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editorial
. 2023 Apr 27;120(4):e20230213. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20230213
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Índice de Desenvolvimento Humano e Doenças Crônicas no Brasil entre 1980 e 2019

Alfredo José Mansur 1, Lucia Pereira Barroso 2
PMCID: PMC10263422  PMID: 37162047

O índice de desenvolvimento humano sintetiza dimensões das sociedades humanas expressas em expectativa de vida, educação e o padrão de vida da população. A expectativa de vida seria uma expressão das condições de saúde da população. A educação seria expressa pelos anos de escolaridade. O padrão de vida seria expresso pela renda per capita . Admite-se também que o índice não abarca todas as dimensões relevantes da experiência da condição humana nas sociedades e contribui por aproximar-se de variáveis indicadoras. Ainda que muito útil, o índice de desenvolvimento humano é reconhecido como não abrangente - por exemplo, escapam ao índice as dimensões de desigualdade, pobreza, insegurança, empoderamento. 1 , 2 Isto posto, é sempre oportuno para a comunidade médico-científica ter em mente as dimensões examinadas no índice de desenvolvimento humano e desenvolver estudos recorrentes e atualizações no decorrer do tempo, pois dinâmicas são as condições nas quais vivem sociedades humanas.

No estudo ora apresentado, 3 os autores examinaram o índice de desenvolvimento humano no Brasil no decorrer de quatro décadas, com base nos dados disponibilizados pelo DATASUS com emprego de séries temporais com taxas de mortalidade (causa básica de óbito) por doenças crônicas não transmissíveis padronizadas por 100.000 habitantes divididos por quartis em cada unidade da Federação brasileira. No cômputo global houve redução das taxas de mortalidade padronizadas de mortalidade por 100.000 habitantes em todas as faixas etárias por doenças do aparelho circulatório. De modo interessante, a atualização trazida pelo estudo dos autores indica que a participação das doenças crônico-degenerativas, ainda que com redução no âmbito nacional geral, não se verificou de modo homogêneo em todas as unidades da Federação. Na Tabela 1 foram apresentados os índices de mortalidade que revelaram ter diminuído a participação dessas doenças em estados da região Sudeste, Sul e Centro-Oeste, diferentemente da participação que se verificou elevar-se em outras regiões do país.

Desse modo os autores fizeram uma contribuição que pode ser mais um dado a auxiliar as diferentes instâncias voltadas para a prevenção e o tratamento das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis. Na Figura 4 demonstrou-se que quanto maior foi o índice de desenvolvimento humano a variação da mortalidade por doenças crônico-degenerativas foi menor. A redução foi maior nas unidades da Federação com índice de desenvolvimento humano maior ou igual a 0,7. Associaram essa evolução à melhoria das condições socioeconômicas, um dos pilares – ainda que não o único – do índice de desenvolvimento humano.

Mais recentemente outras variáveis foram incluídas como objeto de estudo no âmbito do desenvolvimento humano e nas suas relações com a saúde a respeito dos determinantes sociais da saúde: gradiente social, estresse, cuidados na infância, exclusão social, trabalho, desemprego, suporte social, dependência química, alimentação, transporte. 4 , 5 Diferenças foram relatadas em experiência de outro país quanto a etnia e foram consideradas oportunidades de contínuo trabalho. 6 Mais recentemente depois de seguimento médico de mediana de 23,6 anos (intervalo interquartil 19,6 anos – 28,9 anos) as comorbidades múltiplas foram identificadas em participantes hígidos há 50 anos como mecanismo de influência na mortalidade, mesmo em países com acesso universal ao atendimento de cuidados com a saúde no sistema público. 7 Em outro estudo, a diferença entre a expectativa de vida entre estados da mesma federação também demonstrou variação ainda que pudesse haver elevação de renda; 6 , 8 essa variação foi observada particularmente na população de menor renda, causada por doenças cardíacas ou câncer. A população de renda mais alta obteve expectativa de vida semelhante. Foi sugerido que essas ocorrências se deveriam mais a comportamento (tabagismo, obesidade, sedentarismo) do que acesso a serviços de saúde, diferenças de moradia ou índice de desenvolvimento humano (índice GINI). Os autores formularam a hipótese de que fatores locais contribuiriam para a natureza do comportamento social e exposição a fatores de risco à saúde. 6

Dessa forma temos mais um estudo de dados brasileiros a demonstrar que os cuidados à saúde dão oportunidade a abordagem ampla em variáveis que podem ser convergentes e aditivas do ponto de vista de prevenção e tratamento de doenças que conforme sugeridos na literatura podem também sofrer influência de variáveis relacionadas à educação, renda per capita, gradiente social, estresse, cuidados na infância, exclusão social, trabalho, desemprego, suporte social, dependência química, alimentação, transporte, entre outras variáveis possíveis. 4 , 5

Footnotes

Minieditorial referente ao artigo: Associação entre a Mortalidade por Doenças Crônicas Não Transmissíveis e o Índice de Desenvolvimento Humano no Brasil entre 1980 e 2019

Referências

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Arq Bras Cardiol. 2023 Apr 27;120(4):e20230213. [Article in English]

Human Development Index and Chronic Diseases in Brazil between 1980 and 2019

Alfredo José Mansur 1, Lucia Pereira Barroso 2

The human development index synthesizes dimensions of human societies taking into consideration life expectancy at birth, education, and standard of living. Life expectancy is an expression of the health conditions of a particular population. Education is expressed as years of schooling. The standard of living is indicated by gross national income per capita. It is recognized that the human development index does not encompass every social determinant of the experience of citizens of a specific human society. Nonetheless, it is useful and a recognized methodological approach for measurements and comparisons; however, inequalities, poverty, human security, empowerment, and other characteristics may be missed. 1 , 2 That said, it is always opportune for the medical-scientific community to bear in mind the dimensions examined in the human development index and to develop recurrent studies and updates over time, as the conditions in which human societies live are dynamic.

In the current study, 3 the authors evaluated the human development index in Brazil over four decades (1980-2019). The data (the underlying cause of death) were retrieved from death certificates in a Unified Health System (SUS) public database relative to chronic non-infectious diseases with time series analyses. Mortality was corrected for 100.000 inhabitants distributed in quartiles in each Brazilian state.

There was an overall decrease in mortality rate through ages for circulatory system diseases. Interestingly, the update of this study demonstrated that despite an overall decrease in mortality rate from a national perspective, this decrease was not homogeneous in the different states. In Table 1, the mortality rates revealed that the participation of these diseases in the Southeast, South, and Middle-west; in other states, the participation of chronic degenerative non-infectious diseases increased.

The authors’ contribution is one more step in preventing and treating chronic degenerative non-infectious diseases. Figure 4 demonstrates that the higher the human development index, the lower mortality due to chronic degenerative diseases. The decrease was higher in the states with a human development index higher the 0.7. They inferred that this observation resulted from better socioeconomic conditions, one of the pillars of the human development index.

Additional variables were addressed as relevant for human development in relationship with health conditions considered social determinants of health: social gradient, stress, early infancy, social exclusion, work conditions, unemployment, social support, addiction, nutrition, and transportation. 4 , 5 Significant differences were reported in other experiences for ethnic issues and regarded as an opportunity for improvement. 6

Recently, multiple co-morbidities were identified as a significant influence on mortality after a median of 23.6 years of follow-up (interquartile interval 19.6 years – 28.9 years) participants healthy 50 years before in a country with universal access to care in the public health system. 7 In another study, differences between life expectations in states of the same countries were reported despite increases in financial incomes; 6 , 8 the difference was more noticeable in lower income strata due to heart disease and cancer. Higher financial income strata demonstrated similar life expectancy. It was suggested that these findings might be due more to lifestyles (smoking, obesity, sedentarism) than to access to health care, housing, or human development (GINI). The authors hypothesized that local environmental factors might contribute to unhealthy life styles. 6

This is one more study of Brazilian databases to demonstrate that in health care delivery, we may have opportunities for a broad view of socioeconomic dimensions that may add each other and converge to better prevention and treatment of chronic diseases through variables recently reemphasized such as education, gross national product per capita, social gradient, stress, early infancy care, social exclusion, work, unemployment, social support, addiction, diet, transportation among other potentially associated variables. 4 , 5

Footnotes

Short Editorial related to the article: Association between Mortality from Chronic Noncommunicable Diseases and Human Development Index in Brazil between 1980 and 2019


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