Skip to main content
Arquivos Brasileiros de Cardiologia logoLink to Arquivos Brasileiros de Cardiologia
letter
. 2024 Aug 7;121(7):e20240234. [Article in Portuguese] doi: 10.36660/abc.20240234
View full-text in English

Determinantes Comuns da Pressão Arterial e do Nível de Testosterona

Yusuf Ziya Şener 1,, Alexandr Ceasovschih 2
PMCID: PMC11495812  PMID: 39194000

Caro Editor,

Lemos o artigo publicado por Negretto et al.,1 com grande interesse. Os autores relataram que a deficiência de testosterona está presente em 26,3% dos pacientes com hipertensão arterial e o nível de testosterona diminui com o aumento da idade e do índice de massa corporal.1 O papel da testosterona na hipertensão e os fatores que afetam tanto a pressão arterial quanto o nível de testosterona são tópicos interessantes e negligenciados na prática diária.

O consumo de álcool é frequente em todo o mundo e tem efeitos tanto nos níveis de testosterona como na pressão arterial. Foi demonstrado que o consumo de altas doses de álcool produz uma diminuição da pressão arterial até 12 horas, mas aumenta a pressão arterial 12 horas após o consumo.2 Apesar de existirem dados conflitantes sobre o impacto do álcool no nível de testosterona, o consenso geral sustenta que o consumo crônico de álcool resulta em deficiência de testosterona.3 Portanto, seria melhor se o estado do consumo de álcool tivesse sido levado em consideração.

Os hormônios tireoidianos desempenham um papel principal no controle de diversas vias metabólicas e tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem levar ao aumento da pressão arterial.4 O hormônio tireoidiano aumenta os níveis de globulina de ligação aos hormônios sexuais e de testosterona total. O hipotireoidismo causa resposta reduzida ao hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), resultando na diminuição dos níveis de testosterona livre.5 Assim, as funções da tireoide desempenham um papel significativo na interação entre a pressão arterial e os níveis de testosterona.

Os betabloqueadores são comumente usados em doenças cardiovasculares e foram atualizados recentemente para opções de tratamento de primeira linha na hipertensão.6 Vários estudos estabeleceram que os betabloqueadores diminuem o nível de testosterona e causam disfunção erétil.7 Portanto, pensamos que seria melhor se o uso de betabloqueadores tivesse sido avaliado no presente estudo.

Para concluir, a testosterona desempenha um papel significativo na pressão arterial e deve-se ter em mente que existem vários fatores que têm impacto na interação entre a pressão arterial e os níveis de testosterona.

Referências

  • 1.Negretto LAF, Rassi N, Soares LR, Saraiva ABC, Teixeira MEF, Santos LR, et al. Testosterone Deficiency in Hypertensive Men: Prevalence and Associated Factors. Arq. Bras. Cardiol. 2024;121(3) doi: 10.36660/abc.20230138. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Tasnim S, Tang C, Musini VM, Wright JM. Effect of alcohol on blood pressure. Cochrane Database Syst Rev. 2020 Jul 01;7(7) doi: 10.1002/14651858.CD012787.pub2. CD012787. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 3.Koh K, Kim SS, Kim JS, Jung JG, Yoon SJ, Suh WY, et al. Relationship between Alcohol Consumption and Testosterone Deficiency according to Facial Flushes among Middle-Aged and Older Korean Men. Korean J Fam Med. 2022 Nov;43(6):381–387. doi: 10.4082/kjfm.21.0173. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 4.Danzi S, Klein I. Thyroid hormone and blood pressure regulation. Curr Hypertens Rep. 2003 Dec;5(6):513–520. doi: 10.1007/s11906-003-0060-7. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 5.Meikle AW. The interrelationships between thyroid dysfunction and hypogonadism in men and boys. Thyroid. 2004;14(Suppl 1):S17–S25. doi: 10.1089/105072504323024552. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 6.Messerli FH, Bangalore S, Mandrola JM. β blockers switched to first-line therapy in hypertension. Lancet. 2023 Nov 11;402(10414):1802–1804. doi: 10.1016/S0140-6736(23)01733-6. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 7.Nicolai MP, Liem SS, Both S, Pelger RC, Putter H, Schalij MJ, Elzevier HW. A review of the positive and negative effects of cardiovascular drugs on sexual function: a proposed table for use in clinical practice. Neth Heart J. 2014 Jan;22(1):11–19. doi: 10.1007/s12471-013-0482-z. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2024 Aug 7;121(7):e20240234.

Carta-resposta

Leandra Analia Freitas Negretto, Nelson Rassi, Leonardo Ribeiro Soares, Amanda Bueno Carvalho Saraiva, Maria Emília Figueiredo Teixeira, Luciana da Ressurreição Santos, Ana Luiza Lima Souza, Paulo Cesar B Veiga Jardim, Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza, Thiago de Souza Veiga Jardim

Caro Editor,

Agradecemos a leitura diligente do artigo o qual foi o resultado de um estudo de vida real em que foram avaliados os valores de Testosterona Total (TT) em homens hipertensos, buscando a prevalência da deficiência do hormônio (TT < 300nd/dL) bem como a associação com diversos fatores considerados de proeminente relevância.1

Embora o consumo de álcool seja de fato uma ameaça à saúde cardiovascular.2 a sua pesquisa tornaria este estudo demasiadamente desafiador, haja vista que seria necessário o emprego de um instrumento de avaliação padronizado3 para mensurar e documentar a magnitude do uso do álcool.

Além disso, é de amplo conhecimento que indivíduos que fazem uso abusivo de álcool muitas vezes precisam estar acompanhados quando interrogados a esse respeito, o que teria o potencial de comprometer a avaliação da saúde sexual,4 por ser este um tema que pode ferir o pudor do paciente.

A despeito do fato de a função tireoidiana ter relevância nos diversos cenários de doença cardiovascular,5 ela não faz parte do hall de exames de rotina do indivíduo hipertenso.68 O estudo foi desenvolvido em um centro de atenção terciária de uma Universidade Federal de medicina do Brasil, realizado sem fonte financiadora, de modo que os exames coletados foram aqueles considerados cruciais para a propedêutica do indivíduo com hipertensão (HA).

Os betabloqueadores são de fato anti-hipertensivos de primeira linha no tratamento da HA mundo afora, porém quando comparado às demais classes de anti-hipertensivos amplamente usadas na HA não há diferença significativa sobre o potencial impacto negativo sobre a saúde sexual masculina.9

Já o emprego da Espironolactona, por sua vez, foi considerado uma variável pertinente neste estudo, por ser notadamente um fármaco com ação anti-androgênica,10 o que poderia enviesar o estudo, caso não fosse procurado ativamente.

A despeito do fato de os níveis de hormônio masculino serem especialmente relevantes em contextos de aumento do risco cardiovascular, eles ainda não compõe a propedêutica do indivíduo com HA, assim como a abordagem de seus possíveis causadores de deficiência.

Desta maneira agradecemos as considerações apontadas, as quais podem ser de grande utilidade em estudos futuros tão necessário para trazer luz a este tema ainda tão negligenciado.

Referências

  • 1.Negretto LA, Rassi N, Soares LR, Saraiva AB, Teixeira ME, Santos LR, et al. Testosterone Deficiency in Hypertensive Men: Prevalence and Associated Factors. Arq Bras Cardiol. 2024;121(3):e20230138. doi: 10.36660/abc.20230138. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 2.Day E, Budd JHF. Alcohol use disorders and the heart. Adiction. 2019;114(9):1670–1678. doi: 10.1111/add.147.03. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 3.Cardoso DP, Oliveira D, Antunes B, Saraiva R, Angus K, Galardo E, et al. Portuguese Validated Versions of the Alcohol Use Disorders Identification Test: A Systematic Review Protocol. Acta Med Port. 2022;35(4):264–269. doi: 10.20344/amp.15765. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 4.Morley JE, Charlton E, Patrick P, Kaiser FE, Cadeau P, McCready D, et al. Validation of a screening questionnaire for androgen deficiency in aging males. Metabolism. 2000;49(9):1239–1242. doi: 10.1053/meta.2000.8625. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 5.Cappola AR, Desai AS, Medici M, Cooper LS, Egan D, Sopko G, et al. Thyroid and Cardiovascular Disease: Research Agenda for Enhancing Knowledge, Prevention, and Treatment. Circulation. 2019;139(25):2892–2909. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.118.036859. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 6.Barroso WK, Rodrigues CI, Bortolotto LA, Gomes MA, Brandão AA, Feitosa AD, et al. Brazilian guidelines of hypertension - 2020. Arq Bras Cardiol. 2021;116(3):516–658. doi: 10.36660/abc.20201238. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 7.Arnett DK, Blumenthal RS, Albert MA, Buroker AB, Goldberger ZD, Hahn EJ, et al. 2019 ACC/AHA Guideline on the Primary Prevention of Cardiovascular Disease: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. Circulation. 2019;140(11):e596–e646. doi: 10.1161/CIR.0000000000000678. [DOI] [PMC free article] [PubMed] [Google Scholar]
  • 8.Whelton PK, Carey RM, Mancia G, Kreutz R, Bundy JD, Williams B. Circulation Society of Hypertension Blood Pressure/ Hypertension Guidelines: Comparisons, Reflections, and Recommendations. Circulation. 2022;146(11):868–877. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.121.054602. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 9.Farmakis IT, Pyrgidis N, Doundoulakis I, Mykoniatis I, Akrivos E, Giannakoulas G. Effects of Major Antihypertensive Drug Classes on Erectile Function: a Network Meta-analysis. Cardiovasc Drugs Ther. 2022;36(5):903–914. doi: 10.1007/s10557-021-07197-9. [DOI] [PubMed] [Google Scholar]
  • 10.Bagnoli V, Fonseca A, Cezarino P, Fassolas G, Arie J, Baracat E. Hormonal treatment of acne based on evidence. Femina. 2010;38(11):566–574. Disponível em: http://www.nature.com/eye/journal/v17/n8/ [Google Scholar]
Arq Bras Cardiol. 2024 Aug 7;121(7):e20240234. [Article in English] doi: 10.36660/abc.20240234i

Common Determinants of Blood Pressure and Testosterone Level

Yusuf Ziya Şener 1,, Alexandr Ceasovschih 2

Dear Editor,

We read the article published by Negretto et al.1 with great interest. The authors reported testosterone deficiency is present in 26.3% of the patients with arterial hypertension and testosterone levels decrease by increasing age and body mass index.1 The role of testosterone in hypertension and factors affecting both arterial blood pressure and testosterone level are interesting and overlooked topics in daily practice.

Alcohol consumption is frequent worldwide and it has effects on both testosterone levels and blood pressure. It was demonstrated that high-dose alcohol consumption yields a decrease in blood pressure up to 12 hours however it raises blood pressure 12 hours after consumption.2 Despite there are conflicting data about the impact of alcohol on testosterone levels, general consensus supports that chronic alcohol consumption results in testosterone deficiency.3 Therefore it would be better if the status of alcohol consumption had been taken into consideration.

Thyroid hormones play a main role in the control of several metabolic pathways and both hypothyroidism and hyperthyroidism may lead to increased blood pressure.4 Thyroid hormone increases sex hormone binding globulin and total testosterone levels. Hypothyroidism causes reduced response to gonadotropin-releasing hormone (GnRH) resulting in decreased free testosterone levels.5 Thus, thyroid functions play a significant role in the interaction between blood pressure and testosterone levels.

Beta-blockers are commonly used in cardiovascular diseases and upgraded to the first-line treatment option for hypertension recently.6 Several studies established that beta-blockers decrease the level of testosterone and cause erectile dysfunction.7 Therefore, we think that it would be better if the use of beta-blockers had been assessed in the present study.

To conclude, testosterone plays a significant role in blood pressure and it should be kept in mind that several factors have an impact on the interaction between blood pressure and testosterone levels.

Arq Bras Cardiol. 2024 Aug 7;121(7):e20240234.

Reply

Leandra Analia Freitas Negretto, Nelson Rassi, Leonardo Ribeiro Soares, Amanda Bueno Carvalho Saraiva, Maria Emília Figueiredo Teixeira, Luciana da Ressurreição Santos, Ana Luiza Lima Souza, Paulo Cesar B Veiga Jardim, Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza, Thiago de Souza Veiga Jardim

Dear Editor,

We would like to thank you for diligently reading the article, which was the result of a real-life study in which Total Testosterone (TT) values were evaluated in hypertensive men, seeking the prevalence of hormone deficiency (TT < 300nd/dL) as well as the association with several factors considered to be of prominent relevance.1

Although alcohol consumption is indeed a threat to cardiovascular health,2 your research would make this study too challenging, given that it would be necessary to use a standardized assessment instrument3 to measure and document the magnitude of alcohol use.

Furthermore, it is widely known that individuals who abuse alcohol often need to be accompanied when questioned in this regard, which could potentially compromise the assessment of sexual health,4 as this is a topic that can hurt the patient's modesty.

Even though thyroid function is relevant in different scenarios of cardiovascular disease,5 it is not part of the routine exams for hypertensive individuals.68 The study was developed in a tertiary care center at a Federal University of Medicine in Brazil, carried out without a funding source so that the tests collected were those considered crucial for the workup of individuals with hypertension (AH).

Beta-blockers are in fact first-line antihypertensives in the treatment of AH around the world, however, when compared to other classes of antihypertensives widely used in AH, there is no significant difference regarding the potential negative impact on male sexual health.9

The use of Spironolactone, in turn, was considered a pertinent variable in this study, as it is notably a drug with anti-androgenic action,10 which could bias the study if it were not actively sought.

Although male hormone levels are especially relevant in contexts of increased cardiovascular risk, they still do not form part of the workup for individuals with AH, as well as the approach to possible causes of deficiency.

In this way, we would like to thank you for the considerations mentioned, which can be of great use in future studies, which are so necessary to shed light on this topic that is still so neglected.


Articles from Arquivos Brasileiros de Cardiologia are provided here courtesy of Sociedade Brasileira de Cardiologia

RESOURCES