Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
. 2021 Apr 8;116(4):814–835. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20200420
View full-text in English

Disautonomia: Uma Condição Esquecida – Parte 1

Eduardo Arrais Rocha 1,, Niraj Mehta 2,3, Maria Zildany Pinheiro Távora-Mehta 2,3, Camila Ferreira Roncari 4, Alan Alves de Lima Cidrão 5, Jorge Elias Neto 6
PMCID: PMC8121406  PMID: 33886735

Resumo – Pontos Essenciais

O termo disautonomia abrange um conjunto de condições clínicas com características e prognósticos distintos. Classificam-se em síndromes reflexas, síndrome postural ortostática taquicardizante (SPOT), síndrome da fadiga crônica, Hipotensão Ortostática Neurogênica (HON) e a Síndrome da hipersensibilidade do seio carotídeo. As síndromes reflexas (vasovagal) não serão discutidas neste artigo.

  1. As síndromes reflexas (vasovagal) são, na maioria das vezes, benignas, e ocorrem usualmente em pacientes sem doença intrínseca do sistema nervoso autônomo (SNA) ou do coração. Por isso, geralmente são estudadas separadamente.

  2. O termo neuropatia autonômica cardiovascular (NAC) é o mais utilizado na atualidade para definir as disautonomias com comprometimento do sistema nervoso autônomo cardiovascular simpático e/ou parassimpático. Pode ser idiopática, como a atrofia multissistêmica ou a falência autonômica pura, ou secundária a patologias sistêmicas como diabetes mellitus, doenças neurodegenerativas, doença de Parkinson, síndromes demenciais, insuficiência renal crônica, amiloidose, podendo também acometer idosos.

  3. A presença de neuropatia autonômica cardiovascular (NAC) implica em maior gravidade e pior prognóstico em diversas situações clínicas.

  4. A detecção de hipotensão ortostática (HO) é um sinal tardio e significa maior gravidade no contexto das disautonomias, definida como hipotensão ortostática neurogênica (HON). Deve ser diferenciada das hipotensões por hipovolemia ou medicamentosas, chamadas de hipotensão ortostática não neurogênica (HONN).

  5. A HO pode decorrer de causas benignas, como a hipovolemia aguda, crônica, ou ao uso de diversos fármacos. Esses fármacos podem, entretanto, apenas desmascarar quadros subclínicos de disautonomia. Deve-se reavaliar todos os fármacos de pacientes com quadros disautonômicos.

  6. O diagnóstico preciso de NAC e a investigação do envolvimento de outros órgãos ou sistemas é de extrema importância na suspeita clínica de uma pandisautonomia.

  7. No diabético, além da idade e do tempo de doença, outros fatores estão associados a maior ocorrência de NAC, como descontrole glicêmico, hipertensão, dislipidemia e obesidade. Entre os pacientes diabéticos, 38–44% podem evoluir com disautonomia, com implicações prognósticas e maior mortalidade cardiovascular. Nas etapas iniciais da DM, a disfunção autonômica envolve o sistema parassimpático, posteriormente o simpático e mais tardiamente manifesta-se com hipotensão ortostática.

  8. Os testes de Valsalva, respiratório e ortostático (30:15) são os métodos de padrão ouro para o diagnóstico de NAC. Eles podem ser associados aos testes de variabilidade RR no domínio do tempo, e principalmente da frequência, para aumento da sensibilidade (protocolo dos 7 testes). Esses testes podem detectar alterações iniciais ou subclínicas e avaliar a gravidade e o prognóstico.

  9. O teste de inclinação (tilt test) não deve ser o exame de escolha para investigação de NAC em fase inicial, pois detecta casos em fases mais avançadas. A resposta no tilt com padrão disautonômico (queda gradativa da pressão arterial sem aumento da frequência cardíaca) pode sugerir NAC.

  10. O tratamento dos pacientes em fases moderadas a avançadas das disautonomias é bastante complexo e muitas vezes refratário, necessitando de avaliação especializada e multidisciplinar. Não há cura para a maioria das disautonomias em fase tardia.

  11. Os pacientes com HON podem evoluir com hipertensão supina em mais de 50% dos casos, representando um grande desafio terapêutico. O risco imediato e as consequências da HO devem ter preferência sobre os riscos mais tardios da hipertensão supina e valores maiores que 160/90 mmHg são toleráveis. Medidas como dormir com a cabeceira elevada (20–30 cm), não levantar à noite, uso de anti-hipertensivo de ação curta noturna para casos mais severos, como a losartana, captopril, clonidina ou adesivos de nitratos, podem ser necessários e efetivos em alguns casos.

  12. As medidas preventivas como cuidados posturais, boa hidratação, maior ingesta de sal, uso de meias e cintas abdominais compressoras, refeições fracionadas, atividade física supervisionada principalmente sentada, deitada ou exercícios na água são etapas importantes no tratamento.

  13. Diversos fármacos podem ser usados para HON sintomática, principalmente a fludrocortisona, a midodrina e a droxidopa. Esses últimas não estão disponíveis no Brasil. O risco de exacerbação ou desencadeamento de hipertensão supina deve ser considerado.

  14. A síndrome da fadiga crônica representa uma forma de disautonomia e tem sido renomeada como doença sistêmica de intolerância ao exercício, com novos critérios diagnósticos: 1 - Fadiga inexplicada, levando a incapacidade para o trabalho por mais que 6 meses; 2 - Mal-estar após exercício; 3 - Sono não reparador; 4 - Mais um dos seguintes achados: comprometimento cognitivo ou intolerância ortostática. Várias patologias na atualidade têm evoluído com fadiga crônica, sendo denominadas de doenças crônicas associadas a fadiga crônica.

  15. A síndrome postural ortostática taquicardizante (SPOT), outra forma de apresentação das síndromes disautonômicas, é caracterizada por elevação sustentada da frequência cardíaca (FC) ≥30 bpm (≥40 bpm se <20 anos) ou FC ≥120 bpm, nos primeiros 10 minutos em posição ortostática ou durante o tilt test, sem hipotensão ortostática clássica associada. Pode ocorrer leve redução na pressão arterial. Os sintomas manifestam-se ou pioram em posição ortostática, sendo comuns a tontura, fraqueza, pré-síncope, palpitações, além de outros sintomas sistêmicos.

Palavras-chave: Disautonomia, Síncope, Hipotensão Ortostática, Síndrome da Fadiga Crônica, Amiloidose, Doença de Chagas, COVID-19, Neuropatia Autonômica Cardiovascular, Hipersensibilidade do Seio Carotídeo, Diabetes Mellitus


Síndromes Vasovagais x Disautonomia.

As síndromes vasovagais são situações clínicas distintas das neuropatias autonômicas cardiovasculares, pois não representam doenças intrínsecas no sistema nervoso autônomo (SNA), sendo decorrentes de mecanismos reflexos, transitórios, benignos, tendo, portanto, prognóstico favorável.

Disautonomia: uma condição frequente e subdiagnosticada

O sistema nervoso autônomo (SNA) regula importantes funções nos diversos sistemas orgânicos como cardiovascular, digestório, gênito-urinário e sudomotor. Suas disfunções podem determinar diversas manifestações clínicas, algumas debilitantes e graves. Diversas patologias podem comprometer o SNA e determinar sintomatologia, aumentando os riscos de síncope, quedas e de maior mortalidade cardiovascular. Em virtude das diferentes manifestações clínicas e da pouca familiaridade dos profissionais, a disautonomia costuma ser frequentemente subdiagnosticada, sendo reconhecidas em etapas mais avançadas, com sintomas já debilitantes, incapacitantes e com pior prognóstico.

O termo neuropatia autonômica cardiovascular (NAC) significa envolvimento do sistema nervoso autônomo, relacionado às funções cardiovasculares. A diabetes mellitus (DM) representa a forma mais comum e estudada das NAC e serve de modelo de compreensão e investigação para diversas outras patologias.1,2

Na população diabética, é conhecida como neuropatia autonômica cardiovascular diabética, tendo prevalência de 20% em pacientes com DM, sendo de até 54% no tipo I (DM1) e 46% no tipo II (DM2), na faixa entre os 40 e 70 anos de idade. No diabético, além da idade e tempo de doença, outros fatores estão associados a maior risco de NAC, como descontrole glicêmico, hipertensão, dislipidemia e obesidade. Nas etapas iniciais da DM, a disfunção autonômica envolve o sistema parassimpático, posteriormente o simpático e mais tardiamente, evoluem com hipotensão ortostática.

O sistema nervoso autônomo cardiovascular modula a frequência cardíaca, os volumes diastólico e sistólico, o intervalo QT e a resistência vascular sistêmica. Seu comprometimento está relacionado à maior morbimortalidade cardiovascular.

O objetivo desta revisão é oferecer informações relevantes das diferentes formas de disfunções autonômicas, suas manifestações clínicas, metodologias diagnósticas, terapêuticas e implicações prognósticas. Enfatizamos a importância do diagnóstico, de sua distinção das síndromes reflexas vasovagais e a necessidade de maior difusão das informações dessas patologias, já que é pouco lembrada na prática clínica geral. As síndromes reflexas vasovagais não serão abordadas neste capítulo.

Foram consideradas para elaboração desta revisão, diversas diretrizes, como: Diretrizes de Neuropatia Autonômica Cardiovascular (NAC), Consenso de Hipotensão Ortostática Neurogênica e Hipertensão Supina, Diretrizes de Síncopes, Diretrizes de NAC no Diabético, Diretrizes de Testes Cardiovasculares em Neuropatia Autonômica, o Consenso de Investigação de Disfunção Autonômica em Estudos de Pesquisa Humana, Consenso no Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Postural Ortostática Taquicardizante e Taquicardia Sinusal Inapropriada, dentre outros estudos. Discussões entre especialistas da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas foram incluídas, considerando a carência de grandes estudos em diversos tópicos abordados neste trabalho.120

Fisiologia do Sistema Nervoso Autônomo

O sistema nervoso autônomo (SNA) possui um papel importante no controle das funções viscerais através das subdivisões simpática e parassimpática.

O SNA propicia ajustes neurovegetativos para a expressão de comportamentos motivados ou respostas compensatórias frente a estímulos internos e externos para, juntamente com o sistema endócrino, promover a manutenção da homeostase. O termo “sistema nervoso autônomo” foi proposto por Langley em 1898, uma vez que as nomenclaturas utilizadas até então tinham diferentes conotações e eram imprecisas quanto às funções recentemente descobertas desse sistema.20

Para facilitar a compreensão, o SNA é comumente analisado quanto aos seus aspectos anatômicos, neuroquímicos e funcionais. A organização básica envolve dois grupos neuronais, arranjados em série e conectados por uma sinapse química. O segundo neurônio dessa série está completamente fora do sistema nervoso central e o seu corpo celular está localizado nos gânglios autonômicos, de onde partem projeções axonais, que vão inervar os órgãos-alvo, sendo denominados neurônios pós-ganglionares.21

Já os neurônios, que enviam as projeções axonais do sistema nervoso central para os gânglios, fazendo sinapse com os corpos celulares presentes nessas estruturas, são denominados neurônios pré-ganglionares.

A diferença anatômica entre SNA simpático e parassimpático diz respeito à localização dos corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares, sendo que os neurônios pré-ganglionares simpáticos estão localizados nos segmentos torácicos e lombares da medula espinhal, e os parassimpáticos, no tronco encefálico e nos segmentos sacrais da medula espinhal.

Em relação à neuroquímica, todos os neurônios pré-ganglionares são colinérgicos e usam acetilcolina como neurotransmissor. Embora haja algumas exceções, os neurônios pós-ganglionares parassimpáticos liberam acetilcolina no órgão-alvo, enquanto os simpáticos liberam noradrenalina.

As células da medula adrenal são homólogas aos neurônios pós-ganglionares simpáticos e secretam principalmente adrenalina e, em menor proporção, noradrenalina diretamente na corrente sanguínea, em resposta à estimulação por neurônios pré-ganglionares simpáticos.

Finalmente, o sistema nervoso simpático e o parassimpático divergem quanto às respostas desencadeadas nos órgãos-alvo. Algumas poucas estruturas recebem inervação única, enquanto a maioria dos órgãos recebem inervação dupla. As respostas induzidas pela estimulação do SNA simpático e parassimpático podem ser antagônicas ou cooperativas.

Como mostrado na figura 1, os vasos sanguíneos sistêmicos são inervados pelo SNA simpático. A maior ativação dos receptores α1-adrenérgicos pelo aumento do tônus simpático ou liberação de adrenalina pela glândula adrenal causa vasoconstrição na maioria dos vasos sanguíneos sistêmicos, especialmente nos vasos das vísceras abdominais, um importante leito de resistência com grande influência sobre a determinação da pressão arterial (PA).

Figura 1. Inervação do coração e dos vasos sanguíneos pelo SNA simpático e parassimpático. Os neurônios parassimpáticos estão representados em vermelho e os neurônios simpáticos, em verde. Nodo SA — nodo sinoatrial; nodo AV — nodo atrioventricular. Para facilitar a visualização, foi representado um único segmento medular esquemático e as imagens não estão representadas na mesma escala gráfica.

Figura 1

Em contrapartida, a redução do tônus simpático ou dos níveis plasmáticos de adrenalina resultam em vasodilatação. Os vasos sanguíneos coronários particularmente expressam receptores β2 e sofrem vasodilatação em resposta à adrenalina.

O coração é inervado pelos sistemas simpático e parassimpático (Figura 1). A inervação parassimpática cardíaca é direcionada para os nodos sinoatrial (SA) e atrioventricular (AV) e a acetilcolina se liga aos receptores colinérgicos muscarínicos M2, expressos nas células dos nodos, induzindo efeito cronotrópico negativo. Por outro lado, o SNA simpático inerva tanto os nodos SA e AV quanto o músculo ventricular. A noradrenalina induz efeitos cronotrópico e inotrópico positivos por ação em receptores β1-adrenérgicos.22

Todas as células cardíacas, em princípio, apresentam a propriedade elétrica de automatismo; no entanto, em condições fisiológicas, as células do nodo SA apresentam despolarização espontânea em maior frequência e assumem o controle dos batimentos cardíacos, sendo consideradas o marca-passo cardíaco.

Após o bloqueio farmacológico dos receptores muscarínicos e β-adrenérgicos, a frequência cardíaca intrínseca gerada pelo nodo sinoatrial é de aproximadamente 100 batimentos por minuto, sugerindo que existe um predomínio da influência parassimpática sobre o coração.23 Para ajustes da PA, o tônus simpático e parassimpático para o coração e vasos sanguíneos são frequentemente modificados pelo barorreflexo.

A pressão arterial (PA) é constantemente monitorada pelos barorreceptores de alta pressão (receptores de estiramento) presentes no arco aórtico e no seio carotídeo, que enviam sinalização através do nervo vago e glossofaríngeo, respectivamente, para o núcleo do trato solitário (NTS), localizado na porção dorsomedial do bulbo.24

Em situações de elevação da PA, os barorreceptores são mais ativados e, por mecanismos barorreflexos, ocorre um aumento do tônus parassimpático e redução do tônus simpático para coração e vasos sanguíneos. O aumento dos disparos dos barorreceptores ativa o NTS que, por sua vez, ativa o núcleo ambíguo (NA), núcleo bulbar onde se encontram os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares parassimpáticos, resultando em aumento do tônus parassimpático. Paralelamente, o NTS também ativa o bulbo caudal ventrolateral (BCVL), região que emite projeções inibitórias para o bulbo rostral ventrolateral (BRVL). Os neurônios do BRVL são considerados pré-simpáticos, porque se projetam para a coluna intermediolateral da medula espinhal e fazem sinapse com os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares simpáticos. Assim, a maior atividade da BCVL resulta em inibição da BRVL e consequente redução do tônus simpático.

Por outro lado, a menor atividade dos barorreceptores durante queda da PA resulta em: 1) menor ativação do NA e, portanto, redução do tônus parassimpático; e 2) menor ativação do BCVL e, consequentemente, maior atividade do BRVL e aumento do tônus simpático para o coração e vasos sanguíneos.

Alterações no funcionamento normal do mecanismo barorreflexo podem desencadear condições patológicas denominadas disautonomias, como a hipotensão ortostática neurogênica, por exemplo. A mudança da posição supina para a ortostática aumenta a resistência gravitacional ao retorno venoso, resultando em redução do volume diastólico final e, consequentemente, do volume sistólico (VS), observada em diversas patologias.

A PA é diretamente proporcional à resistência periférica total e ao débito cardíaco, sendo esse último o volume de sangue bombeado pelo coração por minuto, ou seja, VS multiplicado pela frequência cardíaca (FC).

Assim, a redução do VS após mudança para a posição ortostática induz hipotensão. Em indivíduos saudáveis, essa hipotensão é transitória porque os mecanismos barorreflexos são rapidamente ativados e causam aumento de força de contração e FC e vasoconstrição sistêmica, respostas compensatórias que normalizam a PA. Já em indivíduos que apresentam disautonomia, pode ocorrer hipotensão prolongada, denominada hipotensão ortostática neurogênica (HON).

Atrofia Multissistêmica (AMS) - Síndrome de Shy-Dragger.

A síndrome completa consiste em hipotensão ortostática, incontinência urinária e fecal, perda de sudorese, atrofia da íris, paralisia ocular externa, rigidez, tremores, perda de movimentos, impotência, achados de bexiga atônica e perda de tônus retal, fasciculações, atrofia de músculos distais e evidência de lesões neuropáticas. A data de início é entre a 5 e a 7ᵃ década de vida.

Fisiopatologia e as apresentações clínicas

Diversos mecanismos fisiopatológicos têm sido descritos nas alterações do sistema nervoso autônomo (SNA). Eles podem variar dependendo das etiologias específicas, como no diabetes ou na amiloidose. Várias situações, entretanto, têm seus mecanismos causais desconhecidos.

Apesar de outros neurotransmissores serem importantes na regulação das respostas cardiovasculares, a liberação de noradrenalina nas terminações nervosas pós ganglionares simpáticas é o mais importante mediador da rápida regulação cardiovascular necessária no equilíbrio pressórico e perfusão cerebral. A hipotensão ortostática neurogênica representa uma deficiência na responsividade deste neurotransmissor à mudança postural.

Diferente das síndromes reflexas ou vasovagais, nos quadros de disautonomia, os reflexos de aumento na frequência cardíaca precedendo o quadro clínico e a bradicardia concomitante com a hipotensão não são observados.

Na diabetes mellitus, ocorrem alterações metabólicas e vasculares que podem justificar o dano neurológico. A hiperglicemia, o acúmulo de sorbitol, de frutose e de produtos finais da glicação avançada, com ligações a receptores nas células endoteliais e musculares lisas do vaso-nervorum das células de Schwann e dos macrófagos, podem contribuir para o dano neurológico. O estresse oxidativo levando à depleção das enzimas antioxidantes celulares e ativação da cascata de inflamação, com deterioração de organelas celulares, principalmente a nível mitocondrial, são outros mecanismos que culminam em oclusão vascular, disfunção endotelial e neuroinflamação, determinando toxicidade e morte neuronal.2530

Nas sinucleinopatias, entidade que engloba a doença de Parkinson, a demência de corpos de Lewy, a falência autonômica pura (síndrome de Bradbury-Eggleston) e a atrofia multissistêmica (síndrome de Shy-Dragger) ocorrem o depósito intracelular e a agregação de uma proteína chamada alfa-sinucleína em diversas regiões do sistema nervoso central e periférico.19,31,32

A atrofia multissistêmica (AMS)32 uma forma idiopática mais grave e rara, descrita em 1960, apresenta-se sob duas formas: 1. Parkinsonismo, na qual observa-se rigidez muscular e bradicinesia (diferente da clássica doença de Parkinson, na qual predominam tremores; 2. Cerebelar, cuja manifestação é a ataxia. Ambas as formas têm envolvimento do sistema nervoso autônomo.8 Imagens na ressonância magnética nuclear cerebral demonstram atrofia cerebelar, da ponte ou dos pedúnculos cerebrais, ou hipersinal na ponte, conhecido como sinal da cruz, que pode ocorrer mais tardiamente. As dosagens de catecolaminas são usualmente normais, por ser uma polineuropatia autonômica pré-ganglionar.

Na falência autonômica pura, de etiologia idiopática, descrita em 1925 e conhecida como uma polineuropatia autonômica pós-ganglionar, os sintomas são graduais, progressivos, podendo chegar a quadros severos e debilitantes, com importante comprometimento cardiovascular, hipotensão ortostática grave, com envolvimento dos sistemas gênito-urinário, digestório e sudomotor.

Por não apresentarem sintomas neurodegenerativos centrais, os exames de imagem cerebral na falência autonômica pura são normais e as dosagens de catecolaminas plasmáticas são normais ou baixas, porém não apresentam incremento adequado (>50%) com a ortostase, devido à denervação simpática periférica difusa.

Algumas toxinas podem ser fatores causais, como intoxicações por chumbo, tálio, arsênio, ou uso de alguns fármacos como quimioterápicos da classe da cisplatina ou dos alcaloides da vinca, antiarrítmicos como amiodarona, ou deficiências vitamínicas como a da vitamina B12.

Casos raros de origem familiar podem ocorrer, como a neuropatia sensorial e autonômica hereditária (HSAN). São divididas em: HSAN tipo I, de forma mais leve, iniciando-se na vida adulta, com envolvimento sensorial e autonômico distal, com ulcerações nos pés; HSAN tipo II, mais rara, com início na infância, com comprometimento mais difuso e severo.8,19,31,33

As etiologias autoimunes podem justificar diversas apresentações clínicas agudas e subagudas de pandisautonomias, com algumas similaridades com a síndrome de Guillain-Barré (SGB). Entretanto, nas pandisautonomias agudas, as fibras somáticas são geralmente poupadas, diferente da SGB. Algum grau de disfunção autonômica está presente também na maioria dos casos da SGB.31,34,35

Amiloidose

A amiloidose pode se apresentar nas seguintes formas:

  1. Na forma mais comum, conhecida como de cadeias leves (AL) ou amiloidose primária, observa-se uma proliferação anormal clonal de células plasmáticas. Inicialmente, ocorre uma neuropatia periférica sensitiva distal, progredindo para fibras largas, com posterior falência autonômica de múltiplos órgãos acometidos, como sistema digestório, incluindo esôfago e intestino, sudomotor, com anidrose alternada com sudorese compensatória, envolvimento renal e síndrome nefrótica e comprometimento cardíaco, com insuficiência cardíaca, arritmias e morte súbita. Na avaliação autonômica, pode-se constatar comprometimento dos sistemas simpático e parassimpático.

  2. Na forma da amiloidose familiar (AF), também chamada de paramiloidose ou doença de Corino Andrade,36,37 popularmente conhecida como doença dos pezinhos, apresenta-se na forma autossômica dominante, descrita originalmente pelo professor Português Dr. Corino de Andrade, em 1952. Tem maior incidência entre os 20 e 40 anos, evoluindo para óbito com 10–12 anos de evolução.

    Tem fenótipo variável, dependendo da região geográfica e da mutação. Foram descritas diversas formas como: a portuguesa (tipo I) ou de Andrade, a Rukovina ou tipo Indiana (tipo II), a de van Alien (tipo III) e o tipo Finlandês (tipo IV). No Brasil, foram descritas algumas formas dessa patologia.38

    A mutação no gene da transtirretina (TTR) é a mais conhecida e estudada, tendo diversas mutações descritas neste gene. Tem seu início com sintomas de neuropatia periférica, podendo evoluir para graves manifestações de disfunção autonômica generalizada, além de sintomas cardiológicos, neurológicos (polineuropatia periférica sensitivo-motora), visuais, gênito-urinários, renais e gastrointestinais. A detecção precoce é extremamente importante, visando o tratamento e evitando a progressão. O transplante hepático antes da doença apresentar-se avançada pode modificar a evolução. Novas drogas promissoras têm sido lançadas como o Tafamidis (estabilizadoras da TTR), já disponível no Brasil, e o Inotersen.

  3. A forma secundária (forma AA) decorre de patologias crônicas como artrite reumatoide, osteomielite, tuberculose, insuficiência renal, e seu quadro evolutivo dependerá do controle da doença de base.

A amiloidose cardíaca é causada principalmente pela AL ou AF tipo transtirretina (ATTR) ou por deposição de proteínas transtirretina tipo selvagem (wild-type transthyretin protein), previamente chamada de amiloidose cardíaca senil. Depósitos de TTR foram observados em 16% dos pacientes com estenose aórtica degenerativa e em até 17% dos pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada. O prognóstico após acometimento cardíaco é ruim, com a sobrevida variando entre 2,5 e 3,6 anos. O ecocardiograma, com aumento importante da espessura da parede do ventrículo esquerdo (>14 mm), apesar da baixa voltagem no eletrocardiograma, pode sugerir o diagnóstico, sendo complementado pela ressonância magnética nuclear cardíaca e a cintilografia com pirofosfato de tecnésio.39

No estudo randomizado ATTR-ACT de avaliação da segurança e eficácia do Tafamidis em pacientes com amiloidose cardíaca, foram observadas redução de todas as causas de mortalidade e internações hospitalares após 30 meses de seguimento, passando a ser indicado nessa patologia para insuficiência cardíaca classe funcional (CF) I, II e III NYHA (New York Heart Association), principalmente nas fases precoces. Essa foi a primeira terapia a mostrar melhora na sobrevida desses pacientes.40

Em muitos casos de disautonomias, relatos de infecções virais recentes são identificadas, principalmente por herpes-vírus, Epstein-Barr e Coxsackie. Autoanticorpos antirreceptores gangliônicos de acetilcolina (AChr) foram encontrados em 50% dos pacientes com FAP, em 7% dos pacientes com SPOT e em 0% nos controles. A ausência desses anticorpos não afasta o diagnóstico. Relatos de casos demonstraram sucesso terapêutico com aplicação de imunoglobulinas em algumas dessas situações clínicas.31,34,35,4143

Nas síndromes paraneoplásicas, mais comumente nos carcinomas de pequenas células pulmonares, autoanticorpos, principalmente o anti-Hu ou ANNA-1, usualmente estão presentes, e as apresentações clínicas costumam ser agudas ou subagudas.

A teoria autoimune é reforçada pelo aparecimento de sintomas após quadros virais, estados febris, após vacinação e em pacientes com doenças autoimunes prévias, como tireoidite de Hashimoto, doença celíaca e lúpus eritematoso sistêmico.

Estudos demonstraram que a teoria autoimune pode ser o mecanismo fisiopatológico das formas “idiopáticas” de algumas síndromes disautonômicas, como a falência autonômica pura (FAP), SPOT ou a síndrome da fadiga crônica.43

Anticorpos antirreceptores colinérgicos nicotínicos também foram descritos. Recentemente, autores demonstraram o mecanismo pelo qual os autoanticorpos causam vasodilatação e taquicardia. Esses achados podem ter implicações terapêuticas importantes. Na presença de anticorpos antirreceptores de acetilcolina, o uso de fármacos como a piridostigmina podem ser benéficos. Já na presença de anticorpos adrenérgicos, os betabloqueadores poderiam ser a melhor escolha.

Doença de Chagas

A disautonomia cardíaca está bem estabelecida na doença de Chagas (DCh), na qual a denervação anatômica e anormalidades funcionais têm sido descritas em estudos in vivo, post mortem e experimentais.44-46 Os trabalhos originais de Carlos Chagas já chamavam a atenção para a ausência de resposta cronotrópica à atropina nos pacientes chagásicos.47 Além da denervação, outras alterações no sistema nervoso autônomo, como ganglionite, neurite, fibrose, atrofia e fragmentação de fibras especializadas também foram relatadas.48

O comprometimento parassimpático pode ser detectado em todas as formas da DCh, incluindo a fase indeterminada e independente da função ventricular esquerda.49,50 Esses dados foram corroborados por uma metanálise que incluiu sete estudos que avaliaram a modulação autonômica cardíaca, usando a variabilidade R-R durante a manobra de Valsalva.51

Estudos com metaiodobenzilguanidina I-123 (123I-MIBG) detectaram disfunção simpática em pacientes chagásicos com forma indeterminada e sem disfunção sistólica do ventrículo esquerdo.52,53 A cintilografia com 123I-MIBG também foi utilizada para avaliar a presença e magnitude da disfunção simpática em pacientes com cardiopatia chagásica e disfunção ventricular (FE≤45%). Os autores observaram uma baixa na captação de 123I-MIBG, indicando uma disfunção dos receptores simpáticos e perda da integridade das fibras simpáticas pré-sinápticas.52

Um aspecto que demanda mais elucidação é o papel dos mecanismos imunomediados na cardiopatia chagásica. De fato, vários estudos demonstraram a presença de anticorpos que reagem com os receptores M2 muscarínicos cardíacos e receptores adrenérgicos B1 no soro de pacientes chagásicos assintomáticos.48,54

Esses autoanticorpos poderiam desempenhar um papel na patogênese da miocardite chagásica, explicando a neuromiopatia cardíaca, descrita na fase indeterminada.

Outro tema pouco avaliado na disautonomia chagásica é a pesquisa de hipotensão ortostática. No estudo ELSA-Brasil, os pacientes com sorologia positiva para DCh apresentavam maior associação com hipotensão ortostática (OR=2,29–IC 95%: 1,2–4,2).55 Na verdade, existem discrepâncias nos resultados da avaliação do controle vascular em pacientes chagásicos. Em contraste com outros distúrbios com amplo envolvimento do SNA (por exemplo, DM e amiloidose), na DCh não costuma ser descrita a presença de hipotensão ortostática.44,56

O comprometimento autonômico precoce na DCh sugere que a disautonomia cardiovascular possa estar associada a um aumento da morbimortalidade, arritmias cardíacas e morte súbita.49,52 Ela poderia ser um dos pilares centrais em várias manifestações clínicas, como a disfunção diastólica e/ou sistólica, a dilatação ventricular, as taqui e bradiarritmias e a morte súbita cardíaca.45,50,53 A disfunção autonômica cardíaca deve ser um fator de risco fisiopatológico determinante ou predisponente na gênese das arritmias. Observa-se maior vulnerabilidade arritmogênica nos casos com disfunções autonômicas mais focais do que nos casos com lesões mais difusas e significativas, em decorrência de maior grau de desconexão do sistema nervoso central, com menor susceptibilidade de interferência do SNA nas propriedades eletrofisiológicas cardíacas.45,57

A observação de taquicardia ventricular sustentada em pacientes com cardiomiopatia chagásica, com função ventricular preservada e denervação simpática miocárdica regional (detectada pela cintilografia com 123I-MIBG), bem como a sua ocorrência durante o estresse ortostático em paciente com acometimento discreto da função ventricular e sem alterações eletrocardiográficas basais significativas, favorecem a suposição do papel da disfunção autonômica na fisiopatologia dos distúrbios do ritmo na cardiopatia chagásica.53

Hipotensão Ortostática – Um Sinal Tardio e de Gravidade.

A detecção de hipotensão ortostática neurogênica (HON) representa usualmente uma manifestação tardia e de gravidade, correlacionada com pior prognóstico. Portanto, não se deve aguardar pela sua presença para diagnóstico de disautonomia. Pacientes com patologias conhecidas ou sintomas que comprometam o SNA devem ser investigados precocemente.

Classificação das Síndromes Clínicas

Neuropatia Autonômica Cardiovascular

Neuropatia Autonômica Cardiovascular (NAC) é um termo muito utilizado pelas Sociedades de Diabetes e Neuropatia Autonômica para expressar o comprometimento do sistema nervoso autônomo cardiovascular na vigência de diabetes mellitus, porém o termo não se restringe a essa patologia.7 A NAC engloba aspectos do envolvimento do SNA, desde a fase pré-clínica, que pode ter implicação prognóstica, como na intolerância à glicose ou pré-diabetes. (Figura 2)

Figura 2. Causas de disautonomia.

Figura 2

Fonte: elaborada pelo próprio autor. A figura exemplifica diversas causas de disfunções autonômicas agudas ou crônicas, centrais ou periféricas. Algumas patologias podem apresentar-se de formas diversas. SPOT: Síndrome Postural Ortostática Taquicardizante.

A expressão hipotensão ortostática neurogênica, muito usada pelos arritmologistas e cardiologistas, vincula a necessidade da presença de HO para definição do diagnóstico, situação que, quando detectada, pode representar uma fase tardia e de maior gravidade, muitas vezes com irreversibilidade do quadro.

Hipotensão Ortostática Neurogênica (HON) e Hipertensão Supina

A hipotensão ortostática é definida pela presença de redução da pressão arterial (PA) sistólica, de pelo menos 20 mmHg, ou da PA diastólica de 10 mmHg ou ambas, dentro de 3 minutos após posição ortostática ativa ou durante o teste de inclinação.3

Nos pacientes que apresentam HON, observa-se comprometimento do sistema nervoso autônomo, caracterizado pela incapacidade de proporcionar adequada vasoconstrição e/ou aumento compensatório adequado da frequência cardíaca (FC), suficientes para manter a PA ao se assumir a posição ortostática. Essa disfunção é atribuída, na maioria dos casos, à liberação insuficiente de norepinefrina a partir dos nervos simpáticos.42,43

Enquanto na HON a vasoconstrição comprometida é decorrente de um dano permanente na atividade eferente simpática, na hipotensão ortostática não neurogênica (HONN), ela inclui uma variedade de causas, como o uso de medicamentos, anti-hipertensivos, antidepressivos e agentes alfa-bloqueadores (tabela 1), além da depleção de volume e doenças crônicas que levam ao descondicionamento físico.58

Tabela 1. Medicações que podem causar hipotensão ortostática ou exacerbar sintomas de hipotensão ortostática neurogênica.

Classe de Medicações Exemplos
Dopaminérgicos Levodopa, agonistas da dopamina
Antidepressivos tricíclicos Amitriptilina, nortriptilina
Anticolinérgicos Atropina
↓ pré-carga Furosemida, hidroclorotiazida, espironolactona
Diuréticos Dinitrato de isossorbida
Inibidores da fosfodiesterase Sildenafila, vardenafila
Vasodilatadores
Antagonistas alfa-1 adrenérgicos
Bloqueadores de Ca++
Vasodilatadores diretos
Doxazosina, tansulosina
Anlodipino, nifedipina
Hidralazina
Inotrópicos e cronotrópicos negativos Betabloqueadores Propranolol, metoprolol, atenolol, bisoprolol, nebivolol, carvedilol
Bloqueador dos canais de cálcio (não dihidropiridínicos) Diltiazem, verapamil
Simpaticolíticos de ação central Clonidina, metildopa
Antagonistas do sistema renina-angiotensina
Inibidores da enzima conversora
Bloqueadores da angiotensina
Captopril, enalapril, perindopril
Losartana, telmisartana, candesartana

Fonte: Adaptada 4

É importante diferenciar a HON da HONN devido ao pior prognóstico da HON, com maior morbidade e mortalidade por todas as causas. Além disso, estudos indicam que a presença de HO em indivíduos de meia idade os predispõe a hipertrofia miocárdica mesmo na ausência de hipertensão.58,59 A incidência de HO aumenta com a idade, assim como a hipertensão, a diabetes e as doenças cardiovasculares ou degenerativas.42,43,59

Os pacientes que apresentam uma das cinco categorias abaixo apresentam maior risco de HON quando comparados com a população geral, e devem ser rotineiramente investigados: w

  1. Suspeitos ou diagnosticados com qualquer doença degenerativa associada com disfunção autonômica, incluindo doença de Parkinson, atrofia multissistêmica, insuficiência autonômica pura ou demência por corpos de Lewy;

  2. História de quedas inexplicadas ou síncopes;

  3. Presença de neuropatia periférica;

  4. Idade ≥70 anos com alto grau de fragilidade ou uso de múltiplas medicações;

  5. Presença de tonturas ou sintomas ortostáticos inespecíficos.

Após a identificação do paciente com risco de hipotensão ortostática, é importante a realização da medida da PA e da FC em posição supina (após 5 minutos deitado) e no primeiro e terceiro minuto após a posição ortostática, sendo este considerado o padrão ouro para diagnóstico de HO.58 Esses valores devem ser aferidos também após 5 minutos de ortostase.

Um método alternativo seria essa aferição após o paciente ter ficado 5 minutos na posição sentada e depois de 3 minutos em posição ortostática. Muitos desses pacientes ainda apresentam hipertensão supina (PA sistólica ≥ 140 mmHg e/ou ≥ a 90 mmHg). Nessa situação, recomenda-se considerar HO se houver queda da PA sistólica ≥30 mmHg e/ou da PA diastólica ≥10 mmHg.58

Medidas da FC também variam da posição supina (e/ou sentada) para a ortostática e ajudam a diferenciar a HON da HONN.42,59 Em indivíduos com HO, espera-se uma elevação compensatória da FC de pelo menos 15 bpm dentro de 3 minutos na posição de pé. Se isso não ocorrer, é possível que a HO seja neurogênica (desde que não haja uso concomitante de medicação cronotrópica negativa ou doença do sistema de condução ou paciente seja portador de marca-passo).

Uma revisão dos medicamentos prescritos deve ser realizada com o intuito de se evitar efeitos sobre a resposta barorreflexa (tabela 1), principalmente bloqueadores alfa- e beta-adrenérgicos e agonistas alfa-2 de ação central.

Alguns pacientes podem apresentar hipotensão pós-prandial, particularmente após refeições copiosas, ricas em carboidratos, e associadas com ingestão de bebida alcóolica. Nessas condições, medidas da PA em posição supina e ortostática devem ser realizadas antes e após a refeição, podendo ocorrer usualmente até 90 minutos após a refeição.

Sintomas de intolerância ortostática podem ocorrer em pacientes sem hipotensão ortostática detectável ao exame clínico devido ao comprometimento da vasorreatividade periférica e do retorno venoso. Nesses casos, observa-se um volume sistólico reduzido durante a monitorização hemodinâmica no teste de inclinação ortostática. A resposta compensatória da FC é suficiente para manter a pressão arterial em níveis aceitáveis.59,60

A investigação complementar (tabela 2) é aplicada para desvendar possíveis causas não neurogênicas da HO.58

Tabela 2. Investigação de pacientes com hipotensão ortostática (HO).

Testes Diagnósticos
Eletrocardiograma Avaliar ritmo e distúrbios de condução, hipertrofia, baixa voltagem
Hemograma completo Avaliar anemia e/ou infecção
Perfil metabólico (sódio, potássio, cálcio, creatinina, ureia, glicemia de jejum, hemoglobina glicada, bicarbonato); Sódio urinário em 24 h Depleção de volume (relação ureia/creatinina >20 mg/dl; disfunção renal ou diabetes ou distúrbios metabólicos
TSH, T4 livre, Cortisol, ACTH, vitamina B12 Disfunção da tireoide, suprarrenal e deficiência de vitamina B12
Albumina sérica Desnutrição e doença crônica
Enzimas e função hepática Em pacientes com perda de peso, suspeita de alcoolismo
Estudo de autoanticorpos (ANNA-1; ANNA-2, Anti-AChr, LGI1, dentre outros) no liquor e/ou sangue HO de início recente, suspeita de síndrome paraneoplásica autoimune, insuficiência autonômica pura
Eletroforese de proteínas séricas e urinárias, Imunofixação de proteínas
Biópsia de nervo, gordura abdominal com coloração vermelho-congo
Em pacientes com neuropatia periférica, suspeita de amiloidose
Catecolaminas plasmáticas em decúbito e após ortostase Falência autonômica pura
Sorologias para arboviroses (dengue), para COVID-19,
Sorologia para HIV
Pesquisas conforme a história clínica
Pesquisa para colagenoses (autoanticorpos como FAN, anti-DNA, anti-SM, anti-RNP) Suspeita de colagenoses

Fonte: Adaptada;58 Anti-AChr: Autoanticorpos antirreceptores gangliônicos de acetilcolina (AChr); ANNA: anticorpo antineuronal nuclear; anti-RNP: anticorpos antirribonucleoproteínas; HIV: vírus da imunodeficiência adquirida. COVID-19: Infecção pelo novo coronavírus tem sido associada a formas de disautonomia como a síndrome da fadiga crônica.

Se as medidas de pressão arterial padronizadas para o diagnóstico de HO não forem eficazes para o diagnóstico, outras condutas podem ser tomadas:

  1. Orientar o paciente a medir a PA e a FC em casa em diferentes situações:

    1. Quinze minutos depois de se deitar, à noite, ou antes de se levantar pela manhã;

    2. Três minutos depois de assumir a posição ortostática, antes de tomar a medicação, ou ainda, sempre que apresentar sintomas;

  2. Realizar o teste de inclinação ortostática, que pode documentar uma HO precoce ou tardia;

  3. Realizar a monitorização ambulatorial da PA de 24 horas (MAPA) — o paciente deve fazer anotações sempre que se deitar e se levantar.

Quando confirmado o diagnóstico de HO, é importante estabelecer a severidade, que depende da magnitude da queda da PA sistólica, do tempo de tolerância na posição ortostática e da magnitude dos sintomas às atividades da vida diária.

Uma escala de graduação de 1 a 4 (tabela 3) foi proposta como estratificação desses pacientes. Havendo graduação 3 e 4, é aconselhável o encaminhamento para um centro especializado em tratamento da hipotensão ortostática.61

Tabela 3. Escala de graduação da severidade da hipotensão ortostática neurogênica.

Grau Sintomas e Sinais
1 Sintomas infrequentes/sem restrição para se manter de pé, com 20 a 30 mm Hg de queda da PAS.
2 >30 mmHg de queda na PAS, num tempo de permanência em ortostase ≥5 min
3 >30 mmHg de queda na PAS em um tempo de permanência em ortostase <5 min ou severo impacto na atividade de vida diária
4 >30 mm Hg de queda na PAS em <1 min de permanência em ortostase ou incapacidade funcional.

Fonte: Adaptada.61

A hipotensão ortostática pode estar presente em apenas 30–50% dos pacientes com falência autonômica pura e em 60–70 % com atrofia multissistêmica.33

Pandisautonomia e Escores de Avaliação

Diversas patologias podem promover o envolvimento global do SNA, com comprometimento de diversos sistemas e órgãos.

Denomina-se pandisautonomia quando há comprovação de disautonomia sistêmica: cardiovascular e de diversos órgãos. Os pacientes com neuropatia autonômica cardiovascular e/ou hipotensão ortostática neurogênica devem ser questionados sobre sintomatologia específica em outros sistemas.

Alguns questionários podem ser utilizados para melhor avaliação clínica, como o ASP (Autonomic Symptom Profile), que contém 73 questões e o COMPASS (Composite Autonomic Symptom Scale), que utiliza a escala anterior e quantifica a gravidade das alterações. A validação desses questionários não foi realizada em diversos contextos clínicos. Entretanto, os itens que os compõem podem ser usados como triagem na suspeita de comprometimentos em outros órgãos.61,62

Mais recentemente, um novo escore SAS (Survey of Autonomic Symptoms) foi elaborado e validado, mostrando melhor sensibilidade em detectar neuropatias autonômicas leves, não necessitando de métodos complementares e podendo ser uma boa ferramenta clínica para detecção precoce de neuropatia autonômica (Tabela 4).61

Tabela 4. Questionário SAS (Survey of Autonomic Symptoms) para diagnóstico do envolvimento de diversos órgãos e sistemas nas disautonomias.

Sintomas/Problemas de Saúde Você teve algum destes sintomas nos últimos 6 meses? 1- Sim; 2- Não Qual a severidade deste sintoma? Escala de 1 a 5
(utilizado se presença de sintomas)
1 - Escurecimento visual 1 ou 2 1–5
2 - Boca Seca ou olhos secos
3 - Palidez ou cianose
4 - Sensação de frio em algumas regiões do corpo
5 - Sudorese dos pés reduzida em relação ao resto do corpo
6 - Sudorese dos pés reduzida ou ausente após exercícios ou em climas quentes
7 - Sudorese nas mãos aumentada em relação ao resto do corpo
8 - Náuseas, vômitos ou gases após alimentações leves
9 - Diarreia (>3 evacuações por dia)
10 - Constipação persistente
11 - Perda de urina
12 - Dificuldade de ereção

Fonte: Adaptada.61 A presença de três ou mais sintomas conferiu sensibilidade de 95% e especificidade de 65%, enquanto a presença de sete ou mais pontos determinou 60% de sensibilidade e 90% de especificidade. Os sintomas gastrointestinais tiveram menor correlação com outros índices.

Importância do Diagnóstico Precoce de Disautonomia.

O diagnóstico precoce de Disautonomia, antes das manifestações clínicas ou na presença de sintomas leves, pode trazer implicações terapêuticas e prognósticas importantes.

Em pacientes portadores de diabetes mellitus, o tratamento é mais efetivo com o uso de inibidores do cotransportador de sódio/glicose.

Na amiloidose AF com mutação da transtirretina (ATTR), o Tafamidis e o Inotersen podem modificar a evolução da doença.

A detecção precoce em patologias degenerativas melhora a qualidade de vida e promove redução de quedas, fraturas e internações.

Os testes específicos para avalição de disautonomia possibilitam o diagnóstico antes da sintomatologia incapacitante.

Síndrome da Fadiga Crônica

Atualmente, é considerada uma doença sistêmica crônica que afeta profundamente a qualidade de vida dos pacientes. Tem sido denominada fadiga crônica ou encefalomielite miálgica devido à documentação de alterações no sistema nervoso central e autônomo. Essa síndrome acomete cerca de 2,5 milhões de indivíduos nos EUA, de todas as idades, e reduz drasticamente a capacidade produtiva.

É uma doença complexa que envolve desregulação do sistema nervoso central, do sistema imune, com disfunção do metabolismo da energia celular e do transporte iônico, além de anormalidades cardiovasculares. É caracterizada por fadiga após o exercício, persistente e recorrente, sem outra causa que explique a origem dos sintomas (Tabela 5).9,6366

Tabela 5. Critérios Clássicos para Diagnóstico da Síndrome da Fadiga Crônica.

Cansaço extremo, persistente ou recorrente, sem causa justificada, com as seguintes características:
1. Início recente (isto é, não progressivo ao longo da vida) ou com gatilho específico
2. Dificuldade de exercer atividades habituais (profissionais, físicas ou sociais)
3. Preencher pelo menos 4 dos seguintes critérios:
3.1. Comprometimento da concentração e da memória recente
3.2. Dor na garganta
3.3. Linfonodos cervicais ou axilares
3.4. Dores articulares e musculares
3.5. Cefaleia
3.6. Sono não reparador
3.7. Mal-estar após o exercício, que permanece por período >24 horas.

Fonte: Adaptada9

Os exames laboratoriais de rotina geralmente são normais. O acometimento na regulação autonômica do sistema vascular é comumente encontrado, principalmente na resposta deficiente ao assumir a posição ortostática, resultando em alta associação com disautonomia (Figuras 4 e 5).

Figura 4. Teste de inclinação com medidas hemodinâmicas, onde os valores do volume sistólico, débito cardíaco e resistência vascular periférica (RVP) foram corrigidos para a superfície corporal, obtendo-se o índice sistólico (IS), índice cardíaco (IC) e índice de RVP (IRVP). 4A. Paciente com diagnóstico clínico de fadiga crônica. Logo após inclinação, observa-se redução exagerada do IS (>30%), compensada inicialmente por elevação esperada do IRVP e da FC. Após 15 minutos de inclinação, observa-se maior redução do IS, associada com redução do IRVP, ao invés de maior elevação compensatória esperada do IRVP, de modo que a compensação para manter a PA estável se faz às custas de maior elevação da FC, que passa a apresentar um aumento exagerado (>30 bpm), do que observado em posição supina. Essa alteração ocorre mais tardiamente (após 10 minutos do início do exame), não preenchendo os critérios para SPOT. 4B. Paciente com diagnóstico de SPOT. Observa-se, durante a inclinação, redução do IS não compensada pela elevação do IRVP. Há redução ao invés de elevação no IRVP ao assumir a posição ortostática. Desse modo, a pressão arterial média (PA) se mantém estável, às custas de elevação exagerada da frequência cardíaca (FC) em >30 bpm ocorrendo nos primeiros 10 minutos de inclinação, associado com sintomas, preenchendo, portanto, critérios para SPOT. A diferença entre as duas entidades pode ser, em alguns casos, apenas temporal.

Figura 4

Figura 5. Teste de inclinação com medidas hemodinâmicas, onde volume sistólico, débito cardíaco e resistência vascular periférica (RVP) foram corrigidos para a superfície corporal, obtendo-se índice sistólico (IS), índice cardíaco (IC) e índice de RVP (IRVP). PA: pressão arterial. 5A. Paciente com intolerância ortostática. Não ocorre a elevação esperada do IRVP, que apresenta redução progressiva compensada por elevação progressiva da FC até o final da inclinação, com redução discreta da PA. Os sintomas ocorrem na vigência de déficit na elevação da RVP em posição ortostática. 5B. Paciente com hipotensão ortostática tardia. Neste, também se observa ausência de redução do IS e redução progressiva do IRVP durante inclinação. Após 10 minutos de inclinação, quando ocorre maior redução do IRVP, que não é acompanhada de elevação adicional da FC, observa-se hipotensão ortostática, com sintomas. Nota-se que após 20 minutos ocorre recuperação espontânea do IRVP e da PA, com alívio dos sintomas.

Figura 5

Figura 3. Fluxograma para Avaliação e Seguimento das disautonomias ou neuropatias autonômicas cardiovasculares (NAC).

Figura 3

  1. Ocorre de forma idiopática como na atrofia multissistêmica ou na falência autonômica pura, ou em patologias como diabetes mellitus, doenças neurodegenerativas, Doença de Parkinson, síndromes demenciais, insuficiência renal crônica, amiloidose, algumas doenças neoplásicas e nos idosos.
  2. Eletrocardiograma para avaliar frequência cardíaca e intervalo QT.
  3. Testes neurológicos como eletromiografia, ressonância cerebral, testes cardiológicos como Holter 24 h, avaliação de isquemia.
    Testes laboratoriais como hemograma completo, função renal, cortisol, ACTH, perfil glicêmico, catecolaminas plasmáticas colhidas deitado e logo após ortostase, marcadores neoplásicos e de doenças autoimunes, dentre outros (vide seção específica).
  4. Conforme recomendação das diretrizes internacionais no diabético1,2,7.
  5. SGLT2 — Medicamentos para diabetes – inibidores da enzima cotransportadora de sódio-glicose, sendo usados para tratamento da diabetes.
  6. Pacientes com extrassístoles muito frequentes, fibrilação atrial, marca-passo cardíaco ou disfunção cognitiva avançada não conseguem ser avaliados por essa metodologia. Considerar que vários fármacos devem ser suspensos para o exame e os valores das medidas devem ser correlacionados com valores de normalidade para a idade e o sexo.

Fonte: elaborada pelo próprio autor.

A neuroinflamação pode ter diferentes fatores deflagradores: infecção cerebral (herpes-vírus crônico), autoanticorpos, neurotoxinas ou estresse crônico, e ainda por processos inflamatórios extracerebrais, incluindo o intestino. Baixos níveis de neuroinflamação deflagram alterações comportamentais protetoras, como a redução da atividade, do apetite e aumento do sono.6366

Exames de ressonância magnética funcional em pacientes com fadiga crônica demonstraram diferentes respostas aos estímulos visual e auditivo e aos testes de memória, assim como alterações de conectividade entre as regiões do cérebro. A tomografia com emissão de pósitrons demonstrou neuroinflamação generalizada e níveis elevados de lactato, que se correlacionam com os graus de fadiga. No líquido espinhal, há maior taxa de proteínas relacionadas com injúria e reparo muscular.65,66

Também têm sido descritas anormalidades metabólicas, que resultam em comprometimento da geração de energia celular de diferentes origens: oxigênio, açúcar, lipídeos e aminoácidos, com altos níveis de estresse oxidativo e de ácido nítrico. Muitos metabólitos encontram-se em níveis inferiores ao normal. Esse quadro hipometabólico é observado em alguns animais em estado de hibernação e permite que animais sob ameaça desacelerem o processo metabólico de consumo energético para preservar as funções vitais.65,66

Entre as anormalidades do sistema nervoso autônomo, observam-se alterações da frequência cardíaca e da pressão arterial durante a posição ortostática prolongada, que não são suficientes para fazer diagnóstico de SPOT, ou de hipotensão ortostática, mas estão associadas com redução do fluxo cerebral e provocam sintomas.

Em testes provocativos de desafios físicos, ortostático e mental, observam-se variados tipos de sintomas, principalmente após 12–24 horas de atividade, conhecidos como “mal-estar após o exercício”. Os pacientes ainda apresentam dificuldade de extração do oxigênio durante o esforço, resultando em limiar anaeróbico reduzido.67

Na última década, observou-se um alarmante aumento de pacientes com outras morbidades associadas, como a dor crônica e comprometimento funcional.46,47 Os mesmos critérios diagnósticos podem ser aplicados: fadiga crônica, dor crônica incluindo cefaleia, distúrbios do sono, distúrbios do humor, mal-estar após o exercício, intolerância ortostática e ao exercício e dificuldade de manter a capacidade funcional usual antes do início dos sintomas.

A intolerância ortostática é definida pela presença de tonturas, cabeça leve, turvação visual e pré-síncope, que pioram ao se assumir a posição ortostática e são aliviadas com a postura horizontal.

As doenças crônicas associadas com fadiga crônica, assim como a fadiga crônica isoladamente, tipicamente ocorrem após um evento deflagrador: infecção viral, bacteriana ou fúngica, cirurgia, acidente automobilístico, gravidez, vacinação ou após um período prolongado de estresse físico ou mental. Recentemente, a infecção pelo novo coronavírus (COVID-19) tem demonstrado afetar várias áreas do sistema nervoso, sendo relatados casos suspeitos de fadiga crônica, causando preocupação pela possibilidade de aumento acentuado nessa entidade.6872

Em alguns casos, nenhum fator precipitante é identificado, mas pode haver história familiar de sintomas semelhantes em membros de primeiro grau, sugerindo um componente genético. Muitos pacientes desenvolvem ansiedade e depressão secundária às doenças crônicas ou como parte das alterações fisiopatológicas da doença de base. Um número significativo de pacientes apresenta marcadores autoimunes e inflamatórios.

Achados objetivos incluem: intolerância ortostática ao teste de inclinação, disfunção autonômica e neuropatia de pequenas fibras (nos testes de função autonômica), hipovolemia e anormalidade em testes funcionais de ressonância magnética (RMN), Single Photon Emission Computed Tomography (SPECT) ou Positron Emission Tomography (PET scan). A RMN convencional mostra apenas achados não específicos.6971

Apesar das recentes descobertas, ainda não há um método de alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico preciso, assim como também não há um tratamento eficaz.

Como parte do tratamento das doenças crônicas associadas com a fadiga crônica, a psicoterapia, a terapia comportamental cognitiva e a terapia ocupacional podem melhorar o estado funcional e reduzir o sofrimento desses pacientes. Geralmente são utilizadas medicações para cefaleia, dor neuropática, tensão muscular, sintomas gastrointestinais e para distúrbios do sono. É de extrema utilidade a separação das diferentes etiologias de fadiga crônica.

A síndrome de ativação dos mastócitos pode causar sintomas de fadiga crônica ou SPOT. Nesse caso, anti-histamínicos podem ser úteis. Nas doenças do tecido conjuntivo, anti-inflamatórios, terapia imunomoduladora como a cloroquina ou imunoglobulina intravenosa e corticoides podem ser utilizados para controle da dor articular e da fadiga.

Síndrome da Fadiga Crônica – Novos critérios8.

Recentemente, recomenda-se que a fadiga crônica seja renomeada como doença sistêmica de intolerância ao exercício, com novos critérios diagnósticos:

  1. Fadiga inexplicada e consequente incapacidade para o trabalho por mais que 6 meses;

  2. Mal-estar após exercício;

  3. Sono não reparador;

  4. Comprometimento cognitivo ou intolerância ortostática.

Síndrome Postural Ortostática Taquicardizante (SPOT)

É definida como a resposta cronotrópica exagerada à mudança da postura horizontal para a ortostase, persistente e associada a sintomas de intolerância ortostática (IO).73,74 É a causa mais comum de IO na população jovem. Afeta de 500.000 a 3.000.000 de indivíduos somente nos EUA, sendo a maioria mulheres (4:1), com idade entre 15 e 25 anos ou no início de sua vida profissional.10,11,75 Observa-se elevação sustentada da frequência cardíaca (FC) ≥ 30 bpm (≥40 bpm se <20 anos) ou FC ≥120 bpm nos primeiros 10 minutos em posição ortostática ou durante o tilt test, sem hipotensão ortostática clássica associada. Pode ocorrer leve redução na pressão arterial.

Geralmente, identifica-se um ou mais fatores desencadeadores: estresse agudo na gravidez, cirurgia, infecção prévia, vacina ou evento traumático. Entre as infecções mais comuns estão: o vírus da mononucleose (18.6%), viroses respiratórias (18%) e gastrointestinais (11.4%).10,76,77

Na avaliação inicial de pacientes com suspeita de SPOT, além da história e exame físico, os sinais vitais devem ser obtidos em posição supina e ortostática. A história clínica tem como objetivo investigar as possíveis causas de taquicardia ortostática, incluindo os potenciais deflagradores. Os sintomas de SPOT geralmente são exacerbados por exercício, calor, desidratação e ingestão de álcool.

O eletrocardiograma e a monitorização ambulatorial do ECG devem ser realizados para descartar possíveis causas primárias de taquicardias e o ecocardiograma e o teste ergométrico para avaliar a presença de cardiopatia estrutural e a resposta da frequência ao esforço. Testes de função da tireoide, assim como hemograma, devem fazer parte da rotina de investigação para descartar causas secundárias de taquicardia.

O teste de inclinação ortostática pode ser útil para obtenção de parâmetros hemodinâmicos e da tolerância à posição ortostática. A avaliação autonômica ampliada, com análise de vários parâmetros hemodinâmicos durante o teste de inclinação, é altamente recomendável na investigação e diagnóstico diferencial etiológico da SPOT.

Sistemas de monitorização contínuos e não invasivos da PA e ECG, associados a medidas de bioimpedância, permitem a avaliação do volume sistólico, da resistência vascular periférica e do débito cardíaco, sendo possível identificar-se o tipo de distúrbio hemodinâmico presente no paciente com SPOT (Figuras 4 e 5).

A SPOT é uma síndrome heterogênea resultante de distintos mecanismos fisiopatológicos não excludentes. Ela pode ser classificada em cinco tipos, de acordo com o mecanismo fisiopatológico predominante: neuropático, hipovolêmico, hiperadrenérgico. Pode ser secundária a alterações na noradrenalina ou ativação dos mastócitos, e relacionada à hipermobilidade das articulações (síndrome de Ehlers-Danlos).7681

Na forma neuropática, o principal mecanismo é o comprometimento da vasorreatividade periférica por denervação simpática predominante. Nestes casos, ocorre acúmulo do volume sanguíneo nos membros inferiores ao se assumir a posição ortostática e a ativação do sistema simpático resulta em taquicardia reflexa, nem sempre compensatória. Cerca de 50% desses pacientes apresentam também denervação sudomotora periférica, sugerindo denervação simpática pós-ganglionar.

Na forma hipovolêmica, 70% dos pacientes apresentam hipovolemia decorrente de excessiva retenção de líquidos no compartimento inferior do organismo. Há redução no tônus, aumento da capacitância venosa e redução do volume sistólico durante o teste de inclinação. Essa hipovolemia central resulta em ativação adrenérgica pelos barorreceptores e taquicardia reflexa compensatória exacerbada.

Muitos pacientes desse grupo apresentam volume sanguíneo total reduzido — tanto o volume plasmático quanto de células sanguíneas.78,79 Paradoxalmente, alguns desses pacientes apresentam baixos níveis de atividade da renina e aldosterona plasmática e altos níveis de angiotensina II.78

Na forma hiperadrenérgica, a excessiva ativação adrenérgica provoca sintomas como palpitações, sudorese, tremores, ansiedade e até hipertensão desencadeada por atividade física ou estímulo emocional. A forma hiperadrenérgica primária caracteriza-se por altos níveis de norepinefrina plasmática devido a maior produção (1000–2000 pg/ml), ocorrendo em 5 a 10% dos casos.

Na forma secundária, consiste num grupo heterogêneo dividido em três categorias principais:

  1. Depuração reduzida de norepinefrina sináptica (mutação de perda da função);

  2. Desordem de ativação dos mastócitos caracterizada pela presença de metil-histamina urinária elevada;

  3. Bloqueio farmacológico do transporte da norepinefrina por fármacos que inibem esse transporte, como antidepressivos tricíclicos e outras drogas similares à anfetamina, sendo esse último o tipo mais frequentemente encontrado.

Na síndrome de Ehlers-Danlos, uma doença do tecido conjuntivo com hiperelasticidade da pele e hipermotilidade articular, 70% dos indivíduos apresentam SPOT e 18% dos pacientes com SPOT apresentam critérios diagnósticos para síndrome de Ehlers-Danlos, considerado um mecanismo subjacente para a síndrome.80

Nos casos de pacientes com SPOT que apresentam a síndrome de ativação dos mastócitos, um fator autoimune pode estar presente. Esses pacientes apresentam rubor da pele e hipertensão associada com a taquicardia ortostática. Ainda não está claro se a ativação simpática causa degranulação dos mastócitos ou se a ativação dos mastócitos causa a vasodilatação.80,82

Em pacientes refratários, uma avaliação extensa em centro especializado em testes autonômicos deve ser considerada. As manobras de Valsalva com medida da PA batimento por batimento podem mostrar uma fase 4 exagerada, revelando excessiva atividade simpática. A dosagem de epinefrina e norepinefrina plasmática em posição supina e ortostática pode ser útil para identificar os casos hiperadrenérgicos, assim como a análise do sódio urinário nas 24 horas e os casos de depleção de volume.6

Ansiedade e hipervigilância geralmente são frequentes nos pacientes com SPOT. Entretanto, a elevação da FC não é decorrente do estado de ansiedade, mas decorrente de uma anormalidade fisiológica. Ainda assim, avaliação e acompanhamento psicológicos podem ser úteis no manejo clínico desses pacientes.

Comum a todas as formas de SPOT é o estado de descondicionamento físico. Múltiplos parâmetros associados com o descondicionamento estão presentes nesses pacientes: área e massa cardíacas reduzidas (16%), volume sanguíneo reduzido (20%) e pico do consumo de oxigênio (VO2) reduzido quando comparados com controles sedentários. Tanto o repouso no leito quanto o descondicionamento reduzem a sensibilidade do barorreflexo em produzir vasoconstrição.

Num estudo que realizou um registro internacional de SPOT, o condicionamento físico progressivo demonstrou expansão volêmica e aumentou a área cardíaca dos pacientes, resultando numa melhora significativa dos sintomas. Nesse estudo, 71% dos pacientes que completaram o programa de treinamento ficaram livres do diagnóstico de SPOT. Em um pequeno grupo, que foi acompanhado por 6 a 12 meses, o resultado também foi mantido.83

O protocolo consistia em oito meses de progressivo treinamento com exercício aeróbico (três sessões por semana), associado com duas sessões semanais de exercício de fortalecimento muscular de baixa resistência, iniciando em posição supina e progredindo para posição ortostática. O exercício, quando comparado com betabloqueador, mostrou melhora na qualidade de vida e normalizou a resposta neuro-humoral, sendo considerado como classe IIa de indicação nas diretrizes internacionais.11,83,84

Não há nenhuma recomendação classe I para o tratamento da SPOT. Medidas não farmacológicas incluem aumento da ingestão de líquidos para 2 a 3 litros/dia e de sal para 10 a 12 gramas/dia. Infusão de até 2 litros de soro fisiológico é recomendada para descompensações agudas (classe IIb).11

Se as medidas não farmacológicas não forem efetivas, o tratamento farmacológico pode ser instituído de acordo com o tipo do distúrbio identificado (Figuras 4 e 5) ou o algoritmo proposto por Bryarly et al. modificado (Figura 6).74

Figura 6. Algoritmo de tratamento para portadores de SPOT.

Figura 6

Fonte: adaptado.73

Síndrome da Fadiga Crônica x Síndrome Postural Ortostática Taquicardizante (SPOT).

A Síndrome Postural Ortostática Taquicardizante (SPOT) tem sido encontrada em 29% dos pacientes com a síndrome da fadiga crônica, enquanto quase 50% dos pacientes com SPOT apresentam a síndrome da fadiga crônica.

A fludrocortisona pode ser útil na expansão volêmica, mas o seu efeito ainda não foi testado em grandes estudos clínicos. A midodrina, com ação agonista alfa-1 adrenérgico, age aumentando a contração de veias e artérias. Essa medicação significativamente reduz a FC, mas em grau menor que a infusão salina. Apresenta tempo de ação e metabolização rápidos e deve ser utilizada três vezes ao dia, enquanto o paciente estiver em atividade, evitando possível hipertensão noturna.

Medicações como midodrina associadas a baixa dose de betabloqueador não seletivo (propranolol), fludrocortisona e piridostigmina são úteis nas formas disautonômicas e hipovolêmicas da SPOT. Na forma hiperadrenérgica, a clonidina ou alfa-metildopa podem ser eficazes (classe IIb).11

A modificação do nó sinusal por radiofrequência não é recomendada e pode ser prejudicial, pois elimina o mecanismo compensatório do baixo débito cerebral, que é a taquicardia sinusal desencadeada pela ação do barorreflexo.

Sintomas concomitantes, como cefaleia e distúrbios do sono ou problemas gastrointestinais são frequentemente observados na SPOT, devendo ser tratados adequadamente, assim como a terapia cognitiva comportamental deve ser considerada.

Hipersensibilidade do Seio Carotídeo e a Cardioneuroablação

A prevalência da hipersensibilidade do seio carotídeo (HSC) varia com a idade, sendo extremamente incomum em indivíduos com idade <50 anos, apresentando aumento exponencial com a idade. Em pacientes com síncope e idade acima de 60 anos, tem sido observada uma resposta anormal do seio carotídeo em até 22,3%. Portanto, é um achado comum em pacientes idosos sem síncope, especialmente se portadores de doença cardiovascular. Por esta razão, há um consenso de que para o diagnóstico de síndrome da hipersensibilidade do seio carotídeo haja a reprodução dos sintomas clínicos durante a massagem do seio carotídeo e história prévia de síncope espontânea, sugestiva de origem reflexa.12,85,86 A massagem do seio carotídeo positiva, mas sem história de síncope, define apenas a hipersensibilidade do seio carotídeo e não a síndrome clínica (tabela 6).

Tabela 6. Definição de Hipersensibilidade do Seio Carotídeo.

DEFINIÇÃO
Redução da frequência cardíaca e/ou pressão arterial (PA) em resposta à massagem do seio carotídeo:
1. Cardioinibitória: pausa ≥3 segundos (usualmente >6 segundos);
2. Vasodepressora: queda da PA ≥50 mmHg, sem bradicardia significante;
3. Mista: pausa ≥3 segundos associada com queda da PAS ≥50 mmHg.

Fonte: Adaptada.1

A massagem do seio carotídeo é indicação classe I nas diretrizes internacionais para pacientes >40 anos, com síncope de origem desconhecida, compatível com mecanismo reflexo (classe I).12 A massagem é entretanto, passível de questionamento, já que pacientes assintomáticos podem apresentar alterações hemodinâmicas com sintomas durante a manobra.87 No entanto, se a síncope for de origem indeterminada e a resposta à massagem do seio carotídeo, na forma cardioinibitória, reproduzir o sintoma clínico, existe uma causa presuntiva da síncope, pois o uso de marca-passo nesse grupo de pacientes melhorou os sintomas de síncope em alguns estudos.11,88

Talvez a melhor maneira de confirmar a causa da síncope nesse contexto seria por monitoramento com o ECG de longa duração (looper externo ou implantável). Apesar de mais precisa para diagnosticar os casos de hipersensibilidade do seio carotídeo na forma cardioinibitória, essa técnica (looper externo ou implantável), não conseguiria identificar as formas vasodepressoras da hipersensibilidade.89

A massagem do seio carotídeo deve ser realizada preferencialmente com a monitorização da PA e do eletrocardiograma contínuo, batimento a batimento, sendo mais segura quando realizada no laboratório de teste de inclinação. A manobra deve ser realizada com a face do paciente rodada lateralmente, em posição supina e, se negativa, repetida em posição ortostática, em cada lado, por no máximo 10 segundos de compressão, na região de maior pulsação carotídea, no ângulo formado pela mandíbula, na cartilagem cricoide e na margem anterior do músculo esternocleidomastoideo. Deve-se evitá-la em pacientes com sopro carotídeo antes de uma avaliação adequada.

Embora complicações graves sejam raras (0,24%), o risco de ataque isquêmico transitório deve ser considerado, em especial para pacientes que tenham apresentado tal evento previamente, assim como acidente vascular cerebral, ou que apresentem estenose de artéria carótida >70%, sendo essas as contraindicações para a manobra.12

O seio carotídeo é um barorreceptor que responde ao estiramento da parede, como acontece com a elevação da PA.65 Nessa situação, ocorre um aumento do tônus vagal e redução do tônus simpático. Do contrário, quando ocorre uma redução da PA e redução da tensão na parede vascular, há uma redução nos disparos do barorreceptor, resultando em atenuação da ação vagal. Os estímulos do barorreflexo são enviados do seio carotídeo para o núcleo do trato solitário, onde fica um grande número de neurônios cardiovasculares.

Embora a fisiologia do barorreflexo do seio carotídeo seja razoavelmente bem compreendida, a fisiopatologia da HSC permanece obscura.

Três principais mecanismos fisiopatológicos têm sido considerados:9094

Aterosclerose: teoricamente, a redução da complacência dos vasos poderia resultar em redução no fluxo aferente do impulso barorreflexo. Contudo, tem sido demonstrado que a porção aferente do reflexo do seio carotídeo se encontra intacta em indivíduos com HSC.

Denervação do músculo esternocleidomastoideo92: com a idade, ocorre denervação do músculo esternocleidomastoideo (demonstrada por eletromiografia), reduzindo assim as informações enviadas para o núcleo do trato solitário, enquanto os barorreceptores do seio carotídeo continuam enviando sinais adequadamente para o mesmo núcleo, gerando um desequilíbrio de informações. Assim, o movimento da cabeça pode resultar em sinais aferentes somente do seio carotídeo, sendo interpretado pelo núcleo do trato solitário como aumento da PA, deflagrando uma redução abrupta da PA e da FC.

Disfunção autonômica generalizada: mais recentemente, tem sido demonstrada atividade simpática elevada em indivíduos com HSC, sintomáticos ou assintomáticos, o que sugere uma disfunção autonômica generalizada.

As manifestações clínicas mais comuns da HSC são síncope, pré-síncope ou tonturas durante manobras com mudança de posição da cabeça. Geralmente, a perda da consciência, assim como sua recuperação, ocorre de forma súbita. Desse modo, injúrias decorrentes das quedas são comumente observadas.

Paciente idosos podem referir episódios como quedas recorrentes, sem causa aparente. Eles podem não referir mudanças de posição da cabeça durante a queda.

Com relação ao tratamento da forma vasodepressora da HSC, estudos com midodrina95 e fludrocortisona96 demonstraram melhora dos sintomas de síncope e pré-síncope em comparação com placebo. Contudo, para os pacientes com a forma cardioinibitória, o implante de marca-passo definitivo tem sido o tratamento de escolha.

A decisão de se implantar um marca-passo após um único episódio de síncope vai depender da consequência e da severidade da injúria resultante desse episódio. Alguns pequenos estudos observacionais e randomizados mostraram melhora dos sintomas clínicos após o implante.11,12,15

Entretanto, estudos randomizados cegos, comparando marca-passo dupla câmara versus marca-passo dupla-câmara, sem estimulação ativa (desligados), não mostraram melhora significativa nos pacientes com quedas sem explicação.88,90,97,98 Tampouco existem estudos randomizados em larga escala testando o uso do marca-passo na forma cardioinibitória, levantando questionamentos às recomendações das diretrizes vigentes.97 Por outro lado, uma metanálise de três estudos demonstrou 9% de recorrência de síncopes em pacientes com estimulação ativa versus 38% no grupo controle (sem marca-passo).99 Essa metanálise e outros estudos de revisão são a base de apoio para as recomendações atuais de implante de marca-passo com nível de indicação Classe IIa nas Diretrizes Americanas15 e Europeias11,15 de síncope.

A denervação do seio carotídeo por irradiação ou endarterectomia foi considerada no passado também como uma opção de tratamento.100

Com relação ao prognóstico, não tem sido observada diferença de mortalidade entre os pacientes com e sem a HSC quando comparados com indivíduos de mesma idade.87,101 Contudo, as consequências de uma injúria decorrente de uma queda num paciente idoso não podem ser adequadamente estimadas. Portanto, os pacientes devem ser informados que o risco de síncope recorrente deve reduzir, mas sintomas menores incluindo pré-síncope podem persistir, mesmo com as terapêuticas implementadas.

Outra estratégia de tratamento muito promissora para a síncope reflexa decorrente de atividade vagal exacerbada é a técnica conhecida como cardioneuroablação, que consiste na modificação da atividade vagal pela técnica de ablação por cateter, utilizando a energia de radiofrequência.102

Pachon et al.,103 observaram que as fibras nervosas, quando se misturam com as células miocárdicas, produzem alteração na sua condução, de compacta (condução uniforme com uma frequência principal de 40 Hz, que ocorre na região de células muito bem conectadas) para fibrilar (condução com potenciais fracionados com frequência maior que 100 Hz). Os autores utilizaram o padrão de miocárdio fibrilar (encontrado principalmente na região do nó sinusal e do nó atrioventricular) como marcador da interface neuromiocárdio e dos sítios-alvo para cardioneuroablação, obtendo melhora clínica dos episódios de síncope.103

Resultados animadores com a técnica de ablação do miocárdio fibrilar ao redor do nó sinusal e do nó atrioventricular têm sido descritos na literatura. Durante o procedimento de ablação, a obtenção de desaparecimento dos potenciais de alta frequência nessas regiões resultou em melhora da função sinusal e nodal.104

A cardioneuroablação já foi utilizada para tratar paciente com hipersensibilidade do seio carotídeo, podendo ser uma alternativa ao implante de marca-passo, especialmente em indivíduos jovens que são mais vulneráveis às complicações a longo prazo.105,106

Em resumo, a ablação de plexos ganglionares pode promover significante redução da atividade vagal, nos nós sinusal e atrioventricular, sendo efetiva em reduzir sintomas em pacientes com bradicardia acentuada neuromediada. Devido às diferentes técnicas empregadas, estudos randomizados multicêntricos seriam necessários para definir a eficácia, a melhor técnica, a segurança e a reprodutibilidade do método.107

Taquicardia Sinusal Inapropriada (TSI)

O primeiro caso de taquicardia sinusal inapropriada (TSI) foi descrito na literatura em 1939 por Codvelle e Boucher. 108 Atualmente, estima-se uma prevalência de 1,2% na população geral.11 É considerada uma condição crônica, mas pouco se sabe sobre sua evolução e mortalidade. Seu mecanismo é pouco compreendido,109113 incluindo a automaticidade aumentada do nó sinusal, hipersensibilidade beta-adrenérgica, atividade parassimpática reduzida e modulação neuro-hormonal prejudicada.

O início das manifestações geralmente está associado a evento de estresse, tais como um divórcio entre os pais de adolescentes, separação ou outro evento familiar maior. Os sintomas geralmente encontrados são: palpitações, tonturas e síncopes, também podendo ocorrer desconforto abdominal, sudorese, cefaleia, turvação visual, fadiga, ansiedade, intolerância ao exercício, mialgia e dor torácica.

História clínica e exame físico devem ser realizados com o objetivo de identificar possíveis causas para a taquicardia, tais como: hipertireoidismo; medicamentos; uso de substâncias ocultas; deflagradores psicológicos; ataques de pânico e descartar SPOT, considerando que ambas entidades compartilham os mesmos sintomas (Tabela 7).

Tabela 7. Causas que devem ser descartadas antes de se fazer o diagnóstico de taquicardia sinusal inapropriada.

Condições Médicas Condições Fisiológicas Drogas/Substâncias
Hipertireoidismo Exercício físico Cafeína
Doença de Cushing Estresse emocional Álcool
Feocromocitoma Dor Tabaco
Anemia Febre Catecolaminas
Infecções Gravidez Vasodilatadores
Desidratação Depleção de volume Substâncias com atropina
Miocardiopatia Teofilina
Ataque de Pânico Drogas ilícitas
Pericardite Descongestionantes
Insuficiência mitral ou aórtica Simpaticomiméticos
Infarto do miocárdio Hormônios da tireoide
Hipotensão ortostática

Fonte: próprio autor e adaptada.10,110

Os pacientes devem ser investigados com relação à hipovolemia, que pode ser observada em alguns casos. Entretanto, é necessário se descartar doença cardíaca estrutural para o diagnóstico de TSI. Na história natural de pacientes com TSI, em geral, não há piora da função ventricular decorrente da taquicardia.109 Raramente, no entanto, há descrição de casos isolados de taquicardiomiopatia, desafiando a noção de que TSI é sempre condição benigna.111,113,114

O teste de esforço pode ser útil em documentar uma taquicardia exagerada em resposta ao exercício físico. Os testes autonômicos cardiovasculares, incluindo a resposta da FC tanto à manobra de Valsalva quanto à respiração profunda e à posição ortostática, assim como à variabilidade da FC e à sensibilidade do barorreflexo, não têm demonstrado utilidade clínica, portanto não devem ser rotineiramente empregados.11

Taquicardia Sinusal Inapropriada (TSI).

É definida quando a frequência cardíaca em repouso é superior a 100 bpm e a média da FC é maior que 90 bpm no Holter 24 h em adolescentes e adultos jovens. Ocorre mais comumente em mulheres, sem causa que justifique. Está associada a diversos sintomas acentuados e às vezes debilitantes, sendo principalmente palpitações, tonturas e síncopes.

Os portadores de TSI geralmente apresentam uma perda significativa da qualidade de vida. Não existem estudos clínicos prospectivos, controlados com placebo, para as intervenções terapêuticas utilizadas no tratamento, podendo alguns sintomas persistirem apesar do controle da FC.

Existem algumas evidências de que a ivabradina, na dose de 5 a 7,5 mg, duas vezes ao dia, possa melhorar a qualidade de vida. 115,116,117 Além disso, parece que a ivabradina pode trazer benefícios quando associada com o betabloqueador (metoprolol).118

Betabloqueadores, isoladamente, não são úteis e podem causar efeitos colaterais. Outros tratamentos têm sido propostos, tais como: fármacos como a fludrocortisona; clonidina; eritropoietina; medidas não farmacológicas, como as meias de compressão elásticas; os exercícios físicos e, raramente, a ablação por radiofrequência, que pode trazer riscos de lesão do nó sinusal, necessitando de implante de marca-passo cardíaco.119 Os pacientes portadores de TSI geralmente requerem atenção especial e mudanças no estilo de vida.

Observação

A parte II desse artigo, com a descrição das manifestações clínicas, cardiovasculares, métodos de investigação e tratamento, continuará nos próximos números da revista.

Footnotes

Fontes de financiamento

O presente estudo não contou com fontes de financiamento externas.

Vinculação acadêmica

Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Séries Clínicas da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC

Referências

  • 1.1. Spallone V, Ziegler D, Freeman R, Bernardi L, Frontoni S, Pop-Busui R, et al. Cardiovascular autonomic neuropathy in diabetes: clinical impact, assessment, diagnosis, and management. Diabetes Metab Res Rev. 2011 Oct;27(7):639–53. [DOI] [PubMed]
  • 2.2. Spallone V. Update on the impact, diagnosis and management of cardiovascular autonomic neuropathy in diabetes: what is defined, what is new, and what is unmet. Diabetes Metab J. 2019 Feb;43(1):3–30. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 3.3. Gibbons CH, Schmidt P, Biaggioni I, Frazier-Mills C, Freeman R, Isaacson S, et al. The recommendations of a consensus panel for the screening, diagnosis, and treatment of neurogenic orthostatic hypotension and associated supine hypertension. J Neurol. 2017;264(8):1567–82. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 4.4. Jordan J, Fanciulli A, Tank J, Calandra-Buonaura G, Cheshire WP, Cortelli P, et al. Management of supine hypertension in patients with neurogenic orthostatic hypotension: scientific statement of the American Autonomic Society, European Federation of Autonomic Societies, and the European Society of Hypertension. J Hypertens. 2019 Aug;37(8):1541–6. [DOI] [PubMed]
  • 5.5. Vinik AI, Camacho PM, Davidson JA, Handelsman Y, Lando HM, Leddy AL, et al. American Association of Clinical Endocrinologists and American College of Endocrinology Position Statement on Testing for Autonomic and Somatic Nerve Dysfunction. Endocr Pract. 2017 Dec;23(12):1472–8. [DOI] [PubMed]
  • 6.6. Spallone V, Bellavere F, Scionti L, Maule S, Quadri R, Bax G, et al. Recommendations for the use of cardiovascular tests in diagnosing diabetic autonomic neuropathy. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2011;21(1):69–78. [DOI] [PubMed]
  • 7.7. Freeman R, Abuzinadah AR, Gibbons C, Jones P, Miglis MG, Sinn DI. Orthostatic hypotension. J Am Coll Cardiol. 2018;72(11):1294–309. [DOI] [PubMed]
  • 8.8. Institute of Medicine, Board on the Health of Select Populations, Committee on the Diagnostic Criteria for Myalgic Encephalomyelitis/Chronic Fatigue Syndrome. Beyond Myalgic Encephalomyelitis/Chronic Fatigue Syndrome: Redefining an Illness. Washington (DC): National Academies Press; 2015. [PubMed]
  • 9.9. Fukuda K, Straus SE, Hickie I, Sharpe MC, Dobbins JG, Komaroff A. The chronic fatigue syndrome: a comprehensive approach to its definition and study. International Chronic Fatigue Syndrome Study Group. Ann Intern Med.1994;121(12):953-9. [DOI] [PubMed]
  • 10.10. Sheldon RS, Grubb 2nd BP, Olshansky B, Shen WK, Calkins H, Brignole M, et al. 2015 heart rhythm society expert consensus statement on the diagnosis and treatment of postural tachycardia syndrome, inappropriate sinus tachycardia, and vasovagal syncope. Heart Rhythm. 2015 Jun;12(6):e41–63. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 11.11. Brignole M, Moya A, Lange FJ, Deharo JC, Elliott PM, Fanciulli A, et al. 2018 ESC Guidelines for the diagnosis and management of syncope. [DOI] [PubMed]
  • 12.12. Brignole M, Moya A, Lange FJ, Deharo JC, Elliott PM, Fanciulli A, et al. Practical Instructions for the 2018 ESC Guidelines for the diagnosis and management of syncope. Eur Heart J. 2018 Jun 1;39(21):e43–80. [DOI] [PubMed]
  • 13.13. Gondim FAA, Barreira AA, Claudino R, Cruz MW, Cunha FMB, Freitas MRG, et al. Definition and diagnosis of small fiber neuropathy: consensus from the Peripheral Neuropathy Scientific Department of the Brazilian Academy of Neurology. Arq Neuro-Psiquiatr. 2018;76(3):200–8. [DOI] [PubMed]
  • 14.14. Tesfaye S, Boulton AJM, Dyck PJ, Freeman R, Horowitz M, Kempler P, et al. Diabetic neuropathies: update on definitions, diagnostic criteria, estimation of severity, and treatments. Diabetes Care. 2010;33(10):2285–93. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 15.15. Shen WK, Sheldon RS, Benditt DG, Cohen MI, Forman DE, Goldberger ZD, et al. 2017 ACC/AHA/HRS Guideline for the Evaluation and Management of Patients With Syncope: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines and the Heart Rhythm Society. J Am Coll Cardiol.2017;Aug 1;70(5):620-63. [DOI] [PubMed]
  • 16.16. Bernardi L, Spallone V, Stevens M, Hilsted J, Frontoni S, Pop-Busui R, et al. Methods of investigation for cardiac autonomic dysfunction in human research studies. Diabetes Metab Res Rev. 2011;27(7):654–64. [DOI] [PubMed]
  • 17.17. Shibao C, Lipsitz LA, Biaggioni I. ASH position paper: evaluation and treatment of orthostatic hypotension. J Clin Hypertens. 2013;15(3):147–53. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 18.18. Ricci F, De Caterina R, Fedorowski A. Orthostatic Hypotension: Epidemiology, Prognosis, and Treatment. J Am Coll Cardiol. 2015 Aug 18;66(7):848–60. [DOI] [PubMed]
  • 19.19. Freeman R, Wieling W, Axelrod FB, Benditt DG, Benarroch E, Biaggioni I, et al. Consensus statement on the definition of orthostatic hypotension, neurally mediated syncope and the postural tachycardia syndrome. Clin Auton Res. 2011;21(2):69-72. [DOI] [PubMed]
  • 20.20. Langley JN. The autonomic nervous system. Cambridge: W. Heffer & Sons; 1921.
  • 21.21. Hasan W. Autonomic cardiac innervation. Organogenesis. 2013;9(3):176–93. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 22.22. Jose AD, Collison D. The normal range and determinants of the intrinsic heart rate in man. Cardiovasc Res. 1970;4(2):160–7. [DOI] [PubMed]
  • 23.23. Opthof T. The normal range and determinants of the intrinsic heart rate in man. Cardiovascular Research. 2000;45(1):177–84. [DOI] [PubMed]
  • 24.24. Schreihofer AM, Guyenet PG. The baroreflex and beyond: control of sympathetic vasomotor tone by GABAergic neurons in the ventrolateral medulla. Clin Exp Pharmacol Physiol. 2002;29(5):514–21. [DOI] [PubMed]
  • 25.25. Smit AA, Halliwill JR, Low PA, Wieling W. Pathophysiological basis of orthostatic hypotension in autonomic failure. J Physiol. 1999 Aug 15;519(Pt 1):1–10. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 26.26. Ponte CMM, Fernandes VO, Gurgel MHC, Vasconcelos ITGF, Karbage LBAS, Liberato CBR, et al. Early commitment of cardiovascular autonomic modulation in Brazilian patients with congenital generalized lipodystrophy. BMC Cardiovasc Disord. 2018 Jan 12;18(1):6. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 27.27. Rolim LCSP, Sá JR, Chacra AR, Dib SA. Diabetic cardiovascular autonomic neuropathy: risk factors, clinical impact and early diagnosis. Arq Bras Cardiol. 2008 Apr;90(4):e24–31. [DOI] [PubMed]
  • 28.28. Pop-Busui R, Evans GW, Gerstein HC, Fonseca V, Fleg JL, Hoogwerf BJ, et al. Effects of cardiac autonomic dysfunction on mortality risk in the action to control cardiovascular risk in diabetes (ACCORD) trial. Diabetes Care. 2010;33(7):1578–84. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 29.29. Maser RE, Mitchell BD, Vinik AI, Freeman R. The association between cardiovascular autonomic neuropathy and mortality in individuals with diabetes: a meta-analysis. Diabetes Care. 2003 Jun;26(6):1895–901. [DOI] [PubMed]
  • 30.30. Vinik AI, Casellini C, Parson HK, Colberg SR, Nevoret ML. Cardiac autonomic neuropathy in diabetes: a predictor of cardiometabolic events. Front Neurosci. 2018 Aug 27;12:591. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 31.31. Low PA, Vernino S, Suarez G. Autonomic dysfunction in peripheral nerve disease. Muscle Nerve. 2003 Jun;27(6):646–61. [DOI] [PubMed]
  • 32.32. Shy GM, Drager GA. A neurological syndrome associated with orthostatic hypotension: a clinical-pathologic study. Arch Neurol. 1960 May;2:511–27 [DOI] [PubMed]
  • 33.33. Committee on the Diagnostic Criteria for Myalgic Encephalomyelitis/Chronic Fatigue Syndrome. Beyond myalgic encephalomyelitis/chronic fatigue syndrome: redefining an illness. Washington (DC): National Academies Press; 2015. V. 46.
  • 34.34. Vernino S, Low PA, Fealey RD, Stewart JD, Farrugia G, Lennon VA. Autoantibodies to ganglionic acetylcholine receptors in autoimmune autonomic neuropathies. N Engl J Med. 2000 Sep 21;343(12):847–55. [DOI] [PubMed]
  • 35.35. Low PA. Laboratory evaluation of autonomic function. In: Clinical Autonomie Disorders, 2nd ed. Philadelphia: Lippincott-Raven; 1997.
  • 36.36. Andrade C. A peculiar form of peripheral neuropathy; familiar atypical generalized amyloidosis with special involvement of the peripheral nerves. Brain. 1952 Sep;75(3):408–27. [DOI] [PubMed]
  • 37.37. Corino de Andrade. BMJ. 2005;331:163.
  • 38.38. Bittencourt PL, Couto CA, Clemente C, Farias AQ, Palacios SA, Mies S, et al. Phenotypic expression of familial amyloid polyneuropathy in Brazil. Eur J Neurol. 2005;12(4):289–93. [DOI] [PubMed]
  • 39.39. Kittleson MM, Maurer MS, Ambardekar AV, Bullock-Palmer RP, Chang PP, Eisen HJ, et al. Cardiac amyloidosis: evolving diagnosis and management: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation. 2020;142(1):e7-22. [DOI] [PubMed]
  • 40.40. Berk J, Damy T, Drachman B, Elliott P, Gottlieb S, Grogan M,et all. Efficacy of tafamidis in transthyretin amyloid cardiomyopathy in the ATTR-ACT trial. Heart Lung. 2019;48(5):470.
  • 41.41. Ruzieh M, Dasa O, Pacenta A, Karabin B, Grubb B. Droxidopa in the treatment of postural orthostatic tachycardia syndrome. Am J Ther. 2017;24(2):e157–61. [DOI] [PubMed]
  • 42.42. Loavenbruck A, Sandroni P. Neurogenic orthostatic hypotension: roles of norepinephrine deficiency in its causes, its treatment, and future research directions. Curr Med Res Opin. 2015;31(11):2095–104. [DOI] [PubMed]
  • 43.43. Ruzieh M, Batizy L, Dasa O, Oostra C, Grubb B. The role of autoantibodies in the syndromes of orthostatic intolerance: a systematic review. Scand Cardiovasc J. 2017 Oct;51(5):243–7. [DOI] [PubMed]
  • 44.44. Amorim DS, Neto JAM. Functional alterations of the autonomic nervous system in Chagas’ heart disease. Sao Paulo Med J. 1995;113(2):772–84. [DOI] [PubMed]
  • 45.45. Junqueira Jr LF. Insights into the clinical and functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagas disease. Rev Soc Bras Med Trop. 2012 Mar;45(2):243–52. [DOI] [PubMed]
  • 46.46. Dávila DF, Inglessis G, Dávila CAM. Chagas’ heart disease and the autonomic nervous system. Int J Cardiol. 1998;66:123–7. [DOI] [PubMed]
  • 47.47. Chagas C, Villela E. Cardiac form of American Trypanosomiasis. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1922;14(1):5–61.
  • 48.48. Goin JC, Borda E, Leiros CP, Storino R, Sterin-Borda L. Identification of antibodies with muscarinic cholinergic activity in human Chagas’ disease: pathological implications. J Auton Nerv Syst. 1994 Apr;47(1-2):45–52. [DOI] [PubMed]
  • 49.49. Ribeiro ALP, Moraes RS, Ribeiro JP, Ferlin EL, Torres RM, Oliveira E, et al. Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricular systolic dysfunction in Chagas disease. Am Heart J. 2001;141(2):260–5. [DOI] [PubMed]
  • 50.50. Punukollu G, Gowda RM, Khan IA, Navarro VS, Vasavada BC. Clinical aspects of the Chagas’ heart disease. Int J Cardiol. 2007;115(3):279–83. [DOI] [PubMed]
  • 51.51. Ribeiro ALP, Campos MS, Baptista LMG, Sousa MR. The Valsalva maneuver in Chagas disease patients without cardiopathy. Clin Auton Res. 2010;20(2):79–83. [DOI] [PubMed]
  • 52.52. Marino VSP, Dumont SM, Mota LG, Braga DS, Freitas SS, Moreira MCV. Sympathetic dysautonomia in heart failure by 123I-MIBG: comparison between Chagasic, non-Chagasic and heart transplant patients. Arq Bras Cardiol. 2018 Aug;111(2):182–90. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 53.53. Nunes MCP, Dones W, Morillo CA, Encina JJ, Ribeiro AL, Council on Chagas Disease of the Interamerican Society of Cardiology. Chagas disease: an overview of clinical and epidemiological aspects. J Am Coll Cardiol. 2013 Aug 27;62(9):767–76. [DOI] [PubMed]
  • 54.54. Sterin-Borda L, Borda E. Role of neurotransmitter autoantibodies in the pathogenesis of chagasic peripheral dysautonomia. Ann N Y Acad Sci. 2000;917:273–80. [DOI] [PubMed]
  • 55.55. Velten APC, Benseñor I, Souza JB, Mill JG. Factors associated with orthostatic hypotension in adults: the ELSA-Brasil study. Cad Saúde Pública. 2019;35(8):e00123718. [DOI] [PubMed]
  • 56.56. Marin-Neto JA. Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagas’ heart disease. Int J Cardiol. 1998 Sep 30;66(2):129–31. [DOI] [PubMed]
  • 57.57. Elias Neto J, Kuniyoshi RR, Silva MA, Merçon E. Taquicardia ventricular polimórfica durante teste de inclinação na doença de Chagas. J Card Arrhythm. 2017;30(2):51–4.
  • 58.58. Fanciulli A, Jordan J, Biaggioni I, Calandra-Buonaura G, Cheshire WP, Cortelli P, et al. Consensus statement on the definition of neurogenic supine hypertension in cardiovascular autonomic failure by the American Autonomic Society (AAS) and the European Federation of Autonomic Societies (EFAS) : Endorsed by the European Academy of Neurology (EAN) and the European Society of Hypertension (ESH). Clin Auton Res. 2018 Aug;28(4):355–62. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 59.59. Távora-Mehta MZP, Mehta N, Magajevski A, Oliveira L, Maluf DLS, Concato L, et al. Reduced systolic volume: main pathophysiological mechanism in patients with orthostatic intolerance? Arq Bras Cardiol. 2016;107(4):354-64. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 60.60. Low PA. Neurogenic orthostatic hypotension: pathophysiology and diagnosis. Am J Manag Care.2015;21(13 Suppl):s248–57. [PubMed]
  • 61.61. Zilliox L, Peltier AC, Wren PA, Anderson A, Smith AG, Singleton JR, et al. Assessing autonomic dysfunction in early diabetic neuropathy: the survey of autonomic symptoms. Neurology. 2011;76(12):1099–105. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 62.62. Low PA. Composite autonomic scoring scale for laboratory quantification of generalized autonomic failure. Mayo Clin Proc. 1993 Aug;68(8):748–52. [DOI] [PubMed]
  • 63.63. Lewis I, Pairman J, Spickett G, Newton JL. Clinical characteristics of a novel subgroup of chronic fatigue syndrome patients with postural orthostatic tachycardia syndrome. J Intern Med. 2013;273(5): 501–10. [DOI] [PubMed]
  • 64.64. Carruthers BM, Sande MI, De Meirleir KL, Klimas NG, Broderick G, Mitchell T, et al. Myalgic encephalomyelitis: International Consensus Criteria. J Intern Med. 2011;270(4):327–38. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 65.65. Mueller C, Lin JC, Sheriff S, Maudsley AA, Younger JW. Evidence of widespread metabolite abnormalities in Myalgic encephalomyelitis/chronic fatigue syndrome: assessment with whole-brain magnetic resonance spectroscopy. Brain Imaging Behav. 2020;14(2):562–72. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 66.66. Campen CLMC, Rowe PC, Visser FC. Blood volume status in ME/CFS correlates with the presence or absence of orthostatic symptoms: preliminary results. Front Pediatr. 2018 Nov 15;6:352. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 67.67. Stevens S, Snell C, Stevens J, Keller B, VanNess JM. cardiopulmonary exercise test methodology for assessing exertion intolerance in myalgic encephalomyelitis/chronic fatigue syndrome. Front Pediatr. 2018 Sep 4;6:242. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 68.68. Solve M.E. What does COVID-19 portend for ME/CFS; 2020. [acesso 30 jan 2021]. Disponível em: https://solvecfs.org/covid/.
  • 69.69. Blitshteyn S, Chopra P. Chronic fatigue syndrome: from chronic fatigue to more specific syndromes. Eur Neurol. 2018;80(1-2):73–7. [DOI] [PubMed]
  • 70.70. Sotzny F, Blanco J, Capelli E, Castro-Marrero J, Steiner S, Murovska M, et al. Myalgic encephalomyelitis/chronic fatigue syndrome – evidence for an autoimmune disease. Autoimmun Rev. 2018;17(6):601–9. [DOI] [PubMed]
  • 71.71. Komaroff A, Cho TA. Role of infection and neurologic dysfunction in chronic fatigue syndrome. Semin Neurol. 2011;31(3):325–37. [DOI] [PubMed]
  • 72.72. Komaroff AL. Advances in understanding the pathophysiology of chronic fatigue syndrome. JAMA. 2019;322(6):499-500.73. [DOI] [PubMed]
  • 73.73. Bryarly M, Phillips LT, Fu Q, Vernino S, Levine BD. Postural orthostatic tachycardia syndrome: JACC Focus Seminar. J Am Coll Cardiol. 2019 Mar 19;73(10):1207–28. [DOI] [PubMed]
  • 74.74. Thieben MJ, Sandroni P, Sletten DM, Benrud-Larson LM, Fealey RD, Vernino S, et al. Postural orthostatic tachycardia syndrome: the Mayo clinic experience. Mayo Clin Proc. 2007;82(3):308–13. [DOI] [PubMed]
  • 75.75. Zadourian A, Doherty TA, Swiatkiewicz I, Taub PR. Postural orthostatic tachycardia syndrome: prevalence, pathophysiology, and management. Drugs. 2018 Jul;78(10):983–94. [DOI] [PubMed]
  • 76.76. Boris JR, Bernadzikowski T. Demographics of a large paediatric Postural Orthostatic Tachycardia Syndrome Program. Cardiol Young. 2018;28(5):668–74. [DOI] [PubMed]
  • 77.77. Levin KH, Chauvel P.. Clinical neurophysiology: diseases and disorders. Amsterdam: Elsevier BV; 2019. (Handbook of clinical neurology 3rd series; vol. 161).
  • 78.78. Raj SR, Biaggioni I, Yamhure PC, Black BK, Paranjape SY, Byrne DW, et al. Renin-aldosterone paradox and perturbed blood volume regulation underlying postural tachycardia syndrome. Circulation. 2005;111(13):1574–82. [DOI] [PubMed]
  • 79.79. Fu Q, VanGundy TB, Melyn Galbreath M, Shibata S, Jain M, Hastings JL, et al. Cardiac origins of the postural orthostatic tachycardia syndrome. J Am Coll Cardiol. 2010;55(25):2858–68. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 80.80. Wallman D, Weinberg J, Hohler AD. Ehlers-Danlos Syndrome and Postural Tachycardia Syndrome: a relationship study. J Neurol Sci. 2014 May 15;340(1-2):99–102. [DOI] [PubMed]
  • 81.81. Garland EM, Celedonio JE, Raj SR. Postural Tachycardia Syndrome: beyond orthostatic intolerance. Curr Neurol Neurosci Rep. 2015 Sep;15(9):60. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 82.82. Shibao C, Arzubiaga C, Jackson Roberts L, Raj S, Black B, Harris P, et al. Hyperadrenergic Postural Tachycardia Syndrome in mast cell activation disorders. Hypertension. 2005;45(3):385–90. [DOI] [PubMed]
  • 83.83. George SA, Bivens TB, Howden EJ, Saleem Y, Melyn Galbreath M, Hendrickson D, et al. The international POTS registry: evaluating the efficacy of an exercise training intervention in a community setting. Heart Rhythm. 2016;13(4):943–50. [DOI] [PubMed]
  • 84.84. Fu Q, Vangundy TB, Shibata S, Auchus RJ, Williams GH, Levine BD. Exercise training versus propranolol in the treatment of the postural orthostatic tachycardia syndrome. Hypertension. 2011 Aug;58(2):167–75. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 85.85. Krediet CTP, Parry SW, Jardine DL, Benditt DG, Brignole M, Wieling W. The history of diagnosing carotid sinus hypersensitivity: why are the current criteria too sensitive? Europace. 2011;13(1):14–22. [DOI] [PubMed]
  • 86.86. Kerr SRJ, Pearce MS, Brayne C, Davis RJ, Kenny RA. Carotid sinus hypersensitivity in asymptomatic older persons. Arch Intern Med. 2006;166(5):515-20. [DOI] [PubMed]
  • 87.87. Wu TC, Hachul DT, Darrieux FCC, Scanavacca MI. Carotid sinus massage in syncope evaluation: a nonspecific and dubious diagnostic method. Arq Bras Cardiol. 2018;111(1):84-91. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 88.88. Parry SW, Steen N, Bexton RS, Tynan M, Kenny RA. Pacing in elderly recurrent fallers with carotid sinus hypersensitivity: a randomised, double-blind, placebo controlled crossover trial. Heart. 2009;95:405–9. [DOI] [PubMed]
  • 89.89. Elias Neto J, Vasconcelos DM, Merçon ES, Silva MA< Kuniyoshi R. Ablação do splexos gangliônicos parassimpáticos cardíacos no tratamento da síncope neuromediada cardioinibitória em paciente com monitor de evento implantável. Arquivos Brasileiros de Cardiologia.2018;111(5):S1.
  • 90.90. Amin V, Pavri BB. Carotid sinus syndrome. Cardiol Rev. 2015;23(3):130–4. [DOI] [PubMed]
  • 91.91. Kenny RA, Lyon CC, Ingram AM, Bayliss J, Lightman SL, Sutton R. Enhanced vagal activity and normal arginine vasopressin response in carotid sinus syndrome: implications for a central abnormality in carotid sinus hypersensitivity. Cardiovasc Res. 1987;21(7):545–50. [DOI] [PubMed]
  • 92.92. Blanc J-J, L’Heveder G, Mansourati J, Tea SH, Guillo P, Mabin D. Assessment of a newly recognized association. Carotid sinus hypersensitivity and denervation of sternocleidomastoid muscles. Circulation. 1997;95(11):2548–51. [DOI] [PubMed]
  • 93.93. Tan MP, Kenny RAM, Chadwick TJ, Kerr SRJ, Parry SW. Carotid sinus hypersensitivity: disease state or clinical sign of ageing? Insights from a controlled study of autonomic function in symptomatic and asymptomatic subjects. Europace. 2010 Nov;12(11):1630–6. [DOI] [PubMed]
  • 94.94. Kumar NP, Thomas A, Mudd P, Morris RO, Masud T. The usefulness of carotid sinus massage in different patient groups. Age Ageing. 2003;32(6):666–9. [DOI] [PubMed]
  • 95.95. Moore A, Watts M, Sheehy T, Hartnett A, Clinch D, Lyons D. Treatment of vasodepressor carotid sinus syndrome with midodrine: a randomized, controlled pilot study. J Am Geriatr Soc. 2005;53(1):114–8. [DOI] [PubMed]
  • 96.96. Costa D, McIntosh S, Kenny RA. Benefits of fludrocortisone in the treatment of symptomatic vasodepressor carotid sinus syndrome. Br Heart J. 1993;69(4):308–10. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 97.97. Parry SW. Should we ever pace for carotid sinus syndrome? Front Cardiovasc Med. 2020;7(44):1-11. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 98.98. Ryan DJ, Nick S, Colette SM, Roseanne K. Carotid sinus syndrome, should we pace? A multicentre, randomised control trial (Safepace 2). Heart. 2010;96(5):347-51. [DOI] [PubMed]
  • 99.99. Brignole M, Menozi C. The natural history of carotid sinus syncope and the effect of cardiac pacing. Europace.2011;13:462-4. [DOI] [PubMed]
  • 100.100. Trout 3rd HH, Brown LL, Thompson JE. Carotid sinus syndrome. Ann Surg. 1979;189(5): 575–80. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 101.101. Brignole M, Oddone D, Cogorno S, Menozzi C, Gianfranchi L, Bertulla A. Long-term outcome in symptomatic carotid sinus hypersensitivity. Am Heart J. 1992;123(3):687–92. [DOI] [PubMed]
  • 102.102. Pachon JC, Pachon EI, Pachon JC, Lobo TJ, Pachon MZ, Vargas RNA, et al. “Cardioneuroablation” – new treatment for neurocardiogenic syncope, functional AV block and sinus dysfunction using catheter RF-ablation. Europace. 2005;7(1):1–13. [DOI] [PubMed]
  • 103.103. Pachon-M JC. Neurocardiogenic syncope: Pacemaker or cardioneuroablation? Heart Rhythm. 2020;17(5 PtA):829–30. [DOI] [PubMed]
  • 104.104. Lu CS, Guo CJ, Fang DP, Hao P, He D-F, Xu AG. Initial experience with ablation of the innervation surrounding sinus and atrioventricular nodes to treat paroxysmal bradyarrhythmia. Chin Med J. 2020 Jan 20;133(2):134–40. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 105.105. Palamà Z, De Ruvo E, Grieco D, Borrelli A, Sciarra L, Calò L. Carotid sinus hypersensitivity syncope: is there a possible alternative approach to pacemaker implantation in young patients? Postepy Kardiol Interwencyjnej. 2017;13(2):184–5. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 106.106. Pachon M JC, Pachon M EI, Lobo TJ, Pachon M JC, Pachon MZC, Vargas RNA, et al. Syncopal high-degree AV block treated with catheter RF ablation without pacemaker implantation. Pacing Clin Electrophysiol. 2006;29(3):318–22. [DOI] [PubMed]
  • 107.107. Scanavacca M, Hachul D. Ganglionated plexi ablation to treat patients with refractory neurally mediated syncope and severe vagal-induced bradycardia. Arq Bras Cardiol. 2019;112(6):709-12. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 108.108. Codvelle MM, Boucher H. Tachycardie sinusale permanente à haute fréquence sans troubles fonctionnels. Bull Mem Soc Med Hop Paris. 1939;54:1849–52.
  • 109.109. Olshansky B, Sullivan RM. Inappropriate sinus tachycardia. J Am Coll Cardiol. 2013;61(8):793–801. [DOI] [PubMed]
  • 110.110. Chiale PA, Garro HA, Schmidberg J, Sánchez RA, Acunzo RS, Lago M, et al. Inappropriate sinus tachycardia may be related to an immunologic disorder involving cardiac β andrenergic receptors. Heart Rhythm. 2006;3(10):1182–6. [DOI] [PubMed]
  • 111.111. Peyrol M, Lévy S. Clinical presentation of inappropriate sinus tachycardia and differential diagnosis. J Interv Card Electrophysiol. 2016 Jun;46(1):33–41. [DOI] [PubMed]
  • 112.112. Winum PF, Cayla G, Rubini M, Beck L, Messner-Pellenc P. A case of cardiomyopathy induced by inappropriate sinus tachycardia and cured by ivabradine. Pacing Clin Electrophysiol. 2009;32(7):942–4. [DOI] [PubMed]
  • 113.113. Morillo CA, Klein GJ, Thakur RK, Li H, Zardini M, Yee R. Mechanism of “inappropriate” sinus tachycardia. Role of sympathovagal balance. Circulation. 1994;90(2):873–7. [DOI] [PubMed]
  • 114.114. Sag S, Coskun H, Baran I, Güllülü S, Aydinlar A. Inappropriate sinus tachycardia-induced cardiomyopathy during pregnancy and successful treatment with ivabradine. Anatol J Cardiol. 2016;16(3):212-13. [DOI] [PMC free article] [PubMed]
  • 115.115. Shabtaie SA, Witt CM, Asirvatham SJ. Natural history and clinical outcomes of inappropriate sinus tachycardia. J Cardiovasc Electrophysiol. 2020 Jan;31(1):137–43. [DOI] [PubMed]
  • 116.116. Cappato R, Castelvecchio S, Ricci C, Bianco E, Vitali-Serdoz L, Gnecchi-Ruscone T, et al. Clinical efficacy of ivabradine in patients with inappropriate sinus tachycardia: a prospective, randomized, placebo-controlled, double-blind, crossover evaluation. J Am Coll Cardiol. 2012;60(15):1323–9. [DOI] [PubMed]
  • 117.117. Ptaszynski P, Kaczmarek K, Cygankiewicz I, Klingenheben T, Urbanek I, Wranicz JK. Ivabradine in patients with synptomatic inapprioprate sinus tachycardia:long-term observational study. J Am Coll Cardiol. 2017;69(11):306.
  • 118.118. Ptaszynski P, Kaczmarek K, Ruta J, Klingenheben T, Cygankiewicz I, Wranicz JK. Ivabradine in combination with metoprolol succinate in the treatment of inappropriate sinus tachycardia. J Cardiovasc Pharmacol Ther. 2013;18(4):338–44. [DOI] [PubMed]
  • 119.119. Marrouche NF, Beheiry S, Tomassoni G, Cole C, Bash D, Dresing T, et al. Three-dimensional nonfluoroscopic mapping and ablation of inappropriate sinus tachycardia. Procedural strategies and long-term outcome. J Am Coll Cardiol. 2002;39(6):1046–54. [DOI] [PubMed]
Arq Bras Cardiol. 2021 Apr 8;116(4):814–835. [Article in English]

Dysautonomia: A Forgotten Condition — Part 1

Eduardo Arrais Rocha 1,, Niraj Mehta 2,3, Maria Zildany Pinheiro Távora-Mehta 2,3, Camila Ferreira Roncari 4, Alan Alves de Lima Cidrão 5, Jorge Elias Neto 6

Abstract — Key Points

Dysautonomia covers a range of clinical conditions with different characteristics and prognoses. They are classified as Reflex Syndromes, Postural Orthostatic Tachycardia Syndrome (POTS), Chronic Fatigue Syndrome, Neurogenic Orthostatic Hypotension (nOH) and Carotid Sinus Hypersensitivity Syndrome. Reflex (vasovagal) syndromes will not be discussed in this article.

  1. Reflex (vasovagal) syndromes are mostly benign and usually occur in patients without an intrinsic autonomic nervous system (ANS) or heart disease. Therefore, they are usually studied separately.

  2. Cardiovascular Autonomic Neuropathy (CAN) is the term most currently used to define dysautonomia with impairment of the sympathetic and/or parasympathetic cardiovascular autonomic nervous system. It can be idiopathic, such as multisystemic atrophy or pure autonomic failure, or secondary to systemic pathologies such as diabetes mellitus, neurodegenerative diseases, Parkinson's disease, dementia syndromes, chronic renal failure, amyloidosis and it may also occur in the elderly.

  3. The presence of Cardiovascular Autonomic Neuropathy (CAN) implies greater severity and worse prognosis in various clinical situations.

  4. Detection of Orthostatic Hypotension (OH) is a late sign and means greater severity in the context of dysautonomia, defined as Neurogenic Orthostatic Hypotension (nOH). It must be differentiated from hypotension due to hypovolemia or medications, called non-neurogenic orthostatic hypotension (nnOH).

  5. OH can result from benign causes, such as acute, chronic hypovolemia or use of various drugs. However, these drugs may only reveal subclinical pictures of Dysautonomia. All drugs of patients with dysautonomic conditions should be reevaluated.

  6. Precise diagnosis of CAN and the investigation of the involvement of other organs or systems is extremely important in the clinical suspicion of pandysautonomia.

  7. In diabetics, in addition to age and time of disease, other factors are associated with a higher incidence of CAN, such poor glycemic control, hypertension, dyslipidemia and obesity. Among diabetic patients, 38–44% can develop Dysautonomia, with prognostic implications and higher cardiovascular mortality. In the initial stages of DM, autonomic dysfunction involves the parasympathetic system, then the sympathetic system and, later on, it presents as orthostatic hypotension.

  8. Valsalva, Respiratory and Orthostatic tests (30:15) are the gold standard methods for the diagnosis of CAN. They can be associated with RR Variability tests in the time domain, and mainly in the frequency domain, to increase the sensitivity (protocol of the 7 tests). These tests can detect initial or subclinical abnormalities and assess severity and prognosis.

  9. The Tilt Test should not be the test of choice for investigating CAN at an early stage, as it detects cases at more advanced stages. Tilt response with a dysautonomic pattern (gradual drop in blood pressure without increasing heart rate) may suggest CAN.

  10. Treatment of patients at moderate to advanced stages of dysautonomia is quite complex and often refractory, requiring specialized and multidisciplinary evaluation. There is no cure for most types of Dysautonomia at a late stage.

  11. NOH patients can progress with supine hypertension in more than 50% of the cases, representing a major therapeutic challenge. The immediate risk and consequences of OH should take precedence over the later risks of supine hypertension and values greater than 160/90 mmHg are tolerable. Sleeping with the head elevated (20–30 cm), not getting up at night, taking short-acting antihypertensive drugs for more severe cases, such as losartan, captopril, clonidine or nitrate patches, may be necessary and effective in some cases.

  12. Preventive measures such as postural care; good hydration; higher salt intake; use of compression stockings and abdominal straps; portioned meals; supervised physical activity, mainly sitting, lying down or exercising in the water are important treatment steps.

  13. Various drugs can be used for symptomatic nOH, especially fludrocortisone, midodrine and droxidopa, the latter not available in Brazil. The risk of exacerbation or triggering supine hypertension should be considered.

  14. Chronic Fatigue Syndrome represents a form of Dysautonomia and has been renamed as a systemic disease of exercise intolerance, with new diagnostic criteria: 1 - Unexplained fatigue, leading to occupational disability for more than 6 months; 2 - Feeling ill after exercising; 3 - Non-restorative sleep; 4 - One of the following findings: cognitive impairment or orthostatic intolerance. Several pathologies today have evolved with chronic fatigue, being called chronic diseases associated with chronic fatigue.

  15. Postural orthostatic tachycardia syndrome (POTS), another form of presentation of dysautonomic syndromes, is characterized by sustained elevation of heart rate (HR) ≥30 bpm (≥40 bpm if <20 years) or HR ≥120 bpm, in the first 10 minutes in an orthostatic position or during the tilt test, without classical orthostatic hypotension associated. A slight decrease in blood pressure may occur. Symptoms appear or get worse in an orthostatic position, with dizziness, weakness, pre-syncope, palpitations, and other systemic symptoms being common.

Keywords: Dysautonomia, Syncope, Hypotension Orthostatic, Chronic Fatigue Disease, Amyloidosis, Chagas Disease, COVID-19, Cardiovascular Autonomic Neuropathy, Carotid Sinus Hipersensitivity, Diabetes mellitus


Vasovagal Syndromes x Dysautonomia.

Vasovagal syndromes are clinical situations that are different from cardiovascular autonomic neuropathies, as they do not represent intrinsic diseases in the Autonomic Nervous System (ANS), resulting from reflex, transient, benign mechanisms, therefore having a favorable prognosis.

Dysautonomia: A frequent and underdiagnosed condition

The autonomic nervous system (ANS) regulates important functions in various organic systems such as cardiovascular, digestive, genital-urinary and sudomotor systems. Its dysfunctions can determine several clinical manifestations, some of which are debilitating and serious. Various pathologies can compromise the ANS and determine symptoms, increasing the risk of syncope, falls and higher cardiovascular mortality. Due to the different clinical manifestations and the poor familiarity of professionals, Dysautonomia is often underdiagnosed, being recognized at more advanced stages, with debilitating and incapacitating symptoms and worse prognosis.

The term cardiovascular autonomic neuropathy (CAN) means involvement of the autonomic nervous system, related to cardiovascular functions. Diabetes mellitus (DM) represents the most common and studied form of CAN and serves as a model for understanding and investigating several other pathologies.1,2

In the diabetic population, it is known as Diabetic Cardiovascular Autonomic Neuropathy, with a prevalence of 20% in patients with DM, up to 54% in type 1 (DM1) and 46% in type 2 (DM2), between 40 and 70 years. In diabetics, in addition to age and time of disease, other factors are associated with a greater risk of CAN, such as poor glycemic control, hypertension, dyslipidemia and obesity. In the initial stages of DM, autonomic dysfunction involves the parasympathetic system, then the sympathetic system and, later, it evolves to orthostatic hypotension.

The cardiovascular autonomic nervous system modulates heart rate, diastolic and systolic volumes, QT interval and systemic vascular resistance. Its impairment is related to increased cardiovascular morbidity and mortality.

The purpose of this review is to provide relevant information on the different forms of autonomic dysfunctions, their clinical manifestations, diagnostic and therapeutic methodologies, and prognostic implications. We emphasize the importance of diagnosis, of its distinction with vasovagal reflex syndromes and the need for greater dissemination of information on these pathologies, since it is little remembered in general clinical practice. Reflex vasovagal syndromes will not be addressed in this chapter.

Various guidelines were considered in this review, including: Cardiovascular Autonomic Neuropathy (CAN) Guidelines, Consensus Statement on Neurogenic Orthostatic Hypotension and Supine Hypertension, Syncope Guidelines, Guidelines on CAN in Diabetics, Guidelines on Cardiovascular Tests in Autonomic Neuropathy, Consensus Statement on the Investigation of Autonomic Dysfunction in Human Research Studies, Consensus Statement on the Diagnosis and Treatment of Postural Orthostatic Tachycardia Syndrome and Inappropriate Sinus Tachycardia, and other studies. Discussions between specialists of the Brazilian Society of Cardiac Arrhythmias were included, considering the lack of major studies on various topics covered in this study.120

Physiology of the Autonomic Nervous System

The autonomic nervous system (ANS) plays an important role in the control of visceral functions through the sympathetic and parasympathetic subdivisions.

The ANS provides neurovegetative adjustments for the expression of motivated behaviors or compensatory responses to internal and external stimuli in order to promote the maintenance of homeostasis, along with the endocrine system. The term “autonomic nervous system” was proposed by Langley, in 1898, as the nomenclature used until then had different connotations and were inaccurate as to the recently discovered functions of this system.20

For easier comprehension the ANS is commonly analyzed for its anatomical, neurochemical and functional aspects. The basic organization involves two neuronal groups arranged in series and connected by a chemical synapse. The second neuron in this series is completely outside the central nervous system and its cellular body is located in the autonomic ganglia, from where axonal projections come out, which will innervate the target organs; hence their denomination as postganglionic neurons.21

The neurons that send axonal which send axonal projections from the central nervous system to the ganglia, making synapse with the cellular bodies present in these structures are called preganglionic neurons.

The anatomical difference between sympathetic and parasympathetic ANS concerns the location of the cellular bodies of preganglionic neurons. Sympathetic preganglionic neurons are located in thoracic and lumbar segments of the spinal cord and the parasympathetic ones are located in the brain stem and in the sacral segments of the spinal cord.

Regarding neurochemistry, all preganglionic neurons are cholinergic and use acetylcholine as a neurotransmitter. Despite some exceptions, parasympathetic postganglionic neurons release acetylcholine in the target organ, while sympathetic postganglionic neurons release noradrenaline.

The adrenal medullary cells are homologous to the sympathetic postganglionic neurons nd primarily secrete adrenaline and, to a lesser extent, norepinephrine directly into the bloodstream, in response to stimulation by sympathetic preganglionic neurons.

Finally, the sympathetic and parasympathetic nervous systems differ as to the responses triggered in the target organs. A few structures receive single innervation, while most organs receive double innervation. The responses induced by sympathetic and parasympathetic ANS stimulation can be antagonistic or cooperative.

As shown in figure 1, systemic blood vessels are innervated by sympathetic ANS. Greater activation of α1-adrenergic receptors through increased sympathetic tone or adrenaline release by the adrenal gland causes vasoconstriction in most systemic blood vessels, especially in the vessels of the abdominal viscera, an important vascular resistance bed with great influence on the determination of blood pressure (BP).

Figure 1. Schematic representation of heart and blood vessels innervation by the sympathetic and parasympathetic ANS. Parasympathetic neurons are represented in red and sympathetic neurons are represented in green. SA node — sinoatrial node; AV node — atrioventricular node. For better viewing, a single schematic spinal segment was represented and the images are not represented on the same graphic scale.

Figure 1

In contrast, reduced sympathetic tone or plasma levels of adrenaline results in vasodilation. Coronary blood vessels particularly express β2 receptors and undergo vasodilation in response to adrenaline.

The heart is innervated by the sympathetic and parasympathetic systems (Figure 1). Cardiac parasympathetic innervation is directed to the sinoatrial (SA) and atrioventricular (AV) nodes and acetylcholine binds to the M2 muscarinic acetylcholine receptors expressed in the nodal cells, inducing a negative chronotropic effect. On the other hand, sympathetic ANS innervates both the SA and AV nodes, as well as the ventricular muscle. Noradrenaline induces positive chronotropic and inotropic effects by acting on β1-adrenergic receptors.22

All cardiac cells, in principle, have the electrical property of automatism; however, under physiological conditions, SA nodal cells present spontaneous depolarization in a higher frequency and take control of the heartbeat, and are thus considered the cardiac pacemaker.

Upon pharmacological blockade of muscarinic and β-adrenergic receptors, the intrinsic heart rate generated by the sinoatrial node is approximately 100 beats per minute, suggesting that there is a predominance of parasympathetic influence on the heart.23 For BP adjustments, the sympathetic and parasympathetic tone for the heart and blood vessels are often modified by the baroreflex.

Blood pressure (BP) is constantly monitored by high-pressure baroreceptors (stretch receptors) found in the aortic arch and carotid sinus, which send signaling through the vagus and glossopharyngeal nerve, respectively, to the nucleus of the solitary tract (NTS), located in the dorsomedial portion of the medulla.24

When BP is high, the baroreceptors are more activated and, by baroreflex mechanisms, there is an increase in parasympathetic tone and a reduction in sympathetic tone to the heart and blood vessels. Increased baroreceptor firing rate activates the NTS, which in turn activates the nucleus ambiguus (NA), the bulbar nucleus where the parasympathetic preganglionic neurons cellular bodies are located, resulting in an increase in parasympathetic tone. In parallel, the NTS also activates the caudal ventrolateral medulla (CVLM), which sends inhibitory projections to the rostral ventrolateral medulla (RVLM). RVLM neurons are considered pre-sympathetic, because they project into the spinal cord intermediolateral cell column and synapse with the cellular bodies of sympathetic preganglionic neurons. Therefore, the greater activity of CVLM results in inhibition of RVLM and, consequently, reduction of sympathetic tone.

On the other hand, the lower activity of baroreceptors when BP is decreased results in: 1) less NA activation and, therefore, reduction of parasympathetic tone; and 2) less CVLM activation and, consequently, greater RVLM activity and increased sympathetic tone to the heart and blood vessels.

Changes in the normal functioning of the baroreflex mechanism can trigger pathological conditions called dysautonomia, such as neurogenic orthostatic hypotension, for example. The change from the supine to the orthostatic position increases the gravitational resistance to venous return, resulting in decreased end diastolic volume and, consequently, systolic volume (SV), observed in several pathologies.

BP is directly proportional to total peripheral resistance and cardiac output, the latter being the volume of blood pumped by the heart per minute, that is, SV multiplied by heart rate (HR).

Thus, reduced SV on switching to the orthostatic position induces hypotension. In healthy individuals, this hypotension is transient as the baroreflex mechanisms are quickly activated and cause an increase in contractile force and HR and systemic vasoconstriction, compensatory responses that normalize BP. In individuals with dysautonomia, prolonged hypotension called neurogenic orthostatic hypotension (nOH), may occur.

Multiple system atrophy (MSA) — Shy-Dragger syndrome.

The complete syndrome consists of orthostatic hypotension, bladder and bowel incontinence, loss of sweating, iris atrophy, external eye paralysis, stiffness, tremors, loss of movement, impotence, fasciculations, distal muscle atrophy and evidence of neuropathic lesions. The onset is usually is the 5th–7th decade of life.

Pathophysiology and clinical presentations

Various pathophysiological mechanisms have been described in autonomic nervous system (ANS) abnormalities. They may vary depending on specific etiologies, such as diabetes or amyloidosis. Several situations, however, have their causal mechanisms unknown.

Although other neurotransmitters are important in the regulation of cardiovascular responses, the release of noradrenaline in sympathetic postganglionic nerve endings is the most important mediator of the rapid cardiovascular regulation required in blood pressure balance and cerebral perfusion. Neurogenic orthostatic hypotension represents a deficiency in the responsiveness of this neurotransmitter to postural change.

Unlike reflex or vasovagal syndromes, in dysautonomia conditions, the reflexes of increased heart rate preceding the clinical picture and bradycardia concomitant with hypotension are not observed.

In diabetes mellitus, metabolic and vascular abnormalities occur that can justify neurological damage. Hyperglycemia, accumulation of sorbitol, fructose and end products of advanced glycation, with bindings to receptors in the smooth endothelial and muscle cells of vasa nervorum Schwann cells and macrophages may contribute to neurological damage. Oxidative stress leading to depletion of antioxidant cellular enzymes and activation of inflammation cascade, with deterioration of cellular organelles, especially at the mitochondrial level, are other mechanisms that culminate in vascular occlusion, endothelial dysfunction and neuroinflammation, determining toxicity and neuronal death.2530

Sinucleinopathy, a condition that involves Parkinson's Disease, Lewy body dementia, pure autonomic failure (Bradbury and Eggleston syndrome) and multiple system atrophy (Shy and Dragger syndrome), causes intracellular deposition and aggregation of a protein called alpha-synuclein in different areas of the central and peripheral nervous system.19,31,32

Multiple system atrophy (MSA),32 a more severe and rare idiopathic form, described in 1960, comes in two forms: 1. Parkinsonism: muscle stiffness and bradykinesia are observed (it is different from the classical Parkinson's disease, in which tremors prevail) 2. Cerebellar MSA: ataxia symptoms. Both forms have involvement of the autonomic nervous system.8 Nuclear magnetic resonance imaging of the brain reveal cerebellar, pons or peduncle atrophy, or hypersignal on the pons, known as the hot cross bun sign, which may occur later. Catecholamine dosages are usually normal, as it is a preganglionic autonomic polyneuropathy.

In pure autonomic failure, of idiopathic etiology, described in 1925 and known as postganglionic autonomic polyneuropathy, the symptoms are gradual, progressive, and may involve severe and debilitating conditions, with severe cardiovascular involvement, severe orthostatic hypotension, with involvement of the genitourinary, digestive and sudomotor systems.

Because they do not have central neurodegenerative symptoms, brain imaging tests in pure autonomic failure are normal and plasma catecholamine levels are normal or low, but do not show an adequate increase (>50%) with orthostasis, due to diffuse peripheral sympathetic denervation.

Some toxins can be causal factors, such as lead, thallium or arsenic poisoning, or use of some drugs such as chemotherapy drugs of the cisplatin class or vinca alkaloids, antiarrhythmic drugs such as amiodarone or vitamin deficiencies such as vitamin B12 deficiency.

Rare cases of family origin may occur, such as Hereditary Sensory and Autonomic Neuropathy (HSAN). These are divided into: Type I HSAN, which is lighter and starts in adult life, with distal sensory and autonomic involvement, and foot ulcers; type II HSAN, rarer, starting in childhood, with more diffuse and severe impairment.8,19,31,33

Autoimmune etiologies can justify various acute and subacute clinical presentations of pandysautonomia, with some similarities with Guillain-Barré syndrome (GBS). However, in acute pandysautonomia, somatic fibers are generally spared, unlike GBS. Some degree of autonomic dysfunction is also present in most cases of GBS.31,34,35

Amyloidosis

Amyloidosis may occur in the following forms:

  1. In the most common form, known as light chain (AL) or primary amyloidosis, there is abnormal clonal proliferation of plasma cells. Initially, peripheral sensitive distal neuropathy progresses to broad fibers, with subsequent autonomic failure of multiple affected organs, such as the digestive system, including esophagus and intestine, sudomotor system with alternating anhidrosis with compensatory sweating, renal involvement and nephrotic syndrome and cardiac involvement, with heart failure, arrhythmia and sudden death. In the autonomic evaluation, impairment of the sympathetic and parasympathetic systems can be found.

  2. Familial amyloidosis (FA), also called paramyloidosis or Corino Andrade's disease,36,37 is found in the autosomal dominant form, originally described by Portuguese professor Dr. Corino de Andrade, in 1952. It has a higher incidence between 20 and 40 years of age, evolving to death at 10–12 years.

    It has a variable phenotype, depending on the geographic region and the mutation. Several forms have been described, such as: Portuguese (type I) or Andrade, Rukovina or Indiana (type II), van Alien (type III) and the Finnish type (type IV). In Brazil, some forms of this pathology have been described.38

    Mutation in the transthyretin (TTR) gene is the best known and studied, with various mutations described in this gen. It begins with symptoms of peripheral neuropathy, which can progress to severe generalized autonomic dysfunction, in addition to cardiological, neurological (sensorimotor peripheral polyneuropathy), visual, genitourinary, renal and gastrointestinal symptoms. Early detection is extremely important, aiming at treatment and preventing progression. Liver transplantation before the disease is advanced can change its course. New promising drugs have been launched, such as Tafamidis (TTR stabilizers), available in Brazil, and Inotersen.

  3. The secondary form (AA form) is due to chronic pathologies, such as rheumatoid arthritis, osteomyelitis, tuberculosis, renal failure and its evolution depends on the control of the underlying disease.

Cardiac amyloidosis is mainly caused by AL or transthyretin-type FA (ATTR) or by deposition of wild-type transthyretin protein, once called senile cardiac amyloidosis. TTR deposits were found in 16% of patients with degenerative aortic stenosis and in up to 17% of patients with preserved ejection fraction heart failure. The prognosis after cardiac involvement is poor, with survival ranging from 2.5 to 3.6 years. On significantly increased left ventricular wall thickness (>14 mm), despite its low voltage, electrocardiography may suggest the diagnosis, complemented by cardiac nuclear magnetic resonance imaging and technetium pyrophosphate scintigraphy.39

The randomized study ATTR-ACT, evaluating the safety and efficacy of Tafamidis in patients with cardiac amyloidosis, revealed a reduction in all causes of mortality and hospital admissions after 30 months of follow-up, so Tafamidis started to be prescribed in this pathology, for NYHA (New York Heart Association) functional class (FC) I, II and III heart failure, mainly in the early stages. This was the first therapy to show improved survival of these patients.40

In many cases of dysautonomia, reports of recent viral infections are identified, especially by herpesviruses, Epstein-Barr and Coxsackie. Autoantibodies to ganglionic acetylcholine receptors (AChr) were found in 50% of patients with PAF, in 7% of patients with POTS and 0% in controls. The absence of these antibodies does not rule out the diagnosis. Case reports have demonstrated therapeutic success with the application of immunoglobulins in some of these clinical situations.31,34,35,41-43

In paraneoplastic syndromes, more commonly in small-cell lung carcinomas, the presence of autoantibodies, especially anti-Hu or ANNA-1, is usually present and clinical presentations are usually acute or subacute.

The autoimmune theory is reinforced by the appearance of symptoms after viral conditions, feverish conditions, after vaccination and in patients with previous autoimmune diseases, such as Hashimoto's thyroiditis, celiac disease and systemic lupus erythematosus.

Studies have shown that the autoimmune theory may be the pathophysiological mechanism of the “idiopathic” forms of some dysautonomic syndromes, such as pure autonomic failure (PAF), POTS or chronic fatigue syndrome.43

Anti-nicotinic cholinergic receptor antibodies have also been described. Authors have recently demonstrated the mechanism by which autoantibodies cause vasodilation and tachycardia. These findings may have important therapeutic implications. In the presence of anti-acetylcholine antibodies, the use of drugs such as pyridostigmine may be beneficial. In the presence of adrenergic antibodies, beta-blockers could be the best choice.

Chagas Disease

Cardiac dysautonomia is well established in Chagas disease (ChD), in which anatomical denervation and functional abnormalities have been described in in vivo, post-mortem and experimental studies.44-46 Carlos Chagas’ original studies already called attention to the absence of a chronotropic response to atropine in patients with Chagas disease.47 In addition to denervation, other autonomic nervous system abnormalities, such as ganglionitis, neuritis, fibrosis, atrophy and fragmentation of specialized fibers have also been reported.48

Parasympathetic impairment can be detected in all forms of ChD, including the indeterminate and independent phase of left ventricular function.49,50 These data were corroborated by a meta-analysis that included seven studies that evaluated cardiac autonomic modulation, using R-R variability during the Valsalva maneuver.51

Studies with metaiodobenzylguanidine I-123 (123I-MIBG) have detected indeterminate form sympathetic dysfunction in Chagas disease patients without left ventricular systolic dysfunction.52,53 123I-MIBG scintigraphy was also used to assess the presence and magnitude of sympathetic dysfunction in patients with Chagas cardiomyopathy and ventricular dysfunction (EF≤45%). The authors observed decreased 123I-MIBG uptake, indicating dysfunction of sympathetic receptors and loss of integrity of the presynaptic sympathetic fibers.52

An aspect that requires further clarification is the role of immune-mediated mechanisms in Chagas cardiomyopathy. In fact, many studies have demonstrated the presence of antibodies that react with cardiac muscarinic M2 receptors and B1 adrenergic receptors in the serum of asymptomatic Chagas disease patients.48,54

These autoantibodies could play a role in the pathogenesis of Chagas myocarditis, explaining cardiac neuromyopathy, described in the indeterminate phase.

Another topic that is poorly evaluated in Chagas dysautonomia is the investigation of orthostatic hypotension. In the ELSA-Brasil study, patients with positive ChD serology had a greater association with orthostatic hypotension (OR=2.29 — 95% CI: 1.2–4.2).55 In fact, there are inconsistent results in the evaluation of vascular control in Chagas disease patients (8). In contrast to other disorders with wide ANS involvement (for example, DM and amyloidosis), the presence of orthostatic hypotension in ChD is not usually described.44,56

Early autonomic impairment in ChD suggests that cardiovascular dysautonomia may be associated with increased morbidity and mortality, cardiac arrhythmia and sudden death.49,52 It could be one of the central pillars in several clinical manifestations, such as diastolic and/or systolic dysfunction, ventricular dilation, tachyarrhythmia and bradyarrhythmia and sudden cardiac death.45,50,53 Cardiac autonomic dysfunction must be a determinant or a predisposing pathophysiological risk factor in the genesis of arrhythmia. Greater arrhythmogenic vulnerability is observed in cases with more focal autonomic dysfunctions than in cases with more diffuse and significant injuries, due to a greater degree of central nervous system disconnection, with less susceptibility to ANS interference in cardiac electrophysiological properties.45,57

The observation of sustained ventricular tachycardia in patients with Chagas cardiomyopathy, with preserved ventricular function and regional myocardial sympathetic denervation (detected by 123I-MIBG scintigraphy), as well as during orthostatic stress in a patient with mild impairment of ventricular function and no significant baseline electrocardiographic abnormalities lead to an alleged role of autonomic dysfunction in the pathophysiology of rhythm disorders in Chagas cardiomyopathy.53

Orthostatic Hypotension — A Sign of Late Stage and Severity.

The detection of neurogenic orthostatic hypotension (nOH) usually represents a late stage and severity, correlated with worse prognosis. Therefore, one should not wait for its presence for diagnosis of dysautonomia. Patients with known pathologies or symptoms that compromise the ANS should be investigated early.

Classification of Clinical Syndromes

Cardiovascular Autonomic Neuropathy (CAN)

CAN is a term widely used by the Societies of Diabetes and Autonomic Neuropathy to express impairment of the cardiovascular autonomic nervous system in the presence of diabetes mellitus, but the term is not restricted to this pathology.7 CAN includes ANS involvement, from the pre-clinical stage, which may have prognostic implications, such as glucose intolerance or pre-diabetes. (Figure 2)

Figure 2. Causes of dysautonomia.

Figure 2

Source: prepared by the author. The image includes examples as different causes of acute or chronic, central or peripheral autonomic dysfunctions. Some pathologies can present in different ways. POTS: Postural orthostatic tachycardia syndrome.

The expression neurogenic orthostatic hypotension, widely used by arrhythmologists and cardiologists, links the need for the presence of OH to define the diagnosis, a situation that, when detected, may represent a late and more severe stage, often with irreversibility of the condition.

Neurogenic Orthostatic Hypotension (nOH) and Supine Hypertension

Orthostatic hypotension is defined by the presence of reduced systolic blood pressure (BP) of at least 20 mmHg or diastolic BP of 10 mmHg or both, within 3 minutes after active orthostatic position or during the tilt test.3

In patients with nOH, impairment of the autonomic nervous system is observed, characterized by the inability to provide adequate vasoconstriction and/or adequate compensatory increase in heart rate (HR), sufficient to maintain BP in an orthostatic position. In most cases, this dysfunction is attributed to the insufficient release of norepinephrine from the sympathetic nerves.42,43

While in nOH impaired vasoconstriction is due to permanent damage in the efferent sympathetic activity, in non-neurogenic orthostatic hypotension (nnOH), it includes a variety of causes, such as the use of medications, antihypertensives, antidepressants, and alpha-blocking agents (Table 1), in addition to volume depletion and chronic diseases that lead to physical deconditioning.58

Table 1. Medications that can cause orthostatic hypotension or exacerbate symptoms of neurogenic orthostatic hypotension.

Class of medications Examples
Dopaminergic drugs Levodopa, dopamine agonists
Tricyclic antidepressants Amitriptyline, nortriptyline
Anticholinergics Atropine
↓ Pre-load
Diuretics
Nitrates
Phosphodiesterase inhibitors
Furosemide, hydrochlorothiazide, spironolactone
Isosorbide dinitrate
Sildenafil, vardenafil
Vasodilators
Alpha-1 adrenergic antagonists
Ca++ blockers
Direct vasodilators
Doxazosin, tamsulosin
Amlodipine, nifedipine
Hydralazine
Negative inotropes and chronotropics
Beta-blockers
Non-dihydropyridine calcium channel blockers
Propranolol, metoprolol, atenolol, bisoprolol, nebivolol, carvedilol
Diltiazem, verapamil
Central action sympatholytics Clonidine, methyldopa
Renin-angiotensin system antagonists
Converting enzyme inhibitor
Angiotensin blockers
Captopril, enalapril, perindopril
Losartan, telmisartan, candesartan

Source: Adapted4

It is important to differentiate nOH from nnOH due to the worse prognosis of nOH, with greater morbidity and mortality from all causes. Furthermore, studies point out that the presence of OH in middle-aged individuals predisposes to myocardial hypertrophy even in the absence of hypertension.58,59 The incidence of OH increases with age, as well as hypertension, diabetes and cardiovascular or degenerative diseases.42,43,59

Patients with one of the five categories below are at increased risk for nOH compared to the general population and should be routinely investigated (Figure 3):

Figure 3. Flowchart of Evaluation and Follow-up of Dysautonomia or Cardiovascular Autonomic Neuropathy (CAN).

Figure 3

  1. It occurs idiopathically, as in multiple system atrophy or pure autonomic failure, or in pathologies such as diabetes mellitus, neurodegenerative diseases, Parkinson's disease, dementia syndromes, chronic renal failure, amyloidosis, some neoplastic diseases and in the elderly.
  2. Electrocardiogram to assess heart rate and QT interval.
  3. Neurological tests such as electromyography, brain resonance imaging, cardiological tests such as 24-h Holter, ischemia evaluation.
  4. Laboratory tests including complete blood count, renal function, cortisol, ACTH, glycemic profile, plasma catecholamines collected lying down and immediately after orthostasis, neoplastic and autoimmune disease markers, and others (see specific section).
  5. As recommended by international guidelines on diabetics.1,2,7
  6. SGLT2 — Diabetes medications — sodium-glucose co-transporter inhibitors used to treat diabetes
  7. Patients with very frequent extrasystoles, atrial fibrillation, cardiac pacemaker and advanced cognitive dysfunction cannot be evaluated using this methodology. Consider that several drugs must be suspended for the examination and the values of the measurements must be correlated with normal values for age and sex.

Source: prepared by the author.

  1. Suspected or diagnosed with any degenerative disease associated with autonomic dysfunction, including Parkinson's disease, multiple system atrophy, pure autonomic failure or dementia by Lewy bodies;

  2. History of unexplained falls or syncope;

  3. Presence of peripheral neuropathy;

  4. Age ≥70 with a high degree of fragility or use of multiple medications;

  5. Dizziness or unspecific orthostatic symptoms.

After identifying that a patient is at risk for orthostatic hypotension, it is important to measure BP and HR in the supine position (after 5 minutes lying down) and in the first and third minutes after the orthostatic position, which is considered the gold standard for OH diagnosis.58 These values must also be measured after 5 minutes of orthostasis.

An alternative method would be taking these measurements after the patient has been 5 minutes in the sitting position, then after 3 minutes in the orthostatic position. Many of these patients still have supine hypertension (systolic BP ≥140 mmHg and/or diastolic BP≥90 mm Hg). In this situation, it is recommended to consider OH if there is a drop in systolic BP≥30 mmHg and/or diastolic BP≥10 mmHg.58

HR measurements also vary from supine position (and/or sitting position) to orthostatic position and help to differentiate nOH from nnOH.42,59 In individuals with OH, a compensatory HR increase of at least 15 bpm is expected within 3 minutes in the standing position. If this does not occur, OH is possibly neurogenic (as long as there is no concomitant use of negative chronotropic medication or conduction system disease or patient with a pacemaker).

A review of the prescribed drugs should be carried out in order to avoid effects on the baroreflex response (table 1), especially alpha- and beta-adrenergic blockers and centrally acting alpha-2 agonists.

Some patients may have postprandial hypotension, particularly after large meals rich in carbohydrates, combined with alcoholic beverages. In these conditions, BP measurements in the supine and orthostatic position should be performed before and after the meal, which can usually occur up to 90 minutes after the meal.

Symptoms of orthostatic intolerance may occur in patients without orthostatic hypotension detectable on clinical examination due to impaired peripheral vasoreactivity and venous return. In these cases, reduced stroke volume is observed during hemodynamic monitoring in the orthostatic tilt test. The compensatory HR response is sufficient to maintain blood pressure at acceptable levels.59,60

Complementary investigation (table 2) is applied to uncover potential non-neurogenic causes of OH.58

Table 2. Investigation of patients with orthostatic hypotension (OH).

Diagnostic tests
Electrocardiography Evaluate rhythm and conduction disorders, hypertrophy, low voltage
Complete blood count Evaluate anemia and/or infection
Metabolic profile (sodium, potassium, calcium, creatinine, urea, fasting glucose, glycated hemoglobin, bicarbonate); Urinary sodium in 24 hours Volume depletion (urea/creatinine ratio >20 mg/dl; kidney failure or diabetes or metabolic disorders
TSH, free T4, Cortisol, ACTH, vitamin B12 Thyroid and adrenal dysfunction and vitamin B12 deficiency
Serum albumin Malnutrition and chronic disease
Enzymes and liver function In patients with weight loss, suspected alcoholism
Study of autoantibodies (ANNA-1; ANNA-2, Anti-AChr, LGI1, and others) in cerebrospinal fluid and/or blood Recent onset OH, suspected paraneoplastic syndrome, pure autoimmune autonomic failure
Serum and urinary protein electrophoresis, protein immunofixation
Nerve biopsy, abdominal fat with Congo red stain
In patients with peripheral neuropathy, suspected amyloidosis
Plasma catecholamines in decubitus and after orthostasis Pure autonomic failure
Serology for arboviruses (dengue fever), for COVID-19, HIV serology Investigation according to clinical history
Investigation for collagenoses (autoantibodies such as FAN, anti-DNA, anti-SM, Anti-RNP) Suspected collagenoses

Source: Adapted;58 Anti-AChR: Autoantibodies to ganglionic acetylcholine receptors (AChR); ANNA: anti-neuronal nuclear antibodies; anti-RNP: anti-ribonucleoprotein antibodies; HIV: acquired immunodeficiency virus. COVID-19: Infection with the new coronavirus has been associated with dysautonomic forms such as the chronic fatigue syndrome.

If the standardized blood pressure measurements for the diagnosis of OH are not effective for the diagnosis, other approaches can be taken:

  1. Advise the patient to measure BP and HR at home in different situations:

    1. Fifteen minutes after going to bed at night or before getting up in the morning;

    2. Three minutes after taking an orthostatic position, before taking medication or whenever symptoms appear;

  2. Perform the orthostatic tilt test, which can document an early or late OH;

  3. Perform 24-hour ambulatory blood pressure monitoring (ABPM) — the patient should take notes on lying down and getting up.

When diagnosis of OH is confirmed, it is important to establish the severity, which depends on the magnitude of the drop in systolic BP, the time of tolerance in the orthostatic position and the magnitude of the symptoms to daily activities.

A grading scale from 1 to 4 (table 3) was proposed as a stratification of these patients. For grades 3 and 4, it is advisable to refer the patient to a center specializing in the treatment of orthostatic hypotension.61

Table 3. Grading scale for the severity of neurogenic orthostatic hypotension.

Grade Signs and symptoms
1 Infrequent symptoms/no restriction to stand upright, with 20 to 30 mm Hg drop in SBP
2 >30 mmHg drop in SBP upon orthostasis time ≥5 min
3 >30 mmHg drop in SBP upon orthostasis time <5 min or severe impact on daily activities
4 >30 mm Hg drop in SBP in <1 min in orthostasis or functional incapacity.

Source: Adapted.61

Orthostatic hypotension may be present in only 30–50% of patients with pure autonomic failure and in 60–70% with multiple system atrophy.33

Pandysautonomia and Evaluation Scores

Many pathologies can promote the global involvement of the ANS, with impairment of various systems and organs.

It is called pandysautonomia when there is evidence of systemic dysautonomia: cardiovascular dysautonomia and dysautonomia of various organs. Patients with cardiovascular autonomic neuropathy and/or neurogenic orthostatic hypotension should be asked about specific symptoms in other systems.

Some questionnaires can be used for better clinical evaluation, such as the ASP (Autonomic Symptom Profile), which contains 73 questions and the COMPASS (Composite Autonomic Symptom Scale), which uses the previous scale and quantifies the severity of abnormalities. Validation of these questionnaires has not been done in different clinical contexts. However, the items that comprise it can be used as a screening tool in the suspicion of impairment of other organs. 61.62

More recently, a new Survey of Autonomic Symptoms (SAS) score was developed and validated, showing better sensitivity in detecting mild autonomic neuropathies, not requiring complementary methods, and it can be a good clinical tool for early detection of autonomic neuropathy (Table 4).61

Table 4. Survey of Autonomic Symptoms (SAS) questionnaire to diagnose the involvement of different organs and systems in dysautonomia.

Symptoms/Health Problem Have you had any of these symptoms in the last 6 months? 1- Yes; 2- No How severe is this symptom? Scale of 1 to 5 (used if symptoms are present)
1-Darkened vision? 1 or 2 1 – 5
2-Dry mouth or dry eyes?
3-Pallor or cyanosis?
4-Feeling cold in some regions of the body?
5-Reduced feet sweating compared to the rest of the body?
6-Reduced or absent feet sweating after exercising or in hot weather?
7-Increased hand sweating compared to the rest of the body?
8-Nausea, vomiting or gas after light meals?
9-Diarrhea (>3 bowel movements per day)?
10-Persistent constipation?
11-Loss of urine?
12-Erection issues?

Source: Adapted.61 The presence of 3 or more symptoms resulted in 95% sensitivity and 65% specificity, while the presence of 7 or more points determined 60% sensitivity and 90% specificity. Gastrointestinal symptoms were less correlated with other indexes.

Chronic Fatigue Syndrome

It is currently considered a chronic systemic disease that profoundly affects the quality of life of patients. It has been called chronic fatigue or myalgic encephalomyelitis due to the documentation of central and autonomic nervous system abnormalities. This syndrome affects about 2.5 million individuals of all ages in the USA and dramatically reduces productive capacity.

It is a complex disease that involves deregulation of the central nervous system, the immune system, with dysfunction of the cellular energy metabolism and ionic transport, in addition to cardiovascular abnormalities. It is characterized by persistent and recurrent fatigue after exercise, with no other cause that explains the origin of the symptoms (table 5).9,6366

Table 5. Classical Criteria for the Diagnosis of Chronic Fatigue Syndrome.

Extreme, persistent or recurrent tiredness, without a justified cause, with the following characteristics:
1. Recent onset (that is, non-progressive throughout life) or with specific trigger
2. Difficulty performing usual professional, physical or social activities
3. Meeting at least 4 of the following criteria:
3.1. Impaired concentration and recent memory
3.2. Sore throat
3.3. Cervical or axillary lymph nodes
3.4. Joint and muscle pain
3.5. Headache
3.6. Non-restorative sleep
3.7. Post-exertional malaise persisting for >24 hours

Source: Adapted9

Routine laboratory tests are usually normal. Impaired autonomic regulation of the vascular system is commonly found, especially in deficient response to orthostatic position, resulting in high association with dysautonomia (figures 4 and 5).

Figure 4. Tilt test with hemodynamic measurements, where systolic volume, cardiac output and peripheral vascular resistance (PVR) were corrected for body surface, resulting in systolic index (SI), cardiac index (CI) and PVR index (PVRI). 4A. Patient with clinical diagnosis of chronic fatigue. Right after tilting, there is an exaggerated reduction in SI (>30%), initially compensated by the expected increase in PVRI and HR. After 15 minutes of tilting, there is a greater SI reduction associated with a PVRI reduction, instead of the greater compensatory increase expected of the PVRI. Therefore, the compensation to keep the BP stable occurs at the expense of a greater HR increase, which then presents excessive increase (>30 bpm), than in the supine position. This change occurs later (10 minutes after the beginning of the test), not fulfilling the criteria for POTS. 4B. Patient diagnosed with POTS. During the tilt test, an SI reduction is not compensated by a PVRI increase. PVRI decreases, rather than increases, in orthostatic position. Therefore, mean blood pressure (BP) remains stable due to an excessive increase in heart rate (HR) by >30 bpm, occurring in the first 10 minutes of tilting, associated with symptoms, thus fulfilling the POTS criteria. The difference between the two conditions can be, in some cases, only time-related.

Figure 4

Figure 5. Tilt test with hemodynamic measures, where systolic volume, cardiac output and peripheral vascular resistance (PVR) were corrected for body surface, resulting in systolic index (SI), cardiac index (CI) and PVR index (PVRI). BP — blood pressure 5A. Patient with orthostatic intolerance. There is no expected PVRI increase. Instead, it presents a progressive reduction compensated by a progressive increase in HR, until the end of tilting, with a slight reduction in BP. The symptoms occur in the presence of a deficit in PVR increase in an orthostatic position. 5B. Patient with late orthostatic hypotension. In this case, there no SI reduction and there is a progressive PVRI reduction during the tilt test. After 10 minutes of tilting, when there is a greater PVRI reduction, which is not accompanied by any additional HR increase, orthostatic hypotension is observed, with symptoms. After 20 minutes, spontaneous recovery of PVRI and BP occurs, with relief of symptoms.

Figure 5

Neuroinflammation can have different triggering factors: brain infection (chronic herpes virus), autoantibodies, neurotoxins or chronic stress, and extra-cerebral inflammatory processes, including the intestine. Low levels of neuroinflammation trigger protective behavioral abnormalities, such as reduced activity, reduced appetite and increased sleep.6366

Functional magnetic resonance imaging in patients with chronic fatigue demonstrated different responses to visual and auditory stimuli and memory tests, as well as abnormalities in connectivity between areas of the brain. Positron emission tomography demonstrated widespread neuroinflammation and high lactate levels, which correlate with degrees of fatigue. In the spinal fluid, there is a higher rate of proteins related to injury and muscle repair.65,66

Metabolic abnormalities have also been described, resulting in impaired generation of cellular energy from different sources: oxygen, sugar, lipids and amino acids, with high levels of oxidative stress and nitric acid. Many metabolites are found to be below normal levels. This hypometabolic condition is observed in some animals in hibernation and allows animals under threat to slow down the metabolic process of energy consumption to preserve vital functions.65,66

Abnormalities of the autonomic nervous system include abnormal heart rate and blood pressure during prolonged orthostatic position, which are not sufficient to deliver diagnosis of POTS, or orthostatic hypotension, but are associated with reduced cerebral flow and cause symptoms.

In provocative tests of physical, orthostatic and mental challenges, various symptoms are observed, especially after 12 to 24 hours of activity, known as “post-exertional malaise.” Patients still have difficulty extracting oxygen during exertion, resulting in reduced anaerobic threshold.67

In the last decade, there has been an alarming increase in patients with other associated morbidities, such as chronic pain and functional impairment.4647 The same diagnostic criteria can be applied: chronic fatigue, chronic pain including headache, sleep disorders, mood disorders, post-exertional malaise, orthostatic and exercise intolerance and difficulty maintaining the usual functional capacity before the onset of symptoms.

Orthostatic intolerance is defined by the presence of dizziness, light head, visual turbidity and pre-syncope, which get worse in orthostatic position and are alleviated with horizontal posture.

Chronic diseases associated with chronic fatigue, as well as chronic fatigue alone, typically occur after a triggering event: Viral, bacterial or fungal infection, surgery, car accident, pregnancy, vaccination or after a prolonged period of physical or mental stress. Recently, infection with the new coronavirus (COVID-19) has been shown to affect several areas of the nervous system, with suspected cases of chronic fatigue being reported, causing concern about the possibility of a marked increase of this condition.6872

In some cases, no precipitating factor is identified, but there may be family history of similar symptoms in first-degree relatives, suggesting a genetic component. Many patients develop anxiety and depression secondary to chronic diseases or as part of the pathophysiological abnormalities of the underlying disease. A significant number of patients have autoimmune and inflammatory markers.

Objective findings include: orthostatic intolerance to the tilt test, autonomic dysfunction and small fiber neuropathy (in autonomic function tests), hypovolemia and abnormality on functional magnetic resonance imaging (MRI) tests, single photon emission computed tomography (SPECT) or positron emission tomography (PET scan). Conventional MRI shows only non-specific findings.6971

Despite recent discoveries, there is no highly sensitive and specific method for an accurate diagnosis yet, as there is no effective treatment.

As part of the treatment of chronic diseases associated with chronic fatigue, psychotherapy, cognitive behavioral therapy, and occupational therapy can improve the functional state and reduce the suffering of these patients. Medications are generally used for headache, neuropathic pain, muscle tension, gastrointestinal symptoms and sleep disorders. It is extremely useful to separate the different etiologies of chronic fatigue.

Mast cell activation syndrome can cause symptoms of chronic fatigue or POTS. In that case, antihistamines can be useful. In connective tissue diseases, anti-inflammatory drugs, immunomodulatory therapy such as chloroquine or intravenous immunoglobulin and corticosteroids can be used to control joint pain and fatigue.

Chronic Fatigue Syndrome — New criteria8.

It has been recently recommended that chronic fatigue be renamed Systemic Exertion Intolerance Disease, with new diagnostic criteria:

  1. Unexplained fatigue and consequent occupational disability for more than 6 months;

  2. Post-exertional malaise;

  3. Non-restorative sleep;

  4. Cognitive impairment or orthostatic intolerance.

Postural Orthostatic Tachycardia Syndrome (POTS)

It is defined as an exaggerated chronotropic response to the change from horizontal posture to orthostasis, persistent and associated with symptoms of orthostatic intolerance (OI).73,74 It is the most common cause of OI in the young population. It affects about 500,000 to 3,000,000 individuals in the United States alone, the majority of whom are females (4:1), aged 15 to 25 or at the beginning of their professional lives.10,11,75 Sustained heart rate (HR) increase ≥30 bpm (≥40 bpm if <20 years old) or HR ≥120 bpm is observed in the first 10 minutes in an orthostatic position or during the tilt test, with no classical orthostatic hypotension associated. A slight decrease in blood pressure may occur.

Generally, one or more triggering factors are identified: acute stress such as pregnancy, surgery, previous infection, vaccine or traumatic event. Among the most common infections are: the mononucleosis virus (18.6%), respiratory (18%) and gastrointestinal (11.4%) viruses.10,76,77

In a preliminary evaluation of patients with suspected POTS, in addition to history taking and physical examination, vital signs must be taken in a supine and orthostatic position. Clinical history aims to investigate the potential causes of orthostatic tachycardia, including potential triggers. POTS symptoms are usually exacerbated by exercise, hot weather, dehydration and alcohol intake.

Electrocardiography and ambulatory ECG monitoring should be performed to rule out potential primary causes of tachycardia and echocardiography and exercise test to check for structural heart disease and heart rate response to exertion. Thyroid function tests, as well as blood count, should be part of the investigation routine, to rule out secondary causes of tachycardia.

The orthostatic tilt test can be useful to obtain hemodynamic parameters and tolerance to orthostatic position. Extended autonomic evaluation, with analysis of various hemodynamic parameters during the tilt test, is highly recommended in the investigation and differential etiological diagnosis of POTS.

Continuous and non-invasive BP and ECG monitoring systems, associated with bioimpedance measurements, allow to evaluate systolic volume, peripheral vascular resistance and cardiac output, making it possible to identify the type of hemodynamic disorder found in patients with POTS (Figures 4 and 5).

POTS is a heterogeneous syndrome resulting from different non-excluding pathophysiological mechanisms. It can be classified into five types, according to the prevailing pathophysiological mechanism: Neuropathic, hypovolemic, hyperadrenergic, secondary to noradrenaline abnormalities or activation of mast cells, and related to joint hypermobility (Ehlers-Danlos syndrome).7681

In the neuropathic form, the main mechanism is impairment of peripheral vasoreactivity due to predominantly sympathetic denervation. In these cases, blood volume accumulates in the lower limbs in an orthostatic position and sympathetic system activation results in reflex tachycardia, which is not always compensatory. About 50% of these patients also have peripheral sudomotor denervation, suggesting post-ganglionic sympathetic denervation.

In the hypovolemic form, 70% of patients have hypovolemia due to excessive fluid retention in the lower compartment of the body. There is reduced tone, increased venous capacitance and reduced systolic volume during the tilt test. This central hypovolemia results in adrenergic activation by the baroreceptors and exacerbated compensatory reflex tachycardia.

Many patients in this group have reduced total blood volume, both in plasma and in blood cells.78,79 Paradoxically, some of these patients have low levels of plasma renin and aldosterone activity and high levels of angiotensin II.78

In the Hyperadrenergic form, excessive adrenergic activation causes symptoms that include palpitations, sweating, tremors, anxiety and even hypertension triggered by physical activity or emotional stimulation. The primary hyperadrenergic form is characterized by high levels of plasma norepinephrine due to higher production (1000–2000 pg/ml), occurring in 5 to 10% of the cases.

The secondary form consists of a heterogeneous group divided into 3 main categories:

  1. reduced clearance of synaptic norepinephrine (mutation of loss of function);

  2. mast cell activation disorder — characterized by the presence of high urinary methylhistamine;

  3. pharmacological blockade of norepinephrine transport by drugs that inhibit this transport, such as tricyclic antidepressants and other amphetamine-like drugs, the latter being the most frequently found type.

In the Ehlers-Danlos Syndrome, a connective tissue disease, with skin hyperelasticity and joint hypermotility, 70% of individuals have POTS and 18% of patients with POTS have diagnostic criteria for the Ehlers-Danlos syndrome, considered an underlying mechanism for the syndrome.80

In cases of patients with POTS with the mast cell activation syndrome, an autoimmune factor may be present. These patients have flushed skin and hypertension associated with orthostatic tachycardia. It is not yet clear whether sympathetic activation causes mast cell degranulation or whether mast cell activation causes vasodilation.80,82

In refractory patients, an extensive evaluation at a center specializing in autonomic tests should be considered. Valsalva's maneuvers with beat-to-beat BP measurement may show an exaggerated phase 4, revealing excessive sympathetic activity. Measurement of plasma epinephrine and norepinephrine in a supine and orthostatic position can be useful to identify hyperadrenergic cases, as well as analysis of 24-hour urinary sodium in cases of volume depletion.6

Anxiety and hypervigilance are often common in patients with POTS. However, HR increase is not due to an anxiety condition, but due to a physiological abnormality. Still, psychological assessment and follow-up can be useful in the clinical management of these patients.

Physical deconditioning is common to all forms of POTS. Multiple parameters associated with deconditioning are present in these patients: reduced cardiac area and mass (16%), reduced blood volume (20%) and reduced peak oxygen consumption (VO2), compared to sedentary controls. Both bed rest and deconditioning reduce the baroreflex sensitivity to produce vasoconstriction.

In a study for international registration of POTS, progressive physical conditioning showed volume expansion and increased the cardiac area of patients, resulting in a significant improvement in symptoms. In this study, 71% of patients who completed the training program were free of POTS diagnosis. In a small group followed up for 6 to 12 months, the result was also maintained.83

The protocol consisted of 8 months of progressive training with aerobic exercise (3 sessions per week) associated with 2 weekly sessions of low-resistance muscle strengthening exercise, starting in the supine position and progressing to the orthostatic position. Compared to beta-blockers, exercise showed improved quality of life and normalized neurohumoral response, being considered class IIa of indication in international guidelines.11,83,84

There is no class I recommendation for the treatment of POTS. Non-pharmacological measures include increasing fluid intake to 2–3 liters/day and salt to 10–12 grams/day. Infusion of up to 2 liters of saline is recommended for acute decompensations (class IIb).11

If non-pharmacological measures are not effective, pharmacological treatment can be established according to the type of disorder identified (fFgures 4 and 5) or the modified algorithm proposed by Bryarly et al. (Figure 6).74

Figure 6. Treatment algorithm for patients with POTS.

Figure 6

Source: adapted.74

Chronic Fatigue Syndrome x Postural Orthostatic Tachycardia Syndrome (POTS).

Postural orthostatic tachycardia syndrome (SPOT) has been found in 29% of patients with chronic fatigue syndrome, while almost 50% of POTS patients have chronic fatigue syndrome.

Fludrocortisone may be useful in volume expansion, but its effect has not yet been tested in large clinical studies. Midodrine is an alpha-1 adrenergic agonist that increases the contraction of veins and arteries. This medication significantly reduces HR, but to a smaller extent than saline infusion. It has fast action and metabolization time and should be used 3 times a day, while the patient is active, avoiding potential nighttime hypertension.

Medications such as midodrine associated with a low dose of non-selective beta-blocker (propranolol), fludrocortisone and pyridostigmine are useful in the dysautonomic and hypovolemic forms of POTS. In the hyperadrenergic form, clonidine or alpha-methyldopa can be effective (class IIb).11

Sinus node modification by radiofrequency is not recommended and may be harmful, as it eliminates the compensatory mechanism of low cerebral output, which is sinus tachycardia, triggered by the baroreflex action.

Concomitant symptoms, such as headache and sleep disorders or gastrointestinal problems are often seen in POTS, and should be treated appropriately, as well as cognitive behavioral therapy should be considered.

Carotid Sinus Hypersensitivity and Cardioneuroablation

The prevalence of carotid sinus hypersensitivity (CSH) varies with age. It is extremely uncommon in individuals aged <50 and exponentially increases with age. In patients with syncope and age over 60, an abnormal carotid sinus response has been observed in up to 22.3%. Therefore, it is a common finding in elderly patients without syncope, especially if they have cardiovascular disease. For this reason, there is a consensus that for the diagnosis of carotid sinus hypersensitivity syndrome there is reproduction of clinical symptoms during carotid sinus massage and previous history of spontaneous syncope, suggestive of reflex origin.12,85,86 Positive carotid sinus massage, but no history of syncope, only defines carotid sinus hypersensitivity and not the clinical syndrome (Table 6).

Table 6. Definition of Carotid Sinus Hypersensitivity.

DEFINITION
Reduced heart rate and/or blood pressure (BP) in response to carotid sinus massage:
1. Cardioinhibitory: pause ≥3 seconds (usually >6 seconds);
2. Vasodepressor: drop in BP ≥50 mmHg, with no significant bradycardia;
3. Mixed: pause ≥3 seconds associated with SBP drop ≥50 mmHg.

Source: Adapted1

Carotid sinus massage is a class I indication in international guidelines for patients >40 years, with syncope of unknown origin, compatible with reflex mechanism (class I).12 Massage is, however, controversial, as asymptomatic patients may present hemodynamic abnormalities with symptoms during maneuver.87 However, if the syncope is of undetermined origin and the response to carotid sinus massage, in the cardioinhibitory form, reproduces the clinical symptom, there is a presumptive cause of syncope, as the use of a pacemaker in this group of patients improved the symptoms of syncope in some studies.11,88

Perhaps the best way to confirm the cause of syncope in this context would be by long-term ECG monitoring (external or implantable looper). Although this technique (external or implantable looper) is more accurate to diagnose cases of carotid sinus hypersensitivity in the cardioinhibitory form, it would not be able to identify the vasodepressor forms of hypersensitivity.89

Carotid sinus massage should be preferably performed with continuous beat-to-beat BP and electrocardiogram monitoring. It is safer when performed at the tilt test facility. Maneuver should be performed with the patient's face rotated laterally, in a supine position and, if negative, it must be repeated in an orthostatic position, on each side, for a maximum of 10 seconds of compression, at the site of greatest carotid pulsation, at an angle formed by the mandible, the cricoid cartilage and the anterior margin of the sternocleidomastoid muscle. It should be avoided in patients with carotid murmur before adequate evaluation.

Although serious complications are rare (0.24%), the risk of transient ischemic attack must be considered, especially for patients who have previously experienced this event, as well as stroke or carotid artery stenosis >70%, as these are contraindications for the maneuver.12

The carotid sinus is a baroreceptor that responds to wall stretching, as with high BP.65 In this situation, there is increased vagal tone and reduced sympathetic tone. Otherwise, on reduced BP and reduced vascular wall tension, there is a reduction in baroreceptor triggers, resulting in attenuation of vagal action. Baroreflex stimuli are sent from the carotid sinus to the solitary tract nucleus, where a large number of cardiovascular neurons are located.

Although the physiology of the carotid sinus baroreflex is reasonably well understood, the pathophysiology of CSH remains unclear.

Three main pathophysiological mechanisms have been considered:9094

Atherosclerosis: theoretically, reduced vessel compliance could result in reduced afferent flow of the baroreflex impulse. However, it has been shown that the afferent portion of the carotid sinus reflex is intact in individuals with CSH.

Sternocleidomastoid muscle denervation:92 with age, sternocleidomastoid muscle denervation (demonstrated by electromyography), thus reducing the information sent to the solitary tract nucleus, while the carotid sinus baroreceptors continue to send proper signals to the same nucleus, generating information imbalance. Thus, the head movement may result in afferent signals only from the carotid sinus, being interpreted by the solitary tract nucleus as an increase in BP, triggering an abrupt reduction in BP and HR.

Generalized autonomic dysfunction: high sympathetic activity has been recently demonstrated in individuals with CSH, symptomatic or asymptomatic, which suggests a generalized autonomic dysfunction.

The most common clinical manifestations of CSH are syncope, pre-syncope or dizziness during maneuvers with a change in head position. Loss of consciousness, as well as recovery, generally occur suddenly. Injuries resulting from falls are hence commonly observed.

Elderly patients may refer to episodes as recurrent falls, with no apparent cause. They may not report changes in head position during the fall.

Regarding treatment of the vasodepressor form of CSH, studies with midodrine95 and fludrocortisone96 showed improvement of syncope and presyncope symptoms compared to placebo. However, for patients with the cardioinhibitory form, definitive pacemaker implant has been the treatment of choice.

The decision to implant a pacemaker after a single episode of syncope will depend on the consequence and severity of the injury resulting from this episode. Some small observational randomized studies have shown improvement in clinical symptoms after implantation.11,12,15

However, randomized blinded studies comparing dual-chamber pacemakers versus dual-chamber pacemakers without active stimulation (off) did not show significant improvement in patients with unexplained falls.88,90,97,98 Neither do large-scale randomized studies testing the use of pacemaker in cardioinhibitory form, raising questions about the recommendations of the current guidelines.97 On the other hand, a meta-analysis of three studies showed 9% recurrence of syncope in patients with active stimulation, versus 38% in the control group (without a pacemaker).99 This meta-analysis and other review studies are the basis of support for current recommendations for pacemaker implantation with Class IIa indication level, in American15 and European11,15 syncope guidelines.

Carotid sinus denervation by irradiation or endarterectomy has also been considered in the past as a treatment option.100

Regarding the prognosis, there has been no difference in mortality between patients with and without CSH compared to individuals of the same age.87,101 However, the consequences of an injury resulting from a fall in an elderly patient cannot be adequately estimated. Therefore, patients must be informed that the risk of recurrent syncope should be reduced, but minor symptoms including pre-syncope may persist, even with therapies implemented.

Another very promising treatment strategy for reflex syncope resulting from exacerbated vagal activity is a technique known as cardioneuroablation, which consists of modifying vagal activity by catheter ablation, using radiofrequency energy.102

Pachon et al.103 observed that when nerve fibers mix with myocardial cells, they produce changes in their conduction, from compact (uniform conduction with main frequency of 40 Hz, which occurs around very well-connected cells) to fibrillar conduction (conduction with fractional potentials with a frequency greater than 100 Hz). The authors used the fibrillar myocardial pattern (found mainly in the region of the sinus node and atrioventricular node) as a marker of neuromyocardial interface and target sites for cardioneuroablation and achieved clinical improvement of syncope episodes.103

Exciting results have been described in the literature with fibrillar myocardial ablation around the sinus node and atrioventricular node. During the ablation procedure, the disappearance of high-frequency potentials in these areas resulted in improved sinus and nodal function.104

Cardioneuroablation has been used to treat patients with carotid sinus hypersensitivity and can be an alternative to implanting a pacemaker, especially in young individuals, as these are more vulnerable to long-term complications.105,106

In summary, ablation of ganglionic plexuses can promote a significant reduction in vagal activity, in the sinus and atrioventricular nodes, and is effective in reducing symptoms in patients with severe neuromediated bradycardia. Due to the different techniques employed, randomized multicenter studies would be necessary to define the effectiveness, the best technique, safety and reproducibility of the method.107

Inappropriate Sinus Tachycardia (IST)

The first case of inappropriate sinus tachycardia (IST) was described in the literature in 1939 by Codvelle and Boucher.108 A prevalence of 1.2% is currently estimated in the general population.11 It is considered a chronic condition, but little is known about its evolution and mortality. Its mechanism is poorly understood,109113 including increased sinus node automaticity, beta-adrenergic hypersensitivity, reduced parasympathetic activity and impaired neurohormonal modulation.

The onset of symptoms is usually associated with a stressful event, such as a divorce of parents of teenagers, separation or another major family event. The symptoms usually found are: palpitations, dizziness, and syncope. Abdominal discomfort, sweating, headache, visual turbidity, fatigue, anxiety, exercise intolerance, myalgia and chest pain may also occur.

Clinical history and physical examination must be performed to identify the potential causes for tachycardia, such as: hyperthyroidism; medicines; use of hidden substances; psychological triggers; panic attacks, and to rule out POTS, considering that both conditions share the same symptoms (Table 7).

Table 7. Causes that must be ruled out before diagnosing inappropriate sinus tachycardia.

Medical Conditions Physiological Conditions Drugs/Substances
Hyperthyroidism Physical exercise Caffeine
Cushing disease Emotional stress Alcohol
Pheochromocytoma Pain Tobacco
Anemia Fever Catecholamines
Infections Pregnancy Vasodilators
Dehydration Volume depletion Substances with atropine
Cardiomyopathy Theophylline
Panic attack Illicit drugs
Pericarditis Decongestants
Mitral or aortic regurgitation Sympathomimetics
Myocardial infarction Thyroid-stimulating hormones
Orthostatic hypotension

Source: author and adapted.10,110

Patients should be investigated for hypovolemia, which is observed in some cases. However, it is necessary to rule out structural heart disease for the diagnosis of IST. In the natural history of patients with IST, in general, there is no worsening of ventricular function due to tachycardia.109 However, there are rare descriptions of isolated cases of tachycardiomyopathy, challenging the assumption that IST is always a benign condition.111,113,114

Stress testing can be useful in documenting exaggerated tachycardia in response to exercise. Cardiovascular autonomic tests, including HR response to Valsalva maneuver, deep breathing and orthostatic position, as well as HR variability and baroreflex sensitivity, have not shown clinical usefulness and, therefore, should not be routinely employed.11

Inappropriate Sinus Tachycardia (IST).

It is characterized when the resting heart rate is greater than 100 bpm and the average HR is greater than 90 bpm on 24-h Holter in adolescents and young adults. It occurs more commonly in women, without a reasonable cause. It is associated with various severe and often debilitating symptoms, especially palpitations, dizziness and syncope.

People with IST usually experience a significant loss of quality of life. There are no placebo-controlled prospective clinical studies for the therapeutic interventions used in the treatment, and some symptoms may persist despite HR control.

There is some evidence that ivabradine, at a dose of 5 to 7.5 mg, twice a day, can improve quality of life. 115,116,117 In addition, it appears that ivabradine may have benefits when associated with beta-blockers (metoprolol).118

Beta-blockers alone are not useful and can cause side effects. Other treatments have been proposed, such as: drugs such as fludrocortisone; clonidine; erythropoietin; non-pharmacological measures, such as elastic compression stockings; physical exercises and, rarely, radiofrequency ablation, which may pose risks of sinus node injury, requiring the implantation of a cardiac pacemaker.119 Patients with IST usually require special attention and lifestyle changes.

Note

Part II of this article, which describes clinical and cardiovascular symptoms, methods of investigation and treatment, will continue in the next issues of the journal.

Footnotes

Sources of Funding

There was no external funding source for this study.

Study Association

This study is not associated with any thesis or dissertation.

Clinical Series of the Brazilian Society of Cardiac Arrhythmias


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES