Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
. 2025 May 19;122(6):e20240505. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20240505
View full-text in English

Tendência Temporal das Internações Hospitalares por Insuficiência Cardíaca no Brasil

José Marcos Girardi 1, Isadora Araújo Girardi 2, Ana Clara Silva Nascimento 2, Daniel Monteiro de Lauro Silva 3, Luisa Venture Gibaile Soares 2, Sarah Alessandrini Lauriano Dias 2, Sarah Quick Lourenço de Lima 4, Flávia Araújo Girardi 4
PMCID: PMC12133065  PMID: 40471566

Resumo

Fundamento

A insuficiência cardíaca é uma pandemia global e causa de redução significativa da qualidade de vida, com impacto nos gastos hospitalares, sendo importante conhecer a tendência temporal das internações e mortalidade para traçar estratégias de enfrentamento.

Objetivo

O objetivo deste estudo foi descrever a tendência temporal das internações hospitalares por insuficiência cardíaca e mortalidade durante as internações entre 2000 e 2021 no Brasil.

Métodos

Foi realizado estudo de tendência temporal das taxas de internação e mortalidade durante internações, utilizando-se dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, por meio de regressão segmentada joinpoint. Foram calculadas as variações percentuais anuais das taxas com os respectivos intervalos de confiança de 95% e nível alfa de significância de 0,05.

Resultados

Foram analisadas 2.851.437 internações em homens e 2.749.424 em mulheres entre 2000 e 2021 no Brasil. Observou-se redução percentual anual das taxas de internação em homens de 6,7% a 8,1% e, em mulheres, redução de 7,5% a 8,3%. Observou-se aumento percentual anual das taxas de mortalidade em homens de 1,8% a 3,6% e, em mulheres, aumento de 3,1% a 3,5%.

Conclusão

Observou-se redução das taxas de internação por insuficiência cardíaca e aumento das taxas de mortalidade em todas as faixas etárias avaliadas para ambos os sexos entre 2000 e 2021 no Brasil. Estes resultados podem refletir melhor controle ambulatorial da doença e internação apenas para casos mais graves, mas ressaltamos a necessidade de abordagem continuada dos fatores de risco para a doença.

Keywords: Insuficiência Cardíaca, Hospitalização, Mortalidade


Introdução

A insuficiência cardíaca (IC) é definida como uma síndrome clínica na qual o coração é incapaz de bombear o sangue para atender às necessidades metabólicas tissulares ou é capaz de fazê-lo apenas com elevadas pressões de enchimento. 1 As causas mais comuns de IC incluem cardiopatia isquêmica, infarto do miocárdio, hipertensão arterial sistêmica e valvopatias. 2

A IC é considerada uma pandemia global, tendo acometido em torno de 64 milhões de pessoas no mundo em 2017 3 e é causa de redução significativa da qualidade de vida, com impacto importante nos gastos hospitalares e atendimentos de urgência. 1 Nos Estados Unidos da América (EUA), embora o número absoluto de pacientes com IC tenha crescido, parcialmente como resultado do aumento do número de idosos, a incidência da IC diminuiu. Houve redução das hospitalizações por IC nos EUA até 2012. Porém, observou-se aumento entre 2013 e 2017, tendo sido registradas 1,2 milhão de hospitalizações por IC entre 924.000 pacientes com diagnóstico da doença em 2017, representando um aumento de 26,0% no período. 2

Nos EUA, aproximadamente 115 milhões de pessoas têm hipertensão arterial, 100 milhões têm obesidade, 26 milhões têm diabetes e 125 milhões têm doença cardiovascular (DCV) aterosclerótica. Esses são fatores bastante conhecidos e de alto risco populacional atribuível para o desenvolvimento de IC. Portanto, uma grande proporção da população pode ser categorizada como estando em risco para IC. 2 Na América Latina, um perfil clínico distinto é encontrado, com potenciais fatores de risco resultantes de um baixo investimento na saúde, inadequado acesso ao atendimento e acompanhamento insuficiente nos serviços em nível primário ou terciário. 1

Neste contexto, no Brasil, dados anuais compilados e pesquisas sobre epidemiologia das DCV mostram que estas costumam ser a principal causa de morte, sendo a doença de artéria coronária a causa número um, seguida por acidente vascular cerebral. Porém, em 2021, a COVID-19 tornou-se a principal causa em ambos os sexos. Esses dados epidemiológicos, apontados pela Estatística Cardiovascular – Brasil, revelam que diagnósticos autorreferidos de hipertensão arterial, de hipercolesterolemia e de diabetes mellitus ocorreram em adultos na ordem de 26,3% (2021), 14,6% (2019), e 9,1% (2021), respectivamente. Houve redução no número de casos de diabetes desconhecidos no Brasil, o que pode ter ocorrido devido à maior taxa de rastreamento e maior acesso ao diagnóstico em alguns segmentos da população. A obesidade em 2021 foi registrada em 22,4%, com tendência de aumento de 2006 a 2021. Já a prevalência de tabagismo nesse segmento populacional apresentou redução de 0,7% entre 2019 e 2021 em ambos os sexos. Com relação à atividade física, observa-se que, apesar do conhecimento crescente em relação aos benefícios cardiovasculares de uma prática regular e uma tendência à redução da inatividade física entre os brasileiros nos últimos anos, quase metade da população não alcança o nível mínimo recomendado de atividade física. 4

A despeito de avanços na terapêutica da IC, a síndrome mantém-se como uma patologia grave, cuja sobrevida após 5 anos de diagnóstico pode chegar a apenas 35,0%. 1 No Brasil, a má aderência à terapêutica básica para IC é a principal causa de rehospitalizações e da elevada taxa de mortalidade intra-hospitalar. 5

O objetivo deste estudo foi descrever a tendência temporal das internações hospitalares por IC, bem como da mortalidade durante a internação, entre 2000 e 2021 no Brasil, analisando sua distribuição por faixas etárias.

Métodos

Tipo de estudo e fontes dos dados

Trata-se de estudo ecológico de tendência temporal das taxas de internação por IC e taxas de mortalidade durante a internação entre 2000 e 2021 no Brasil.

Foram utilizados os dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), o qual auxilia diretamente o Ministério da Saúde com provimento de suporte aos sistemas de informação. 6

População de estudo e variáveis de interesse

A população do estudo abrangeu as internações hospitalares em ambos os sexos por IC entre 2000 e 2021 no Brasil. O período foi escolhido com base na disponibilidade de dados de base populacional no DATASUS. Foram selecionadas as faixas etárias a partir de 40 anos de idade, tendo em vista que representaram mais de 95,0% das internações por IC em adultos.

Foram utilizados os dados de morbidade hospitalar geral do Sistema Único de Saúde (SUS), por local de residência, extraídos da ferramenta de consulta TABNET do DATASUS. 7 Foram selecionadas as variáveis sexo, faixas etárias (agregadas em períodos de 10 anos) a partir de 40 anos de idade, número de internações e taxas de mortalidade durante a internação para cada ano separadamente. Em lista de morbidades CID-10, 8 foi selecionado o termo “insuficiência cardíaca”. Os dados de população residente foram extraídos da seção de variáveis demográficas e econômicas da ferramenta TABNET, estratificados por sexo, faixas etárias e anos.

A variável de desfecho taxa de mortalidade na internação foi extraída diretamente da ferramenta TABNET, já calculada para cada 100 internações. Trata-se da razão entre a quantidade de óbitos e o número de autorizações de internação hospitalar (AIH) aprovadas, computadas como internações, no período, multiplicada por 100.

A variável de desfecho taxa de internação foi calculada da seguinte forma:

Número de internações por IC por faixa etária, sexo e ano ×10.000 Número de pessoas residentes da mesma faixa etária, sexo e ano

Para fins de correção do número de internações por causas mal definidas (CMD), foi realizado o ajuste proposto por Mathers et al. , 9 com base no qual foi calculado o percentual de internações por causas mal definidas (PICMD):

Total de internações  internações por causas externas(Total de internações  internações por causas externas)  internações por CMD

Após, foi calculado um fator de correção (FC) por faixa etária e ano, o qual foi multiplicado pelo número de internações corrigidas:

FC das internações por CMD:

FC=1+(PICMD1)2

As referidas correções foram realizadas para cada sexo, faixa etária e ano. As causas mal definidas são apresentadas na CID-10 no Capítulo XVIII, entre os códigos R00 e R99. Já as internações por causas externas são apresentadas diretamente na seção de morbidade hospitalar na ferramenta TABNET.

Análises de dados

A variação percentual anual (APC, do inglês annual percentage change ) das taxas de internação por IC e das taxas de mortalidade na internação foram calculadas através de modelagem pelo método de regressão joinpoint , utilizando o ano calendário como variável independente, segundo faixas etárias. Tal método permite identificar os pontos de mudança de tendência no tempo e, a partir da definição do melhor modelo, são calculadas as APC para cada segmento. Dessa forma, pode-se descrever e quantificar a tendência, avaliando se a mesma é estatisticamente significativa.

Como medida que sintetiza a tendência em todo o período, foi utilizada a variação percentual anual média (AAPC, do inglês average annual percentage change ). Para APC e AAPC foram estimados intervalos de confiança de 95% e utilizado nível de significância alfa igual a 0,05. Foram selecionadas as opções de homoscedasticidade, transformação logarítmica da variável dependente e modelo de ajustamento de erros correlacionados baseado nos dados. Para as análises de tendência, foram utilizados períodos de um ano e os resultados foram apresentados sob a forma de tabelas e gráficos de regressão segmentada.

Foram utilizados os programas Excel (Microsoft Office Home and Student 2019) para entrada dos dados e Joinpoint Regression Software versão 4.9.0.0 10 para a análise de regressão segmentada.

Resultados

Foram registradas 184.715 internações por IC entre homens e 187.108 entre mulheres no ano de 2000 no Brasil, sendo que faixa etária de 60 a 79 anos representou, respectivamente, 55,4% e 53,9% dos números absolutos de internações. Entretanto, as taxas de internação foram maiores em indivíduos com 80 anos ou mais, 479,1 em homens e 421,9 em mulheres. As taxas de mortalidade na internação também foram maiores nessa faixa etária, 9,2 entre homens e 10,3 entre mulheres. Já em 2021, foram registradas 81.744 internações por IC entre homens e 75.016 entre mulheres. A faixa etária de 60 a 79 anos representou 54,7% das internações em homens e a faixa etária de 70 anos ou mais representou 57,0% das internações em mulheres. Os indivíduos de 80 anos ou mais apresentaram as maiores taxas de internação, 88,7 em homens e 75,1 em mulheres, e de mortalidade, 20,0 em homens e 20,3 em mulheres (Tabela Suplementar).

As taxas de internação por IC apresentaram redução estatisticamente significativa em todas as faixas etárias avaliadas em ambos os sexos entre 2000 e 2021. As médias de redução percentual anual das taxas de internação por IC em homens variaram de 6,7% para a faixa etária de 40 a 49 anos a 8,1% para a faixa de 80 anos ou mais. Entre as mulheres, as referidas médias apresentaram redução de 7,5 entre 70 e 79 anos a 8,3% entre 50 e 59 anos ( Figura Central e Tabela 1 ).

Figura Central: Tendência Temporal das Internações Hospitalares por Insuficiência Cardíaca no Brasil.

Figura Central:

Tabela 1. – Variação percentual anual média das taxas de internação e de mortalidade na internação por insuficiência cardíaca em homens e mulheres, por faixas etárias, entre 2000 e 2021 no Brasil.

Faixa etária/taxas Homens Mulheres
AAPC (IC95%) Tendência AAPC (IC95%) Tendência
40 a 49 anos            
Internação –6,7%* (–6,8; –6,6) Decrescente –8,0%* (–8,2; –7,7) Decrescente
Mortalidade 1,8%* (1,5; 2,1) Crescente 3,4%* (3,1; 3,8) Crescente
50 a 59 anos            
Internação –6,9%* (–7,0; –6,8) Decrescente –8,3%* (–8,6; –8,1) Decrescente
Mortalidade 2,7%* (2,3; 2,8) Crescente 3,4%* (3,1; 3,7) Crescente
60 a 69 anos            
Internação –7,0%* (–7,2; –6,9) Decrescente –8,1%* (–8,4; –7,9) Decrescente
Mortalidade 3,3%* (2,9; 3,5) Crescente 3,5%* (3,0; 3,7) Crescente
70 a 79 anos            
Internação –7,0%* (–7,2; –6,7) Decrescente –7,5%* (–7,8; –7,3) Decrescente
Mortalidade 3,4%* (3,1; 3,5) Crescente 3,5%* (3,0; 3,7) Crescente
80 anos ou mais            
Internação –8,1%* (–8,3; –7,8) Decrescente –8,2%* (–8,4; –8,0) Decrescente
Mortalidade 3,6%* (3,4; 3,9) Crescente 3,1%* (2,8; 3,3) Crescente

Internação: taxas de internação por 10.000 habitantes; mortalidade: taxas de mortalidade durante a internação por 100 internações. AAPC: variação percentual anual média (2000 a 2021); IC95%: intervalo de confiança 95%. *AAPC significativamente diferente de zero utilizando-se nível de significância alfa = 0,05. Elaborado pelos autores (2024).

As taxas de internação por IC apresentaram redução variada conforme o período e a faixa etária. No primeiro decênio avaliado, as reduções anuais mais expressivas foram observadas nas faixas etárias de 80 anos ou mais (8,9% entre 2000 e 2007) e 60 a 69 anos (8,7% entre 2004 e 2008) para a população masculina. Já entre as mulheres, foram observadas reduções mais expressivas nas faixas etárias de 40 a 49 anos (10,6% entre 2000 e 2006), 50 a 59 anos (9,9% entre 2000 e 2007), 60 a 69 anos (9,0% entre 2000 e 2008) e 80 anos ou mais (10,5% entre 2000 e 2005). No segundo decênio, em geral, as reduções das taxas de internação por IC foram menores, exceto para homens de 50 a 59 anos (8,1% entre 2011 e 2014). Entretanto, as reduções mais acentuadas das taxas de internação foram observadas entre 2019 e 2021, superiores a 11,0% ao ano a partir de 60 anos de idade para os homens e 12,0% a partir de 50 anos para as mulheres ( Figuras 1 e 2 ).

Figura 1. – Valores observados e estimados por modelo de regressão joinpoint das taxas de internação por insuficiência cardíaca em homens, por faixas etárias, entre 2000 e 2021 no Brasil. Pontos: valores observados; linhas contínuas: valores estimados. Valores de APC (variação percentual anual) e respectivos intervalos de confiança 95%: 40 a 49 anos: –7,6%* (–8,0; –7,3); –5,3%* (–7,1; –4,7); –6,8%* (–8,0; –6,4); –4,1%* (–5,0; –3,4); –8,6%* (–10,0; –6,8). 50 a 59 anos: –7,6%* (–7,9; –7,4); –4,2%* (–5,5; –3,7); –8,1%* (–8,7; –7,0); –5,7%* (–6,1; –4,5); –8,7%* (–10,4; –6,9). 60 a 69 anos: –6,3%* (–6,9; –4,7); –8,7%* (–9,8; –7,9); –5,9%* (–6,1; –5,6); –11,2%* (–12,7; –8,9). 70 a 79 anos: –4,0%* (–5,5; –0,8); –7,7%* (–9,2; –6,9); –6,1%* (–6,4; –5,3); –14,0%* (–16,1; –10,7). 80 anos ou mais: –8,9%* (–10,0; –8,2); –6,4%* (–6,7; –5,8); –14,8%* (–17,3; –10,9). *APC significativamente diferente de zero utilizando-se nível de significância alfa = 0,05. Elaborado pelos autores (2024).

Figura 1

Figura 2. – Valores observados e estimados por modelo de regressão joinpoint das taxas de internação por insuficiência cardíaca em mulheres, por faixas etárias, entre 2000 e 2021 no Brasil. Pontos: valores observados; linhas contínuas: valores estimados. Valores de APC (variação percentual anual) e respectivos intervalos de confiança 95%: 40 a 49 anos: –10,6%* (–12,0; –9,6); –6,9%* (–7,1; –6,6). 50 a 59 anos: –9,9%* (–10,8; –9,2); –6,7%* (–6,9; –6,2); –12,6%* (–15,0; –9,3). 60 a 69 anos: –9,0%* (–9,9; –8,4); –6,6%* (–6,9; –5,8); –12,8%* (–15,6; –9,0). 70 a 79 anos: –6,7%* (–6,9; –6,5); –14,6%* (–17,4; –10,2). 80 anos ou mais: –10,5%* (–12,6; –8,7); –8,0%* (–11,0; –5,1); –6,1%* (–6,4; –5,0); –14,2%* (–16,7; –10,9). *APC significativamente diferente de zero utilizando-se nível de significância alfa = 0,05. Elaborado pelos autores (2024).

Figura 2

As taxas de mortalidade durante a internação por IC apresentaram elevação estatisticamente significativa em todas as faixas etárias avaliadas em ambos os sexos entre 2000 e 2021. As médias de aumento percentual anual em homens variaram de 1,8% para a faixa etária de 40 a 49 anos a 3,6% para a faixa de 80 anos ou mais. Entre as mulheres, as referidas médias variaram de 3,1% para a faixa de 80 anos ou mais a 3,5% entre 60 e 79 anos ( Figura Central e Tabela 1 ).

Para a população masculina, observou-se aumento anual mais pronunciado das taxas de mortalidade na internação nas faixas etárias de 60 a 69 anos (11,8%) e 70 a 79 anos (7,5%) entre 2019 e 2021. Entre as mulheres, o aumento anual mais expressivo foi registrado nas faixas etárias de 50 a 59 anos (7,6%), 60 a 69 anos (8,9%) e 70 a 79 anos (9,3%) no mesmo período ( Figuras 3 e 4 ).

Figura 3. – Valores observados e estimados por modelo de regressão joinpoint das taxas de mortalidade durante as internações por insuficiência cardíaca em homens, por faixas etárias, entre 2000 e 2021 no Brasil. Pontos: valores observados; linhas contínuas: valores estimados. Valores de APC (variação percentual anual) e respectivos intervalos de confiança 95%: 40 a 49 anos: 1,8%* (1,5; 2,1). 50 a 59 anos: 2,3%* (1,2; 4,3); 5,9%* (2,3; 8,1). 60 a 69 anos: 2,7%* (2,4; 6,1); 0,9% (–0,9; 2,7); 11,8%* (6,2; 15,3). 70 a 79 anos: 2,9%* (2,6; 3,1); 7,5%* (3,5; 9,2). 80 anos ou mais: 3,6%* (3,4; 3,9). *APC significativamente diferente de zero utilizando-se nível de significância alfa = 0,05. Elaborado pelos autores (2024).

Figura 3

Figura 4. – Valores observados e estimados por modelo de regressão joinpoint das taxas de mortalidade durante as internações por insuficiência cardíaca em mulheres, por faixas etárias, entre 2000 e 2021 no Brasil. Pontos: valores observados; linhas contínuas: valores estimados. Valores de APC (variação percentual anual) e respectivos intervalos de confiança 95%: 40 a 49 anos: 4,0%* (3,4; 5,3); –0,3% (–3,1; 2,1); 4,7%* (3,5; 8,4). 50 a 59 anos: 3,0%* (2,4; 3,2); 7,6%* (3,2; 10,3). 60 a 69 anos: 2,9%* (2,3; 3,2); 8,9%* (3,3; 11,7). 70 a 79 anos: 2,9%* (2,5; 3,1); 9,3%* (3,5; 11,4). 80 anos ou mais: 3,1%* (2,8; 3,3). *APC significativamente diferente de zero utilizando-se nível de significância alfa = 0,05. Elaborado pelos autores (2024).

Figura 4

Discussão

Nosso estudo constatou, entre 2000 e 2021, uma tendência decrescente das taxas de internação por IC em todas as faixas etárias avaliadas tanto para homens (6,7% a 8,1%) quanto para mulheres (7,5% a 8,3%). Já as taxas de mortalidade durante a internação mostraram tendência crescente no mesmo período em todas as faixas etárias avaliadas tanto para homens (1,8% a 3,6%) quanto para mulheres (3,1% a 3,5%).

A IC é um fardo econômico e de saúde pública crescente para todo o mundo, principalmente devido ao envelhecimento populacional. A IC e o acidente vascular encefálico foram as causas mais frequentes de internações hospitalares por doenças do aparelho circulatório em ambos os sexos em 2021 no Brasil, cada uma representando aproximadamente 17,0% do total. Dentre as internações por todas as causas, foram atribuídos à IC 2,6% dos casos no mesmo ano. 7

De acordo com o DATASUS, foram registradas 3.454.570 hospitalizações por IC de 2008 a 2021, mais de um terço do total de admissões clínicas relacionadas a condições cardiovasculares. Entretanto, houve redução no número de admissões clínicas por IC, que passou de 298.474 (157 por 100.000) em 2008 para 181.441 (85 por 100.000) em 2021, sendo tal redução uniforme ao longo dos anos, o que não se correlacionou com redução de custos assistenciais. O número reduzido de admissões e as despesas aumentadas representaram maiores custos por admissão no período observado (de R$ 912 em 2008 para R$ 1.787 em 2021). 4

Os fatores precipitantes mais comuns para a hospitalização de pacientes com descompensação aguda da IC compreendem a síndrome coronária aguda, fibrilação atrial e outras arritmias, doença cardíaca superposta (como endocardite), infecções agudas (pneumonia, infecção do trato urinário), não aderência à dieta ou medicação, anemia, hiper ou hipotireoidismo, medicamentos com aumento da retenção sódica (como os anti-inflamatórios não esteroidais) e medicamentos com efeito inotrópico negativo (por exemplo, o verapamil). 2

Observamos em nossos resultados uma redução das taxas de internação por IC, o que poderia ser interpretado como resultado de políticas de saúde bem sucedidas no país. Ressalta-se, entretanto, que a presença dos fatores de risco clássicos (hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes mellitus e histórico familiar de DCV) aumenta a probabilidade de DCV, notadamente de etiologia isquêmica, enfatizando a importância da prevenção primária e secundária. Em estudo brasileiro realizado entre 2011 e 2012, a etiologia isquêmica da IC predominou nos pacientes provenientes das regiões Sul (33,6%), Sudeste (32,6%) e Nordeste (31,9%). Na região Norte, predominou a etiologia hipertensiva (37,2%) e, no Centro-Oeste, a doença de Chagas (42,4%). 5 A doença cardíaca isquêmica mantém-se como a principal causa de óbitos em ambos os sexos no Brasil, apesar do declínio da prevalência e incidência da doença nos últimos 20 anos. 11 As maiores taxas de mortalidade por doença cardíaca isquêmica foram atribuíveis à hipertensão arterial sistêmica em 2021 no Brasil, em torno de 37,6 por 100.000 habitantes, seguido das taxas atribuíveis a níveis séricos elevados de LDL ( low-density lipoprotein ) colesterol, com 26,7 por 100.000 habitantes. Entretanto, as referidas taxas mantiveram-se estáveis entre 1990 e 2021. Já as taxas de mortalidade por doença cardíaca hipertensiva tiveram como principais fatores de risco associados a hipertensão arterial sistêmica (13,3 por 100.000 habitantes) e o índice de massa corporal elevado (7,5 por 100.000 habitantes), porém, com aumento da mortalidade de, respectivamente, 17,0% e 36,0% entre 1990 e 2021. 12 Em relação à doença de Chagas, fatores socioeconômicos e ambientais, condições de habitação e saneamento ainda são elementos que impactam na transmissão da doença no Brasil. 13 Assim, embora alguns fatores de risco mostrem-se estabilizados, outros apresentaram elevação com impacto na mortalidade por doenças cardíacas que levam à síndrome da IC.

Outro aspecto importante a ser considerado é o advento de fármacos capazes de modificar o curso clínico da síndrome, reduzindo o risco de internação. O tratamento da IC até 1987 incluía dieta hipossódica, diuréticos para as manifestações de congestão, digoxina e repouso. Entretanto, nenhuma destas recomendações possuía fundamentação epidemiológica-clínica, mas eram apenas baseadas no conhecimento fisiopatológico à época, no efeito farmacológico das medicações e no bom-senso. 14 Em 1987, iniciou-se uma nova era no tratamento da IC, com a publicação do primeiro ensaio clínico randomizado utilizando o enalapril. Esta nova droga teria a capacidade de inibir o sistema renina-angiotensina-aldosterona, um eixo hormonal envolvido na causa, manutenção e incremento de risco da IC. 15 Em 1996, foram identificados os betabloqueadores como a segunda classe de drogas capazes de mudar a história natural da doença. 16 Em 1999, a espironolactona em baixas doses, explorando mais seu efeito hormonal do que o efeito diurético, foi a próxima droga a mostrar benefício definitivamente comprovado sobre o prognóstico da IC. 17 Seguiram-se os inibidores da neprilisina e receptores da angiotensina em 2014 18 e os inibidores do co-transportador sódio-glicose 2 em 2019, 19 , 20 considerados fármacos inovadores no tratamento da IC por terem demonstrado importantes reduções no risco de hospitalizações em torno de 40,0% a 45,0% e 30,0%, respectivamente. 14 Atualmente, estão disponíveis no SUS diversas medicações para tratamento da IC, inclusive aqueles com impacto na sobrevida, como inibidores da enzima conversora de angiotensina, betabloqueadores e antagonistas da aldosterona. 21

No presente estudo, também foram observadas reduções mais expressivas das taxas de internação por IC entre 2019 e 2021, fato que pode ter sido decorrente da pandemia por SARS-CoV-2. Medidas visando reduzir a transmissão da COVID-19 afetaram a organização dos serviços de saúde, com redução dos atendimentos presenciais e recomendação para que a população procurasse o serviço somente em casos de extrema necessidade. 22 , 23

Constatamos em nosso estudo que houve aumento das taxas de mortalidade na internação por IC entre 2000 e 2021 no país, o que poderia refletir o fato de que apenas casos mais graves foram internados ou a alta frequência de comorbidades, principalmente em indivíduos idosos. 1 No Brasil, observou-se taxas de óbito intra-hospitalar por IC duas vezes maiores em relação a registros americanos e europeus. 4 As mortes atribuíveis a doenças cardíacas têm aumentado globalmente devido, em parte, ao aumento do reconhecimento, diagnóstico e documentação de cardiomiopatias específicas e de casos de cardiotoxicidade.

Observamos também elevação mais expressiva das taxas de mortalidade na internação por IC na faixa etária de 60 a 79 anos entre 2019 e 2021. Em 2020, verificou-se redução do número absoluto de óbitos por DCV no Brasil, porém com aumento da mortalidade hospitalar em todas as regiões do país, a qual pode estar relacionada a diversos fatores. Mudanças no sistema de saúde durante a pandemia, como redirecionamento de equipes para atender pacientes com COVID-19, implicaram em redução de consultas e cirurgias eletivas. Ademais, a demora na busca por atendimento médico e os efeitos prejudiciais da infecção por SARS-CoV-2 no sistema cardiovascular podem ter contribuído para o aumento da descompensação clínica de pacientes cardiopatas. 22

Com a pandemia, pesquisadores estão obtendo melhores informações sobre a infecção e a lesão miocárdica relacionada à inflamação e miocardite. Com o aumento da capacidade de detectar lesão miocárdica por métodos diagnósticos bioquímicos e de imagem, além de uma crescente conscientização sobre os padrões de cardiotoxicidade e injúria, incluindo inflamação, a incidência da IC provavelmente continuará a aumentar. 2

No contexto do controle dos fatores de risco, diagnóstico precoce, aderência ao tratamento da IC e a atenção primária à saúde do SUS desempenham um papel fundamental em virtude de seu caráter longitudinal do cuidado. 15 Também, a implementação de políticas de saúde, como o estímulo aos hábitos de vida saudáveis, medidas de prevenção primária e secundária e o acesso ao tratamento de eventos cardiovasculares, constitui fator essencial para o controle das DCV em todo o mundo.

Dentre as limitações deste estudo, destaca-se que a caracterização da IC na base de dados do DATASUS pode estar subestimada, uma vez que a internação pode ter sido decorrente da doença de base que levou à IC ou outra comorbidade e, portanto, ser registrada com código CID-10 diverso. Além disto, atenta-se para a possibilidade de subnotificação, pois o diagnóstico de IC pode não identificar adequadamente todos os casos, uma vez que as análises de imagem e bioquímicas não estão disponíveis em todos os serviços e regiões do país.

Apesar das limitações inerentes ao uso de dados secundários, ressaltamos a importância da abordagem da IC numa perspectiva ecológica no presente estudo em relação ao dimensionamento do impacto da doença no SUS. A análise das internações como um dos desfechos da IC fornece dados relevantes para adequação das estratégias de controle ambulatorial da doença.

Conclusões

Nosso estudo constatou tendência decrescente das taxas de internação por IC e crescente das taxas de mortalidade durante a internação em todas as faixas etárias avaliadas, para ambos os sexos, no período de 22 anos (2000 a 2021).

Os dados refletem a tendência temporal das internações por IC no Brasil durante o período analisado, permitindo que especialistas, gestores e epidemiologistas em saúde, com base nesse cenário, desenvolvam estratégias para a abordagem da doença e seus fatores de risco nas próximas décadas.

Footnotes

Vinculação Acadêmica: Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Aprovação Ética e Consentimento Informado: Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores.

Uso de Inteligência Artificial: Os autores não utilizaram ferramentas de inteligência artificial no desenvolvimento deste trabalho.

Declaração de Disponibilidade de Dados: Os conteúdos subjacentes ao texto da pesquisa estão contidos no manuscrito.

*Material suplementar: Para informação adicional, por favor, clique aqui. http://abccardiol.org/supplementary-material/2025/12206/2024-0505_tabela_suplementar.pdf

Fontes de Financiamento: O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Referências

  • 1.Rohde LEP, Montera MW, Bocchi EA, Clausell NO, Albuquerque DC, Rassi S, et al. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq Bras Cardiol . 2018;111(3):436–539. doi: 10.5935/abc.20180190. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Heidenreich PA, Bozkurt B, Aguilar D, Allen LA, Byun JJ, Colvin MM, et al. 2022 AHA/ACC/HFSA Guideline for the Management of Heart Failure: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Joint Committee on Clinical Practice Guidelines. Circulation . 2022;145(18):895–1032. doi: 10.1161/CIR.0000000000001063. [DOI] [Google Scholar]
  • 3.Savarese G, Becher PM, Lund LH, Seferovic P, Rosano GMC, Coats AJS. Global Burden of Heart Failure: A Comprehensive and Updated Review of Epidemiology. Cardiovasc Res . 2023;118(17):3272–3287. doi: 10.1093/cvr/cvac013. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 4.Oliveira GMM, Brant LCC, Polanczyk CA, Malta DC, Biolo A, Nascimento BR, et al. Cardiovascular Statistics - Brazil 2023. Arq Bras Cardiol . 2024;121(2):e20240079. doi: 10.36660/abc.20240079. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 5.Albuquerque DC, Souza JD, Neto, Bacal F, Rohde LEP, Bernardez-Pereira S, Berwanger O, et al. I Brazilian Registry of Heart Failure - Clinical Aspects, Care Quality and Hospitalization Outcomes. Arq Bras Cardiol . 2015;104(6):433–442. doi: 10.5935/abc.20150031. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 6.Brasil. Ministério da Saúde . DATASUS . Brasília: Ministério da Saúde; 2025. [cited 2025 Mar 04]. https://datasus.saude.gov.br/sobre-o-datasus/ Internet. [Google Scholar]
  • 7.Brasil. Ministério da Saúde . DATASUS TABNET - Morbidade Hospitalar do SUS . Brasília: Ministério da Saúde; 2025. [cited 2025 Mar 04]. https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/ Internet. [Google Scholar]
  • 8.Organização Panamericana de Saúde. Organização Mundial da Saúde . Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - Décima Revisão . 10th. São Paulo: EDUSP; 2017. [Google Scholar]
  • 9.Mathers CD, Shibuya K, Boschi-Pinto C, Lopez AD, Murray CJ. Global and Regional Estimates of Cancer Mortality and Incidence by Site: I. Application of Regional Cancer Survival Model to Estimate Cancer Mortality Distribution by Site. 36 BMC Cancer . 2002;2 doi: 10.1186/1471-2407-2-36. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 10.National Cancer Institute . Division of Cancer Control and Population Sciences Program Areas. Joinpoint Regression Program . Bethesda: National Cancer Institute; 2025. [cited 2025 Mar 04]. https://surveillance.cancer.gov/joinpoint/ Internet. [Google Scholar]
  • 11.Oliveira GMM, Almeida MCC, Rassi DDC, Bragança ÉOV, Moura LZ, Arrais M, et al. Position Statement on Ischemic Heart Disease - Women-Centered Health Care - 2023. Arq Bras Cardiol . 2023;120(7):e20230303. doi: 10.36660/abc.20230303. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 12.Global Burden of Disease Collaborative Network . VizHub - GBD Results . Seattle: Institute for Health Metrics and Evaluation; 2025. [cited 2025 Mar 04]. https://vizhub.healthdata.org/gbd-results/ Internet. [Google Scholar]
  • 13.Marin JÁ, Neto, Rassi A, Jr, Oliveira GMM, Correia LCL, Ramos NA, Jr, Luquetti AO, et al. SBC Guideline on the Diagnosis and Treatment of Patients with Cardiomyopathy of Chagas Disease - 2023. Arq Bras Cardiol . 2023;120(6):e20230269. doi: 10.36660/abc.20230269. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 14.Marcondes-Braga FG. Pharmacological Treatment Sequencing for Heart Failure with Reduced Ejection Fraction. ABC Heart Fail Cardiomyop . 2022;2(1):31–35. doi: 10.36660/abchf.20220006. [DOI] [Google Scholar]
  • 15.CONSENSUS Trial Study Group Effects of Enalapril on Mortality in Severe Congestive Heart Failure. Results of the Cooperative North Scandinavian Enalapril Survival Study (CONSENSUS) N Engl J Med . 1987;316(23):1429–1435. doi: 10.1056/NEJM198706043162301. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 16.Packer M, Bristow MR, Cohn JN, Colucci WS, Fowler MB, Gilbert EM, et al. The Effect of Carvedilol on Morbidity and Mortality in Patients with Chronic Heart Failure. U.S. Carvedilol Heart Failure Study Group. N Engl J Med . 1996;334(21):1349–1355. doi: 10.1056/NEJM199605233342101. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 17.Pitt B, Zannad F, Remme WJ, Cody R, Castaigne A, Perez A, et al. The Effect of Spironolactone on Morbidity and Mortality in Patients with Severe Heart Failure. Randomized Aldactone Evaluation Study Investigators. N Engl J Med . 1999;341(10):709–717. doi: 10.1056/NEJM199909023411001. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 18.McMurray JJ, Packer M, Desai AS, Gong J, Lefkowitz MP, Rizkala AR, et al. Angiotensin-Neprilysin Inhibition versus Enalapril in Heart Failure. N Engl J Med . 2014;371(11):993–1004. doi: 10.1056/NEJMoa1409077. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 19.McMurray JJV, Solomon SD, Inzucchi SE, Køber L, Kosiborod MN, Martinez FA, et al. Dapagliflozin in Patients with Heart Failure and Reduced Ejection Fraction. N Engl J Med . 2019;381(21):1995–2008. doi: 10.1056/NEJMoa1911303. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 20.Packer M, Anker SD, Butler J, Filippatos G, Pocock SJ, Carson P, et al. Cardiovascular and Renal Outcomes with Empagliflozin in Heart Failure. N Engl J Med . 2020;383(15):1413–1424. doi: 10.1056/NEJMoa2022190. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 21.Brasil. Ministério da Saúde . Portaria Conjunta n° 17 de 18 de Novembro de 2020. Aprova as Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida . Brasília: Ministério da Saúde; 2020. [cited 2025 Mar 04]. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/saes/2020/poc0017_26_11_2020.html Internet. [Google Scholar]
  • 22.Armstrong ADC, Santos LG, Leal TC, Paiva JPS, Silva LFD, Santana GBA, et al. In-Hospital Mortality from Cardiovascular Diseases in Brazil During the First Year of The COVID-19 Pandemic. Arq Bras Cardiol . 2022;119(1):37–45. doi: 10.36660/abc.20210468. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 23.Aquino EML, Silveira IH, Pescarini JM, Aquino R, Souza-Filho JA, Rocha AS, et al. Social Distancing Measures to Control the COVID-19 Pandemic: Potential Impacts and Challenges in Brazil. Cien Saude Colet . 2020;25(Suppl 1):2423–2446. doi: 10.1590/1413-81232020256.1.10502020. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2025 May 19;122(6):e20240505. [Article in English] doi: 10.36660/abc.20240505i

Temporal Trends of Hospital Admissions Due to Heart Failure in Brazil

José Marcos Girardi 1, Isadora Araújo Girardi 2, Ana Clara Silva Nascimento 2, Daniel Monteiro de Lauro Silva 3, Luisa Venture Gibaile Soares 2, Sarah Alessandrini Lauriano Dias 2, Sarah Quick Lourenço de Lima 4, Flávia Araújo Girardi 4

Abstract

Background

Heart failure is a global pandemic that causes a significant reduction in quality of life, with an impact on hospital expenses. It is important to know the temporal trends of hospitalizations and mortality in order to outline coping strategies.

Objective

The objective of this study was to describe the temporal trends of hospitalizations due to heart failure and mortality during hospitalizations between 2000 and 2021 in Brazil.

Methods

We conducted a study on temporal trends in the rates of hospitalization and mortality during hospitalization, using data from the Department of Information Technology of the Brazilian Unified Health System, by means of joinpoint regression. We calculated the annual percentage change of the rates with respective 95% confidence intervals and alpha significance level of 0.05.

Results

We analyzed 2,851,437 hospitalizations in men and 2,749,424 hospitalizations in women between 2000 and 2021 in Brazil. Regarding hospitalization rates, there was an annual percentage decrease of 6.7% to 8.1% in men and a decrease of 7.5% to 8.3% in women. With respect to mortality rates, there was an annual percentage increase of 1.8% to 3.6% in men and an increase of 3.1% to 3.5% in women.

Conclusion

We observed a decrease in the rates of hospitalization due to heart failure and an increase in the mortality rates in all age ranges assessed, in both sexes, between 2000 and 2021 in Brazil. These findings may reflect better disease control and hospitalization only for more severe cases, but we emphasize the need for continued management of risk factors for the disease.

Keywords: Heart Failure, Hospitalization, Mortality


Introduction

Heart failure (HF) is defined as a clinical syndrome in which the heart is not able to pump blood to meet tissue metabolic needs or is able to do so only at high filling pressures. 1 The most common causes of HF include ischemic heart disease, myocardial infarction, systemic arterial hypertension, and valvular heart disease. 2

HF is considered a global pandemic, having affected approximately 64 million people worldwide as of 2017. 3 It causes a significant reduction in quality of life, with a significant impact on hospital expenses and emergency care. 1 In the United States, although the absolute number of patients with HF has increased, partially as a result of the increased number of elderly people, the incidence of HF has decreased. There was a decrease in hospitalizations due to HF up until 2012 in the United States. However, an increase was observed between 2013 and 2017, with 1.2 million hospitalizations due to HF recorded among 924,000 patients diagnosed with HF in 2017, representing a 26.0% increase during the period. 2

In the United States, approximately 115 million people have hypertension; 100 million have obesity; 26 million have diabetes, and 125 million have atherosclerotic cardiovascular disease (CVD). These are well-known and high population attributable risk factors for the development of HF. Therefore, a large proportion of the population can be categorized as being at risk for HF. 2 In Latin America, a distinct clinical profile is found, with potential risk factors resulting from low investment in health, inadequate access to health care, and insufficient follow-up in primary or tertiary services. 1

In this context, in Brazil, annual data compiled and research on the epidemiology of CVDs have shown that they tend to be the leading cause of death, coronary artery disease being the number one cause, followed by stroke. However, in 2021, COVID-19 became the leading cause in both sexes. These epidemiological data, reported by Cardiovascular Statistics – Brazil, revealed that self-reported diagnoses of hypertension, hypercholesterolemia, and diabetes mellitus occurred in 26.3% (2021), 14.6% (2019), and 9.1% (2021) of adults, respectively. There was a decrease in the number of cases of unknown diabetes in Brazil, which may have occurred due to the higher screening rate and greater access to diagnosis in some segments of the population. In 2021, obesity was recorded in 22.4%, with an increasing trend from 2006 to 2021. The prevalence of smoking in this population segment showed a 0.7% decrease between 2019 and 2021 in both sexes. With respect to physical activity, the survey observed that, in spite of the growing knowledge about the cardiovascular benefits of regular practice and a trend towards reducing physical inactivity among Brazilians in recent years, almost half of the population did not reach the minimum recommended level of physical activity. 4

In spite of advances in HF treatment, the syndrome remains a serious pathology, whose survival 5 years after diagnosis may reach only 35.0%. 1 In Brazil, poor adherence to basic therapy for HF is the main cause of rehospitalizations and the elevated in-hospital mortality rate. 5

The objective of this study was to describe the temporal trends of hospital admissions due to HF, as well as mortality during hospitalization, between 2000 and 2021 in Brazil, analyzing their distribution by age ranges.

Methods

Study type and data sources

This was an ecological study of temporal trends in HF hospitalization rates and mortality rates during hospitalization between 2000 and 2021 in Brazil.

We used data from the Department of Information Technology of the Brazilian Unified Health System (DATASUS, acronym in Portuguese), which directly assists the Brazilian Ministry of Health by providing support to information systems. 6

Study population and variables of interest

The study population included HF hospitalizations in patients of both sexes between 2000 and 2021 in Brazil. This period was chosen based on the availability of population-based data in DATASUS. Age ranges 40 years and older were selected, seeing that they accounted for more than 95.0% of HF hospitalizations in adults.

We used overall hospital morbidity data from the Brazilian Unified Health System (SUS, acronym in Portuguese), by place of residence, extracted from the DATASUS TABNET consultation tool. 7 The variables sex, age ranges (grouped in 10-year intervals) 40 years of age and older, number of hospitalizations, and mortality rates during hospitalization were selected for each year separately. In the tenth edition of the International Classification of Diseases (ICD-10) morbidity list, 8 the term “heart failure” was selected. Data on the resident population were extracted from the demographic and economic variables section of the TABNET tool, stratified by sex, age range, and years.

The outcome variable of mortality rate during hospitalization was extracted directly from the TABNET tool, where it was already calculated per every 100 hospitalizations. This is the ratio between the number of deaths and the number of approved hospital admission authorizations, calculated as hospitalizations, during the period, multiplied by 100.

The outcome variable of hospitalization rate was calculated as follows:

Number of HF hospitalizations by age range, sex, and year×10.000Number of residents in the same age range, sex, and year

For the purpose of correcting the number of hospitalizations due to ill-defined causes (IDC), the adjustment proposed by Mathers et al. 9 was performed, based on which the percentage of hospitalizations due to ill-defined causes (PHIDC) was calculated, as follows:

Total hospitalizations  hospitalizations due to external causes(Total hospitalizations  hospitalizations due to external causes)  hospitalizations due to IDC

Subsequently, a correction factor (CF) was calculated by age range and year, which was multiplied by the number of corrected hospitalizations:

CF of hospitalizations due to IDC:

CF=1+(PHIDC1)2

These corrections were performed for each sex, age range, and year. IDC are listed in ICD-10 in Chapter XVIII, between codes R00 and R99. Hospitalizations due to external causes are listed directly in the hospital morbidity section of the TABNET tool.

Data analysis

We calculated the annual percentage change (APC) in HF hospitalization rates and in-hospital mortality rates by means of joinpoint regression modeling, using the calendar year as an independent variable, according to age ranges. This method makes it possible to identify trend change points over time and, based on the definition of the best model, APCs are calculated for each segment. Accordingly, the trend can be described and quantified, assessing whether it is statistically significant.

As a measure that summarizes the trend over the entire period, the average annual percentage change (AAPC) was used. For APC and AAPC, 95% confidence intervals were estimated, and an alpha significance level of 0.05 was applied. We selected the options of homoscedasticity, logarithmic transformation of the dependent variable, and a model for adjusting correlated errors based on the data. For trend analyses, 1-year periods were used, and the results were presented in the form of joinpoint regression graphs and tables.

Excel (Microsoft Office Home and Student 2019) was used for data entry, and Joinpoint Regression Software, version 4.9.0.0 10 was used for joinpoint regression analysis.

Results

In the year 2000 in Brazil, 184,715 HF hospitalizations were registered among men and 187,108 among women, and the age range from 60 to 79 years represented, respectively, 55.4% and 53.9% of the absolute numbers of hospitalizations. However, hospitalization rates were higher in patients age 80 years or older, 479.1 in men and 421.9 in women. Mortality rates during hospitalization were also higher in this age range, 9.2 among men and 10.3 among women. In 2021, 81,744 HF hospitalizations were registered among men and 75,016 among women. The age range from 60 to 79 years represented 54.7% of hospitalizations in men, and the age range 70 years or older represented 57.0% of hospitalizations in women. Patients age 80 years or older had the highest hospitalization rates, 88.7 in men and 75.1 in women, as well as the highest mortality rates, 20.0 in men and 20.3 in women (Supplementary Table).

HF hospitalization rates showed a statistically significant decrease in all age ranges assessed in both sexes between 2000 and 2021. The averages for annual percentage decrease in HF hospitalization rates in men ranged from 6.7% for the age range between 40 and 49 years to 8.1% for the age range 80 years or older. Among women, these averages showed a 7.5% decrease in the age range between 70 and 79 years and an 8.3% decrease in the age range between 50 and 59 years (Central Figure and Table 1 ).

Table 1. – Average annual percentage change in the rates of hospitalization and mortality during hospitalization for heart failure in men and women, by age range, between 2000 and 2021 in Brazil.

Age range/rates Men Women
AAPC (95% CI) Trend AAPC (95% CI) Trend
40 to 49 years            
Hospitalization –6.7%* (–6.8; –6.6) Decreasing –8.0%* (–8.2; –7.7) Decreasing
Mortality 1.8%* (1.5; 2.1) Increasing 3.4%* (3.1; 3.8) Increasing
50 to 59 years            
Hospitalization –6.9%* (–7.0; –6.8) Decreasing –8.3%* (–8.6; –8.1) Decreasing
Mortality 2.7%* (2.3; 2.8) Increasing 3.4%* (3.1; 3.7) Increasing
60 to 69 years            
Hospitalization –7.0%* (–7.2; –6.9) Decreasing –8.1%* (–8.4; –7.9) Decreasing
Mortality 3.3%* (2.9; 3.5) Increasing 3.5%* (3.0; 3.7) Increasing
70 to 79 years            
Hospitalization –7.0%* (–7.2; –6.7) Decreasing –7.5%* (–7.8; –7.3) Decreasing
Mortality 3.4%* (3.1; 3.5) Increasing 3.5%* (3.0; 3.7) Increasing
80 years or older            
Hospitalization –8.1%* (–8.3; –7.8) Decreasing –8.2%* (–8.4; –8.0) Decreasing
Mortality 3.6%* (3.4; 3.9) Increasing 3.1%* (2.8; 3.3) Increasing

Hospitalization: rates of hospitalization per 10,000 inhabitants; mortality: rates of mortality during hospitalization per 100 hospitalizations. AAPC: average annual percentage change (2000 to 2021); CI: confidence interval. *Significantly different AAPC applying alpha significance level = 0.05. Prepared by the authors (2024).

HF hospitalization rates showed a decrease that varied according to the period and age range. During the first decade assessed, the most pronounced annual decreases were observed in the age ranges 80 years or older (8.9% between 2000 and 2007) and 60 to 69 years (8.7% between 2004 and 2008) for the male population. Among women, the most significant decreases were observed in the age ranges from 40 to 49 years (10.6% between 2000 and 2006), 50 to 59 years (9.9% between 2000 and 2007), 60 to 69 years (9.0% between 2000 and 2008), and 80 years or older (10.5% between 2000 and 2005). During the second decade, in general, the decreases in HF hospitalization rates were smaller, except for in men from 50 to 59 years (8.1% between 2011 and 2014). However, the most pronounced decreases in hospitalization rates were observed between 2019 and 2021, exceeding 11.0% per year from the age ranges 60 years and older for men and 12.0% from the age ranges 50 years and older for women ( Figures 1 and 2 ).

Figure 1. – Observed and estimated joinpoint regression values for hospitalization due to heart failure in men, by age ranges, between 2000 and 2021 in Brazil. Dots: observed values; solid lines: estimated values. Annual percentage change (APC) values with respective 95% confidence intervals: 40 to 49 years: –7.6%* (–8.0; –7.3); –5.3%* (–7.1; –4.7); –6.8%* (–8.0; –6.4); –4.1%* (–5.0; –3.4); –8.6%* (–10.0; –6.8). 50 to 59 years: –7.6%* (–7.9; –7.4); –4.2%* (–5.5; –3.7); –8.1%* (–8.7; –7.0); –5.7%* (–6.1; –4.5); –8.7%* (–10.4; –6.9). 60 to 69 years: –6.3%* (–6.9; –4.7); –8.7%* (–9.8; –7.9); –5.9%* (–6.1; –5.6); –11.2%* (–12.7; –8.9). 70 to 79 years: –4.0%* (–5.5; –0.8); –7.7%* (–9.2; –6.9); –6.1%* (–6.4; –5.3); –14.0%* (–16.1; –10.7). 80 years or older: –8.9%* (–10.0; –8.2); –6.4%* (–6.7; –5.8); –14.8%* (–17.3; –10.9). *Significantly different APC applying alpha significance level = 0.05. Prepared by the authors (2024).

Figure 1

Figure 2. – Observed and estimated joinpoint regression values for hospitalization due to heart failure in women, by age ranges, between 2000 and 2021 in Brazil. Dots: observed values; solid lines: estimated values. Annual percentage change (APC) values with respective 95% confidence intervals: 40 to 49 years: –10.6%* (–12.0; –9.6); –6.9%* (–7.1; –6.6). 50 to 59 years: –9.9%* (–10.8; –9.2); –6.7%* (–6.9; –6.2); –12.6%* (–15.0; –9.3). 60 to 69 years: –9.0%* (–9.9; –8.4); –6.6%* (–6.9; –5.8); –12.8%* (–15.6; –9.0). 70 to 79 years: –6.7%* (–6.9; –6.5); –14.6%* (–17.4; –10.2). 80 years or older: –10.5%* (–12.6; –8.7); –8.0%* (–11.0; –5.1); –6.1%* (–6.4; –5.0); –14.2%* (–16.7; –10.9). *Significantly different APC applying alpha significance level = 0.05. Prepared by the authors (2024).

Figure 2

Mortality rates during HF hospitalization showed a statistically significant increase in all age ranges assessed in both sexes between 2000 and 2021. The average annual percentage increase in men ranged from 1.8% for the age range between 40 and 49 years to 3.6% for the age range 80 years or older. Among women, these means ranged from 3.1% for the age range 80 years or over to 3.5% for those between 60 and 79 years ( Central Figure and Table 1 ).

Central Illustration: Temporal Trends of Hospital Admissions Due to Heart Failure in Brazil.

Central Illustration:

For the male population, a more pronounced annual increase in hospitalization mortality rates was observed in the age ranges 60 to 69 years (11.8%) and 70 to 79 years (7.5%), between 2019 and 2021. Among women, the most pronounced annual increase was recorded in the age ranges 50 to 59 years (7.6%), 60 to 69 years (8.9%), and 70 to 79 years (9.3%) during the same period ( Figures 3 and 4 ).

Figure 3. – Observed and estimated joinpoint regression values for mortality during hospitalization for heart failure in men, by age ranges, between 2000 and 2021 in Brazil. Dots: observed values; solid lines: estimated values. Annual percentage change (APC) values with respective 95% confidence intervals: 40 to 49 years: 1.8%* (1.5; 2.1). 50 to 59 years: 2.3%* (1.2; 4.3); 5.9%* (2.3; 8.1). 60 to 69 years: 2.7%* (2.4; 6.1); 0.9% (–0.9; 2.7); 11.8%* (6.2; 15.3). 70 to 79 years: 2.9%* (2.6; 3.1); 7.5%* (3.5; 9.2). 80 years or older: 3.6%* (3.4; 3.9). *Significantly different APC applying alpha significance level = 0.05. Prepared by the authors (2024).

Figure 3

Figure 4. – Observed and estimated joinpoint regression values for mortality during hospitalization for heart failure in women, by age ranges, between 2000 and 2021 in Brazil. Dots: observed values; solid lines: estimated values. Annual percentage change (APC) values with respective 95% confidence intervals: 40 to 49 years: 4.0%* (3.4; 5.3); –0.3% (–3.1; 2.1); 4.7%* (3.5; 8.4). 50 to 59 years: 3.0%* (2.4; 3.2); 7.6%* (3.2; 10.3). 60 to 69 years: 2.9%* (2.3; 3.2); 8.9%* (3.3; 11.7). 70 to 79 years: 2.9%* (2.5; 3.1); 9.3%* (3.5; 11.4). 80 years or older: 3.1%* (2.8; 3.3). *Significantly different APC applying alpha significance level = 0.05. Prepared by the authors (2024).

Figure 4

Discussion

Our study found a decreasing trend in HF hospitalization rates between 2000 and 2021 in all age ranges assessed, for both men (6.7% to 8.1%) and women (7.5% to 8.3%). Mortality rates during hospitalization showed an increasing trend during the same period in all age ranges assessed, for both men (1.8% to 3.6%) and women (3.1% to 3.5%).

HF is a growing economic and public health burden worldwide, mainly due to population aging. In Brazil, HF and stroke were the most frequent causes of hospitalizations due to circulatory system diseases in both sexes in 2021, each accounting for approximately 17.0% of the total. Among hospitalizations for all causes, 2.6% of cases were attributed to HF in the same year. 7

According to DATASUS, 3,454,570 HF hospitalizations were recorded from 2008 to 2021, more than a third of the total clinical admissions related to cardiovascular conditions. However, there was a decrease in the number of clinical admissions for HF, which went from 298,474 (157 per 100,000) in 2008 to 181,441 (85 per 100,000) in 2021. This decrease was uniform over the years, and it was not correlated with a reduction in healthcare costs. The decreased number of admissions and increased expenses represented higher costs per admission during the observed period (from 912 Brazilian reals in 2008 to 1,787 Brazilian reals in 2021). 4

The most common precipitating factors for hospitalization of patients with acute decompensation of HF include acute coronary syndrome, atrial fibrillation and other arrhythmias, superimposed cardiac disease (such as endocarditis), acute infections (such as pneumonia or urinary tract infection), non-adherence to diet or medication, anemia, hyper- or hypothyroidism, medications that increase sodium retention (such as nonsteroidal anti-inflammatory drugs), and medications with negative inotropic effects (for example, verapamil). 2

We observed a decrease in HF hospitalization rates, which could be interpreted as a result of successful health policies in Brazil. It is worth underscoring, however, that the presence of classic risk factors (systemic arterial hypertension, dyslipidemia, obesity, sedentary lifestyle, smoking, diabetes mellitus, and family history of CVD) increases the likelihood of CVD, especially of ischemic etiology, emphasizing the importance of primary and secondary prevention. In a Brazilian study conducted between 2011 and 2012, the ischemic etiology of HF predominated in patients from the South (33.6%), Southeast (32.6%), and Northeast (31.9%) Regions. In the North Region, hypertensive etiology predominated (37.2%), and in the Center-West Region, Chagas disease (42.4%) predominated. 5 Ischemic heart disease remains the leading cause of death in both sexes in Brazil, despite the decline in the prevalence and incidence of the disease over the past 20 years. 11 In 2021 in Brazil, the highest mortality rates due to ischemic heart disease were attributable to systemic arterial hypertension, around 37.6 per 100,000 inhabitants, followed by rates attributable to high serum levels of low-density lipoprotein cholesterol, 26.7 per 100,000 inhabitants. However, these rates remained stable between 1990 and 2021. Regarding the rates of mortality due to hypertensive heart disease, the main associated risk factors were systemic arterial hypertension (13.3 per 100,000 inhabitants) and elevated body mass index (7.5 per 100,000 inhabitants), however, with a 17.0% and 36.0% increase in mortality, respectively, between 1990 and 2021. 12 Regarding Chagas disease, socioeconomic and environmental factors, housing conditions, and sanitation are still elements that impact the transmission of the disease in Brazil. 13 Thus, although some risk factors have shown to be stabilized, others have increased, with an impact on mortality due to heart diseases that lead to the syndrome of HF.

Another important aspect to consider is the advent of drugs capable of modifying the clinical course of the syndrome, reducing the risk of hospitalization. Until 1987, the treatment of HF included a low-sodium diet, diuretics for manifestations of congestion, digoxin, and rest. However, none of these recommendations had an epidemiological or clinical basis; rather, they were based merely on the pathophysiological knowledge at that time, the pharmacological effects of the medications, and common sense. 14 In 1987, a new era in HF treatment began, with the publication of the first randomized clinical trial using enalapril. This new drug was able to inhibit the renin-angiotensin-aldosterone system, a hormonal axis involved in the cause, maintenance, and increased risk of HF. 15 In 1996, betablockers were identified as the second class of drugs capable of changing the natural history of the disease. 16 In 1999, low-dose spironolactone, exploring its hormonal effect more than its diuretic effect, was the next drug to demonstrate a definitively proven benefit for HF prognosis. 17 It was followed by angiotensin receptor-neprilysin inhibitors in 2014 18 and sodium-glucose cotransporter 2 inhibitors in 2019, 19 , 20 which were considered innovative drugs in HF treatment because they demonstrated significant reductions in the risk of hospitalizations of approximately 40.0% to 45.0% and 30.0%, respectively. 14 Various medications are currently available through the SUS for HF treatment, including those with an impact on survival, such as angiotensin-converting enzyme inhibitors, betablockers, and aldosterone antagonists. 21

In our study, more pronounced decreases in HF hospitalization rates were also observed between 2019 and 2021, which may have been due to the SARS-CoV-2 pandemic. Measures with the aim of reducing the transmission of COVID-19 affected the organization of health services, with reduced in-person care and recommendations that the population seek services only in cases of extreme necessity. 22 , 23

In our study, there was an increase in mortality rates during HF hospitalizations between 2000 and 2021 in Brazil, which could reflect the fact that only more severe cases were hospitalized or the high frequency of comorbidities, especially in elderly patients. 1 In Brazil, in-hospital mortality rates for HF were observed to be twice as high compared to records from the United States and Europe. 4 Deaths attributable to heart diseases have increased globally, in part due to increased recognition, diagnosis, and documentation of specific cardiomyopathies and cases of cardiotoxicity.

We also observed a more pronounced increase in the rates of mortality during HF hospitalization in the age ranges from 60 to 79 years between 2019 and 2021. In 2020, we found a decrease in the absolute number of deaths due to CVD in Brazil, albeit with an increase in hospital mortality in all regions of the country, which may be related to several factors. Changes in the health system during the pandemic, for example, redirecting teams to care for patients with COVID-19, resulted in a reduction in consultations and elective surgeries. Furthermore, the delay in seeking medical care and the harmful effects of SARS-CoV-2 infection on the cardiovascular system may have contributed to increased clinical decompensation of patients with heart disease. 22

With the pandemic, researchers have obtained better information about infection and myocardial injury related to inflammation and myocarditis. With the increasing ability to detect myocardial injury using biochemical and imaging diagnostic methods, in addition to a growing awareness of patterns of cardiotoxicity and injury, including inflammation, the incidence of HF will likely continue to increase. 2

In the context of controlling risk factors, early diagnosis, adherence to HF treatment, and primary health care by the SUS play a fundamental role due to the longitudinal nature of care. 15 Furthermore, the implementation of health policies, for example, encouraging healthy lifestyle habits, primary and secondary prevention measures, and access to treatment for cardiovascular events, is an essential factor for controlling CVD worldwide.

Regarding the limitations of this study, it is worth highlighting that the characterization of HF in the DATASUS database may be underestimated, given that some hospitalizations may have been due to the underlying disease that led to HF or other comorbidities and, therefore, may have been recorded under a different ICD-10 code. Moreover, the possibility of underreporting warrants attention, as diagnosis of HF may not adequately identify all cases, given that imaging and biochemical analyses are not available in all services and regions of Brazil.

In spite of the limitations inherent to the use of secondary data, we emphasize the importance of approaching HF from an ecological perspective in this study with respect to measuring the impact of the disease on the SUS. The analysis of hospitalizations as one of the outcomes of HF provides relevant data for adapting outpatient disease control strategies.

Conclusions

Our study found a decreasing trend in HF hospitalization rates and an increasing trend in mortality rates during hospitalization in all age ranges assessed, for both sexes, over the 22-year period (2000 to 2021).

These data reflect the temporal trend of HF hospitalizations in Brazil during the period analyzed, allowing health specialists, managers, and epidemiologists, based on this scenario, to develop strategies to manage the disease and its risk factors in the coming decades.

Footnotes

Study Association: This study is not associated with any thesis or dissertation work.

Ethics approval and consent to participate: This article does not contain any studies with human participants or animals performed by any of the authors.

Use of Artificial Intelligence: The authors did not use any artificial intelligence tools in the development of this work.

Data Availability Statement: The underlying content of the research text is contained within the manuscript.

*Supplemental Materials: For additional information, please click here. http://abccardiol.org/supplementary-material/2025/12206/2024-0505_tabela_suplementar.pdf

Sources of Funding: There were no external funding sources for this study.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES