Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
letter
. 2022 Dec 20;120(1):e20210550. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20210550
View full-text in English

Dissecção Espontânea da Artéria Coronária: Existem Diferenças entre Homens e Mulheres?

Teresa Alvarado 1,*, Marcos García-Guimaraes 2,*, Juan Manuel Nogales 3, Marcelo Jimenez-Kockar 4, Fernando Macaya 5, Fernando Alfonso 1
PMCID: PMC9833275  PMID: 36629596

Introdução

A dissecção espontânea da artéria coronária (DEAC) é uma causa pouco comum, mas cada vez mais reconhecida da síndrome coronariana aguda (SCA), que afeta principalmente as mulheres. É a principal causa da SCA em relação à gravidez e em até um terço das mulheres com >50 anos de idade. 1 , 2 Devido ao perfil demográfico único e à baixa prevalência de fatores de risco cardiovascular tradicionais, sua causa parece ser multifatorial, com contribuições de fatores genéticos, influências hormonais, arteriopatias herdadas ou adquiridas e doenças inflamatórias sistêmicas. 1 A DEAC é definida como uma separação espontânea (não iatrogênica) das camadas da parede arterial coronariana. Dois importantes mecanismos poderiam explicar a fisiopatologia da DEAC. No primeiro, o evento primário é uma hemorragia na mídia sem ruptura intimal; no segundo, o evento primário é a formação de um rompimento que leva a um retalho intimal. Essa ruptura inicial leva à formação de um hematoma intramural ou um lúmen verdadeiro e falso que pode causar isquemia miocárdica. 1 , 2 Nossa compreensão dessa doença melhorou muito na última década, como resultado dos esforços internacionais de pesquisa. 1 , 2 Entretanto, como aproximadamente 90% dos casos afetam as mulheres, as características da DEAC nos homens e as possíveis diferenças clínicas entre os sexos continuam pouco estabelecidas. 3 Segundo dados anteriores, homens com DEAC têm fatores de predisposição e precipitação diferentes das de mulheres. A presença de displasia fibromuscular (DFM) e a associação com distúrbios mentais parecem ser menos comuns em homens, enquanto que o exercício físico intenso é mais comumente observado como desencadeador da DEAC nesse grupo. 4 , 5 O objetivo desse estudo foi comparar características básicas, apresentação clínica, características angiográficas, estratégias de manejo e curso hospitalar entre homens e mulheres com DEAC.

Métodos

O Registro espanhol da DEAC (SR-SCAD) (NCT03607981) é um estudo multicêntrico prospectivo de âmbito nacional sobre DEAC realizado sob os auspícios da Associação de Cardiologia Intervencionista da Sociedade Espanhola de Cardiologia. O protocolo específico, assim como o formulário de relato de caso e o consentimento informado, foram aprovados pelo Comitê de Ética do centro coordenador (Hospital Universitário La Princesa, Madri), de acordo com a legislação espanhola vigente. De junho de 2015 a abril de 2019, 344 pacientes consecutivos com DEAC (387 lesões) foram incluídos de 31 centros espanhóis. Todos os angiogramas coronarianos foram cuidadosamente revisados em conjunto por 2 profissionais especializados no laboratório central do centro coordenador, usando uma metodologia pré-definida para análise da DEAC. 6 Após cuidadosa revisão dos angiogramas e dos dados clínicos, 26 pacientes foram excluídos devido a um diagnóstico alternativo mais provável. O tipo de DEAC foi caracterizado utilizando a classificação angiográfica Saw. 7 As lesões com aparência de duplo lúmen foram classificadas como Tipo 1. O Tipo 2 foi definido como uma mudança abrupta no calibre arterial com demarcação clara do diâmetro normal para o estreitamento difuso. As lesões com estreitamento focal, parecidas com lesões ateroscleróticas, foram classificadas como Tipo 3. Para a definição de outros padrões angiográficos, tais como a morfologia “inseto bastão” ou “rabanete”, seguiu a descrição inicial de Motreff et al. 8 A presença de outros achados angiográficos sugestivos de DEAC, tais como um padrão de “linha quebrada” também foi sistematicamente avaliado. Finalmente, a análise da tortuosidade coronária foi realizada de acordo com a definição da Clínica Mayo. 9

As variáveis contínuas são expressas como média ± desvio padrão, e as variáveis categóricas como frequências e porcentagens. Na comparação, utilizaram-se os testes qui-quadrado ou exato de Fisher, como requerido para dados categóricos, e o teste t de Student para variáveis contínuas.

Resultados

Comparou-se um total de 39 homens e 279 mulheres com DEAC ( Tabela 1 ). A idade foi semelhante em ambos os grupos e a maioria dos pacientes apresentava alguns fatores clássicos de risco cardiovascular. O consumo de drogas recreativas foi significativamente maior nos homens (26% vs 3%; p<0,01) enquanto o hipotireoidismo foi mais comum nas mulheres (15% vs 3%; p=0,04). O estresse emocional e físico eram os desencadeadores numericamente mais comuns nas mulheres e nos homens, respectivamente, mas sem diferenças estatisticamente significativas. A maioria dos pacientes apresentava-se sob a forma de infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST. Os homens apresentavam mais frequentemente arritmias ventriculares como sintoma inicial (8% vs 1,4%; p= 0,01) e também durante a internação (5% vs 0,4%; p<0,01) do que as mulheres ( Tabela 1 ). Não houve diferenças na detecção de malformações vasculares extracoronarianas (MVEs) ou DFM entre os homens e mulheres que se submetem à triagem para essa patologia.

Tabela 1. Diferenças entre os sexos na DEAC: Características basais e apresentação clínica.

  Homens (n=39) Mulheres (n=279) p
Idade (anos) 50±10 54±11 0,3
Alguns fatores de risco cardiovascular 32 (82%) 216 (77%) 0,5
Hipertensão arterial 12 (31%) 106 (38%)  
Dislipidemia 14 (36%) 97 (35%)  
Diabetes mellitus 2 (5%) 14 (5%)  
Drogas recreativas 10 (26%) 9 (3%) <0,01
Hipotireoidismo 1 (3%) 41 (15%) <0,01
Depressão 8 (20%) 57 (20%) 1
Ansiedade 4 (10%) 51 (18%) 0,2
Estresse emocional 5 (13%) 74 (26%) 0,06
Exercício físico intenso 7 (18%) 36 (13%) 0,4
IAMSSST 20 (51%) 150 (54%) 0,8
IAMCSST 12 (31%) 113 (40%) 0,3
Arritmias ventriculares      
Sintoma inicial 3 (8%) 4 (1,4%) 0,01
Internação 2 (5%) 1 (0,4%) <0,01

IAMSSST: infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST; IAMCSST: infarto do miocárdio com elevação do segmento ST.

Notavelmente, as características angiográficas foram significativamente diferentes entre os sexos. Os homens eram mais propensos a apresentar leves anomalias coronarianas angiográficas compatíveis com aterosclerose das coronárias associada em outros territórios (15% vs 4%; p<0,01), enquanto apresentavam menos frequentemente tortuosidade das artérias coronárias (36% vs 72%, p<0,01). Além disso, alguns padrões angiográficos característicos previamente descritos nesta entidade, 8 tais como a morfologia “rabanete invertido” e a terminação da DEAC pouco antes da formação do ramo lateral, foram mais frequentemente observados em homens. Por outro lado, a morfologia “inseto bastão” e “linha quebrada” ocorreu principalmente em mulheres. ( Tabela 2 ) ( Figura 1 ).

Tabela 2. Diferenças entre os sexos na DEAC: características angiográficas.

  Homens (n=39) Mulheres (n=279) p
IVUS/OCT 8 (20%) 25 (9%) 0,03
ADA esquerda 16 (41%) 133 (48%) 0,9
Aterosclerose coronária 6 (15%) 10 (3,6%) <0,01
Tortuosidade coronária 14 (36%) 201 (72%) <0,01
Tipo 1 Saw 11 (28%) 59 (21%) 0,4
Tipo 2 Saw 22 (56%) 172 (62%) 0,5
Morfologia “Rabanete” 3 (7,7%) 41 (15%) 0,2
Morfologia “Rabanete invertido” 6 (15%) 12 (4%) <0,01
DEAC termina antes da formação do ramo lateral 4 (10%) 7 (2,5%) 0,03
Morfologia “linha quebrada” 1 (3%) 52 (19%) 0,01
Morfologia “inseto bastão” 0 (0%) 26 (9%) 0,05

IVUS: ultrassom intravascular; ADA: artéria descendente anterior; OCT: tomografia de coerência óptica ; DEAC: dissecção espontânea da artéria coronária.

Figura 1. Painel superior. (A-C) Vista angiográfica cranial direita (A) e esquerda (C) em um homem de 45 anos, sem fatores de risco cardiovascular, admitido por NSTEMI. Observa-se lesão extensa na ADA esquerda leve, característica de DEAC com IMH tipo 2a (delimitada por linhas brancas tracejadas), que também afeta o óstio do segundo ramo diagonal (asterisco preto). O IMH começa e termina após a formação de dois ramos septais (S). Na porção final do IMH há evidência de uma mudança abrupta no calibre do vaso gerado pela compressão gerada pelo próprio IMH e recuperação distal do calibre normal. Essa morfologia lembra uma cauda de rabanete (morfologia “rabanete”) (B) descrita nesta entidade. Considera-se também a ausência de tortuosidade coronária significativa nesse homem com DEAC. Painel inferior. (D-F) Projeções angiográficas com angulação craniana de uma mulher de 65 anos, ex-fumante, com hipertensão e dislipidemia, admitida por IAMSSST, com dados eletrocardiográficos sugestivos de isquemia anterior. (D) Redução do calibre na ADA esquerda leve e uma extensa lesão no primeiro ramo diagonal (limitada por setas brancas) compatível com IMH tipo 2a. Destaca a presença de um segmento distal saudável da ADA esquerda com tortuosidade significativa, enquanto o ramo diagonal afetado apresenta uma acentuada “retificação” dos ângulos suaves na curvatura arterial, com um padrão de “linha quebrada” (linha amarela quebrada) também descrito nessa patologia. Decidiu-se implantar diretamente um stent farmacológico (E, asteriscos) com um bom resultado final (F, segmento delimitado por linhas amarelas), mas com uma discreta deterioração no ramo diagonal, devido à extensão do IMH. IMH: hematoma intramural; ADA: artéria coronária descendente anterior; IAMSSST: infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST; DEAC: dissecção espontânea da artéria coronária.

Figura 1

O tratamento foi principalmente o manejo médico conservador em ambos os grupos. Entretanto, a intervenção coronariana percutânea (ICP) foi usada como tratamento primário em 22% das mulheres e 23% dos homens. Os procedimentos mais comuns de ICP foram o implante de stent farmacológico (61% em mulheres e 67% em homens), a angioplastia simples com balão (20% em mulheres e 22% em homens), e o implante de dispositivo biorreabsorvível (13% em mulheres e 11% em homens) ( Tabela 3 ). A taxa de sucesso da ICP foi alta em ambos os sexos (86% em mulheres e 100% em homens), sem diferenças entre eles. Tanto no manejo conservador quanto no intervencionista, não foram observadas diferenças entre os sexos na incidência do desfecho clínico combinado (incluindo morte hospitalar, reinfarto, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral) ( Tabela 3 ). Independentemente da estratégia de manejo, o tratamento na alta hospitalar também foi similar em ambos os grupos, embora os betabloqueadores fossem mais comumente usados em mulheres (81% vs. 65%; p= 0,03).

Tabela 3. Diferenças entre os sexos na DEAC: estratégias de manejo e curso hospitalar.

  Homens (n=39) Mulheres (n=279) p
Presença de MVEs (inclusive DFM) 2/8 (25%) 29/85 (34%) 0,2
Tratamento conservador 30 (77%) 217 (78%) 0,9
Tratamento intervencionista 9 (23%) 61 (22%) 0,8
Stent farmacológico 6 (67%) 37 (61%)  
Angioplastia com balão 2 (22%) 12 (20%)  
Dispositivo biorreabsorvível 1 (11%) 8 (13%)  
Evento hospitalar adverso* 4 (10%) 14 (5%) 0,2

MVEs: malformações vasculares extracoronarianas; DFM: displasia fibromuscular. *Inclui: morte, reinfarto, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral.

Discussão

Considerando a escassez de informações sobre a DEAC em homens, este registro nacional prospectivo fornece novos dados interessantes que complementam as evidências anteriores. As descobertas mais importantes deste estudo são as diferenças entre homens e mulheres em relação a fatores precipitantes e achados angiográficos. O consumo de drogas recreativas e arritmias ventriculares foram encontrados com mais frequência em homens. A maior prevalência de hipotireoidismo nas mulheres é provavelmente apenas um reflexo do fato de que o hipotireoidismo afeta predominantemente as mulheres. Com relação aos achados angiográficos, os homens frequentemente apresentavam irregularidades sugerindo a possibilidade de uma aterosclerose leve subjacente e significativamente menos tortuosidade coronária do que as mulheres. Havia também diferenças em certos padrões angiográficos típicos dessa entidade. A morfologia “rabanete invertido” e a terminação da DEAC pouco antes da formação de um ramo lateral eram mais comuns nos homens, enquanto a morfologia “inseto bastão” e da “linha quebrada” ocorria principalmente nas mulheres. Embora a proporção de pacientes examinados para MVEs em nosso registro fosse relativamente baixa (29% de todos os pacientes), não foram encontradas diferenças na incidência de MVEs entre homens e mulheres com DEAC. É importante ressaltar que a falta de um estudo sistemático de triagem neste sentido nos homens pode se dever à percepção de que a DFM é uma doença que também afeta principalmente as mulheres. Entretanto, Fahmy et al., 4 sugeriram a importância do rastreamento sistemático de MVEs em homens, semelhante ao que é atualmente recomendado para as mulheres. 2 De acordo com a literatura contemporânea, os eventos adversos eram pouco comuns em ambos os grupos, e os pacientes apresentavam um bom resultado intra-hospitalar, a maioria deles sob manejo conservador. Entretanto, a ICP às vezes é necessária, e parece ser uma boa opção para pacientes selecionados de alto risco, sem diferenças no curso hospitalar entre homens e mulheres. No entanto, ainda são necessários estudos maiores e seguimento mais longo para avaliar possíveis diferenças de resultados entre os sexos.

Estudos anteriores comparando homens e mulheres com DEAC foram estudos retrospectivos de um único centro envolvendo um número menor de pacientes. 4 , 5 , 10 O trabalho atual é o primeiro estudo prospectivo, nacional e multicêntrico sobre DEAC e inclui um número maior de pacientes (39 homens e 279 mulheres), com foco nas diferenças entre os sexos. Em alguns estudos comparativos entre os sexos, 4 , 5 , 10 os homens com DEAC eram mais jovens que as mulheres. No entanto, não foram encontradas diferenças relacionadas à idade em nossa coorte. Como a DEAC não é uma doença aterosclerótica, parece razoável esperar uma idade semelhante para homens e mulheres. No entanto, ainda é possível que o diagnóstico de DEAC seja mais comumente negligenciado em homens mais velhos. Como em relatórios anteriores, 4 , 5 o abuso de drogas foi identificado como um gatilho para a DEAC em homens. No entanto, em contraposição a estudos anteriores, em nosso estudo não foram observadas diferenças significativas nos estressores físicos e emocionais. 4 , 5

Sharma et al., 5 sugeriram que os homens provavelmente apresentavam uma aparência angiográfica de duplo lúmen (71% DEAC Tipo 1 vs 21% DEAC Tipo 2). No entanto, em nosso estudo, consistentemente com dados anteriores, 1 , 2 a DEAC Tipo 2 foi o padrão angiográfico mais prevalecente em ambos os sexos. É razoável especular que homens com padrões de DEAC diferentes da clássica “dissecção” angiográfica são mais vezes subdiagnosticados. Motreff et al., 8 descreveram padrões angiográficos específicos em mulheres com DEAC. Pela primeira vez, descrevemos aqui esses padrões angiográficos em relação a sexo. Embora sejam desconhecidos os mecanismos subjacentes pelos quais essas morfologias angiográficas únicas são geradas, a identificação desses padrões interessantes pode ajudar no diagnóstico diferencial e também pode sugerir diferenças fisiopatológicas potenciais entre homens e mulheres com DEAC.

Algumas limitações deste estudo observacional devem ser reconhecidas. Primeiro, embora este seja um grande estudo prospectivo e multicêntrico (o maior até hoje na Europa), a DEAC é uma condição rara, e alguns vieses de seleção podem ter ocorrido devido ao diagnóstico negligenciado e ao tamanho relativamente pequeno da amostra. Em segundo lugar, a porcentagem de pacientes examinados para MVEs foi baixa em nosso registro. Terceiro, as imagens intracoronarianas não foram obtidas rotineiramente neste registro, apesar de seu valor diagnóstico e capacidade de ajudar a entender as diferenças angiográficas entre sexos. Quarto, a DEAC é provavelmente subdiagnosticada em homens idosos e também naqueles em que a apresentação da DEAC tem um padrão angiográfico atípico. Finalmente, analisaram-se apenas os eventos durante a hospitalização. Embora este registro nacional projeta obter dados de seguimento clínico a longo prazo, essa informação não está disponível atualmente.

A identificação das diferenças entre homens e mulheres com DEAC proporciona novos elementos para nossa compreensão da patologia dessa entidade clínica única e da DEAC em geral. Deveríamos ter em mente que a DEAC é uma doença que também afeta os homens e que ambos os sexos se beneficiam de um manejo inicialmente conservador com um excelente desfecho hospitalar.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Fontes de financiamento: O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Referências

  • 1.Hayes SN, Kim ESH, Saw J, Adlam D, Arslanian-Engoren C, Economy KE, et al. Spontaneous Coronary Artery Dissection: Current State of the Science: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation . 2018;137(19):e523–ee57. doi: 10.1161/CIR.0000000000000564. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Adlam D, Alfonso F, Maas A, Vrints C. European Society of Cardiology, acute cardiovascular care association, SCAD study group: a position paper on spontaneous coronary artery dissection. Eur Heart J . 2018;39(36):3353–3368. doi: 10.1093/eurheartj/ehy080. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 3.Alfonso F, Bastante T, García-Guimaraes M, Pozo E, Cuesta J, Rivero F, et al. Spontaneous coronary artery dissection: new insights into diagnosis and treatment. Coron Artery Dis . 2016;27(8):696–706. doi: 10.1097/MCA.0000000000000412. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 4.Fahmy P, Prakash R, Starovoytov A, Boone R, Saw J. Pre-Disposing and Precipitating Factors in Men With Spontaneous Coronary Artery Dissection. JACC Cardiovasc intervent . 2016;9(8):866–868. doi: 10.1016/j.jcin.2016.02.024. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 5.Sharma S, Kaadan MI, Duran JM, Ponzini F, Mishra S, Tsiaras SV, et al. Risk Factors, Imaging Findings, and Sex Differences in Spontaneous Coronary Artery Dissection. Am J Cardiol . 2019;123(11):1783–1787. doi: 10.1016/j.amjcard.2019.02.040. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 6.García-Guimaraes M, Bastante T, Macaya F, Roura G, Sanz R, Barahona Alvarado JC, et al. Disección coronaria espontánea en España: características clínicas y angiográficas, tratamiento y evolución hospitalaria. Rev Espan Cardiol . 2021;74(1):15–23. doi: 10.1016/j.rec.2020.04.002. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 7.Saw J, Starovoytov A, Humphries K, Sheth T, So D, Minhas K, et al. Canadian spontaneous coronary artery dissection cohort study: in-hospital and 30-day outcomes. Eur Heart J . 2019;40(15):1188–1197. doi: 10.1093/eurheartj/ehz007. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 8.Motreff P, Malcles G, Combaret N, Barber-Chamoux N, Bouajila S, Pereira B, et al. How and when to suspect spontaneous coronary artery dissection: novel insights from a single-centre series on prevalence and angiographic appearance. EuroIntervention . 2017;12(18):e2236–e2e43. doi: 10.4244/EIJ-D-16-00187. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 9.Eleid MF, Guddeti RR, Tweet MS, Lerman A, Singh M, Best PJ, et al. Coronary artery tortuosity in spontaneous coronary artery dissection: angiographic characteristics and clinical implications. Circ Cardiovasc intervent . 2014;7(5):656–662. doi: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.114.001676. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 10.Zilio F, Muraglia S, Morat F, Borghesi M, Todaro D, Menotti A, et al. Sex differences in clinical and angiographic characteristics in spontaneous coronary artery dissection. Future Cardiol . 2021;17(4):669–675. doi: 10.2217/fca-2020-0124. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2022 Dec 20;120(1):e20210550. [Article in English]

Spontaneous Coronary Artery Dissection: Are There Differences between Men and Women?

Teresa Alvarado 1,*, Marcos García-Guimaraes 2,*, Juan Manuel Nogales 3, Marcelo Jimenez-Kockar 4, Fernando Macaya 5, Fernando Alfonso 1

Introduction

Spontaneous coronary artery dissection (SCAD) is an infrequent but increasingly recognized cause of acute coronary syndrome (ACS) that mainly affects women. It is the main cause of ACS during pregnancy and in up to one-third of women > 50 years old. 1 , 2 Owing to a unique demographic profile and a low prevalence of traditional cardiovascular risk factors, its cause appears to be multifactorial, with contributions from genetic factors, hormonal influences, inherited or acquired arteriopathies, and systemic inflammatory diseases. 1 SCAD is defined as a spontaneous – non-iatrogenic – separation of the coronary artery wall layers. Two main mechanisms could explain the pathophysiology of SCAD. In the first one, the primary event is hemorrhage within the media without intimal rupture; in the second mechanism, the primary event is the formation of a tear leading to an intimal flap. This initial disruption leads to the formation of an intramural hematoma or a true and false lumen that may cause myocardial ischemia. 1 , 2 Our understanding of this disease has increased greatly in the last decade as a result of international research efforts. 1 , 2 However, since ~90% of the cases affect women, the characteristics of SCAD in men and the potential clinical differences between sex remain poorly established. 3 According to previous data, men with SCAD have different predisposing and precipitating factors compared to women. The presence of fibromuscular dysplasia (FMD) and an association with mental disorders seem to be less frequent in men, while intense physical exercise is most commonly observed as a trigger of SCAD in this group. 4 , 5 The aim of this study was to compare baseline characteristics, clinical presentation, angiographic features, management strategies, and hospital course between men and women with SCAD.

Methods

The Spanish SCAD Registry (SR-SCAD) (NCT03607981) is a prospective nation-wide multicenter study on SCAD performed under the auspices of the Association of Interventional Cardiology of the Spanish Society of Cardiology. The specific protocol, as well as the case report form and informed consent, were approved by the Ethics Committee of the coordinating center (Hospital Universitario La Princesa, Madrid), according to current Spanish legislation. From June 2015 to April 2019, 344 consecutive patients with SCAD (387 lesions) were included from 31 Spanish centers. All coronary angiograms were carefully and jointly reviewed by two expert operators in a central core laboratory at the coordinating center using a predefined methodology for SCAD analysis. 6 After careful review of the angiograms and clinical data, 26 patients were excluded due to more likely alternative diagnoses. SCAD types were characterized using the Saw angiographic classification. 7 Lesions with a double-lumen appearance were classified as type 1. Type 2 lesions were defined as abrupt changes in arterial caliber with clear demarcation from normal diameter to diffuse narrowing. Lesions with focal narrowing, resembling atherosclerotic lesions, were classified as type 3. For the definition of other angiographic patterns such as the “stick insect” or “radish” morphologies, the initial description by Motreff et al. 8 was followed. The presence of other angiographic findings suggestive of SCAD, such as a “broken line” pattern, was also systematically evaluated. Finally, the analysis of coronary tortuosity was performed according to the Mayo Clinic definition. 9

Continuous variables are expressed as means ± standard deviations, and categorical variables are expressed as frequencies and percentages. For comparison, chi-square or Fisher’s exact tests were used as required for categorical data, and the Student’s t-test was used for continuous variables.

Results

A total of 39 men and 279 women with SCAD ( Table 1 ) were compared. Age was similar in both groups and most patients had some classic cardiovascular risk factors. Recreational drug consumption was significantly higher in men (26% vs 3%; p < 0.01), while hypothyroidism was more common in women (15% vs 3%; p = 0.04). Emotional and physical stress triggers were numerically more frequent among women and men, respectively, but without statistically significant differences. Most patients presented with non-ST elevation myocardial infarction. Men more frequently had ventricular arrhythmias as the onset symptom (8% vs 1.4%; p = 0.01) and during hospitalization (5% vs 0.4%; p < 0.01) when compared to women ( Table 1 ). There were no differences in the detection of extracoronary vascular anomalies (EVA) or FMD between the men and women who underwent screening for this pathology.

Table 1. Sex differences in SCAD: baseline characteristics and clinical presentation.

  Men (n=39) Women (n=279) p
Age (years) 50±10 54±11 0.3
Some CV risk factor 32 (82%) 216 (77%) 0.5
Hypertension 12 (31%) 106 (38%)  
Dyslipidemia 14 (36%) 97 (35%)  
Diabetes mellitus 2 (5%) 14 (5%)  
Recreational drugs 10 (26%) 9 (3%) <0.01
Hypothyroidism 1 (3%) 41 (15%) <0.01
Depression 8 (20%) 57 (20%) 1
Anxiety 4 (10%) 51 (18%) 0.2
Emotional stress 5 (13%) 74 (26%) 0.06
Intense physical exercise 7 (18%) 36 (13%) 0.4
NSTEMI 20 (51%) 150 (54%) 0.8
STEMI 12 (31%) 113 (40%) 0.3
Ventricular arrhythmias      
Onset symptom 3 (8%) 4 (1,4%) 0.01
Hospitalization 2 (5%) 1 (0,4%) <0.01

CV: cardiovascular; NSTEMI: non-ST segment elevation myocardial infarction; STEMI: ST segment elevation myocardial infarction.

Notably, angiographic characteristics were significantly different between sexes. Men were more likely to have mild angiographic coronary irregularities compatible with associated coronary atherosclerosis in other vascular territories (15% vs 4%; p < 0.01), while they less frequently presented coronary tortuosity (36% vs 72%, p < 0.01). Furthermore, some characteristic angiographic patterns previously described in this entity 8 (such as the “inverted radish” morphology and termination of the SCAD just before the origin of a side branch) were more frequently observed in men. Conversely, the “stick insect” and “broken line” morphologies mainly occurred in women. ( Table 2 ) ( Figure 1 ).

Table 2. Sex differences in SCAD: angiographic features.

  Men (n=39) Women (n=279) p
IVUS/OCT 8 (20%) 25 (9%) 0.03
LAD 16 (41%) 133 (48%) 0.9
Coronary atherosclerosis 6 (15%) 10 (3,6%) <0.01
Coronary tortuosity 14 (36%) 201 (72%) <0.01
Saw type 1 11 (28%) 59 (21%) 0.4
Saw type 2 22 (56%) 172 (62%) 0.5
“Radish” morphology 3 (7,7%) 41 (15%) 0.2
“Inverted radish” morphology 6 (15%) 12 (4%) <0.01
SCAD ends before the origin of lateral branch 4 (10%) 7 (2,5%) 0.03
“Broken line” morphology 1 (3%) 52 (19%) 0.01
“Stick insect” morphology 0 (0%) 26 (9%) 0.05

IVUS: intravascular ultrasound; LAD: left anterior descending artery; OCT: optical coherence tomography; SCAD: Spontaneous coronary artery dissection.

Figure 1. Upper panel. (A-C) Right (A) and left (C) cranial angiographic views in a 45-year-old man, with no cardiovascular risk factors, admitted for NSTEMI. A long lesion is seen in the mid-LAD, characteristic of a spontaneous coronary artery dissection type 2a IMH (delimited by dashed white lines) that also affects the ostium of the second diagonal branch (black asterisk). The IMH begins and ends after the origin of two septal branches (S). In the final portion of the hematoma, there is evidence of an abrupt change in vessel caliber due to the compression generated by the IMH itself and distal recovery of the normal caliber. This morphology is reminiscent of a radish root (“radish” morphology) (B) and is described in this entity. The absence of significant coronary tortuosity in this man with SCAD is also verified. Lower panel. (D-F) Angiographic projections with cranial angulation of a 65-year-old woman, ex-smoker, hypertensive and dyslipidemic, admitted for NSTEMI with electrocardiographic data suggestive of anterior ischemia. (D) Caliber reduction in the mid-LAD and a long lesion in the first diagonal branch (limited by white arrows) compatible with a type 2a IMH. We highlight the presence of a healthy distal segment of the LAD with significant tortuosity, while the affected diagonal branch presents a marked “rectification” of smooth angles in the arterial curvature, with a “broken line” pattern (broken yellow line), which is also described in this pathology. The direct implantation of a drug-eluting stent (E, asterisks) was the treatment of choice, with a good final result (F, segment delimited by yellow lines) but with discrete worsening in the diagonal branch due to extension of the IMH. IMH: intramural hematoma; LAD: left anterior descending coronary artery; NSTEMI: non-ST-segment elevation acute coronary syndrome; SCAD: Spontaneous coronary artery dissection.

Figure 1

Treatment was primarily conducted through conservative medical management in both groups. However, percutaneous coronary intervention (PCI) was used as primary treatment in 22% of women and 23% of men. The most common PCI procedures were drug-eluting stent implantation (61% and 67% in women and men, respectively), plain balloon angioplasty (20% in women and 22% in men), and bioresorbable device implantation (13% in women and 11% in men) ( Table 3 ). The success rate of PCI was high in both sexes (86% and 100% in women and men, respectively), without differences between them. No sex differences were observed in the incidence of the combined clinical endpoint (which included hospital death, reinfarction, heart failure, and stroke) when considering both the conservative and interventional management options ( Table 3 ). Regardless of the management strategy, treatment at discharge was also similar for both sexes, although beta-blockers were more commonly used in women (81% vs 65%; p = 0.03).

Table 3. Sex differences in SCAD: management strategies and hospital course.

  Men (n=39) Women (n=279) p
Presence of EVA (FMD included) 2/8 (25%) 29/85 (34%) 0,2
Conservative treatment 30 (77%) 217 (78%) 0,9
Interventional treatment 9 (23%) 61 (22%) 0,8
Drug-eluting stent 6 (67%) 37 (61%)  
Balloon angioplasty 2 (22%) 12 (20%)  
Bioresorbable device 1 (11%) 8 (13%)  
Adverse hospital event * 4 (10%) 14 (5%) 0,2

EVA: extracoronary vascular anomalies; FMD: fibromuscular dysplasia. * Includes: death, reinfarction, heart failure, and stroke.

Discussion

Considering the scarcity of information on SCAD in men, this prospective nationwide registry provides interesting novel data that complements previous evidence. The most important findings of this study are the differences between men and women regarding precipitating factors and angiographic findings. Consumption of recreational drugs and ventricular arrhythmias were more frequently found in men. The higher prevalence of hypothyroidism among female participants is probably just a reflection of the fact that hypothyroidism predominantly affects women. Regarding angiographic findings, men often showed irregularities (suggesting the possibility of associated underlying mild atherosclerosis) and significantly less coronary tortuosity than women. There were also differences in certain angiographic patterns that are typical of this entity. The “inverted radish” morphology and the termination of the SCAD just before the origin of a side branch were more frequent in men, while the “stick insect” and “broken line” morphologies occurred mainly in women. Although the percentage of patients screened for EVA in our registry was relatively low (29% of all patients), no differences were found in the incidence of EVA between men and women with SCAD. Importantly, the lack of a systematic screening study in this regard with men could be due to the perception that FMD mostly affects women. However, Fahmy et al. 4 suggested the importance of systematic EVA screening in men, similar to what is currently recommended for women. 2 In line with contemporary literature, adverse events were infrequent in both groups and patients had good in-hospital outcomes, most of them under conservative management. Nevertheless, PCI is sometimes necessary and seems to be a good option for selected high-risk patients, with no differences in hospital course between men and women. However, larger studies and longer follow-up periods are still needed to assess potential differences in outcomes between sexes.

Prior studies comparing men and women with SCAD were single-center retrospective studies involving a smaller number of patients. 4 , 5 , 10 This work is the first prospective, nationwide, multicenter SCAD study including a larger number of patients (39 men and 279 women) and focused on sex differences. In some sex comparative studies, 4 , 5 , 10 men with SCAD were younger than women. However, no age-related differences were found in our cohort. As SCAD is not an atherosclerotic disease, it seems reasonable to expect a similar age range for men and women. It is still possible that a SCAD diagnosis is more frequently overlooked in older men. As in prior reports, 4 , 5 drug abuse was identified as a trigger for SCAD in men. However, in contrast to prior studies, no significant differences in physical and emotional stressors were seen in our study. 4 , 5

Sharma et al. 5 suggested that men were more likely to present with a double-lumen angiographic appearance (71% type 1 SCAD vs 21% type 2 SCAD). Nevertheless, in our study as in prior reports, 1 , 2 type 2 SCAD was the most prevalent angiographic pattern in both sexes. It is reasonable to speculate that men with SCAD patterns that are different from the classical angiographic “dissection” are more frequently underdiagnosed. Motreff et al. 8 described specific angiographic patterns in women with SCAD. For the first time, we described these angiographic patterns in relation to sex. Even though the underlying mechanisms by which these unique angiographic morphologies are generated remain unknown, the identification of these interesting patterns may help in the differential diagnosis and might also suggest potential pathophysiological differences between men and women with SCAD.

Some limitations of this observational study should be acknowledged. First, although this is a large (the largest to date in Europe) prospective and multicenter study, SCAD is a rare condition, and some selection biases may have occurred due to overlooked diagnosis and a relatively small sample size. Second, the percentage of patients screened for EVA in our registry was low. Third, intracoronary imaging was not routinely obtained in this registry despite its diagnostic value and potential to help understand angiographic sex differences. Fourth, SCAD is probably underdiagnosed in older men and when its presentation has a non-classic angiographic pattern. Finally, only events that took place during hospitalization were analyzed. Although this nationwide registry aims to obtain long-term clinical follow-up data, this information is not currently available.

The identification of differences between men and women with SCAD provides novel insights in our understanding of the pathology of this unique clinical entity and ACS in general. We should keep in mind that SCAD also affects men and both sexes benefit from initially conservative management, with an excellent hospital outcome.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Sources of Funding: There were no external funding sources for this study.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES