, requiring early intervention.1 Therefore, the management of STEMI must be performed as quickly as possible to prevent further damage to the myocardium and decrease the risk of complications and mortality. Although primary percutaneous coronary intervention (PCI) is considered a “gold standard” treatment, it is not sufficiently available, especially in developing countries. The STREAM study values a reperfusion strategy combining fibrinolytic therapy and immediate transfer to a tertiary center for rescue PCI in non-responders to fibrinolysis, as well as early diagnostic angiography and secondary PCI within 24 h after thrombolysis.2 However, some factors can influence the delay in seeking emergency assistance, such as the perception and recognition of acute ischemic symptoms. The interpretation of warning signs is the trigger that leads patients to seek medical attention, due to the severity of this potentially fatal condition. By contrast, pain must be seen as a multidimensional phenomenon involving physiological, sensory, and sociocultural aspects, and can be impacted by expectations within a cultural context.

Risk stratification enables providers to identify the right level of care and services for distinct subgroups of patients. It is the process of assigning a risk status, then using this report to guide what care is provided and to improve overall health outcomes. Nevertheless, during the diagnostic process of myocardial infarction, based on clinical reports and ECG criteria, differences may appear regarding how the symptoms are referred to, particularly in specific subgroups, such as women or older age groups, presenting evidence and relevance of early recanalization, whose benefits become more discreet or even non-existent in late reperfusion.3,4 Additionally, there are still controversies and special interests regarding the performance of early mortality predictors in patients undergoing thrombolytic treatment in a pharmaco-invasive approach. Therefore, the present study considers the stratified assessment of ischemic symptoms, fundamentally associated with temporal metrics, including the time between the onset of symptoms and the search for medical care, the patients’ medical needs between arrival at the emergency unit and the recognition of the acute condition, with the prompt installation of the reperfusion protocols. In the scenario of the pharmaco-invasive strategy, possible differences can also be speculated concerning the manner in which the symptoms appeared and pivotal times in some subgroups, considering the impact of late reperfusion on relevant clinical outcomes.

Thus, our study aimed to examine the associations between the clinical presentation of ischemic symptoms and risk factors with cardiovascular outcomes in a cohort of STEMI patients during the hospitalization period, as well as perform an accurate analysis of risk prediction scores.

Methods

Study design and ethical statements

Prospective and observational study, with a sample size defined by convenience, involving 2,290 STEMI patients who were consecutively admitted to a university hospital in the city of Sao Paulo, Brazil. All patients were initially submitted to thrombolytic therapy with tenecteplase (TNK) in hospital units or primary care centers and were then referred for coronary angiography. When appropriate, percutaneous coronary interventions were performed within 24 hours post-fibrinolysis, or immediately if rescue therapy was needed. This study complies with the Declaration of Helsinki; the local ethics committee approved the research protocol; and informed consent was obtained from all patients or their legal guardians. The study is registered in ClinicalTrials.gov (NCT02090712).

Pharmaco-invasive strategy

The pharmaco-invasive strategy is defined by fibrinolysis treatment with a bolus injection of TNK, with a weight-adjusted dose, followed by cardiac catheterization within 24 hours, even in stable patients with successful reperfusion, with the intention to treat the culprit lesion. After the STREAM trial results in June 2013, patients over 75 years of age received a half dose of tenecteplase (1/2 TNK). Upon diagnosis, the patients received acetylsalicylic acid and clopidogrel, as recommended by guidelines.5 Rescue angioplasties were recommended by the local medical team due to ineffective thrombolysis in the treatment of an infarct-related artery (IRA). The term culprit lesion was used to designate the artery vessel responsible for the symptoms of the STEMI patient. In most cases, only culprit lesions were treated, that is, only IRA lesions were addressed directly through angioplasty and stent delivery. The present study counted on a centralized database, containing a demographic profile, clinical data, ECGs, treatments, time intervals, and in-hospital events. Thus, all relevant outcomes were systematically recorded and mortality rates were analyzed by independent observers.

Definitions of clinical presentations

The clinical presentation of acute ischemic symptoms was reported by the patients, and trained staff reviewed the data during the in-hospital period.

  1. Typical Chest Pain: oppressive chest pain on the left side, which can be irradiated to the left upper limb, of great intensity and prolonged (longer than 20 minutes), which did not improve or had only partial relief with rest or sublingual nitrates. Irradiation to the mandible, right upper limb, back, shoulders, and epigastrium was also considered for this presentation. This group included patients with a concomitant presentation of dyspnea, or syncopal episode.

  2. Atypical Pain: pain in the right upper quadrant or epigastric region of the abdomen, dorsal, mandibular region, or another non-thoracic region, referred to as a twinge or burning of variable intensity, with prolonged duration (greater than 20 minutes). Included in this group were patients with a concomitant presentation of dyspnea or syncopal episodes.

  3. Dyspnea: this group included those patients who did not report chest pain but who complained of acute fatigue or worsening of this symptom within the last couple of hours. The subjective experience of respiratory distress, comprised of qualitatively different sensations with varying intensity was considered.

  4. Syncope: This symptom was considered for those patients who did not report chest pain but did report fainting or a sudden and transient loss of consciousness or any worsening within the last couple of hours.

Measured pivotal times

  1. Time interval between the onset of persistent chest pain, or another representative complaint of ischemic symptoms, and the patient’s arrival at the primary health unit;

  2. Time interval between the patient’s arrival at the health unit and thrombolysis;

  3. Time interval between thrombolysis and coronary angiography.

Prediction scores

Risk predictors used during first medical contact:

  1. Killip-Kimball Classification (KK);6

  2. TIMI-Risk;7

  3. GRACE score8

Angiographic variables

Experienced interventional cardiologists performed angiographic analyses according to TIMI-flow score (epicardial coronary perfusion);9 and Myocardial Blush Grade (MBG)10 (myocardial tissue-level perfusion), thus obtaining TIMI-flow and MBG before and after the percutaneous intervention when applicable (named as initial and final scores). Complications inherent to the procedure have also been reported. The procedural strategy (thrombus aspiration, balloon dilatation, stent selection, and anticoagulation regimen) was left up to the discretion of the operator.

Statistical analysis

This study sought to achieve a prospective and consecutive data collection from a large population, in which current standard medical practice is applied in an organized network. Continuous variables were described as mean ± standard deviation (SD) or median and interquartile range [IQR (25th–75th percentiles)], according to the normality of the data. To assess the assumptions of normality, our study used the D’Agostino-Pearson test, developed to evaluate a large sample, and was confirmed through the visual inspection of scatter plots. Categorical variables were described as absolute and relative frequencies, and were examined by Pearson’s Chi-squared test. For comparisons of numerical variables between groups, the unpaired Student’s t-test or the Mann-Whitney U test was used when non-Gaussian distribution was assumed. A simple analysis of variance using the “t” test, or its non-parametric equivalents, were performed to observe the distribution and homoscedasticity of the values. To compare proportions between the groups, the χ² (chi-square) test was used for independent samples. To assume an equality of variance between groups, adjustments were made using Levene’s test. The relative risk was determined by the ratio between carriers of a given variable and non-carriers. To analyze the relationship of some categorical variables and the outcomes, these were transformed into dichotomies. Thus, the proportions test (chi-square) was used to observe the independence between the univariates in order to obtain the odds ratios (ORs) in a correlation model between potentially predictive univariates and the outcomes. In multivariate statistics, the relationships of multiple variables were only verified for those deemed to be significant upon entry (variables with p <0.10) so as to observe their degree of independence. The binary logistic regression model, by means of the maximum likelihood technique, was used, in which the dependent variable was dichotomous and the predictor variables were inserted by the stepwise model, considering the absence of collinearity by the VIF index (variance inflation factor), with the goodness of fit evaluated by the Hosmer-Lemeshow diagram. The predictor variables were analyzed simultaneously in such a way that the effect of each variable was adjusted in order to have an effect on the others. This regression model systematically adds the most significant variable or removes the least significant variable during each step. The standardized Crombach’s α index was used to calculate the reliability of the TIMI-flow and MBG angiographic scores estimated by medical operators.

Receiver Operating Characteristic (ROC) curves were constructed in order to determine the sensitivity and specificity of the in-hospital outcome prediction scores. The shape of a ROC curve and the area under the curve (AUC) aided in estimating how high the discriminative power of a test was. A perfect diagnostic test has an AUC of 1.0, whereas a non-discriminatory test has an area of 0.5. Other analyses were also applied, considering the likelihood ratios in the prediction of events. Thus, based on the likelihood ratios, the diagnostic odds ratio (DOR), a global measure of diagnostic accuracy, was calculated, that is, the ratio of the odds of positivity in subjects with the outcome to the odds in subjects without the outcome. Our study considered a p-value <0.05 to be statistically significant in two-tailed tests. All analyses were performed using the SPSS, version 20 (IBM-SPSS Statistics, USA)®

Results

Clinical and epidemiological characteristics

Table 1 shows that patients had a median (IQR) of 58 (50-65) years, and approximately 70% were male. Most patients were hypertensive and smokers, and nearly a third had diabetes. There was a small proportion of patients who presented prior events, such as myocardial infarction, surgical or percutaneous revascularization, and prior stroke. The elderly group were those aged ≥60 years. The risk predictors included data on the patient’s medical history and risk factors, which were reviewed during hospital admission. This study also provides data on hemodynamic variables obtained in the emergency room, such as laboratory data (necrosis and biochemical markers) (Table. 2).

Table 1. Baseline characteristics of the studied cohort.

Variables
Epidemiological Measures
Age; md (IQR) - years 58 (50-65)
Women: md (IQR) - years 60 (52-68)
Men: md (IQR) - years 57 (49-64)
Elderly (≥60 years), n (%) 998 (43,6)
Gender; n (%) Male: 1607 (70.2)
Female: 683(29.8)
Habits – Addictions Measures
Smoking, n (%) 1472 (64.3)
Alcoholism, n (%) 304 (13.3)
Illicit drugs, n (%) 97 (4.2)
Clinics
Obesity, n (%) 481 (21.0)
*BMI, Kg/m2; md (IQR) 26 (23.8-29.3)
Arterial Hypertension, n (%) 1405 (61.4)
Diabetes mellitus, n (%) 661 (28.9)
Dyslipidemia, n (%) 1133 (49.5)
Hypothyroidism, n (%) 145 (6.3)
Chronic kidney disease, n (%) 187 (8.2)
Peripheral arterial disease, n (%) 117 (5.1)
Prior Stroke, n (%) 99 (4.3)
Chronic coronary syndrome Measures
Prior myocardial infarction, n (%) 242 (10.6)
Prior coronary angioplasty, n (%) 129 (5.6)
Prior surgical myocardial revascularization, n (%) 45 (2)

Notes: Data on medical history and comorbidities were derived from physician interviews. Demographic information and risk factor profiles were reported by patients, and trained staff reviewed the data during hospitalization. Data are expressed as median (md) and interquartile range (IQR), and categorical variables as frequency (%). For age comparison between genders, the Mann-Whitney non-parametric test was used. Chronic kidney disease (CKD) was estimated by the Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) equation and defined when the estimated glomerular filtration rate (eGFR) <60 mL/min/1.73 m2; obesity when BMI ≥30; hypertension defined by the use of antihypertensive drugs or systolic blood pressure ≥140 mmHg and/or diastolic blood pressure ≥90 mmHg. Smoking was defined for both ex-smoker and current smokers; dyslipidemia was defined by the use of specific drugs or total cholesterol ≥200 mg/dL, or triglycerides ≥150 mg/dL; diabetes was defined as specific treatment or glycated hemoglobin (HbA1c) ≥6.5%.

*

BMI: Body mass index.

Table 2. Clinical and hemodynamic characteristics, prediction scores, and pivotal times were obtained during the first medical contact and during the period of hospital stay.

Variables obtained during the first medical contact Measures
Hemodynamic variables
Systolic blood pressure, mmHg; md (IQR) 130 (115-150)
Diastolic blood pressure, mmHg; md (IQR) 80 (70-93)
Heart rate, md (IQR) 76 (66-90)
Killip-Kimball classification, n (%) Killip-Kimball – I: 1670 (72.0)
Killip-Kimball – II: 362 (15.8)
Killip-Kimball – III: 52 (2.3)
Killip-Kimball – IV: 203 (8.0)
Clinical presentation
(main symptom), n (%)
Typical Pain: 1939 (88.5)
Atypical Pain: 166 (7.6)
Dyspnea: 38 (1.7)
Syncope: 26 (1.2)
* Some patients (4%) with more than 1 reported symptom
Risk Scores
TIMI-Risk, (0-14); md (IQR) 3 (2-5)
Grace-escore; md (IQR) 135 (115-160)
Pivot Times
Pain-Health Unit, min; md (IQR) 120 (60-220)
Pain-Needle, min; md (IQR) 222 (140-345)
Door-Needle, min; md (IQR) 71 (42-135)
Lysis-Angiography, hours; md (IQR) 12 (5,67-23)
Variables obtained during the hospital period Measures
Necrosis biomarkers
Initial troponin, mg/L; md (IQR) 2655 (538-7967)
Maximum troponin, mg/L; md (IQR) 4718 (1481-9842)
Laboratory variables
Hemoglobin / Hematocrit, g/dL / %; m ± SD 14.37 ± 2,09 / 42.92 ± 12.56
Blood glucose / Glycated hemoglobin, mg/dL / %; md (IQR) 122 (102-160) / 6 (5.6-6.8)
Total Cholesterol, mg/dL; md (IQR) 191 (157-225)
HDL-C, mg/dL; md (IQR) 37 (25-46)
LDL-C, mg/dL; md (IQR) 110 (60-142)
Triglycerides, mg/dL; md (IQR) 118 (77-175)
*AST, u/L; md (IQR) 144 (63-280)
ALT, u/L; md (IQR) 43 (27-72)
Creatinine, mg/dL; md (IQR) 0,9 (0.74-1.10)
Estimated Glomerular Filtration Rate, (MDRD); md (IQR) 85 (64-107)

Notes: Data are expressed as median (md) and interquartile range (IQR), or mean and standard deviation (m ± sd), and categorical variables are presented as frequency (%). Time metrics are expressed in minutes (min). Estimated Glomerular Filtration Rate by Modification of Diet in Renal Disease (MDRD)

*

AST: aspartate aminotransferase

ALT: alanine aminotransferase.

Prediction scores, clinical presentation and pivotal times

In the analysis of ischemic symptoms, most patients reported chest pain defined as typical, which may or may not be associated with dyspnea or syncope. Angina prior to the event was present in 28%, which was more prevalent in patients with prior myocardial infarction. Women showed a high frequency of atypical symptoms, such as dyspnea and syncope, as shown in Table 3.

Table 3. Variables associated with the type of clinical presentation in a univariate model and after multivariate adjustments in multinomial logistic regression.

Model without adjustments Typical Pain Atypical Pain Dyspnea Syncope
Variables Odds-ratio
(95% CI), p-value
Odds-ratio
(95% CI), p-value
Odds-ratio
(95% CI), p-value
Odds-ratio
(95% CI), p-value
n = 1939 n = 166 n = 38 n = 26
Male 0.95
(0.71-1.27), p=0.74
1.05
(0.79-1.40), p=0.73
0.51
(0.27-0.96), p=0.026
0.39
(0.18-0.83), p=0.018
Obesity 1.07
(0.78-1.50), p=0.65
0.92
(0.67-1.28), p=0.65
0.30
(0.09-0.98), p=0.02
0.29
(0.07-1.26), p=0.09
Alcoholism 0.80
(0.56-1.15), p=0.24
1.24
(0.86-1.78), p=0.24
1.15
(0.48-2.77), p=0.44
1.49
(0.56-3.97), p=0.39
Hypertension 0.96
(0.73-1.26), p=0.78
1.03
(0.79-1.35), p=0.79
1.31
(0.67-2.56), p=0.26
0.67
(0.31-1.44), p =0.32
Dyslipidemia 1.39
(1.07-1.81), p=0.013
0.71
(0.55-0.93), p=0.013
1.25
(0.66-2.35), p=0.52
0.35
(0.15-0.84), p =0.019
Prior myocardial infarction 1.05
(0.68-1.61), p=0.81
0.95
(0.62-1.46), p=0.82
3.31
(1.63-6.72), p=0.002
0.67
(0.16-2.86), p =0.59
Prior Stroke 0.75
(0.42-1.34), p=0.34
1.32
(0.74-2.37), p=0.34
1.82
(0.55-6.00), p=0.24
0.85
(0.11-6.32), p =0.87
Peripheral artery disease 0.78
(0.45-1.35), p=0.30
1.27
(0.74-2.20), p=0.38
1.52
(0.46-5.00), p=0.45
0.71
(0.09-5.29), p =0.74
Chronic kidney disease 0.53
(0.35-0.79), p=0.002
1.88
(1.26-2.80), p=0.002
4.47
(2.19-9.10), p<0.001
1.97
(0.67-5.77), p =0.27
Smoking 1.17
(0.90-1.53), p=0.23
0.85
(0.65-1.11), p=0.23
1.15
(0.59-2.25), p=0.74
0.59
(0.27-1.27), p =0.22
Diabetes 0.95
(0.72-1.27), p=0.76
1.04
(0.78-1.39), p=0.75
2.26
(1.21-4.24), p=0.013
0.70
(0.28-1.74), p =0.52
Elderly 0.87
(0.67-1.13), p=0.32
1.14
(0.88-1.48), p=0.32
1.77
(0.94-3.33), p=0.07
0.76
(0.34-1.66) p =0.56
Adjusted model Typical Pain Atypical Pain Dyspnea Syncope
Variable Odds-ratio
(95% CI), p-value
Odds-ratio
(95% CI), p-value
Odds-ratio
(95% CI), p-value
Odds-ratio
(95% CI), p-value
Males NA NA 0.51
(0.26-0.97), p=0.04
0.32
(0.15-0.70), p=0.005
Obesity NA NA 0.29
(0.08-0.95), p =0.04
NA
Dyslipidemia 1.44
(1.10-1.87), p=0.007
0.69
(0.53-0.90), p =0.007
NA 0.36
(0.15-0.87), p=0.02
Prior myocardial infarction NA NA 2.68
(1.28-5.58), p=0.008
NA
Chronic kidney disease 0.50
(0.34-0.75), p=0.001
1.97
(1.32-2.94), p=0.001
3.33
(1.59-6.98), p=0.001
NA
Diabetes Mellitus NA NA 1.93
(1.01-3.71), p=0.04
NA

Notes: Data are expressed for (OR; 95% CI. p-value). In the multivariate analysis the predictor variables were analyzed simultaneously, so that the effect of each variable was adjusted for the effect of the others. Bold indicates statistical significance. Chronic kidney disease (CKD) was estimated by Modification of Diet in Renal Disease (MDRD); elderly: age ≥60 years. Bold indicates statistical significance. NA: not applicable.

Women presented a delay between the patient’s arrival at the emergency unit and the beginning of treatment: [women (2 h:17 min.) vs men (1 h:58 min.), p=0.021]. The stratified time (≥240 min.) to receive treatment was favorable to the males: [OR 0.73; 95% CI (0.55-0.98), p=0.03]. Another relevant finding was the longer time interval between the onset of symptoms and the search for medical care among women: [women: (3 h:14 min.) vs men (2 h:48 min.), p=0.008]. During this period, diabetic women presented a longer time interval between the onset of symptoms and thrombolysis, including the arrival at the emergency unit at the beginning of treatment (pain-thrombolysis time), especially when compared to non-diabetic men (Figure 1).

Figure 1. Time metrics related to gender and presence or absence of diabetes. Note. Pain-needle time expressed as mean (minutes). * Significant p-value when comparing non-diabetic men versus women with diabetes.

Figure 1

Most patients were in a low functional class, according to the KK score: [I (73%), II (16.3%), III (2.2%), and IV (8.6%)]; low-risk profile in the TIMI-Risk predictions score: [3, IQR (2-5)]; and GRACE: [136, IQR (117-161)]. Approximately 24% of the patients were referred for rescue angioplasty, as judged by the local medical team, for not achieving criteria for successful initial reperfusion therapy.

Angiographic findings (culprit artery)

  1. left anterior descending artery (LAD): 46.3%; 2) right coronary artery (RCA): 32.1%; 3) left circumflex artery (LCX): 6.1%; 4) left main coronary artery (LMCA): 0.4%; 5) posterior descending artery (PDA): 0.3%; 6) posterior ventricular branch (PV): 0.9%; 7) left marginal branch: 1.0%; 8) diagonal branch: 0.7%; 9) unidentified artery: 12.1%. The subgroup analysis found no significant associations between the culprit artery and prior risk factors, nor with the initial clinical presentation of ischemic symptoms.

The TIMI-flow and MBG (initial and final) scores were recorded, ranked from 0 to 3: [TIMI-initial flow: (3)] and [MBG-initial: (3)] in approximately 60% and 42%, respectively. When these post-percutaneous procedure scores were analyzed, the [TIMI-final flow: (3)] and the [MBG-final: (3)] rates were: 78% and 58%, respectively, with a high level of reliability: Crombach’s α =0.88.

Outcomes associated with complications in the hemodynamics laboratory and by the index event

The average length of hospital stay was 2.0 ± 1.3 days, from admission to tertiary hospital up to discharge or transference to a counter-referenced hospital to continue the treatment. A longer hospital stay was observed in the elderly group: [1.9 days (non-elderly) vs. 2.3 days (elderly), p=0.004] and notably in the group of patients who required replacement blood products due to bleeding: [1.9 days (without bleeding) vs. 3.4 days (major bleeding), p=0.004].

The present study recorded the frequency of complications during the angiographic procedure, as well as those observed during the hospitalization period. These complications included important events, such as coronary dissection or rupture, among others, such as clinical complications, arrhythmias, and bleeding at the puncture site. Although infrequent, major bleeding was independently associated with in-hospital mortality. Higher bleeding rates were observed in the elderly group: [OR: 1.86; 95% CI (1.04-3.16), p=0.023].

Predictors and variables associated with mortality rates

The in-hospital mortality rate was 5.6%, with 128 deaths; of these, 23 (17.9%) occurred in the hemodynamics laboratory, with electrical instability or mechanical complications being the most prevalent and with a higher incidence occurring in the rescue group (11.5% vs. 2.4%). Regarding epidemiological characteristics and risk factors, a similar distribution of the analyzed variables was observed among surviving patients, when compared with those who died during the hospital period, except for the GRACE score, which showed higher values in patients who died: [134 (115-157) vs. 202 (155-233), p<0.001]. The GRACE score (median score 136) showed good sensitivity but low specificity [sensitivity: 0.86%; specificity: 0.53%]. The TIMI-Risk Prediction Score (median score 3) presented the following: sensitivity: 0.87%; specificity: 0.57% (Table 4).

Table 4. Clinical and epidemiological variables between the “survivor” and the “death” groups.

Survivor group Death group p-value
Variables 2162 (94.4%) 128 (5.6%)
Epidemiological
Age, years: 58 (50-66) 56 (48-65) 0.047
Male gender: Homens: 71.1% Homens: 53.2% 0.02
Risk Scores
Killip-Kimball, (%): Killip-Kimball - I: 75.6% Killip-Kimball- I: 20.6% 0.09
Killip-Kimball - II: 16.4% Killip-Kimball- II: 7.9% 0.42
Killip-Kimball - III: 2.2% Killip-Kimball- III: 4.8% 0.96
Killip-Kimball - IV: 5.7% Killip-Kimball- IV: 66.5% 0.08
TIMI-Risk: 3 (2-5) 6 (5-8.2) 0.26
GRACE-score: 134 (115-157) 202 (155-233) p <0.001
ECG-variables
ECG wall anterior wall anterior wall anterior wall
inferior wall inferior wall inferior wall
lateral wall lateral wall lateral wall
Hemodynamic Variables
Infarct-related artery: ADA: 45.5% ADA: 38.9% 0.84
ACD: 32.5% ACD: 36.5%
ACX: 6% ACX: 10.3%
Others: 22.4% Others: 14.3%
Left ventricular ejection fraction (LVEF): 50 (40-59) 49 (40-60) 0.17
Initial TIMI-flow: TIMI-0: 19.6% TIMI-0: 36.8% 0.97
TIMI-1: 3.3% TIMI-1: 11.3%
TIMI-2: 15.4% TIMI-2: 17%
TIMI-3: 61.7% TIMI-3: 34.9%
Final TIMI-flow: TIMI-0: 4.6% TIMI-0: 19.8% 0.10
TIMI-1: 1.2% TIMI-1: 4.7%
TIMI-2: 14.1% TIMI-2: 24.5%
TIMI-3: 80.1% TIMI-3: 50.9%
Initial myocardial Blush-grade: Blush-0: 40.8% Blush-0: 71.7% 0.77
Blush-1: 3.8% Blush-1: 2.8%
Blush-2: 2.6% Blush-2: 1.9%
Blush-3: 52.8% Blush-3: 23.6%
Final myocardial Blush-grade: Blush-0: 24.7% Blush-0: 61% 0.39
Blush-1: 8.8% Blush-1: 9.5%
Blush-2: 6.1% Blush-2: 5.7%
Blush-3: 60.4% Blush-3: 23.8%
Laboratory Variables
Initial troponin (at baseline): 2704 (618-7889) 3413 (280-11506) 0.83
Maximum troponin: 4820 (1661-9796) 7925 (1145-1774) 0.80
*eGFR, (MDRD): 86 (67-107) 91 (66-111) 0.62
Hemoglobin: 14.5 (13.3-15.7) 13.7 (12.5-15.1) 0.05
Hematocrit: 42.9 (39.6-46.2) 41 (37.9-45.5) 0.14
Pivot Times
Pain-Needle Time, (min): 220 (140-345) 245 (150-516) 0.08
Door to Needle Time, (min): 75 (45-135) 78.5 (45-163.7) 0.12
Lyse-CATHETERISM TIME, (hours): 11 (5-22) 11 (5-21.7) 0.43

Notes: Data are expressed as median (md) and interquartile range (IQR), and categorical variables are expressed as frequency (%). The χ² (chi-squared) test was used for the independent samples.

*

eGFR: estimated glomerular filtration rate by Modification of Diet in Renal Disease (MDRD).

LVEF: Left Ventricular Ejection Fraction.

Lyse-CATHE (fibrinolysis-catheterization); ECG: electrocardiographic. Bold indicates statistical significance.

The KK functional classification showed good performance in predicting in-hospital mortality: AUC: [0.77 95% CI (0.73-0.81), p<0.001] in the group with a score ≥ II, showing better accuracy than the reperfusion angiographic scores: TIMI-Flow (3) and MBG (3), AUC: [0.69; 95% CI (0.64-0.75), p<0.001], as well as a better performance when we stratified the patients, according to left ventricular ejection fraction, AUC: [0.52; 95% CI (0.47-0.58), p=0.34].

Our study was careful to evaluate the performance of the prediction scores: TIMI-Risk, AUC: [0.79; 95% CI (0.75-0.84)], p<0.001; GRACE, AUC: [0.82; 95% CI (0.78-0.86), p<0.001]; Killip-Kimball AUC: [0.82; 95% CI (0.78-0.87), p<0.001], (Figure 2). For the Killip-Kimball categories, the following scores were obtained: positive likelihood ratio: 3.76; negative likelihood ratio: 0.33; and DOR (Diagnostic Odds Ratio): 11.39 for in-hospital mortality prediction rates, defined as the probability of patients in the functional class ≥ II (II, III, IV) who died, relative to the probability of patients in the functional group ≥ II who survived.

Figure 2. Prediction scores for in-hospital mortality. Note. The C-Statistics, ROC and AUC. TIMI-Risk, AUC: [0.79; 95% CI (0.75-0.84), p<0.001]; GRACE-score, AUC: [0.82; 95% CI (0.78-0.86), p<0.001]; Killip-Kimball, AUC: [0.82; 95% CI (0.78-0.87), p<0.001].

Figure 2

In a logistic regression model with covariance analyses, obesity, women, patients with diabetes mellitus, chronic renal failure, previous stroke, and the elderly were associated with the highest rates of fatal events (Figure 3). The model fit presented a good predictive performance.

Figure 3. In-hospital mortality predictors. Note. Prediction variables in a binary logistic regression model, with OR-95% CI; and p-value.

Figure 3

Discussion

Even with the existence of many effective therapies, qualitative information is still lacking for stratification, notably in the pharmaco-invasive strategy, where the initial health assessment seems closely related to the prognosis. There are many approaches to risk stratification. Some are very complex and costly, but simple procedures can also be effective. In this light, the present study sought to provide descriptive epidemiological data on the different forms of acute ischemic symptoms, as well as show the applicability of some prediction scores in patients who received medical care mainly in basic health units and were subsequently referred to a tertiary university hospital for angiographic study and invasive procedures.

Not every acute coronary syndrome shows classic signs or symptoms, such as the typical precordial or retrosternal pain, in turn delaying the diagnosis and therapeutic approaches, and impacting the prognosis. Thus, there is great interest in the major determinants of mortality and short-term complications after an acute myocardial infarction.11 In recent years, major advances in diagnosis and treatment have contributed to the decline in mortality due to coronary heart disease. In fact, efforts have been made for more active primary prevention, through a better control of risk factors, lifestyles, and pharmacological resources. Nevertheless, challenges regarding the prevention and treatment of cardiovascular diseases need to be widely available and applied without distinction.

Clinical presentation and events in subgroups

There is evidence of differences among genders in the application of technological advances.1215 In our analysis, symptoms referred to as dyspnea or syncopal episodes were significantly more prevalent in women, and were particularly relevant for this group, presenting higher mortality rates. Several multifactorial mechanisms have been proposed for the greater cardiac mortality of women. The explanations often include a smaller coronary diameter in females, lower collateral flow, predisposition to plaque erosion and distal embolization, and other phenotypic characteristics of atherosclerotic plaques.1618 Women generally present events approximately a decade later than men, notably in post-menopause, possibly due to an estrogenic decrease and a loss of protective effects, with a consequent worsening of risk factors, weight gain, and insulin resistance.1921 In our cohort, the delay in recognizing symptoms, possibly due to their atypical appearance, had an impact on temporal metrics for thrombolysis, such as those recorded in the group of women and diabetics.

Diabetes is a potential risk factor in women. A meta-analysis to estimate the relative risk of fatal coronary heart disease associated with diabetes, involving approximately 450,000 patients, revealed a 50% higher relative risk in women.22 The higher coronary risk associated with diabetes in women may reflect a treatment bias favorable to men. Studies show that men with diabetes or established cardiovascular disease are more likely to receive antiplatelet drugs, statins, or antihypertensive drugs than women.23,24 Additionally, there are reports of poor adherence to guideline recommendations in women, such as a longer door-to-balloon time.2528 It was also observed that males received fibrinolytic therapy earlier, possibly due to the clearer presentation of ischemic symptoms.

The clinical appearance, defined above as dyspnea, was more prevalent in patients with previous infarctions, possibly due to additional myocardial impairment. The report of dyspnea was also noted in patients with diabetes. This may have had a significant impact on the mortality rate due to the absence of typical symptoms or warning signs.

Risk scores

Although there is no ideal stratification model, it should contain the following characteristics: easy implementation, objectivity, accuracy, and widespread use. Killip-Kimball, a functional classification method applied during first medical contact, was an important predictor for fatal outcomes during the hospital period, with a good negative predictive value. The index of the severity of cardiac insufficiency in patients with acute myocardial infarction was proposed by Thomas Killip and John Kimball in an attempt to measure the risk of in-hospital events and the potential benefit of the specific management of medical care provided in coronary care units. Our analysis highlights the clinical use of a physical examination as a simple tool without sophisticated technological requirements in order to identify signs of heart failure upon hospital admission, which played a relevant prognostic role in mortality rates for the hospital period, since the proportions of deaths and the distributions of survival data were significantly different within Killip-Kimball class > I.

Hospital mortality rates

The mortality rate, including events during the angiographic procedure and those related to the index event, was associated with mechanical complications and severe and irreversible electrical disturbances. It has been reported that delays in recanalization time are associated with a greater impairment of ventricular function, microcirculation disturbances, and higher mortality rates.29 It is interesting to note that our study found no association of mortality rates among patients in the group with lower left ventricular ejection fraction (LVEF) nor with the angiographic scores. In fact, totally occluded culprit lesion (TIMI-flow-0) proved to be unassociated with higher in-hospital mortality rates after STEMI treated with TNK, when compared to TIMI-flow ≥1. Moreover, malignant ventricular arrhythmias can appear earlier in ischemic processes and continue to be an expected cause of death in myocardial infarctions.30,31 In our cohort, in-hospital mortality rates were higher among patients with sustained malignant ventricular arrhythmias than among patients without sustained ventricular arrhythmias, defined as ventricular tachycardia or fibrillation. However, due to the observational characteristic of our study, several difficulties were encountered in characterizing the ventricular arrhythmias, especially in the post-angioplasty period, as the occurrence of these events was difficult to predict. Thus, it can be speculated that severe electrical disturbances could be a strong marker of in-hospital outcomes, despite the success of percutaneous coronary intervention and their respective angiographic scores, and they may not be correlated with LVEF as well. Presumably, it seems to be a better marker when applied to measure outcomes in the medium and long terms.

Some subgroups of special interest were examined in their associations with mortality rates, such as women, obese patients, diabetics, and elderly individuals. In this sense, after myocardial infarction, women appear to be at a higher risk of reinfarction and death, which can be partially explained by the more advanced age, as observed in our study.

By contrast, chronic kidney disease (CKD) represents an independent risk factor for the development of ischemic heart disease, increasing mortality with the advancement of renal impairment. Previous kidney damage to or as a consequence of infarction is associated with worse outcomes.32,33 It is likely that there is a reciprocal relationship between the coronary atherosclerotic process and the renal function, and that the presence of coronary disease would be associated with a worsening of the renal function. CKD and cardiovascular disease are closely related, and the presence of one condition synergistically affects the prognosis of the other.34 Our data express the highest mortality rates for these patients.

Patients who had suffered a prior stroke also showed higher rates of fatal events, highlighting the need for prevention and adequate care for this subgroup.35,36 The same concept may be applicable for elderly individuals, possibly due to the greater biological frailty in this group. The mechanisms for this relation seem to be multiple, involving anatomical, biochemical, and immunological characteristics, or even longer exposure to classic risk factors. Another finding in our cohort was the higher mortality rates in patients with diabetes mellitus, which is in agreement with previous studies.37–39 Diabetes mellitus is often associated with multiple mechanisms for cardiovascular disease, such as obesity, hypertension, renal failure, subclinical inflammation, endothelial dysfunction, and microvascular impairment. Nonetheless, no significant differences were found in either the TIMI-flow or the MBG reperfusion angiographic scores when comparing the groups of patients with and without diabetes.

Strengths and limitations

The present study has limitations. First, it was an observational study, with correction of known or measured confounding factors. Thus, we cannot conclude that the observed associations are causal. Furthermore, our records included only patients who underwent pharmaco-invasive intervention, disregarding those who were referred for primary percutaneous treatment or those who had formal contraindications for fibrinolysis. Given that the study was performed at a single university center, these standards of practice and results should be interpreted with caution. Another limitation of our study was the analysis of outcomes for the in-hospital period only. In an important sense, our internal validation indicated that the model fit was good and the diagnostic prediction models performed well in independently predicting the prognosis.

Conclusions

Our data revealed higher in-hospital mortality rates in women; in patients with diabetes mellitus, obesity, CKD, and prior stokes; as well as in the elderly. The significant gender-related disparity persists in women, with delays in the recognition of symptoms of ischemia, and the immediate initiation of fibrinolytic therapy, thus favoring worse clinical results. The applicability of the Killip-Kimball score in accurately predicting fatal events should be highlighted, regardless of the clinical presentation of the acute ischemic event, measured upon the first medical contact, especially in the pharmaco-invasive strategy.

Footnotes

Sources of Funding

There were no external funding sources for this study.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Ethics approval and consent to participate

This study was approved by the Ethics Committee of the Universidade Federal de São Paulo under the protocol number CAAE: 38692514.1.1001.5505. All the procedures in this study were in accordance with the 1975 Helsinki Declaration, updated in 2013. Informed consent was obtained from all participants included in the study.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

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